1. O documento descreve os principais mecanismos e níveis estruturais da deformação crustal, bem como os conceitos e tipos de falhas.
2. Os mecanismos de deformação incluem fracturação, flexão, achatamento e fluxo, variando em função da profundidade. Os níveis estruturais - superior, médio e inferior - refletem os mecanismos dominantes.
3. As falhas são estruturas importantes que geram sismos e afetam a engenharia. São classificadas segundo o movimento
2. 1. MECANISMOS E DOMÍNIOS DA DEFORMAÇÃO
1. 1. mecanismos da deformação
1 – Fracturação
mecanismo responsável pela formação de falhas e fracturas;
a deformação manifesta-se através de planos de ruptura;
2 - Flexão
mecanismo responsável pela formação do dobramento flexural (concêntrico ou isópaco);
a ductilidade dos materiais ainda não é importante;
os estratos dobram-se de uma maneira simples, mantendo constante a sua espessura;
3 – Achatamento
mecanismo que provoca a formação de xistosidade - descontinuidade planar penetrativa - com
desenvolvimento de dobramentos similares ou anisópacos;
as rochas tornam-se muito dúcteis e facilmente deformáveis;
a deformação é intensa e generalisada, provocando a transformação de todos os elementos
esféricos de referência em elipsóides achatados e estirados por “esmagamento” (cisalhamento
puro) ou cisalhamento (cisalhamento simples);
3. 4 – Fluxo
material rochoso escoa de maneira similar à dos líquidos, dando origem a dobramentos
diferentes dos referidos anteriormente.
mecanismo que ocorre quando a rocha atinge temperaturas próximas ou superiores à do seu
ponto de fusão, exibindo um comportamento análogo ao dos fluidos viscosos;
•Em condições crescentes de pressão e
temperatura, ou seja, da superfície para
profundidades crescentes, observar-se-á:
1) fracturação (ou cisalhamento);
2) fracturação e flexão;
3) flexão;
4) flexão e achatamento;
5) achatamento;
6) achatamento e fluxo;
7) fluxo.
4. 1. 2. Níveis estruturais
•Níveis estruturais: os diversos domínios
da crosta, verticalmente sobrepostos, onde
os mecanismos dominantes da deformação
permanecem os mesmos.
•Nível Estrutural Superior
domínio da fracturação por excelência
(domínio da deformação frágil);
mecanismo dominante é fracturação
•Nível Estrutural Médio
mecanismo dominante é a flexão;
constitui o domínio do dobramento
isópaco (deformação por flexão).
5. •Nível Estrutural Inferior
mecanismo dominante é inicialmente o achatamento, seguindo-se o fluxo e a fusão da rocha
(anatexia);
é limitado superiormente pela frente superior da xistosidade;
na parte superior, dominam as dobras anisópacas, acompanhadas por uma xistosidade generalizada;
a zona pode ser dividida em diversos subníveis, graças aos diferentes tipos de xistosidades aqui
existentes (de fractura, de fluxo, de foliação);
na parte inferior, a xistosidade desaparece e o material rochoso entra em fusão ou comporta-se como
um fluido;
o nível inferior é o domínio do metamorfismo o que permite fazer uma série de subdivisões.
•Esta disposição ideal e simplificada dos níveis estruturais pode ser modificada ou perturbada:
Contraste litológico entre os sedimentos e o seu substrato cristalino e localização dos dois
conjuntos relativamente à parte central do orógeno;
Grandes falhas (enraizamento profundo);
Pressão de flúidos ou intersticial
6. 2. FALHAS
2. 1. Conceito
•falha - superfície de fractura, ou uma zona relativamente estreita, ao longo da qual um dos lados se
desloca relativamente ao outro, segundo uma direcção paralela à superfície da fractura ou da zona
(movimento de cisalhamento)
•A sua dimensão pode variar desde a escala microscópica, até extensões superiores a centenas ou
milhares de quilómetros, englobando os limites das grandes placas tectónicas;
•São, frequentemente, estruturas com uma importância de primeira ordem na crusta terrestre e seu
interior.
7. 2. 2. Importância
•Científica - são, por excelência, as estruturas geradoras de actividade sísmica. O seu estudo permite
compreender os processos de geração dos sismos, de deformação crustal e de edificação das cadeias
montanhosas.
•Prática - permitem projectar estruturas de pontes, edifícios, barragens e zonas urbanas, capazes de
minimizar os prejuizos causados pelos efeitos devastadores sua actividade. São excelentes armadilhas
de hidrocarbonetos.
•Estética - são responsáveis por alguns dos mais espectaculares cenários naturais da superfície
terrestre.
8. 2. 3. Estilos de falhamento
• Fracturas e Zonas de Cisalhamento Frágil:
•A maior parte das falhas são:
simples fracturas provocadas por cisalhamento frágil:
•a orientação e a disposição da superfície da fractura descrevem a interface entre rochas postas
em contacto a quando do movimento ao longo da falha
zonas constituídas por numerosas fracturas daquele tipo, pouco espaçadas e que se designam por
zonas de cisalhamento frágil (ou zona de falha);
•as numerosas fracturas de cisalhamento frágil põem em contacto massas de rocha perfeitamente
esmagadas, os cataclasitos.
• há nítida quebra física de contínuidade nas massas rochosas (perda de coesão interna);
• são típicos dos níveis crustais próximos da superfície;
• o movimento está confinado aos planos das falhas.
9. • Zonas de Cisalhamento Dúctil:
• são zonas de cisalhamento com deformação dúctil;
• o movimento ocorre sem perda de coesão, à escala do afloramento ;
10. • A translacção diferencial dos corpos rochosos, separados pela zona de cisalhamento, é feito através
do fluxo dúctil do material rochoso;
• o movimento cisalhante está distribuído por toda a zona, levando à distorção (variação da forma);
• ocorrem vulgarmente em ambientes ígneos ou metamórficos, onde a temperatura e a pressão
confinante é elevada
• Podem também ocorrer durante a deformação de sedimentos brandos ainda não consolidados, como
areias e argilas saturadas;
• Por vezes, o estádio inicial de cisalhamento dúctil termina num estádio final de falhamento frágil -
zonas de cisalhamento dúctil-frágil;
a zona de cisalhamento é caracterizada por uma discreta superfície de falha ou zona de falha,
limitada por rocha encaixante que sofreu deformação plástica;
são típicas das grandes falhas que efectam a a totalidade da crusta.
11. • Nas zonas de cisalhamento dúctil, as rochas crustais podem apresentar estiramento ou encurtamento.
Cisalhamento
frágil
-Encurtamento Crustal: subida
das rochas mais antigas e mais
profundas, ficando em contacto
anormal com rochas mais recentes
e de níveis mais superfíciais.
Cisalhamento
dúctil
Cisalhamento
-Estiramento Crustal: rochas frágil
relativamente mais jovens e de
níveis mais superfíciais podem
sofrer movimento cisalhante para
baixo, em direcção a rochas mais
profundas e mais antigas.
Cisalhamento
dúctil
12. 2. 4. Terminologia
Escarpa de falha Linha de falha
Epicentro
Tecto
Ondas sísmicas o
Muro Plano de falha
13. 2. 5. Classificação
• Com base no movimento relativo (deslizamento; slip):
• Falhas com Desligamento Paralelo ao Pendor (Dip-Slip Faults):
são falhas em que o movimento se faz para cima ou para baixo, paralelamente à direcção de
pendor do plano de falha.;
o rejecto medido ao longo dessa direcção tem o nome de rejecto vertical aparente ou de descida
(dip-slip);
• Falhas Translaccionais ou de Desligamento Direccional (Strike-Slip Faults):
são falhas em que o movimento é aproximadamente horizontal, paralelo à direcção do plano de
falha;
o rejecto medido ao longo dessa direcção tem o nome de rejecto horizontal lateral ou direccional
(strike-slip)
• Falhas de Desligamento Oblíquo (Oblique-Slip Faults):
são falhas em que o movimento é inclinado e oblíquo em relação ao plano de falha (combinação
dos dois casos anteriores);
14. • Com base no movimento relativo e no campo de
tensões:
Bloco de referência
(sem falhas) Extensão σ1
σ2
σ3
Falha normal
Compressã
o
σ3
σ2
σ1
Falha inversa Compressã
o
Cavalgamento σ2
σ1
σ3
Falha de desligamento
15. 2. 6. Reconhecimento das falhas
• Características intrinsecas às próprias falhas
Texturas e Estruturas Resultantes do Cisalhamento:
Dependem:
Velocidade e intensidade do cisalhamento
Condições P e T
16. • Rochas cataclásticas
•São típicas das zonas de cisalhamento frágil, ocorrendo a profundidades até os 10 km.
•Até aos 4 km rochas cataclásticas friáveis ou não coesivas
•Dos 4 aos 10 (15 km) rochas cataclásticas coesivas
Argila de caixa de falha Pseudotaquilito
22. Repetição ou omissão de estratos;
•Numa sondagem vertical:
•As falhas inversas levam à repetição de
estratos
•As falhas normais levam à omissão de
estratos
Sim!!!
Não!!!
23. Arrepiamento de estratos - dobras de arrasto;
•São pequenos dobramentos que sofrem as superfícies de estratificação, junto às falhas. O
encurvamento faz-se na direcção do movimento do bloco oposto da falha.
Falha inversa Falha normal
Anticlinal em rollover
24.
25. Critérios fisiográficos para o falhamento;
Escarpas de falha;
Evolução de uma escarpa de falha, por acção dos agentes erosivos
30. 2. OS GRANDES TIPOS DE FALHAS
3. 1. Falhas normais
•O tecto desce relativamente ao muro;
•Têm pendores de cerca de 60º;
•Colocam as rochas mais recentes em contacto com
as mais antigas;
•Levam ao estiramento crustal;
31. • Características do falhamento normal
Dobramentos associados;
Dobras em “roll over”;
•Desenvolvem-se no bloco correrpondente
ao tecto em falhas lístricas normais;
- Falha lístrica - falhas côncava para cima,
cujo pendor decresce em profundidade;
Dobras de arrasto;
32. Aspectos das superfícies das falhas;
•Podem ocorrer em todos os níveis crustais;
•As características da superfície irão depender:
da forma da falha;
da profundidade em que ocorreu o movimento
do tipo de falhamento: fractura frágil, com deslizamento friccional; deformação dúctil.
•.Em níveis crustais pouco profundos dão origem:
a rochas cataclásticas (grandes espessuras de brechas e megabrechas no bloco do tecto;
a “slickensides”e a estrias ao longo da sua superfície.
•Em níveis crustais profundos originam aspectos associados com a deformação dúctil, incluindo
texturas miloníticas.
33. •A superfície da falha é irregular e possui “rampas” e “plataformas” para ligar os vários segmentos
Rampas frontais;
Rampas laterias.
34. • Forma e deslocamento das falhas normais
•Algumas falhas lístricas normais associam-se, ou transformam-se, em profundidade, numa falha de
“descolamento” (detachment fault).
35. • falhas de descolamento:
Falhas de baixo ângulo que marcam um limite principal entre rochas não fracturadas, situadas
abaixo, e o bloco do tecto, situado acima, que está normalmente deformado e falhado;
Em muitas bacias sedimentares estão enraizadas ao nível de espessos complexos evaporíticos;
No bloco do tecto, as falhas normais formam uma série de falhas imbricadas.
•Os sistemas de falhas normais são normalmente caracterizados por:
uma falha principal com falhas subsidiárias associadas;
por falhas de descolamento de baixo ângulo com blocos de falha imbricados a tecto.
36. • Associações estruturais de falhas normais
Os sistemas de falhas normais
•As falhas normais aparecem em
grupos ou sistemas de muitas falhas
associadas;
•Em muitos casos, esses sistemas são em número de dois e designam-se por conjugados;
•As falhas maiores apresentam a maior quantidade de deslocamento e a deformação mais importante;
•As falhas menores, subsidiárias, apresentam deslocamentos relativamente mais pequenos,
proporcionando os ajustamentos necessários aos grandes deslocamentos.
antitéticas (conjugadas);
sintéticas (paralelas e com o mesmo sentido de deslocamento)
•Em muitas das bacias de rift a grande maioria das descobertas de hidrocarbonetos foram feitas em
armadilhas associadas a falhas.
37. Falhas normais locais associadas com outras estruturas
Domos;
Estruturas de colápso;
38. Sistemas regionais de falhas normais
Riftes
• Na crosta continental;
Grande Vale do rifte - África
39. • Na crosta crosta oceânica;
Ibéria
ti ca Tore
n
lâ Açores
-at
io Gibraltar
éd
M
a
ist
Madeira
r
C
Canárias
África
Cabo
Verde
40. • Aulacógenos (riftes abortados);
• Situados em crosta continental, poderão corresponder a antigos riftes abortados;
41. Falhas de transferência;
• Os grandes sistemas de falhas normais não são contínuos mas sim segmentados;
• Os vários segmentos contactam entre si através de falhas translaccionais (ou de transferência);
42. Falhas lístricas de crescimento:
• A sua actividade ocorrer durante a sedimentação;
43. • Modelos cinemáticos dos sistemas de falhas normais
Modelo do anticlinal em “rollover”