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Seminário Regional de Desenvolvimento Urbano: “habitação de
interesse      social:       dilemas    e      perspectivas”
Participação    e      produção      do espaço     cotidiano

Rita         de          Cássia           Lucena        Velloso
observatório          de             políticas         urbanas
opur/    puc    minas    –     observatório    das   metrópoles



 O urbano contemporâneo e as
 condições da produção de moradia no
 Brasil
moradia
• Elemento material e simbólico que enraíza a
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• fusão de conflitos e reivindicações
• Experiências advindas da exploração do
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Francisco de Oliveira
• “como o espaço socialmente produzido se põe
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• L. Kovarick
• Somatória de extorsões que opera pela
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• Debate sobre a pobreza urbana: novas categorias
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• Debate travado nos anos 1970 e 1980: auto-
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• Pesquisa urbana: realidae empírica e diálogo com
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• Brasil 1970
• Arquitetura e Sociologia urbana 1970: de fonte
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• Lutas urbanas: temas da cidadania e da
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  das reivindicações por condições de moradia e
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• O desenvolvimento brasileiro é elitista.
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• Lógica da segregação (pobres) e da auto
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Criar um caminho de planejamento e gestão que
contrarie o rumo predatório –social e ambiental- que a
cidades brasileiras seguem atualmente exige alguns
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Criar a consciência da cidade real e indicadores de qualidade
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Criar um espaço de debate democrático com vistas a efetivar
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    entropicos) e horizontalidades (domínios contíguos, de).
•   Antes das redes e além delas há o espaço banal, o espaço de todos (François
    Perroux e Jacques Boudeville).

•   “As unidades de medida não caracterizam o real mas uma realidade que se
    quer alcançar”.
•   Identidades micro-regionais: novos paradigmas de organização territorial
participando
• A participação se torna uma parte organizada
  (e potencialmente manipulada) de qualquer
  projeto de regeneração, na qual os usuários
  devem ter voz, mas cujo processo sufoca os
  sons que surgem. O problema é que o termo
  participação é aceito acriticamente, e noções
  idealizadas que centram em conceitos de
  consenso estão implícitas.
participando
• A participação precisa diferenciar entre as demandas dos clientes e
  os desejos dos usuários.
• Arquitetos, precisando de clientes com poder e dinheiro,
  geralmente estão do lado daqueles no poder e dispostos a abraçar
  e expressar, em termos de construção, a ideologia e economia
  desses clientes, em detrimento dos desejos dos usuários em
  potencial.
• Acontece então uma remoção do público em geral do processo da
  produção arquitetônica, o qual, por sua vez, leva a uma sensação de
  alienação dos usuários de seu ambiente.
• A modernização significou a remoção das pessoas das decisões, à
  medida que camadas de burocracia e procedimentos especializados
  compelem os especialistas a intervir entre o usuário e a edificação.
  Esses peritos trazem consigo seus próprios sistemas de valores que
  freqüentemente são estranhos aos dos usuários.
participando
• Uma lacuna assim se abre entre o mundo como construído e o mundo
  como preciso e desejado: para vermos os efeitos dessa lacuna, não
  precisamos olhar além dos projetos de habitação de massa da primeira
  metade de século XX, período durante o qual uma versão padronizada de
  viver e noções abstratas de “comunidade” foram impostas estaticamente
  por uma burocracia supostamente benevolente, em vez de permitir que
  elas crescessem mais espontaneamente, de acordo com os desejos das
  pessoas.
• A participação efetivamente se dirige a essa brecha, através do
  envolvimento do usuário nas etapas iniciais da produção arquitetônica,
  levando a um ambiente que não apenas tem um sentido de propriedade,
  mas que também é mais capaz de responder a mudanças. Indo além dos
  enfoques técnico e econômico da arquitetura, a participação
  inevitavelmente se engaja com o político, um termo freqüentemente
  negado pelos arquitetos na avaliação de seu trabalho.
participando
•   Na política global contemporânea, onde questões sobre democracia são tão
    contestadas, a real participação do processo de mudança está se tornando cada
    vez mais rara, ao mesmo tempo em que ela cada vez mais necessária.
•   Se esperamos que as pessoas sintam a sensação de pertencerem ao mundo no
    qual moram, um envolvimento nos espaços que eles habitam é um bom ponto de
    começo.
•   Isso se reflete numa leitura da arquitetura como a ocupação do espaço por seres
    sensatos, politizados, não à arquitetura como processo tecnicamente determinado
    ou estética rarefeita.
•   A dimensão política é por demais evitada ao se diferenciar entre o funcional e o
    estético, tratando o primeiro como um território implicitamente alvo da
    ergonomia e eficiência, e vendo o segundo como um tipo de língua privada
    supostamente acima do debate político.
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    dentro de um mundo politizado mais complexo. A introdução da política leva a
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O urbano contemporâneo e as condições da produção de moradia no Brasil

  • 1. Seminário Regional de Desenvolvimento Urbano: “habitação de interesse social: dilemas e perspectivas” Participação e produção do espaço cotidiano Rita de Cássia Lucena Velloso observatório de políticas urbanas opur/ puc minas – observatório das metrópoles O urbano contemporâneo e as condições da produção de moradia no Brasil
  • 2. moradia • Elemento material e simbólico que enraíza a dinâmica da vida urbana.
  • 3. Luta social • fusão de conflitos e reivindicações • Experiências advindas da exploração do trabalho e da espoliação urbana • Interconexões entre as lutas no bairro e na fábrica (1978-1980)
  • 4. Pensar a terra urbana como capital • Papel da renda fundiária urbana como suporte do processo de acumulação que se dá na indústria da construção civil. • A renda fundiária urbana como fundamento, como elemento constitutivo da uma atividade produtiva. • Especulação não é desligada da produção real, é elemento constitutivo de uma atividade produtiva.
  • 5. Francisco de Oliveira • “como o espaço socialmente produzido se põe a serviço da acumulacão de capital e, em especial, como esse espaço socialmente produzido sustenta uma atividade produtiva tecnicamente atrasada. E de como, não por acaso, de uma forma contraditória, exatamente por utilizar esse espaço socialmente produzido, uma atividade produtiva tecnicamente atrasada pode ser das mais lucrativas.”
  • 6. Espoliação urbana • L. Kovarick • Somatória de extorsões que opera pela inexistência ou precariedade dos serviços de consumo coletivo, pelo acesso dificultado à terra e à moradia, pela dificuldade de obtenção das condicões socialmente necessárias para a reprodução dos trabalhadores.
  • 7. Contradições urbanas e experência urbana • Manuel Castells e E.P. Thompson • Grupos sociais vivenciam uma experiência de exclusão e sobre essa vivência produzem um discurso e uma ação de caráter coletivo. • Experiência em termos de coletividade
  • 8. Metrópole do subdesenvolvimento industrializado • 1970: estudos macro estruturais (relação entre o capitalismo e a produção de desigualdade e segregação) • 1980: estudos urbanos centrados nos movimentos sociais (grupos, categorias, estratos sociais reunidos para reivindicar condicões urbanas de vida) • 1990: direitos de cidadania (formulação de políticas públicas)
  • 9. Cidadania, subcidadania, exclusão social • Debate sobre a pobreza urbana: novas categorias presentes no debate internacional e nacional das ciências sociais. • Debate travado nos anos 1970 e 1980: auto- construção de moradias nas metrópoles nacionais. • Casa própria: núcleo de sociabilidade baseada em contatos primários; realizacão de projeto individual de existência – seguranca real e simbólica da propriedade.
  • 10. Habitacão de interesse social • Pesquisa urbana: realidae empírica e diálogo com a teoria • Brasil 1970 • Arquitetura e Sociologia urbana 1970: de fonte marxista, nos contextos nacional e internacional • Lutas urbanas: temas da cidadania e da participação sobem ao primeiro plano; dinâmica das reivindicações por condições de moradia e trabalho
  • 11. Produção, apropriação, consumo do espaço nas cidades brasileiras. • O desenvolvimento brasileiro é elitista. • o espaço reproduz esses processos = reprodução espacial. • Concentração de renda = concentracão espacial (do centro verticalizado em direção às periferias horizontalizadas) • Lógica da segregação (pobres) e da auto segregação (elites): lógica da oferta de serviços, equipamentos e infra-estrutura urbanos. • Política de desenvolvimento intra-urbano: regularizacão fundiária.
  • 12. Cidades Brasileiras: democracia sustentável Criar um caminho de planejamento e gestão que contrarie o rumo predatório –social e ambiental- que a cidades brasileiras seguem atualmente exige alguns pressupostos:
  • 13. Criar a consciência da cidade real e indicadores de qualidade de vida. Criar um espaço de debate democrático com vistas a efetivar as reformas administrativas. Formulação de políticas de curtíssimo, médio e longo prazo. Formação de quadros e agentes para uma ação integrada. Aperfeiçoamento e democratização da informação. planejamento para regiões metropolitanas. A bacia hidrográfica como referência para o planejamento e gestão.
  • 14. Estrutura do espaço • Teoria dos lugares centrais • Conceito de pólos de desenvolvimento • Formação de redes de cidades no território • Estruturação de processos intra-urbanos • Tamanhos das cidades resultam de especializacão na prestacão de serviços/base econômica de serviços (comércio, cultura, lazer, educação, saúde)
  • 15. O que faz de um lugar uma cidade? • Da luta de classes à luta pelos lugares • A perspectiva do trabalho sobre as múltiplas escalas. Da cidade região à rua. • Do macro espaço da cidade ao micro espaço do corpo. • Análise política da urbanização: as relações sociais de produção, os avanços técnicos.
  • 16. Produção versus apropriação • Dizer como, quando, para quem e por quem o espaço é construído. • Toda participação significa práxis social.
  • 17. Analisar o processo de formação e desenvolvimento do espaço • Angulacão sócio-política global e estrutural. • Transformação da terra em mercadoria: mercado da terra • Renda da terra: valor que os imóveis assumem no mercado imobiliário
  • 18. Fatores chave-determinantes da estrutura urbana • Fatores estruturais no processo de planejamento: permitem atuar sobre uma parcela da realidade que pode, por sua própria potência, modificar o contexto urbano. • Variável-chave: renda da terra, explica a transferência de renda entre classes e grupos sociais; percursos por onde se entende a organização da sociedade no território
  • 19. Participação que leva necessariamente em conta a questão espacial Todo uso do espaço é político. Mesmo que desempenhado desatentamente. Pensar como um artesão é execitar uma capacidade de imaginar, reconstruir a história dos objetos, dos lugares. Alcançar um novo entendimento das realidades físicas Se esforçar para descobrir como funciona o lugar ao seu redor. Nunca se afastar dos fatos concretos
  • 20. território • O conceito de território vincula espaço e soberania. Na perspectiva geográfica, política e cultural. Território, bem como seus processos de territorialização, são relaçõse de poder. Processo de domínio político-econômico e ou de apropriação simbólico-cultural do espaço pelos grupos humanos • É o uso do território que faz dele objeto da análise social. É forma impura, um híbrido. O território são formas, mas o que tem de permanente é ser nosso quadro de vida. Mesmo nos lugares onde os vetores da mundialização são mais operantes e eficazes, o território habitado cria novas sinergias. • Um território funciona em verticalidades (lugares em rede; pontos distantes uns dos outros ligados por formas sociais e processos sociais; vetores entropicos) e horizontalidades (domínios contíguos, de). • Antes das redes e além delas há o espaço banal, o espaço de todos (François Perroux e Jacques Boudeville). • “As unidades de medida não caracterizam o real mas uma realidade que se quer alcançar”. • Identidades micro-regionais: novos paradigmas de organização territorial
  • 21. participando • A participação se torna uma parte organizada (e potencialmente manipulada) de qualquer projeto de regeneração, na qual os usuários devem ter voz, mas cujo processo sufoca os sons que surgem. O problema é que o termo participação é aceito acriticamente, e noções idealizadas que centram em conceitos de consenso estão implícitas.
  • 22. participando • A participação precisa diferenciar entre as demandas dos clientes e os desejos dos usuários. • Arquitetos, precisando de clientes com poder e dinheiro, geralmente estão do lado daqueles no poder e dispostos a abraçar e expressar, em termos de construção, a ideologia e economia desses clientes, em detrimento dos desejos dos usuários em potencial. • Acontece então uma remoção do público em geral do processo da produção arquitetônica, o qual, por sua vez, leva a uma sensação de alienação dos usuários de seu ambiente. • A modernização significou a remoção das pessoas das decisões, à medida que camadas de burocracia e procedimentos especializados compelem os especialistas a intervir entre o usuário e a edificação. Esses peritos trazem consigo seus próprios sistemas de valores que freqüentemente são estranhos aos dos usuários.
  • 23. participando • Uma lacuna assim se abre entre o mundo como construído e o mundo como preciso e desejado: para vermos os efeitos dessa lacuna, não precisamos olhar além dos projetos de habitação de massa da primeira metade de século XX, período durante o qual uma versão padronizada de viver e noções abstratas de “comunidade” foram impostas estaticamente por uma burocracia supostamente benevolente, em vez de permitir que elas crescessem mais espontaneamente, de acordo com os desejos das pessoas. • A participação efetivamente se dirige a essa brecha, através do envolvimento do usuário nas etapas iniciais da produção arquitetônica, levando a um ambiente que não apenas tem um sentido de propriedade, mas que também é mais capaz de responder a mudanças. Indo além dos enfoques técnico e econômico da arquitetura, a participação inevitavelmente se engaja com o político, um termo freqüentemente negado pelos arquitetos na avaliação de seu trabalho.
  • 24. participando • Na política global contemporânea, onde questões sobre democracia são tão contestadas, a real participação do processo de mudança está se tornando cada vez mais rara, ao mesmo tempo em que ela cada vez mais necessária. • Se esperamos que as pessoas sintam a sensação de pertencerem ao mundo no qual moram, um envolvimento nos espaços que eles habitam é um bom ponto de começo. • Isso se reflete numa leitura da arquitetura como a ocupação do espaço por seres sensatos, politizados, não à arquitetura como processo tecnicamente determinado ou estética rarefeita. • A dimensão política é por demais evitada ao se diferenciar entre o funcional e o estético, tratando o primeiro como um território implicitamente alvo da ergonomia e eficiência, e vendo o segundo como um tipo de língua privada supostamente acima do debate político. • o funcional e o estético não são termos neutros, isolados, mas devem ser inseridos dentro de um mundo politizado mais complexo. A introdução da política leva a participação além do expediente e pragmático, forçando-a a se engajar com questões que, a longo prazo, farão a arquitetura mais responsiva e responsável.
  • 25. Participar é exercer uma práxis social • Governar em conjunto • Superar a alienação, promover a autonomia.