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NARRATIVAS NOS FÓRUNS DE DISCUSSÃO: FIOS QUE TECEM ATOS DE
    CURRÍCULO EM UM AMBIENTE VIRTUAL DE APRENDIZAGEM

  NARRATIVES IN THE DISCUSSION FORUMS: WEAVING YARN THAT ACTS OF
          CURRICULUM IN A VIRTUAL LEARNING ENVIRONMENT



                              SANT´ANNA, Cristiane M.

              SEEDUC-RJ/UERJ-PROPED – cris_marcelino@oi.com.br




RESUMO

O presente artigo pretende apresentar a primeira etapa do projeto de pesquisa
intitulado “A informática na educação no ensino superior: do currículo em EAD para o
currículo em educação on line” (Mestrado em Educação UERJ/PROPED – Linha
Cotidianos, Redes Educativas e Processos Culturais). O objetivo é o mapeamento de
atos de currículo provenientes das narrativas dos sujeitos da pesquisa em fóruns de
discussão na disciplina online Informática na Educação (Curso de Licenciatura em
Pedagogia – UERJ).

Palavras-chave: cibercultura, narrativas,educação on line



ABSTRACT

This article presents the first stage of the research project entitled "Information
technology in education in higher education: the curriculum in distance education into
the curriculum in online education" (Master of Education UERJ / proped - Everyday
Line, Networks Educational and Cultural Processes ). The goal is mapping acts of
curriculum from the narratives of the subjects in discussion forums in online course
Computers in Education (Bachelor of Education - UERJ).

Keywords: cyberculture, narratives, online education
Pensando no que se quis tecer...



     Convido o leitor a pensar como quem deseja tecer. Mais ainda: para quem
deseja tecer junto, num trabalho de muitas mãos. O produto final, ainda na
imaginação, precisa ser planejado. Que fios? Que cores? Para quê? Para
quem?

     E como se tece o conhecimento? Se tece sozinho? Se tece com o outro?
Se tece para o outro? Como se dá a tessitura do conhecimento em um
ambiente virtual de aprendizagem? Que práticas podem contribuir para o
processo ensino aprendizagem em um ambiente virtual de um curso de
formação de professores na modalidade a distancia? O que é preciso
ensinar/aprender para que o conhecimento adquirido seja significativo na
formação desses professores?

     Alves (2001), ao falar de como se dá a tessitura do conhecimento, diz

                     que dois são os modos que, hoje, se defrontam/complementam
                     quanto à maneira de perceber como o conhecimento e a
                     subjetividade são produzidos: o primeiro é o dominante na
                     sociedade chamada moderna, sendo representado pela
                     metáfora da árvore; o segundo, sempre existindo nos
                     espaçostempos da vida cotidiana, passa a ser assumido pelos
                     setores econômicos,científicos e sociais mais dinâmicos, a
                     partir da década de 50 do século XX, e que é representado
                     pela metáfora da rede. “Tecer conhecimento em rede” é a
                     forma possível para indicar como, sempre, o conhecimento foi
                     criado nos vários e diferentes contextos cotidianos do viver
                     humano, mesmo quando, para se fazerem, a ciência e o poder
                     econômico precisaram dizer que os conhecimentos práticos só
                     existiriam enquanto não fossem superados pelo conhecimento
                     verdadeiro, aquele produzido pela ciência, pela burocracia e
                     em outros lugares de poder.

     Inicialmente caracterizada por práticas de ensino aprendizagem de
transmissão de conhecimentos, através de material didático por rádio impresso
e TV, a educação a distância (EaD) surge com novo formato, impulsionada
pelo advento da cibercultura.

     A cibercultura, cultura do digital em rede e potencializada pela mobilidade,
possibilita que nos descolemos do PC (Personal Computer) e tenhamos a
internet nas mãos, tendo, desta forma, a liberação do pólo de emissão como
uma de suas características. Assim, todos têm a possibilidade de produzir
conteúdos e socializá-los, abrindo espaço para novas autorias e, quem sabe,
coautorias.

      Acerca do tema, Santos (2009) diz que

                      isso faz do computador online não um meio de transmissão de
                      informação, como a televisão enquanto suporte altamente
                      utilizado em educação a distância, mas espaço de adentramento
                      e manipulação em janelas móveis, plásticas e abertas a
                      múltiplas   conexões    entre    conteúdos    e   interagentes
                      geograficamente dispersos.

      Contudo, habituados a uma dinâmica educacional cartesiana, centrada no
professor, numa perspectiva um-todos, alguns projetos educacionais online
ainda subutilizam o digital. Lévy (1997), tomando como exemplo a inserção da
informática nas escolas da França, já dizia que

                      Apesar de diversas experiências positivas sustentadas pelo
                      entusiasmo de alguns professores, o resultado global é deveras
                      decepcionante. Por quê? É certo que a escola é uma instituição
                      que há cinco mil anos se baseia no falar/ditar do mestre, na
                      escrita manuscrita do aluno e, há quatro séculos, em um uso
                      moderado da impressão. Uma verdadeira integração da
                      informática (como do audiovisual) supõe, portanto, o abandono
                      de um hábito antropológico mais que milenar, o que não pode
                      ser feito em alguns anos (p 08).

      O ciberespaço, que é um ambiente virtual, pode se tornar uma ambiente
virtual de aprendizagem, se lançarmos mão dos inúmeros recursos
comunicacionais existentes, aliados a um desenho didático.

      As práticas de interatividade, autoria e coautoria, quando em curso,
indicam caminhos que diferem das tradicionais. O docente desse tempo, ao
utilizar   a   internet   ou   um   ambiente    que    agrega   várias   interfaces
comunicacionais, como fóruns, chats, blogs, entre outros, desenvolve projetos
que articulam mídias, softwares e interfaces em Web 2.0, objetivando a
aprendizagem como resultante do exercício da autoria do aluno. (SANTOS,
2007). Portanto, pensar a tessitura de conhecimentos em tempos de
cibercultura é pensar a construção em metodologias que favoreçam a
construção desses conhecimentos de forma colaborativa.
Para tal, é necessária uma postura de mudança comunicacional do
docente, que migra, quando investe em uma prática educacional no modelo
todos-todos, da posição de mero transmissor a mediador e provocador de
situações de aprendizagem. Para isso, ele deve estar atendo as falas dos
sujeitos praticantes (CERTEAU, 1994). São as narrativas desses sujeitos que
apontam para as possíveis intervenções, colocações, contribuições e
provocações dos mediadores.1

      Logo, concordando com Okada (2003), fóruns e chats sãos dispositivos
de pesquisa, pois podem indicar conceitos, idéias, desejos e intenções para
além do tema discutido, possibilitando a cocriação de atos de currículo.

      O autor diz que “atos de currículo, como noção, levando em conta a
práxis curricular, são um conceito-chave, um gesto ético-político, um potente
analisador da práxis curricular formativa” (MACEDO, 2011).

      O envolvimento de diferentes sujeitos implica no registro de biografias
diferentes, que por sua vez influenciam a tessitura de redes de conhecimento
diversificadas e particulares, ainda que debruçadas em um mesmo tema. Logo,
ao conceber etnométodos como procedimentos constituídos na cena
pedagógica em um mesmo ambiente em um mesmo desenho didático,
concluímos que diferentes sujeitos podem gerar diferentes etnométodos e,
portanto, diferentes tessituras.

      Nesse contexto, e lançando mão dos princípios epistemológicos e
metodológicos da pesquisa-formação, o trabalho em sua primeira etapa utiliza
como dispositivo os fóruns de discussão da disciplina Informática na Educação,
do curso de Licenciatura em Pedagogia (CEDERJ-UERJ).


O contexto

      O curso de formação de professores escolhido como objeto de pesquisa é
o de licenciatura em Pedagogia da UERJ (Consórcio CEDERJ).


1
 Como estamos considerando um processo interativo, todos os sujeitos inseridos no processo são
mediadores em potencial.
Criado em 1999, o CEDERJ apresenta como um dos seus objetivos “atuar
na formação continuada, a distância, de profissionais do Estado, com atenção
especial para o processo de atualização de professores da rede estadual de
Ensino Médio”. O consórcio entre as seis universidades públicas do Rio de
Janeiro nasce com o propósito de ampliar o número de licenciados e suprir a
necessidade de formação de normalistas conforme Lei de Diretrizes e Bases
(LDB) (Lei 9394/96 – LDB), que em seu artigo de nº 62 diz que

                    “a formação de docentes para atuar na educação básica far-se-
                    á em nível superior, em curso de licenciatura, de graduação
                    plena, em universidades e institutos superiores de educação
                    [...] em nível médio, na modalidade Normal.” (BRASIL, 1996).

     Os cursos disponíveis são todos na modalidade semipresencial,
oferecendo aos alunos o apoio de tutores a distância e tutores presenciais em
grande parte das disciplinas, material didático impresso ou digital em um
ambiente virtual comumente denominado plataforma. No primeiro semestre de
2012, o CEDERJ migra sua interface para outra, com uso do software livre
moodle.

     O primeiro curso de pedagogia tinha um público alvo específico:
professores que atuavam nas séries iniciais. Em 2008, é criado o curso de
licenciatura em pedagogia, que objetivava capacitar pessoas a atuarem não só
no ensino fundamental, mas também no Ensino Profissional, Educação de
Jovens e Adultos, Ensino Médio (Formação de Professores) e Gestão
(Administração, Supervisão e Orientação e Espaços Não formais de Ensino).

     Destaco aqui outra mudança significativa no que diz respeito à disciplina
Informática na Educação, na qual atuo como docente online e que ora se
constitui como meu objeto de estudo. A coordenação da disciplina, observando
que as práticas dos docentes online ainda eram baseadas no modelo da
educação a distância tradicional, e não numa prática de educação online
segundo as suas orientações, optou por terminar com a tutoria presencial e
apostar em um novo desenho didático.

     Neste contexto de mudanças e diversidades é que se encontram os
dilemas que estruturam a pesquisa:
•   Como se dará a transição do ensino da informática na educação online
         no contexto deste curso de pedagogia?
     •   Que práticas pedagógicas poderão contribuir para o processo de
         produção de conhecimento com autoria?
     •   Quais dispositivos de pesquisa, além dos já existentes no ambiente
         como fórum, poderão ser usados/criados para mediação de narrativas?
     •   Como pensar novas práticas, especialmente na educação online, em
         um contexto em que persiste a unilateralidade, centrada no
         professor/tutor/coordenador?


Agrupando fios: o processo de tecelagem coletiva

     O primeiro fórum de debates tinha como tema central a cibercultura e
suas implicações na educação. O material disponibilizado é oriundo de um
programa da TV Escola denominado Salto para o Futuro. Os fóruns foram
divididos por programas cujos títulos são:

          Ead: antes e depois da cibercultura
          A docência online
          Currículo multirreferencial
          Outros olhares sobre cibercultura e educação
          Cibercultura: o que muda na educação - debate

     A discussão iniciada pela coordenação conta com a mediação de cinco
tutores a distancia que, durante o processo, provocam os participantes a serem
também mediadores/colaboradores desse processo de ensino-aprendizagem.

     Observou-se que, talvez por ser o primeiro fórum e, quem sabe, a
primeira experiência nesse tipo de abordagem intencionalmente interativa,
algumas postagens buscavam responder ao post inicial do coordenador.

     Com as mediações, as postagens com formato de questionário passam a
dar lugar a textos dissertativos, construídos a partir do material didático e dos
conceitos que emergiram nas falas.
Entre os fios da trama.

     Nas entrelinhas das narrativas haviam duas preocupações recorrentes,
uma vez que muitas apresentaram um caráter de denúncia em relação ao
tema: como fazer uso dos potenciais da tecnologia na educação, destacando a
internet, diante da baixa qualidade ou falta de recursos na escola? Como
formar professores para que sejam docentes online, se esses se sentem
excluídos digitais ou vivenciam realidades excludentes em seu trabalho como
profissionais da educação?

     Uma análise das falas apontou para que os novos atos de currículo
pudessem anunciar, não respostas para as questões, que em alguns casos
demandam repensar, implantar ou criar políticas públicas, mas práticas
autorais possíveis e com tecnologias de fácil acesso.

     Destaco aqui algumas narrativas de um dos sujeitos que durante toda a
dinâmica dos fóruns da disciplina, enquanto todos apontavam para as
maravilhas e potencialidades das tecnologias esse, sempre com letras em
cores berrantes e de um tamanho superior ao que usamos para texto,
descrevia sua preocupação com uma inclusão para além do digital, uma
inclusão social:

      Minha pespectiva acerca das mudanças ocorridas em virtude da
      Cibercultura são relacionadas a forma como poderemos incluir todas as
      camadas da sociedade em tão pouco tempo, já que a velocidade com a
      qual ela tem avançado por meio dos mais diversos caminhos, e assim
      adentrado a todos os instantes em nossos lares e locais de trabalho,
      sem que ao menos tivessemos tempo de analisar suas consequências
      as nossas relações, não só as educacionais mas também as sociais e
      até mesmo as familiares, uma vez que "todos" podem comunicar-se, fato
      este que origina minha maior dúvida: Como poderemos incluir de forma
      linear a "todos" os componentes da sociedade independente de sua
      colocação na mesma?
      Acredito ser este o maior desafio para a democratização da Cibercultura
      e da utilização desta em todos os níveis escolares, sem que para isso
      tenhamos que excluir uma parcela da população que além de
      analfabetos digitais, são também analfabetos funcionais e por vezes
      analfabetos de "Pai e Mãe".
      Em nossos estudos deveriamos dar um enfoque preferêncial nesta
      condição de exclusão, visto que será de grande valia para o aprendizado
      dos componentes desta jornada, a obtenção de uma visão mais clareada
e amplificada do quanto estas mudanças tem afetado e ainda podem
      afetar não só trazendo benefícios que nos são obvíos, mas também por
      proporcionarem aos menos favorecidos a total exclusão destes do "novo
      mundo" que já anuncia sua chegada.
      Sei que talvez tenha desvirtuado o enfoque principal deste texto, todavia
      faz-se necessário que estejamos dispostos a verificar todas as
      possibilidades para que com isso estejamos comprometidos com a
      expansão de uma educação com fins na formação de cidadãos críticos e
      autônomos, além de totalmente capazes de interagirem com seus pares
      em qualquer situação seja ela no campo fisico ou virtual.

      (Texto retirado de um fórum sobre a Cibercultura na Educação onde as
      letras, no original, estão em vermelho, fonte Arial 18, negrito e itálico)




In(Conclusões) e desdobramentos.

     A partir dessas questões que emergiram da fala dos sujeitos praticantes
(CERTEAU, 1994), novos atos de currículo (MACEDO, 2011) foram
construídos, gerando, portanto, novos dispositivos na pesquisa-formação
(SANTOS, 2011). Após uma discussão sobre inclusão digital, inclusão social e
o papel da tecnologia, foi proposta a elaboração de um vídeo, cujo tema
deveria ser escolhido a partir dos pontos discutidos. Uma webconferência
(utilizando a interface web 2.0 do site livestream) foi transmitida, buscando
provocar a autoria de vídeos criativos e com poucos recursos.

     Mesmo sabendo que a cibercultura é a cultura do digital potencializada
pela internet, e hoje mais ainda com a cultura da mobilidade (LEMOS, 2009)
trazida com os dispositivos móveis como celulares e smartphones, a questão
da inclusão/exclusão digital faz com que a defesa das tecnologias de
informação e comunicação (TIC) como potencializadoras da aprendizagem
pareça   só   um   discurso.   Grande    parte   das   narrativas   apresentava
questionamentos quanto a este ponto.

     No decorrer da pesquisa, foram propostas atividades que lançavam mão
de recursos para além dos disponíveis no ambiente do CEDERJ, como o uso
do Youtube e de um blog colaborativo. Contudo, uma atividade de transposição
de práticas da cibercultura - gerada por um praticante fora do contexto do
curso, mas a partir de um dos produtos gerados nas discussões -, demonstrou
que, mesmo não estando conectados, mesmo não tendo acesso na escola ou
em casa à internet e a outras tecnologias, vivemos uma inclusão espontânea
(LEMOS, 2011). Logo, como oportunizar novas experiências de transposição
que possam ser significativas no contexto acima descrito?

     Agora, na segunda etapa da pesquisa, a partir da repetição do desenho
didático, pretendo investigar se a metodologia proposta como Educação Online
efetivamente privilegia a colaboração e a autoria, apresentando-se como uma
possível alternativa para futuras mudanças de paradigmas no que diz respeito
ao ensino da informática na educação. Para tal, tomarei como norte as
narrativas que emergiram, as avaliações dos praticantes e o mapeamento dos
rastros desses sujeitos em outras redes.




Referências

ALVES, N. Decifrando o pergaminho - o cotidiano das escolas nas lógicas das
redes cotidianas. In: Pesquisa no/do cotidiano das escolas - sobre redes de
saberes. OLIVEIRA, I.B; ALVES, N (orgs). Rio de Janeiro: DP&A, 2001.

BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Lei 9394/96.
Disponível em <<http://portal.mec.gov.br/arquivos/pdf/ldb.pdf>>. Acesso em 28
ago. 2009.

BRUNO, A.R. A mediação partilhada em redes sociais: (dês) territorialização de
possibilidades para a discussão sobre o ser tutor e a tutoria em cursos online.
In: Práticas Pedagógicas, Linguagem e Mídias: desafios à Pós-graduação
em Educação em suas múltiplas dimensões / Helena Amaral da Fontoura e
Marco Silva (orgs.). Rio de Janeiro: ANPEd Nacional, 2011.

CERTEAU, M. A invenção do cotidiano – artes de fazer. 3.ed. Petrópolis/RJ:
Vozes, 1994.

LÉVY, P. Cibercultura. SP: Editora 34, 1999.

MACEDO, R.S. Atos de currículo formação em ato? Para compreender,
entender e problematizar currículo e formação. Ilhéus: Editus, 2011.

OKADA, A.L.P, SANTOS, E, O. A imagem no currículo: da crítica à mídia de
massa a mediações de autorias dialógicas na prática pedagógica. Revista
da FAEEBA – Educação e Contemporaneidade, Salvador, v.12, n. 20, p.287-
97, jul/dez, 2003.


SANTOS, E. O. Educação online: Cibercultura e Pesquisa Formação na
prática docente. Tese de doutorado. FACED, UFBA, 2005.

SANTOS, E. O.; SILVA, M. Desenho didático para educação on-line. Em
Aberto, v. 79, p.105-20, 2009.

SANTOS, E.O. A Cibercultura e a educação em tempos de mobilidade e redes
sociais: conversando com os cotidianos. In: Práticas Pedagógicas,
Linguagem e Mídias: desafios à Pós-graduação em Educação em suas
múltiplas dimensões / Helena Amaral da Fontoura e Marco Silva (orgs.). Rio de
Janeiro: ANPEd Nacional, 2011.

SILVA, M. O professor online e a pedagogia da transmissão. Disponível em
<http://www.saladeaulainterativa.pro.br/texto_0002.htm> Acesso em 01 set.
2010.

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  • 1. NARRATIVAS NOS FÓRUNS DE DISCUSSÃO: FIOS QUE TECEM ATOS DE CURRÍCULO EM UM AMBIENTE VIRTUAL DE APRENDIZAGEM NARRATIVES IN THE DISCUSSION FORUMS: WEAVING YARN THAT ACTS OF CURRICULUM IN A VIRTUAL LEARNING ENVIRONMENT SANT´ANNA, Cristiane M. SEEDUC-RJ/UERJ-PROPED – cris_marcelino@oi.com.br RESUMO O presente artigo pretende apresentar a primeira etapa do projeto de pesquisa intitulado “A informática na educação no ensino superior: do currículo em EAD para o currículo em educação on line” (Mestrado em Educação UERJ/PROPED – Linha Cotidianos, Redes Educativas e Processos Culturais). O objetivo é o mapeamento de atos de currículo provenientes das narrativas dos sujeitos da pesquisa em fóruns de discussão na disciplina online Informática na Educação (Curso de Licenciatura em Pedagogia – UERJ). Palavras-chave: cibercultura, narrativas,educação on line ABSTRACT This article presents the first stage of the research project entitled "Information technology in education in higher education: the curriculum in distance education into the curriculum in online education" (Master of Education UERJ / proped - Everyday Line, Networks Educational and Cultural Processes ). The goal is mapping acts of curriculum from the narratives of the subjects in discussion forums in online course Computers in Education (Bachelor of Education - UERJ). Keywords: cyberculture, narratives, online education
  • 2. Pensando no que se quis tecer... Convido o leitor a pensar como quem deseja tecer. Mais ainda: para quem deseja tecer junto, num trabalho de muitas mãos. O produto final, ainda na imaginação, precisa ser planejado. Que fios? Que cores? Para quê? Para quem? E como se tece o conhecimento? Se tece sozinho? Se tece com o outro? Se tece para o outro? Como se dá a tessitura do conhecimento em um ambiente virtual de aprendizagem? Que práticas podem contribuir para o processo ensino aprendizagem em um ambiente virtual de um curso de formação de professores na modalidade a distancia? O que é preciso ensinar/aprender para que o conhecimento adquirido seja significativo na formação desses professores? Alves (2001), ao falar de como se dá a tessitura do conhecimento, diz que dois são os modos que, hoje, se defrontam/complementam quanto à maneira de perceber como o conhecimento e a subjetividade são produzidos: o primeiro é o dominante na sociedade chamada moderna, sendo representado pela metáfora da árvore; o segundo, sempre existindo nos espaçostempos da vida cotidiana, passa a ser assumido pelos setores econômicos,científicos e sociais mais dinâmicos, a partir da década de 50 do século XX, e que é representado pela metáfora da rede. “Tecer conhecimento em rede” é a forma possível para indicar como, sempre, o conhecimento foi criado nos vários e diferentes contextos cotidianos do viver humano, mesmo quando, para se fazerem, a ciência e o poder econômico precisaram dizer que os conhecimentos práticos só existiriam enquanto não fossem superados pelo conhecimento verdadeiro, aquele produzido pela ciência, pela burocracia e em outros lugares de poder. Inicialmente caracterizada por práticas de ensino aprendizagem de transmissão de conhecimentos, através de material didático por rádio impresso e TV, a educação a distância (EaD) surge com novo formato, impulsionada pelo advento da cibercultura. A cibercultura, cultura do digital em rede e potencializada pela mobilidade, possibilita que nos descolemos do PC (Personal Computer) e tenhamos a
  • 3. internet nas mãos, tendo, desta forma, a liberação do pólo de emissão como uma de suas características. Assim, todos têm a possibilidade de produzir conteúdos e socializá-los, abrindo espaço para novas autorias e, quem sabe, coautorias. Acerca do tema, Santos (2009) diz que isso faz do computador online não um meio de transmissão de informação, como a televisão enquanto suporte altamente utilizado em educação a distância, mas espaço de adentramento e manipulação em janelas móveis, plásticas e abertas a múltiplas conexões entre conteúdos e interagentes geograficamente dispersos. Contudo, habituados a uma dinâmica educacional cartesiana, centrada no professor, numa perspectiva um-todos, alguns projetos educacionais online ainda subutilizam o digital. Lévy (1997), tomando como exemplo a inserção da informática nas escolas da França, já dizia que Apesar de diversas experiências positivas sustentadas pelo entusiasmo de alguns professores, o resultado global é deveras decepcionante. Por quê? É certo que a escola é uma instituição que há cinco mil anos se baseia no falar/ditar do mestre, na escrita manuscrita do aluno e, há quatro séculos, em um uso moderado da impressão. Uma verdadeira integração da informática (como do audiovisual) supõe, portanto, o abandono de um hábito antropológico mais que milenar, o que não pode ser feito em alguns anos (p 08). O ciberespaço, que é um ambiente virtual, pode se tornar uma ambiente virtual de aprendizagem, se lançarmos mão dos inúmeros recursos comunicacionais existentes, aliados a um desenho didático. As práticas de interatividade, autoria e coautoria, quando em curso, indicam caminhos que diferem das tradicionais. O docente desse tempo, ao utilizar a internet ou um ambiente que agrega várias interfaces comunicacionais, como fóruns, chats, blogs, entre outros, desenvolve projetos que articulam mídias, softwares e interfaces em Web 2.0, objetivando a aprendizagem como resultante do exercício da autoria do aluno. (SANTOS, 2007). Portanto, pensar a tessitura de conhecimentos em tempos de cibercultura é pensar a construção em metodologias que favoreçam a construção desses conhecimentos de forma colaborativa.
  • 4. Para tal, é necessária uma postura de mudança comunicacional do docente, que migra, quando investe em uma prática educacional no modelo todos-todos, da posição de mero transmissor a mediador e provocador de situações de aprendizagem. Para isso, ele deve estar atendo as falas dos sujeitos praticantes (CERTEAU, 1994). São as narrativas desses sujeitos que apontam para as possíveis intervenções, colocações, contribuições e provocações dos mediadores.1 Logo, concordando com Okada (2003), fóruns e chats sãos dispositivos de pesquisa, pois podem indicar conceitos, idéias, desejos e intenções para além do tema discutido, possibilitando a cocriação de atos de currículo. O autor diz que “atos de currículo, como noção, levando em conta a práxis curricular, são um conceito-chave, um gesto ético-político, um potente analisador da práxis curricular formativa” (MACEDO, 2011). O envolvimento de diferentes sujeitos implica no registro de biografias diferentes, que por sua vez influenciam a tessitura de redes de conhecimento diversificadas e particulares, ainda que debruçadas em um mesmo tema. Logo, ao conceber etnométodos como procedimentos constituídos na cena pedagógica em um mesmo ambiente em um mesmo desenho didático, concluímos que diferentes sujeitos podem gerar diferentes etnométodos e, portanto, diferentes tessituras. Nesse contexto, e lançando mão dos princípios epistemológicos e metodológicos da pesquisa-formação, o trabalho em sua primeira etapa utiliza como dispositivo os fóruns de discussão da disciplina Informática na Educação, do curso de Licenciatura em Pedagogia (CEDERJ-UERJ). O contexto O curso de formação de professores escolhido como objeto de pesquisa é o de licenciatura em Pedagogia da UERJ (Consórcio CEDERJ). 1 Como estamos considerando um processo interativo, todos os sujeitos inseridos no processo são mediadores em potencial.
  • 5. Criado em 1999, o CEDERJ apresenta como um dos seus objetivos “atuar na formação continuada, a distância, de profissionais do Estado, com atenção especial para o processo de atualização de professores da rede estadual de Ensino Médio”. O consórcio entre as seis universidades públicas do Rio de Janeiro nasce com o propósito de ampliar o número de licenciados e suprir a necessidade de formação de normalistas conforme Lei de Diretrizes e Bases (LDB) (Lei 9394/96 – LDB), que em seu artigo de nº 62 diz que “a formação de docentes para atuar na educação básica far-se- á em nível superior, em curso de licenciatura, de graduação plena, em universidades e institutos superiores de educação [...] em nível médio, na modalidade Normal.” (BRASIL, 1996). Os cursos disponíveis são todos na modalidade semipresencial, oferecendo aos alunos o apoio de tutores a distância e tutores presenciais em grande parte das disciplinas, material didático impresso ou digital em um ambiente virtual comumente denominado plataforma. No primeiro semestre de 2012, o CEDERJ migra sua interface para outra, com uso do software livre moodle. O primeiro curso de pedagogia tinha um público alvo específico: professores que atuavam nas séries iniciais. Em 2008, é criado o curso de licenciatura em pedagogia, que objetivava capacitar pessoas a atuarem não só no ensino fundamental, mas também no Ensino Profissional, Educação de Jovens e Adultos, Ensino Médio (Formação de Professores) e Gestão (Administração, Supervisão e Orientação e Espaços Não formais de Ensino). Destaco aqui outra mudança significativa no que diz respeito à disciplina Informática na Educação, na qual atuo como docente online e que ora se constitui como meu objeto de estudo. A coordenação da disciplina, observando que as práticas dos docentes online ainda eram baseadas no modelo da educação a distância tradicional, e não numa prática de educação online segundo as suas orientações, optou por terminar com a tutoria presencial e apostar em um novo desenho didático. Neste contexto de mudanças e diversidades é que se encontram os dilemas que estruturam a pesquisa:
  • 6. Como se dará a transição do ensino da informática na educação online no contexto deste curso de pedagogia? • Que práticas pedagógicas poderão contribuir para o processo de produção de conhecimento com autoria? • Quais dispositivos de pesquisa, além dos já existentes no ambiente como fórum, poderão ser usados/criados para mediação de narrativas? • Como pensar novas práticas, especialmente na educação online, em um contexto em que persiste a unilateralidade, centrada no professor/tutor/coordenador? Agrupando fios: o processo de tecelagem coletiva O primeiro fórum de debates tinha como tema central a cibercultura e suas implicações na educação. O material disponibilizado é oriundo de um programa da TV Escola denominado Salto para o Futuro. Os fóruns foram divididos por programas cujos títulos são: Ead: antes e depois da cibercultura A docência online Currículo multirreferencial Outros olhares sobre cibercultura e educação Cibercultura: o que muda na educação - debate A discussão iniciada pela coordenação conta com a mediação de cinco tutores a distancia que, durante o processo, provocam os participantes a serem também mediadores/colaboradores desse processo de ensino-aprendizagem. Observou-se que, talvez por ser o primeiro fórum e, quem sabe, a primeira experiência nesse tipo de abordagem intencionalmente interativa, algumas postagens buscavam responder ao post inicial do coordenador. Com as mediações, as postagens com formato de questionário passam a dar lugar a textos dissertativos, construídos a partir do material didático e dos conceitos que emergiram nas falas.
  • 7. Entre os fios da trama. Nas entrelinhas das narrativas haviam duas preocupações recorrentes, uma vez que muitas apresentaram um caráter de denúncia em relação ao tema: como fazer uso dos potenciais da tecnologia na educação, destacando a internet, diante da baixa qualidade ou falta de recursos na escola? Como formar professores para que sejam docentes online, se esses se sentem excluídos digitais ou vivenciam realidades excludentes em seu trabalho como profissionais da educação? Uma análise das falas apontou para que os novos atos de currículo pudessem anunciar, não respostas para as questões, que em alguns casos demandam repensar, implantar ou criar políticas públicas, mas práticas autorais possíveis e com tecnologias de fácil acesso. Destaco aqui algumas narrativas de um dos sujeitos que durante toda a dinâmica dos fóruns da disciplina, enquanto todos apontavam para as maravilhas e potencialidades das tecnologias esse, sempre com letras em cores berrantes e de um tamanho superior ao que usamos para texto, descrevia sua preocupação com uma inclusão para além do digital, uma inclusão social: Minha pespectiva acerca das mudanças ocorridas em virtude da Cibercultura são relacionadas a forma como poderemos incluir todas as camadas da sociedade em tão pouco tempo, já que a velocidade com a qual ela tem avançado por meio dos mais diversos caminhos, e assim adentrado a todos os instantes em nossos lares e locais de trabalho, sem que ao menos tivessemos tempo de analisar suas consequências as nossas relações, não só as educacionais mas também as sociais e até mesmo as familiares, uma vez que "todos" podem comunicar-se, fato este que origina minha maior dúvida: Como poderemos incluir de forma linear a "todos" os componentes da sociedade independente de sua colocação na mesma? Acredito ser este o maior desafio para a democratização da Cibercultura e da utilização desta em todos os níveis escolares, sem que para isso tenhamos que excluir uma parcela da população que além de analfabetos digitais, são também analfabetos funcionais e por vezes analfabetos de "Pai e Mãe". Em nossos estudos deveriamos dar um enfoque preferêncial nesta condição de exclusão, visto que será de grande valia para o aprendizado dos componentes desta jornada, a obtenção de uma visão mais clareada
  • 8. e amplificada do quanto estas mudanças tem afetado e ainda podem afetar não só trazendo benefícios que nos são obvíos, mas também por proporcionarem aos menos favorecidos a total exclusão destes do "novo mundo" que já anuncia sua chegada. Sei que talvez tenha desvirtuado o enfoque principal deste texto, todavia faz-se necessário que estejamos dispostos a verificar todas as possibilidades para que com isso estejamos comprometidos com a expansão de uma educação com fins na formação de cidadãos críticos e autônomos, além de totalmente capazes de interagirem com seus pares em qualquer situação seja ela no campo fisico ou virtual. (Texto retirado de um fórum sobre a Cibercultura na Educação onde as letras, no original, estão em vermelho, fonte Arial 18, negrito e itálico) In(Conclusões) e desdobramentos. A partir dessas questões que emergiram da fala dos sujeitos praticantes (CERTEAU, 1994), novos atos de currículo (MACEDO, 2011) foram construídos, gerando, portanto, novos dispositivos na pesquisa-formação (SANTOS, 2011). Após uma discussão sobre inclusão digital, inclusão social e o papel da tecnologia, foi proposta a elaboração de um vídeo, cujo tema deveria ser escolhido a partir dos pontos discutidos. Uma webconferência (utilizando a interface web 2.0 do site livestream) foi transmitida, buscando provocar a autoria de vídeos criativos e com poucos recursos. Mesmo sabendo que a cibercultura é a cultura do digital potencializada pela internet, e hoje mais ainda com a cultura da mobilidade (LEMOS, 2009) trazida com os dispositivos móveis como celulares e smartphones, a questão da inclusão/exclusão digital faz com que a defesa das tecnologias de informação e comunicação (TIC) como potencializadoras da aprendizagem pareça só um discurso. Grande parte das narrativas apresentava questionamentos quanto a este ponto. No decorrer da pesquisa, foram propostas atividades que lançavam mão de recursos para além dos disponíveis no ambiente do CEDERJ, como o uso do Youtube e de um blog colaborativo. Contudo, uma atividade de transposição de práticas da cibercultura - gerada por um praticante fora do contexto do
  • 9. curso, mas a partir de um dos produtos gerados nas discussões -, demonstrou que, mesmo não estando conectados, mesmo não tendo acesso na escola ou em casa à internet e a outras tecnologias, vivemos uma inclusão espontânea (LEMOS, 2011). Logo, como oportunizar novas experiências de transposição que possam ser significativas no contexto acima descrito? Agora, na segunda etapa da pesquisa, a partir da repetição do desenho didático, pretendo investigar se a metodologia proposta como Educação Online efetivamente privilegia a colaboração e a autoria, apresentando-se como uma possível alternativa para futuras mudanças de paradigmas no que diz respeito ao ensino da informática na educação. Para tal, tomarei como norte as narrativas que emergiram, as avaliações dos praticantes e o mapeamento dos rastros desses sujeitos em outras redes. Referências ALVES, N. Decifrando o pergaminho - o cotidiano das escolas nas lógicas das redes cotidianas. In: Pesquisa no/do cotidiano das escolas - sobre redes de saberes. OLIVEIRA, I.B; ALVES, N (orgs). Rio de Janeiro: DP&A, 2001. BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Lei 9394/96. Disponível em <<http://portal.mec.gov.br/arquivos/pdf/ldb.pdf>>. Acesso em 28 ago. 2009. BRUNO, A.R. A mediação partilhada em redes sociais: (dês) territorialização de possibilidades para a discussão sobre o ser tutor e a tutoria em cursos online. In: Práticas Pedagógicas, Linguagem e Mídias: desafios à Pós-graduação em Educação em suas múltiplas dimensões / Helena Amaral da Fontoura e Marco Silva (orgs.). Rio de Janeiro: ANPEd Nacional, 2011. CERTEAU, M. A invenção do cotidiano – artes de fazer. 3.ed. Petrópolis/RJ: Vozes, 1994. LÉVY, P. Cibercultura. SP: Editora 34, 1999. MACEDO, R.S. Atos de currículo formação em ato? Para compreender, entender e problematizar currículo e formação. Ilhéus: Editus, 2011. OKADA, A.L.P, SANTOS, E, O. A imagem no currículo: da crítica à mídia de massa a mediações de autorias dialógicas na prática pedagógica. Revista
  • 10. da FAEEBA – Educação e Contemporaneidade, Salvador, v.12, n. 20, p.287- 97, jul/dez, 2003. SANTOS, E. O. Educação online: Cibercultura e Pesquisa Formação na prática docente. Tese de doutorado. FACED, UFBA, 2005. SANTOS, E. O.; SILVA, M. Desenho didático para educação on-line. Em Aberto, v. 79, p.105-20, 2009. SANTOS, E.O. A Cibercultura e a educação em tempos de mobilidade e redes sociais: conversando com os cotidianos. In: Práticas Pedagógicas, Linguagem e Mídias: desafios à Pós-graduação em Educação em suas múltiplas dimensões / Helena Amaral da Fontoura e Marco Silva (orgs.). Rio de Janeiro: ANPEd Nacional, 2011. SILVA, M. O professor online e a pedagogia da transmissão. Disponível em <http://www.saladeaulainterativa.pro.br/texto_0002.htm> Acesso em 01 set. 2010.