O documento discute a reciclagem no Brasil e no Rio de Janeiro, destacando que mais de 500 mil pessoas sobrevivem da catação no Brasil, que a coleta seletiva representa pouco do lixo total no Rio, e que o alto custo é um obstáculo à coleta seletiva.
3. são materiais que fazem parte da rotina das pessoas e
são úteis para as atividades mais básicas como
escrever ou beber um refrigerante. No entanto, o
consumo responsável e a correta destinação dos
resíduos sólidos ainda são assuntos pouco
conhecidos pelo cidadão brasileiro. Isso reflete
diretamente na baixa valorização do produto
reciclado e também do papel do catador. Mesmo
sem a devida conscientização do consumidor, ao
longo dos anos o mercado da Reciclagem tem
alcançado rápida expansão no país
4. Mais de 500 mil pessoas sobrevivem da catação e comercialização de resíduos
sólidos nas grandes cidades brasileiras, segundo estimativa do Movimento
Nacional de Catadores de Materiais Recicláveis (MNCR). Estes catadores não
recebem remuneração adequada, tem condições precárias de trabalho e muitos
deles ainda atuam nos lixões, submetendo-se a riscos à saúde e a todos os tipos
de exploração. Esta é uma situação injusta, uma vez que a atuação destes
trabalhadores representa um importante serviço público.
Para entendermos a complexidade deste sistema, é preciso conhecer a cadeia da
reciclagem. No Brasil esta cadeia tem uma estrutura rasa e piramidal. No topo da
pirâmide estão as indústrias de reciclagem. Abaixo delas, os intermediários que
articulam uma ampla rede de atravessadores. E na base da pirâmide estão os
catadores, atuando na maior parte das vezes por conta própria, sem
equipamentos e sem capacidade para gerar escala de produção. Quando estão
organizados em associações ou cooperativas, estes catadores buscam colocar-se
no nível médio da pirâmide. Porém, em geral também não dispõem de
instalações, equipamentos e instrumentos de trabalho adequados.
Uma alternativa para solucionar este problema estrutural está na conquista da
cadeia produtiva da reciclagem pelos catadores, ou seja, atuando não só na
catação da matéria-prima, mas também na separação, no beneficiamento e na
venda do produto final. Para isso, é necessário organizar e fortalecer os
catadores.
6. A cidade do Rio de Janeiro produz cerca de 264 mil
toneladas de lixo por mês (cerca de 8.800 toneladas
por dia), mas os materiais recicláveis, que vêm da
coleta seletiva, somam só 600 toneladas mensais, o
que não representa nem 1% do total.
A coleta seletiva representa muito pouco diante do
total de lixo recolhido no Rio mais importante é
que, dentro de quatro anos, vamos multiplicar por
cinco o que coletamos hoje. Os estudos já estão
sendo feitos. Será um alcance enorme porque o
projeto do BNDES inclui a construção de galpões de
reciclagem para os catadores.
7.
8. A prefeitura não possui nenhum galpão de reciclagem atualmente. A coleta seletiva ocorre em
42 bairros, onde caminhões passam nas datas previstas para recolher os produtos
separados pela população (vidro, papel, metal e plástico). O material então é levado para a
cooperativa mais próxima (são 1.740 cooperativas registradas), para a usina de
compostagem do Caju (130 cooperativados) ou para a estação de transferência com
catação em Irajá (40 cooperativados). Nestes locais, os resíduos passam por uma esteira e
retira-se os produtos que podem ser reciclados.
Alto custo é obstáculo
A principal dificuldade na coleta seletiva hoje, segundo o especialista, é o alto custo que
ela envolve, assim como a falta de consciência ambiental da população. Coletar uma
tonelada de material reciclável custa cerca de R$ 850, mas os catadores só conseguem
vender esta carga por cerca de R$ 150 a R$ 200.
Coleta seletiva é caríssima. Recolher uma tonelada desse material demanda tempo e custa
em média R$ 850, enquanto a coleta normal custa em torno de R$ 60. A ideia é
conscientizar a sociedade. O caminhão não pode ficar correndo atrás do reciclável. É o
reciclável que tem que correr atrás do caminhão.
O ideal da reciclagem seria que a Comlurb, representando o poder público, participasse do
processo somente como reguladora do sistema, sem executar. Mas, como o reciclável não
é empresarialmente atrativo por ter baixo valor de mercado, a companhia de limpeza
precisa continuar investindo, mesmo que seja o mínimo, para oferecer a atividade de
reciclagem aos catadores.
Milhares de cariocas dependem deste trabalho para sobreviver. Em muitos casos, a única
renda familiar vem do lixo.
9. Tratamento
- O tratamento do lixo não deve ser visto como algo obrigatório por parte
da Comlurb. O obrigatório é dar tratamento sanitário e ambientalmente
adequado. Fazemos isso através dos aterros, de acordo com a
recomendação de órgãos internacionais. Enquanto os aterros forem mais
baratos, não precisamos encarar uma outra solução. Só vamos tratar todo o
lixo quando encontrarmos uma forma que seja, no mínimo, competitiva
com o aterro sanitário. Isso ainda não existe na realidade do Rio de Janeiro.
O servidor reconhece, porém, que faltam campanhas de conscientização
por parte da Comlurb para que a população se sinta parte do processo de
limpeza urbana.
- É preciso mais habilidade de conquistar a sociedade e informar sobre o
trabalho que é realizado. A população joga lixo na rua, não sabe para onde
vai nem quanto custa. A Comlurb tem que investir mais nisso.