SlideShare une entreprise Scribd logo
1  sur  12
Números Complexos
Uma abordagem
histórica
Como surgiram os Números
Complexos?
Quando confrontadas com esta questão, a
maioria das pessoas responde que os números
complexos surgiram para resolver as equações de 2º
grau da forma x2 + a =0, a > 0. No entanto, esta
ideia está errada!
Apesar da abordagem aprofundada dos
números complexos ter sido feita a partir do séc.
XVIII, esse problema já tinha sido percebido por
outros matemáticos antes dessa época. No entanto,
dada à incompreensão e o desconhecimento destes
números, tais matemáticos abandonaram o seu
estudo.
Até onde se sabe, o primeiro matemático que
enfrentou um problema envolvendo números
complexos foi Héron de Alexandria (séc. I dC) no
livro Stereometrica. Este pretendia resolver
mas como não havia o domínio atual sobre estes
números, abandonou o seu cálculo.
Por volta do ano 275 dC, ao resolver um
problema, Diophanto (200-284 aprox.) deparou-se
com a equação
24x2 - 172x + 336 = 0
Como concluiu que não tinha soluções reais,
não viu necessidade de dar sentido à raiz .
167

(81 144) ( 63)
  
Na Índia, por volta do ano 850, Mahavira (800-
870 aprox.) escrevia: "(...) como na natureza das
coisas um negativo não é um quadrado, ele não tem,
portanto, raiz quadrada." Ou seja, negou à partida, a
existência de números negativos cuja raiz quadrada
devolve um outro número.
Bhaskara(1114-1185 aprox.), um dos indianos
que mais perto chegou das ideias da álgebra moderna
(conhecia a regra "menos por menos dá mais",
trabalhava com coeficientes negativos, etc.)
reconhecia que a equação x2 - 45x = 250 era
satisfeita por dois valores x = 5 e x = -5, mas dizia
que não considerava a segunda, pois as pessoas não
"apreciavam" raízes negativas.
Gerônimo Cardano (1501-1576) considerava que o
aparecimento de raízes quadradas de números negativos na
resolução de um problema indicava que o mesmo não tinha
solução.
No entanto, foi Cardano que, em 1545, mencionou pela
primeira vez os números complexos. Na sua obra Ars Magna de
Cardano, falava do seguinte problema: "Determinar dois números
cuja soma seja 10 e o produto seja 40". Para tal, considerou as
expressões
Cardano ficou por aqui, não dando significado a estas
expressões, pondo de lado a "tortura mental" envolvida, mas,
teve o mérito de ter sido o primeiro a considerá-las, até porque
neste tempo os números negativos eram evitados.
5 + 15 e 5 15
 
A partir disto é possível derrubar a ideia
errada de que os números complexos surgiram com
as equações do segundo grau. Os números
complexos apareceram sim, a partir das equações
de terceiro grau.
Mas, foram preciso cerca de 25 anos para este
tema ser de novo considerado, por Raffaelle
Bombelli (1526-1572) numa obra de nome Algebra.
Ao resolver a equação x3 = 15x + 4, Bombelli
utilizou a "fórmula de Cardano" obtendo a seguinte
solução (em notação moderna):
Ele achou estranho este resultado porque
conhecia todas as raízes da equação, entre as
quais x = 4. Teve então a estranha ideia de
procurar a e b positivos tais que:
Com alguma manipulação algébrica, usando
as mesmas regras que usava para os números
reais, mais a propriedade , chegou ao
resultado a = 2 e b = 1, donde sai x = 4.
3 3
(2 121) (2 121)
x      
3
3
a+b 1= (2 121)
a-b 1= (2 121)
  
  
2
( 1) 1
  
O próprio Bombelli não estava bem seguro do
que havia criado. Para os demais matemáticos da
época, os números complexos eram vistos com
suspeita e quanto muito tolerados, na falta de
melhor coisa.
É de referir que alguns matemáticos da época
procuraram maneiras de evitar o uso de tais
números. Entre eles, Cardano foi o que mais tentou
evitar as "torturas mentais" envolvidas no uso de
raízes quadradas de negativos. No seu livro De
Regula Aliza, de 1570, procurou artifícios que
contornassem o uso de tais raízes na resolução de
equações de 3º grau obtendo, somente, resultados
vagos.
Raffaelle Bombelli apresentou na sua
obra Algebra as leis algébricas que regiam os
cálculos entre números da forma .
Em particular, mostrou que as 4 operações
aritméticas sobre números complexos produzem
números desta forma. Ou seja, o conjunto dos
complexos é fechado para estas operações.
a+b 1

Em 1629, Albert Girard (1595-1632) utiliza,
efetivamente, o símbolo quando enuncia as relações entre
raízes e coeficientes de uma equação.
Um grande passo no estudo dos números complexos foi
a sua representação visual. Em 1797, o dinamarquês Caspar
Wessel (1745-1818) representou, pela primeira vez,
geometricamente os números complexos, estabelecendo uma
correspondência bijectiva entre estes e os pontos do
plano. Este trabalho foi levado ao esquecimento, talvez por ter
sido publicado em dinamarquês e só por volta de 1806, quando
publicado em francês por Jean Argand (1768-1822) ganhou o
devido respeito. Por este motivo, esta representação ficou,
indevidamente, ligada ao nome de Argand.
1

O símbolo i, para a representação de , foi
criado por Leonard Euler mas, só após o seu uso
por Gauss (1777-1855), em 1801, é que foi
aceito. A expressão número complexo foi
introduzida em 1832, por Gauss.
É possível dizer que, apesar da sua história
ser recente, os números complexos envolveram o
trabalho de vários matemáticos, continuando,
ainda hoje, com muitas questões em aberto.
1

Referência:
http://www.educ.fc.ul.pt/docentes/opombo/
seminario/euler/complexoshistoria.htm
Daiana A. de Siqueira Canello.

Contenu connexe

Tendances

VIÈTE E AS LETRAS NA MATEMÁTICA
VIÈTE E AS LETRAS NA MATEMÁTICAVIÈTE E AS LETRAS NA MATEMÁTICA
VIÈTE E AS LETRAS NA MATEMÁTICAalunosderoberto
 
Bhaskara
BhaskaraBhaskara
Bhaskaraedmildo
 
Interpretação geométrica de sistemas lineares 2x2 , 3x3 e não lineares
Interpretação geométrica de sistemas lineares 2x2 , 3x3 e não linearesInterpretação geométrica de sistemas lineares 2x2 , 3x3 e não lineares
Interpretação geométrica de sistemas lineares 2x2 , 3x3 e não linearesLuana D'Avila
 
Historia de del ferro tartaglia e cardano
Historia de del ferro  tartaglia e cardanoHistoria de del ferro  tartaglia e cardano
Historia de del ferro tartaglia e cardanoMário César Cunha
 
Leonhard Euler - Hugo e João
Leonhard Euler - Hugo e JoãoLeonhard Euler - Hugo e João
Leonhard Euler - Hugo e JoãoAlberto Casaca
 

Tendances (7)

FrançOis VièTe
FrançOis VièTeFrançOis VièTe
FrançOis VièTe
 
VIÈTE E AS LETRAS NA MATEMÁTICA
VIÈTE E AS LETRAS NA MATEMÁTICAVIÈTE E AS LETRAS NA MATEMÁTICA
VIÈTE E AS LETRAS NA MATEMÁTICA
 
Bhaskara
BhaskaraBhaskara
Bhaskara
 
Matemática discreta cap. 1
Matemática discreta   cap. 1Matemática discreta   cap. 1
Matemática discreta cap. 1
 
Interpretação geométrica de sistemas lineares 2x2 , 3x3 e não lineares
Interpretação geométrica de sistemas lineares 2x2 , 3x3 e não linearesInterpretação geométrica de sistemas lineares 2x2 , 3x3 e não lineares
Interpretação geométrica de sistemas lineares 2x2 , 3x3 e não lineares
 
Historia de del ferro tartaglia e cardano
Historia de del ferro  tartaglia e cardanoHistoria de del ferro  tartaglia e cardano
Historia de del ferro tartaglia e cardano
 
Leonhard Euler - Hugo e João
Leonhard Euler - Hugo e JoãoLeonhard Euler - Hugo e João
Leonhard Euler - Hugo e João
 

Similaire à História dos Números Complexos: De Héron a Gauss

Linha do Tempo Matemática
Linha do Tempo MatemáticaLinha do Tempo Matemática
Linha do Tempo MatemáticaPatricia
 
Equações Algébricas - Grupo Leibniz
Equações Algébricas - Grupo LeibnizEquações Algébricas - Grupo Leibniz
Equações Algébricas - Grupo LeibnizAndréa Thees
 
Números inteiros ou quebrados, quebrados ou inteiros.
Números inteiros ou  quebrados, quebrados ou inteiros.Números inteiros ou  quebrados, quebrados ou inteiros.
Números inteiros ou quebrados, quebrados ou inteiros.Luciano Araujo
 
Equações do 1º grau I.ppt
Equações do 1º grau I.pptEquações do 1º grau I.ppt
Equações do 1º grau I.pptricardoluiz71
 
Equações do 1º grau I.ppt - equação do 1º grau é uma equação que possui incó...
Equações do 1º grau I.ppt -  equação do 1º grau é uma equação que possui incó...Equações do 1º grau I.ppt -  equação do 1º grau é uma equação que possui incó...
Equações do 1º grau I.ppt - equação do 1º grau é uma equação que possui incó...RobsonNascimento678331
 
equações de 1º grau - Camila
equações de 1º grau - Camilaequações de 1º grau - Camila
equações de 1º grau - Camilamilla028
 
A Matemática na Índia antiga, na China, nas Amaricas e na África.pdf
A Matemática na Índia antiga, na China, nas Amaricas e na África.pdfA Matemática na Índia antiga, na China, nas Amaricas e na África.pdf
A Matemática na Índia antiga, na China, nas Amaricas e na África.pdfJssicaGoulart17
 
equação do terceiro grau
equação do terceiro grauequação do terceiro grau
equação do terceiro grauRenan Metzker
 
equação de terceiro grau
equação de terceiro grauequação de terceiro grau
equação de terceiro grauRenan Metzker
 
Raciocínio algébrico2mat3 b
Raciocínio algébrico2mat3 bRaciocínio algébrico2mat3 b
Raciocínio algébrico2mat3 bLeny Pardim
 
Problemas em aberto da matemática
Problemas em aberto da matemáticaProblemas em aberto da matemática
Problemas em aberto da matemáticaXequeMateShannon
 
Conjunto dos números complexos
Conjunto dos números complexosConjunto dos números complexos
Conjunto dos números complexosrosania39
 

Similaire à História dos Números Complexos: De Héron a Gauss (20)

Linha do Tempo Matemática
Linha do Tempo MatemáticaLinha do Tempo Matemática
Linha do Tempo Matemática
 
História dos números complexos
História dos números complexosHistória dos números complexos
História dos números complexos
 
Ótimo ppt equaç 1º grau.ppt
Ótimo ppt equaç 1º grau.pptÓtimo ppt equaç 1º grau.ppt
Ótimo ppt equaç 1º grau.ppt
 
Equações Algébricas - Grupo Leibniz
Equações Algébricas - Grupo LeibnizEquações Algébricas - Grupo Leibniz
Equações Algébricas - Grupo Leibniz
 
Números inteiros ou quebrados, quebrados ou inteiros.
Números inteiros ou  quebrados, quebrados ou inteiros.Números inteiros ou  quebrados, quebrados ou inteiros.
Números inteiros ou quebrados, quebrados ou inteiros.
 
Revisão Equações do 2º grau
Revisão  Equações do 2º grauRevisão  Equações do 2º grau
Revisão Equações do 2º grau
 
Equações do 1º grau I.ppt
Equações do 1º grau I.pptEquações do 1º grau I.ppt
Equações do 1º grau I.ppt
 
Equações do 1º grau I.ppt - equação do 1º grau é uma equação que possui incó...
Equações do 1º grau I.ppt -  equação do 1º grau é uma equação que possui incó...Equações do 1º grau I.ppt -  equação do 1º grau é uma equação que possui incó...
Equações do 1º grau I.ppt - equação do 1º grau é uma equação que possui incó...
 
equações de 1º grau - Camila
equações de 1º grau - Camilaequações de 1º grau - Camila
equações de 1º grau - Camila
 
HM_Parte2.pdf
HM_Parte2.pdfHM_Parte2.pdf
HM_Parte2.pdf
 
A Matemática na Índia antiga, na China, nas Amaricas e na África.pdf
A Matemática na Índia antiga, na China, nas Amaricas e na África.pdfA Matemática na Índia antiga, na China, nas Amaricas e na África.pdf
A Matemática na Índia antiga, na China, nas Amaricas e na África.pdf
 
equação do terceiro grau
equação do terceiro grauequação do terceiro grau
equação do terceiro grau
 
Funções polinomiais
Funções polinomiais Funções polinomiais
Funções polinomiais
 
Georg
GeorgGeorg
Georg
 
Aspectos históricos da analise combinatória
Aspectos históricos da analise combinatóriaAspectos históricos da analise combinatória
Aspectos históricos da analise combinatória
 
Hist da algebra
Hist da algebraHist da algebra
Hist da algebra
 
equação de terceiro grau
equação de terceiro grauequação de terceiro grau
equação de terceiro grau
 
Raciocínio algébrico2mat3 b
Raciocínio algébrico2mat3 bRaciocínio algébrico2mat3 b
Raciocínio algébrico2mat3 b
 
Problemas em aberto da matemática
Problemas em aberto da matemáticaProblemas em aberto da matemática
Problemas em aberto da matemática
 
Conjunto dos números complexos
Conjunto dos números complexosConjunto dos números complexos
Conjunto dos números complexos
 

Dernier

Currículo - Ícaro Kleisson - Tutor acadêmico.pdf
Currículo - Ícaro Kleisson - Tutor acadêmico.pdfCurrículo - Ícaro Kleisson - Tutor acadêmico.pdf
Currículo - Ícaro Kleisson - Tutor acadêmico.pdfTutor de matemática Ícaro
 
INTERVENÇÃO PARÁ - Formação de Professor
INTERVENÇÃO PARÁ - Formação de ProfessorINTERVENÇÃO PARÁ - Formação de Professor
INTERVENÇÃO PARÁ - Formação de ProfessorEdvanirCosta
 
Recomposiçao em matematica 1 ano 2024 - ESTUDANTE 1ª série.pdf
Recomposiçao em matematica 1 ano 2024 - ESTUDANTE 1ª série.pdfRecomposiçao em matematica 1 ano 2024 - ESTUDANTE 1ª série.pdf
Recomposiçao em matematica 1 ano 2024 - ESTUDANTE 1ª série.pdfFrancisco Márcio Bezerra Oliveira
 
"É melhor praticar para a nota" - Como avaliar comportamentos em contextos de...
"É melhor praticar para a nota" - Como avaliar comportamentos em contextos de..."É melhor praticar para a nota" - Como avaliar comportamentos em contextos de...
"É melhor praticar para a nota" - Como avaliar comportamentos em contextos de...Rosalina Simão Nunes
 
2° ANO - ENSINO FUNDAMENTAL ENSINO RELIGIOSO
2° ANO - ENSINO FUNDAMENTAL ENSINO RELIGIOSO2° ANO - ENSINO FUNDAMENTAL ENSINO RELIGIOSO
2° ANO - ENSINO FUNDAMENTAL ENSINO RELIGIOSOLeloIurk1
 
Considere a seguinte situação fictícia: Durante uma reunião de equipe em uma...
Considere a seguinte situação fictícia:  Durante uma reunião de equipe em uma...Considere a seguinte situação fictícia:  Durante uma reunião de equipe em uma...
Considere a seguinte situação fictícia: Durante uma reunião de equipe em uma...azulassessoria9
 
ATIVIDADE - CHARGE.pptxDFGHJKLÇ~ÇLJHUFTDRSEDFGJHKLÇ
ATIVIDADE - CHARGE.pptxDFGHJKLÇ~ÇLJHUFTDRSEDFGJHKLÇATIVIDADE - CHARGE.pptxDFGHJKLÇ~ÇLJHUFTDRSEDFGJHKLÇ
ATIVIDADE - CHARGE.pptxDFGHJKLÇ~ÇLJHUFTDRSEDFGJHKLÇJaineCarolaineLima
 
matematica aula didatica prática e tecni
matematica aula didatica prática e tecnimatematica aula didatica prática e tecni
matematica aula didatica prática e tecniCleidianeCarvalhoPer
 
PROJETO DE EXTENSÃO I - Radiologia Tecnologia
PROJETO DE EXTENSÃO I - Radiologia TecnologiaPROJETO DE EXTENSÃO I - Radiologia Tecnologia
PROJETO DE EXTENSÃO I - Radiologia TecnologiaHELENO FAVACHO
 
Bloco de português com artigo de opinião 8º A, B 3.docx
Bloco de português com artigo de opinião 8º A, B 3.docxBloco de português com artigo de opinião 8º A, B 3.docx
Bloco de português com artigo de opinião 8º A, B 3.docxkellyneamaral
 
421243121-Apostila-Ensino-Religioso-Do-1-ao-5-ano.pdf
421243121-Apostila-Ensino-Religioso-Do-1-ao-5-ano.pdf421243121-Apostila-Ensino-Religioso-Do-1-ao-5-ano.pdf
421243121-Apostila-Ensino-Religioso-Do-1-ao-5-ano.pdfLeloIurk1
 
Apresentação ISBET Jovem Aprendiz e Estágio 2023.pdf
Apresentação ISBET Jovem Aprendiz e Estágio 2023.pdfApresentação ISBET Jovem Aprendiz e Estágio 2023.pdf
Apresentação ISBET Jovem Aprendiz e Estágio 2023.pdfcomercial400681
 
A QUATRO MÃOS - MARILDA CASTANHA . pdf
A QUATRO MÃOS  -  MARILDA CASTANHA . pdfA QUATRO MÃOS  -  MARILDA CASTANHA . pdf
A QUATRO MÃOS - MARILDA CASTANHA . pdfAna Lemos
 
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...azulassessoria9
 
Discurso Direto, Indireto e Indireto Livre.pptx
Discurso Direto, Indireto e Indireto Livre.pptxDiscurso Direto, Indireto e Indireto Livre.pptx
Discurso Direto, Indireto e Indireto Livre.pptxferreirapriscilla84
 
planejamento_estrategico_-_gestao_2021-2024_16015654.pdf
planejamento_estrategico_-_gestao_2021-2024_16015654.pdfplanejamento_estrategico_-_gestao_2021-2024_16015654.pdf
planejamento_estrategico_-_gestao_2021-2024_16015654.pdfmaurocesarpaesalmeid
 
Rota das Ribeiras Camp, Projeto Nós Propomos!
Rota das Ribeiras Camp, Projeto Nós Propomos!Rota das Ribeiras Camp, Projeto Nós Propomos!
Rota das Ribeiras Camp, Projeto Nós Propomos!Ilda Bicacro
 
PROJETO DE EXTENSÃO I - TERAPIAS INTEGRATIVAS E COMPLEMENTARES.pdf
PROJETO DE EXTENSÃO I - TERAPIAS INTEGRATIVAS E COMPLEMENTARES.pdfPROJETO DE EXTENSÃO I - TERAPIAS INTEGRATIVAS E COMPLEMENTARES.pdf
PROJETO DE EXTENSÃO I - TERAPIAS INTEGRATIVAS E COMPLEMENTARES.pdfHELENO FAVACHO
 
About Vila Galé- Cadeia Empresarial de Hotéis
About Vila Galé- Cadeia Empresarial de HotéisAbout Vila Galé- Cadeia Empresarial de Hotéis
About Vila Galé- Cadeia Empresarial de Hotéisines09cachapa
 

Dernier (20)

Currículo - Ícaro Kleisson - Tutor acadêmico.pdf
Currículo - Ícaro Kleisson - Tutor acadêmico.pdfCurrículo - Ícaro Kleisson - Tutor acadêmico.pdf
Currículo - Ícaro Kleisson - Tutor acadêmico.pdf
 
INTERVENÇÃO PARÁ - Formação de Professor
INTERVENÇÃO PARÁ - Formação de ProfessorINTERVENÇÃO PARÁ - Formação de Professor
INTERVENÇÃO PARÁ - Formação de Professor
 
Recomposiçao em matematica 1 ano 2024 - ESTUDANTE 1ª série.pdf
Recomposiçao em matematica 1 ano 2024 - ESTUDANTE 1ª série.pdfRecomposiçao em matematica 1 ano 2024 - ESTUDANTE 1ª série.pdf
Recomposiçao em matematica 1 ano 2024 - ESTUDANTE 1ª série.pdf
 
"É melhor praticar para a nota" - Como avaliar comportamentos em contextos de...
"É melhor praticar para a nota" - Como avaliar comportamentos em contextos de..."É melhor praticar para a nota" - Como avaliar comportamentos em contextos de...
"É melhor praticar para a nota" - Como avaliar comportamentos em contextos de...
 
2° ANO - ENSINO FUNDAMENTAL ENSINO RELIGIOSO
2° ANO - ENSINO FUNDAMENTAL ENSINO RELIGIOSO2° ANO - ENSINO FUNDAMENTAL ENSINO RELIGIOSO
2° ANO - ENSINO FUNDAMENTAL ENSINO RELIGIOSO
 
Considere a seguinte situação fictícia: Durante uma reunião de equipe em uma...
Considere a seguinte situação fictícia:  Durante uma reunião de equipe em uma...Considere a seguinte situação fictícia:  Durante uma reunião de equipe em uma...
Considere a seguinte situação fictícia: Durante uma reunião de equipe em uma...
 
ATIVIDADE - CHARGE.pptxDFGHJKLÇ~ÇLJHUFTDRSEDFGJHKLÇ
ATIVIDADE - CHARGE.pptxDFGHJKLÇ~ÇLJHUFTDRSEDFGJHKLÇATIVIDADE - CHARGE.pptxDFGHJKLÇ~ÇLJHUFTDRSEDFGJHKLÇ
ATIVIDADE - CHARGE.pptxDFGHJKLÇ~ÇLJHUFTDRSEDFGJHKLÇ
 
matematica aula didatica prática e tecni
matematica aula didatica prática e tecnimatematica aula didatica prática e tecni
matematica aula didatica prática e tecni
 
PROJETO DE EXTENSÃO I - Radiologia Tecnologia
PROJETO DE EXTENSÃO I - Radiologia TecnologiaPROJETO DE EXTENSÃO I - Radiologia Tecnologia
PROJETO DE EXTENSÃO I - Radiologia Tecnologia
 
Bloco de português com artigo de opinião 8º A, B 3.docx
Bloco de português com artigo de opinião 8º A, B 3.docxBloco de português com artigo de opinião 8º A, B 3.docx
Bloco de português com artigo de opinião 8º A, B 3.docx
 
421243121-Apostila-Ensino-Religioso-Do-1-ao-5-ano.pdf
421243121-Apostila-Ensino-Religioso-Do-1-ao-5-ano.pdf421243121-Apostila-Ensino-Religioso-Do-1-ao-5-ano.pdf
421243121-Apostila-Ensino-Religioso-Do-1-ao-5-ano.pdf
 
Aula sobre o Imperialismo Europeu no século XIX
Aula sobre o Imperialismo Europeu no século XIXAula sobre o Imperialismo Europeu no século XIX
Aula sobre o Imperialismo Europeu no século XIX
 
Apresentação ISBET Jovem Aprendiz e Estágio 2023.pdf
Apresentação ISBET Jovem Aprendiz e Estágio 2023.pdfApresentação ISBET Jovem Aprendiz e Estágio 2023.pdf
Apresentação ISBET Jovem Aprendiz e Estágio 2023.pdf
 
A QUATRO MÃOS - MARILDA CASTANHA . pdf
A QUATRO MÃOS  -  MARILDA CASTANHA . pdfA QUATRO MÃOS  -  MARILDA CASTANHA . pdf
A QUATRO MÃOS - MARILDA CASTANHA . pdf
 
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...
 
Discurso Direto, Indireto e Indireto Livre.pptx
Discurso Direto, Indireto e Indireto Livre.pptxDiscurso Direto, Indireto e Indireto Livre.pptx
Discurso Direto, Indireto e Indireto Livre.pptx
 
planejamento_estrategico_-_gestao_2021-2024_16015654.pdf
planejamento_estrategico_-_gestao_2021-2024_16015654.pdfplanejamento_estrategico_-_gestao_2021-2024_16015654.pdf
planejamento_estrategico_-_gestao_2021-2024_16015654.pdf
 
Rota das Ribeiras Camp, Projeto Nós Propomos!
Rota das Ribeiras Camp, Projeto Nós Propomos!Rota das Ribeiras Camp, Projeto Nós Propomos!
Rota das Ribeiras Camp, Projeto Nós Propomos!
 
PROJETO DE EXTENSÃO I - TERAPIAS INTEGRATIVAS E COMPLEMENTARES.pdf
PROJETO DE EXTENSÃO I - TERAPIAS INTEGRATIVAS E COMPLEMENTARES.pdfPROJETO DE EXTENSÃO I - TERAPIAS INTEGRATIVAS E COMPLEMENTARES.pdf
PROJETO DE EXTENSÃO I - TERAPIAS INTEGRATIVAS E COMPLEMENTARES.pdf
 
About Vila Galé- Cadeia Empresarial de Hotéis
About Vila Galé- Cadeia Empresarial de HotéisAbout Vila Galé- Cadeia Empresarial de Hotéis
About Vila Galé- Cadeia Empresarial de Hotéis
 

História dos Números Complexos: De Héron a Gauss

  • 2. Como surgiram os Números Complexos? Quando confrontadas com esta questão, a maioria das pessoas responde que os números complexos surgiram para resolver as equações de 2º grau da forma x2 + a =0, a > 0. No entanto, esta ideia está errada! Apesar da abordagem aprofundada dos números complexos ter sido feita a partir do séc. XVIII, esse problema já tinha sido percebido por outros matemáticos antes dessa época. No entanto, dada à incompreensão e o desconhecimento destes números, tais matemáticos abandonaram o seu estudo.
  • 3. Até onde se sabe, o primeiro matemático que enfrentou um problema envolvendo números complexos foi Héron de Alexandria (séc. I dC) no livro Stereometrica. Este pretendia resolver mas como não havia o domínio atual sobre estes números, abandonou o seu cálculo. Por volta do ano 275 dC, ao resolver um problema, Diophanto (200-284 aprox.) deparou-se com a equação 24x2 - 172x + 336 = 0 Como concluiu que não tinha soluções reais, não viu necessidade de dar sentido à raiz . 167  (81 144) ( 63)   
  • 4. Na Índia, por volta do ano 850, Mahavira (800- 870 aprox.) escrevia: "(...) como na natureza das coisas um negativo não é um quadrado, ele não tem, portanto, raiz quadrada." Ou seja, negou à partida, a existência de números negativos cuja raiz quadrada devolve um outro número. Bhaskara(1114-1185 aprox.), um dos indianos que mais perto chegou das ideias da álgebra moderna (conhecia a regra "menos por menos dá mais", trabalhava com coeficientes negativos, etc.) reconhecia que a equação x2 - 45x = 250 era satisfeita por dois valores x = 5 e x = -5, mas dizia que não considerava a segunda, pois as pessoas não "apreciavam" raízes negativas.
  • 5. Gerônimo Cardano (1501-1576) considerava que o aparecimento de raízes quadradas de números negativos na resolução de um problema indicava que o mesmo não tinha solução. No entanto, foi Cardano que, em 1545, mencionou pela primeira vez os números complexos. Na sua obra Ars Magna de Cardano, falava do seguinte problema: "Determinar dois números cuja soma seja 10 e o produto seja 40". Para tal, considerou as expressões Cardano ficou por aqui, não dando significado a estas expressões, pondo de lado a "tortura mental" envolvida, mas, teve o mérito de ter sido o primeiro a considerá-las, até porque neste tempo os números negativos eram evitados. 5 + 15 e 5 15  
  • 6. A partir disto é possível derrubar a ideia errada de que os números complexos surgiram com as equações do segundo grau. Os números complexos apareceram sim, a partir das equações de terceiro grau. Mas, foram preciso cerca de 25 anos para este tema ser de novo considerado, por Raffaelle Bombelli (1526-1572) numa obra de nome Algebra.
  • 7. Ao resolver a equação x3 = 15x + 4, Bombelli utilizou a "fórmula de Cardano" obtendo a seguinte solução (em notação moderna): Ele achou estranho este resultado porque conhecia todas as raízes da equação, entre as quais x = 4. Teve então a estranha ideia de procurar a e b positivos tais que: Com alguma manipulação algébrica, usando as mesmas regras que usava para os números reais, mais a propriedade , chegou ao resultado a = 2 e b = 1, donde sai x = 4. 3 3 (2 121) (2 121) x       3 3 a+b 1= (2 121) a-b 1= (2 121)       2 ( 1) 1   
  • 8. O próprio Bombelli não estava bem seguro do que havia criado. Para os demais matemáticos da época, os números complexos eram vistos com suspeita e quanto muito tolerados, na falta de melhor coisa. É de referir que alguns matemáticos da época procuraram maneiras de evitar o uso de tais números. Entre eles, Cardano foi o que mais tentou evitar as "torturas mentais" envolvidas no uso de raízes quadradas de negativos. No seu livro De Regula Aliza, de 1570, procurou artifícios que contornassem o uso de tais raízes na resolução de equações de 3º grau obtendo, somente, resultados vagos.
  • 9. Raffaelle Bombelli apresentou na sua obra Algebra as leis algébricas que regiam os cálculos entre números da forma . Em particular, mostrou que as 4 operações aritméticas sobre números complexos produzem números desta forma. Ou seja, o conjunto dos complexos é fechado para estas operações. a+b 1 
  • 10. Em 1629, Albert Girard (1595-1632) utiliza, efetivamente, o símbolo quando enuncia as relações entre raízes e coeficientes de uma equação. Um grande passo no estudo dos números complexos foi a sua representação visual. Em 1797, o dinamarquês Caspar Wessel (1745-1818) representou, pela primeira vez, geometricamente os números complexos, estabelecendo uma correspondência bijectiva entre estes e os pontos do plano. Este trabalho foi levado ao esquecimento, talvez por ter sido publicado em dinamarquês e só por volta de 1806, quando publicado em francês por Jean Argand (1768-1822) ganhou o devido respeito. Por este motivo, esta representação ficou, indevidamente, ligada ao nome de Argand. 1 
  • 11. O símbolo i, para a representação de , foi criado por Leonard Euler mas, só após o seu uso por Gauss (1777-1855), em 1801, é que foi aceito. A expressão número complexo foi introduzida em 1832, por Gauss. É possível dizer que, apesar da sua história ser recente, os números complexos envolveram o trabalho de vários matemáticos, continuando, ainda hoje, com muitas questões em aberto. 1 