2. “Vestidos de farrapos, sujos, semiesfomeados, agressivos, soltando
palavrões e fumando pontas de
cigarro, eram, em verdade, os donos
da cidade, os que conheciam
totalmente, os que totalmente a
amavam, os seus poetas.”
4. O romance está inserido na segunda
geração do Modernismo brasileiro
ROMANCES REGIONALISTAS DE CUNHO SOCIAL
5. Estrutura narrativa que
busca a verossimilhança
A temática das crianças que vivem nas ruas
continua bastante atual. Para escrever Capitães
da Areia, Jorge Amado foi dormir no trapiche
com os meninos. Isso ajuda a explicar a riqueza
de detalhes, o olhar de dentro e a empatia que
estão presentes na história.
Zélia Gattai Amado
6. 1. Prólogo – “Cartas à Redação”:
• reportagem publicada no Jornal da Tarde
tratando do assalto das crianças à casa de um
rico comerciante, num dos bairros mais
aristocráticos da capital;
• carta do secretário do chefe de polícia ao
mesmo jornal, atribuindo a responsabilidade
de coibir os furtos das crianças ao juiz de
menores;
7. • carta do juiz de menores defendendo-se da
acusação de negligência;
• carta da mãe de uma das crianças falando das
condições miseráveis do reformatório;
• carta do padre José Pedro referendando as
acusações da mãe feitas ao reformatório;
• carta do diretor do reformatório defendendose das acusações da mãe e do padre;
• reportagem elogiosa do mesmo jornal ao
reformatório.
8. 2. Capítulos divididos em partes.
1.ª parte – “Sob a lua, num velho
trapiche abandonado”,
• biografia das principais
personagens.
9. 2.ª parte – “Noite da grande paz, da
grande paz dos teus olhos”,
• descoberta do amor por parte de
Pedro Bala.
10. 3.ª parte – “Canção da Bahia, canção
da liberdade”,
• mostra o destino das personagens.
15. ESTILISTICAMENTE o romance
trabalha com uma linguagem que varia
da visão lírica à naturalista.
Trabalha com o popular, o regional e
não dispensa o vocabulário chulo.
16. “ As luzes se acenderam e ela achou a princípio
muito bonito. Mas logo depois sentiu que a cidade
era sua inimiga, que apenas queimara os seus pés
e a cansara. Aquelas casas bonitas não a
quiseram.”
17. Jorge Amado emprega sem
cerimônia termos chulos,
frequentemente extirpados da
língua oficial ou ocultados por
meio da linguagem eufemística:
18. “ Boa-Vida ficou
espiando os
peitos da negra,
enquanto
descascava uma
laranja que
apanhara no
tabuleiro.
- Tu ainda tem uma
peitama bem boa,
hein, tia? “
19. Outro recurso de que se serve Jorge
Amado para conseguir um efeito
natural, espontâneo, é a repetição de
uma palavra ou expressão, ao longo de
um parágrafo, que acaba por ter um
surpreendente efeito plástico, musical:
20. “A revolução chama Pedro Bala como
Deus chamava Pirulito nas noites do
trapiche. É uma voz poderosa dentro
dele, poderosa como a voz do mar,
como a voz do vento, tão poderosa
como uma voz sem comparação. Como
a voz de um negro que canta num
saveiro o samba que Boa-Vida fez:
Companheiros, chegou a hora...”
21. TEMATICAMENTE
o romance trabalha:
O coletivo: vida das crianças de rua e
daqueles que se envolvem ou são
vítimas delas.
O individual: drama existencial de cada
personagem.
22. O coletivo: vida das crianças de rua
Há algo em
comum na
história de vida
das crianças
que a todo
momento é
reforçado pelo
narrador
Crianças como vítimas
ESPAÇO COMO FATOR
DETERMINANTE
Responsabilidade da classe
dominante: os ricos
23. O coletivo: vida das crianças de rua
ESPAÇO COMO FATOR
DETERMINANTE
“Era rosto de criminoso nato”
(p.255)
24. O coletivo: vida das crianças de rua
CRIANÇAS
COMO
VÍTIMAS
Atrocidades
Roubos
Estupros
Crueldades
Pederastia
Malandragem
25. O coletivo: vida das crianças de rua
• Episódio do carrossel
CRIANÇAS • Dora e os capitães da Areia
COMO
VÍTIMAS
• Código de Ética do grupo
(Lealdade de Pedro Bala
e do Sem Pernas)
26.
27. O coletivo: vida das crianças de rua
A polícia
O reformatório
O povo
Querido de Deus (o capoeirista)
• Dona Aninha (mãe de santo)
• João de Adão (estivador – militante)
•
RESPONSABILIDADE
(ideologia)
A Igreja
A elite
• Pe. José Pedro
• Clero superior
• Beatas
28. Pedro Bala no reformatório
“Gostaria era de beber água. Será que Dora
também tem sede a estas horas? Deve estar
também numa cafua, Pedro Bala imagina o
orfanato igualzinho ao reformatório. A sede é pior
que uma cobra cascavel. Faz mais medo que a
bexiga. Porque vai apertando a garganta de um,
vai fazendo os pensamentos confusos. Um pouco
de água. Um pouco de luz também. Porque se
houver um pouco de luz, talvez ele veja o rosto de
Dora risonho. Assim na escuridão ele vê cheio de
sofrimento, cheio de dor. Uma raiva surda,
impotente, cresce dentro dele. Levanta-se um
pouco, a cabeça encosta nos degraus da escada,
que lhe serve de teto. Esmurra a porta da cafua.
Ma parece que lá fora não tem ninguém que o
ouça. Vê a cara malvada do diretor. Enterrará seu
punhal até o mais fundo do coração do diretor.”
29. O individual: drama existencial de
cada personagem
Gato
CAFETÃO
JOGADOR DE CARTAS
Boa- Vida
MODAS DE VIOLA
VIDA MANSA
MALANDRAGEM
João Grande - BONDADE
30. O individual: drama existencial de
cada personagem
Crueldade
Volta-Seca
Heroísmo – idealização
de Lampião
Vida no cangaço –
insensibilidade no
julgamento
31.
32. O individual: drama existencial de
cada personagem
Professor
Letrado/ Inteligente na
elaboração dos planos
Cultiva o heroísmo
e a imaginação dos
meninos
Retrata o cotidiano pela
pintura/desenho
33. O individual: drama existencial de
cada personagem
O chamado religioso
Pirulito
A vida de “pecado”
O furto da imagem do menino
Jesus
34.
35. O individual: drama existencial de
cada personagem
Defeito físico
Sem-Pernas
Episódio com a polícia
Substituição do filho
(Augusto) de D.Estela
“Como um trapezista de
circo”
36.
37. O individual: drama existencial de
cada personagem
Humildade/ pouca inteligência
Pe. José Pedro
Desobediência dos superiores:
• Relacionamento com os capitães
• Episódio do Alastrim
Desejo de obter uma paróquia
38. O individual: drama existencial de
cada personagem
O capitão - chefe
Pedro Bala
Alcança a sublimação do
amor
Engaja-se politicamente
“Nem o ódio, nem a bondade, só a luta”
p.236
39. “Mas hoje não são os Capitães da Areia
que estão metidos numa bela aventura.
São os condutores de bonde, negros
fortes, mulatos risonhos, espanhóis e
portugueses, que vieram de terras
distantes. São eles, que levantam os
braços e gritam iguais aos Capitães da
Areia. A greve se soltou na cidade. É
uma coisa bonita a greve, é a mais bela
das aventuras.”