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SUPERVISOR EDUCACIONAL: ARTICULADOR DA EDUCAÇÃO DE QUALIDADE
“Quando a escola não é importante para
os pais, também não é para os filhos”.
Roberto Giancaterino
RESUMO
A educação brasileira passa por uma série de transformações e
muitos valores precisam ser repensados, partindo do conceito de que
educar é construir, é traçar os caminhos que conduzem à
humanização do ser. Nesse contexto, definir o papel do supervisor no
espaço escolar significa definir parâmetros de ação, perspectivas de
que é possível alterar a situação em que se encontra o sistema de
ensino. Neste caso deve haver uma cumplicidade entre todas as
pessoas que participam do ambiente escolar, para que juntas possam
efetuar modificações. O presente artigo oportuniza um espaço de
discussão do papel do supervisor junto aos professores a fim de
promover a qualidade educacional.
Palavras-chave: Educação, Qualidade, Ensino, Escola, Supervisor
Educacional.
A Educação vem nas últimas décadas sendo motivo para muitas
discussões, isto porque o modo como o ensino formal vinha sendo
desenvolvido no Brasil não atendia as perspectivas sociais; diante da
necessidade, as mudanças vêm sendo desenvolvidas mesmo que a
passos lentos.
Nesse caso, o trabalho desenvolvido nas instituições escolares
precisa de uma preparação, um planejamento prévio, uma direção a
ser delineada e de profissionais competentes e compromissados com
a tarefa de proporcionar uma educação de qualidade.
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Silva (1981:10) afirma que:
A escola é um sistema social, exigindo, para subsistir, que os papéis
estejam claramente diferenciados e designados. Os indivíduos que
desempenham papéis devem ser adequadamente treinados e
distribuídos entre as diferentes posições. Enfim, todos os atores
podem relacionar-se, uma vez que, aceitem as mesmas normas
sobre os objetivos que buscam e os meios que empregam para
alcançá-los.
Todavia, só é possível almejar bons frutos se todos trabalharem
de forma produtiva. O professor, o educando, o supervisor, o quadro
administrativo, os pais e toda a comunidade precisam desempenhar
adequadamente suas funções. É justamente a integração desses
elementos que permite uma análise concreta dos problemas
existentes e a definição de estratégias de ação.
Abre-se um parêntese aqui para dizer que mais do que nunca
as pessoas estão valorizando o ambiente escolar e procurando neste,
os conhecimentos que lhes permitam construir o saber elaborado e
com isto promover-se.
Cabe ao supervisor escolar ser conhecedor do seu trabalho
pedagógico e desenvolver seus propósitos em harmonia com todo o
grupo a fim de detectar os problemas existentes e discutir junto aos
demais as possíveis soluções.
Refletir um pouco mais a respeito desta missão, analisando os
pontos fundamentais é uma maneira simples de encontrar os
pressupostos que orientam o trabalho educacional, por isso, o
presente artigo oportuniza um espaço de discussão do papel do
supervisor junto aos professores a fim de promover a qualidade
educacional.
Normalmente uma Instituição de Ensino não é uma empresa
que visa somente lucro, porém, não deixa de ser uma organização
que tem uma missão, objetivos, filosofia e estratégias para a sua
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atuação na sociedade como entidade coletiva e de personalidade
jurídica. Assim, tem a sua atuação alicerçada na qualidade.
Juran e Gryna (1991:17) enfatizam que a qualidade consiste
nas características de produtos e serviços que vão ao encontro das
necessidades dos clientes, desta forma, proporcionam a satisfação
em relação ao produto. Na visão dos autores, a Qualidade é a
ausência de falhas.
Ressalta-se não apenas a qualidade de produtos, mas colocam
que a prestação de serviços é igualmente crucial, incluindo neste a
educação.
No que se refere à qualidade em educação, a Lei 10.171, de
08/01/2001, que aprovou o Plano Nacional de Educação – PNE e que
dispõe sobre a elaboração de Planos Decenais Municipais e Estaduais
correspondentes a partir de sua vigência (art. 2º), prioriza a questão
referente aos padrões de qualidade em todos os níveis de ensino.
Quando a infra-estrutura prevê a elaboração, no prazo de um
ano, de padrões mínimos nacionais compatíveis, como o tamanho dos
estabelecimentos e com as realidades regionais que incluem espaço,
iluminação, insolação, segurança e temperatura ambiente,
instalações sanitárias e para higiene, espaços para esportes,
recreação, biblioteca e serviço de merenda escolar, adaptação dos
edifícios escolares para o atendimento dos alunos com necessidades
especiais, atualização e ampliação do acervo das bibliotecas,
mobiliário, equipamentos, material pedagógico, telefone, serviço de
reprodução de texto, informática e equipamento multimídia para o
ensino.
Ferreira e Aguiar (2000) argumentam que a qualidade do
processo educativo está intimamente ligada ao entendimento, qual a
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concepção do saber. Contudo, a questão da qualidade na educação
remete à questão da finalidade do saber.
Lembrando que, o conhecimento não é um fim, não se ensina e
aprende por diletantismo. O saber é um meio, é um instrumento do
ser cidadão. No entanto, não se ensina para responder às
necessidades do mercado, o saber, como instrumento do ser cidadão,
é cada vez mais a matéria-prima que move a nova sociedade do
conhecimento.
O cenário da qualidade a educação deve ser encarada em um
contexto de mudanças como oportunidade de renovação, por não se
limitar no tempo e no espaço, mas em toda a vida por meio da qual o
ser humano toma consciência de si mesmo e de suas possibilidades
na sociedade. Entretanto, procura redescobrir o sentido da educação
para a criança, e sua função é primordial, “não como categoria
estática, como algo sempre igual” (Arroyo, 1994:01).
Para Moran et alli. (2000), um ensino de qualidade envolve
muitas variáveis:
- Uma organização inovadora aberta, dinâmica com um projeto
pedagógico coerente, aberto e participativo;
- Uma organização que congregue docentes bem preparados
intelectual, emocional, comunicacional e eticamente motivados
e com boas condições profissionais, e onde haja circunstâncias
favoráveis a uma relação efetiva com os alunos que facilite
conhecê-los, acompanhá-los e orientá-los;
- Uma organização que tenha alunos motivados, preparados
intelectual e emocionalmente, com capacidade de
gerenciamento pessoal e grupal.
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Qualidade na educação: é a capacidade de atender as
expectativas de alunos, pais, professores e a própria sociedade. É um
julgamento de valor. Cada instituição educacional deve elaborar seu
próprio plano de implantação da Qualidade, através de um roteiro
individualizado que leve em conta suas principais necessidades de
melhorias e suas restrições, utilizando as forças e os recursos
disponíveis dentro e fora da organização (Ramos, 1992; Barbosa et
alli, 1995).
Nesta perspectiva, acreditamos que o supervisor pode ser o
articulador da educação de qualidade, para isso, ser inovador,
criativo, crítico, moderno e atual não é suficiente. Ele deve
ultrapassar as barreiras do conhecimento comum e adequar-se ao
momento perante a sociedade global.
Todavia, para que seja possível, exige de seus profissionais
flexibilidade e previsibilidade, lembrando que experiências servem
apenas de referências, nunca de padrão de ações com segurança
de sucesso.
Neste contexto, emerge uma formação supervisora baseada na
prática almejando uma reformulação dos seus saberes. E
imprescindível que o supervisor reavalie seus saberes em busca de
uma nova verdade, reconsiderando-a, analisando-a e refletindo-a
constantemente numa busca incessante da ressignificacão dos
saberes, e, por conseguinte, que seja real a atuação do supervisor,
comprometida com uma educação de qualidade.
Em síntese, o supervisor é visto no contexto educacional
brasileiro atual como sendo um instrumento minimizador de
problemas qualitativos referentes ao sistema escolar e também como
um acionador dos mecanismos capazes de elevar quantitativa e
qualitativamente a qualidade educacional do sistema de ensino como
um todo.
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Considerações Finais
Formar cidadãos não é tarefa apenas da escola. No entanto,
como local privilegiado de trabalho com o conhecimento, a escola tem
grande responsabilidade nesta formação: recebe crianças e jovens
por certo número de horas todos os dias, durante anos de suas vidas,
possibilitando-lhes construir saberes indispensáveis para sua inserção
social.
Assim, a função Supervisor educacional foi mais uma inovação
educacional de ordem política para atender a ideologia do sistema,
evidenciando uma tendência tecnicista. Entretanto, as novas políticas
educacionais e as mudanças tecnológicas vêm disseminando uma
nova visão de supervisor, uma pessoa preocupada com a realidade e
que almeja modificar a realidade social por meio do seu trabalho
interativo.
Todavia, trata-se de um grito de alerta, uma nova possibilidade
de elevar o nível educacional do país e dar ao povo a oportunidade de
crescer em um espaço democrático.
Assim sendo, o supervisor precisa ser uma pessoa que tenha
qualificação teórica e busque o aperfeiçoamento constante cuja
prática pedagógica seja planejada a partir das contribuições que pode
dar ao sistema educacional.
Portanto, suas habilidades devem propor um clima aberto a
discussões com os demais colegas, onde todos estejam
comprometidos com o ensino, onde a humildade seja uma das
características preponderantes do supervisor.
Muito ainda se tem a fazer. Acredita-se que mesmo a passos
lentos é possível fazer da escola um espaço de democracia e de
aprendizagens significativas. Nesse contexto, o trabalho de pesquisa
desenvolvido é uma oportunidade de reflexão, de análise do sistema
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educacional e também um meio de viabilizar novas estratégias de
trabalho a todo aquele que se preocupa com os caminhos percorridos
pela educação.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ARROYO, M. Escola plural. Proposta pedagógica, Rede Municipal de
Educação de Belo Horizonte. Belo Horizonte: SMED, 1994.
BARBOSA, José Juvêncio. Alfabetização e leitura. São Paulo:
Cortez, 1995.
FERREIRA, Naura e AGUIAR, Márcia. Gestão da educação. São
Paulo: Cortez, 2000.
JURAN, J. M.; GRYNA, Frank M. Controle da qualidade handbook:
conceitos, políticas e filosofias da qualidade. Trad. Maria Cláudia
de Oliveira. São Paulo: Makron; Mc Graw Hill, 1991.
MORAN, J. M.; MASETTO, M. T.; BEHRENS, M. A. Novas tecnologias
e mediação pedagógica. Campinas, SP: Papirus, 2000.
RAMOS, Cosete. Excelência na educação: a escola de qualidade
total. Rio de Janeiro: Qualitymark, 1992.
SILVA, Naura Syria Corrêa. Supervisão educacional. Petrópolis, RJ:
Vozes, 1981.
SOBRE O AUTOR
Prof. Dr. Roberto Giancaterino, PhD, nasceu em 1964, na cidade de
Campinas, estado de São Paulo. Residente em São Bernardo do Campo -
SP. É Pós-Doutorado em Educação; Doutor em Filosofia, Tecnologia
Educacional e Mestre em Ciências da Educação e Valores Humanos.
Especialista em Psicopedagogia Clínica e Institucional; Valores Humanos
Transdisciplinares; Docência do Ensino Superior; Administração e
Supervisão Educacional. Também é Bacharel e Licenciado em: Filosofia,
Física, Matemática e Pedagogia. Escritor, Pesquisador, Palestrante,
Conferencista e Seminarista na área Educacional. É autor de vários
trabalhos científicos reconhecidos por acadêmicos, entre eles: O best-seller
“Escola, Professor, Aluno - Os Participantes do Processo Educacional”
editado pela editora Madras que já é sucesso mundial. Iniciou-se no
magistério em 1984 na disciplina de Matemática, posteriormente, ao final
da mesma década já lecionava também na disciplina de Física. Atualmente
atua como professor universitário em cursos de pós-graduação em
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disciplinas pedagógicas, e, na rede pública estadual leciona Matemática e
Física. Em seu caminhar pela educação, Giancaterino idealiza com uma
educação de qualidade e completa para todos, principalmente aos menos
favorecidos e que associe todas as dimensões do sujeito como ser humano.
Algumas frases marcantes de sua autoria:
“Quando a escola não é importante para os pais, também não é para os filhos”.
“Um país se constrói com bons homens e bons livros”.
“Enquanto a Educação for utópica em sua complexidade, o sonho é necessário para que
possamos trilhar um caminho”.
“O trabalho de um homem perpetua quando atravessa os tempos”.
“Às vezes, as coisas mais reais do mundo são aquelas que não podemos ver”.
“Ceder, nem sempre é sinônimo de derrota, é ser mediador do bom senso para o
momento”.
“Existe só uma maneira de superar os obstáculos, ultrapassá-los”.
“O trabalho enobrece o homem quando ele é digno do seu suor”.
“Enquanto houver guerras entre os homens à paz será uma espécie em extinção”.
“Um dos maiores atos de covardia do ser humano, não é errar, mas sim, não assumir seu
próprio erro”.
“O espírito de luz é aquele que transforma as coisas ruins em virtudes”.
Contato: prof.giancaterino@terra.com.br