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DIÁLOGO DE RELATIVA
     GRANDEZA

     JOSÉ JACINTO VEIGA
O autor

 José Jacinto Veiga é foi um dos mais importantes
 autores do REALISMO FANTÁSTICO, uma escola
 literária do início do século XX, décadas de 60 e 70,
 época dos regimes ditatoriais.

 Mostrar o irreal ou estranho como algo cotidiano e
 comum.

 Apesar de aparentemente desatento à realidade, o
 realismo mágico dá verossimilhança interna ao fantástico
 e ao irreal.
Resumo

 Doril é um garoto que observa um louva-a-deus
 pousado em sua mão. Logo chega Diana.

 A partir da observação dessas crianças diante do
 pequeno animal, descobre-se a grandeza das coisas.

 Ao soprar sobre o louva-a-deus, Doril percebe que,
 para o bichinho, aquilo equivalia a uma tempestade,
 mas que, para ele, não passava de uma brincadeira,
 pois era o garoto quem determinava a força do sopro,
 além de poder parar quando quisesse.
Resumo

 Inquieto, Doril se pergunta se ele não seria , então,o
  próprio Deus.

 Diante dessa nova perspectiva, qual seria o verdadeiro
  tamanho das pessoas e das coisas no mundo?

 Para ele, seria engraçado se as pessoas fossem
  criaturinhas miudinhas.
Análise

 Nesse conto há um “modelo restrito de visão” própria dos
  autores contemporâneos: o narrador tem a mesma visão
  limitada do personagem; ele vai “aprendendo” junto com
  o personagem e, por conseguinte, com o leitor do texto.

 O narrador parcial e restrito às concepções relativas ao
  tamanho do mundo e de todas as coisas vai expondo as
  ideias à medida que Doril as lança.

 O leitor acompanha o raciocínio parcial e reflete sobre
  ele, à medida que os conceitos vão se encadeando para
  construir uma idéia maior.
Análise

 Assim, percebemos a importância do foco narrativo para
 o sentido/efeito que o escritor procura alcançar, uma vez
 que o leitor vai assimilando e entendendo as propostas
 em paralelo com a personagem Diana.

 O leitor consegue perceber a relativização proposta, pois
 a maneira de compreender o mundo demonstrada é cheia
 de dúvidas.

 Há, em certos momentos, uma aproximação do narrador
 com a voz dos personagens, de modo que se torna quase
 impossível discernir de quem é a voz.
Análise

 Veja o excerto:

 “Doril não disse mais nada, qualquer coisa que ele dissesse ela
  aproveitaria para outra acusação. Era difícil tapar a boca de
  Diana, ô menina renitente”.

 Essa opção narratária é subsidiada:

 1) pela utilização de um modelo de narrativa no formato de
  diálogo, o que permite a construção do pensamento desde o
  seu início;
 2) pela escolha da personagem criança, fazendo com que os
  conceitos sejam explicitados e tratados de forma simples, com
  a inserção de uma grande série de exemplos metafóricos.
Intertextualidade: Viagens de Gulliver (Jonathan Swift)

 http://www.youtube.com/watch?v=dezmUmCfCFw
 Lemuel Gulliver é um médico britânico que decide
  unir sua profissão ao desejo de viajar.
 Em sua primeira viagem, acontece um naufrágio do
  qual se salva, mas, ao despertar na beira da praia,
  percebe que está preso e rodeado por seres de 15 cm
  de altura.



                   Jack Black em cena
                   do filme Viagens de
                   Gulliver.
Intertextualidade: Viagens de Gulliver (Jonathan Swift)


 O lugar se chama Lilipute, uma nação em guerra
  com a ilha vizinha de Blefuscu (uma referência a
  Inglaterra e França, países em conflito na época).
 Nessa parte da história, Gulliver é criticado pelos
  liliputianos ao contar como funcionavam as questões
  políticas, sociais e éticas do povo inglês.
 Ele ignora a opinião deles, pois sua perspectiva é de
  quem se sente superior aos demais, representando a
  arrogância do ser humano.
Intertextualidade: Viagens de Gulliver (Jonathan Swift)

 Depois de voltar para casa, faz uma segunda viagem.
 Uma tempestade, no entanto, o leva a Brobningnag,
  terra de gigantes onde agora ele é minúsculo, sendo
  exposto como um animal raro.
 Aqui o personagem, por ser pequeno, nota com mais
  precisão as imperfeições do corpo humano, como
  manchas, feridas e os enormes piolhos.
 Denota também o ser humano inferior frente às coisas da
  natureza, como a enorme águia que, pensando que a
  caixa onde Gulliver vivia fosse uma tartaruga, a carrega
  até o mar. A caixa cai e ele acaba sendo salvo.
Intertextualidade: Viagens de Gulliver (Jonathan Swift)


 Na terceira viagem, piratas dominam o navio e o
  deixam em Laputa, onde a sede do governo fica em
  uma ilha flutuante.
 Aqui o exótico fica por conta dos exageros científicos
  do povo, que, segundo Gulliver, se esquece das
  questões práticas.
 Quando volta para a Europa, passa pela ilha dos
  magos, onde conversa com os fantasmas de
  celebridades históricas, como Aristóteles e
  Alexandre, o Grande.
Intertextualidade: Viagens de Gulliver (Jonathan Swift)


 A quarta viagem é interrompida, dessa vez por
  amotinados que o deixam num bote que vai parar no
  país dos Houyhnhnm, onde os cavalos são os
  governantes e possuem racionalidade.
 Já os Yahoos, criaturas semelhantes aos homens, são
  irracionais e puxam as carroças no lugar dos cavalos.
  A parte mais pessimista dos relatos, pois há uma
  crítica muito forte contra o ser humano.
 Gulliver “concebe um horror à raça humana” e
  quando volta para a Inglaterra se torna um ermitão.

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Relativizando o Tamanho das Coisas

  • 1. DIÁLOGO DE RELATIVA GRANDEZA JOSÉ JACINTO VEIGA
  • 2. O autor  José Jacinto Veiga é foi um dos mais importantes autores do REALISMO FANTÁSTICO, uma escola literária do início do século XX, décadas de 60 e 70, época dos regimes ditatoriais.  Mostrar o irreal ou estranho como algo cotidiano e comum.  Apesar de aparentemente desatento à realidade, o realismo mágico dá verossimilhança interna ao fantástico e ao irreal.
  • 3. Resumo  Doril é um garoto que observa um louva-a-deus pousado em sua mão. Logo chega Diana.  A partir da observação dessas crianças diante do pequeno animal, descobre-se a grandeza das coisas.  Ao soprar sobre o louva-a-deus, Doril percebe que, para o bichinho, aquilo equivalia a uma tempestade, mas que, para ele, não passava de uma brincadeira, pois era o garoto quem determinava a força do sopro, além de poder parar quando quisesse.
  • 4. Resumo  Inquieto, Doril se pergunta se ele não seria , então,o próprio Deus.  Diante dessa nova perspectiva, qual seria o verdadeiro tamanho das pessoas e das coisas no mundo?  Para ele, seria engraçado se as pessoas fossem criaturinhas miudinhas.
  • 5. Análise  Nesse conto há um “modelo restrito de visão” própria dos autores contemporâneos: o narrador tem a mesma visão limitada do personagem; ele vai “aprendendo” junto com o personagem e, por conseguinte, com o leitor do texto.  O narrador parcial e restrito às concepções relativas ao tamanho do mundo e de todas as coisas vai expondo as ideias à medida que Doril as lança.  O leitor acompanha o raciocínio parcial e reflete sobre ele, à medida que os conceitos vão se encadeando para construir uma idéia maior.
  • 6. Análise  Assim, percebemos a importância do foco narrativo para o sentido/efeito que o escritor procura alcançar, uma vez que o leitor vai assimilando e entendendo as propostas em paralelo com a personagem Diana.  O leitor consegue perceber a relativização proposta, pois a maneira de compreender o mundo demonstrada é cheia de dúvidas.  Há, em certos momentos, uma aproximação do narrador com a voz dos personagens, de modo que se torna quase impossível discernir de quem é a voz.
  • 7. Análise  Veja o excerto:  “Doril não disse mais nada, qualquer coisa que ele dissesse ela aproveitaria para outra acusação. Era difícil tapar a boca de Diana, ô menina renitente”.  Essa opção narratária é subsidiada:  1) pela utilização de um modelo de narrativa no formato de diálogo, o que permite a construção do pensamento desde o seu início;  2) pela escolha da personagem criança, fazendo com que os conceitos sejam explicitados e tratados de forma simples, com a inserção de uma grande série de exemplos metafóricos.
  • 8. Intertextualidade: Viagens de Gulliver (Jonathan Swift)  http://www.youtube.com/watch?v=dezmUmCfCFw  Lemuel Gulliver é um médico britânico que decide unir sua profissão ao desejo de viajar.  Em sua primeira viagem, acontece um naufrágio do qual se salva, mas, ao despertar na beira da praia, percebe que está preso e rodeado por seres de 15 cm de altura. Jack Black em cena do filme Viagens de Gulliver.
  • 9. Intertextualidade: Viagens de Gulliver (Jonathan Swift)  O lugar se chama Lilipute, uma nação em guerra com a ilha vizinha de Blefuscu (uma referência a Inglaterra e França, países em conflito na época).  Nessa parte da história, Gulliver é criticado pelos liliputianos ao contar como funcionavam as questões políticas, sociais e éticas do povo inglês.  Ele ignora a opinião deles, pois sua perspectiva é de quem se sente superior aos demais, representando a arrogância do ser humano.
  • 10. Intertextualidade: Viagens de Gulliver (Jonathan Swift)  Depois de voltar para casa, faz uma segunda viagem.  Uma tempestade, no entanto, o leva a Brobningnag, terra de gigantes onde agora ele é minúsculo, sendo exposto como um animal raro.  Aqui o personagem, por ser pequeno, nota com mais precisão as imperfeições do corpo humano, como manchas, feridas e os enormes piolhos.  Denota também o ser humano inferior frente às coisas da natureza, como a enorme águia que, pensando que a caixa onde Gulliver vivia fosse uma tartaruga, a carrega até o mar. A caixa cai e ele acaba sendo salvo.
  • 11. Intertextualidade: Viagens de Gulliver (Jonathan Swift)  Na terceira viagem, piratas dominam o navio e o deixam em Laputa, onde a sede do governo fica em uma ilha flutuante.  Aqui o exótico fica por conta dos exageros científicos do povo, que, segundo Gulliver, se esquece das questões práticas.  Quando volta para a Europa, passa pela ilha dos magos, onde conversa com os fantasmas de celebridades históricas, como Aristóteles e Alexandre, o Grande.
  • 12. Intertextualidade: Viagens de Gulliver (Jonathan Swift)  A quarta viagem é interrompida, dessa vez por amotinados que o deixam num bote que vai parar no país dos Houyhnhnm, onde os cavalos são os governantes e possuem racionalidade.  Já os Yahoos, criaturas semelhantes aos homens, são irracionais e puxam as carroças no lugar dos cavalos. A parte mais pessimista dos relatos, pois há uma crítica muito forte contra o ser humano.  Gulliver “concebe um horror à raça humana” e quando volta para a Inglaterra se torna um ermitão.