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INMET: CURSO DE METEOROLOGIA SINÓTICA E VARIABILIDADE CLIMÁTICA
CAPÍTULO 6
Frentes Frias sobre o Brazil: Aspectos Observacionais
Iracema F.A. Cavalcanti e Vernon E Kousky
Versão final publicada no livro: Tempo e Clima no Brasil, Oficina de Textos, 2009
Nota: Para mais informações, consulte o PowerPoint:
Kousky-Lecture-8-air-masses-and-fronts.ppt
CAPÍTULO 6: Frentes Frias sobre o Brazil: Aspectos Observacionais
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V. Kousky
1. Introdução
As frentes frias afetam o tempo sobre a América do Sul durante todo o ano. Elas são facilmente identificadas
em imagens de satélite (Figura 1) e geralmente se deslocam de sudoeste para nordeste sobre o continente e
oceano Atlântico adjacente (Kousky 1979). Durante o inverno, esses sistemas são acompanhados de massas
de ar de latitudes altas que muitas vezes causam geadas e friagens em áreas agrícolas no sudeste e sul do
Brasil (Fortune e Kousky 1983). Algumas vezes as frentes frias alcançam latitudes muito baixas sobre o
oeste da Amazônia e também ao longo da costa nordeste do Brasil (Parmenter 1976; Kousky 1979).
Quando as frentes frias avançam para norte (em direção ao equador), durante a estação de verão, algumas
vezes elas interagem com o ar úmido e quente tropical e produzem convecção profunda e organizada e
chuvas fortes sobre o continente. (e.g., Kousky e Ferreira 1981; Kousky 1985; Oliveira 1986) causando
excessiva precipitação e inundações, deslizamentos de encostas, além de ventos fortes e granizos. Durante o
verão as frentes frias frequentemente se posicionam ao longo da costa do Brasil, entre São Paulo e Bahia, na
região da posição climatológica da Zona de Convergência do Atlântico Sul (ZCAS) (Casarin e Kousky 1986;
Kousky e Cavalcanti 1988), originando períodos prolongados de chuva forte, algumas vezes com ocorrência
de inundações e prejuízos materiais e humanos na região (Silva e Kousky 2001).
Estudos pioneiros sobre a climatologia de frentes frias no Hemisfério Sul incluem o trabalho de Taljaard
(1972) que apresentou a distribuição das frentes em superfície durante o ano de 1958, ano em que houve o
evento internacional IGY (International Geophysical Year). Para a identificação das frentes no período de
verão e inverno de 1958 foi utilizado o critério de baroclinia média da atmosfera, ou seja, a zona de máximo
gradiente horizontal de temperatura. Nota-se, naqueles resultados, uma freqüência maior de frentes sobre o
sul e sudeste do Brasil no inverno, comparado com o verão.
Uma climatologia dos sistemas frontais e da interação com convecção tropical, no período de 1975 a 1984
foi realizada por Oliveira (1986), utilizando imagens de satélite. Os sistemas foram identificados em 4
bandas latitudinais (40º-35ºS, 35º-25º S, 25º-20ºS e ao norte de 20º). Na banda de (40º-35ºS) foi notada a
penetração dos sistemas frontais durante todo o ano, no entanto o máximo de eventos ocorreu em julho. Na
faixa latitudinal de 35ºS-25ºS, houve uma redução do número de casos, mas o máximo também ocorreu em
CAPÍTULO 6: Frentes Frias sobre o Brazil: Aspectos Observacionais
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V. Kousky
julho. A interação com a convecção tropical foi máxima nos meses de outubro e novembro nas bandas de
35ºS-25ºS e 25ºS-20ºS, respectivamente. A freqüência diminuiu ao norte de 20ºS, mas algumas vezes houve
associação com a convecção tropical na Amazônia, com o máximo ocorrendo em novembro.
A climatologia de passagens de frentes frias durante o período de 1980 a 2002, sobre várias áreas da América
do Sul, nas várias estações do ano, foi apresentada em Andrade e Cavalcanti (2004), utilizando dados de
reanálise NCEP/NCAR. O critério utilizado para a identificação automática dos sistemas frontais foi baseado
em aumento de pressão, queda de temperatura e mudança na componente meridional do vento em 925 hPa.
Critério semelhante foi utilizado por Cavalcanti e Kousky (2003) em uma análise climatológica para o
período de 1979 a 2002 em todos os pontos de grade sobre a América do Sul. Nos resultados de Andrade e
Cavalcanti (2004) e Cavalcanti e Kousky (2003) foi observada uma diminuição da frequência dos sistemas
das latitudes mais altas para as mais baixas. Kousky (1979) identificou uma maior freqüência de ocorrência
de sistemas frontais no sul da Bahia nos meses de março a dezembro para o período de 1961 a 1970. Notou
que havia uma tendência de anos com maiores totais de precipitações corresponderem a anos com maior
número de passagem de frentes. Nos resultados de Andrade (2004) foram identificadas algumas
características das condições sinóticas associadas ao deslocamento dos sistemas, sobre o continente, ou se
desviando para o oceano. Pressões mais altas sobre o continente, subsidência em 500 hPa, ventos intensos de
norte na região de confluência sobre o oceano, advecção de vorticidade positiva sobre a região sul foram
fatores associados ao deslocamento dos sistemas para o oceano. Além disso, a intensidade de cristas e
cavados e do jato subtropical também estava relacionada ao deslocamento das frentes.
Justi da Silva e Silva Dias (2002) também fizeram uma climatologia dos sistemas frontais para cada ponto de
grade, a partir de dados da reanálise do NCEP do período de 1981-1999 usando como critério de
identificação apenas a mudança no sinal da componente meridional do vento. Nas Regiões Sul e Sudeste do
Brasil, o vento em baixos níveis tem direção de nordeste, devido à influência da alta subtropical do Atlântico
Sul, e então numa situação pré-frontal o vento é tipicamente de noroeste depois gira de sudoeste e de sudeste
à medida que a frente se desloca. Naquele estudo foi encontrada uma alta freqüência de frentes em torno da
latitude de 300
S, e valores mais altos no litoral comparado com o interior do continente. Notou-se também
uma semelhança entre os campos de freqüência de ocorrência para os anos La Nina de 83/84, 88/89, 95/96 e
98/99.
CAPÍTULO 6: Frentes Frias sobre o Brazil: Aspectos Observacionais
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Características típicas da circulação atmosférica associadas com incursões de ar frio que seguem a passagem
de frentes frias sobre a região subtropical da América do Sul incluem: 1) uma crista amplificada nos níveis
médios da troposfera e anticiclone em superfície sobre o Pacífico Sul Leste e 2) um cavado nos níveis
médios da troposfera, em intensificação, sobre a região central da Argentina (Fortune e Kousky, 1983;
Algarve e Cavalcanti, 1994; Kousky e Cavalcanti 1997; Vera e Vigliarolo 2000). Essa configuração
intensifica o escoamento de sul na média troposfera a leste dos Andes, o qual auxilia o avanço para norte do
ar frio e do anticiclone em superfície (Fortune e Kousky 1983; Garreaud 2000).
(a) (b) (c)
Figura 1. Imagens de satélite mostrando a ocorrência de sistemas frontais. (a) dia 05/05/2005 às 21:00
GMT; (b) dia 26/06/2006 às 13:30 GMT; (c) dia 28/11/2007 às 14:15 GMT.
2. Critérios para a determinação objetiva de frentes frias
Um método objetivo para determinar a passagem de um sistema frontal frio é baseado em variação de
pressão ao nível do mar, variação de temperatura em 925 hPa e força e sentido do vento em 925 hPa. O
seguinte critério pode ser aplicado a cada ponto de grade: 1) uma diminuição da temperatura em 925 hPa de
pelo menos 2ºC, 2) um aumento da pressão ao nível do mar de pelo menos 2 hPa, e 3) existência de ventos
de sul, de pelo menos 2 m s-1
.
Um exemplo da aplicação desse critério para a passagem de frentes frias em 30ºS, 52.5ºW (perto de Porto
Alegre, Rio Grande do Sul) para Junho-Agosto 1994 é mostrado na Figura 2, onde são apresentadas séries
temporais de temperatura e vento meridional em 925 hPa e pressão ao nível do mar. Nota-se uma excelente
CAPÍTULO 6: Frentes Frias sobre o Brazil: Aspectos Observacionais
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V. Kousky
correspondência entre as passagens de frentes frias determinadas objetivamente e variáveis atmosféricas. As
frentes frias são seguidas por uma diminuição de temperatura em 925-hPa, um aumento de PNM e vento
meridional de sul. Adicionalmente existe uma boa correspondência com os eventos de precipitação, com
chuvas concentradas próximo dos períodos das passagens de frentes.
3. Climatologia da passagem de frentes frias para o período de 1979 a 2005
Dados de reanálise do NCEP/NCAR CDAS com resolução de 2.5 x 2.5 graus foram usados com o fim de
estabelecer uma climatologia para as frentes frias sobre a América do Sul utilizando o critério objetivo
descrito na seção anterior. O número médio de frentes frias por ano é mostrado na Figura 3 onde pode se ver
que esse número é maior no centro da Argentina, onde há passagem de cerca de 50 frentes frias por ano
(aproximadamente uma frente por semana). Um forte gradiente é evidente sobre a região sul e central do
Brasil, decorrente da diminuição de incursões de frentes frias em direção ao equador. Ao norte de 30ºS
existem duas regiões em que as passagens de frentes frias são mais freqüentes: Uma é ao leste dos Andes
entre o norte da Argentina e oeste da Bacia Amazônica. Na média, entre uma e cinco frentes frias chegam no
oeste da Amazônia a cada ano, com aproximadamente três frentes alcançando o equador. A outra região é ao
longo da costa leste do Brasil, onde na média 5 a 10 frentes chegam até 15ºS a cada ano.
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Figura 2. Série temporal de temperatura em 925-hPa (ºC), vento meridional em 925-hPa (m s-1
), pressão ao
nível do mar (hPa) em 30ºS, 52.5ºW, e precipitação média (mm) para a região 28ºS-31ºS, 51ºW-54ºW, no
período de Junho a Agosto de 1994. As passagens das frentes frias são indicadas pela seta no topo de cada
painel.
CAPÍTULO 6: Frentes Frias sobre o Brazil: Aspectos Observacionais
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Figura 3. Número médio por ano de passagens de frentes frias durante o período de 1979 a 2005. Áreas
onde a pressão em superfície é menor que 925 hPa nos dados das reanálises CDAS são mascaradas.
Existe uma sazonalidade na frequência de passagens de frentes frias, as quais são mais frequentes durante
Maio a Setembro e menos frequentes durante o verão do Hemisfério Sul (Dezembro a Fevereiro) (Figuras 4 e
5). As frentes ocorrem em maior número e durante todo o ano entre 25ºS e 30ºS, mas são mais numerosas de
maio a outubro. As frentes frias são mais raras ao norte de 20ºS durante o verão (Dezembro a Fevereiro).
Embora no verão ocorram passagens de frentes sobre o sudeste do Brasil que induzem convecção e
precipitação nas regiões tropicais e subtropicais da América do Sul (Garreaud e Wallace 1998) e que
alimentam a ZCAS, essas nem sempre satisfazem o critério considerado para a identificação de casos, que
leva em conta a queda de temperatura, aumento da pressão e mudança na direção do vento.
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Figura 4. Número médio de passagens de frentes frias por estação do ano durante o período 1979-2005.
Áreas onde a pressão em superfície é menor que 925 hPa nos dados das reanálises CDAS são mascaradas.
CAPÍTULO 6: Frentes Frias sobre o Brazil: Aspectos Observacionais
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Figura 5. Número médio de passagens de frentes frias por mês no período de 1979 a 2005 para as áreas
mostradas no mapa.
4. Características da circulação atmosférica associadas com as frentes frias
Nesta seção são apresentadas as características que normalmente acompanham as passagens de frentes frias
sobre o Brasil. Foram usados quatro pontos de referência para identificar a passagem de frentes em diversas
regiões do país, localizados no sul do Brasil (SBR, 30ºS, 52.5ºW), oeste do Amazonas (WBR, 10S, 65W),
sudeste do Brasil (SEBR, 22.5S, 45W) e nordeste do Brasil (NEBR, 15S, 40W) (Figura 6). Para cada
região foram feitos compostos de casos identificados de passagens de frentes para analisar as características
da circulação atmosférica.
CAPÍTULO 6: Frentes Frias sobre o Brazil: Aspectos Observacionais
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Figura 6. Pontos de referência para identificação de passagem de frentes e elaboração de compostos, para
cada região, da circulação atmosférica associada.
a). Sul do Brasil (SBR)
Como indicado na seção 3, as passagens de frentes frias ocorrem durante todo o ano sobre o sul do Brasil.
Contudo, as frentes frias são mais frequentes durante Junho a Setembro. Compostos de anomalia de
geopotencial em 500 hPa e Pressão ao Nível do Mar (PNM) associados com os 50 casos mais intensos de
passagens de frentes frias em Julho (1979 a 2005) são mostrados na Figura 7. Os casos foram selecionados
pela ordem decrescente da diminuição de temperatura em 925-hPa associada com cada evento, considerando
os casos com as maiores reduções. Antes da passagem da frente fria no SBR (tempo t), um cavado em 500-
hPa é observado ao longo da costa oeste da América do Sul (Figura 7, painel inferior, t-1) e um sistema de
baixa pressão (Baixa do Chaco) está localizado sobre o norte da Argentina (Figura 7, painel superior, t-1).
Temperaturas acima da média em 925-hPa são observadas sobre o norte da Argentina, Paraguai, Uruguai e
em quase todo o Brasil (Figura 7, painel intermediário). Temperaturas mais baixas do que a média em 925-
hPa ocorrem sobre o sul da Argentina. As anomalias nos campos de vento e temperatura em 925-hPa são
consistentes com uma frente fria localizada na região central da Argentina. No tempo t, o cavado em 500-
hPa avança para leste sobre a Argentina e a frente fria (eixo de anomalias negativas de SLP e mudança no
sentido do vento em 925-hPa) avança para norte em direção ao sul do Brasil. A frente fria continua a se
deslocar na direção nordeste durante os próximos 3 dias, ao mesmo tempo que o cavado em 500-hPa se
CAPÍTULO 6: Frentes Frias sobre o Brazil: Aspectos Observacionais
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V. Kousky
desloca para leste cruzando a América do Sul em direção ao Oceano Atlântico. O sistema de alta pressão
atravessa os Andes no dia t+1 e daí se move para nordeste sobre o continente seguindo a frente no dia t+2.
Um cavado na pressão em superfície é evidente ao longo da costa do Chile nos tempos t+1 and t+2. Esta
característica tem sido associada à ausência de nuvens sobre o Pacífico Leste, observada em imagens de
satélite, o que é parcialmente devido ao movimento subsidente sobre o lado leste dos Andes e parcialmente
devido à subsidência de grande escala associada com o desenvolvimento da crista em 500-hPa sobre o
Pacífico Leste (Figura 7, painel inferior, tempo t+1).
b) Oeste da Amazonia (WBR)
As características da circulação nos compostos de 37 passagens frontais sobre o oeste da Amazônia em julho
são mostradas na Figura 8. A evolução das características da circulação é muito semelhante àquela discutida
para o sul do Brasil, com uma defasagem de 1 dia (comparar Figuras 7 e 8). Enquanto a frente fria e o
anticiclone em superfície avançam em direção ao equador entre os tempos t-1 and t+2, os ventos em baixos
níveis (925-hPa) mudam de noroeste para de sul e sudeste, com o mais forte escoamento de sul sobre a
região a leste dos Andes. Ventos de sul e temperaturas abaixo da média alcançam as vizinhanças do equador
sobre o oeste da Amazônia no tempo t+2. Ao longo da costa leste do Brasil a frente de desloca até próximo
de 20ºS.
As configurações da circulação para as frentes frias que ocorreram em Julho sobre o Sudeste e Nordeste do
Brasil (não mostradas) são muito semelhantes àquelas mostradas para o oeste da Amazônia. A única
diferença é que as configurações para as passagens frontais sobre o Nordeste se assemelham àquelas que
ocorrem um dia depois das passagens pelo sudeste e oeste da Amazônia.
CAPÍTULO 6: Frentes Frias sobre o Brazil: Aspectos Observacionais
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Figura 7. Evolução diária dos compostos, do tempo t-1 ao tempo t+3, de pressão ao nível do mar (PNM) e
anomalias (painel superior), vetor vento e anomalias de temperatura em 925-hPa (painel intermediário) e
altura geopotencial em 500-hPa e anomalias (painel inferior) para as 50 frentes mais fortes no sul do Brasil
(SBR) durante 1979 a 2005. A passagem frontal em 30ºS, 52.5ºW ocorreu no tempo t. Anomalias são
desvios da climatologia diária do período 1979 a 1995. Unidades para PNM, temperatura em 925-hPa e
altura geopotencial em 500-hPa height são hPa, ºC e m, respectivamente.
CAPÍTULO 6: Frentes Frias sobre o Brazil: Aspectos Observacionais
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V. Kousky
Figura 8. Evolução diária dos compostos, do tempo t-1 ao tempo t+3, de pressão ao nível do mar (PNM) e
anomalias (painel superior), vetor vento e anomalias de temperatura em 925-hPa (painel intermediário) e
altura geopotencial em 500-hPa e anomalias (painel inferior) para as 37 frentes frias em julho, sobre o oeste
da Amazônia (WBR) durante 1979 a 2005. A passagem frontal em 10ºS, 65ºW ocorreu no tempo t.
5. Variabilidade Interanual da freqüência de frentes frias sobre o Brasil
A variabilidade interanual do número de frentes que passam sobre três regiões da América do Sul no período
entre 1980-2002, analisada por Andrade (2004), é mostrada na Figura 9. Na área 3, que compreende parte
CAPÍTULO 6: Frentes Frias sobre o Brazil: Aspectos Observacionais
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V. Kousky
do sul do Brasil e Uruguai, o número de frentes frias variou entre 60 e 70 por ano, em grande parte do
período, com valor máximo de 80 em 1984 e mínimo de 51 em 2001. Na área 6, situada na região sudeste, a
freqüência de sistemas frontais foi de 50 a 60 na maioria dos anos. No ano de 1999 foi observado o maior
valor e em 2001 o menor. Para a área 11 localizada no centro-oeste da América do Sul, a maioria dos anos
apresentou entre 35 e 45 passagens de frentes. No entanto, a maior quantidade de sistemas frontais ocorreu
em 1982 e menos frentes atingiram essa área em 1980. Não foi observado um padrão para um número
máximo ou mínimo de sistemas frontais que atingem as regiões especificadas em eventos de El Niño e La
Niña. No entanto, observa-se que para a área 3, o máximo ocorre em 1984, ano em que inicia-se o fenômeno
La Niña. Para a área 6 não há muita diferença entre o número de sistemas frontais que ocorre em um ano de
El Nino ou La Nina. Entretanto, para a área 11, mais frentes frias foram identificadas em um ano em que o
fenômeno El Niño estava ativo (1982).
Fedorova e Carvalho (2000) apresentaram outro estudo observacional sobre a freqüência de zonas frontais
durante um ano em que ocorreu La Niña (julho de 1996 até março de 1997) e El Niño (julho de 1997 até
março de 1998), e os resultados mostraram que a ocorrência de frentes frias na faixa latitudinal entre 20ºS e
40ºS foi maior no ano de El Niño do que de La Niña quando estes fenômenos estavam em suas fases mais
ativas. Para os dois anos analisados, as frentes frias foram observadas mais ao sul da América do Sul, mas
em anos de El Niño, as frentes tiveram maior freqüência sobre o Rio Grande do Sul e Uruguai.
(a)
CAPÍTULO 6: Frentes Frias sobre o Brazil: Aspectos Observacionais
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(b)
(c)
(d)
Figura 9. (a) Mapa da América do Sul destacando as áreas analisadas para ocorrência de passagem de
frentes frias e frequência anual de sistemas frontais b) área 3, c) área 6 e d) área 11 para o período de 1980-
2002. (Fonte: Andrade 2004).
6. Efeitos das frentes frias na precipitação
As frentes frias têm um efeito na intensidade e distribuição da precipitação durante a passagem das frentes
frias sobre a América do Sul (Kousky 1985). Para ilustrar este efeito, foram feitos compostos de precipitação
CAPÍTULO 6: Frentes Frias sobre o Brazil: Aspectos Observacionais
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V. Kousky
para todas as frentes frias que passaram pelo sudeste do Brasil durante 3 meses (Setembro, Outubro e
Novembro), Figura 10. A precipitação é maior ao longo e atrás da frente que passa no sudeste (SEBR) no
tempo t (compare a localização do ponto de referência para o SEBR na Figura 6 com a precipitação
mostrada na Figura 10). Nos 3 meses há um deslocamento para nordeste, com o tempo, da precipitação
máxima sobre o leste da América do Sul, indicando a influência do deslocamento do sistema frontal.
Também é evidente nos 3 meses, um aumento na intensidade da precipitação no oeste da Amazônia depois
da passagem das frentes no SEBR (tempos t+1 e t+2). A banda noroeste-sudeste de precipitação mais
intensa, evidente nos tempos t+1 e t+2, é frequentemente associada à Zona de Convergência do Atlântico
Sul (ZCAS), a qual tem sido bastante estudada desde os anos 1980 (por exemplo, Casarin e Kousky 1986;
Nogues-Paegle e Mo 1997; Silva e Kousky 2001; Liebmann et al. 2004; Carvalho et al. 2004, Cunningham e
Cavalcanti 2006).
Figura 10. Evolução dos compostos do tempo t-2 ao tempo t+2 dias de precipitação (mm/d) para passagem
de frentes frias no sudeste do Brasil (SEBR) durante 1979-2005. O número de frentes frias usado nos
compostos é de 46 para Setembro, 46 para Outubro e 36 para Novembro.
CAPÍTULO 6: Frentes Frias sobre o Brazil: Aspectos Observacionais
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V. Kousky
As análises de precipitação foram realizadas com dados obtidos do NOAA/Climate Prediction Centers
disponíveis em
http://www.cpc.ncep.noaa.gov/products/precip/realtime/GIS/SA/SA-precip.shtml.
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  • 1. INMET: CURSO DE METEOROLOGIA SINÓTICA E VARIABILIDADE CLIMÁTICA CAPÍTULO 6 Frentes Frias sobre o Brazil: Aspectos Observacionais Iracema F.A. Cavalcanti e Vernon E Kousky Versão final publicada no livro: Tempo e Clima no Brasil, Oficina de Textos, 2009 Nota: Para mais informações, consulte o PowerPoint: Kousky-Lecture-8-air-masses-and-fronts.ppt
  • 2. CAPÍTULO 6: Frentes Frias sobre o Brazil: Aspectos Observacionais 2 V. Kousky 1. Introdução As frentes frias afetam o tempo sobre a América do Sul durante todo o ano. Elas são facilmente identificadas em imagens de satélite (Figura 1) e geralmente se deslocam de sudoeste para nordeste sobre o continente e oceano Atlântico adjacente (Kousky 1979). Durante o inverno, esses sistemas são acompanhados de massas de ar de latitudes altas que muitas vezes causam geadas e friagens em áreas agrícolas no sudeste e sul do Brasil (Fortune e Kousky 1983). Algumas vezes as frentes frias alcançam latitudes muito baixas sobre o oeste da Amazônia e também ao longo da costa nordeste do Brasil (Parmenter 1976; Kousky 1979). Quando as frentes frias avançam para norte (em direção ao equador), durante a estação de verão, algumas vezes elas interagem com o ar úmido e quente tropical e produzem convecção profunda e organizada e chuvas fortes sobre o continente. (e.g., Kousky e Ferreira 1981; Kousky 1985; Oliveira 1986) causando excessiva precipitação e inundações, deslizamentos de encostas, além de ventos fortes e granizos. Durante o verão as frentes frias frequentemente se posicionam ao longo da costa do Brasil, entre São Paulo e Bahia, na região da posição climatológica da Zona de Convergência do Atlântico Sul (ZCAS) (Casarin e Kousky 1986; Kousky e Cavalcanti 1988), originando períodos prolongados de chuva forte, algumas vezes com ocorrência de inundações e prejuízos materiais e humanos na região (Silva e Kousky 2001). Estudos pioneiros sobre a climatologia de frentes frias no Hemisfério Sul incluem o trabalho de Taljaard (1972) que apresentou a distribuição das frentes em superfície durante o ano de 1958, ano em que houve o evento internacional IGY (International Geophysical Year). Para a identificação das frentes no período de verão e inverno de 1958 foi utilizado o critério de baroclinia média da atmosfera, ou seja, a zona de máximo gradiente horizontal de temperatura. Nota-se, naqueles resultados, uma freqüência maior de frentes sobre o sul e sudeste do Brasil no inverno, comparado com o verão. Uma climatologia dos sistemas frontais e da interação com convecção tropical, no período de 1975 a 1984 foi realizada por Oliveira (1986), utilizando imagens de satélite. Os sistemas foram identificados em 4 bandas latitudinais (40º-35ºS, 35º-25º S, 25º-20ºS e ao norte de 20º). Na banda de (40º-35ºS) foi notada a penetração dos sistemas frontais durante todo o ano, no entanto o máximo de eventos ocorreu em julho. Na faixa latitudinal de 35ºS-25ºS, houve uma redução do número de casos, mas o máximo também ocorreu em
  • 3. CAPÍTULO 6: Frentes Frias sobre o Brazil: Aspectos Observacionais 3 V. Kousky julho. A interação com a convecção tropical foi máxima nos meses de outubro e novembro nas bandas de 35ºS-25ºS e 25ºS-20ºS, respectivamente. A freqüência diminuiu ao norte de 20ºS, mas algumas vezes houve associação com a convecção tropical na Amazônia, com o máximo ocorrendo em novembro. A climatologia de passagens de frentes frias durante o período de 1980 a 2002, sobre várias áreas da América do Sul, nas várias estações do ano, foi apresentada em Andrade e Cavalcanti (2004), utilizando dados de reanálise NCEP/NCAR. O critério utilizado para a identificação automática dos sistemas frontais foi baseado em aumento de pressão, queda de temperatura e mudança na componente meridional do vento em 925 hPa. Critério semelhante foi utilizado por Cavalcanti e Kousky (2003) em uma análise climatológica para o período de 1979 a 2002 em todos os pontos de grade sobre a América do Sul. Nos resultados de Andrade e Cavalcanti (2004) e Cavalcanti e Kousky (2003) foi observada uma diminuição da frequência dos sistemas das latitudes mais altas para as mais baixas. Kousky (1979) identificou uma maior freqüência de ocorrência de sistemas frontais no sul da Bahia nos meses de março a dezembro para o período de 1961 a 1970. Notou que havia uma tendência de anos com maiores totais de precipitações corresponderem a anos com maior número de passagem de frentes. Nos resultados de Andrade (2004) foram identificadas algumas características das condições sinóticas associadas ao deslocamento dos sistemas, sobre o continente, ou se desviando para o oceano. Pressões mais altas sobre o continente, subsidência em 500 hPa, ventos intensos de norte na região de confluência sobre o oceano, advecção de vorticidade positiva sobre a região sul foram fatores associados ao deslocamento dos sistemas para o oceano. Além disso, a intensidade de cristas e cavados e do jato subtropical também estava relacionada ao deslocamento das frentes. Justi da Silva e Silva Dias (2002) também fizeram uma climatologia dos sistemas frontais para cada ponto de grade, a partir de dados da reanálise do NCEP do período de 1981-1999 usando como critério de identificação apenas a mudança no sinal da componente meridional do vento. Nas Regiões Sul e Sudeste do Brasil, o vento em baixos níveis tem direção de nordeste, devido à influência da alta subtropical do Atlântico Sul, e então numa situação pré-frontal o vento é tipicamente de noroeste depois gira de sudoeste e de sudeste à medida que a frente se desloca. Naquele estudo foi encontrada uma alta freqüência de frentes em torno da latitude de 300 S, e valores mais altos no litoral comparado com o interior do continente. Notou-se também uma semelhança entre os campos de freqüência de ocorrência para os anos La Nina de 83/84, 88/89, 95/96 e 98/99.
  • 4. CAPÍTULO 6: Frentes Frias sobre o Brazil: Aspectos Observacionais 4 V. Kousky Características típicas da circulação atmosférica associadas com incursões de ar frio que seguem a passagem de frentes frias sobre a região subtropical da América do Sul incluem: 1) uma crista amplificada nos níveis médios da troposfera e anticiclone em superfície sobre o Pacífico Sul Leste e 2) um cavado nos níveis médios da troposfera, em intensificação, sobre a região central da Argentina (Fortune e Kousky, 1983; Algarve e Cavalcanti, 1994; Kousky e Cavalcanti 1997; Vera e Vigliarolo 2000). Essa configuração intensifica o escoamento de sul na média troposfera a leste dos Andes, o qual auxilia o avanço para norte do ar frio e do anticiclone em superfície (Fortune e Kousky 1983; Garreaud 2000). (a) (b) (c) Figura 1. Imagens de satélite mostrando a ocorrência de sistemas frontais. (a) dia 05/05/2005 às 21:00 GMT; (b) dia 26/06/2006 às 13:30 GMT; (c) dia 28/11/2007 às 14:15 GMT. 2. Critérios para a determinação objetiva de frentes frias Um método objetivo para determinar a passagem de um sistema frontal frio é baseado em variação de pressão ao nível do mar, variação de temperatura em 925 hPa e força e sentido do vento em 925 hPa. O seguinte critério pode ser aplicado a cada ponto de grade: 1) uma diminuição da temperatura em 925 hPa de pelo menos 2ºC, 2) um aumento da pressão ao nível do mar de pelo menos 2 hPa, e 3) existência de ventos de sul, de pelo menos 2 m s-1 . Um exemplo da aplicação desse critério para a passagem de frentes frias em 30ºS, 52.5ºW (perto de Porto Alegre, Rio Grande do Sul) para Junho-Agosto 1994 é mostrado na Figura 2, onde são apresentadas séries temporais de temperatura e vento meridional em 925 hPa e pressão ao nível do mar. Nota-se uma excelente
  • 5. CAPÍTULO 6: Frentes Frias sobre o Brazil: Aspectos Observacionais 5 V. Kousky correspondência entre as passagens de frentes frias determinadas objetivamente e variáveis atmosféricas. As frentes frias são seguidas por uma diminuição de temperatura em 925-hPa, um aumento de PNM e vento meridional de sul. Adicionalmente existe uma boa correspondência com os eventos de precipitação, com chuvas concentradas próximo dos períodos das passagens de frentes. 3. Climatologia da passagem de frentes frias para o período de 1979 a 2005 Dados de reanálise do NCEP/NCAR CDAS com resolução de 2.5 x 2.5 graus foram usados com o fim de estabelecer uma climatologia para as frentes frias sobre a América do Sul utilizando o critério objetivo descrito na seção anterior. O número médio de frentes frias por ano é mostrado na Figura 3 onde pode se ver que esse número é maior no centro da Argentina, onde há passagem de cerca de 50 frentes frias por ano (aproximadamente uma frente por semana). Um forte gradiente é evidente sobre a região sul e central do Brasil, decorrente da diminuição de incursões de frentes frias em direção ao equador. Ao norte de 30ºS existem duas regiões em que as passagens de frentes frias são mais freqüentes: Uma é ao leste dos Andes entre o norte da Argentina e oeste da Bacia Amazônica. Na média, entre uma e cinco frentes frias chegam no oeste da Amazônia a cada ano, com aproximadamente três frentes alcançando o equador. A outra região é ao longo da costa leste do Brasil, onde na média 5 a 10 frentes chegam até 15ºS a cada ano.
  • 6. CAPÍTULO 6: Frentes Frias sobre o Brazil: Aspectos Observacionais 6 V. Kousky Figura 2. Série temporal de temperatura em 925-hPa (ºC), vento meridional em 925-hPa (m s-1 ), pressão ao nível do mar (hPa) em 30ºS, 52.5ºW, e precipitação média (mm) para a região 28ºS-31ºS, 51ºW-54ºW, no período de Junho a Agosto de 1994. As passagens das frentes frias são indicadas pela seta no topo de cada painel.
  • 7. CAPÍTULO 6: Frentes Frias sobre o Brazil: Aspectos Observacionais 7 V. Kousky Figura 3. Número médio por ano de passagens de frentes frias durante o período de 1979 a 2005. Áreas onde a pressão em superfície é menor que 925 hPa nos dados das reanálises CDAS são mascaradas. Existe uma sazonalidade na frequência de passagens de frentes frias, as quais são mais frequentes durante Maio a Setembro e menos frequentes durante o verão do Hemisfério Sul (Dezembro a Fevereiro) (Figuras 4 e 5). As frentes ocorrem em maior número e durante todo o ano entre 25ºS e 30ºS, mas são mais numerosas de maio a outubro. As frentes frias são mais raras ao norte de 20ºS durante o verão (Dezembro a Fevereiro). Embora no verão ocorram passagens de frentes sobre o sudeste do Brasil que induzem convecção e precipitação nas regiões tropicais e subtropicais da América do Sul (Garreaud e Wallace 1998) e que alimentam a ZCAS, essas nem sempre satisfazem o critério considerado para a identificação de casos, que leva em conta a queda de temperatura, aumento da pressão e mudança na direção do vento.
  • 8. CAPÍTULO 6: Frentes Frias sobre o Brazil: Aspectos Observacionais 8 V. Kousky Figura 4. Número médio de passagens de frentes frias por estação do ano durante o período 1979-2005. Áreas onde a pressão em superfície é menor que 925 hPa nos dados das reanálises CDAS são mascaradas.
  • 9. CAPÍTULO 6: Frentes Frias sobre o Brazil: Aspectos Observacionais 9 V. Kousky Figura 5. Número médio de passagens de frentes frias por mês no período de 1979 a 2005 para as áreas mostradas no mapa. 4. Características da circulação atmosférica associadas com as frentes frias Nesta seção são apresentadas as características que normalmente acompanham as passagens de frentes frias sobre o Brasil. Foram usados quatro pontos de referência para identificar a passagem de frentes em diversas regiões do país, localizados no sul do Brasil (SBR, 30ºS, 52.5ºW), oeste do Amazonas (WBR, 10S, 65W), sudeste do Brasil (SEBR, 22.5S, 45W) e nordeste do Brasil (NEBR, 15S, 40W) (Figura 6). Para cada região foram feitos compostos de casos identificados de passagens de frentes para analisar as características da circulação atmosférica.
  • 10. CAPÍTULO 6: Frentes Frias sobre o Brazil: Aspectos Observacionais 10 V. Kousky Figura 6. Pontos de referência para identificação de passagem de frentes e elaboração de compostos, para cada região, da circulação atmosférica associada. a). Sul do Brasil (SBR) Como indicado na seção 3, as passagens de frentes frias ocorrem durante todo o ano sobre o sul do Brasil. Contudo, as frentes frias são mais frequentes durante Junho a Setembro. Compostos de anomalia de geopotencial em 500 hPa e Pressão ao Nível do Mar (PNM) associados com os 50 casos mais intensos de passagens de frentes frias em Julho (1979 a 2005) são mostrados na Figura 7. Os casos foram selecionados pela ordem decrescente da diminuição de temperatura em 925-hPa associada com cada evento, considerando os casos com as maiores reduções. Antes da passagem da frente fria no SBR (tempo t), um cavado em 500- hPa é observado ao longo da costa oeste da América do Sul (Figura 7, painel inferior, t-1) e um sistema de baixa pressão (Baixa do Chaco) está localizado sobre o norte da Argentina (Figura 7, painel superior, t-1). Temperaturas acima da média em 925-hPa são observadas sobre o norte da Argentina, Paraguai, Uruguai e em quase todo o Brasil (Figura 7, painel intermediário). Temperaturas mais baixas do que a média em 925- hPa ocorrem sobre o sul da Argentina. As anomalias nos campos de vento e temperatura em 925-hPa são consistentes com uma frente fria localizada na região central da Argentina. No tempo t, o cavado em 500- hPa avança para leste sobre a Argentina e a frente fria (eixo de anomalias negativas de SLP e mudança no sentido do vento em 925-hPa) avança para norte em direção ao sul do Brasil. A frente fria continua a se deslocar na direção nordeste durante os próximos 3 dias, ao mesmo tempo que o cavado em 500-hPa se
  • 11. CAPÍTULO 6: Frentes Frias sobre o Brazil: Aspectos Observacionais 11 V. Kousky desloca para leste cruzando a América do Sul em direção ao Oceano Atlântico. O sistema de alta pressão atravessa os Andes no dia t+1 e daí se move para nordeste sobre o continente seguindo a frente no dia t+2. Um cavado na pressão em superfície é evidente ao longo da costa do Chile nos tempos t+1 and t+2. Esta característica tem sido associada à ausência de nuvens sobre o Pacífico Leste, observada em imagens de satélite, o que é parcialmente devido ao movimento subsidente sobre o lado leste dos Andes e parcialmente devido à subsidência de grande escala associada com o desenvolvimento da crista em 500-hPa sobre o Pacífico Leste (Figura 7, painel inferior, tempo t+1). b) Oeste da Amazonia (WBR) As características da circulação nos compostos de 37 passagens frontais sobre o oeste da Amazônia em julho são mostradas na Figura 8. A evolução das características da circulação é muito semelhante àquela discutida para o sul do Brasil, com uma defasagem de 1 dia (comparar Figuras 7 e 8). Enquanto a frente fria e o anticiclone em superfície avançam em direção ao equador entre os tempos t-1 and t+2, os ventos em baixos níveis (925-hPa) mudam de noroeste para de sul e sudeste, com o mais forte escoamento de sul sobre a região a leste dos Andes. Ventos de sul e temperaturas abaixo da média alcançam as vizinhanças do equador sobre o oeste da Amazônia no tempo t+2. Ao longo da costa leste do Brasil a frente de desloca até próximo de 20ºS. As configurações da circulação para as frentes frias que ocorreram em Julho sobre o Sudeste e Nordeste do Brasil (não mostradas) são muito semelhantes àquelas mostradas para o oeste da Amazônia. A única diferença é que as configurações para as passagens frontais sobre o Nordeste se assemelham àquelas que ocorrem um dia depois das passagens pelo sudeste e oeste da Amazônia.
  • 12. CAPÍTULO 6: Frentes Frias sobre o Brazil: Aspectos Observacionais 12 V. Kousky Figura 7. Evolução diária dos compostos, do tempo t-1 ao tempo t+3, de pressão ao nível do mar (PNM) e anomalias (painel superior), vetor vento e anomalias de temperatura em 925-hPa (painel intermediário) e altura geopotencial em 500-hPa e anomalias (painel inferior) para as 50 frentes mais fortes no sul do Brasil (SBR) durante 1979 a 2005. A passagem frontal em 30ºS, 52.5ºW ocorreu no tempo t. Anomalias são desvios da climatologia diária do período 1979 a 1995. Unidades para PNM, temperatura em 925-hPa e altura geopotencial em 500-hPa height são hPa, ºC e m, respectivamente.
  • 13. CAPÍTULO 6: Frentes Frias sobre o Brazil: Aspectos Observacionais 13 V. Kousky Figura 8. Evolução diária dos compostos, do tempo t-1 ao tempo t+3, de pressão ao nível do mar (PNM) e anomalias (painel superior), vetor vento e anomalias de temperatura em 925-hPa (painel intermediário) e altura geopotencial em 500-hPa e anomalias (painel inferior) para as 37 frentes frias em julho, sobre o oeste da Amazônia (WBR) durante 1979 a 2005. A passagem frontal em 10ºS, 65ºW ocorreu no tempo t. 5. Variabilidade Interanual da freqüência de frentes frias sobre o Brasil A variabilidade interanual do número de frentes que passam sobre três regiões da América do Sul no período entre 1980-2002, analisada por Andrade (2004), é mostrada na Figura 9. Na área 3, que compreende parte
  • 14. CAPÍTULO 6: Frentes Frias sobre o Brazil: Aspectos Observacionais 14 V. Kousky do sul do Brasil e Uruguai, o número de frentes frias variou entre 60 e 70 por ano, em grande parte do período, com valor máximo de 80 em 1984 e mínimo de 51 em 2001. Na área 6, situada na região sudeste, a freqüência de sistemas frontais foi de 50 a 60 na maioria dos anos. No ano de 1999 foi observado o maior valor e em 2001 o menor. Para a área 11 localizada no centro-oeste da América do Sul, a maioria dos anos apresentou entre 35 e 45 passagens de frentes. No entanto, a maior quantidade de sistemas frontais ocorreu em 1982 e menos frentes atingiram essa área em 1980. Não foi observado um padrão para um número máximo ou mínimo de sistemas frontais que atingem as regiões especificadas em eventos de El Niño e La Niña. No entanto, observa-se que para a área 3, o máximo ocorre em 1984, ano em que inicia-se o fenômeno La Niña. Para a área 6 não há muita diferença entre o número de sistemas frontais que ocorre em um ano de El Nino ou La Nina. Entretanto, para a área 11, mais frentes frias foram identificadas em um ano em que o fenômeno El Niño estava ativo (1982). Fedorova e Carvalho (2000) apresentaram outro estudo observacional sobre a freqüência de zonas frontais durante um ano em que ocorreu La Niña (julho de 1996 até março de 1997) e El Niño (julho de 1997 até março de 1998), e os resultados mostraram que a ocorrência de frentes frias na faixa latitudinal entre 20ºS e 40ºS foi maior no ano de El Niño do que de La Niña quando estes fenômenos estavam em suas fases mais ativas. Para os dois anos analisados, as frentes frias foram observadas mais ao sul da América do Sul, mas em anos de El Niño, as frentes tiveram maior freqüência sobre o Rio Grande do Sul e Uruguai. (a)
  • 15. CAPÍTULO 6: Frentes Frias sobre o Brazil: Aspectos Observacionais 15 V. Kousky (b) (c) (d) Figura 9. (a) Mapa da América do Sul destacando as áreas analisadas para ocorrência de passagem de frentes frias e frequência anual de sistemas frontais b) área 3, c) área 6 e d) área 11 para o período de 1980- 2002. (Fonte: Andrade 2004). 6. Efeitos das frentes frias na precipitação As frentes frias têm um efeito na intensidade e distribuição da precipitação durante a passagem das frentes frias sobre a América do Sul (Kousky 1985). Para ilustrar este efeito, foram feitos compostos de precipitação
  • 16. CAPÍTULO 6: Frentes Frias sobre o Brazil: Aspectos Observacionais 16 V. Kousky para todas as frentes frias que passaram pelo sudeste do Brasil durante 3 meses (Setembro, Outubro e Novembro), Figura 10. A precipitação é maior ao longo e atrás da frente que passa no sudeste (SEBR) no tempo t (compare a localização do ponto de referência para o SEBR na Figura 6 com a precipitação mostrada na Figura 10). Nos 3 meses há um deslocamento para nordeste, com o tempo, da precipitação máxima sobre o leste da América do Sul, indicando a influência do deslocamento do sistema frontal. Também é evidente nos 3 meses, um aumento na intensidade da precipitação no oeste da Amazônia depois da passagem das frentes no SEBR (tempos t+1 e t+2). A banda noroeste-sudeste de precipitação mais intensa, evidente nos tempos t+1 e t+2, é frequentemente associada à Zona de Convergência do Atlântico Sul (ZCAS), a qual tem sido bastante estudada desde os anos 1980 (por exemplo, Casarin e Kousky 1986; Nogues-Paegle e Mo 1997; Silva e Kousky 2001; Liebmann et al. 2004; Carvalho et al. 2004, Cunningham e Cavalcanti 2006). Figura 10. Evolução dos compostos do tempo t-2 ao tempo t+2 dias de precipitação (mm/d) para passagem de frentes frias no sudeste do Brasil (SEBR) durante 1979-2005. O número de frentes frias usado nos compostos é de 46 para Setembro, 46 para Outubro e 36 para Novembro.
  • 17. CAPÍTULO 6: Frentes Frias sobre o Brazil: Aspectos Observacionais 17 V. Kousky As análises de precipitação foram realizadas com dados obtidos do NOAA/Climate Prediction Centers disponíveis em http://www.cpc.ncep.noaa.gov/products/precip/realtime/GIS/SA/SA-precip.shtml. Referências Algarve, V. R.; I. F. A. Cavalcanti., 1994: Características da circulação atmosférica associadas à ocorrência de geadas no sul do Brasil. Anais do VII Congresso Brasileiro de Meteorologia, pp. 545-547. Belo Horizonte, MG, Brazil. Andrade, K. M. Climatologia e comportamento dos sistemas frontais sobre a América do Sul. 2005-04-04. 185 pp. (INPE-14056-TDI/1067). Dissertação de Mestrado - Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, São José dos Campos. 2005. Disponível em: http://urlib.net/sid.inpe.br/jeferson/2005/06.15.17.12. Andrade, K. M.; I.F. A. Cavalcanti, 2004. Climatologia dos sistemas frontais e padrões de comportamento para o verão na América do Sul. In: Congresso Brasileiro de |Meteorologia, 13., 2004, Fortaleza. Anais CD-ROM. On-line. (INPE- 12090-PRE/7436). Disponível em: http://urlib.net/cptec.inpe.br/walmeida/2004/09.21.13.45. Carvalho, L.M.V., C. Jones, and B. Liebmann, 2004: The South Atlantic Convergence Zone: Intensity, Form, Persistence, and Relationships with Intraseasonal to Interannual Activity and Extreme Rainfall. J. Climate, 17, 88–108. Casarin, D. P.; V. E. Kousky, 1986: Anomalias de precipitação no sul do Brasil e variações na circulação atmosférica. Rev. Bras. Meteor., 1, 83-90. Cavalcanti, I. F. A. ;V.E. Kousky, 2003. Climatology of South American cold fronts. In: VII international Conference on Southern Hemisphere Meteorology and Oceanography, Wellington. VII International Conference on Southern Hemisphere Meteorology and Oceanography. Massachutts, USA : American Meterological Society. Cunningham, C.C., IFA Cavalcanti, 2006. Intraseasonal modes of variability affecting the South Atlantic Convergence Zone. International Journal of Climatology, 26, 1165-1180.. Fedorova, N.; Carvalho, M. H. Processos sinóticos em anos de La Niña e de El Niño. Parte II: Zonas Frontais. Revista Brasileira de Meteorologia, 15, n.2, p. 57-72, 2000. Fortune, M.; Kousky, V. E., 1983. Two severe freezes in Brazil: precursors and synoptic evolution. Monthly Weather Review, 111, 181-196. Garreaud, R.D.; J.M. Wallace, 1998: Summertime Incursions of Midlatitude Air into Subtropical and Tropical South America. Mon. Wea. Rev., 126, 2713–2733. Garreaud, R. D., 2000: Cold air incursions over subtropical South America: Mean structure and dynamics. Mon. Wea. Rev., 128, 2544-2559. Justi da Silva, M. G. A.; Silva Dias, M. A. F., 2002. A freqüência de fenômenos meteorológicos na América do Sul: Uma climatologia. Anais do XI Congresso Brasileiro de Meteorologia, Foz do Iguaçu, CD-ROM. Kousky, V. E., 1979: Frontal influences on Northeast Brazil. Mon. Wea. Rev., 107, 1140-1153. Kousky, V. E.; N. J. Ferreira, 1981: Interdiurnal surface pressure variations in Brazil: Their spatial distributions, origins and effects. Mon. Wea. Rev., 109, 1999-2008.
  • 18. CAPÍTULO 6: Frentes Frias sobre o Brazil: Aspectos Observacionais 18 V. Kousky Kousky, V. E., 1985: Atmospheric Circulation Changes Associated with Rainfall Anomalies over Tropical Brazil. Mon. Wea. Rev., 113, 1951-1957. Kousky, V. E., I. F. A. Cavalcanti, 1997: The principal modes of high-frequency variability over the South American region. Preprints Fifth International Conference on Southern Hemisphere Meteorology and Oceanography, Pretoria, South Africa, 7-11 April 1997, 226-227. Kousky, V.E.; I.F.A. Cavalcanti, 1988. Precipitation and atmospheric circulation anomaly patterns in the South American sector. Revi. Brasil. de Meteor., 3, 199-206. Liebmann, B., G. N. Kiladis, C. S. Vera, A. C. Saulo, L. M. V. Carvalho, 2004. Subseasonal variations of rainfall in South America in the vicinity of the low-level jet east of the Andes and comparison to those in the South Atlantic Convergence Zone. J. Climate, 17, 3829-3842. Nogúes-Paegle, J.; K.C. Mo, 1997. Alternating wet and dry conditions over South America during summer. Mon. Wea. Rev., 125, 279-291. Oliveira, A. S., 1986. Interações entre sistemas frontais na América do Sul e convecção na Amazônia, 134 p. (INPE- 4008-TDL/239). (Dissertação Mestrado em Meteorologia) – Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, São José dos Campos. Parmenter, F. C., 1976: A Southern Hemisphere cold front passage at the equator. Bull. Amer. Meteor. Soc., 57, 1435- 1440. Silva, V. B. S.; V. E. Kousky, 2001: Variabilidade de precipitação sobre o leste do Brasil durante o verão de 1999/2000. Rev. Bras. Meteor., 16, 187-199. Taljaard, J. J., 1972. Topics: Synoptic meteorology of the Southern Hemisphere. Meteorological Monographs, 13, 35,129-213. Vera, C. S.; P. K. Vigliarolo, 2000: A diagnostic study of cold-air outbreaks over South America. Mon. Wea. Rev., 128, 3-24.