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GUIGNARD, Alberto da Veiga (1896-1962). Nascido em Nova Friburgo (RJ) e falecido em
Belo Horizonte (MG). Seu avô materno, francês, foi cabeleireiro na Corte de Pedro II. O pai,
Alberto José Guignard, faleceria em 1906, com menos de 40 anos e em circunstâncias no
mínimo nebulosas, quando a arma que limpava disparou, atingindo-o mortalmente: deixou uma
grande dívida, que a viúva conseguiu saldar com o dinheiro do seguro. Já velho, Guignard
recordava-se com emoção da figura paterna: segundo Clarival Valladares, um dos temas mais
freqüentes de toda a sua obra, as Noites de São João, seria mesmo "a evocação mais remota
do pai quando tirava o filho da cama e, carregando-o nos braços, levava-o para ver os balões,
os fogos, as luzes e as alegrias dos outros nas noites de São João".

Um ano após enviuvar, sua mãe Leonor da Veiga casou-se de novo, agora com um nobre
alemão arruinado - o Barão Friedrich von Schilgen, partindo toda a família para a Europa em
1907. Ali, sucessivamente na Suíça, em França e na Alemanha, Guignard concluiria seus
estudos preparatórios. Em 1910 hei-lo cursando Agronomia numa fazenda-escola de Freising,
próximo a Munique:

- Eram 14º abaixo de zero, e eu espalhando adubo na planície. Coisa de alemão. É claro que
adoeci.

Só em 1916 deu inicio a seus estudos artísticos, matriculando-se na Academia de Munique,
como aluno de Adolf Hengeler e Hermann Groeber. Quando esteve rapidamente no Brasil em
1924, trazia consigo um documento, de fevereiro desse mesmo ano, no qual se dizia:

- O estudante da Academia de Artes Plásticas de Munique, Sr. Alberto da Veiga Guignard, do
Rio de Janeiro, volta por algum tempo à sua pátria, para lá viver em sua profissão de artista.
Durante seus nove semestres de estudos em nossa Academia, o Sr. Veiga Guignard destacou-
se por seu grande aproveitamento, seu grande sucesso e comportamento exemplar, e ganhou
a confiança de seus mestres, os catedráticos Groeber e Hengeler, como também da diretoria.
Recomendamos o Sr. Veiga Guignard à assistência de todas as repartições públicas com o
maior interesse, e pedimos ajudá-lo em sua viagem, para entrada em sua pátria e durante sua
permanência lá.

Os dados relativos ao aprendizado de Guignard são aliás controvertidos: o próprio pintor
afirmou, em 1952, ter estudado "na Alemanha, sob uma disciplina muito a rigor. Três anos de
pintura e seis de desenho". Mas, segundo sua amiga e confidente Lúcia Machado de Almeida,
o artista foi em 1916 a Florença, e em 1918 radicou-se na França por dois anos, vivendo em
Grasse. Tornaria a Florença em 1920, residindo por três anos na pensão de uma Senhora Iris
Banchi. Sua primeira pintura a óleo nasceu em Florença, por essa ocasião: Lúcia Machado de
Almeida, que chegou a vê-la em mãos da Sra. Banchi, descreveu-a como "uma deliciosa
paisagem com árvores e lagoa".

Em 1923 Guignard casou-se com uma jovem alemã, estudante de Música, Anna Döring. Esse
é outro capítulo obscuro da biografia do artista: diz-se que o casal chegou a ter um filho, morto
com apenas um ano de idade, e que depois disso, Anna abandonou o marido, durante a
permanência em Florença. A ruptura teria profunda repercussão no ânimo de Guignard, que
nunca se recuperou de todo. Anna faleceu em 1930, aos 32 anos, em Munique, quando
Guignard já voltara ao Brasil.

Esse regresso ao Brasil, em 1929, revelará a Guignard que o que aprendera na Europa "nada
tinha a ver com as cores e paisagens brasileiras" - como disse depois, numa entrevista. Deu
início então a longo processo de revisão de sua técnica e de seus conceitos, que adaptou às
circunstâncias. Na verdade, teve dois choques, ao desembarcar: um, com o acanhado meio
artístico, no Rio de Janeiro daquela época, conservador e reacionário; o outro, e bem mais
profundo, com a própria natureza exuberante do país.

Dos pintores de orientação moderna ativos no Rio de Janeiro ao tempo do regresso de
Guignard em 1929, um, Ismael Nery, chamaria desde logo a atenção do forasteiro por seu
imenso talento. Era porém um caso isolado, incapaz de modificar, substancialmente, o meio
que o cercava, e que terminaria inclusive por vitimá-lo. Mesmo assim, é justo falar-se numa
breve influência de Nery sobre Guignard, em começos da década de 1930.

Expondo no Salão Nacional de Belas Artes desde 1924, conquistou, naquele ano, menção
honrosa; sucessivamente ser-lhe-iam concedidas medalhas de bronze (1929), prata (1939) e
ouro (1942), além do prêmio de viagem ao país (1940).

Em 1944 o então prefeito de Belo Horizonte, Juscelino Kubitschek, convidou Guignard para
orientador de um curso livre de desenho e pintura que pretendia criar na capital mineira.
Guignard, que já lecionava no Rio de Janeiro (Fundação Osório), aceitou o convite, e se
transferiu definitivamente para Minas Gerais, onde transcorreria o resto de sua existência. Na
Escola (cujo nome foi mudado, após 1962, para Escolinha de Guignard, em homenagem
póstuma ao grande artista), coube-lhe orientar toda uma série de artistas mineiros, como
Marília Gianetti Torres, Maria Helena Andrés, Mario Silésio, Wilde Lacerda, Heitor Coutinho,
Farnese, Chanina, Estêvão etc.

Guignard realizou poucas exposições individuais (a mais importante em 1953, no Museu de
Arte Moderna do Rio de Janeiro), mas participou de um sem-número de coletivas, dentro e fora
do Brasil: em 1923 e 1928 expôs no Salon D'Automne, em Paris, e nesse último ano também
na Bienal de Veneza: em 1951 esteve presente na I Bienal de São Paulo; e também integrou
exposições de arte brasileira enviadas em 1945 e 1957 a diversos países sul-americanos.
Ainda em 1951, expondo no Salão Nacional de Belas Artes, foi-lhe atribuída a medalha de
honra, distinção essa raras vezes concedida a um pintor de orientação não-conservadora.

Guignard, que faleceu a 26 de junho de 1962 no Hospital São Lucas, de Belo Horizonte, foi
enterrado em Ouro Preto. De família abastada, morreu pobre, depois de ter vivido quase
sempre sozinho, em humildes quartos de pensão, buscando no álcool um pouco de alívio e
fuga para os seus problemas. Desde o ano anterior, fora criada em Belo Horizonte a Fundação
Guignard, com a finalidade "de resguardar o bem-estar físico e moral e zelar pelo patrimônio
artístico do pintor Alberto da Veiga Guignard". Após seu desaparecimento, sucederam-se as
mostras póstumas (BH, 1963, 1966, 1972, 1996; RJ, 1974).

Falando sobre si mesmo e de sua arte, cerca de um ano antes de morrer, Guignard esboçou
uma curta autobiografia que a seguir transcrevemos, porquanto se trata de importante auto-
retrato psicológico do grande pintor:

- Nasceu em Nova Friburgo, em 25 de fevereiro de 1896, feio como todo recém-nascido.
Estudou em Munique, na Real Academia de Belas Artes, onde aprendeu desenho e amou. De
acadêmico passou a moderno, após ter visto uma exposição de arte moderna alemã: o
modernismo o fascinou. Em 1930 veio para o Brasil, onde teve um choque com o ambiente
artístico, bem acanhado com relação à Europa. Abriu seu ateliê no Jardim Botânico, entre a
vegetação e milhares de mosquitos. Veio para Belo Horizonte, a chamado do então Prefeito
Juscelino Kubitschek, e daqui se enamorou desde o primeiro dia da paisagem. Fundou a
Escolinha de Guignard que tem vivido por milagre e amor de alunos e mestre, e aqui ensinou
arte a diversas gerações de jovens. Adora ser cercado pela juventude, principalmente moças
bonitas, e Ouro Preto é a sua cidade, amor, inspiração.

Em sua singeleza, tal depoimento é básico a quantos desejem penetrar o mundo de idéias do
artista, isso porque, mesmo contendo algumas inexatidões (o retorno ao Brasil, por exemplo,
não se deu em 1930, mas um ano antes), põe em realce fatos e circunstâncias a que Guignard
atribuía valor fundamental, omitindo outros aos quais não concedia senão relativo interesse.

Feio como todo recém-nascido... Todos os que conheceram Guignard de perto sabem como
sofria com sua aparência física, mormente com o defeito congênito - fissura palatina - que lhe
anasalava a voz, tornado-a um balbucio incompreensível. Fora seu breve casamento na
Alemanha (com uma jovem estudante, Anna Döring, que logo o abandonou), Guignard viveu
sempre solitário, apesar de "cercado pela juventude, principalmente moças bonitas".
Freqüentemente apaixonado - em segredo - por essa ou aquela jovem, recorria, decepcionado,
ao álcool, buscando assim refazer-se das desilusões. Raimundo Magalhães Júnior assim
resumiu sua vida amorosa:

- Seu drama pessoal começara na Itália, para onde fora em lua-de-mel, depois de se ter
casado com uma alemãzinha, que foi o grande amor de sua vida. Em Florença, ela deixou o
pintor para sempre. E o golpe foi terrível. Nunca mais Guignard se refez. Não encontrou uma
substituta para ela. Gostava de moças, prestava-lhes homenagens, mas todas lhe fugiam,
como se o temessem.

Estudou em Munique, na Real Academia de Belas Artes, onde aprendeu desenho e amou... É
sabido ter Guignard estudado em Munique, mas igualmente em outros grandes centros
culturais; em sua curta autobiografia, refere-se porém somente à cidade alemã, omitindo por
completo Florença e Paris. Por que tê-lo-á feito? Certamente porque considerava Munique a
cidade em que se dera efetivamente sua formação artística, e o encontro, talvez, com a arte
moderna alemã, que iria - segundo suas próprias palavras - mudá-lo de acadêmico em
moderno. Aliás, Guignard não escreveu onde aprendeu pintura, e sim onde aprendeu desenho,
tal a importância que concedia a esse meio expressivo. Finalmente, a sucinta indicação de que
em Munique amou é também sintomática: Guignard casou-se em Munique com uma estudante
de música - a já mencionada Anna Döring -, com quem teria tido mesmo um filho, falecido com
apenas um ano de idade. A própria Anna morreria em 1930, pouco depois de o ter abandonado
durante uma viagem à Itália.

De acadêmico passou a moderno, após ter visto uma exposição de arte moderna alemã. Na
verdade, a despeito do longo aprendizado na Academia, Guignard não terá sido nunca um puro
acadêmico, um conservador, um repetidor de fórmulas herdadas do passado. Basta dizer que
dois de seus mestres, Groeber e Hengeler, também nada tinham de acadêmicos, sendo que o
primeiro participara da Sezession, um grupo de vanguarda surgido em 1892, e que abriria o
caminho para o Expressionismo germânico. Quanto à mostra de arte moderna alemã
presenciada por Guignard, ele próprio declarou, em depoimento a Celina Ferreira, acreditar que
se tratava de uma exposição do grupo Die Brücke, liderado por Kirchner.

Da arte de Guignard anterior ao seu regresso ao Brasil pouco se sabe, a não ser que o artista,
ele mesmo, considerava-se acadêmico, o que, como já foi dito, é bem relativo. Assim, é
necessário julgá-lo pela série de numerosas obras que produziu em nosso país, de 1929 até
vésperas de morrer, em 1962. O que caracteriza todas essas obras é a coerência e a fidelidade
a um espírito de simplificação e de ingenuidade. Há, logicamente, evolução na arte de
Guignard; mas uma evolução sem rupturas, sem desvios abruptos de rumo, lenta e
progressiva. Guignard permaneceu sempre igual a si mesmo: e embora fosse obviamente
pintor de sensibilidade moderna, nunca chegaria a ser um iconoclasta ou um extremado. Nós o
aproximaríamos do espírito da Nova Objetividade, movimento artístico de origem germânica
que, transpondo os limites do real, buscava impregná-lo de mágica poesia.

Guignard concedeu sempre ao desenho importância fundamental, e ao longo da existência irá
a ele referir-se como base de toda a experiência artística. O estudo da linha como elemento
primordial da arte de Guignard impõe-se, portanto, até porque o artista organiza seus quadros
mais como desenhista do que como pintor, o que em alguns momentos, felizmente raros, de
sua produção, ameaça transformar sua pintura em desenho colorido.

Paisagista acima de tudo, Guignard ordenava espacialmente seus quadros em camadas
horizontais que se alteavam gradativamente em direção aos últimos planos. O predomínio da
horizontalidade é porém interrompido a intervalos por elementos verticais, como árvores, uma
torre de igreja, uma quina de muro. Esse ordenamento espacial em camadas horizontais evoca
o procedimento análogo de certos pintores dos Séculos XV e XVI, como Memling e Patenier,
certamente do conhecimento e da admiração de Guignard.

Preencher o espaço do quadro com uma série de pequeninos detalhes é outra das
características da composição das pinturas de Guignard. Em algumas obras religiosas - faces
do Cristo e da Virgem, por exemplo - as margens da pintura são subdivididas em pequenas
reservas, preenchidas com cenas tiradas aos Testamentos, em procedimento que lembra o dos
velhos pintores eslavos de ícones. Em diversas paisagens, por outro lado, apenas no primeiro
plano, em exígua faixa próxima ao olho do espectador, acumulam-se tais elementos pitorescos,
resolvidos aliás com mais realismo, quedando todo o resto do espaço pictórico para a
representação do céu.

Guignard é fiel à cor natural: suas casas têm paredes brancas, as árvores têm copas verdes, o
céu é azul, e assim por diante. A perspectiva aérea é também respeitada: cores quentes no
primeiro plano, frias nos longes, e entre eles, toda uma bem observada gradação.

No que diz respeito à técnica, Guignard pintava em camadas fluidas, que se sucediam e
sotopunham umas às outras, à maneira dos antigos que tão bem estudou. Seus trabalhos, por
isso, guardam uma impressão de frescor dificilmente igualada. O artista é parcimonioso em sua
escrita pictórica, preferindo a pincelada lisa aos empastamentos.

Quanto à produção de Guignard, compreende, além de paisagens, cenas da vida brasileira,
retratos e auto-retratos, naturezas-mortas e pinturas de temática religiosa, além de curiosas
experimentações a que denominou pinturas musicais, e que significariam a transposição, em
termos visuais, de composições musicais, com soluções formais por vezes beirando o
Abstracionismo. Cenas da vida brasileira são por exemplo a Família do Fuzileiro Naval, que
pertenceu a Mario de Andrade, hoje no Instituto de Estudos Brasileiros da Universidade de São
Paulo; ou Duas Gêmeas, do Ministério da Educação, ou até mesmo as incontáveis Noites de
São João, que podem também ser incluídas entre as paisagens ou as vistas de cidades reais
ou imaginárias, em que foi mestre. Foi aliás com suas paisagens imaginárias de antigas
cidades mineiras, ocupando imensos espaços entre montanhas, que o artista mais se
distinguiria, criando-se, nesse setor, um campo inesgotável. Sempre como paisagista, realcem-
se principalmente as diversas obras em que fixou aspectos e recantos do Jardim Botânico do
Rio de Janeiro, e ainda de Itatiaia e Nova Friburgo, Parque Municipal de Belo Horizonte, Lagoa
Santa e afinal Ouro Preto, Sabará, São João del Rei.

Excelente pintor de figuras, Guignard destacou-se ainda por seus retratos e numerosíssimos
auto-retratos, e pode ser considerado um dos melhores pintores de naturezas-mortas de toda a
pintura brasileira. De resto, num tempo em que era pouco comum praticá-la, reviveu a pintura
religiosa, tendo sido autor de extraordinárias Vias Sacras, incursionando também, já quase ao
fim da vida, pela pintura histórica.

                              Os noivos, óleo s/ madeira, 1927;
                            0,58 x 0,48, Museus Castro Maya, RJ

                         Família do fuzileiro naval, óleo s/ tela, 1935;
                     0,58 X 0,42, Instituto de Estudos Brasileiros da USP.

                                Léa e Maura, óleo s/ tela, 1940;
                       1,10 x 1,30, Museu Nacional de Belas Artes, RJ.

                                     Ouro Preto, 1950;
                     0,60 X 1,00, Museu de Arte Contemporânea da USP.

                              Ouro Preto, óleo s/ madeira, 1951;
                     0,40 X 0,50, Museu de Arte Contemporânea da USP.

                            Vista de Ouro Preto, óleo s/ tela, 1960;
                            0,35 X 0,74, Palácio Bandeirantes, SP.

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  • 1. GUIGNARD, Alberto da Veiga (1896-1962). Nascido em Nova Friburgo (RJ) e falecido em Belo Horizonte (MG). Seu avô materno, francês, foi cabeleireiro na Corte de Pedro II. O pai, Alberto José Guignard, faleceria em 1906, com menos de 40 anos e em circunstâncias no mínimo nebulosas, quando a arma que limpava disparou, atingindo-o mortalmente: deixou uma grande dívida, que a viúva conseguiu saldar com o dinheiro do seguro. Já velho, Guignard recordava-se com emoção da figura paterna: segundo Clarival Valladares, um dos temas mais freqüentes de toda a sua obra, as Noites de São João, seria mesmo "a evocação mais remota do pai quando tirava o filho da cama e, carregando-o nos braços, levava-o para ver os balões, os fogos, as luzes e as alegrias dos outros nas noites de São João". Um ano após enviuvar, sua mãe Leonor da Veiga casou-se de novo, agora com um nobre alemão arruinado - o Barão Friedrich von Schilgen, partindo toda a família para a Europa em 1907. Ali, sucessivamente na Suíça, em França e na Alemanha, Guignard concluiria seus estudos preparatórios. Em 1910 hei-lo cursando Agronomia numa fazenda-escola de Freising, próximo a Munique: - Eram 14º abaixo de zero, e eu espalhando adubo na planície. Coisa de alemão. É claro que adoeci. Só em 1916 deu inicio a seus estudos artísticos, matriculando-se na Academia de Munique, como aluno de Adolf Hengeler e Hermann Groeber. Quando esteve rapidamente no Brasil em 1924, trazia consigo um documento, de fevereiro desse mesmo ano, no qual se dizia: - O estudante da Academia de Artes Plásticas de Munique, Sr. Alberto da Veiga Guignard, do Rio de Janeiro, volta por algum tempo à sua pátria, para lá viver em sua profissão de artista. Durante seus nove semestres de estudos em nossa Academia, o Sr. Veiga Guignard destacou- se por seu grande aproveitamento, seu grande sucesso e comportamento exemplar, e ganhou a confiança de seus mestres, os catedráticos Groeber e Hengeler, como também da diretoria. Recomendamos o Sr. Veiga Guignard à assistência de todas as repartições públicas com o maior interesse, e pedimos ajudá-lo em sua viagem, para entrada em sua pátria e durante sua permanência lá. Os dados relativos ao aprendizado de Guignard são aliás controvertidos: o próprio pintor afirmou, em 1952, ter estudado "na Alemanha, sob uma disciplina muito a rigor. Três anos de pintura e seis de desenho". Mas, segundo sua amiga e confidente Lúcia Machado de Almeida, o artista foi em 1916 a Florença, e em 1918 radicou-se na França por dois anos, vivendo em Grasse. Tornaria a Florença em 1920, residindo por três anos na pensão de uma Senhora Iris Banchi. Sua primeira pintura a óleo nasceu em Florença, por essa ocasião: Lúcia Machado de Almeida, que chegou a vê-la em mãos da Sra. Banchi, descreveu-a como "uma deliciosa paisagem com árvores e lagoa". Em 1923 Guignard casou-se com uma jovem alemã, estudante de Música, Anna Döring. Esse é outro capítulo obscuro da biografia do artista: diz-se que o casal chegou a ter um filho, morto com apenas um ano de idade, e que depois disso, Anna abandonou o marido, durante a permanência em Florença. A ruptura teria profunda repercussão no ânimo de Guignard, que nunca se recuperou de todo. Anna faleceu em 1930, aos 32 anos, em Munique, quando Guignard já voltara ao Brasil. Esse regresso ao Brasil, em 1929, revelará a Guignard que o que aprendera na Europa "nada tinha a ver com as cores e paisagens brasileiras" - como disse depois, numa entrevista. Deu início então a longo processo de revisão de sua técnica e de seus conceitos, que adaptou às circunstâncias. Na verdade, teve dois choques, ao desembarcar: um, com o acanhado meio artístico, no Rio de Janeiro daquela época, conservador e reacionário; o outro, e bem mais profundo, com a própria natureza exuberante do país. Dos pintores de orientação moderna ativos no Rio de Janeiro ao tempo do regresso de Guignard em 1929, um, Ismael Nery, chamaria desde logo a atenção do forasteiro por seu imenso talento. Era porém um caso isolado, incapaz de modificar, substancialmente, o meio
  • 2. que o cercava, e que terminaria inclusive por vitimá-lo. Mesmo assim, é justo falar-se numa breve influência de Nery sobre Guignard, em começos da década de 1930. Expondo no Salão Nacional de Belas Artes desde 1924, conquistou, naquele ano, menção honrosa; sucessivamente ser-lhe-iam concedidas medalhas de bronze (1929), prata (1939) e ouro (1942), além do prêmio de viagem ao país (1940). Em 1944 o então prefeito de Belo Horizonte, Juscelino Kubitschek, convidou Guignard para orientador de um curso livre de desenho e pintura que pretendia criar na capital mineira. Guignard, que já lecionava no Rio de Janeiro (Fundação Osório), aceitou o convite, e se transferiu definitivamente para Minas Gerais, onde transcorreria o resto de sua existência. Na Escola (cujo nome foi mudado, após 1962, para Escolinha de Guignard, em homenagem póstuma ao grande artista), coube-lhe orientar toda uma série de artistas mineiros, como Marília Gianetti Torres, Maria Helena Andrés, Mario Silésio, Wilde Lacerda, Heitor Coutinho, Farnese, Chanina, Estêvão etc. Guignard realizou poucas exposições individuais (a mais importante em 1953, no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro), mas participou de um sem-número de coletivas, dentro e fora do Brasil: em 1923 e 1928 expôs no Salon D'Automne, em Paris, e nesse último ano também na Bienal de Veneza: em 1951 esteve presente na I Bienal de São Paulo; e também integrou exposições de arte brasileira enviadas em 1945 e 1957 a diversos países sul-americanos. Ainda em 1951, expondo no Salão Nacional de Belas Artes, foi-lhe atribuída a medalha de honra, distinção essa raras vezes concedida a um pintor de orientação não-conservadora. Guignard, que faleceu a 26 de junho de 1962 no Hospital São Lucas, de Belo Horizonte, foi enterrado em Ouro Preto. De família abastada, morreu pobre, depois de ter vivido quase sempre sozinho, em humildes quartos de pensão, buscando no álcool um pouco de alívio e fuga para os seus problemas. Desde o ano anterior, fora criada em Belo Horizonte a Fundação Guignard, com a finalidade "de resguardar o bem-estar físico e moral e zelar pelo patrimônio artístico do pintor Alberto da Veiga Guignard". Após seu desaparecimento, sucederam-se as mostras póstumas (BH, 1963, 1966, 1972, 1996; RJ, 1974). Falando sobre si mesmo e de sua arte, cerca de um ano antes de morrer, Guignard esboçou uma curta autobiografia que a seguir transcrevemos, porquanto se trata de importante auto- retrato psicológico do grande pintor: - Nasceu em Nova Friburgo, em 25 de fevereiro de 1896, feio como todo recém-nascido. Estudou em Munique, na Real Academia de Belas Artes, onde aprendeu desenho e amou. De acadêmico passou a moderno, após ter visto uma exposição de arte moderna alemã: o modernismo o fascinou. Em 1930 veio para o Brasil, onde teve um choque com o ambiente artístico, bem acanhado com relação à Europa. Abriu seu ateliê no Jardim Botânico, entre a vegetação e milhares de mosquitos. Veio para Belo Horizonte, a chamado do então Prefeito Juscelino Kubitschek, e daqui se enamorou desde o primeiro dia da paisagem. Fundou a Escolinha de Guignard que tem vivido por milagre e amor de alunos e mestre, e aqui ensinou arte a diversas gerações de jovens. Adora ser cercado pela juventude, principalmente moças bonitas, e Ouro Preto é a sua cidade, amor, inspiração. Em sua singeleza, tal depoimento é básico a quantos desejem penetrar o mundo de idéias do artista, isso porque, mesmo contendo algumas inexatidões (o retorno ao Brasil, por exemplo, não se deu em 1930, mas um ano antes), põe em realce fatos e circunstâncias a que Guignard atribuía valor fundamental, omitindo outros aos quais não concedia senão relativo interesse. Feio como todo recém-nascido... Todos os que conheceram Guignard de perto sabem como sofria com sua aparência física, mormente com o defeito congênito - fissura palatina - que lhe anasalava a voz, tornado-a um balbucio incompreensível. Fora seu breve casamento na Alemanha (com uma jovem estudante, Anna Döring, que logo o abandonou), Guignard viveu sempre solitário, apesar de "cercado pela juventude, principalmente moças bonitas". Freqüentemente apaixonado - em segredo - por essa ou aquela jovem, recorria, decepcionado,
  • 3. ao álcool, buscando assim refazer-se das desilusões. Raimundo Magalhães Júnior assim resumiu sua vida amorosa: - Seu drama pessoal começara na Itália, para onde fora em lua-de-mel, depois de se ter casado com uma alemãzinha, que foi o grande amor de sua vida. Em Florença, ela deixou o pintor para sempre. E o golpe foi terrível. Nunca mais Guignard se refez. Não encontrou uma substituta para ela. Gostava de moças, prestava-lhes homenagens, mas todas lhe fugiam, como se o temessem. Estudou em Munique, na Real Academia de Belas Artes, onde aprendeu desenho e amou... É sabido ter Guignard estudado em Munique, mas igualmente em outros grandes centros culturais; em sua curta autobiografia, refere-se porém somente à cidade alemã, omitindo por completo Florença e Paris. Por que tê-lo-á feito? Certamente porque considerava Munique a cidade em que se dera efetivamente sua formação artística, e o encontro, talvez, com a arte moderna alemã, que iria - segundo suas próprias palavras - mudá-lo de acadêmico em moderno. Aliás, Guignard não escreveu onde aprendeu pintura, e sim onde aprendeu desenho, tal a importância que concedia a esse meio expressivo. Finalmente, a sucinta indicação de que em Munique amou é também sintomática: Guignard casou-se em Munique com uma estudante de música - a já mencionada Anna Döring -, com quem teria tido mesmo um filho, falecido com apenas um ano de idade. A própria Anna morreria em 1930, pouco depois de o ter abandonado durante uma viagem à Itália. De acadêmico passou a moderno, após ter visto uma exposição de arte moderna alemã. Na verdade, a despeito do longo aprendizado na Academia, Guignard não terá sido nunca um puro acadêmico, um conservador, um repetidor de fórmulas herdadas do passado. Basta dizer que dois de seus mestres, Groeber e Hengeler, também nada tinham de acadêmicos, sendo que o primeiro participara da Sezession, um grupo de vanguarda surgido em 1892, e que abriria o caminho para o Expressionismo germânico. Quanto à mostra de arte moderna alemã presenciada por Guignard, ele próprio declarou, em depoimento a Celina Ferreira, acreditar que se tratava de uma exposição do grupo Die Brücke, liderado por Kirchner. Da arte de Guignard anterior ao seu regresso ao Brasil pouco se sabe, a não ser que o artista, ele mesmo, considerava-se acadêmico, o que, como já foi dito, é bem relativo. Assim, é necessário julgá-lo pela série de numerosas obras que produziu em nosso país, de 1929 até vésperas de morrer, em 1962. O que caracteriza todas essas obras é a coerência e a fidelidade a um espírito de simplificação e de ingenuidade. Há, logicamente, evolução na arte de Guignard; mas uma evolução sem rupturas, sem desvios abruptos de rumo, lenta e progressiva. Guignard permaneceu sempre igual a si mesmo: e embora fosse obviamente pintor de sensibilidade moderna, nunca chegaria a ser um iconoclasta ou um extremado. Nós o aproximaríamos do espírito da Nova Objetividade, movimento artístico de origem germânica que, transpondo os limites do real, buscava impregná-lo de mágica poesia. Guignard concedeu sempre ao desenho importância fundamental, e ao longo da existência irá a ele referir-se como base de toda a experiência artística. O estudo da linha como elemento primordial da arte de Guignard impõe-se, portanto, até porque o artista organiza seus quadros mais como desenhista do que como pintor, o que em alguns momentos, felizmente raros, de sua produção, ameaça transformar sua pintura em desenho colorido. Paisagista acima de tudo, Guignard ordenava espacialmente seus quadros em camadas horizontais que se alteavam gradativamente em direção aos últimos planos. O predomínio da horizontalidade é porém interrompido a intervalos por elementos verticais, como árvores, uma torre de igreja, uma quina de muro. Esse ordenamento espacial em camadas horizontais evoca o procedimento análogo de certos pintores dos Séculos XV e XVI, como Memling e Patenier, certamente do conhecimento e da admiração de Guignard. Preencher o espaço do quadro com uma série de pequeninos detalhes é outra das características da composição das pinturas de Guignard. Em algumas obras religiosas - faces do Cristo e da Virgem, por exemplo - as margens da pintura são subdivididas em pequenas reservas, preenchidas com cenas tiradas aos Testamentos, em procedimento que lembra o dos
  • 4. velhos pintores eslavos de ícones. Em diversas paisagens, por outro lado, apenas no primeiro plano, em exígua faixa próxima ao olho do espectador, acumulam-se tais elementos pitorescos, resolvidos aliás com mais realismo, quedando todo o resto do espaço pictórico para a representação do céu. Guignard é fiel à cor natural: suas casas têm paredes brancas, as árvores têm copas verdes, o céu é azul, e assim por diante. A perspectiva aérea é também respeitada: cores quentes no primeiro plano, frias nos longes, e entre eles, toda uma bem observada gradação. No que diz respeito à técnica, Guignard pintava em camadas fluidas, que se sucediam e sotopunham umas às outras, à maneira dos antigos que tão bem estudou. Seus trabalhos, por isso, guardam uma impressão de frescor dificilmente igualada. O artista é parcimonioso em sua escrita pictórica, preferindo a pincelada lisa aos empastamentos. Quanto à produção de Guignard, compreende, além de paisagens, cenas da vida brasileira, retratos e auto-retratos, naturezas-mortas e pinturas de temática religiosa, além de curiosas experimentações a que denominou pinturas musicais, e que significariam a transposição, em termos visuais, de composições musicais, com soluções formais por vezes beirando o Abstracionismo. Cenas da vida brasileira são por exemplo a Família do Fuzileiro Naval, que pertenceu a Mario de Andrade, hoje no Instituto de Estudos Brasileiros da Universidade de São Paulo; ou Duas Gêmeas, do Ministério da Educação, ou até mesmo as incontáveis Noites de São João, que podem também ser incluídas entre as paisagens ou as vistas de cidades reais ou imaginárias, em que foi mestre. Foi aliás com suas paisagens imaginárias de antigas cidades mineiras, ocupando imensos espaços entre montanhas, que o artista mais se distinguiria, criando-se, nesse setor, um campo inesgotável. Sempre como paisagista, realcem- se principalmente as diversas obras em que fixou aspectos e recantos do Jardim Botânico do Rio de Janeiro, e ainda de Itatiaia e Nova Friburgo, Parque Municipal de Belo Horizonte, Lagoa Santa e afinal Ouro Preto, Sabará, São João del Rei. Excelente pintor de figuras, Guignard destacou-se ainda por seus retratos e numerosíssimos auto-retratos, e pode ser considerado um dos melhores pintores de naturezas-mortas de toda a pintura brasileira. De resto, num tempo em que era pouco comum praticá-la, reviveu a pintura religiosa, tendo sido autor de extraordinárias Vias Sacras, incursionando também, já quase ao fim da vida, pela pintura histórica. Os noivos, óleo s/ madeira, 1927; 0,58 x 0,48, Museus Castro Maya, RJ Família do fuzileiro naval, óleo s/ tela, 1935; 0,58 X 0,42, Instituto de Estudos Brasileiros da USP. Léa e Maura, óleo s/ tela, 1940; 1,10 x 1,30, Museu Nacional de Belas Artes, RJ. Ouro Preto, 1950; 0,60 X 1,00, Museu de Arte Contemporânea da USP. Ouro Preto, óleo s/ madeira, 1951; 0,40 X 0,50, Museu de Arte Contemporânea da USP. Vista de Ouro Preto, óleo s/ tela, 1960; 0,35 X 0,74, Palácio Bandeirantes, SP.