Francisco tem atraído atenção por comentar sobre temas tabus para a Igreja Católica de forma tolerante, como a aceitação de gays e divorciados. Sua atuação busca uma Igreja mais acolhedora e próxima das pessoas, embora encontre resistência entre conservadores. Ele também defende a reconciliação entre nações em conflito e a coexistência entre ciência e fé.
1. 11/02/2015 Papa pop: Francisco leva temas tabus para dentro da Igreja Católica e reforça sua atuação internacional Resumo das disciplinas UOL Vestibular
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Papa pop: Francisco leva temas
tabus para dentro da Igreja Católica
e reforça sua atuação internacional
Carolina Cunha
da Novelo Comunicação 16/01/2015 18h07
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Alberto Pizzoli/AFP
Desde que assumiu o posto de chefe da Igreja Católica
(http://educacao.uol.com.br/disciplinas/historia/igreja-catolica-1-na-idade-media-
essa-instituicao-ganhou-forca-politica.htm), no início de 2013, o papa Francisco, 77,
chamou a atenção. Uma vez eleito, não quis usar a cruz de ouro nem o papa-móvel
e quebrou o protocolo diversas vezes. Para os que o admiram, ele trouxe uma
liderança mais humana, humilde e próxima da população.
O que mais chama a atenção no Papa é que ele parece não ter medo de tocar em
assuntos tradicionalmente polêmicos para a instituição. Seus comentários nesses
quase dois anos de papado mostram um pontífice tolerante com os gays, casais
divorciados e com a teoria do Big Bang, que não coloca em lados totalmente
opostos ciência e religião e ainda insere na agenda de declarações que buscam a
humanização das relações entre os países que vivem em situação de conflito ou
oposição, como é o caso de Israel e Palestina e EUA e Cuba.
Direto ao ponto: Ficha-resumo
Com esse perfil, Francisco tornou-se um papa pop -- e polêmico. Estaria ele
buscando um caminho para uma Igreja Católica mais acolhedora? Há quem
concorde com esse ponto de vista. (http://noticias.uol.com.br/internacional/ultimas-
noticias/2013/12/25/papa-francisco-torna-igreja-mais-acolhedora-mas-evita-temas-
polemicos-dizem-analistas.htm) Uns acreditam que, embora as palavras do papa
(http://educacao.uol.com.br/disciplinas/atualidades/papado-joao-paulo-2-bento-16-e-
a-historia-dos-papas.htm) Francisco valorizem o perdão ao próximo, na prática, não
provocarão mudanças dogmáticas na religião.
A aceitação dos gays, a entrega da comunhão a pessoas divorciadas que se
casaram de novo, aborto, o uso de preservativos, a ordenação de mulheres e o fim
do celibato entre padres, temas que já foram alvo dos comentários de Francisco,
são marcos morais do Catolicismo e dificilmente sofrerão mudanças em breve.
Para outros, a preocupação nestes primeiros anos do pontificado deve ser com uma
reforma estrutural e ética do Vaticano. Em 2012,a Cúria Romana, órgão
administrativo da Santa Sé, foi alvo de denúncias de corrupção, nepotismo e
abusos de poder, no escândalo conhecido como Vatileaks.
Atualidades
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Neste aspecto, Francisco promoveu mudanças nos cargos e implantou rígidos
processos contra a lavagem de dinheiro visando dar mais transparência às ações.
Uma das ações foi a divulgação do primeiro balanço financeiro do Banco do
Vaticano, algo até então inédito. No final de 2014, em uma de suas mensagens, ele
chamou a Cúria de “lepra do papado” e pediu que os Bispos e cardeais mudassem
sua postura na condução da Igreja.
Com uma presença constante no noticiário, o papa Francisco tornou-se pop e
respeitado até por quem não segue a religião católica, distanciando-se de uma
imagem de poder, reconhecendo os erros da Cúria e falando sobre temas tabus
para a Igreja Católica.
Religião mais próxima da política
Francisco é um dos papas que mais aproximaram a religião da política.
Constantemente fala sobre os conflitos entre Israel e Palestina. Ele defende a
criação de um Estado Palestino e ofereceu o Vaticano para sediar um acordo de
paz entre representantes dos países, fato inédito.
Na recente abertura anunciada pelos EUA (um país de maioria protestante) a Cuba,
o presidente norte-americano Barack Obama fez um agradecimento ao Papa:
“Agradeço especialmente ao papa Francisco, por seu exemplo moral, mostrando ao
mundo como deveria ser, em vez de simplesmente se conformar com o mundo
como é”.
Nos bastidores, cartas do papa Francisco abriram caminho para acordo entre os
dois países. O pontífice pediu a Obama e Raúl Castro, presidente cubano, que
"resolvessem questões humanitárias de interesse comum, incluindo a situação de
alguns prisioneiros, para dar início a uma nova fase nas relações".
O Papa chegou a dar declarações como a de que todo católico deve se envolver
com a política e de que não adianta colaborar financeiramente com a Igreja e roubar
do Estado.
Maquiavel (1469-1527), autor do livro “O Príncipe”, dizia que o que confere valor a
uma religião não é a importância de seu fundador, o conteúdo dos ensinamentos, a
verdade dos dogmas ou a significação dos mistérios e ritos, e sim sua função e
importância para a vida coletiva. A religião ensina a reconhecer e a respeitar as
regras políticas a partir do mandamento religioso.
Evolucionismo e teoria do Big Bang
A origem do homem e da vida são grandes questões da humanidade e sempre
foram um embate entre ciência e religião, por isso, nem sempre foram vistas com
bons olhos pelos papas.
A Teoria da Evolução (evolucionismo) afirma que todos os seres vivos atuais
descendem dos primeiros organismos celulares que evoluíram ao longo de bilhões
de anos, e que o principal mecanismo responsável pelo surgimento das
características desses seres é a seleção natural. O principal cientista ligado ao
evolucionismo foi o inglês Charles Robert Darwin (1809-1882), que publicou, em
1859, a obra “A Origem das Espécies”.
Já a Teoria do Criacionismo é a explicação cristã para a criação do homem e afirma
que o Universo é tão complexo que não foi gerado ao acaso. A história da criação
do universo por Deus é contada no livro de Gênesis. Segundo a Bíblia, depois que
Deus criou céu e terra, ele criou o homem a partir do barro.
Nos Estados Unidos, alguns municípios com comunidades religiosas mais
fundamentalistas ensinam o criacionismo nas escolas e repudiam o ensino da teoria
de Darwin nas aulas de ciências. O governo do Reino Unido, por outro lado, proibiu
o ensino do criacionismo como teoria.
Para o papa Francisco é possível a coexistência das teorias do criacionismo e
evolucionismo, uma postura rara entre pontífices e católicos em geral. Durante uma
assembleia da Pontifícia Academia de Ciências, no Vaticano, o pontífice disse que a
3. 11/02/2015 Papa pop: Francisco leva temas tabus para dentro da Igreja Católica e reforça sua atuação internacional Resumo das disciplinas UOL Vestibular
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Teoria do Big Bang (segundo a qual uma explosão há 15 bilhões de anos teria
originado o universo) não se opõe à ideia de um criador divino, já que ela exigiria
um criador. Da mesma forma, a evolução das espécies exigiria que os seres
tivessem sido criados antes.
Sobre as interpretações da Bíblia, Francisco afirmou que não se deve fazer uma
leitura literal e que “quando lemos a respeito da criação em Gênesis, corremos o
risco de imaginar que Deus era um mágico, com uma varinha capaz de fazer tudo.
Mas isso não é assim”.
Outros papas se mostraram tolerantes a essas teorias, como Pio 12 (1876-1958) e
João Paulo 2º (1920-2005), que chegou a declarar que a evolução era um "fato
comprovado". Bento 16, o antecessor de Francisco, não desconsiderava a teoria,
mas tinha a crença de que era preciso um elemento maior para colocar o universo
em ordem. Para ele, existiria um "design inteligente" na evolução, ou seja, a mão de
Deus.
Abertura da igreja para os gays e divorciados
Outros temas já comentados por Francisco e que encontram resistência na ala mais
conservadora da Igreja Católica são a relação com homossexuais e divorciados.
"Se uma pessoa é gay, busca Deus e tem boa vontade, quem sou eu para julgá-
la?", disse Francisco a um grupo de jornalistas após a Jornada Mundial da
Juventude, em 2013. Depois, afirmou que a igreja tem o direito de expressar suas
opiniões, mas não deve "interferir espiritualmente" na vida de gays e lésbicas.
Em outubro de 2014, no Sínodo dos Bispos (http://noticias.uol.com.br/ultimas-
noticias/efe/2014/10/18/sinodo-dos-bispos-divulga-documento-que-propoe-amparo-
a-gays-e-divorciados.htm), convocado pelo Papa para discutir temas relacionados à
família com autoridades religiosas, foram aprovadas propostas de se estudar um
caminho para que os divorciados que se casaram de novo pudessem receber os
sacramentos e de que "os homens e as mulheres com tendências homossexuais
devem ser amparados com respeito e delicadeza" e que se "evitará qualquer marca
de discriminação".
No caso dos gays, o fato de não serem reconhecidos como uma família legítima
ainda é a principal barreira a ser vencida, já que os bispos enfatizaram "que não se
podem estabelecer analogias, nem remotas, entre as uniões homossexuais e o
desenho de Deus sobre o casamento e a família".
Tolerância religiosa
Os ataques à sede do jornal de sátiras Charlie Hebdo (cujas charges ironizam o Islã
assim como outras religiões) e a um mercado judeu em Paris, na França,
mostraram como a rejeição à crença de outras pessoas pode levar à deterioração
da sociedade e provocar violência e morte.
Francisco já condenou diversas vezes os combatentes do Estado Islâmico que
mataram ou expulsaram muçulmanos xiitas, cristãos e outros na Síria e no Iraque,
por não compartilharem a ideologia do grupo.
Em janeiro deste ano, ele declarou que “as crenças religiosas nunca devem ser
alvos de abusos causados pela violência e pela guerra", pregando que a tolerância
entre as religiões e que a “liberdade de expressão não dá direito de insultar a fé do
próximo”.
Outro passo importante de seu pontificado foi sua aproximação com os judeus ao
declarar que eles são como "irmãos mais velhos" do rebanho católico. No entanto,
ele terá novos desafios em manter essa boa relação devido ao processo de
beatificação do Papa Pio 12.
Para líderes religiosos judeus e historiadores, o papa Pio 12 foi passivo ante o
Holocausto nazista. Eles pedem que seu processo de beatificação seja interrompido
ao menos por uma geração em consideração aos sobreviventes ainda vivos.