2. Revolução
Francesa amanheceu nublado
O dia 14 de Julho de 1789
em Paris, e um multidão composta por guardas,
marceneiros, sapateiros, diaristas, escultores,
operários, negociantes de vinhos, chapeleiros,
alfaiates e outros artesãos pegavam em armas
e à força, transformavam em realidade os ideais
defendidos pelos filósofos iluministas. A
Revolução Francesa havia começado e suas
consequencias mudariam toda a Europa e o
século das luzes havia chegado ao fim.
3. A Revolução Francesa dá destaque a uma
nova personagem na cena europeia: O
POVO.
Os heróis solitários se tornam elementos
do passado.
Agora, quem faz a história, pela força de
seus braços e pela convicção de seus
ideais, é o indivíduo.
4. Iluminismo
Este movimento surgiu na França do século XVII e
defendia o domínio da razão sobre a visão teocêntrica
que dominava a Europa desde a Idade Média. Segundo
os filósofos iluministas, esta forma de pensamento tinha
o propósito de iluminar as trevas em que se encontrava
a sociedade.
Os pensadores que defendiam estes ideais acreditavam
que o pensamento racional deveria ser levado adiante
substituindo as crenças religiosas e o misticismo, que,
segundo eles, bloqueavam a evolução do homem. O
homem deveria ser o centro e passar a buscar
respostas para as questões que, até então, eram
justificadas somente pela fé.
5. O Romantismo: a força dos
sentimentos
Até o século XVIII, a arte sempre esteve
voltada para os nobres e seus valores.
Quando o burguês conquista o poder
político, precisa criar as suas referências
artísticas, definir padrões estéticos nos
quais se reconheça e que o diferenciem
da nobreza deposta. É nesse contexto
que o movimento romântico surge,
provocando uma verdadeira revolução na
produção artística.
6. O termo Romantismo faz referência à
estética definida pela expressão da
imaginação, das emoções e da
criatividade individual do artista.
Representa uma ruptura com os padrões
clássicos de beleza.
7. Projeto literário Romântico
O filósofo que inspirou boa parte dos princípios
românticos foi Jean-Jacques Rousseau.
Rousseau afirma que deseja mostrar a seus
semelhantes “um homem em toda a verdade
sua natureza”
O Projeto Literário do Romantismo: Criar uma
identidade estética para o Burguês. Assim, o
Romantismo pode ser definido como uma arte
da burguesia.
8. Os agentes do
Discurso modifica-se bastante.
O contexto de produção
Os escritores românticos, pela primeira vez na
história, escrevem para sobreviver.
Por esse motivo, procuram conciliar dois
objetivos distintos: divulgar os valores da
burguesia e ao mesmo tempo divertir os
leitores.
A Burguesia é também o novo contexto de
circulação para a literatura. Com a possibilidade
de publicação em veículos de grande
circulação, como os jornais e revistas, o alcance
da literatura se amplia bastante.
9. O público que lê os textos românticos tem um
perfil bem mais heterogêneo do que os públicos
de séculos anteriores, que vivia nos salões da
corte e no ambiente restrito das academias e
das arcádias.
Os burgueses que leem jornais e folhetins não
contam com a mesma formação dos nobres. Por
isso, preferem uma linguagem mais direta,
passional, que não se ligue necessariamente
aos padrões da herança literária.
10. Esse novo perfil de leitor muda a relação
entre LEITOR-ESCRITOR.
O escritor vê a necessidade de agradar o
seu leitor com histórias que provoquem
diversão e entretenimento.
O romântico considera a imaginação
superior à razão e à beleza, porque ela
não conhece limites.
11. O Folhetim “O Conde de Monte Cristo” foi publicado
em 1860. Seu capítulos eram publicados no Jornal e
os leitores ficavam ansiosos pelo próximo capítulo.
12. A fuga do presente e
da realidade
O autor romântico escreve para uma
sociedade que se formou sob a influência
dos filósofos iluministas e que, por isso,
valoriza os processos racionais e as
posturas coletivas, é essa mentalidade
que ele deseja mudar e contra a qual se
manifesta.
13. Um dos temas mais explorados pela
literatura romântica: a fuga da realidade.
Nesse contexto, a morte passa a ser vista
como possibilidade de fuga do real e, por
isso, é idealizada. Ela se manifesta como
opção de alívio para os males do mundo
ou para o encontro definitivo dos amantes,
separados pelos obstáculos da realidade.
14. Além da morte, o mundo dos sonhos
torna-se um espaço de fuga para o
Romântico. Nele, o escritor projeta suas
utopias (pessoais e sociais).
Os temas medievais ressurgem com força
total. A Idade Média representa para os
românticos uma época em que a
sociedade estava repleta de feitos
heróicos, sentimentos nobres e harminia.
15. O nacionalismo é uma das mais importantes
características do Romantismo.
Nacionalismo é a consciência partilhada por
um grupo de indivíduos que se sente ligado a
uma terra e possui uma cultura e uma história
comuns, marcadas por eventos (gloriosos ou
trágicos) vividos em conjunto.
A transformação política estabeleceu um novo
princípio: a soberania não tem existência em si
mesma. Ela deriva da nação, do povo como um
todo. O indivíduo deixa de se ver como súdito
de um rei e torna-se cidadão de uma pátria.
16. Linguagem: a
liberdade formal
A linguagem dos textos românticos é
marcada pela liberdade formal. As
fórmulas literárias, com rigorosos
esquemas métricos e rimas, são
abandonadas.
Para expressar o arrebatamento que
caracteriza o olhar romântico para a
realidade, os escritores recorrem à
adjetivação abundante e pontuação.
17. Nos poemas e romances românticos, o
uso de exclamações, interrogações e
reticências procura fazer com que o leitor
reconheça as emoções, angústias e
aflições que tomam conta de quem as
expressa.
18. Portugal: um país sem rei
entra em crise
No início do séc. XIX, Portugal precisa
enfrentar uma séria crise políticoeconômica.
O imperador francês Napoleão Bonaparte
decretara o bloqueio continental e exigia
que a coroa portuguesa rompesse
relações comerciais com a Inglaterra, sua
aliada histórica.
19. A desobediência portuguesa trouxe a
certeza da invasão do país pelas tropas
francesas.
Para o rei, D. João VI, e sua corte, a única
saída era o mar. Toda a corte real foge
para o Brasil.
Para a brigar a coroa portuguesa, a
colônia é elevada à condição de reino
Unido a Portugal e Algarve.
20. É nesse cenário agitado por crises
políticas e econômicas, que a estética
romântica chega a Portugal para definir
novos temas e dar voz à sociedade que,
transformada pela revolução liberal, aos
poucos vai se tornando laica.
21. Os primeiros
Românticos
O primeiro poeta romântico foi Almeida
Garrete, que em 1825 publicou o poema
“Camões” dividido em dez cantos e escrito
em versos decassílabos brancos,
apresenta uma espécie de biografia
romântica de Camões destacando seus
amores com Natércia.
22. Em 1826, Garrett publica Dona Branca,
também de inspiração romântica em que
desenvolvia temas medievais e utilizava o
folclore nacional em lugar da mitologia
clássica.
Folhas Caídas é o último livro de Garrett e
dá origem a versos de tom confessional,
que impulsionam o romantismo mais
explícitos da obra do poeta.
23. Destino
Quem disse à estrela o caminho
Que ela há de seguir no céu?
A fabricar o seu ninho
Como é que a ave aprendeu?
Quem diz à planta – “Floresce!” –
E ao mundo verme que tece
Sua mortalha de seda
Os fios quem lhos enreda?
Ensinou alguém à abelha
Que no prado anda a zumbir
Se á flor branca ou à vermelha
O seu mel há de pedir?
Que eras tu meu ser, querida,
Teus olhos a minha vida,
Teu amor todo o meu bem...
Ai! Não mo disse ninguém.
Como a abelha corre ao prado,
Como no céu gira a estrela
Como a todo o ente o seu fado
Por instinto se revela,
Eu no teu seio divino
Vim cumprir o meu destino...
Vim, que em ti só sei viver,
Só por ti posso morrer.
24. Alexandre Herculano:
entre o romance e a
história ele foi o
Ao lado de Almeida Garrett,
responsável por desenvolver um
programa de reconstrução da cultura
portuguesa.
Tenta resgatar o passado histórico de
Portugal.
Dedica-se a recriar a história portuguesa
em romances ficcionais que trazem em
comum traços de heroísmo e bravura.
25. A poesia Herculano, ao contrário dos
outros românticos, caracteriza-se pelo tom
contido e pelo rigor estrutural.
O que há de romântico em seus poemas é
a preocupação em fazer da literatura um
espaço de reflexão sobre temas de
importância contemporânea: apologia do
cristianismo contra a falta de religião
iluminista.
26. A cruz mutilada
(Alexandre Herculano)
Amo-te, ó cruz, no vértice firmada
de esplêndidas igrejas;
Amo-te quando à noite, sobre a campa,
junto ao cipreste alvejas;
Amo-te sobre o altar, onde, entre incensos,
As preces te rodeiam; [...]
Amo-te, ó cruz, até, quando no vale
negrejas triste e só,
Núncia do crime, a quem deveu a terra
Do assassinado o pó:
Porém quando mais te amo,
Ó cruz do meu Senhor,
É, se te encontro à tarde,
Antes de o sol se pôr.
Na clareira da serra,
Que o arvoredo assombra,
Quando à luz que fenece
Se estira a tua sombra.
E o dia último raios
Com o luar mistura,
E o seu hino da tarde
O pinheiral murmura. [...]
27. Foi com Herculano que a primeira geração
romântica portuguesa conheceu o
desenvolvimento máximo de uma de suas
características definidoras: a reconstituição do
passado como base para a construção de uma
identidade nacional.
28. O fado
Na segunda metade do século XIX, surge
em Lisboa, embalado nas correntes do
romantismo, uma melopeia que tanto exprimia a
tristeza unânime de um povo e a desilusão
deste para com o ambiente instável em que
vivia, como abria faróis de esperança sobre o
quotidiano das gentes mais desfavorecidas e,
mais tarde, penetrava ainda nos salões da
aristocracia, tornando-se rapidamente uma
expressão musical nacional.
29. Barco Negro (Amália Rodrigues)
De manhã, que medo, que me achasses feia!
Acordei, tremendo, deitada n'areia
Mas logo os teus olhos disseram que não,
E o sol penetrou no meu coração.[Bis]
Vi depois, numa rocha, uma cruz,
E o teu barco negro dançava na luz
Vi teu braço acenando, entre as velas já
soltas
Dizem as velhas da praia, que não voltas:
São loucas! São loucas!
Eu sei, meu amor,
Que nem chegaste a partir,
Pois tudo, em meu redor,
Me diz qu'estás sempre comigo.[Bis]
No vento que lança areia nos vidros;
Na água que canta, no fogo mortiço;
No calor do leito, nos bancos vazios;
Dentro do meu peito, estás sempre comigo.
31. As crises de natureza política que tanto
influenciaram os autores da primeira
geração não se farão presentes durante
os quase trinta anos em que a segunda
geração se manifesta, o que, de certa
forma, contribui para explicar o tom
bem mais pessoal e particularizado que
passa a caracterizar a produção
literária.
32. A 2º geração é marcada pelo exagero
sentimental.
Inspirados pela literatura inglesa, por
poetas como Lord Byron, que exaltava os
sentimentos arrebatadores, ao mesmo
tempo em que se imaginavam isolados da
sociedade, incompreendidos por
defenderem princípios morais e éticos.
33. Essa imagem do Herói romântico que luta
por valores incorruptíveis como a
honestidade, o amor, o direito à liberdade
povoará a imaginação de incontáveis
poetas.
34. Uma taça feita de um crânio humano
Não recues! De mim não foi-se o espírito...
Em mim verás - pobre caveira fria Único crânio que, ao invés dos vivos,
Só derrama alegria.
Vivi! amei! bebi qual tu: Na morte
Arrancaram da terra os ossos meus.
Não me insultes! empina-me!... que a larva
Tem beijos mais sombrios do que os teus.
Mais vale guardar o sumo da parreira
Do que ao verme do chão ser pasto vil;
- Taça - levar dos Deuses a bebida,
Que o pasto do réptil.
Que este vaso, onde o espírito brilhava,
Vá nos outros o espírito acender.
Ai! Quando um crânio já não tem mais cérebro
...Podeis de vinho o encher!
Bebe, enquanto inda é tempo! Uma outra
raça,
Quando tu e os teus fordes nos fossos,
Pode do abraço te livrar da terra,
E ébria folgando profanar teus ossos.
E por que não? Se no correr da vida
Tanto mal, tanta dor ai repousa?
É bom fugindo à podridão do lado
Servir na morte enfim p'ra alguma coisa!...
Lord Byron
(Tradução de Castro Alves)
35. Atualmente podemos encontrar “Ecos” do
ultrarromantismo nas culturas GÓTICAS e EMO.
Você pode encontrar mais poemas de Lord Byron no
site: http://ladydark-darkness.blogspot.com.br/p/poemaslord-byron.html
Podemos traçar um paralelo entre o poema de Lord
Byron e a música tema do filme “A noiva cadáver”,
“Bring Me To Life” da Banda Evanescence, o próprio
filme também possui “ecos ultrarromânticos”.
38. A grande quantidade de romances e
novelas publicada por Camilo Castelo
Branco dá-nos a justa medida do que
significa ser um escritor profissional
durante o Romantismo.
Nem todas as obras dele traziam a marca
do ultrarromantismo, o escritor alterna
entre novelas, em que a tragédia amorosa
é o centro do enredo, com outras,
beirando a sátira, em que os exageros
românticos são ridicularizados. Suas
novelas podem ser organizadas da
seguinte forma:
39. Romancefolhetim escritos por
Inspirado nos folhetins
Eugênio Sue e Alexandre Dumas, focaliza
as aventuras de uma personagem
misteriosa e dá origem a narrativas
múltiplas e a evocações históricas. Ex:
Mistérios de Lisboa; Livro negro do padre
Dinis.
40. Romance de amor
trágico
História de personagem apaixonados cuja
realização amorosa é impedida por
obstáculos sociais ou familiares. Ex: Amor
de Perdição.
41. Romance-sátira
Caricatura de um determinado tipo social,
como o burguês ou o provinciano
deslocado no grande centro urbano. Ex:
Coração, cabeça, estômago; a queda de
um anjo; o que fazem as mulheres.
43. Romance histórico
Narrativas ambientadas principalmente no século
XVIII, resgatando alguma figura da história
portuguesa. Ex: O Judeu (António José da Silva Nasceu no Rio de Janeiro foi batizado, mas era
de origem judaica, foi vítima da perseguição que
dizimou a comunidade dos cristãos-novos do Rio
de Janeiro em 1712. Em Lisboa, o dramaturgo e
escritor, foi preso pela Inquisição portuguesa
junto com a sua a mãe, a tia, o irmão (André) e a
sua mulher, Leonor Maria de Carvalho, que se
encontrava grávida. Viria a morrer na fogueira às
mãos da Inquisição, num auto-de-fé. A sua vida é
retratada no filme luso-brasileiro O Judeu (1995).)
44. Camilo também desenvolveu, em Portugal, um
gênero de grande sucesso na Inglaterra: Os
romances de mistério, de terror.
O macabro, o enredo complexo, a intriga, a
história de separações, reconhecimentos,
vinganças, o excessivo e o inverossímil marcam
tais narrativas. Ex: Coisas espantosas (1862); O
esqueleto (1865); e O demônio do ouro (1874).
45. Amor de perdição:
exemplo máximo do
exagero passionais que o talento de
sentimental
Foi com as novelas
Camilo Castelo Branco atingiu seu ponto
máximo.
Ao apresentar histórias de amor impossíveis
entre dois jovens, o autor é capaz de
contextualizar o enredo de modo a traçar alguns
importantes cenários de Portugal.
Geralmente, o impedimento ao amor é de
ordem social, motivado pela diferença de
classes entre os apaixonados ou por inimizades
familiares.
46. O sofrimentos amoroso é enaltecido,
sendo capaz de transformar
completamente o caráter das
personagens, fazendo com que os jovens
amantes sejam envolvidos por uma aura
de pureza e abnegação que os santifica.
O final trágico é a sentença final para um
amor que transgride os princípios de uma
sociedade interesseira e corrupta.
47. Outro aspecto da novela ultrarromântica é
a função desempenhada pela natureza.
Ela será paradisíaca quando vislumbrada
pelos amantes em um momento de sonho
(jamais como realidade por eles vivida);
Ou soturna, servindo de refúgio final para
os desesperados sofredores.
48. Podemos destacar as novelas passionais
de Camilo:
Onde está a felicidade? (1856); Um home
de brios (1856); Carlota Angela (1858);
Romance de um homem rico (1861), entre
outros.
49. Uma mudança de olhar:
mo romance aproxima-se
da realidade
Após a década de 1860, a literatura
portuguesa viu surgir uma série de
romances em que os traços exagerados
da segunda geração romântica não mais
predominavam.
As personagens idealizadas cedem lugar
a personagens construídas de modo mais
cuidadoso, com comportamentos mais
bem motivados.
50. O diálogo intenso é, em alguns casos,
substituído pelo monólogo interior, o que
contribui para o aprofundamento
psicológico das personagens.
O principal autor dessa transformação no
romance romântico português é Júlio
Diniz.
52. O tema escolhido por Júlio Diniz é a vida
doméstica no campo, ambientada nas casas de
pequenos proprietários rurais e lavradores, ou o
meio mercantil do Porto.
Essa mudança de cenário narrativo inaugura,
em Portugal, o romance de tema
contemporâneo, fazendo transição entre o país
arcaico retratado nos romances de Camilo
Castelo Branco e o Portugal transformado pela
revolução liberal e que, aos poucos, vê a sua
sociedade ganhar novo perfil.
53. A obra de Júlio Diniz ilustra a tentativa de
aproximação entre uma visão romântica e
a realidade que inspira o autor a escrever.
54. Trabalho
Pesquise textos/poemas dos autores que
estudamos até o momento e traga para a
sala de aula, você deve treinar a leitura
em casa, pois eles serão lidos em um
SARAU na próxima aula. Procure passar
por meio de sua leitura, toda emoção e
sentimento expresso no poema ou texto.