1. FOTO DA CAPA
A água que vem de longe
no Agreste cearense
Foto Alex Pimentel
OUTUBRO/DEZEMBRO 2011
12
ENERGIAS RENOVÁVEIS
Brasil vai mudar matriz energética
investindo em fontes alternativas E ainda:
18
SANEAMENTO RURAL
• Água extraída
A difícil equação de levar serviços caros
do esgoto ganha
àqueles que vivem muito longe
mercado no Brasil
26
JOVENS PROFISSIONAIS • Ensaio fotográfico
Programa lançado há menos de dois anos de Mauro Pimentel
amadurece no Congresso de Porto Alegre no Lixão de
Gramacho
32
ÁGUA DO AGRESTE • Colunas de Álvaro,
A luta dos que não têm torneira para Jordão e Lineu, uma
buscar água de asseio e de sobrevivência página de humor e
registros em Fatos
& Notas
38
26º CONGRESSO
Evento histórico do setor bateu recordes
de presença, de temáticas e de produtividade
3
2. informe a palavra da presidente
Vigilância da Qualidade da Água para
Consumo Humano em situações de desastre
A recompensa
do trabalho
Cássia de Fátima Rangel, Adriana Rodrigues Cabral e Daniela Buosi Rohlfs
Os eventos considerados como A Portaria MS nº 518/2004, que que se abastece por meio de soluções
desastres de origem natural predomi- determina o padrão de potabilidade alternativas individuais.
nantes no Brasil estão associados a da água para consumo humano, esta- Uma das medidas a serem adota-
A
inundações graduais ou bruscas, ven- belece em seu art. 29 que: “sempre das é a aferição do cloro residual nas
davais, granizos, escorregamentos, que forem identificadas situações diferentes formas de abastecimento
secas e estiagens, sendo as inundações de risco à saúde, o responsável pela de água, para avaliar a necessidade do
proxima-se o fim de 2011 e tudo nos diz
as de maior ocorrência. Vários elemen- operação do sistema ou solução alter- aumento da concentração de cloro,
que vamos fechar o ano ainda tocados
tos contribuem para essa realidade, nativa de abastecimento de água e as garantindo a desinfecção da água para
dentre eles as mudanças climáticas, autoridades de saúde pública devem consumo humano. Se necessário, deve
pelos resultados do PNQS, anunciados no
final de outubro. Grandes surpresas e algumas con- viços, baixar custos, sacramentar a qualidade como
a urbanização desordenada, a ocupa- estabelecer entendimentos para a ser realizada a distribuição de hipoclo-
ção de áreas de risco, a degradação do elaboração de um plano de ação e rito de sódio para a população, para firmações nessa busca incansável pela melhoria da objetivo primeiro de qualquer empresa.
meio ambiente causada pelo manejo tomada das medidas cabíveis, incluin- assegurar o procedimento adequado de gestão nos foram exibidas pelo corpo de juízes, que Acredito que tivemos um ano excepcional, pois
inadequado dos recursos naturais e do a eficaz comunicação à população, desinfecção caseira da água para con- não sai dos trilhos rigorosos impostos pela Fundação organizamos em Porto Alegre um dos maiores con-
pela contaminação ambiental; além do sem prejuízo das providências imedia- sumo humano, limpeza e desinfecção Nacional da Qualidade em avaliações dessa natureza. gressos já imaginados, seguramente o maior do setor
baixo investimento em infra-estrutura. tas para correção da anormalidade”. das caixas d’água, alimentos, embala- Algumas empresas saem consagradas, tal a cons- na América Latina. Um congresso cujos resultados não
Os desastres, naturais e antro- De modo a atender o exposto na gens e utensílios domésticos. Outras tância de resultados positivos a cada evento. Caso da podem ser medidos no dia imediato de seu encer-
pogênicos, provocam diversos efeitos Portaria, a Vigilância da Qualidade da fontes seguras de abastecimento de Copasa, que levou prêmios inéditos, da Sabesp, da ramento, já que irão pouco a pouco inserir-se na cul-
à saúde pública, tais como: trauma- Água para Consumo Humano - Vigiagua água devem ser indicadas para suprir a Sanepar, da Cesan. O reconhecimento da gestão eficaz tura da grande comunidade que move o saneamento,
tismos, afogamentos, aumento das tem desenvolvido ações articuladas necessidade imediata de água potável, da Foz do Brasil, da pequena Cachoeiro de Itapemirim, fazendo-o cada vez melhor.
doenças de veiculação hídrica e ali- com a Vigilância em Saúde dos Riscos tais como caminhões-pipa, poços de O PNQS, que existe há 15 anos, é o fecho de ouro
que sai engrandecida pelo louvor dos julgadores.
mentar, acidentes por animais peço- Associados aos Desastres - Vigidesastres, água tratada que não foram compro- para o nosso trabalho deste ano. Porque o trabalho
Tudo isto significa que muitos trabalharam na
nhentos, transtornos psicológicos com vistas a garantir o padrão de pota- metidos pelo desastre ou água mineral
direção da eficácia de gestão. Este é o grande prêmio, não terminou. Temos grandes eventos no próximo
na população atingida, bem como o bilidade da água consumida pela popula- distribuída pelos órgãos oficiais. A água
e todas as 22 unidades de empresas participantes ano, já estamos trabalhando neles. Mas trabalhamos
aumento súbito de óbitos. ção em situações de desastres. armazenada e distribuída nos abrigos e
Esses eventos, na sua maioria, dani- O Vigiagua dispõe de um Sistema alojamentos deve ter atenção redobra- mostraram isso, que também são reconhecidas pelos serenamente, convencidos de que temos o rumo,
ficam ou interromperem os sistemas de de Informação em Vigilância da Água da pelos agentes de saúde, para evitar esforços e pelos avanços. Essas unidades reconheci- temos uma boa carta de navegação e bons navega-
distribuição de água, os serviços de dre- para Consumo Humano - Sisagua, que a contaminação e a possível dissemina- das são a ponta de um imenso iceberg, que tem hoje dores a bordo deste nosso barco que caminha para
nagem, limpeza urbana e esgotamento permite, por meio da análise de seus ção de doenças de transmissão hídrica. mais de 400 unidades envolvidas com a aplicação dos portos seguros.
sanitário. O abastecimento de água dados e relatórios, a avaliação das Até que o fornecimento da água princípios defendidos pelo PNQS. Este é o caminho
(tratamento, distribuição e reservação) diferentes formas de abastecimento de para consumo humano esteja norma- que a ABES vem buscando há muitos anos, mudar Cassilda Teixeira de Carvalho
danificado, compromete o fornecimen- água: Sistemas de Abastecimento de lizado, é necessária a sistematização a gestão, aumentar a eficiência na prestação de ser-
to de água em termos de quantidade e Água, Soluções Alternativas Coletivas e o monitoramento das informações
Presidente Nacional da ABES
qualidade, prejudicando as necessidades e Soluções Alternativas Individuais. sobre a qualidade da água para consu-
básicas da população. Além disso, a con- Com bases nas informações levanta- mo humano, para subsidiar gestores e
• Diretor Responsável: Cassilda Teixeira de Carvalho Realização
taminação da água pode também atingir das pode-se elaborar um plano emer- técnicos quanto às ações necessárias • Conselho Editorial: Carlos Mello Garcias, Cecy Oliveira, Cícero Onofre de Andrade
os alimentos, quando em contato com gencial para o monitoramento da para a prevenção dos riscos, mitiga- Neto, Evandro Rodrigues de Britto, Fernando Botafogo Gonçalves, Jorge Briseno, José
esta água. A ingestão de água e alimen- qualidade da água no período da ocor- ção dos danos, e promoção da saúde Eduardo W. Cavalcanti, Márcia Adriana da Silveira, Márcio Gomes Barbosa, Marco Anto-
nio Silva de Oliveira, Miguel Fernandez y Fernandez, Miguel Mansur Aisse, Nercy Donini
tos contaminados pode levar ao desen- rência do desastre, para assegurar a à população atingida pelo desastre.
Bonato, Paulo Cezar Pinto, Paulo Ferreira, Plínio Tomaz e Walter Pinto Costa
volvimento de doenças de transmissão manutenção adequada das diferentes A prevenção, a preparação e o Revista Brasileira de • Correspondência Revista Bio: Av. Beira Mar, 216, 13º andar – CEP 20021-060 – Rio de
hídrica com sintomas agudos, como formas de abastecimento, juntamente planejamento da resposta são impres- Saneamento e Meio Janeiro – RJ – Brasil Tel: (21) 2277-3900 – Fax: (21) 2262-6838
Ambiente Página na internet: www.abes-dn.org.br
cólera e outras doenças diarréicas agu- com os responsáveis pela operação cindíveis para eliminar/minimizar o Ano XVIII – nº 56 • Assinaturas Departamento de Cadastro: Tel: (21) 2277-3909 Fax: (21) 2262-6838
das, ou com sintomas mais tardios como dos sistemas de abastecimento e das impacto dos desastres na saúde da Julho/Setembro de 2010 • Coordenação Geral/ABES: Maria Isabel Pulcherio Guimarães
a febre tifóide, Hepatite A, e as infecções soluções alternativas coletivas, bem população e constituem objeto de atu- ISSN 0103-5134 • Produção e edição: RR Comunicação Ltda.
Publicação trimestral da • Email da redação: revista.bio@abesdn.org.br Patrocínio
por parasitos intestinais. como orientação para a população ação da Vigilância em Saúde Ambiental.
ABES - Associação Brasileira • Editor: Romildo Guerrante Reg. prof. 12.669/56/35 MTB/RJ
de Engenharia Sanitária e • Projeto gráfico original: Maraca Design
Ambiental, com tiragem de • Diagramação e atualização do projeto: Fino Traço Programação Visual Ltda.
4 Out/Dez - 2011 6.000 mil exemplares
5
3. recursos h í dricos
A técnica a serviço do
Água de reúso futuro do homem na Terra
Água reaproveitada de esgotos da Sabesp retoma sua utilidade na lavagem de ruas, o que não exige potabilidade completa
Gloria Castro
A água que permite
a sobrevivência de
7 bilhões de seres
humanos tem hoje
o mesmo volume
desde que a Terra existe. Ela conti-
as águas da chuva e a dessaliniza-
ção de lençóis subterrâneos.
O resultado é uma água ain-
da imprópria para o consumo
humano, mas cuja potabilidade
é indicada prioritariamente para
nua recirculando dos céus à terra, atividades como limpeza, descar-
evaporando, infiltrando-se no solo, ga sanitária e rega de jardins. Sua
Sabesp
regando rios, alimentando depósi- utilização redunda em economia
tos subterrâneos. Mas tanto o con- de muita água tratada com cloro
sumo quanto a poluição gerada e flúor que seria desperdiçada
pelo homem comprometem sua em uso impróprio. E o consumo
utilização. Daí que, além de traba- cresce gradativamente: entre 2006
lhar a consciência da sustentabili- e 2010, o fornecimento de água
dade, o homem tem de usar a téc- de reúso para clientes da Sabesp,
nica para proteger o seu futuro. A companhia de saneamento de São
água usada, que era rejeito, passa a Paulo, aumentou 62%. A compa-
ter importância cada vez maior. nhia paulista já está atendendo a
Hoje, a tecnologia não tem bar- 80 empresas públicas e privadas.
reiras para tornar a água reutilizável
e com custo geralmente inferior ao Esgoto tratado
da captada nos mananciais. A ciên-
cia que espantava o mundo quan- Na Região Metropolitana de
do astronautas bebiam água obtida São Paulo, cinco estações de trata-
da própria urina hoje faz com que a mento de esgotos produzem água
reutilização se popularize no Brasil, de reúso: ABC, Barueri, Parque Novo
país da fartura hídrica que sente os Mundo e São Miguel e Jesus Neto. O
desequilíbrios regionais de ofer- destaque é a Parque Novo Mundo,
ta e começa a se preparar para a que produz 20 litros para uso urba-
anunciada crise mundial da água. no e 40 para o industrial. Os prin-
Companhias e serviços de sanea- cipais clientes são as prefeituras e
mento, legisladores, empresas e até subprefeituras da região metropoli-
consumidores residenciais se lan- tana. Transportada por caminhões
çam na busca do reúso e da explo- pipa, o destino é a lavagem de ruas
ração de fontes alternativas, como e instalações, limpeza e irrigação de
6 Out/Dez - 2011 7
4. recursos h í dricos
áreas verdes. Para uso industrial, a água. “Por isso a reutilização é No Paraná, a Sanepar trata a
Sabesp fornece a água de reúso por indicada para atividades industri- média de quase 23 milhões de
tubulação específica. ais e na área pública. Ainda não metros cúbicos/mês de esgoto
O projeto Aquapolo, que abas- temos legislação suficiente sobre o doméstico, sendo que 3,48% desse
tecerá o Polo Petroquímico de tema, apesar dos avanços”, resume. volume é reutilizado internamente
Capuava, no ABC, e economizará Morgado cita como projeto de como água de serviço para lava-
água potável suficiente para prover sucesso o que testa água de reú- gem de pisos, grades e peneiras.
uma cidade com 350 mil habitantes, so advinda do esgoto doméstico A água de reúso vem de unidade
estará capacitado a produzir mil litros em culturas de café, milho, giras- experimental na ETE Atuba Sul,
por segundo de água de reúso. O sol, cana de açúcar e capim na em Curitiba, com capacidade para
empreendimento vai custar cerca de cidade de Lins. O projeto – uma tratar quase 3 milhões de m³/mês.
R$ 252 milhões. As obras começaram iniciativa da Escola Superior de A empresa ainda não estabeleceu Caminhão da Sabesp junto à estação de tratamento
em abril de 2010 e a operação está Agricultura Luiz de Queirós/USP – uma política para comercialização
prevista para 21 meses após a con- mostrou ótimos resultados, tanto desta água.
cessão de todas as licenças. na produção quanto na econo-
sobre Tratamento e Reúso de beber a uma população difusa, prin- Governo do Estado e comunidades
Segundo Marcelo Morgado, mia de fertilizantes. Os efluentes Dessalinização
Águas Residuárias, composto por cipalmente em áreas rurais, tem sido rurais”, promete.
assessor de Meio Ambiente da tratados são ricos em nitrogênio,
uma área agricultável, laboratório, a dessalinização por osmose inver-
Sabesp, o reúso de água tem que normalmente adicionado ao solo A Cagece, companhia de sanea-
ser um sistema bem fiscalizado e por meio de fertilizantes caros e, mento do Ceará, não oferece água
entre outras instalações. O Centro sa. A Superintendência de Obras Caatinga Viva
funciona desde 2004, por meio Hidráulicas (Sohidra), vinculada à
com linhas independentes, para ainda, contêm matéria orgânica e de reúso comercialmente, mas
de convênio com a Universidade Secretaria dos Recursos Hídricos, No Rio Grande do Norte, o
que não represente um risco sani- fósforo, que também são nutrien- mantém na ETE de Aquiraz, a 27km
Federal do Ceará, hoje em fase de desenvolve a construção de poços primeiro sistema de reúso de eflu-
tário e garanta a qualidade da tes importantes. de Fortaleza, o Centro de Pesquisa
renovação. Já abrigou plantios de tubulares profundos, a instalação entes tratados em escala real é na
mamão, mamona, melancia, feijão, de sistemas de abastecimento de área rural de Pendências, a 200km
Construção do abrigo capim Tanzânia, girassol e elicônia, água simplificado e de dessaliniza- de Natal. Um emissário com 450
e estudou os métodos de goteja- dores que tornam a águas salobras metros de extensão transporta
mento, microaspersão e sulcos. adequadas ao consumo humano. por gravidade efluentes da ETE
Na piscicultura, tanques Os primeiros aparelhos foram insta- da Caern até uma propriedade
viveiros ajudaram a avaliar a produ- lados no final da década de 90. Hoje onde são irrigados 15 hectares
tividade e os aspectos sanitários existem 318 em funcionamento, de capim e milho. As folhas do
na criação de tilápias. Até o final 50 em final de instalação e mais 50 capim, a palha e o sabugo serão
de 2010 manteve pesquisa sobre o aguardando revitalização. aproveitados na produção de
cultivo de peixes ornamentais em O gerente do Departamento lenha ecológica para os fornos
esgoto doméstico tratado. de Águas Subterrâneas da Sohidra, das indústrias de cerâmica da
O nó hídrico do Ceará está no Joaquim Favela, ressalta que o região no Vale do Açu, diminuindo
Semiárido, que representa cerca impacto ambiental causado pelo a devastação da vegetação nativa.
de 75% do seu território. Nessa despejo de águas com elevados A iniciativa integra o projeto
região, a escassez de água é uma teores de sais no solo, rejeito da Caatinga Viva, patrocinado pelo
das determinantes dos baixos índi- dessalinização, é minimizado com programa Petrobras Ambiental. O
ces socioeconômicos. Lá, as águas a sua utilização na criação de tilá- trabalho surgiu de uma proposta
subterrâneas nas áreas cristalinas pias, que servem de alimento da ONG Carnaúba Viva e agrega
estão armazenadas em fendas e para as famílias, e na irrigação de também o Instituto Federal de
fraturas e, geralmente, apresen- erva-sal, usada para forragem de Educação, Ciência e Tecnologia
tam concentrações de salinidade caprinos/ovinos. “Outras unidades (IFRN), a Empresa Brasileira de
Dessalinizador
elevadas, não sendo recomenda- serão implantadas por meio do Pesquisa Agropecuária (Embrapa)
das para o consumo humano. programa Água Doce, do Governo e a Associação Norte-Riograndense
Caixa d’água de 5.000L e 2.000L Uma alternativa para dar de Federal, em parceria com o de Engenheiros Agrônomos (Anea).
8 Out/Dez - 2011 9
5. recursos h í dricos
Recap (Refinaria de Capuava) -
Agência Petrobras
Estação de reúso de água visto para o final de 2011. A nova área ampliada do
Cenpes consumirá 800 milhões de litros de água ao
Economia e ano. Cerca de 75% serão provenientes de captação
sustentabilidade da chuva (usada nos jardins e sanitários) e de reúso
(destinada ao sistema de ar condicionado). Com isso,
De janeiro a agosto deste a unidade poderá ficar até quatro dias sem água de
ano, a Petrobras já reutilizou 13 fontes externas.
bilhões de litros de água em suas Tanto foco em tecnologia também faz girar a roda
operações, o que representa um do mercado de equipamentos. Dois ozonizadores
aumento de 15% em relação ao Wedeco, que integram a Unidade Móvel Experimental
mesmo período do ano passado. em Reúso de Água da Petrobras envolveram a deten-
Em 2010, foram 17,6 bilhões de tora da marca, a Xylen, e a parceira da petroleira, a EP
litros de água de reúso, o bastante Engenharia de Processo. Criada pelo Cenpes, a esta-
para suprir cerca de 10% do volu- ção vai subsidiar implantações de reutilização nas
me necessário às operações da unidades operacionais da Companhia, por meio da
Companhia, evitando a captação definição da melhor rota tecnológica de tratamento
em mananciais hídricos. de água e efluentes.
No Complexo Petroquímico “O ozonizador promove uma oxidação, retiran-
do Rio de Janeiro (Comperj), em do do efluente a maioria dos compostos que não
Itaboraí, a Petrobras aproveitará são biodegradáveis. Eles servirão para fazer testes
Segundo o pesquisador da cações com mais de 500m2 e que água de esgoto tratada para uso piloto nas refinarias, tratar uma etapa do processo e
Caern Marco Calazans, a tubulação consumam mais de 20m3 de água industrial. A vazão prevista é de aumentar a qualidade deste efluente com objetivo
transporta, diariamente, entre 860 por dia. O tipo de sistema é esco- até 1.500 litros por segundo, ou de reúso”, explica Fabiana Bonvini, coordenadora de
mil e 1,3 milhão de litros de esgoto lhido pela construtora, desde que 47,3 bilhões de litros por ano. A Desenvolvimento de Negócios da Xylen.
tratado para a área de testes. As a água produzida esteja de acordo quantidade é suficiente para o
substâncias do efluente (nutrien- com as normas da ABNT. consumo de uma cidade de 750 Captação de chuva
tes) são absorvidas, evitando que O município espera reduzir mil habitantes. Na Refinaria de
sejam lançadas em rios ou lagoas. em, no mínimo, 30% o consumo Capuava (Recap), em São Paulo, a Ao consumidor residencial, que já tem sua casa
“Esta é uma iniciativa que começa de água potável das novas edifi- racionalização a torna a primeira construída e não dispõe de verba nem ânimo para
com a pesquisa e atingirá o aspec- cações, percentual que tende a da América Latina com o des- uma reforma daquelas a fim de colaborar com o pla- Coleta, filtragem e estocagem da água da chuva
to econômico”, diz Calazans. aumentar conforme a populari- carte zero de efluentes, deixando neta, a solução não está tão distante assim. Hoje é
zação dos benefícios da água de de captar, em um ano, 1 bilhão possível captar água da chuva filtrando apenas o que
Águas cinzas reúso e suas aplicações. Os cons- de litros de água, e de lançar 700 desce pela calha e acumulando a água em reservató- O que determina o tipo de filtro e o volume da cis-
trutores estimam um acréscimo milhões de litros de efluente indus- rios móveis ou cisternas, a partir de R$ 1 mil. Além de terna é sobretudo a metragem da área de captação
Em julho de 2011, Niterói, no no preço em torno de 7% sobre os trial no do rio Tamanduateí. economizar água potável, o sistema diminui o volume (telhado ou laje). Os filtros para instalação em tubo
Rio de Janeiro, aprovou lei que valores das instalações hidrossani- Outro exemplo é o sistema eco- de água de chuva que, em espaços urbanos cada vez de queda destinam-se a telhados menores, com o
determina a instalação de sistema tárias, além da aquisição do siste- eficiente do Centro de Pesquisas mais impermeáveis, acaba causando inundações. máximo de 50m2 por tubo. São a solução para casas
de coleta, tratamento e reúso das ma de reúso propriamente dito. da Petrobras (Cenpes), no Rio de O conceito é deixar a água potável da concessionária já prontas. Quando o telhado for maior do que 100m2,
águas servidas. São as chamadas Para o secretário Municipal de Meio Janeiro, que inclui a Estação de para fins como higiene pessoal e o preparo de alimentos, o primeiro passo deve ser definirmos junto com a
águas cinzas, derivadas dos chu- Ambiente, Recursos Hídricos e Tratamento e Reúso de Água, enquanto a água de chuva deve servir para todo o resto. empresa a configuração certa.
veiros, lavatórios de banheiro, Sustentabilidade, Fernando Guida, que reaproveitará 600 milhões “Numa residência, a economia, dependendo do perfil de A Acquasave também equipa escolas, igrejas,
banheiras, tanques, máquinas de “se o custo acrescido da obra for de litros, uma economia anual de consumo, do regime das chuvas e outros fatores, se situa pousadas, supermercados, garagens, aeroportos,
lavar roupas e lavagem de autos. repassado na íntegra para o preço R$ 12 milhões. O volume é sufici- entre 30% e 45% do volume gasto”, estima o respon- empreendimentos públicos e equipamentos cons-
Praticamente 100% das novas do imóvel, estima-se que o retorno ente para abastecer uma cidade sável pela área de Marketing e Relações Institucionais da truídos para o PAN 2007, como o Engenhão, além da
construções se enquadram na para o proprietário aconteça em de 15 mil habitantes durante um empresa Acquasave, Jack Sickermann, especializada em Cidade do Samba e a parte nova do aeroporto Santos
nova regra, que vale para edifi- menos de 18 meses”, calcula. ano. O início de operação está pre- soluções de captação de água pluvial. Dumont, no Rio de Janeiro.
10 Out/Dez - 2011 11
6. meio am b iente
Brasil entra em
campo para mudar
Energias matriz energética até 2020
renováveis Os técnicos de Furnas em visita à fábrica de
geradores eólicos da CTGPC na China
A
Alexandre Medeiros
fotos furnas
participação das fontes renováveis na Quando o foco recai apenas sobre as fontes
matriz energética brasileira vai crescer renováveis, a posição brasileira é ainda mais vanta-
gradativamente ao longo da próxima josa: 45% da matriz vem de fontes renováveis, contra
década, combinada com uma redução do uso de com- uma média mundial de 13%. Para o horizonte de 2020,
bustíveis fósseis, sobretudo do petróleo. Esta tendên- o quadro é ainda melhor: as renováveis podem chegar
cia se deve a uma posição “irreversível” do governo a 48% de participação.
brasileiro de incentivar o uso de fontes renováveis,
de acordo com o secretário de Planejamento e Polêmica em campo
Desenvolvimento Energético do Ministério de Minas
e Energia (MME), Altino Ventura Filho. O uso em larga escala no Brasil dos derivados da
Em entrevista exclusiva à revista Bio, o secretário cana não chega a influir no percentual médio mundial
afirma que essa é uma tendência não só para o hori- – que não chega sequer a 1%. Esses derivados são o
zonte 2011-2020, como prevê o Plano Decenal de etanol, utilizado como combustível líquido em veícu-
Energia do MME, “mas para os próximos 15 ou 20 los, e a geração de calor pela queima do bagaço, para
anos”. Altino não tem dúvidas em apontar a grande produção de energia elétrica. “Essa alternativa vai se
estrela dessa companhia: os derivados energéticos da expandir, até porque há uma forte demanda interna-
cana de açúcar. “Eles representam hoje nossa segunda cional e parte dessa produção tem e terá o caminho
maior fonte, com 17,5%, só atrás do petróleo. A expec- da exportação”, avalia Altino.
tativa é que cheguem a 2020 com uma fatia de quase Para o secretário, um aspecto importante do uso
22%”, diz o secretário. de derivados da cana para fins de energia é que ele não
Se comparada ao cenário internacional, a posição compete com a produção de alimentos no Brasil: “Essa
da matriz energética brasileira é de franca dianteira situação ocorre com os países de Primeiro Mundo,
em termos de utilização de fontes renováveis. Em que não têm as condições favoráveis que nós temos
média, 81% da energia usada no mundo vem dos de expandir nossa fronteira agrícola sem atingir nos-
combustíveis fósseis – o petróleo, o carvão e o gás sos ecossistemas, como a Amazônia e o Pantanal. Essa
natural. É um índice muito elevado, sobretudo se con- expansão não compromete a produção de alimentos.
siderarmos que os fósseis são emissores de CO², gás Posso afirmar isso porque nossa produção de ener-
causador do efeito estufa. Em contrapartida, os fós- géticos cresce da mesma maneira que a produção de
seis entram com 53% da matriz energética brasileira. alimentos, ambas de forma competitiva e sustentável”.
“Usamos, por exemplo, muito menos carvão – 5,3% Há quem pense diferente. Para Sergio Schlesinger,
contra 28% da média mundial”, cita Altino. economista e consultor da Fase – Federação de
12 Out/Dez - 2011 13
7. meio am b iente
como as margens de rios. Há um cipais “caixas d’água” estão nas Embora afirme que o governo Universidade Federal do Rio Grande
grande interesse em se legalizar o montanhas de Minas Gerais. vem aumentando o apoio à cons- do Sul e consultora da ABES.
que já está ilegal”. A quantidade de água serve trução de PCHs, o secretário con- O preço tem sido, de fato, um
O economista chama ainda a como explicação e justificativa ofi- sidera indispensáveis os grandes fator facilitador do mercado de
atenção para a falta de fiscaliza- cial para investimentos como a usi- investimentos em usinas de maior eólicas. Em agosto passado, em
ção e controle do governo federal na de Itaipu, onde a vazão média porte. “A PCH tem uma grande leilão de energia eólica promovido
sobre as usinas canavieiras. Pelo do rio Paraná chega a 12 mil metros vantagem, que é a geração dis- pelo governo federal, o preço do
seu caráter de monocultura, a cúbicos por segundo, em queda de tribuída, ou seja, é localizada MWh (megawatt-hora) foi de R$
plantação de cana de açúcar tende 100 metros. Segundo o secretário junto aos centros de carga, além 99,00 – mais barato que o das tér-
a ocupar grandes áreas agríco- Altino Ventura Filho, investimentos de ter baixo impacto ambien- micas a gás.
las, com desmatamento, e a uti- vultosos se justificam quando as tal e baixo custo. Por isso recebe Para Adriane Petry, os esta-
Altino Ventura Filho lizar mão de obra em condições condições são propícias à instala- incentivos governamentais. Mas o dos do Ceará, Rio Grande do Sul
degradantes e até escrava. ção de empreendimentos do porte Brasil precisa das grandes usinas e Rio Grande do Norte têm alto
de Itaipu e, mais recentemente, de também, sem elas não é possível potencial eólico, com regime de
Órgãos para Assistência Social e Produção Belo Monte, no Rio Xingu, no Pará. crescer. Belo Monte, que é grande, ventos favorável o ano inteiro. “O
Educacional, o que se passa na “Temos vários locais com boas não atende à expansão do merca- parque gaúcho de Osório foi mui-
África, com a cessão de grandes Se a estrela da matriz energé- quedas e farta quantidade de do brasileiro. Outras virão”. to importante para o desenvolvi-
áreas para produção de agrocom- tica brasileira vem do campo, com água, e é isso que define o porte mento da energia eólica no Brasil.
bustíveis por países da Europa, é a biomassa, no caso da geração da usina. Ainda é muito reduzida Diversificação O governo federal teve papel fun- Adriane Petry
um caso mais simbólico, pois lá a de energia elétrica ela corre no a contribuição das pequenas cen- damental, primeiro com o apoio
fome é grave. “Mas o Brasil é tam- leito dos rios. As hidrelétricas são trais hidrelétricas (PCH) no país, O aumento gradativo das ener- ao levantamento do potencial
bém uma área de expansão dessa responsáveis por impressionantes embora elas sejam uma alterna- gias alternativas na matriz energé- eólico, depois como o Proinfa Em março deste ano, o BNDES
produção, as grandes empresas 74,3% da matriz elétrica do país, tiva interessante. Não vejo conflito tica brasileira vai abrindo espaço (Programa de Incentivo às Fontes aprovou financiamento de R$
multinacionais estão aqui. As contra 16% da média mundial (em entre as PCHs e as grandes usinas. para a diversificação de fontes. Um Alternativas de Energia Elétrica). 790,3 milhões para nove parques
grandes petrolíferas do mundo números de 2010). Temos que desenvolver as duas caso exemplar e promissor é o da A iniciativa privada tem acompa- eólicos, sendo oito deles no Ceará,
estão investindo em etanol, assim Para produzir eletricidade, o alternativas, para mim elas são energia eólica. A força dos ventos, nhado o crescimento, com instala- com capacidade instalada total
como as grandes empresas de mundo ainda consome grande complementares”, diz Altino. que hoje responde por 0,4% da ção de fábricas de aerogeradores, de 211,5MW. O nono parque fica
grãos, como a Bunge e a Cargill, de quantidade de carvão (41%), matriz elétrica brasileira, passará serviços e investimentos. O que em Tramandaí (RS), com 70MW de
olho nas chamadas “commodities enquanto o Brasil usa apenas 1,3% a responder por 4,3% em 2020, ainda falta é o domínio e o desen- potência instalada.
agrícolas”. Estão todas aqui”. dessa fonte para o mesmo fim. O segundo dados do MME. volvimento de tecnologia nacio- Se empresas estrangeiras estão
Schlesinger afirma que há índice mundial é fortemente influ- “A energia eólica não é mais nal, com um programa de pesqui- vindo ao Brasil para investir em
deslocamentos, sim, de áreas de enciado pela China, que faz uso uma fonte embrionária. Os custos sa mais consistente”. energia eólica, empresas nacionais
produção agrícola e agropecuária em larga escala de suas jazidas de estão próximos das demais fontes O parque de Osório é a maior estão indo ao exterior buscar par-
para a expansão da cana de açúcar carvão mineral. de energia e, em alguns países, ela usina eólica da América Latina, com cerias. Em outubro passado, uma
com fins de produção de agrocom- O Brasil tem o quarto poten- já atinge 20% ou mais da potência 75 aerogeradores de 98 metros delegação de Furnas esteve na
bustíveis no Brasil. “Essas grandes cial hidrelétrico do mundo, atrás instalada para produção de energia de altura cada um. Com capacida- China para assinar um memorando
empresas fazem lobby por mudan- da China, da Rússia e dos Estados elétrica, como na Espanha. No caso de de 150MW (dá para abastecer de entendimentos com a empresa
ças no Código Florestal brasileiro Unidos. Para ter fartura de hidro- brasileiro, a diversificação da matriz uma cidade de 700.000 habitan- CTGPC. Um dos estudos visa o
de forma a garantir melhores eletricidade, um país não pre- energética é importante para a tes), o parque tem participação do desenvolvimento de aerogera-
condições de expansão das áreas cisa apenas ter muitos rios: é segurança do abastecimento. Os grupo espanhol Elecnor (90%), da dores para parques eólicos no
destinadas a agrocombustíveis. Em necessário aliar, além dos rios, as custos reduzidos da energia eólica empresa alemã Wobben (10%) e Brasil e prevê a construção de uma
São Paulo, onde está a maior parte montanhas e as chuvas. A água a tornam atrativa, com a vantagem da brasileira CIP Brasil (1%). O custo fábrica chinesa em solo brasileiro.
da cana plantada no país, já não se abundante que escoa pelas que- de ser uma fonte limpa”, afirma a total do empreendimento é de R$ Furnas opera sete parques eólicos
respeita a legislação em relação a das naturais é que permite a gera- Sergio Schlesinger pesquisadora Adriane Petry, dou- 670 milhões, sendo R$ 465 milhões no Nordeste, com capacidade total
áreas de preservação permanente, ção de energia. No Brasil, as prin- tora em Engenharia Mecânica pela (69%) financiados pelo BNDES. instalada de 487,6MW.
14 Out/Dez - 2011 15
8. R E G I S T R O
Ecos do Congresso
Foi realmente um sucesso o Congresso de Porto Alegre. A começar pelo
brilhante discurso de Ellen Martha Pritsch, diretora nacional da ABES, na
abertura. As cerimônias de abertura de congressos costumam ser monóto-
nas e cansativas – aqueles discursos intermináveis, quase sempre o tom de
déjà vu. Essas sessões de abertura valem mais pelo prestígio que as autori-
dades prestam ao saneamento, e pela oportunidade da ABES se posicionar
e exercer seu papel de interlocutora do setor nas questões institucionais.
Nesse sentido, o discurso de Ellen foi marcante e atual. Parabéns.
As empresas de saneamento continuam tímidas em relação à apresenta-
ção de trabalhos técnicos. Novamente, as universidades foram responsáveis
por mais de 80% dos trabalhos apresentados. E as salas estavam cheias.
eduardo
Parecia um congresso internacional, com a presença do presidente da jord ão
International Water Association – IWA, da presidente da Water Environment
Federation – WEF, do presidente da Asociación Interamericana de Ingeniería
Sanitaria – Aidis, de presidentes de algumas associações latino-america-
nas. Vieram não apenas ver e prestigiar: o presidente da IWA, eng. Glenn
Flotação em
Daigger, uma das maiores autoridades mundiais em tratamento aeróbio rios, não!
de esgotos, autor de livros clássicos, participou de painel no congresso.
Deu na Folha de S. Paulo: “Após
Da mesma forma, a eng. Jeanette Brown, presidente da WEF, participou de
10 anos e R$ 160 milhões, SP desiste
dois painéis, apresentando dois papers atuais para discussão. Ponto para a
de plano de limpeza do rio Pinheiros”.
diretoria da ABES, que convidou líderes de tal gabarito.
A reportagem de página inteira de 30
de setembro também poderia ter por
Separando a urina do esgoto título algo como: “Flotação em cursos
d´água é dinheiro jogado fora”.
Embora a urina não ocupe mais do que 1% do volume de esgoto doméstico Os técnicos que trabalham com
gerado, pode conter algo como 50% a 80% dos nutrientes presentes. Não seria tratamento de águas residuárias
fantástico se pudéssemos separar a urina na fonte, e assim matar dois coelhos sempre souberam que esgotos
com uma cajadada só? Isto é, as estações de tratamento receberiam o esgoto devem ser coletados na fonte, e trata-
sem a urina, e os caros processos de nitrificação e desnitrificação seriam total- dos no fim do interceptor. A proposta
mente desnecessários; por outro lado, a linha transportadora apenas da urina de tratar o rio com o processo de
estaria proporcionando excelente oportunidade para um aproveitamento rela- flotação sempre foi, para os técnicos
tivamente simples dos nutrientes. de tratamento, uma solução pali-
A questão principal está evidentemente na construção de duas redes de ativa, de custo operacional elevado
esgotos, e na dificuldade nas cidades que já possuem sua infraestrutura de pelos produtos químicos que usa,
saneamento implantada. Há que se considerar ainda a modificação das insta- incompleta, porque o lodo gerado
lações prediais, na possibilidade de coleta da urina por caminhões, em novos precisa ainda de condicionamento e
modelos de vasos sanitários, etc. Além disso, a urina coletada separadamente destino final adequado, e vai contra
deverá sofrer um tratamento especial, pois produtos farmacêuticos e hor- os princípios de saúde pública, pois
mônios são normalmente liberados na urina. o rio continua poluído a montante e
O fato é que quando pensamos em sustentabilidade ambiental, este é um o processo não funciona nas cheias.
ponto que não pode ser esquecido, e os pesquisadores já se voltam para o tema: o Críticos do plano desde seu lança-
grupo Leading Edge Technology – LED, da IWA, liderado pelo Prof. George Ekama mento em 2001, os especialistas em
(África do Sul), vem discutindo a questão, assim como outros grupos na Suécia tratamento de esgotos viram o fim
e na Suiça. Sistemas experimentais foram implantados em pequenos povoados da flotação no rio Pinheiros, em São
ou condomínios na África do Sul, China, Suécia, Suiça. No Brasil, a partir do apoio Paulo, como uma decisão já espe-
do Prosab – Finep, as escolas de engenharia da Universidade Federal do Espírito rada. O projeto estava a cargo da
Santo e da Universidade Federal da Bahia desenvolvem pesquisas específicas. Secretaria de Energia de São Paulo.
Eduardo Pacheco Jordão é professor associado da UFRJ
16 Out/Dez - 2011 17
9. universali z a ç ã o
As dificuldades para
Saneamento atender os que vivem
isolados no interior do país
rural, um desafio
Clarice Almeida
“O Ceará é que nem cuscuz, só
presta molhado. Seco, entala”.
A citação foi do gerente de
Saneamento Rural da Cagece, a compa-
nhia de saneamento do Ceará, Helder dos
lios sem banheiros ou sanitários é três vezes
maior nos domicílios rurais em comparação
aos localizados nas cidades; enquanto 89%
dos domicílios urbanos recebiam coleta
direta de lixo em 2008, na área rural 70%
Santos Cortez. Ele falava na mesa redonda não dispunham de qualquer tipo de solução
da Câmara Temática de Saneamento Rural para seus resíduos.
da ABES em Porto Alegre, na programação Mônica Bicalho Pinto Rodrigues, coor-
do 26º Congresso. A citação da sabedoria denadora de Projetos Estratégicos de
popular espelha o sentimento de milhões Programas de Saneamento Rural da Copasa
de brasileiros, não apenas em seu estado, - Companhia de Saneamento de Minas
atendidos de forma precária ou simples- Gerais e coordenadora da Câmara Temática
mente não contemplados por abasteci- de Saneamento Rural da ABES, fatores
mento e tratamento de água, e outros como o maior investimento per capita para
tantos por esgoto sanitário e manejo de desenvolvimento de soluções, em vista das
resíduos sólidos. distâncias e da dispersão da população
Dados de 2010 do IBGE dão conta de determinam a maior concentração de inves-
que 24 milhões de brasileiros vivem sem timentos em áreas urbanas, onde também
rede de água e 107 milhões, sem esgoto. existe carência de atendimento sanitário.
A versão preliminar de abril deste ano do Entretanto, ela aponta como avanço impor-
Plansab – Plano Nacional de Saneamento tante para mudar esse quadro o desenvolvi-
Básico demonstra de forma contunden- mento do Plansab, que irá orientar a política
te que o problema se estende a todas as de saneamento básico no Brasil nos próxi-
regiões do país, mas a população rural é mos 20 anos.
disparado a mais afetada. “Com grande alegria e entusiasmo,
Segundo o documento, que coleta vivemos o momento da elaboração do
dados da Pesquisa Nacional de Saneamento Plansab, no qual se insere o Programa
vou redesenhar Básico (PNSB) 2000 e 2008 e das Pesquisas Nacional de Saneamento Rural, aguardado
Nacionais de Amostras por Domicílio por quase 30 anos, desde a implantação de
(PNAD) 2001 a 2008, entre outros, 73% dos seu piloto no final dos anos 80. Cabe a nós não
domicílios sem água potável estão localiza- só participar de suas consultas públicas, mas
dos em áreas rurais; a incidência de domicí- também contribuir na elaboração dos planos
18 Out/Dez - 2011 19
10. universali z a ç ã o
Fotos: genilton elias e foto rocha
de saneamento básico de nossos dades. Em Porto Alegre, o diretor Carlos Alberto Rosito, ex- As oito unidades atuais do siste-
estados”, diz a técnica mineira. regional do Programa de Água e presidente da Aidis – Associação ma prestam serviço a 626 comu-
Mônica avalia a Câmara Saneamento para a América Latina Interamericana de Engenharia nidades cearenses, estando presen-
Temática de Saneamento Rural da e Caribe do Banco Mundial, Glenn Sanitária e Ambiental e membro tes em 127 dos 184 municípios do
ABES como um importante articula- Pearce-Oroz, enfatizou a neces- nato do Conselho Diretor da ABES, Estado, e a previsão é de que quatro
dor na integração dos profissionais sidade de encontrar soluções para diz que “no saneamento os três novas unidades sejam criadas para
deste setor no Brasil. “Temos como a demanda de serviços que res- maiores desafios são a gestão, a ampliar esse universo.
meta de curto prazo buscar o envol- peitem as necessidades de cada gestão e a gestão! De forma similar, Implementado em 1996 na
vimento dos estados que ainda não comunidade, “de forma que não se entre os desafios da nação brasilei- região de Sobral, com recursos
aderiram ao nosso grupo, contando fique só na construção do sistema”. ra os três maiores são: a educação, do banco alemão KFW, o sistema
para isso com o apoio das seções Para Helder Cortez, é lamen- a educação e a educação!”. expandiu-se para outras regiões
estaduais da ABES. Como resultado tável que os engenheiros de Rosito afirma que, além da do estado com financiamento do
dessa interação, teremos uma rede saneamento ainda não saibam gestão, os marcos regulatórios, a Banco Mundial. É constituído por
de conhecimentos e expertises calcular a importância da opinião comunicação e educação e a equa- uma federação de associações que
principalmente no que se refere à da comunidade na decisão dos ção social, política e econômica são trabalha sob a forma de gestão
gestão dos sistemas de saneamen- projetos rurais. “Tem que existir a aspectos muito importantes para o compartilhada. A operação é feita
to rural, com participação social, dupla Cosme e Damião, o enge- saneamento em geral, tendo o rural por moradores voluntários que
técnica e gerencial”. nheiro e o técnico social, que reú- a dificuldade complementar de recebem uma gratificação através Helder Cortez
na a comunidade de forma que ela que a baixa densidade populacio- da sua associação. O Sisar faz
Soluções locais oriente o projeto de acordo com
nal e a inexistência de economias
manutenção preventiva e correti-
as condições locais que ela conhe- va, fornece produto químico para a estadual para a definição do Sisar (BID) e o Pró-Rural, com recursos
de escala exigem uma participação
As soluções para o saneamento ce melhor que ninguém. Se não desinfecção da água e dá suporte e como modelo de gestão para o do Banco Mundial, espelhados no
do usuário dos serviços ainda mais
rural passam obrigatoriamente por acontece do projeto ser feito e não capacitação para o gerenciamento saneamento rural no Ceará e para modelo do Sisar. Consorciados,
relevante do que no caso urbano.
dois temas básicos: especificidades servir, isso é dinheiro nosso sendo local pelas associações, estando a o estabelecimento do marco regu- levam água e esgoto para 102 comu-
“
“Por isso são necessárias a sensi-
locais e envolvimento das comuni- desperdiçado”, afirma Cortez. latório para dar sustentabilidade nidades em 47 munícipios na região
bilização e participação efetiva do
aos projetos, “o diferencial deste da Zona da Mata. Além disso, o pro-
usuário, prevendo-se a metodolo-
modelo de gestão está no fato grama inclui atividades de capacita-
gia e os recursos humanos e finan-
de os usuários serem ao mesmo ção em operação e manutenção do
ceiros a serem utilizados com tal
finalidade”, enfatiza Rosito.
Usuários são, tempo beneficiários do serviço de sistema, bem como educação sani-
abastecimento de água e respon- tária e ambiental.
neste modelo, sáveis pela gestão do sistema. De acordo com Mauro Lacerda,
Os projetos beneficiários Assim, acaba aquela postura pater- gerente de Saneamento Rural da
Em seu recente “Estudo de
Modelos de Gestão dos Serviços de
Abastecimento de Água no Meio
Rural no Brasil”, o Banco Mundial
dos serviços
e gestores do
sistema.
“ nalista/assistencialista e deficitária,
mudando para uma solução sim-
ples e viável, obtendo-se melho-
ria da saúde, reduzindo as migra-
ções das áreas rurais, propiciando
Secretaria de Recursos Hídricos e
Energéticos, seu maior desafio é a
expansão do modelo para atingir
também o Agreste e o Sertão,
uma vez que “a Zona da Mata
qualificou o Ceará como o estado infraestrutura para o desenvolvi- é uma região rica, de mais fácil
“que reúne a maioria das condições mento do interior e fortalecendo a acesso e condições, a interioriza-
de um quadro institucional que comunidade local”. ção é muito mais desafiadora”. Mas
permite a sustentabilidade de seu Cagece envolvida em todo o pro- A gestão comunitária está pre- ele aposta que duas iniciativas a
modelo, o Sisar”. As razões para essa cesso, desde sua concepção até a sente também em Pernambuco, serem implementadas no próxi-
avaliação são “o aporte tecnológico implantação e gestão dos sistemas. nos programas Pró-Mata, que mo ano devem facilitar o trabalho
da Cagece e a abrangência estadual De acordo com Helder Cortez, trabalha com recursos do Banco no estado. A primeira é o atlas do
Glenn Pearce-Oroz do modelo”. que se esforça junto ao governo Interamericano de Desenvolvimento saneamento rural de Pernambuco,
20 Out/Dez - 2011 21
11. universali z a ç ã o b ionet
Novas técnicas de
a ser realizado com recursos do De acordo com Olga Lúcia de atendidas por chafarizes opera-
detecção de vazamentos
A detecção acústica de vaza- destaca-se a introdução de gases na
Banco Mundial, propondo-se a Souza, coordenadora Administrativa dos pela comunidade.
mentos em sistemas de distri- água, tais como hélio ou uma mis-
um amplo diagnóstico do setor da Central de Seabra, seria necessária Em Minas Gerais estão em
buição de água é provavelmente tura de hidrogênio e nitrogênio.
e facilitando o planejamento e melhor articulação e envolvimento andamento programas da Sedru- a metodologia mais utilizada no Esses gases são acompanhados no
gestão dos projetos. A outra é a na gestão compartilhada: “Aqui a Secretaria de Desenvolvimento mundo. Não obstante a sua larga seu percurso dentro da tubulação
criação da Empresa Pernambucana Cerb implanta o sistema e entrega Regional e Política Urbana em utilização, existem limitações para por meio de um espectrômetro
de Desenvolvimento Rural, que para a prefeitura, não há envolvi- convênio com prefeituras e o uso desta tecnologia, tais como que detecta qualquer fuga através
deverá encarregar-se da gestão mento com o andamento”. Este é com a Copasa- Companhia de o tipo de solo onde as redes estão de vazamentos.
do sistema, hoje nas mãos da para ela o grande diferencial em rela- Saneamento de Minas Gerais, que enterradas, o material da tubula- O grupo francês Suez já tem
Secretaria Estadual de Agricultura. ção ao Sisar do Ceará. atendem a todo o estado. Para o ção e outros fatores que podem experiências de campo na França e
A Central de Associações da No Rio Grande do Norte existe atendimento das regiões Norte e alterar a propagação do som na na Indonésia, com resultados satis- Lineu
Bahia, sistema nos moldes do o modelo multicomunitário da Nordeste, que apresentam os meno- água e, como consequência, fal- fatórios. Na Indonésia foram pes- Alonso
Sisar implementada em 1995 com Conisa - Consórcio Intermunicipal res Índices de Desenvolvimento sear os resultados. quisados 1.000km de tubulações,
recursos do banco KFW, agrega 55 de Serra do Santana e o de gestão Humano- IDH do Estado, foi criada Novas tecnologias vêm sen- encontrados cerca de 800 vaza-
do testadas visando melhorar a mentos e recuperados três milhões
associações comunitárias em 26 isolada da Caern - Companhia de a Copanor - empresa subsidiária da
detecção dos vazamentos. Entre elas de metros cúbicos em um ano.
municípios e se dedica à instalação Água e Esgoto do Rio Grande do Copasa que, por meio de modelo
e melhorias no sistema de abaste- Norte. Os programas são reali- inovador, dedica-se ao atendimen-
cimento de água de 83 comuni- zados pela Caern e pela Semarh to de comunidades de 200 a 5 mil
dades para cerca de 40 mil pessoas.
São duas unidades, uma na região
– Secretaria de Meio Ambiente
e Recursos Hídricos com finan-
habitantes, com serviços de água
e esgoto. Entre as 463 localidades
Resíduos das atividades de saúde
de Seabra e outra na de Jacobina. ciamento do Banco Mundial. A previstas para serem beneficia- Fiocruz centros de autópsia; pesquisa com porém, que nestes últimos nem
O apoio à gestão é da Sedur – Conisa é um consórcio entre o das na primeira fase do programa, animais e laboratórios de teste; ban- sempre os resíduos são separados
Secretaria de Desenvolvimento estado e sete municípios, aten- 155 já foram atendidas, totali- cos de sangue e serviços de coleta e em perigosos ou não, aumentando
Urbano, sendo a Cerb – Companhia dendo com água comprada da zando cerca de 200 mil pessoas. A casas de repouso para idosos. o potencial de contaminação.
de Engenharia Ambiental da Bahia Caern a 4.316 famílias, das quais Copanor faz a manutenção e opera Entre os principais tipos de Outro ponto importante levan-
responsável pela implantação. 3.780 tem rede em casa e 536 são os sistemas. resíduos se destacam: resíduos tado no trabalho refere-se aos ris-
infecciosos, patológicos, químicos, cos associados à disposição dos
farmacêuticos, tóxicos, radioati- resíduos. Os principais são a con-
Onde deve entrar o subsídio A Organização Mundial de
vos, material descartável (seringas,
lâminas, etc.), e metais pesados.
taminação das águas provocada
por aterros mal construídos e ope-
Saúde há muitos anos acompanha Cerca de 80% dos resíduos rados, e a incineração, que, quando
Se a equação financeira para Pró-Mata de Pernambuco, entre a questão relacionada aos resíduos gerados pelos sistemas de saúde executada de maneira inadequada,
viabilizar soluções para o sanea- outros, diz ela, são desejáveis ape- dos sistemas de saúde e como tra- são despejos em geral e 20% são lança resíduos na atmosfera que
mento rural é complicada, devi- nas para construção dos sistemas, tá-los adequadamente. resíduos considerados perigosos e podem inclusive ser carcinogêni-
do ao alto custo dos serviços barateando a conta para o usuário, O primeiro guia de “manejo podem ser infecciosos, tóxicos ou cos como, por exemplo, materiais
considerando-se as distâncias e a visto que nela não está embutida seguro de resíduos provenientes radioativos. Estes resíduos perigo- que contenham cloro que podem
baixa concentração de usuários a implantação. Mas não devem das atividades de saúde” foi ela- sos podem causar danos aos paci- gerar dioxinas e furanos.
e mão de obra para manuten- sustentá-los, o que deve ser feito borado em 1999, estando prevista entes dos hospitais, aos trabalha- Por fim, o trabalho sugere ações
ção e operação dos sistemas, por através do pagamento de tarifa, uma atualização em 2012. dores dos serviços de saúde e ao para a gestão eficiente dos resíduos.
outro lado, na avaliação de Mônica ainda que diferenciada. “Nada de O trabalho abrange os resíduos público em geral. Destacando-se a elaboração de um
Bicalho, eles devem ser viáveis paternalismo, isso não funciona, o gerados pelas seguintes atividades: Os países de renda mais alta sistema de informações e gestão que
economicamente. usuário precisa pagar a conta para
hospitais e outros estabelecimen- produzem uma média de 0,5kg de defina responsabilidades, aloque
Subsídios como os que sentir-se dono e responsável pelo
tos ligados a saúde, como, por resíduos perigosos por leito, enquan- recursos, promova o acesso a tecno-
recebem os Sisar, a Copanor e o sistema”, ressalta Monica.
exemplo, as clínicas particulares; to este número cai para 0,25kg nos logias adequadas e crie mecanismos
laboratórios e centros de pesquisa; países de baixa renda. Verifica-se, de avaliação e controle.
22 Out/Dez - 2011 23
12. ensaio
Mauro
Pimentel
Mauro Pimentel é repórter
fotográfico desde 2009. Estuda
jornalismo na PUC-Rio e dis-
tribui seu trabalho através de
várias agências de imagens,
com destaque para a Getty
Images, Agência Estado e a
Brazil Photo Press. Atua princi-
palmente na cobertura do hard
news, no esporte e cultura. O
ensaio sobre o fim do Aterro
Sanitário de Jardim Gramacho
foi realizado durante reporta-
gem pelo Portal PUC-Rio Digital,
site de notícias da universidade,
onde acompanhou um dia de
trabalho dos catadores.
A foto acima, que entrou por enga-
no no ensaio assinado pela fotógrafa
Carmem Gamba, na edição anterior da
Bio, é de autoria do fotógrafo Alfonso
Abraham e foi cedida à revista pela
Secretaria de Turismo de Porto Alegre.
24 Jan/Mar - 2011
Out/Dez - 2011 25
13. mercado de tra b al h o
Um programa da ABES
Jovens Profissionais que ganhou musculatura
em Porto Alegre
do Saneamento
fotos de genilton elias e foto rocha Celina Côrtes
O sucesso do
Congresso Brasileiro
26º
de Engenharia Sanitá-
ria e Ambiental (ABES), promovido
no final de setembro em Porto
Pete, que conduz como diretor ad
hoc da ABES o Programa Jovens
Profissionais do Saneamento. Para
ele, esses resultados começam pela
consolidação de um fórum perma-
Alegre, não se discute. Foram nente para a discussão de assuntos
mais de 5 mil pessoas debatendo relacionados aos profissionais que
o tema “Saneamento ambien- se iniciam no setor. “Constatamos
tal: a excelência da gestão como que o programa tem capilaridade
caminho da universalização”. A nacional, ao atrair participantes de
cereja do bolo no encontro, porém, diversas regiões do país. Ficou clara
aponta em direção ao futuro: o I ainda a necessidade de envolver
Fórum de Jovens Profissionais do profissionais seniores nesse ambi-
Saneamento Ambiental, que reuniu ente de discussões, porque esses
60 participantes – a maioria na faixa jovens profissionais de até 35 anos,
dos 35 anos, além de vários profis- que fizeram vários cursos da ABES
sionais com 21 anos e estudantes e buscam oportunidades de mer-
-, criado pela ABES para aproximar cado, poderiam ter seus nomes
do mercado os jovens profissio- em um banco de talentos da asso-
nais do setor. O evento incluiu as ciação. Fala-se muito na falta de
Olimpíadas de Porto Alegre, que profissionais qualificados no setor,
também contribuíram para con- mas temos certeza de que a ABES
sagrar a cidade gaúcha como a vem capacitando muita gente no
Capital do Saneamento. As vence- país, o que deveria ser um diferen-
doras foram duas jovens mulhe- cial no mercado. Por exemplo, o
Abertura do Encontro res, a paraibana Flávia Cordeiro de profissional com determinado per-
na manhã de domingo Moura e a paulista Lívia Pinheiro. fil poderia ser procurado em um
em Porto Algre Os bons resultados do encon- banco de talentos da ABES”, cita.
tro são apontados pelo professor Outros aspectos vieram à tona
Peter B. Cheung, da Universidade no encontro, como a obrigatorie-
Federal de Campo Grande (MS). dade de incluir, no mínimo, uma
26 Out/Dez - 2011 27