1) O documento discute a importância da educação para a sociedade e o papel dos professores.
2) É argumentado que uma boa educação é essencial para o desenvolvimento humano e que ensinar é mais valioso do que qualquer conhecimento transmitido.
3) A educação deve estimular a curiosidade e o prazer de aprender, não importando o conteúdo, mas sim a forma como se aprende.
2. Sem uma boa escola não pode haver mais que uma péssima sociedade.
3. Muitos acreditam que só se dedica a ser professor quem é incapaz de maiores desígnios, sem aptidão para realizar uma carreira universitária completa e cuja posição socioeconômica há de ser necessariamente inferior. Quem assume que os professores são fracassados deveria concluir que a sociedade democrática em que vivemos é um fracasso. Quem quer ser professor?
4. A possibilidade de ser humano só se realiza por meio dos semelhantes, ou seja, daqueles com os quais a criança fará todo o possível para se parecer. Nascemos humanos, mas isso não basta; temos de chegar a sê-lo.
5. O fato de ensinar a nossos semelhantes e de aprender com eles é mais importante do que qualquer um dos conhecimentos concretos que se perpetuam ou se transmitem. Praticamente tudo na sociedade humana tem uma intenção pedagógica. A criança, além de ser obrigada a aprender os ensinamentos, também tem de aprender as peculiaridades desse aprendizado. Cultura é o que o ser humano acrescenta ao ser humano.
6. Os humanos não só sabemos o que sabemos, mas também percebemos e perseguimos corrigir a ignorância dos que ainda não sabem ou de quem acreditamos que saiba algo erroneamente. O ser humano é o único ser que possui a constatação da ignorância.
7. Temos de nos tornar conscientes da realidade de nossos semelhantes. Isso implica considerá-los sujeitos e não meros objetos, protagonistas de sua vida e não meros comparsas vazios da nossa. Ninguém é sujeito na solidão e no isolamento; sempre se é sujeito entre outros sujeitos. O sentido da vida humana não é um monólogo, mas provém do intercâmbio de sentidos. A educação é a revelação dos outros, da condição humana como um concerto de cumplicidades inevitáveis. Ninguém é sujeito na solidão.
8. A capacidade de aprender se compõe de atividade permanente do educando e não de aceitação passiva dos conhecimentos já deglutidos pelo educador, que deposita na cabeça obediente. O importante é ensinar a aprender. A arte de ensinar a aprender consiste em formar fábricas, não armazéns.
9. Podemos ser muito pessimistas. Podemos estar convencidos da maldade onipotente ou da triste estupidez do sistema, da diabólica microfísica do poder, da esterilidade a médio ou longo prazo de todo esforço humano e de que nossas vidas são os rios que vão dar no mar, que é o morrer. Como educadores, porém, não nos resta outro remédio senão sermos otimistas. Educar pressupõe ser otimista.
10. Educar é crer na perfectibilidade humana, na capacidade inata de aprender e no desejo de saber. É crer em que há coisas que podem e merecem ser sabidas; em que nós, homens, podemos melhorar uns aos outros por meio do conhecimento, da cultura. Porém, ... As crianças chegam à escola com um núcleo básico de socialização insuficiente para enfrentar com êxito a tarefa de aprendizado. (Juan Carlos Tedesco)
11. A criança hoje se incorpora cada vez mais cedo a instituições diferentes da família, como pré-escolas e creches ou mesmo alguém que cuida dela para que a mãe trabalhe. Esses adultos são afetivamente menos importantes que os pais. Por isso, a primeira socialização está se realizando sem tanta carga afetiva, como no passado. Não se pode simplesmente transmitir conhecimentos se a socialização primária, embutida de valores e afetos importantes, não está completa. (Juan Carlos Tedesco)
12. O caminho para chegar a ser livre passa por uma série de coações de instrução, por uma habituação a diversas maneiras de obediência. Não partimos da liberdade, mas chegamos a ela. Ser livre não é nada; tornar-se livre é tudo. (Hegel) A liberdade é a conquista de uma autonomia simbólica por meio do aprendizado, que nos aclimata a inovações e escolhas só possíveis dentro da comunidade.
13. Se o educador não for o modelo adequado, a criança não crescerá sem modelos, mas se identificará com os que lhe forem propostos pela televisão, pela perversidade popular ou pela brutalidade das ruas, geralmente exaltando o luxo predatório ou a mera força bruta. O Educador é o modelo. A escola é o lugar para aprender que se mostra amor à vida não apenas brincando, mas também cumprindo atividades socialmente necessárias e, sobretudo, desenvolvendo uma vocação, por mais humilde que seja.
14. Pouco importa, a rigor, o que se ensine, contanto que se despertem a curiosidade e o gosto de aprender. (François de Closets) O importante não é o que se aprende, mas a forma de aprender. A questão não é o que, mas como. O dever do professor é estimular os alunos a fazerem descobertas, e não se vangloriar das que ele fez.
15. Aprender a pensar. Necessita-se saber pensar corretamente, de modo que se saiba agir. Aprender a discutir, a refutar e a justificar é parte indispensável de qualquer educação humanista. Para isso não basta saber expressar-se com clareza e precisão, mas também é preciso saber escutar. Uma pessoa capaz de pensar, de tomar decisões, de buscar informações relevantes de que necessita, de se relacionar positivamente com os outros e de cooperar com eles é muito mais polivalente e tem mais possibilidades de adaptação do que quem só possui uma formação específica. (Juan Delval)
16. A palavra escrita é o tônico mais potente que já se inventou para o crescimento intelectual.
17. A autoridade dos que ensinam prejudica, na maioria das vezes, os que querem aprender. (Cícero)
18. Um homem se dirigia à Catedral de Chartres e, no caminho, encontrou um trabalhador quebrando pedras, muito angustiado e aborrecido. Ao ser indagado do motivo, explicou: "Estou aqui fazendo esse trabalho desumano, tenho dores pelo corpo, tenho sede, nenhum outro trabalho e estou condenado a fazer isso pelo resto de minha vida". Mais adiante encontrou outro homem fazendo a mesma coisa, mas com uma feição mais satisfeita. Este lhe contou: "Consegui esse emprego que me permite ter um salário e dar de comer aos meus filhos. Estou contente com esse trabalho que me permite viver". Mais adiante, encontra um terceiro homem, também a quebrar pedras, mas com um rosto de extrema felicidade. Este lhe disse: "Estou construindo uma catedral!". Saber para que se está fazendo alguma atividade é fundamental para dar um sentido à aprendizagem. Fábula francesa