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Metodologia do Trabalho Científico   1




      UN I VERSI DADE DE UBERABA 

      Valeska Guimarães Rezende da Cunha 
            I olanda Rodrigues Nunes 
                 I vanilda Barbosa 
              Ernani Cláudio Borges 
          André Luís Teixeira Fernandes 
            Raul Sérgio Reis Rezende 




M ETODOLOGI A DO TRABALHO CI EN TÍ FI CO 




                  2ª edição 
               revista e ampliada




                  Uberaba ­ MG 
                      2006 
2     UNIUBE ­ Educação a Distância 



Série Metodologia do Trabalho Científico
ã 2006 by Universidade de Uberaba 
Todos os direitos de publicação e reprodução em parte ou no todo, reservados para Universidade de Uberaba. 




P rodução e Supervisão: 
Programa de Educação a Distância 

Revisão Textual e Tratamento Didático­P edagógico: 
Marco Antônio Escobar 

Capa: 
Layout e arte final: 
Ney Braga e Programa de Educação a Distância 

Colaboração: 
Eliane Mendonça Marquez de Rezende 
Luiz Fernando Ribeiro de Paiva 
Maria Bárbara Soares e Abrão 
Raul Sérgio Reis Rezende 

Edição: 
Universidade de Uberaba 

I mpressão: 
Gráfica Universitária ­ Universidade de Uberaba 
Gerência: Wilson Oliveira 




Catalogação elaborada pelo Setor de Referência Biblioteca Central da UN I UBE 



                 M567   Metodologia do trabalho científico / Valeska Guimarães Rezende da 
                            Cunha... [et al.]. – 2. ed. rev. e ampl. ­­ Uberaba : Universidade 
                            de Uberaba, 2006 
                           120 p. –  (Metodologia) 

                               Colaboradores: Iolanda Rodrigues Nunes, Ivanilda Barbosa, 
                           Ernani Cláudio Borges, André Luís Teixeira Fernaneds, Raul Sérgio 
                           Reis Rezende 
                               Produção e supervisão: Programa de Educação a Distância  da 
                           UNIUBE 
                                ISBN  85­88920­32­8 

                               1. Pesquisa ­ Metodologia. 2. Metodologia científica. I. Nunes, 
                            Iolanda  Rodrigues. II. Barbosa, Ivanilda. III. Borges, Ernane 
                            Cláudio. IV. Fernandes, André Luís Teixeira. V. Rezende, Raul 
                            Sérgio Reis. VI. Universidade de Uberaba.  Programa de Educação 
                            a Distância. VII. Série. 
                                                                                   CDD  001.42
Metodologia do Trabalho Científico   3




                                            A P R ESEN TA ÇÃ O 




         Ao  vivenciar  esta  nova  forma  de  aprender,  possibilitada  pela,  educação  a  distância,  certamente 
você percebeu que ela lhe permite personalizar o seu processo de aprendizagem, uma vez que você pode 
imprimir aos seus estudos um ritmo próprio, permanecer em seu meio cultural e natural, não tendo que se 
locomover para estudar. Além disso, é você que escolhe os horários em que seu rendimento é maior. Entretanto, 
certamente pôde se conscientizar também de que, para um melhor desempenho nesta modalidade de estudo, 
precisa organizar­se e assumir uma postura mais autônoma em relação à sua aprendizagem. 

         Saber estudar é, como alguém já disse, o caminho mais fácil de aprender o que quer que seja. O 
conteúdo de Metodologia do Trabalho Científico, constante deste volume, pretende contribuir para que o 
aluno universitário adquira esta competência. Nele, você encontrará informações sobre os métodos e processos 
de produção do conhecimento científico, noções básicas sobre as normas técnicas e a sistemática que envolve 
os processos de investigação científica e de produção de um trabalho acadêmico. 

         Estas informações foram organizadas em quarto unidades de estudo. 

        Na primeira unidade, você  encontrará orientações para a  organização de seus estudos  e ficará 
sabendo de que forma a universidade pode contribuir para a sua formação e também qual a sua parcela de 
responsabilidade, enquanto aluno, neste processo. 

          A segunda unidade contém os esclarecimentos necessários para ajudá­lo(a) no estudo dos textos 
acadêmicos. Você verá como os textos acadêmicos são organizados, os procedimentos adequados para a 
leitura desse tipo de texto e as diversas formas de registro de seus estudos. 

         A terceira unidade se ocupa do conhecimento, suas diversas formas de manifestação e respectivas 
características e também de sua aplicabilidade. 

        Na quarta e última unidade você aprenderá as normas para a elaboração e apresentação de trabalhos 
acadêmicos.
4   UNIUBE ­ Educação a Distância
Metodologia do Trabalho Científico   5



                                                 SUM Á RI O 

ORI ENTAÇÕES GERAI S .................................................................................. 07 

UNI DADE 1 ­  ORGANI ZAÇÃO DOS ESTUDOS NA UNI VERSI DADE ............... 09 
   1.1    Considerações iniciais ................................................................................ 11 
   1.2    Autonomia e aprendizagem ........................................................................ 11 
   1.3    Os instrumentos de trabalho ....................................................................... 13 
   1.4    O papel da universidade na formação acadêmica do aluno e o papel do 
          aluno na própria formação ......................................................................... 21 
   Exercícios de Fixação ......................................................................................... 25 


UNI DADE 2 ­  ESTUDOS DE TEXTOS ACADÊMI COS  ....................................... 29 

   2.1    Conceito de texto e os modos de organização dos textos acadêmicos ................. 31 
   2.2    Procedimentos para a leitura de um texto didático­científico ............................. 49 
   2.3    Outras formas de registro de estudos acadêmicos ........................................... 53 
   Exercícios de Fixação ......................................................................................... 54 


UNI DADE 3 ­  COMP REENDENDO O SI GNI FI CADO DO CONHECI MENTO ..... 59 

   3.1    Considerações iniciais ................................................................................ 61 
   3.2    Bases conceituais e caracterísiticas dos tipos de conhecimento .......................... 62 
   3.3    A diferença entre conhecimento e informação ................................................ 69 
   3.4    Conhecimento científico e senso comum ....................................................... 73 
   3.5    Características e aplicabilidade do conhecimento ............................................ 79 
   Exercícios de Fixação ......................................................................................... 81 


UNI DADE 4 ­  NORMAS DE AP RESENTAÇÃO DE TRABALHOS 
ACADÊMI COS .................................................................................................  85 

   4.1    Considerações iniciais ................................................................................ 86 
   4.2    O trabalho acadêmico ............................................................................... 86 
   4.3    A elaboração da questão geradora ............................................................... 89 
   4.4    O levantamento bibliográfico e as anotações .................................................. 90 
   4.5    Estrutura, etapas e principais elementos do trabalho acadêmico ........................ 91 
   4.6    Aspectos técnicos e normativos da apresentação de trabalhos 
          acadêmicos ............................................................................................102 
   Exercícios de Fixação ........................................................................................110 


REFERENCI AL DE RESP OSTAS ......................................................................115 


REFERÊNCI A S .......................................................................................... 117
6   UNIUBE ­ Educação a Distância
Metodologia do Trabalho Científico   7


                                              ORI EN TAÇÕES  GER AI S 


         A fim de facilitar a sua aprendizagem, no decorrer do texto você encontrará ícones, quadros, 
esquemas e imagens que lhe fornecerão pistas valiosas para a compreensão do conteúdo. Elabora­ 
mos  uma legenda para que  você  possa  aprender  mais  facilmente seus  significados. Recorra a ela 
sempre  que  precisar. 



                                                 Exemplos ou Explicações.

                                                 Atenção! Informação Importante.
                          Quadro com borda 
                              simples            Conceito ou definição relativos ao conteúdo.

                    Quadro com borda dupla       Esquemas ou resumos.




        Ainda para facilitar a sua compreensão, optamos por colocar o glossário no decorrer do texto. 
Assim, sempre que houver uma palavra cujo significado é preciso esclarecer, ela virá marcada com 
uma tarja cinza e, ao lado, o esclarecimento aparecerá num quadro cinza, sem contorno. 

         Ao realizar o estudo de cada unidade, você deverá cumprir uma série de atividades que o(a) 
auxiliarão  a  compreender  e  fixar  melhor  o  conteúdo.  Para  estas  atividades,  você  encontrará  as 
respostas no referencial colocado ao final deste volume. 

           Desejamos a você muito sucesso nos estudos! 

           Equipe de professores.
8   UNIUBE ­ Educação a Distância
Metodologia do Trabalho Científico   9




          UN I DADE   1 

ORGAN I ZAÇÃO DOS ESTUDOS N A 
        UNI VERSI DADE 




      Valeska Guimarães Rezende da Cunha 
                  Iolanda Rodrigues Nunes 
                     Ernani Cláudio Borges 
              André Luís Teixeira Fernandes 
                  Raul Sérgio Reis Rezende
1.1  CON SI DERA ÇÕES  I N I CI AI S 

          Ao final desta unidade, você  deverá manifestar consciência da necessidade de se organizar em sua 
vida de estudos e ter discernimento quanto aos métodos e estratégias necessários  ao seu bom desempenho 
neste componente curricular bem como nas outras disciplinas de seu curso. Deverá, também, saber posicionar­ 
se criticamente em relação ao papel que a universidade desempenha na formação acadêmica do aluno e ao 
papel do aluno na sua própria formação. 

         Sabemos que o estudo é fundamental na vida das pessoas e por meio dele buscamos alcançar os 
diversos tipos de conhecimento, que serão aplicados em inúmeras situações de nossa vida. 

        Durante sua formação escolar, você encontrará exigências, obstáculos e desafios que o(a) farão ter 
uma  nova  postura  diante  dos  estudos.  Daí  a  necessidade  de  você  repensar  e  avaliar  a  forma  como  vem 
estudando até agora. 

         Muitos(as) alunos(as), apesar de seu esforço, não conseguem obter o sucesso escolar que estaria ao 
seu alcance, pois trabalham com métodos inadequados. A obtenção de bons resultados escolares, que é o 
objetivo de todos os estudantes, consegue­se com métodos e estratégias de estudo eficazes. 

          A princípio, é preciso que você se conscientize de que o resultado de todo o processo depende 
de você mesmo(a), ao assumir uma postura com maior autonomia para a efetivação da aprendizagem. 
Além disso, você deve empenhar­se num projeto de estudo altamente individualizado, apoiado no domínio e 
na manipulação de uma série de instrumentos, que o(a) auxiliarão na organização de sua vida de estudo e na 
disciplina de  sua vida  acadêmica. 

          Sabemos que cada aluno(a) tem um estilo e um método próprio para estudo. Alguns têm uma postura 
passiva e mecânica, ao passo que outros constróem seu conhecimento de forma ativa e dinâmica durante sua 
vida escolar. Nesta unidade, estaremos sugerindo instrumentos de estudo que o(a) ajudarão a assumir uma 
postura de  agente construtor(a)  de seu  próprio conhecimento,  conseguindo, assim,  um aprendizado  mais 
significativo. São palavras­chave para melhor aproveitamento dos estudos: 



                          Motivação                                Organização do tempo

              Organização dos materiais                                    Autonomia



                             1.2  AUTON OM I A  E  AP REN DI ZAGEM  

         Para que tenha possibilidades de construção de sua autonomia ao longo do processo, é necessário 
que  você  seja  autor(a)  de  sua  própria  fala  e  do seu  próprio  agir,  pois  a  autonomia  é  uma  conquista  que 
somente se completa e se realiza à medida que a pessoa cresce e amadurece, no convívio com os outros 
(PRETI, 1996). 
         A autonomia, para ser construída, exige de você, aluno(a), uma tomada de posição e um compromis­ 
so consigo mesmo(a) e com a instituição onde estuda. Segundo Preti (1996), a sua capacidade de aprender de 
forma autônoma, fazendo com que você ganhe confiança  em si mesmo(a), não depende passivamente da 
figura do professor, de alguém que vem para “ensinar ao outro que não sabe”. 
        Nesse sentido, sugerimos que você considere a sua participação nas atividades acadêmicas como 
um elemento indispensável para a construção da autonomia. Mas, nesta altura, você deve estar se perguntando: 
12   UNIUBE ­ Educação a Distância 




                                                                       O que devo fazer, enquanto
                                                                  aluno(a), para aprender a aprender,
              Como estudar?                                       a me autoformar, a regular a minha
                                                                     aprendizagem, a ter autonomia
                                                                     no processo de aprendizagem?




                                                                           Existem instrumentos e
                                                                          técnicas para me auxiliar
                                                                              nesse processo?




          Esse é o grande desafio! Para isso, ofereceremos diversas técnicas de estudo e inúmeras atividades 
que facilitarão a sua aprendizagem. 


                                                     Exercite, pratique a sua autonomia na realização dos
                                                    trabalhos solicitados por seus professores. Freqüente
                                                      a biblioteca, navegue na Internet, para aprofundar
                                                    seus estudos e fazer leituras diferentes. É importante
                                                                   que você amplie sua visão. 




         Para Preti (1996), não há dúvida de que existem inúmeras dificuldades que você deverá considerar 
e procurar superar, tais como: 


                           ·    dificuldade de adaptar­se a novas situações de aprendizagem 
                           ·    pouco  tempo  livr e 
                           ·    descr ença  da  validade  e  aplicabilidade  de  estudos  teór icos 
                           ·    dificuldades  econômicas 
                           ·    pr oblemas  de  saúde 
                           ·    pr oblemas  inter pessoais 
                           ·    dificuldade  de  concentr ação 
                           ·    tr anstor nos  afetivos  e  outr os 



         É importante que você perceba suas limitações pessoais para procurar superá­las!
Metodologia do Trabalho Científico           13 



         Segundo Aretio (1994, apud PRETI, 1996), é necessário que                Apud 
você “se eduque para que saiba como aprender, como adaptar­se e como 
mudar”, se quiser continuar desfrutando do seu estudo e de sua vida. Às           Citado por. Termo usado quando um au­ 
                                                                                  tor cita em  seu livro outro autor e você 
vezes, não  conseguimos superar todas  as dificuldades, mas  é preciso            deseja usar a mesma citação, e não tem 
saber lidar com elas e ir superando­as aos poucos.                                acesso à  obra original. 


          Inicialmente,  é  fundamental  um  olhar  para  si  mesmo,  é 
importante observar­se e perguntar­se: como estudo, isto é, como apren­ 
do, quais as estratégias metacognitivas utilizadas? Como ocupo e orga­            M etacognitiva 
nizo o tempo ao longo do dia e da semana? Quando, quanto, como e 
onde estudo? Quais os horários mais proveitosos? Que técnicas utilizo             Etimologicamente, significa  para  “além 
                                                                                  da cognição”, isto é, a faculdade de co­ 
para ler, resumir e estudar, de uma maneira geral? (PRETI, 1996).                 nhecer o próprio ato de conhecer, ou, dito 
                                                                                  de outra forma de “pensar sobre o pen­ 
                                                                                  sar”. 


          Sugerimos, portanto, um conhecimento de si mesmo, enquanto aprendiz, pois essa auto­avaliação 
o(a) ajudará a melhor definir e ponderar suas metas em relação à disciplina. Reflita sobre as estratégias que 
você  utiliza  para  estudar.  Depois,  organize  seu  tempo,  distribuindo  melhor  suas  atividades  ao  longo  da 
semana. 
         A nossa intenção até agora foi propor reflexões sobre as significações e as dimensões da autonomia, 
dentro do processo educacional. Não pretendemos torná­las um “receituário” ou um “pacote de regrinhas” 
que  devem  ser  seguidas  para,  automaticamente,  garantir  o  processo  de  autonomia  na  aprendizagem. 
Pretendemos, sim, dar uma orientação e um suporte a você, para que planeje suas ações, organize seu tempo 
de estudo e tenha consciência de que o seu sucesso depende, em grande parte, do seu envolvimento e esforço 
individual. 

         No início pode parecer difícil, principalmente se
        você não estiver muito habituado(a) a estudar com
         regularidade. Mas é importante não desanimar e
             estar sempre prestando atenção ao seu
           desenvolvimento, aos horários nos quais você
       produz com maior facilidade. Enfim, preste atenção
         em você e, aos poucos, crie um hábito de estudo
               que se adapte ao seu ritmo pessoal.




                            1.3  OS  I N STRUM EN TOS  DE  TRABALHO 


         Esperamos que você, realmente, tenha refletido sobre seu tempo, seu ritmo de estudo e que tenha 
procurado algumas alternativas. Agora, vamos prosseguir nosso conteúdo estudando os instrumentos que 
o(a) auxiliarão na organização de sua vida de estudo e na disciplina de sua vida acadêmica. 

          A  tarefa  de  aprendizagem  na  universidade  se  inicia  pelo  embasamento  teórico,  próprio  de  cada 
área. Antes  de  iniciar  as  atividades  práticas,  de  laboratório  ou  de  campo,  você  precisa  compreender  o 
conteúdo específico de sua área de estudo. Para isso, é necessário dispor de diversos instrumentos de trabalho 
(cf.  quadro  1)  que, em  nosso  meio,  são  fundamentalmente  bibliográficos,  os quais  garantirão  seu  estudo 
pessoal no decorrer de sua vida acadêmica (SEVERINO, 2002).
14    UNIUBE ­ Educação a Distância 




         É importante para seus estudos, que você comece a formar sua biblioteca pessoal, munindo­se 
de livros, resumos, textos complementares, periódicos, revistas, dicionários e recursos eletrônicos gerados 
pela tecnologia informacional. 


     Quadro 1 ­ Exemplos e definições de instrumentos de trabalho 




            1.3.1  EXP LORAÇÃO DOS I NSTRUMENTOS DE TRABALHO


          O  material  didático  científico  é  a  base  para  o  estudo  pessoal  do(a)  aluno(a),  que  deve  se 
esforçar para construir os sentidos dos conceitos ou das idéias apresentadas no texto, ou seja, você não 
precisa se preocupar  com o “decorar”, com  o “memorizar”. Algumas vezes  é importante memorizar 
certas informações, mas de nada adianta memorizar sem compreender. 
Metodologia do Trabalho Científico   15 




                Sugerimos que você crie o hábito de
              registrar a matéria abordada em aula, os
             elementos complementares a esta matéria,
                 as informações anotadas nas aulas
               expositivas, nos debates em grupo, nos
                     seminários e conferências. 




          Durante seus registros você não conseguirá anotar tudo aquilo que é exposto, pois muitas idéias 
ficam truncadas e você acaba perdendo a concentração durante essas anotações. Preocupe­se com palavras 
ou expressões que traduzam conteúdos conceituais e idéias fundamentais, para que, mais tarde, em sua casa 
ou em um ambiente de estudo, possa submeter suas anotações a um processo de correção, de complementação 
e de triagem. 
         Veja, a seguir, no Quadro 2, exemplo de uma anotação concisa do que foi exposto até agora: 

    Quadro 2 ­ Exemplo de anotações importantes 

      1. Universidade                    novas exigências                   necessidade de
                                         novos desafios                     rever forma de estu-
                                                                            do


      2. Ritmo de estudo                           é pessoal             desenvolver a
                                                                         autonomia

                                               livros / resumos / periódicos/ / dicionários /
      3. Instrumentos de
                                               Internet
      trabalho


                É importante: formar uma biblioteca básica
                                   adquirir hábitos de anotação 


                                                     Chamamos sua atenção para o fato de que a
                                                           prática de registro pessoal deve
                                                     tornar-se uma constante em sua vida, pois é
                                                     preciso convencer-se de sua necessidade e
                                                        utilidade, considerando-a como parte
                                                         integrante do processo de estudo.




         Fazer registro é a maneira mais adequada e sistemática de estudar, pois expressa um resultado das 
atividades intelectuais de todo aquele que procura estar em dia com as produções do pensamento humano. 
O(a) aluno(a) tem de estar ciente de que sua aprendizagem é uma tarefa eminentemente pessoal.
16    UNIUBE ­ Educação a Distância 



         Indicaremos, a seguir, uma forma de fazer registro dos estudos, denominada fichamento. 


                 Para que fazer o                              Será mesmo necessário nos
              registro da localização                             ocuparmos com tais
               de documentos, dos                                    fichamentos?
                 livros que lemos?




         Certamente que sim. Aí vão algumas razões: neles podemos buscar dados para chegar com mais 
agilidade a uma informação importante ou  para fundamentar nossas afirmações; registrar nossas impressões 
e nossas reflexões acerca de um assunto e racionalizar o nosso trabalho. 
          Outro ponto interessante a ser observado é que sempre o estudo de um texto (científico, artístico, 
religioso etc.) se inicia por um processo de contextualização, gerando o fichamento do assunto estudado. 


 O FICHAMENTO é uma prática de escrita acadêmica que tem por objetivo identificar um objeto 
 de estudo (um livro, um capítulo de livro, um artigo, um filme, um documento, um monumento, uma 
 obra artística) ou reunir dados e proposições sobre determinado tema. Por ser um procedimento 
 básico de identificação, está sempre relacionado a outras práticas de escrita acadêmica. 


         Enquanto método pessoal de estudo, podemos identificar três formas de fichamento: o fichamento 
bibliográfico, o fichamento temático e o fichamento geral. Veremos, a seguir, essas três formas de fichamento. 




                Para fazer fichamento, você pode utilizar
              fichas próprias, compradas em papelaria, que
                   podem ser manuscritas, ou utilizar o
                 computador, criando pastas e arquivos. 




1.3.1.1 Fichamento Bibliográfico



 Esta forma de registro se constitui num conjunto de referência sobre livros, artigos e trabalhos 
 dentro de uma área do saber. Este tipo de fichamento é útil  porque permite consultar, facilmente o 
 conteúdo da obra que você leu sobre o assunto em questão, quando for realizar realizar algum 
 trabalho sobre um determinado assunto. 
Metodologia do Trabalho Científico   17 



          Para exercitar esse tipo de fichamento, sugerimos que, à medida que você tome contato com os 
livros, artigos, trabalhos e informes diversos, habitue­se a fazer um fichário, que pode ser manuscrito, ou 
digitado no computador, o qual possibilita maior facilidade na inserção e manipulação dos dados. 

         Veja,  no  Quadro  3,  um  exemplo  de  fichamento  bibliográfico,  que  complementará  o  fichamento 
temático. 


         Exemplo de fichamento bibliográfico 

     Quadro 3 ­ Exemplo de fichamento bibliográfico 

       GARCIA, Ana Maria Felipe. O Conhecimento. In: HÜHNE, Leda Miranda (Org). Metodologia Científica: 
       Cadernos de Texto e Técnicas. 7. ed. Rio de Janeiro: Agir, 1999. 

       LAKATOS, Eva Maria;  MARCONI, Marina de Andrade. Fundamentos de Metodologia Científica.  São 
       Paulo: Atlas, 1990. 

       DEMO, P. Neutralidade Científica. IN: ______. Metodologia Científica em Ciências Sociais. 3. ed.  São 
       Paulo: Atlas, 1995. 

       Tema: O conhecimento 




1.3.1.2  Fichamento Temático 

 Esta forma de registro baseia­se nos conceitos fundamentais de uma determinada área do saber, 
 podendo se referir a uma ou mais obras. Este tipo de fichamento é útil quando você for realizar  
 algum trabalho sobre um determinado assunto. Ao consultar a ficha, você terá acesso às obras que 
 tratam do assunto em questão, bem como a um breve resumo. 


         Esse tipo de fichamento pode ser elaborado de diversas formas: 


                                                                          colocar  o  conceito  entre 
          transcrição  literal  (cópia                                    aspas, indicando o autor, 
          fiel) das palavras do autor                                     a obra e a página de onde 
                                                                          foi retirado 



                                                                          dispensam­se  as  aspas, 
          síntese das idéias do autor                                     mantendo a indicação da 
                                                                          fonte




          idéias pessoais, anotadas                                       não é necessária a utiliza­ 
          a partir de uma aula                                            ção de aspas nem a indi­ 
                                                                          cação da fonte. 
18     UNIUBE ­ Educação a Distância 



      AA seguir, apresentaremos um exemplo de um fichamento temático com a síntese das idéias do autor e 
também com idéias pessoais. Trata­se de uma forma dentre as muitas que podem ser utilizadas para este fim. 
A se 
           Exemplo de fichamento temático 

      Quadro 4 ­ Exemplo de fichamento temático 

       O  Conhecimento. 

       A autora analisa o sentido e o papel que o conhecimento exerce na realidade humana atual através de três relações: 
       fazer, usar e se posicionar: 
       a)  apresenta o homem como ser racional que, pela linguagem,  intrepreta o mundo e se mostra nessa interpreta­ 
           ção; 
       b) caracteriza o conhecimento como renascimento, isto é, formas sempre novas de estar no mundo; 
       c) o processo do conhecimento dá a verdadeira medida do homem: ser que renasce sempre quando está aberto ao 
           mundo. 

       Comentário  pessoal: 
       O texto destaca três possibilidades de conhecimento, mas ainda não revela o papel específico da ciência. 

       Referência: 
       GARCIA, Ana Maria Felipe. O Conhecimento. In: HÜHNE, Leda Miranda (Org.). Metodologia científica: 
       cadernos de texto e técnicas. 7. ed. Rio de Janeiro: Agir, 1999. 

      Fonte:  GARCIA, Ana Maria Felipe. O Conhecimento. In: HÜHNE, Leda Miranda (Org.). Metodologia cientí­ 
      fica: cadernos de texto e técnicas. 7. ed. Rio de Janeiro: Agir, 1999. 


1.3.1.3  Fichamento Geral 


                                                        Para esse tipo de fichamento, você pode
                                                        proceder conforme sugerimos, a seguir. 




                                           ­  Faça um apanhado amplo do assunto, sem muita profundidade 
                                              (leitura do prefácio, sumário, introdução). 
                                           ­  Em seguida, faça uma leitura mais aprofundada com apontamen­ 
                                              tos mais rigorosos. 
                                           ­  Lembre­se: as diversas informações devem ser seguidas pela  in­ 
                                              dicação, entre parênteses, das respectivas páginas. 



     É aquele realizado de maneira sistemática e organizada, no qual o(a) aluno(a) arquiva as apostilas, 
     os textos de seminários, os trabalhos didáticos, os textos de conferência e outros, cujo uso seja 
     julgado importante, formando um conjunto de textos relacionados com a área de estudo do(a) 
     estudante. 


         Ao realizar algum trabalho acadêmico, com maior valor científico, você poderá recorrer a este tipo 
de fichamento que servirá de base para o fichamento temático ou mesmo para o fichamento bibliográfico 
(SEVERINO, 2002). 
         À medida que você desenvolve seus estudos, o trabalho de fichamento deve ser sistematicamente 
realizado.  Procedendo  habitualmente dessa  forma,  você  perceberá,  na  prática, a  utilidade  do  fichamento, 
inserido como parte integrante do seu processo de estudo.
Metodologia do Trabalho Científico   19 



         Relacionamos, a seguir, algumas orientações práticas, que serão úteis no seu dia­a­dia: 

         a) Considere material de fichamento tudo o que julgar importante e útil para seus estudos: as 
            leituras, as aulas, os seminários, os grupos de discussão, as conferências; 
         b) para  fichas manuscritas ou para os registros feitos no computador, deve­se observar as 
            seguintes orientações: 
            ∙  evitar longas transcrições; 
            ∙  registros feitos a partir de leituras, devem conter: título e fonte no cabeçalho. Por ‘fonte’ se 
               entende: nome do autor, título da obra, local, editora, página, ano; 
            ∙  registros feitos a partir de aulas devem conter: data, disciplina, assunto e nome do professor. 
            ∙  providenciar um fichário próprio, no caso de se utilizar fichas; 
            ∙  transcrever os assuntos dos cadernos para as fichas ou para o editor de textos/planilha, no 
               computador. 
         c) para a elaboração da ficha manuscrita deve­se considerar: 
            ∙  tamanho adequado, que pode ser grande, médio ou pequeno (optar por um tamanho único); 
            ∙  cabeçalho – título e fonte – no verso escrever de cabeça para baixo; 
            ∙  aspas ( “ “ ) para citação; asterisco ( * ) para resumo; duas barras ( // ) para indicar idéias 
               pessoais. 
         d) para a elaboração dos arquivos no computador deve­se considerar: 
            ∙  tamanho do papel e margens adequados para impressão; 
            ∙  espaçamento entre linhas de modo a permitir uma boa leitura; 
            ∙  tipo e tamanho de fonte (letra) legíveis; 
            ∙  cabeçalho contendo título e fonte da documentação; 
            ∙  usar  aspas (  “ “  ) para  citação; asterisco  ( *  )  para resumo;  duas barras  ( //  ) para  indicar 
               idéias  pessoais. 

        O Quadro 5, a seguir, representa a estrutura padrão de um fichamento geral, e o Quadro 6, apresenta 
um exemplo de fichamento geral. 


     Quadro 5 ­ Estrutura padrão de um fichamento geral.
20     UNIUBE ­ Educação a Distância




                                                          Que tal colocar em prática os tipos de fichamentos,
                                                           vistos anteriormente? Experimente criar exemplos
                                                          utilizando a forma manuscrita ou o computador. Siga
                                                                 o exemplo de fichamento geral, a seguir.




       Exemplo de fichamento geral: 

Quadro 6 ­ Exemplo de fichamento geral 
 ESTUDAR 
 Técnicas de trabalho                                                             1 
 FURLAN, Vera Irma. O estudo de textos teóricos. In: CARVALHO, Maria Cecília M. (Org.) 
 Construindo o saber: técnicas de metodologia científica. Campinas: Papirus, 1988. 

 Resumo: 
 A autora cita que os textos são obra e produto humano, expressos pelos mais variados meios simbólicos e 
 representam a memória do homem, constituindo­se na herança que possibilita a continuidade de sua obra. 
 (p. 131) 
 Sobre os textos teóricos, afirma que moldam a visão do homem e seu pensamento e que, além de ser obras 
 que demonstram um conhecimento do mundo, fazem ver o que foi produzido pelos homens na sua existência, 
 expressando  momentos  históricos  contendo  toda  série  de  situações.  Também  são  sistematizados, 
 organizados e metódicos, fruto de construção de cientistas na tentativa de explicar o real. (p. 132) 
 Interpreta o texto como uma “voz humana”, do passado, à qual se tem que “dar vida” e “ ‘ouvir’ a sua 
 palavra,  o  seu  mundo  a  compreensão  dos  significados  nele  implícitos”.  Continua  afirmando  que  é  no 
 encontro histórico, quando diversas experiências se defrontam, que se torna possível a compreensão e 
 interpretação dos textos. (p. 133) 
 Através dos textos teóricos é que entramos em contato com a produção científica. Portanto, para poder 
 decifrar melhor o mundo, é necessário compreendê­los e, para tanto, é necessário ter um objetivo para o 
 estudo dos mesmos. Também é necessário ter claro as questões e problemas contidos nos textos e saber 
 localizá­lo no tempo e espaço, etapas estas que facilitam a compreensão. É também sugerida a demarcação 
 dos conceitos, doutrinas desconhecidas, autores citados, para, a seguir, fazer uma consulta a dicionários, 
 enciclopédias e manuais para buscar explicações, que facilitem a compreensão da mensagem do autor. (p. 
 134) 
 Citações: 
 “Segundo Paulo Freire, o papel do educador é o de proporcionar a organização de um pensamento correto 
 através da relação educador­educando e educando­educador”. (p. 108) 
 “No laboratório de classe não há lugar para a reprodução mecânica do conhecimento mas para a recriação 
 e, até, criação de um trabalho cooperativo de professor e aluno”. (p. 109) 
 “O professor deverá orientar seus alunos para um sistema de auto­aprendizagem através de métodos de 
 pesquisa bibliográfica e documentação”. (p. 109) 
 Idéias Pessoais: 
 // Texto bastante significativo e que propõe uma metodologia aprofundada de leitura de textos teóricos// 
 Local: 
 Consultar o livro conforme referência da parte superior da ficha. 

Fonte:  FURLAN,  Vera  Irma.  O  estudo  de  textos  teóricos.  In:  CARVALHO,  Maria  Cecília  M.  (Org.)  Constr uindo  o 
saber : técnicas de metodologia científica. Campinas: Papirus, 1988.
Metodologia do Trabalho Científico         21



   1.4  O P AP EL DA UN I VERSI DADE N A FORM AÇÃO ACADÊM I CA DO 
        ALUN O E O P AP EL DO ALUN O N A P RÓP RI A FORM AÇÃO 



          Vamos prosseguir nosso conteúdo destacando o papel que a universidade desempenha na socieda­ 
de, analisando e enfatizando as contribuições que ela exerce na formação acadêmica do(a) aluno(a). Vamos 
também refletir sobre o papel do(a) aluno(a), inserido nessa sociedade, na sua própria formação. 


                                                                     A questão inicial que se coloca,
                                                                   portanto, é a seguinte: Qual o papel
                                                                      da universidade na sociedade?




        Na verdade, há vários autores com opiniões divergentes sobre esse assunto. Por isso é interessante 
conhecer essas opiniões para que possamos refletir e tomar uma posição frente à questão apresentada. 
                                 A universidade visa possibilitar aos diplomados o exercício competente da função ou emprego, 
                                 com remuneração satisfatória. Acrescento dimensão social mais ampla: técnicos, funcionários 
                                 saídos dos  bancos universitários ajudam  a elevar tanto o  nível da qualidade  da produção, 
                                 como  o do  país,  assim  como qualidade  e  quantidade da  produção  nas  diferentes áreas  da 
                                 atividade humana. (JUSTO, 1995). 

                                 ...a instituição universitária, em qualquer realidade social, sempre tem respondido pela ex­ 
                                 celência  do  saber  científico  e  do  nível filosófico  e  cultural,  e  por  isso  mesmo  geralmente 
                                 tem recebido por parte da sociedade o reconhecimento a que faz jus, mas também tem sido 
                                 severamente  criticada  quando  não  consegue  acompanhar  os  avanços  científicos  e 
                                 tecnológicos, perdendo assim sua capacidade para traduzir em ações concretas as necessi­ 
                                 dades  emergentes da  sociedade,  através de  suas funções  básicas:  o ensino,  a  pesquisa e  a 
                                 extensão. (SOLINO apud INFANTE, 2003) 

          Você  deve  ter  constatado,  por  estas  citações,  que  a  função  social  da  universidade  é  preparar 
profissionais para o mercado de trabalho. Segundo esses autores, a universidade precisa ouvir e compreen­ 
der as necessidades da sociedade,  detectando as mudanças de mercado e elaborando estratégias que possi­ 
bilitem  a  otimização  das  relações  que  deve  existir  entre  a  universidade  e  a  sociedade.  Isso  é  um  grande 
desafio a ser enfrentado, pois conhecer o perfil dinâmico e multifacetado dos profissionais que o mercado de 
trabalho exige é um trabalho cauteloso e de diálogo permanente (Figura 1). Torna­se necessário, portanto, 
criar condições para essa comunicação, oferecendo apoio à inovação tecnológica e à criatividade, para que 
o(a) universitário(a) se enquadre no mercado de trabalho que a sociedade exige. 



                                                        SISTEMA
                                                      EDUCACIONAL 




              Setor privado,                          MERCADO DE
            empresas, estatais e                                                                 Setor público
                                                       TRABALHO
                 fundações

           Figura 1 – Ajuste entre o mercado de trabalho e o sistema educacional de terceiro grau.
22    UNIUBE ­ Educação a Distância 



          Segundo Infante (2003), atualmente se exige da universidade competitividade no nível de formação 
do novo profissional, preparando­o tanto na dimensão do “como fazer” quanto do “porque fazer”. Isto se dá 
pelo fato da universidade, ao gerir o conhecimento artístico, científico e tecnológico, estar sempre em confronto 
com as exigências da atual era da evolução da informação. 
                                                                                               1 
          Essa  idéia  de  Infante  vem  ao  encontro  das  idéias  de  Pereira  em  um  debate  sobre o papel da 
universidade.  Segundo  Pereira  (2003),  a  universidade  de  qualidade  é  aquela  que  forma  profissionais 
competitivos, críticos e eficientes e, para tal, é preciso que os docentes dessa universidade também sejam 
eficientes. A forma de avaliar a eficiência dos docentes  é o número de artigos publicados, a participação em 
congressos, o número de pesquisas que orienta e outras formas de produção. 
         Nesse contexto, fica claro que a universidade produtiva é fundamentalmente uma universidade que 
produz  conhecimento,  através  do  ensino,  pesquisa  e  publicações.  Isso  fica  ainda  mais  claro  quando  ele 
afirma que  “...os professores têm que ser eficientes, têm que produzir, se preocupar com os custos, e viabilizar 
alguma coisa que seja politicamente possível”. 
         Percebemos que todos os autores citados defendem a idéia de uma universidade produtiva. Sendo 
assim, é importante que entendamos o conceito de “universidade produtiva”, que está implícito nas idéias 
apresentadas até agora. 
         Certamente você compreendeu que o conceito de universidade produtiva defendido pelos autores 
Justo (1995), Solino (2003), Infante (2003) e Pereira (2003), é a de uma universidade que prepara profissi­ 
onais tecnicamente eficientes para atuarem no mercado de trabalho, esquecendo­se de pensar numa formação 
mais ampla, ou seja, a que prepara profissionais críticos e conscientes dos problemas sociais. 

         A  partir  destas  colocações,  seria  interessante  levantarmos  outras  questões:  Qual  seria  a  função 
social da universidade? A universidade é acessível a todas as camadas sociais? 


                       Reflita sobre as afirmações anteriores e
                       faça suas considerações referentes aos
                              questionamentos colocados.




         Como dissemos anteriormente, há autores que defendem idéias diferentes dessas apresentadas até 
agora. Para Ramos (1996), 
                    a universidade não se universalizou de fato, pelo menos nos países do Terceiro Mundo. E mesmo naqueles 
                    países que conseguiram eliminar o analfabetismo e proporcionar à totalidade da sua população uma educa­ 
                    ção básica, ela continua reproduzindo as classes sociais diferenciadas, conforme a origem social de seus 
                    alunos. Aqueles provenientes das classes que detêm  o poder econômico encaminham­se ‘naturalmente’ 
                    para os cursos de estudos superiores; os demais, para os cursos técnicos profissionalizantes ou, simples­ 
                    mente, para as ocupações manuais não especializadas. 

        Chauí (2003), também tem um posicionamento diferente, defendendo o papel da universidade em 
uma outra perspectiva. Ao contrário dos outros autores citados, ela se opõe à universidade voltada, apenas, 
para o mercado de trabalho. A professora defende uma universidade crítica, reflexiva, aberta a questões que 
possam interessar a todo o conjunto da sociedade e no qual a educação é colocada como um dever do Estado. 


1 
 Debate entre Marilena Chauí e Luiz Carlos Bresser Pereira, que marcou a abertura pública do IV Congresso da USP. O título 
do debate foi ‘Que Universidade queremos: crítica ou produtivista?’ 
Metodologia do Trabalho Científico            23 



          “Muitas  vezes  o  professor  é  impedido  de    realizar  o  seu  trabalho  de  docência,  e  ano  após  ano, 
repete a mesma aula, porque não tem tempo de preparar outra, porque ele vai ser avaliado pelo número de 
papéis,  de livros,  de  notas de  rodapé,  de congressos”  (CHAUÍ,  2003).  Nesse  sentido, ela  defende  que  a 
avaliação da qualidade da universidade, não deve ser feita apenas pela quantidade de vezes que seus docen­ 
tes participam de congressos, pelo número de artigos que publicam ou por outras medidas quantitativas, mas, 
principalmente, pela qualidade das aulas ministradas pelos docentes, o que implica, necessariamente, uma 
reavaliação das condições de trabalho desses docentes. Torna­se necessário que ocorra uma revalorização 
da docência para que o professor reveja o que é preparar, ministrar e avaliar uma aula universitária. 

          Cabe ressaltar que no espaço universitário, a pesquisa não pode estar separada do ensino, conforme 
observa Demo (1992), ao considerar que a maioria dos professores das universidades fizeram “opção” pelo 
ensino,  passando  a  vida  contando  aos  alunos  o  que  aprenderam  de  outrem,  imitando  e  reproduzindo 
subsidiariamente. Segundo esse autor, “quem ensina carece pesquisar” e “quem pesquisa carece ensinar”. 

          Para Chauí(2003), o mercado exige rotina, repetição, tudo que não inclui inovação, nem criatividade, 
nem originalidade, nem profundidade. Isso é devido ao fato de o mercado considerar que somente as agênci­ 
as  de  publicidade  é  que  precisam  ser  originais  e  criativas.  Entretanto,  não  haveria  desenvolvimento  do 
conhecimento  sem  inovação  nem  criatividade.  Por  isso,  a  necessidade  da  pesquisa,  que,  por  seu  caráter 
questionador, sempre produz novos conhecimentos. 

          Nesse sentido, a pesquisa, o ensino e a extensão devem estar integrados dentro de uma universidade. 

         Você deve ter percebido que o conceito de universidade crítica, defendida pelos autores, vai além 
do conceito de universidade produtiva, porque embora eles não desprezem a competência técnica do profis­ 
sional, defendem que a universidade deve ter critérios de avaliação mais qualitativos do que quantitativos e 
que a universidade deve ser direito de todos e os profissionais que forma devem ser mais críticos e reflexi­ 
vos, engajados em pesquisas e projetos sociais. 

         A essa altura, você já deve ter se posicionado frente às contribuições dos autores citados. Qualquer 
que seja a sua opinião, gostaríamos de abrir agora um outro questionamento: Qual o seu compromisso com a 
sua própria formação? 

         Você deve ter percebido que, ao pensarmos sobre o papel da universidade na formação acadêmica 
do(a) aluno(a), inevitavelmente devemos pensar no tipo de sociedade que temos. Ao expressar nossa idéia 
de sociedade e, portanto, o tipo de profissional que a universidade deve formar, estamos, na verdade, expres­ 
sando a maneira como compreendemos o mundo. 



          Por isso, para pensar no seu compromisso com a sua própria 
formação, não podemos deixar de considerar a sociedade da qual faze­ 
mos parte. Sendo assim, precisamos levar em conta a nova era da infor­ 
mação que estamos vivendo por meio da globalização do conhecimen­ 
to,  que    propicia  a  aceleração  da  quebra  de  paradigmas  de  forma        Paradigma 
multidimensional, permitindo a concepção e o nascimento de novos mo­ 
delos de gestão, comportamento, demanda e outros. Estamos vivenciando             Visão de mundo que predomina em um 
                                                                                  momento  histórico  e  que  influencia  o 
uma  grande  transformação  proveniente  do  confronto  e  da  aliança  do        comportamento,  as  atitudes  e  os 
ensino com as tecnologias de comunicação, surgindo então novas for­               valores  das  pessoas. 
mas de comunicação da universidade com a sociedade.
24    UNIUBE ­ Educação a Distância 



          Segundo Bentes apud Barichello (2003), em re­ 
lação a essa transformação é essencial enfatizarmos dois 
pontos cruciais e relevantes nessa nova comunicação en­ 
tre  universidade  e  sociedade:  a  cultura  midiática,  que  é 
utilizada atualmente por uma grande parte da sociedade,  e  Cultura  midiática 
o excesso de informações descontextualizadas, que atin­  Uma forma cultural proveniente do contexto social     atu­ 
gem desde a população mais carente até os setores mais  al. Se até há pouco tempo livros, apostilas, jornais e revis­ 
privilegiados da sociedade. Nesse novo contexto midiático,  tas  eram  a  principal  fonte de  estudo  e  de  pesquisa, hoje 
                                                                  também se integram a esses recursos os CD­ROMs e as 
o professor passa a ser um orientador, utilizando diversos  páginas  de  Internet,  bem  como  os  de  áudio  e 
recursos  tecnológicos  nas  atividades  educacionais,  videoconferências.  Se  a  biblioteca  era  a  referência  para 
criando, assim, uma nova possibilidade de interação entre  pesquisas nas diversas áreas do conhecimento, o próprio 
                                                                  conceito de biblioteca hoje muda, com os sistemas de pes­ 
os  diferentes  campos  de  conhecimento.  Tal  interação  quisa online nas bibliotecas digitais e virtuais. 
otimiza  novas  formas  de  sociabilidade,  sem  acabar  com 
as diferenças e especificidades de cada saber ou realida­ 
de. 
          Após as reflexões você percebeu que o professor que apenas transmite informação está fazendo o 
mesmo papel das mídias, ou seja, transmitindo informações descontextualizadas. Na verdade, o papel do (a) 
professor(a), hoje, deve ser o de problematizar, criar situações e orientar os(as) alunos(as) no sentido de 
buscar, organizar e analisar as informações, aplicando­as na resolução dos problemas. 
          Consideramos,  diante  da  realidade  atual,  que  o(a)  aluno(a)  universitário(a)  não  está  em  busca, 
apenas, de informações. Ao contrário, ele(ela) está em busca de uma formação pessoal e profissional que 
o(a)  torne  competente,  mas  também  agente  transformador(a)  da  sociedade.  Nesse  sentido,  cabe  ao(à) 
professor(a) orientá­lo(a) nesse processo. 
         Quando falamos do papel do professor e do aluno entramos em um assunto chamado processo de 
ensino­aprendizagem. Se tomamos ensino­aprendizagem como algo a ser construído, a partir da interação 
dos sujeitos envolvidos (professor(a) – aluno(a)), de forma cooperativa e colaborativa e que esse processo 
se dá  em um meio  sócio­cultural, então precisamos elencar  algumas atitudes, habilidades  e competências 
fundamentais que precisam ser desenvolvidas pelos(as) alunos(as) sob a orientação do(a) professor(a). 
         Sendo assim, busca­se uma mudança de mentalidade e atitude, tanto por parte do(a) aluno(a) como 
por parte do(a) professor(a), que devem criar um ambiente favorável para que essa mudança ocorra. 
        Veja, no quadro, a seguir, a relação de algumas atitudes, habilidades e competências que servem 
como diretrizes para essa mudança: 

        ·  Desenvolver uma atitude mais participativa e ativa nas aulas. 
        ·  Trabalhar individualmente para aprender. 
        ·  Aplicar as técnicas de registro dos estudos realizados. 
        ·  Interagir com os colegas, sabendo debater e dialogar. 
        ·  Ver professores e colegas como parceiros colaboradores no processo de aprendizagem. 
        ·  Saber pesquisar. 
        ·  Assumir a responsabilidade da própria aprendizagem. 
        ·  Saber trabalhar em equipe. 
        ·  Desenvolver atitudes e valores como ética, respeito aos outros e às suas opiniões. 
        ·  Estar aberto ao novo. 
        ·  Desenvolver a criticidade. 
        ·  Desenvolver a sensibilidade às necessidades da comunidade na qual atuará como 
           profissional. 
        ·  Buscar soluções técnicas e condizentes com a realidade para melhoria da qualidade de 
           vida da população.
Metodologia do Trabalho Científico   25 



         Todos os pontos citados, anteriormente, devem ser desenvolvidos desde as séries iniciais do curso. 
Não  basta  apenas  memorizar  conteúdo.  É  necessário  ir  além,  desenvolvendo  uma  consciência  crítica  em 
relação ao conhecimento e aos problemas sociais. 

         Para que tudo isso ocorra, uma das formas que os professores utilizam, além das aulas, é a orientação 
de projetos e a solicitação de trabalhos. Por isso é importante que você fique atento(a) a dois pontos: 
         1.  Entender que os trabalhos solicitados pelos professores não são mera formalidade, mas parte 
             fundamental da sua própria aprendizagem; 
         2.  Ser capaz de analisar, comparar, discutir, transformar a informação em conhecimento, expressando 
             a sua opinião sobre o tema discutido. 
         Um trabalho nunca deve ser mera formalidade a ser cumprida, mas meio de aprendizagem 
         para o(a) aluno(a) que o realiza. 
         O(a) professor(a), ao avaliar o trabalho realizado  pelo(a) aluno(a), pode perceber falhas e 
enganos conceituais que precisam ser esclarecidos ou lacunas com relação ao conteúdo que precisam 
ser preenchidas. Portanto, os trabalhos acadêmicos são instrumentos auxiliares na tarefa do professor, 
que é a de orientar o(a) aluno(a) para alcançar a aprendizagem. Por isso, é importante realizá­los com 
seriedade. 

                              1.4.1    CON SI DERAÇÕES  FI N AI S 

          Considerando  que  estamos  diante  de  uma  realidade  marcada  por  conflitos  sociais,  chegamos  à 
conclusão de que a alternativa que temos para caminharmos na direção de uma sociedade um pouco mais 
justa é a  conscientização das pessoas no sentido de  que exerçam seus direitos e  deveres como cidadãos. 
Profissionais  competentes  tecnicamente  falando,  não  ajudam  muito  a  alcançarmos  este  ideal.  Tornam­se 
necessários profissionais com competência  técnica sim, mas também engajados em projetos    sociais que 
possam contribuir para a transformação da sociedade. 


                                                     Chegamos, assim, ao final de nossa primeira
                                                         unidade! Esperamos que você tenha
                                                    compreendido os pontos essenciais e se sinta
                                                   motivado(a) a colocar em prática o que aprendeu.




                                   EXER CÍ CI OS  DE  FI XAÇÃO 

01.  A vida de estudo na universidade exige do aluno uma organização e uma racionalidade técnica 
     e prática afim de que seu estudo seja prazeroso, positivo, consistente e de qualidade. Para que 
     o aluno consiga atingir os objetivos propostos para uma disciplina é necessário que: 

      a)  (     )  as atividades de ensino­aprendizagem utilizem sempre das tecnologias mais modernas 
                   e atraente. 
      b)  (     )  o  hábito  de  estudo,  a  manutenção  de  horários  e  a  organização  do  tempo  escolar 
                   sejam constantemente mantidos  pelo aluno. 
      c)  (     )  as tarefas exigidas e as reflexões assimiladas pelos alunos podem ser adquiridas e 
                   dinamizadas de acordo com o seu interesse. 
      d)  (     )  o  sucesso  dos  estudos  desenvolvidos  pelo  aluno  na  universidade,  dependem 
                   fundamentalmente do  nível das  aulas expositivas apresentadas pelo professor.
26   UNIUBE ­ Educação a Distância 


02.  A criação do hábito  de documentar os conteúdos abordados em  aula, as informações obtidas 
     nos debates, seminários e conferências possibilitam uma racionalização do trabalho do tempo 
     e a assimilação  das idéias  centrais. Podemos classificar as formas de documentação em  três 
     níveis: 
     a)  (    )  Fichamento  geral, fichamento  específico  e fichamento  científico. 
     b)  (    )  Fichamento  temático, fichamento  bibliográfico  e fichamento  oficial. 
     c)  (    )  Fichamento geral, fichamento temático  e fichamento  do cotidiano. 
     d)  (     )  Fichamento  temático, fichamento  bibliográfico  e fichamento  geral. 
03.  O  estudo,  compreensão  e  aplicação  do  conteúdo  de  Metodologia  do  Trabalho  Científico, 
     possibilitará  ao  aluno: 
     I­  Tomar decisões rápidas e apropriadas, utilize métodos adequados e seja agente construtor 
          do  seu  conhecimento. 
     II­  Perceber que se não partilhar com os colegas o processo de aquisição de conhecimentos, 
          seus resultados serão ineficazes. 
     III­Estudar individualmente, mas é amparado por uma série de instrumentos, que contribuem 
          para uma melhor organização de sua vida escolar. 
     IV­ Colaborar com os demais colegas de disciplina na construção de um conhecimento coletivo, 
          autônomo e eficaz. 
     Agora, dentre as alternativas a seguir, marque a que agrupa as afirmativas corretas. 
     a)  (     )  I e II 
     b)  (     )  II e IV 
     c)  (     )  I  e III 
     d)  (     )  II  e  III 

04.  A  prática  do  fichamento  é  a  maneira  mais  importante,  sistemática  e  adequada  de  um  bom 
     método pessoal de estudo. Sobre as formas desses fichamento, podemos afirmar que: 
     a)  (     )  o fichamento temático é o mais importante porque ela apresenta níveis aprofundados 
                  e uma visão de conjunto ampla. 
     b)  (     )  o fichamento geral é realizada de maneira sistemática e organizada, possibilitando 
                  que as apostilas, os textos de seminários e conferências sejam agrupados formando 
                  um conjunto coeso e científico. 
     c)  (     )  o fichamento bibliográfico apresenta uma visão panorâmica da produção acadêmica 
                  e as informações possibilitam uma visão menos profunda. 
     d)  (     )  o fichamento bibliográfico contempla muitas informações, que se não forem resumidas 
                  em fichários, único instrumento que as unifica, o acervo se perde. 
05.  Em relação à prática da escrita acadêmica, responda as questões a seguir: 
     a) Explique, com suas palavras, as características das 03 formas de fichamento: bibliográfico, 
        temático e geral. 
         ________________________________________________________________ 
         ________________________________________________________________
     b) Para cada situação apresentada a seguir, aponte o tipo de fichamento mais adequado: 
Metodologia do Trabalho Científico   27


06.  Ao pensar sobre o papel da universidade na formação acadêmica do aluno, devemos pensar no 
     tipo de sociedade que temos. Estabeleça na tabela abaixo a diferenciação entre universidade 
     crítica e produtiva, apontando o papel de cada uma, o tipo de profissional que deve formar e a 
     sua opinião sobre elas. 




07.  Ao praticar a autonomia no convívio com os outros, existem inúmeras dificuldades que devemos 
     considerar e procurar superar. Aponte 04 dificuldades que você possuiu e já superou ou ainda 
     possui em relação ao estudo do componente de Metodologia do Trabalho Científico bem como 
     em relação às demais disciplinas de seu curso. 

     a)  __________________________________________________________________ 
     b)  __________________________________________________________________ 
     c)  __________________________________________________________________ 
     d)  __________________________________________________________________ 

08.  Na universidade, antes de iniciar as atividades específicas próprias de cada área de conhecimento 
     é fundamental utilizar diversos instrumentos de trabalho que auxiliam na organização de sua 
     vida de estudo e na disciplina de sua vida acadêmica. 

     Cite 02 instrumentos que você mais utiliza e aponte 02 vantagens que cada um proporciona. 

     a)  __________________________________________________________________ 
         __________________________________________________________________ 
         __________________________________________________________________ 
     b)  __________________________________________________________________ 
         __________________________________________________________________ 
         __________________________________________________________________
28   UNIUBE ­ Educação a Distância
Metodologia do Trabalho Científico   29




         UN I DADE 2 

ESTUDO DE TEXTOS ACADÊM I COS 




                        Ivanilda Barbosa
30   UNIUBE ­ Educação a Distância
Metodologia do Trabalho Científico   31



   2.1 CONCEI TO DE TEXTO E OS M ODOS DE ORGANI ZAÇÃO DOS 
                     TEXTOS ACADÊM I COS 

                              2.1.1  CON SI DER AÇÕES  I N I CI AI S 

         Nesta unidade,  estudaremos o  texto acadêmico. Desenvolveremos algumas reflexões sobre o seu 
conceito e sua organização. Em seguida, veremos  alguns procedimentos mais adequados para a leitura  de 
um texto científico e, finalizando, serão indicadas as formas de textos acadêmicos mais freqüentes para os 
registros dos estudos que são realizados nos cursos de graduação. 
         Além dos exemplos que serão dados, vamos sugerir algumas atividades para  o exercício da leitura. 
       O que se pretende  é que você amplie  seus conhecimentos sobre as formas de organização e o uso 
adequado desses textos, para o seu melhor desempenho nos estudos.


                                     2.1.2  A P ALAVRA TEXTO 

         Para compreender o que é um texto acadêmico, seria interessante investigar o lugar que a palavra 
texto  vem  assumindo  em  nossa  vida  dentro  e  fora  da  escola.  Desde  que  aprendemos  a  ler  e  a  escrever, 
ouvimos  diariamente  as  pessoas  dizerem  “leia  o  texto”,  “escreva  um  texto”,  “gostei  de  seu  texto”,  “foi 
publicado um texto no jornal sobre...”, “o texto constitucional garante...”. 
         Ouvindo essas expressões, relacionamos texto a uma seqüência articulada de palavras escritas que, 
em maior ou menor extensão, nos permite: 
           • obter informações; 
           • expressar o que pensamos; 
           • dizer do que ou de quem gostamos; 
           • saber da Física, da Química, da Biologia, das leis de uma sociedade, da política e dos costu­ 
             mes dos povos; 
           • aprender a geografia e a história do país; 
           • conhecer o pensamento do meu colega, do cientista, do poeta. 
         Poderíamos enumerar uma infinidade de situações e de pessoas com as quais nos envolvemos por 
meio de um texto escrito. E o gesto, o desenho, a fala? É possível construir  situações e relações humanas 
com os gestos, os desenhos e as falas, assim como fazemos com as palavras escritas? E entre os povos que 
não adotaram a escrita como um recurso de comunicação e trabalho, não existe texto? Como são passadas as 
tradições, os costumes, as normas de convivência em grupos sociais que não adotam a língua escrita? 
         À medida que essas questões vão sendo respondidas, a imagem de texto vai se diversificando, pois 
empregamos a palavra TEXTO para nomear diferentes objetos: 
           • as seqüências de gestos nos rituais; 
           • de linhas e cores, em uma pintura; 
           • de sons, nos diálogos e músicas. 

         Assim, é comum ouvirmos: “ esse texto fotográfico foi tirado da revista  x”, “o  texto em quadrinho 
era do Ziraldo...”, “o  texto cinematográfico .....”. Então, perguntamos: 

        O que há de comum entre uma fotografia, uma história em quadrinho, um filme, uma letra de 
música, um ritual indígena e uma seqüência musical para que todos sejam denominados TEXTO? 
32   UNIUBE ­ Educação a Distância 



        Vamos refletir juntos. Todos esses textos:
     ­ surgem de uma necessidade: a pessoa (o autor) quer se expressar para se relacionar com outra 
       (ouvinte, leitor, expectador); 

     ­ trazem as marcas do seu autor e do seu destinatário;­ relacionam­se a uma situação; 

     ­ suas partes relacionam­se umas com as outras, formando uma unidade de sentido; 

     ­ mantêm relação com o mundo do autor e do destinatário; 

     ­ o autor se utiliza de código(s) para produzí­los 
                                                                                                                       Inter locução 
                                                                                                                       Conversação  entre  duas  ou 
                                                                                                                       mais  pessoas.  Todo  aquele 
         O  texto  verbal é um  espaço de diálogo, de interlocução. E, como                                            que produz um texto, tem em 
todo diálogo, necessita de condições para  sua existência. Entre essas condi­                                          mente uma pessoa a quem se 
ções se destacam a coesão e a coerência. Da coesão, depende a organização                                              dirige  quando  fala,  escreve, 
                                                                                                                       gesticula, desenha, ou seja, o 
interna entre as partes dos texto, para   que seja  um  todo significativo. Da                                         seu interlocutor. 
coerência , depende o sentido histórico do texto, o seu conteúdo, que poderá 
ser ponto de partida e de chegada para o conhecimento de mundo.                                                        C oesã o 
                                                                                                                       Relações de sentido entre os 
         Portanto, um texto resulta das relações de coesão e coerência que se                                          componentes do texto. 
juntam para constituir  uma unidade de sentido. 
                                                                                                                       Coer ência 
                                                                                                                       Relações de sentido do texto 
                                                                                                                       com o mundo, isto é, com o 
                                                                                                                       contexto externo. 


                                                       UNIDADE DE SENTIDO 

       notícia                                  um chamado                          elogio                   artigo científico 
       lei 
              história em quadrinho                 poema                                    resenha                    relato 

        mapa                                gráfico                      relatório de pesquisa                    livro               portfólio 
                       resumo                           memorial                                crônica            propaganda 

                                                                    TEXTO 

         Sendo uma unidade de sentido, cada texto tem existência própria, embora se relacione com tantas 
outras unidades de sentido, isto é,  outros textos,  que o antecederam ou  que dele poderão surgir. 
        Como você pode perceber,  o ato de ler deve ser entendido em seu sentido mais amplo. Estamos 
continuamente lendo os textos que são produzidos no cotidiano do espaço cultural em que vivemos. 


      O ato de ler pode ser definido como o momento em que o leitor se volta para compreender  
      essa unidade de sentido que é o texto. 

        Seria diferente ler um artigo de jornal ou um poema? Um romance ou um tratado científico? Se eles 
têm formas e finalidades diferentes, é possível que nós os leiamos de variadas maneiras. Mas, quem determina 
as maneiras de ler um ou outro texto? 

         Para responder a essas indagações, vamos ler dois textos. 
Metodologia do Trabalho Científico   33 




Texto 1 
                                                A barata e o rato 
                 Era uma dessas baratinhas brancas e nojentas, acostumadas só a imundicies e ao 
  monturo, comendo calmamente sua refeição composta de um pedaço de batata podre e um pedaço de 
  tomate podre . Chegou junto dela um Rato transmissor de peste bubônica e lhe disse: "Comadre, 
  ontem tive uma aventura extraordinária. Estive num lugar realmente impressionante, como você, comadre, 
  certo jamais encontrará em toda sua vida". Barata comendo. "O lugar era uma coisa que realmente me 
  deixou de boca aberta" ­ prosseguiu o Rato ­ "tão espantoso e tão diferente é de tudo que tenho visto 
  em minha vida roedora" . Barata comendo. "imagina você" ­ prosseguiu o Rato ­ "que descobri o lugar 
  por acaso. Vou indo numa das cavidades subterrâneas por onde passeio sempre, entrando aqui e ali 
  numa casa e noutra, quando, de repente, percebo uma galeria que não conheço. Meto­me nela, um 
  pouco amedrontado por não saber onde vai dar e de repente saio numa cozinha inacreditável. O chão, 
  limpo, que nem espelho! Os espelhos, de um brilho de cegar! As panelas, polidas como você não pode 
  imaginar! O fogão, que nem um brinco! As paredes, sem uma mancha! O teto, claro e branco como se 
  tivesse sido acabado de pintar! Os armários, tão arrumados e cuidados que estavam até perfumados! 
  Poeira em nenhuma parte, umidade inexistente, no chão nem um palito de fósforo... 
                 E foi aí que a Barata não se conteve. Levou a mão à boca num espasmo e protestou: 
  "Que mania! Que horror! Sempre vem contar essas histórias exatamente no momento em que a gente 
  está comendo!" 

            MORAL: PARA O VÍRUS A PENINCILINA É UMA DOENÇA. 
            SUBMORAL: A ECOLOGIA É MUITO RELATIVA 

                (MILLÔR, Fernandes. Literatura Comentada. São Paulo: Abril Cultural,1980.) 




         Este texto é uma fábula. As fábulas são textos narrativos que  apresentam questões complexas de 
uma  forma simples  e  concisa.  Algumas  circulam há  séculos,  mas,  em   cada  época que  são  lidas, elas  se 
renovam. Podemos fazer uma leitura das fábulas com a intenção de satirizar os costumes (paródia, crítica) ou 
para resgatar a moral nelas existentes. Foi o que Millôr fez, retomando a antiga história da D. Baratinha. 

         Observe nesta fábula as partes da narrativa simples: 

           • uma situação inicial (a barata come calmamente sua refeição); 
           • uma mudança de situação (a chegada do rato); 
           • o desenvolvimento (o relato do rato enquanto a barata come); 
           • uma situação final (o protesto da barata). 


         O que garante a conexão entre as partes da narrativa são alguns elementos como: a pontuação, os 
tempos verbais (era, chegou, lhe disse), expressões como “barata comendo”, “prosseguiu o rato”, “e foi aí”. 
Articuladas,  bem conectadas,  a  história  vai progredindo  e  as partes  formam  um  todo. Também  podemos 
estabelecer  uma  relação  entre  a  situação  vivenciada  pelo  rato  e  pela  barata  com  situações  cotidianas  em 
nosso meio social  e com  os valores culturais e  pontos de vista das pessoas. 

         Vejamos um outro  texto.
34     UNIUBE ­ Educação a Distância 




  Texto 2 
                                                                 O Termo Direito 
            Não é fácil perceber todas as significações encerradas no termo "Direito", ou tirar desse termo 
  o  conteúdo  que  possa  nos  aproximar  da  compreensão  do  que  seja  a  finalidade  da  ciência  que 
  pretendemos conhecer: direito, do latim directus, adj. ­ colocado em linha reta; direito, reto; certeiro; 
  direto; preciso. O vocábulo ora significa: a) ordenamento ou norma ­ conjunto de normas ou sistema 
  jurídico vigente num país:o Direito da Alemanha; b) autorização ou permissão de fazer o que a norma 
  não proíba, ou o que a norma autorize, ou seja, certo poder de exigir ou dispor de uma ação :isso é 
  direito meu; c) qualidade do que atende a um anseio de justiça e retidão, do que é justo e reto: isso não 
  é direito; d) prerrogativa que alguém possui de exigir de outrem a prática ou abstenção de certos atos: 
  defendo­me porque alguém põe em risco o meu direito; e) ciência de norma coercitivamente imposta 
  (obrigatória): o Direito é a ciência normativa; f) conjunto de conhecimentos acerca dessa ciência: essa 
  regra de Direito. 
            Também pode significar um conjunto de conhecimentos englobantes, que se ocupa de uma 
  série de disciplinas diferentes: "a filosofia do Direito, a sociologia do Direito, a história do Direito e a 
                                                                                        .(9) 
  Jurisprudência ("dogmática jurídica"), para se referir somente às mais importantes 

  (9) Karl Larenz, Metodologia da ciência do direito, 3.ed.,cit.,p.261 


  NERY, Rosa Maria de Andrade. O Direito como ciência, arte e técnica. In:______. Noções preliminares  de Direito Civil. São 
  Paulo:  Revista dos Tribunais, 2002. 




        Este  texto  foi  retirado  de  uma  publicação  dirigida  a  pessoas  que  se  interessam  por  adquirir 
conhecimentos básicos sobre Direito. Lendo­o, podemos observar que o autor: 
         • situa­se  como  alguém  solidário  ao  leitor,  quando  usa  as  expressões  "...nos  aproximar 
           ...pretendemos"; 
         • fornece pistas para o leitor ampliar seu conhecimento acerca do assunto quando fundamenta suas 
           explicações, recorrendo a outros autores; 
         • usa termos técnicos: preocupa­se em traduzir, nos parênteses, cada palavra que possa impedir a 
           compreensão do significado do termo Direito. 

         O leitor se sente amparado pelo autor que parece compreender suas dificuldades de se relacionar 
com um assunto novo. Podemos afirmar que o objetivo do autor é didático, ou seja,  facilitar a compreensão 
do significado do termo Direito. 

         Como você pode observar, cada um dos textos exige um tipo de leitura . Portanto, é o próprio texto 
que nos fornece o caminho para a leitura. 

           Vamos prosseguir nossa reflexão, procurando compreender o que se denomina ‘texto acadêmico’. 

                       2.1.3    O  TEXTO  ACADÊM I CO:  UM A  DEFI N I ÇÃO 

         Na primeira unidade, você teve a oportunidade de trocar idéias sobre a organização dos estudos na 
universidade. Entre outros pontos, destacou­se a importância  dos recursos que são utilizados em seus estudos, 
para que você seja um dos atores do processo de ensino­aprendizagem durante seu curso de graduação. Entre 
esses recursos estão os textos verbais.
Metodologia do Trabalho Científico         35 



          Usando a linguagem verbal, os cidadãos produzem textos orais e escritos, conforme suas necessidades 
e as suas circunstâncias sociais e históricas. A produção dos textos orais é tão variada quanto variadas são as 
situações de encontros entre as pessoas. Mas, ainda assim, podemos identificar uma estrutura de base em 
todos os textos orais. É a estrutura do diálogo: 
           • há sempre a suposição de que uma pessoa  se dirige a outra; 
           • a  fala  pode  ser  mais  espontânea  ou  mais  formal,  conforme  a  pessoa  esteja  mais  ou  menos  à 
             vontade na situação; 
           • gestos, expressões faciais, complementam a fala; 
           • as pessoas falam a mesma língua. 

         Em geral, distinguimos dois tipos de diálogos, os informais (bate­papos) e as conversas dirigidas 
(entrevistas e debates). 

         Como a universidade é um espaço de pesquisa, de produção e de difusão de conhecimentos acumu­ 
lados ao longo da história da humanidade, em princípio, os textos que circulam no espaço universitário são 
os mesmos que encontramos no espaço social mais amplo e que estão disponíveis para os cidadãos. 
          Se  considerarmos  as  funções  da  escrita  numa  dada  sociedade, 
identificamos cinco  grandes gêneros de textos:  literário;  comercial  e oficial              Gêner os  de  texto 
                                                                                               Os gêneros de textos surgem 
(incluindo  nesses  últimos  os  tipos  legal  e  jurídico);  científico  (e  didático­ 
                                                                                               de uma prática social, uso da 
científico);  jornalístico  e  publicitário;    religioso.                                     linguagem em  determinadas 
                                                                                               situações  e  para  determina­ 
         Cada um deles pode se apresentar sob diferentes formas ­ variantes ­                  dos fins. 
que resultam de técnicas de redação que são escolhidas a partir dos objetivos 
que o autor tem, nas diferentes situações em que se usa a escrita. 
          Observe o quadro, a seguir: 




         Geralmente são os textos técnicos e científicos os mais indicados como referência para a ampliação 
das reflexões realizadas em sala de aula com colegas e professor ou para subsidiar a pesquisa e conhecimen­ 
to do que já se produziu sobre assuntos de interesse para a sua formação profissional, estejam esses textos 
nos livros, em revistas especializadas e em jornais impressos ou online. 
         Ao mesmo tempo, você também é solicitado(a) a registrar o que ouve e lê, a dizer o que leu, a opinar 
sobre o assunto que pesquisou, de forma oral ou escrita. Ou seja: você também produz textos para apresentar 
ao professor e aos colegas em sala de aula, em eventos científicos ou para publicar em periódicos. 
        Na prática escolar, o debate, a entrevista, o artigo, a resenha, o resumo, o relatório, a monografia  o 
memorial e o portfólio são produzidos com a finalidade específica de alimentar o processo de ensinar e de 
aprender.
36    UNIUBE ­ Educação a Distância 



         A escola adota, então, alguns modelos de textos, adequando­oes aos estudos que os alunos e os 
professores desenvolvem para a progressiva ampliação e troca  de conhecimentos necessárias à formação 
profissional. A esses textos estamos denominando textos acadêmicos.

     TEXTOS ACADÊMICOS: conjunto de textos com os quais lidamos, no dia­a­dia de nossos estudos 
     na  universidade,  com  o  objetivo  de  ampliar  nossos  conhecimentos  científicos  sobre  determinado 
     assunto, ou que produzimos para registrar o estudo que realizamos. 


       2.1.4    M ODOS  DE  ORGAN I ZAÇÃO  DOS  TEXTOS  ACADÊM I COS 

          No contexto da universidade  desenvolvemos um conjunto de ações que nos levam a memorizar, 
analisar, interpretar, a compreender e a produzir textos orais  e escritos. 

          Para cada situação, procuramos recuperar o que já  conhecemos e adequar a nossa fala e escrita, 
com o propósito de realizar mais competentemente os nossos estudos. Por exemplo, se o professor pede a 
você que participe de um debate. Você, que já  assistiu a debates entre candidatos a  cargos políticos, entre 
especialistas em esportes, entre cientistas e educadores, faz uma idéia do que o professor espera de você 
enquanto debatedor. Da mesma forma, podemos pensar sobre uma entrevista, que pode ser instrumento de 
coleta  de  dados  para  uma  pesquisa  ou  para  a  realização  de  uma  matéria  jornalística. Temos  experiência, 
conhecimento dos componentes de um debate ou de uma entrevista, pois são duas práticas de linguagem 
muito freqüentes  no nosso contexto social. Somos, também, capazes de contrapor uma carta familiar a uma 
correspondência oficial; de distinguir um artigo científico de uma reportagem. Quanto mais temos contato 
com  essas formas  de textos, mais fácil se torna reconhecê­las e identificar  o  espaço delas no contexto 
social. 
          Afirmamos, no item anterior, que, na prática escolar, esses tipos de textos são adequados ao exercício 
do ensinar e do aprender. Na escola, além de usarmos a linguagem para estabelecer os vínculos de cooperação 
e de interação,  como em qualquer outro espaço da sociedade, também simulamos situações de comunicação 
como um recurso de aprendizagem. 
          Assim sendo, para nossa maior competência comunicativa, é interessante conhecer um pouco mais 
sobre a composição e finalidade dos textos acadêmicos. Precisamos aprender a adequar o que já sabemos 
fazer  com os  objetivos  de nossos estudos. Ou ainda, saber como usar o debate, a entrevista, a reportagem, 
o  artigo  científico  para  o  desenvolvimento  de  habilidades  que  são  esperadas  dos  profissionais  que  têm 
formação universitária. 

                        2.1.4.1 Textos orais: a entrevista e o debate 

         ENTREVISTA 

         Você  já foi  entrevistado(a)?  Já  entrevistou alguém?  Já  assistiu a  uma  entrevista  de algum  grupo 
musical ou de uma equipe esportiva? 

          Certamente, em todas essas situações, reconhecemos dois papéis distintos, presentes em toda entre­ 
vista: o papel do entrevistador, que é o responsável por abrir o diálogo, fazer as perguntas, dar continuidade 
ao assunto, controlar os rumos da conversa e encerrar a entrevista; e o papel do entrevistado, que é o de 
responder às perguntas. 

         A  entrevista se organiza a partir de um esquema padrão: 

            ­ situação inicial: apresentação dos interlocutores e as razões da entrevista (INTRODUÇÃO); 
Metodologia do Trabalho Científico   37 



                         ­ desenvolvimento do diálogo: seqüência de perguntas, respostas e comentários que estabele­ 
                            cem a relação entre um e outro ponto da conversa (DESENVOLVIMENTO); 

                         ­ finalização da entrevista: palavras finais, despedidas, agradecimentos que nem sempre vêm 
                             transcritos quando a entrevista é publicada  (FECHAMENTO). 

          No entanto, é diferente a entrevista  que o profissional  da saúde  faz  com o paciente, que o  repórter 
realiza com o político ou o  gerente da empresa  com o candidato a um emprego, o advogado com o seu 
cliente. Essa variação decorre dos propósitos das pessoas em cada situação. Em todas elas, as habilidades 
de comunicação oral  do entrevistador e do entrevistado contribuem para o êxito da entrevista  e, conseqüen­ 
temente, para o alcance dos  objetivos. 

                       Exemplo de uma entrevista realizada com a finalidade de ser  divulgada, na mídia impressa. 



                               AATUALIDADE DE PAUL McCARTNEY                                         Tema da entrevista 


                       “O sonho acabou”, disse John Lennon em 1970, depois do 
                       fim dos Beatles. Para o principal parceiro de Lennon, Paul 
                       McCartney,  o  sonho  continua  até  hoje.  Dotles,  Paul 
                       atravessou gerações da música pop. Assistiu à explosão do 
                       rock progressivo, do punk e da new wave e chegou intacto 
                       – e competitivo ­  à era dos megashows no fim dos anos 80. 
                       Em 1990, Paul McCartney bateu o recorde de público em 
                       espetáculos  musicais  solo.  Levou  184.000  pessoas  ao                 Apresentação da pessoa 
                       estádio do  Maracanã, uma marca  que resiste até  hoje. O                      entrevistada 
                       ex­beatle sobreviveu a Lennon (assassinado em 1980 em 
                       Nova York), George Harrison (vitimado por um câncer em 
                       2001)  e   Ringo Starr  (que, apesar  de tecnicamente  vivo, 
                       está artisticamente morto). Na canção When I´m Sixty­Four, 
                       gravada pelos Beatles no antológico álbum Sgt. Pepper´s, 
                       Paul McCartney canta: “Quando eu tiver 64 anos, você ainda 
                       precisará de mim?”. Paul McCartney, aos 61 anos, está na 
                       ativa e é criativo – e não é exagero dizer que a cultura pop 
                       ainda  precisa  dele. 

                                                                                                Entrevistadora, represen­ 
                                        Cristina Lopes de Medeiros 
                                                                                                  tante da revista  Veja  
 DESENVOLVIMENTO DO 




                        Veja – Você acha que os jovens dos anos 80 são mais conservadores que os dos anos 60? 

                        Paul McCartney – Não são mais conservadores, mas mais conscientes e, de certa forma, mais 
      DIÁLOGO




                        bem preparados. Na minha época, não se falava em sexo em casa. A gente descobria todo sozinho. 
                        Havia muitos tabus, muita repressão. É natural, então, que a juventude dos anos 60 quisesse se 
                        liberar  das  convenções    e  romper  todas  as  amarras.  Hoje  isso  não  é  mais  necessário,  essas 
                        questões já foram discutidas e esclarecidas. Não existe mais a necessidade de revolucionar os 
                        costumes  de  uma  forma  drástica,  como  foi  feito  naquela  época.  Mas  isso  não  significa 
                        conservadorismo. Essa nova mentalidade, mais aberta, mais condescendente, esse amadurecimento 
                        é o grande legado da revolução que nós lideramos. 
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Apostila de mtc

  • 1. Metodologia do Trabalho Científico 1 UN I VERSI DADE DE UBERABA  Valeska Guimarães Rezende da Cunha  I olanda Rodrigues Nunes  I vanilda Barbosa  Ernani Cláudio Borges  André Luís Teixeira Fernandes  Raul Sérgio Reis Rezende  M ETODOLOGI A DO TRABALHO CI EN TÍ FI CO  2ª edição  revista e ampliada Uberaba ­ MG  2006 
  • 2. 2 UNIUBE ­ Educação a Distância  Série Metodologia do Trabalho Científico ã 2006 by Universidade de Uberaba  Todos os direitos de publicação e reprodução em parte ou no todo, reservados para Universidade de Uberaba.  P rodução e Supervisão:  Programa de Educação a Distância  Revisão Textual e Tratamento Didático­P edagógico:  Marco Antônio Escobar  Capa:  Layout e arte final:  Ney Braga e Programa de Educação a Distância  Colaboração:  Eliane Mendonça Marquez de Rezende  Luiz Fernando Ribeiro de Paiva  Maria Bárbara Soares e Abrão  Raul Sérgio Reis Rezende  Edição:  Universidade de Uberaba  I mpressão:  Gráfica Universitária ­ Universidade de Uberaba  Gerência: Wilson Oliveira  Catalogação elaborada pelo Setor de Referência Biblioteca Central da UN I UBE  M567   Metodologia do trabalho científico / Valeska Guimarães Rezende da  Cunha... [et al.]. – 2. ed. rev. e ampl. ­­ Uberaba : Universidade  de Uberaba, 2006  120 p. –  (Metodologia)  Colaboradores: Iolanda Rodrigues Nunes, Ivanilda Barbosa,  Ernani Cláudio Borges, André Luís Teixeira Fernaneds, Raul Sérgio  Reis Rezende  Produção e supervisão: Programa de Educação a Distância  da  UNIUBE  ISBN  85­88920­32­8  1. Pesquisa ­ Metodologia. 2. Metodologia científica. I. Nunes,  Iolanda  Rodrigues. II. Barbosa, Ivanilda. III. Borges, Ernane  Cláudio. IV. Fernandes, André Luís Teixeira. V. Rezende, Raul  Sérgio Reis. VI. Universidade de Uberaba.  Programa de Educação  a Distância. VII. Série.  CDD  001.42
  • 3. Metodologia do Trabalho Científico 3 A P R ESEN TA ÇÃ O  Ao  vivenciar  esta  nova  forma  de  aprender,  possibilitada  pela,  educação  a  distância,  certamente  você percebeu que ela lhe permite personalizar o seu processo de aprendizagem, uma vez que você pode  imprimir aos seus estudos um ritmo próprio, permanecer em seu meio cultural e natural, não tendo que se  locomover para estudar. Além disso, é você que escolhe os horários em que seu rendimento é maior. Entretanto,  certamente pôde se conscientizar também de que, para um melhor desempenho nesta modalidade de estudo,  precisa organizar­se e assumir uma postura mais autônoma em relação à sua aprendizagem.  Saber estudar é, como alguém já disse, o caminho mais fácil de aprender o que quer que seja. O  conteúdo de Metodologia do Trabalho Científico, constante deste volume, pretende contribuir para que o  aluno universitário adquira esta competência. Nele, você encontrará informações sobre os métodos e processos  de produção do conhecimento científico, noções básicas sobre as normas técnicas e a sistemática que envolve  os processos de investigação científica e de produção de um trabalho acadêmico.  Estas informações foram organizadas em quarto unidades de estudo.  Na primeira unidade, você  encontrará orientações para a  organização de seus estudos  e ficará  sabendo de que forma a universidade pode contribuir para a sua formação e também qual a sua parcela de  responsabilidade, enquanto aluno, neste processo.  A segunda unidade contém os esclarecimentos necessários para ajudá­lo(a) no estudo dos textos  acadêmicos. Você verá como os textos acadêmicos são organizados, os procedimentos adequados para a  leitura desse tipo de texto e as diversas formas de registro de seus estudos.  A terceira unidade se ocupa do conhecimento, suas diversas formas de manifestação e respectivas  características e também de sua aplicabilidade.  Na quarta e última unidade você aprenderá as normas para a elaboração e apresentação de trabalhos  acadêmicos.
  • 4. 4 UNIUBE ­ Educação a Distância
  • 5. Metodologia do Trabalho Científico 5 SUM Á RI O  ORI ENTAÇÕES GERAI S .................................................................................. 07  UNI DADE 1 ­  ORGANI ZAÇÃO DOS ESTUDOS NA UNI VERSI DADE ............... 09  1.1  Considerações iniciais ................................................................................ 11  1.2  Autonomia e aprendizagem ........................................................................ 11  1.3  Os instrumentos de trabalho ....................................................................... 13  1.4  O papel da universidade na formação acadêmica do aluno e o papel do  aluno na própria formação ......................................................................... 21  Exercícios de Fixação ......................................................................................... 25  UNI DADE 2 ­  ESTUDOS DE TEXTOS ACADÊMI COS  ....................................... 29  2.1  Conceito de texto e os modos de organização dos textos acadêmicos ................. 31  2.2  Procedimentos para a leitura de um texto didático­científico ............................. 49  2.3  Outras formas de registro de estudos acadêmicos ........................................... 53  Exercícios de Fixação ......................................................................................... 54  UNI DADE 3 ­  COMP REENDENDO O SI GNI FI CADO DO CONHECI MENTO ..... 59  3.1  Considerações iniciais ................................................................................ 61  3.2  Bases conceituais e caracterísiticas dos tipos de conhecimento .......................... 62  3.3  A diferença entre conhecimento e informação ................................................ 69  3.4  Conhecimento científico e senso comum ....................................................... 73  3.5  Características e aplicabilidade do conhecimento ............................................ 79  Exercícios de Fixação ......................................................................................... 81  UNI DADE 4 ­  NORMAS DE AP RESENTAÇÃO DE TRABALHOS  ACADÊMI COS .................................................................................................  85  4.1  Considerações iniciais ................................................................................ 86  4.2  O trabalho acadêmico ............................................................................... 86  4.3  A elaboração da questão geradora ............................................................... 89  4.4  O levantamento bibliográfico e as anotações .................................................. 90  4.5  Estrutura, etapas e principais elementos do trabalho acadêmico ........................ 91  4.6  Aspectos técnicos e normativos da apresentação de trabalhos  acadêmicos ............................................................................................102  Exercícios de Fixação ........................................................................................110  REFERENCI AL DE RESP OSTAS ......................................................................115  REFERÊNCI A S .......................................................................................... 117
  • 6. 6 UNIUBE ­ Educação a Distância
  • 7. Metodologia do Trabalho Científico 7 ORI EN TAÇÕES  GER AI S  A fim de facilitar a sua aprendizagem, no decorrer do texto você encontrará ícones, quadros,  esquemas e imagens que lhe fornecerão pistas valiosas para a compreensão do conteúdo. Elabora­  mos  uma legenda para que  você  possa  aprender  mais  facilmente seus  significados. Recorra a ela  sempre  que  precisar.  Exemplos ou Explicações. Atenção! Informação Importante. Quadro com borda  simples Conceito ou definição relativos ao conteúdo. Quadro com borda dupla  Esquemas ou resumos. Ainda para facilitar a sua compreensão, optamos por colocar o glossário no decorrer do texto.  Assim, sempre que houver uma palavra cujo significado é preciso esclarecer, ela virá marcada com  uma tarja cinza e, ao lado, o esclarecimento aparecerá num quadro cinza, sem contorno.  Ao realizar o estudo de cada unidade, você deverá cumprir uma série de atividades que o(a)  auxiliarão  a  compreender  e  fixar  melhor  o  conteúdo.  Para  estas  atividades,  você  encontrará  as  respostas no referencial colocado ao final deste volume.  Desejamos a você muito sucesso nos estudos!  Equipe de professores.
  • 8. 8 UNIUBE ­ Educação a Distância
  • 9. Metodologia do Trabalho Científico 9 UN I DADE   1  ORGAN I ZAÇÃO DOS ESTUDOS N A  UNI VERSI DADE  Valeska Guimarães Rezende da Cunha  Iolanda Rodrigues Nunes  Ernani Cláudio Borges  André Luís Teixeira Fernandes  Raul Sérgio Reis Rezende
  • 10. 1.1  CON SI DERA ÇÕES  I N I CI AI S  Ao final desta unidade, você  deverá manifestar consciência da necessidade de se organizar em sua  vida de estudos e ter discernimento quanto aos métodos e estratégias necessários  ao seu bom desempenho  neste componente curricular bem como nas outras disciplinas de seu curso. Deverá, também, saber posicionar­  se criticamente em relação ao papel que a universidade desempenha na formação acadêmica do aluno e ao  papel do aluno na sua própria formação.  Sabemos que o estudo é fundamental na vida das pessoas e por meio dele buscamos alcançar os  diversos tipos de conhecimento, que serão aplicados em inúmeras situações de nossa vida.  Durante sua formação escolar, você encontrará exigências, obstáculos e desafios que o(a) farão ter  uma  nova  postura  diante  dos  estudos.  Daí  a  necessidade  de  você  repensar  e  avaliar  a  forma  como  vem  estudando até agora.  Muitos(as) alunos(as), apesar de seu esforço, não conseguem obter o sucesso escolar que estaria ao  seu alcance, pois trabalham com métodos inadequados. A obtenção de bons resultados escolares, que é o  objetivo de todos os estudantes, consegue­se com métodos e estratégias de estudo eficazes.  A princípio, é preciso que você se conscientize de que o resultado de todo o processo depende  de você mesmo(a), ao assumir uma postura com maior autonomia para a efetivação da aprendizagem.  Além disso, você deve empenhar­se num projeto de estudo altamente individualizado, apoiado no domínio e  na manipulação de uma série de instrumentos, que o(a) auxiliarão na organização de sua vida de estudo e na  disciplina de  sua vida  acadêmica.  Sabemos que cada aluno(a) tem um estilo e um método próprio para estudo. Alguns têm uma postura  passiva e mecânica, ao passo que outros constróem seu conhecimento de forma ativa e dinâmica durante sua  vida escolar. Nesta unidade, estaremos sugerindo instrumentos de estudo que o(a) ajudarão a assumir uma  postura de  agente construtor(a)  de seu  próprio conhecimento,  conseguindo, assim,  um aprendizado  mais  significativo. São palavras­chave para melhor aproveitamento dos estudos:  Motivação Organização do tempo Organização dos materiais Autonomia 1.2  AUTON OM I A  E  AP REN DI ZAGEM   Para que tenha possibilidades de construção de sua autonomia ao longo do processo, é necessário  que  você  seja  autor(a)  de  sua  própria  fala  e  do seu  próprio  agir,  pois  a  autonomia  é  uma  conquista  que  somente se completa e se realiza à medida que a pessoa cresce e amadurece, no convívio com os outros  (PRETI, 1996).  A autonomia, para ser construída, exige de você, aluno(a), uma tomada de posição e um compromis­  so consigo mesmo(a) e com a instituição onde estuda. Segundo Preti (1996), a sua capacidade de aprender de  forma autônoma, fazendo com que você ganhe confiança  em si mesmo(a), não depende passivamente da  figura do professor, de alguém que vem para “ensinar ao outro que não sabe”.  Nesse sentido, sugerimos que você considere a sua participação nas atividades acadêmicas como  um elemento indispensável para a construção da autonomia. Mas, nesta altura, você deve estar se perguntando: 
  • 11. 12 UNIUBE ­ Educação a Distância  O que devo fazer, enquanto aluno(a), para aprender a aprender, Como estudar? a me autoformar, a regular a minha aprendizagem, a ter autonomia no processo de aprendizagem? Existem instrumentos e técnicas para me auxiliar nesse processo? Esse é o grande desafio! Para isso, ofereceremos diversas técnicas de estudo e inúmeras atividades  que facilitarão a sua aprendizagem.  Exercite, pratique a sua autonomia na realização dos trabalhos solicitados por seus professores. Freqüente a biblioteca, navegue na Internet, para aprofundar seus estudos e fazer leituras diferentes. É importante que você amplie sua visão.  Para Preti (1996), não há dúvida de que existem inúmeras dificuldades que você deverá considerar  e procurar superar, tais como:  ·  dificuldade de adaptar­se a novas situações de aprendizagem  ·  pouco  tempo  livr e  ·  descr ença  da  validade  e  aplicabilidade  de  estudos  teór icos  ·  dificuldades  econômicas  ·  pr oblemas  de  saúde  ·  pr oblemas  inter pessoais  ·  dificuldade  de  concentr ação  ·  tr anstor nos  afetivos  e  outr os  É importante que você perceba suas limitações pessoais para procurar superá­las!
  • 12. Metodologia do Trabalho Científico 13  Segundo Aretio (1994, apud PRETI, 1996), é necessário que  Apud  você “se eduque para que saiba como aprender, como adaptar­se e como  mudar”, se quiser continuar desfrutando do seu estudo e de sua vida. Às  Citado por. Termo usado quando um au­  tor cita em  seu livro outro autor e você  vezes, não  conseguimos superar todas  as dificuldades, mas  é preciso  deseja usar a mesma citação, e não tem  saber lidar com elas e ir superando­as aos poucos.  acesso à  obra original.  Inicialmente,  é  fundamental  um  olhar  para  si  mesmo,  é  importante observar­se e perguntar­se: como estudo, isto é, como apren­  do, quais as estratégias metacognitivas utilizadas? Como ocupo e orga­  M etacognitiva  nizo o tempo ao longo do dia e da semana? Quando, quanto, como e  onde estudo? Quais os horários mais proveitosos? Que técnicas utilizo  Etimologicamente, significa  para  “além  da cognição”, isto é, a faculdade de co­  para ler, resumir e estudar, de uma maneira geral? (PRETI, 1996).  nhecer o próprio ato de conhecer, ou, dito  de outra forma de “pensar sobre o pen­  sar”.  Sugerimos, portanto, um conhecimento de si mesmo, enquanto aprendiz, pois essa auto­avaliação  o(a) ajudará a melhor definir e ponderar suas metas em relação à disciplina. Reflita sobre as estratégias que  você  utiliza  para  estudar.  Depois,  organize  seu  tempo,  distribuindo  melhor  suas  atividades  ao  longo  da  semana.  A nossa intenção até agora foi propor reflexões sobre as significações e as dimensões da autonomia,  dentro do processo educacional. Não pretendemos torná­las um “receituário” ou um “pacote de regrinhas”  que  devem  ser  seguidas  para,  automaticamente,  garantir  o  processo  de  autonomia  na  aprendizagem.  Pretendemos, sim, dar uma orientação e um suporte a você, para que planeje suas ações, organize seu tempo  de estudo e tenha consciência de que o seu sucesso depende, em grande parte, do seu envolvimento e esforço  individual.  No início pode parecer difícil, principalmente se você não estiver muito habituado(a) a estudar com regularidade. Mas é importante não desanimar e estar sempre prestando atenção ao seu desenvolvimento, aos horários nos quais você produz com maior facilidade. Enfim, preste atenção em você e, aos poucos, crie um hábito de estudo que se adapte ao seu ritmo pessoal. 1.3  OS  I N STRUM EN TOS  DE  TRABALHO  Esperamos que você, realmente, tenha refletido sobre seu tempo, seu ritmo de estudo e que tenha  procurado algumas alternativas. Agora, vamos prosseguir nosso conteúdo estudando os instrumentos que  o(a) auxiliarão na organização de sua vida de estudo e na disciplina de sua vida acadêmica.  A  tarefa  de  aprendizagem  na  universidade  se  inicia  pelo  embasamento  teórico,  próprio  de  cada  área. Antes  de  iniciar  as  atividades  práticas,  de  laboratório  ou  de  campo,  você  precisa  compreender  o  conteúdo específico de sua área de estudo. Para isso, é necessário dispor de diversos instrumentos de trabalho  (cf.  quadro  1)  que, em  nosso  meio,  são  fundamentalmente  bibliográficos,  os quais  garantirão  seu  estudo  pessoal no decorrer de sua vida acadêmica (SEVERINO, 2002).
  • 13. 14 UNIUBE ­ Educação a Distância  É importante para seus estudos, que você comece a formar sua biblioteca pessoal, munindo­se  de livros, resumos, textos complementares, periódicos, revistas, dicionários e recursos eletrônicos gerados  pela tecnologia informacional.  Quadro 1 ­ Exemplos e definições de instrumentos de trabalho  1.3.1  EXP LORAÇÃO DOS I NSTRUMENTOS DE TRABALHO O  material  didático  científico  é  a  base  para  o  estudo  pessoal  do(a)  aluno(a),  que  deve  se  esforçar para construir os sentidos dos conceitos ou das idéias apresentadas no texto, ou seja, você não  precisa se preocupar  com o “decorar”, com  o “memorizar”. Algumas vezes  é importante memorizar  certas informações, mas de nada adianta memorizar sem compreender. 
  • 14. Metodologia do Trabalho Científico 15  Sugerimos que você crie o hábito de registrar a matéria abordada em aula, os elementos complementares a esta matéria, as informações anotadas nas aulas expositivas, nos debates em grupo, nos seminários e conferências.  Durante seus registros você não conseguirá anotar tudo aquilo que é exposto, pois muitas idéias  ficam truncadas e você acaba perdendo a concentração durante essas anotações. Preocupe­se com palavras  ou expressões que traduzam conteúdos conceituais e idéias fundamentais, para que, mais tarde, em sua casa  ou em um ambiente de estudo, possa submeter suas anotações a um processo de correção, de complementação  e de triagem.  Veja, a seguir, no Quadro 2, exemplo de uma anotação concisa do que foi exposto até agora:  Quadro 2 ­ Exemplo de anotações importantes  1. Universidade novas exigências necessidade de novos desafios rever forma de estu- do 2. Ritmo de estudo é pessoal desenvolver a autonomia livros / resumos / periódicos/ / dicionários / 3. Instrumentos de Internet trabalho É importante: formar uma biblioteca básica adquirir hábitos de anotação  Chamamos sua atenção para o fato de que a prática de registro pessoal deve tornar-se uma constante em sua vida, pois é preciso convencer-se de sua necessidade e utilidade, considerando-a como parte integrante do processo de estudo. Fazer registro é a maneira mais adequada e sistemática de estudar, pois expressa um resultado das  atividades intelectuais de todo aquele que procura estar em dia com as produções do pensamento humano.  O(a) aluno(a) tem de estar ciente de que sua aprendizagem é uma tarefa eminentemente pessoal.
  • 15. 16 UNIUBE ­ Educação a Distância  Indicaremos, a seguir, uma forma de fazer registro dos estudos, denominada fichamento.  Para que fazer o Será mesmo necessário nos registro da localização ocuparmos com tais de documentos, dos fichamentos? livros que lemos? Certamente que sim. Aí vão algumas razões: neles podemos buscar dados para chegar com mais  agilidade a uma informação importante ou  para fundamentar nossas afirmações; registrar nossas impressões  e nossas reflexões acerca de um assunto e racionalizar o nosso trabalho.  Outro ponto interessante a ser observado é que sempre o estudo de um texto (científico, artístico,  religioso etc.) se inicia por um processo de contextualização, gerando o fichamento do assunto estudado.  O FICHAMENTO é uma prática de escrita acadêmica que tem por objetivo identificar um objeto  de estudo (um livro, um capítulo de livro, um artigo, um filme, um documento, um monumento, uma  obra artística) ou reunir dados e proposições sobre determinado tema. Por ser um procedimento  básico de identificação, está sempre relacionado a outras práticas de escrita acadêmica.  Enquanto método pessoal de estudo, podemos identificar três formas de fichamento: o fichamento  bibliográfico, o fichamento temático e o fichamento geral. Veremos, a seguir, essas três formas de fichamento.  Para fazer fichamento, você pode utilizar fichas próprias, compradas em papelaria, que podem ser manuscritas, ou utilizar o computador, criando pastas e arquivos.  1.3.1.1 Fichamento Bibliográfico Esta forma de registro se constitui num conjunto de referência sobre livros, artigos e trabalhos  dentro de uma área do saber. Este tipo de fichamento é útil  porque permite consultar, facilmente o  conteúdo da obra que você leu sobre o assunto em questão, quando for realizar realizar algum  trabalho sobre um determinado assunto. 
  • 16. Metodologia do Trabalho Científico 17  Para exercitar esse tipo de fichamento, sugerimos que, à medida que você tome contato com os  livros, artigos, trabalhos e informes diversos, habitue­se a fazer um fichário, que pode ser manuscrito, ou  digitado no computador, o qual possibilita maior facilidade na inserção e manipulação dos dados.  Veja,  no  Quadro  3,  um  exemplo  de  fichamento  bibliográfico,  que  complementará  o  fichamento  temático.  Exemplo de fichamento bibliográfico  Quadro 3 ­ Exemplo de fichamento bibliográfico  GARCIA, Ana Maria Felipe. O Conhecimento. In: HÜHNE, Leda Miranda (Org). Metodologia Científica:  Cadernos de Texto e Técnicas. 7. ed. Rio de Janeiro: Agir, 1999.  LAKATOS, Eva Maria;  MARCONI, Marina de Andrade. Fundamentos de Metodologia Científica.  São  Paulo: Atlas, 1990.  DEMO, P. Neutralidade Científica. IN: ______. Metodologia Científica em Ciências Sociais. 3. ed.  São  Paulo: Atlas, 1995.  Tema: O conhecimento  1.3.1.2  Fichamento Temático  Esta forma de registro baseia­se nos conceitos fundamentais de uma determinada área do saber,  podendo se referir a uma ou mais obras. Este tipo de fichamento é útil quando você for realizar   algum trabalho sobre um determinado assunto. Ao consultar a ficha, você terá acesso às obras que  tratam do assunto em questão, bem como a um breve resumo.  Esse tipo de fichamento pode ser elaborado de diversas formas:  colocar  o  conceito  entre  transcrição  literal  (cópia  aspas, indicando o autor,  fiel) das palavras do autor  a obra e a página de onde  foi retirado  dispensam­se  as  aspas,  síntese das idéias do autor  mantendo a indicação da  fonte idéias pessoais, anotadas  não é necessária a utiliza­  a partir de uma aula  ção de aspas nem a indi­  cação da fonte. 
  • 17. 18 UNIUBE ­ Educação a Distância  AA seguir, apresentaremos um exemplo de um fichamento temático com a síntese das idéias do autor e  também com idéias pessoais. Trata­se de uma forma dentre as muitas que podem ser utilizadas para este fim.  A se  Exemplo de fichamento temático  Quadro 4 ­ Exemplo de fichamento temático  O  Conhecimento.  A autora analisa o sentido e o papel que o conhecimento exerce na realidade humana atual através de três relações:  fazer, usar e se posicionar:  a)  apresenta o homem como ser racional que, pela linguagem,  intrepreta o mundo e se mostra nessa interpreta­  ção;  b) caracteriza o conhecimento como renascimento, isto é, formas sempre novas de estar no mundo;  c) o processo do conhecimento dá a verdadeira medida do homem: ser que renasce sempre quando está aberto ao  mundo.  Comentário  pessoal:  O texto destaca três possibilidades de conhecimento, mas ainda não revela o papel específico da ciência.  Referência:  GARCIA, Ana Maria Felipe. O Conhecimento. In: HÜHNE, Leda Miranda (Org.). Metodologia científica:  cadernos de texto e técnicas. 7. ed. Rio de Janeiro: Agir, 1999.  Fonte:  GARCIA, Ana Maria Felipe. O Conhecimento. In: HÜHNE, Leda Miranda (Org.). Metodologia cientí­  fica: cadernos de texto e técnicas. 7. ed. Rio de Janeiro: Agir, 1999.  1.3.1.3  Fichamento Geral  Para esse tipo de fichamento, você pode proceder conforme sugerimos, a seguir.  ­  Faça um apanhado amplo do assunto, sem muita profundidade  (leitura do prefácio, sumário, introdução).  ­  Em seguida, faça uma leitura mais aprofundada com apontamen­  tos mais rigorosos.  ­  Lembre­se: as diversas informações devem ser seguidas pela  in­  dicação, entre parênteses, das respectivas páginas.  É aquele realizado de maneira sistemática e organizada, no qual o(a) aluno(a) arquiva as apostilas,  os textos de seminários, os trabalhos didáticos, os textos de conferência e outros, cujo uso seja  julgado importante, formando um conjunto de textos relacionados com a área de estudo do(a)  estudante.  Ao realizar algum trabalho acadêmico, com maior valor científico, você poderá recorrer a este tipo  de fichamento que servirá de base para o fichamento temático ou mesmo para o fichamento bibliográfico  (SEVERINO, 2002).  À medida que você desenvolve seus estudos, o trabalho de fichamento deve ser sistematicamente  realizado.  Procedendo  habitualmente dessa  forma,  você  perceberá,  na  prática, a  utilidade  do  fichamento,  inserido como parte integrante do seu processo de estudo.
  • 18. Metodologia do Trabalho Científico 19  Relacionamos, a seguir, algumas orientações práticas, que serão úteis no seu dia­a­dia:  a) Considere material de fichamento tudo o que julgar importante e útil para seus estudos: as  leituras, as aulas, os seminários, os grupos de discussão, as conferências;  b) para  fichas manuscritas ou para os registros feitos no computador, deve­se observar as  seguintes orientações:  ∙  evitar longas transcrições;  ∙  registros feitos a partir de leituras, devem conter: título e fonte no cabeçalho. Por ‘fonte’ se  entende: nome do autor, título da obra, local, editora, página, ano;  ∙  registros feitos a partir de aulas devem conter: data, disciplina, assunto e nome do professor.  ∙  providenciar um fichário próprio, no caso de se utilizar fichas;  ∙  transcrever os assuntos dos cadernos para as fichas ou para o editor de textos/planilha, no  computador.  c) para a elaboração da ficha manuscrita deve­se considerar:  ∙  tamanho adequado, que pode ser grande, médio ou pequeno (optar por um tamanho único);  ∙  cabeçalho – título e fonte – no verso escrever de cabeça para baixo;  ∙  aspas ( “ “ ) para citação; asterisco ( * ) para resumo; duas barras ( // ) para indicar idéias  pessoais.  d) para a elaboração dos arquivos no computador deve­se considerar:  ∙  tamanho do papel e margens adequados para impressão;  ∙  espaçamento entre linhas de modo a permitir uma boa leitura;  ∙  tipo e tamanho de fonte (letra) legíveis;  ∙  cabeçalho contendo título e fonte da documentação;  ∙  usar  aspas (  “ “  ) para  citação; asterisco  ( *  )  para resumo;  duas barras  ( //  ) para  indicar  idéias  pessoais.  O Quadro 5, a seguir, representa a estrutura padrão de um fichamento geral, e o Quadro 6, apresenta  um exemplo de fichamento geral.  Quadro 5 ­ Estrutura padrão de um fichamento geral.
  • 19. 20 UNIUBE ­ Educação a Distância Que tal colocar em prática os tipos de fichamentos, vistos anteriormente? Experimente criar exemplos utilizando a forma manuscrita ou o computador. Siga o exemplo de fichamento geral, a seguir. Exemplo de fichamento geral:  Quadro 6 ­ Exemplo de fichamento geral  ESTUDAR  Técnicas de trabalho  1  FURLAN, Vera Irma. O estudo de textos teóricos. In: CARVALHO, Maria Cecília M. (Org.)  Construindo o saber: técnicas de metodologia científica. Campinas: Papirus, 1988.  Resumo:  A autora cita que os textos são obra e produto humano, expressos pelos mais variados meios simbólicos e  representam a memória do homem, constituindo­se na herança que possibilita a continuidade de sua obra.  (p. 131)  Sobre os textos teóricos, afirma que moldam a visão do homem e seu pensamento e que, além de ser obras  que demonstram um conhecimento do mundo, fazem ver o que foi produzido pelos homens na sua existência,  expressando  momentos  históricos  contendo  toda  série  de  situações.  Também  são  sistematizados,  organizados e metódicos, fruto de construção de cientistas na tentativa de explicar o real. (p. 132)  Interpreta o texto como uma “voz humana”, do passado, à qual se tem que “dar vida” e “ ‘ouvir’ a sua  palavra,  o  seu  mundo  a  compreensão  dos  significados  nele  implícitos”.  Continua  afirmando  que  é  no  encontro histórico, quando diversas experiências se defrontam, que se torna possível a compreensão e  interpretação dos textos. (p. 133)  Através dos textos teóricos é que entramos em contato com a produção científica. Portanto, para poder  decifrar melhor o mundo, é necessário compreendê­los e, para tanto, é necessário ter um objetivo para o  estudo dos mesmos. Também é necessário ter claro as questões e problemas contidos nos textos e saber  localizá­lo no tempo e espaço, etapas estas que facilitam a compreensão. É também sugerida a demarcação  dos conceitos, doutrinas desconhecidas, autores citados, para, a seguir, fazer uma consulta a dicionários,  enciclopédias e manuais para buscar explicações, que facilitem a compreensão da mensagem do autor. (p.  134)  Citações:  “Segundo Paulo Freire, o papel do educador é o de proporcionar a organização de um pensamento correto  através da relação educador­educando e educando­educador”. (p. 108)  “No laboratório de classe não há lugar para a reprodução mecânica do conhecimento mas para a recriação  e, até, criação de um trabalho cooperativo de professor e aluno”. (p. 109)  “O professor deverá orientar seus alunos para um sistema de auto­aprendizagem através de métodos de  pesquisa bibliográfica e documentação”. (p. 109)  Idéias Pessoais:  // Texto bastante significativo e que propõe uma metodologia aprofundada de leitura de textos teóricos//  Local:  Consultar o livro conforme referência da parte superior da ficha.  Fonte:  FURLAN,  Vera  Irma.  O  estudo  de  textos  teóricos.  In:  CARVALHO,  Maria  Cecília  M.  (Org.)  Constr uindo  o  saber : técnicas de metodologia científica. Campinas: Papirus, 1988.
  • 20. Metodologia do Trabalho Científico 21 1.4  O P AP EL DA UN I VERSI DADE N A FORM AÇÃO ACADÊM I CA DO  ALUN O E O P AP EL DO ALUN O N A P RÓP RI A FORM AÇÃO  Vamos prosseguir nosso conteúdo destacando o papel que a universidade desempenha na socieda­  de, analisando e enfatizando as contribuições que ela exerce na formação acadêmica do(a) aluno(a). Vamos  também refletir sobre o papel do(a) aluno(a), inserido nessa sociedade, na sua própria formação.  A questão inicial que se coloca, portanto, é a seguinte: Qual o papel da universidade na sociedade? Na verdade, há vários autores com opiniões divergentes sobre esse assunto. Por isso é interessante  conhecer essas opiniões para que possamos refletir e tomar uma posição frente à questão apresentada.  A universidade visa possibilitar aos diplomados o exercício competente da função ou emprego,  com remuneração satisfatória. Acrescento dimensão social mais ampla: técnicos, funcionários  saídos dos  bancos universitários ajudam  a elevar tanto o  nível da qualidade  da produção,  como  o do  país,  assim  como qualidade  e  quantidade da  produção  nas  diferentes áreas  da  atividade humana. (JUSTO, 1995).  ...a instituição universitária, em qualquer realidade social, sempre tem respondido pela ex­  celência  do  saber  científico  e  do  nível filosófico  e  cultural,  e  por  isso  mesmo  geralmente  tem recebido por parte da sociedade o reconhecimento a que faz jus, mas também tem sido  severamente  criticada  quando  não  consegue  acompanhar  os  avanços  científicos  e  tecnológicos, perdendo assim sua capacidade para traduzir em ações concretas as necessi­  dades  emergentes da  sociedade,  através de  suas funções  básicas:  o ensino,  a  pesquisa e  a  extensão. (SOLINO apud INFANTE, 2003)  Você  deve  ter  constatado,  por  estas  citações,  que  a  função  social  da  universidade  é  preparar  profissionais para o mercado de trabalho. Segundo esses autores, a universidade precisa ouvir e compreen­  der as necessidades da sociedade,  detectando as mudanças de mercado e elaborando estratégias que possi­  bilitem  a  otimização  das  relações  que  deve  existir  entre  a  universidade  e  a  sociedade.  Isso  é  um  grande  desafio a ser enfrentado, pois conhecer o perfil dinâmico e multifacetado dos profissionais que o mercado de  trabalho exige é um trabalho cauteloso e de diálogo permanente (Figura 1). Torna­se necessário, portanto,  criar condições para essa comunicação, oferecendo apoio à inovação tecnológica e à criatividade, para que  o(a) universitário(a) se enquadre no mercado de trabalho que a sociedade exige.  SISTEMA EDUCACIONAL  Setor privado, MERCADO DE empresas, estatais e Setor público TRABALHO fundações Figura 1 – Ajuste entre o mercado de trabalho e o sistema educacional de terceiro grau.
  • 21. 22 UNIUBE ­ Educação a Distância  Segundo Infante (2003), atualmente se exige da universidade competitividade no nível de formação  do novo profissional, preparando­o tanto na dimensão do “como fazer” quanto do “porque fazer”. Isto se dá  pelo fato da universidade, ao gerir o conhecimento artístico, científico e tecnológico, estar sempre em confronto  com as exigências da atual era da evolução da informação.  1  Essa  idéia  de  Infante  vem  ao  encontro  das  idéias  de  Pereira  em  um  debate  sobre o papel da  universidade.  Segundo  Pereira  (2003),  a  universidade  de  qualidade  é  aquela  que  forma  profissionais  competitivos, críticos e eficientes e, para tal, é preciso que os docentes dessa universidade também sejam  eficientes. A forma de avaliar a eficiência dos docentes  é o número de artigos publicados, a participação em  congressos, o número de pesquisas que orienta e outras formas de produção.  Nesse contexto, fica claro que a universidade produtiva é fundamentalmente uma universidade que  produz  conhecimento,  através  do  ensino,  pesquisa  e  publicações.  Isso  fica  ainda  mais  claro  quando  ele  afirma que  “...os professores têm que ser eficientes, têm que produzir, se preocupar com os custos, e viabilizar  alguma coisa que seja politicamente possível”.  Percebemos que todos os autores citados defendem a idéia de uma universidade produtiva. Sendo  assim, é importante que entendamos o conceito de “universidade produtiva”, que está implícito nas idéias  apresentadas até agora.  Certamente você compreendeu que o conceito de universidade produtiva defendido pelos autores  Justo (1995), Solino (2003), Infante (2003) e Pereira (2003), é a de uma universidade que prepara profissi­  onais tecnicamente eficientes para atuarem no mercado de trabalho, esquecendo­se de pensar numa formação  mais ampla, ou seja, a que prepara profissionais críticos e conscientes dos problemas sociais.  A  partir  destas  colocações,  seria  interessante  levantarmos  outras  questões:  Qual  seria  a  função  social da universidade? A universidade é acessível a todas as camadas sociais?  Reflita sobre as afirmações anteriores e faça suas considerações referentes aos questionamentos colocados. Como dissemos anteriormente, há autores que defendem idéias diferentes dessas apresentadas até  agora. Para Ramos (1996),  a universidade não se universalizou de fato, pelo menos nos países do Terceiro Mundo. E mesmo naqueles  países que conseguiram eliminar o analfabetismo e proporcionar à totalidade da sua população uma educa­  ção básica, ela continua reproduzindo as classes sociais diferenciadas, conforme a origem social de seus  alunos. Aqueles provenientes das classes que detêm  o poder econômico encaminham­se ‘naturalmente’  para os cursos de estudos superiores; os demais, para os cursos técnicos profissionalizantes ou, simples­  mente, para as ocupações manuais não especializadas.  Chauí (2003), também tem um posicionamento diferente, defendendo o papel da universidade em  uma outra perspectiva. Ao contrário dos outros autores citados, ela se opõe à universidade voltada, apenas,  para o mercado de trabalho. A professora defende uma universidade crítica, reflexiva, aberta a questões que  possam interessar a todo o conjunto da sociedade e no qual a educação é colocada como um dever do Estado.  1  Debate entre Marilena Chauí e Luiz Carlos Bresser Pereira, que marcou a abertura pública do IV Congresso da USP. O título  do debate foi ‘Que Universidade queremos: crítica ou produtivista?’ 
  • 22. Metodologia do Trabalho Científico 23  “Muitas  vezes  o  professor  é  impedido  de    realizar  o  seu  trabalho  de  docência,  e  ano  após  ano,  repete a mesma aula, porque não tem tempo de preparar outra, porque ele vai ser avaliado pelo número de  papéis,  de livros,  de  notas de  rodapé,  de congressos”  (CHAUÍ,  2003).  Nesse  sentido, ela  defende  que  a  avaliação da qualidade da universidade, não deve ser feita apenas pela quantidade de vezes que seus docen­  tes participam de congressos, pelo número de artigos que publicam ou por outras medidas quantitativas, mas,  principalmente, pela qualidade das aulas ministradas pelos docentes, o que implica, necessariamente, uma  reavaliação das condições de trabalho desses docentes. Torna­se necessário que ocorra uma revalorização  da docência para que o professor reveja o que é preparar, ministrar e avaliar uma aula universitária.  Cabe ressaltar que no espaço universitário, a pesquisa não pode estar separada do ensino, conforme  observa Demo (1992), ao considerar que a maioria dos professores das universidades fizeram “opção” pelo  ensino,  passando  a  vida  contando  aos  alunos  o  que  aprenderam  de  outrem,  imitando  e  reproduzindo  subsidiariamente. Segundo esse autor, “quem ensina carece pesquisar” e “quem pesquisa carece ensinar”.  Para Chauí(2003), o mercado exige rotina, repetição, tudo que não inclui inovação, nem criatividade,  nem originalidade, nem profundidade. Isso é devido ao fato de o mercado considerar que somente as agênci­  as  de  publicidade  é  que  precisam  ser  originais  e  criativas.  Entretanto,  não  haveria  desenvolvimento  do  conhecimento  sem  inovação  nem  criatividade.  Por  isso,  a  necessidade  da  pesquisa,  que,  por  seu  caráter  questionador, sempre produz novos conhecimentos.  Nesse sentido, a pesquisa, o ensino e a extensão devem estar integrados dentro de uma universidade.  Você deve ter percebido que o conceito de universidade crítica, defendida pelos autores, vai além  do conceito de universidade produtiva, porque embora eles não desprezem a competência técnica do profis­  sional, defendem que a universidade deve ter critérios de avaliação mais qualitativos do que quantitativos e  que a universidade deve ser direito de todos e os profissionais que forma devem ser mais críticos e reflexi­  vos, engajados em pesquisas e projetos sociais.  A essa altura, você já deve ter se posicionado frente às contribuições dos autores citados. Qualquer  que seja a sua opinião, gostaríamos de abrir agora um outro questionamento: Qual o seu compromisso com a  sua própria formação?  Você deve ter percebido que, ao pensarmos sobre o papel da universidade na formação acadêmica  do(a) aluno(a), inevitavelmente devemos pensar no tipo de sociedade que temos. Ao expressar nossa idéia  de sociedade e, portanto, o tipo de profissional que a universidade deve formar, estamos, na verdade, expres­  sando a maneira como compreendemos o mundo.  Por isso, para pensar no seu compromisso com a sua própria  formação, não podemos deixar de considerar a sociedade da qual faze­  mos parte. Sendo assim, precisamos levar em conta a nova era da infor­  mação que estamos vivendo por meio da globalização do conhecimen­  to,  que    propicia  a  aceleração  da  quebra  de  paradigmas  de  forma  Paradigma  multidimensional, permitindo a concepção e o nascimento de novos mo­  delos de gestão, comportamento, demanda e outros. Estamos vivenciando  Visão de mundo que predomina em um  momento  histórico  e  que  influencia  o  uma  grande  transformação  proveniente  do  confronto  e  da  aliança  do  comportamento,  as  atitudes  e  os  ensino com as tecnologias de comunicação, surgindo então novas for­  valores  das  pessoas.  mas de comunicação da universidade com a sociedade.
  • 23. 24 UNIUBE ­ Educação a Distância  Segundo Bentes apud Barichello (2003), em re­  lação a essa transformação é essencial enfatizarmos dois  pontos cruciais e relevantes nessa nova comunicação en­  tre  universidade  e  sociedade:  a  cultura  midiática,  que  é  utilizada atualmente por uma grande parte da sociedade,  e  Cultura  midiática  o excesso de informações descontextualizadas, que atin­  Uma forma cultural proveniente do contexto social     atu­  gem desde a população mais carente até os setores mais  al. Se até há pouco tempo livros, apostilas, jornais e revis­  privilegiados da sociedade. Nesse novo contexto midiático,  tas  eram  a  principal  fonte de  estudo  e  de  pesquisa, hoje  também se integram a esses recursos os CD­ROMs e as  o professor passa a ser um orientador, utilizando diversos  páginas  de  Internet,  bem  como  os  de  áudio  e  recursos  tecnológicos  nas  atividades  educacionais,  videoconferências.  Se  a  biblioteca  era  a  referência  para  criando, assim, uma nova possibilidade de interação entre  pesquisas nas diversas áreas do conhecimento, o próprio  conceito de biblioteca hoje muda, com os sistemas de pes­  os  diferentes  campos  de  conhecimento.  Tal  interação  quisa online nas bibliotecas digitais e virtuais.  otimiza  novas  formas  de  sociabilidade,  sem  acabar  com  as diferenças e especificidades de cada saber ou realida­  de.  Após as reflexões você percebeu que o professor que apenas transmite informação está fazendo o  mesmo papel das mídias, ou seja, transmitindo informações descontextualizadas. Na verdade, o papel do (a)  professor(a), hoje, deve ser o de problematizar, criar situações e orientar os(as) alunos(as) no sentido de  buscar, organizar e analisar as informações, aplicando­as na resolução dos problemas.  Consideramos,  diante  da  realidade  atual,  que  o(a)  aluno(a)  universitário(a)  não  está  em  busca,  apenas, de informações. Ao contrário, ele(ela) está em busca de uma formação pessoal e profissional que  o(a)  torne  competente,  mas  também  agente  transformador(a)  da  sociedade.  Nesse  sentido,  cabe  ao(à)  professor(a) orientá­lo(a) nesse processo.  Quando falamos do papel do professor e do aluno entramos em um assunto chamado processo de  ensino­aprendizagem. Se tomamos ensino­aprendizagem como algo a ser construído, a partir da interação  dos sujeitos envolvidos (professor(a) – aluno(a)), de forma cooperativa e colaborativa e que esse processo  se dá  em um meio  sócio­cultural, então precisamos elencar  algumas atitudes, habilidades  e competências  fundamentais que precisam ser desenvolvidas pelos(as) alunos(as) sob a orientação do(a) professor(a).  Sendo assim, busca­se uma mudança de mentalidade e atitude, tanto por parte do(a) aluno(a) como  por parte do(a) professor(a), que devem criar um ambiente favorável para que essa mudança ocorra.  Veja, no quadro, a seguir, a relação de algumas atitudes, habilidades e competências que servem  como diretrizes para essa mudança:  ·  Desenvolver uma atitude mais participativa e ativa nas aulas.  ·  Trabalhar individualmente para aprender.  ·  Aplicar as técnicas de registro dos estudos realizados.  ·  Interagir com os colegas, sabendo debater e dialogar.  ·  Ver professores e colegas como parceiros colaboradores no processo de aprendizagem.  ·  Saber pesquisar.  ·  Assumir a responsabilidade da própria aprendizagem.  ·  Saber trabalhar em equipe.  ·  Desenvolver atitudes e valores como ética, respeito aos outros e às suas opiniões.  ·  Estar aberto ao novo.  ·  Desenvolver a criticidade.  ·  Desenvolver a sensibilidade às necessidades da comunidade na qual atuará como  profissional.  ·  Buscar soluções técnicas e condizentes com a realidade para melhoria da qualidade de  vida da população.
  • 24. Metodologia do Trabalho Científico 25  Todos os pontos citados, anteriormente, devem ser desenvolvidos desde as séries iniciais do curso.  Não  basta  apenas  memorizar  conteúdo.  É  necessário  ir  além,  desenvolvendo  uma  consciência  crítica  em  relação ao conhecimento e aos problemas sociais.  Para que tudo isso ocorra, uma das formas que os professores utilizam, além das aulas, é a orientação  de projetos e a solicitação de trabalhos. Por isso é importante que você fique atento(a) a dois pontos:  1.  Entender que os trabalhos solicitados pelos professores não são mera formalidade, mas parte  fundamental da sua própria aprendizagem;  2.  Ser capaz de analisar, comparar, discutir, transformar a informação em conhecimento, expressando  a sua opinião sobre o tema discutido.  Um trabalho nunca deve ser mera formalidade a ser cumprida, mas meio de aprendizagem  para o(a) aluno(a) que o realiza.  O(a) professor(a), ao avaliar o trabalho realizado  pelo(a) aluno(a), pode perceber falhas e  enganos conceituais que precisam ser esclarecidos ou lacunas com relação ao conteúdo que precisam  ser preenchidas. Portanto, os trabalhos acadêmicos são instrumentos auxiliares na tarefa do professor,  que é a de orientar o(a) aluno(a) para alcançar a aprendizagem. Por isso, é importante realizá­los com  seriedade.  1.4.1    CON SI DERAÇÕES  FI N AI S  Considerando  que  estamos  diante  de  uma  realidade  marcada  por  conflitos  sociais,  chegamos  à  conclusão de que a alternativa que temos para caminharmos na direção de uma sociedade um pouco mais  justa é a  conscientização das pessoas no sentido de  que exerçam seus direitos e  deveres como cidadãos.  Profissionais  competentes  tecnicamente  falando,  não  ajudam  muito  a  alcançarmos  este  ideal.  Tornam­se  necessários profissionais com competência  técnica sim, mas também engajados em projetos    sociais que  possam contribuir para a transformação da sociedade.  Chegamos, assim, ao final de nossa primeira unidade! Esperamos que você tenha compreendido os pontos essenciais e se sinta motivado(a) a colocar em prática o que aprendeu. EXER CÍ CI OS  DE  FI XAÇÃO  01.  A vida de estudo na universidade exige do aluno uma organização e uma racionalidade técnica  e prática afim de que seu estudo seja prazeroso, positivo, consistente e de qualidade. Para que  o aluno consiga atingir os objetivos propostos para uma disciplina é necessário que:  a)  (  )  as atividades de ensino­aprendizagem utilizem sempre das tecnologias mais modernas  e atraente.  b)  (  )  o  hábito  de  estudo,  a  manutenção  de  horários  e  a  organização  do  tempo  escolar  sejam constantemente mantidos  pelo aluno.  c)  (  )  as tarefas exigidas e as reflexões assimiladas pelos alunos podem ser adquiridas e  dinamizadas de acordo com o seu interesse.  d)  (  )  o  sucesso  dos  estudos  desenvolvidos  pelo  aluno  na  universidade,  dependem  fundamentalmente do  nível das  aulas expositivas apresentadas pelo professor.
  • 25. 26 UNIUBE ­ Educação a Distância  02.  A criação do hábito  de documentar os conteúdos abordados em  aula, as informações obtidas  nos debates, seminários e conferências possibilitam uma racionalização do trabalho do tempo  e a assimilação  das idéias  centrais. Podemos classificar as formas de documentação em  três  níveis:  a)  (  )  Fichamento  geral, fichamento  específico  e fichamento  científico.  b)  (  )  Fichamento  temático, fichamento  bibliográfico  e fichamento  oficial.  c)  (  )  Fichamento geral, fichamento temático  e fichamento  do cotidiano.  d)  (  )  Fichamento  temático, fichamento  bibliográfico  e fichamento  geral.  03.  O  estudo,  compreensão  e  aplicação  do  conteúdo  de  Metodologia  do  Trabalho  Científico,  possibilitará  ao  aluno:  I­  Tomar decisões rápidas e apropriadas, utilize métodos adequados e seja agente construtor  do  seu  conhecimento.  II­  Perceber que se não partilhar com os colegas o processo de aquisição de conhecimentos,  seus resultados serão ineficazes.  III­Estudar individualmente, mas é amparado por uma série de instrumentos, que contribuem  para uma melhor organização de sua vida escolar.  IV­ Colaborar com os demais colegas de disciplina na construção de um conhecimento coletivo,  autônomo e eficaz.  Agora, dentre as alternativas a seguir, marque a que agrupa as afirmativas corretas.  a)  (  )  I e II  b)  (  )  II e IV  c)  (  )  I  e III  d)  (  )  II  e  III  04.  A  prática  do  fichamento  é  a  maneira  mais  importante,  sistemática  e  adequada  de  um  bom  método pessoal de estudo. Sobre as formas desses fichamento, podemos afirmar que:  a)  (  )  o fichamento temático é o mais importante porque ela apresenta níveis aprofundados  e uma visão de conjunto ampla.  b)  (  )  o fichamento geral é realizada de maneira sistemática e organizada, possibilitando  que as apostilas, os textos de seminários e conferências sejam agrupados formando  um conjunto coeso e científico.  c)  (  )  o fichamento bibliográfico apresenta uma visão panorâmica da produção acadêmica  e as informações possibilitam uma visão menos profunda.  d)  (  )  o fichamento bibliográfico contempla muitas informações, que se não forem resumidas  em fichários, único instrumento que as unifica, o acervo se perde.  05.  Em relação à prática da escrita acadêmica, responda as questões a seguir:  a) Explique, com suas palavras, as características das 03 formas de fichamento: bibliográfico,  temático e geral.  ________________________________________________________________  ________________________________________________________________ b) Para cada situação apresentada a seguir, aponte o tipo de fichamento mais adequado: 
  • 26. Metodologia do Trabalho Científico 27 06.  Ao pensar sobre o papel da universidade na formação acadêmica do aluno, devemos pensar no  tipo de sociedade que temos. Estabeleça na tabela abaixo a diferenciação entre universidade  crítica e produtiva, apontando o papel de cada uma, o tipo de profissional que deve formar e a  sua opinião sobre elas.  07.  Ao praticar a autonomia no convívio com os outros, existem inúmeras dificuldades que devemos  considerar e procurar superar. Aponte 04 dificuldades que você possuiu e já superou ou ainda  possui em relação ao estudo do componente de Metodologia do Trabalho Científico bem como  em relação às demais disciplinas de seu curso.  a)  __________________________________________________________________  b)  __________________________________________________________________  c)  __________________________________________________________________  d)  __________________________________________________________________  08.  Na universidade, antes de iniciar as atividades específicas próprias de cada área de conhecimento  é fundamental utilizar diversos instrumentos de trabalho que auxiliam na organização de sua  vida de estudo e na disciplina de sua vida acadêmica.  Cite 02 instrumentos que você mais utiliza e aponte 02 vantagens que cada um proporciona.  a)  __________________________________________________________________  __________________________________________________________________  __________________________________________________________________  b)  __________________________________________________________________  __________________________________________________________________  __________________________________________________________________
  • 27. 28 UNIUBE ­ Educação a Distância
  • 28. Metodologia do Trabalho Científico 29 UN I DADE 2  ESTUDO DE TEXTOS ACADÊM I COS  Ivanilda Barbosa
  • 29. 30 UNIUBE ­ Educação a Distância
  • 30. Metodologia do Trabalho Científico 31 2.1 CONCEI TO DE TEXTO E OS M ODOS DE ORGANI ZAÇÃO DOS  TEXTOS ACADÊM I COS  2.1.1  CON SI DER AÇÕES  I N I CI AI S  Nesta unidade,  estudaremos o  texto acadêmico. Desenvolveremos algumas reflexões sobre o seu  conceito e sua organização. Em seguida, veremos  alguns procedimentos mais adequados para a leitura  de  um texto científico e, finalizando, serão indicadas as formas de textos acadêmicos mais freqüentes para os  registros dos estudos que são realizados nos cursos de graduação.  Além dos exemplos que serão dados, vamos sugerir algumas atividades para  o exercício da leitura.  O que se pretende  é que você amplie  seus conhecimentos sobre as formas de organização e o uso  adequado desses textos, para o seu melhor desempenho nos estudos. 2.1.2  A P ALAVRA TEXTO  Para compreender o que é um texto acadêmico, seria interessante investigar o lugar que a palavra  texto  vem  assumindo  em  nossa  vida  dentro  e  fora  da  escola.  Desde  que  aprendemos  a  ler  e  a  escrever,  ouvimos  diariamente  as  pessoas  dizerem  “leia  o  texto”,  “escreva  um  texto”,  “gostei  de  seu  texto”,  “foi  publicado um texto no jornal sobre...”, “o texto constitucional garante...”.  Ouvindo essas expressões, relacionamos texto a uma seqüência articulada de palavras escritas que,  em maior ou menor extensão, nos permite:  • obter informações;  • expressar o que pensamos;  • dizer do que ou de quem gostamos;  • saber da Física, da Química, da Biologia, das leis de uma sociedade, da política e dos costu­  mes dos povos;  • aprender a geografia e a história do país;  • conhecer o pensamento do meu colega, do cientista, do poeta.  Poderíamos enumerar uma infinidade de situações e de pessoas com as quais nos envolvemos por  meio de um texto escrito. E o gesto, o desenho, a fala? É possível construir  situações e relações humanas  com os gestos, os desenhos e as falas, assim como fazemos com as palavras escritas? E entre os povos que  não adotaram a escrita como um recurso de comunicação e trabalho, não existe texto? Como são passadas as  tradições, os costumes, as normas de convivência em grupos sociais que não adotam a língua escrita?  À medida que essas questões vão sendo respondidas, a imagem de texto vai se diversificando, pois  empregamos a palavra TEXTO para nomear diferentes objetos:  • as seqüências de gestos nos rituais;  • de linhas e cores, em uma pintura;  • de sons, nos diálogos e músicas.  Assim, é comum ouvirmos: “ esse texto fotográfico foi tirado da revista  x”, “o  texto em quadrinho  era do Ziraldo...”, “o  texto cinematográfico .....”. Então, perguntamos:  O que há de comum entre uma fotografia, uma história em quadrinho, um filme, uma letra de  música, um ritual indígena e uma seqüência musical para que todos sejam denominados TEXTO? 
  • 31. 32 UNIUBE ­ Educação a Distância  Vamos refletir juntos. Todos esses textos: ­ surgem de uma necessidade: a pessoa (o autor) quer se expressar para se relacionar com outra  (ouvinte, leitor, expectador);  ­ trazem as marcas do seu autor e do seu destinatário;­ relacionam­se a uma situação;  ­ suas partes relacionam­se umas com as outras, formando uma unidade de sentido;  ­ mantêm relação com o mundo do autor e do destinatário;  ­ o autor se utiliza de código(s) para produzí­los  Inter locução  Conversação  entre  duas  ou  mais  pessoas.  Todo  aquele  O  texto  verbal é um  espaço de diálogo, de interlocução. E, como  que produz um texto, tem em  todo diálogo, necessita de condições para  sua existência. Entre essas condi­  mente uma pessoa a quem se  ções se destacam a coesão e a coerência. Da coesão, depende a organização  dirige  quando  fala,  escreve,  gesticula, desenha, ou seja, o  interna entre as partes dos texto, para   que seja  um  todo significativo. Da  seu interlocutor.  coerência , depende o sentido histórico do texto, o seu conteúdo, que poderá  ser ponto de partida e de chegada para o conhecimento de mundo.  C oesã o  Relações de sentido entre os  Portanto, um texto resulta das relações de coesão e coerência que se  componentes do texto.  juntam para constituir  uma unidade de sentido.  Coer ência  Relações de sentido do texto  com o mundo, isto é, com o  contexto externo.  UNIDADE DE SENTIDO  notícia                                  um chamado                          elogio                   artigo científico  lei  história em quadrinho                 poema  resenha                    relato  mapa                                gráfico                      relatório de pesquisa                    livro               portfólio  resumo                           memorial                                crônica            propaganda  TEXTO  Sendo uma unidade de sentido, cada texto tem existência própria, embora se relacione com tantas  outras unidades de sentido, isto é,  outros textos,  que o antecederam ou  que dele poderão surgir.  Como você pode perceber,  o ato de ler deve ser entendido em seu sentido mais amplo. Estamos  continuamente lendo os textos que são produzidos no cotidiano do espaço cultural em que vivemos.  O ato de ler pode ser definido como o momento em que o leitor se volta para compreender   essa unidade de sentido que é o texto.  Seria diferente ler um artigo de jornal ou um poema? Um romance ou um tratado científico? Se eles  têm formas e finalidades diferentes, é possível que nós os leiamos de variadas maneiras. Mas, quem determina  as maneiras de ler um ou outro texto?  Para responder a essas indagações, vamos ler dois textos. 
  • 32. Metodologia do Trabalho Científico 33  Texto 1  A barata e o rato  Era uma dessas baratinhas brancas e nojentas, acostumadas só a imundicies e ao  monturo, comendo calmamente sua refeição composta de um pedaço de batata podre e um pedaço de  tomate podre . Chegou junto dela um Rato transmissor de peste bubônica e lhe disse: "Comadre,  ontem tive uma aventura extraordinária. Estive num lugar realmente impressionante, como você, comadre,  certo jamais encontrará em toda sua vida". Barata comendo. "O lugar era uma coisa que realmente me  deixou de boca aberta" ­ prosseguiu o Rato ­ "tão espantoso e tão diferente é de tudo que tenho visto  em minha vida roedora" . Barata comendo. "imagina você" ­ prosseguiu o Rato ­ "que descobri o lugar  por acaso. Vou indo numa das cavidades subterrâneas por onde passeio sempre, entrando aqui e ali  numa casa e noutra, quando, de repente, percebo uma galeria que não conheço. Meto­me nela, um  pouco amedrontado por não saber onde vai dar e de repente saio numa cozinha inacreditável. O chão,  limpo, que nem espelho! Os espelhos, de um brilho de cegar! As panelas, polidas como você não pode  imaginar! O fogão, que nem um brinco! As paredes, sem uma mancha! O teto, claro e branco como se  tivesse sido acabado de pintar! Os armários, tão arrumados e cuidados que estavam até perfumados!  Poeira em nenhuma parte, umidade inexistente, no chão nem um palito de fósforo...  E foi aí que a Barata não se conteve. Levou a mão à boca num espasmo e protestou:  "Que mania! Que horror! Sempre vem contar essas histórias exatamente no momento em que a gente  está comendo!"  MORAL: PARA O VÍRUS A PENINCILINA É UMA DOENÇA.  SUBMORAL: A ECOLOGIA É MUITO RELATIVA  (MILLÔR, Fernandes. Literatura Comentada. São Paulo: Abril Cultural,1980.)  Este texto é uma fábula. As fábulas são textos narrativos que  apresentam questões complexas de  uma  forma simples  e  concisa.  Algumas  circulam há  séculos,  mas,  em   cada  época que  são  lidas, elas  se  renovam. Podemos fazer uma leitura das fábulas com a intenção de satirizar os costumes (paródia, crítica) ou  para resgatar a moral nelas existentes. Foi o que Millôr fez, retomando a antiga história da D. Baratinha.  Observe nesta fábula as partes da narrativa simples:  • uma situação inicial (a barata come calmamente sua refeição);  • uma mudança de situação (a chegada do rato);  • o desenvolvimento (o relato do rato enquanto a barata come);  • uma situação final (o protesto da barata).  O que garante a conexão entre as partes da narrativa são alguns elementos como: a pontuação, os  tempos verbais (era, chegou, lhe disse), expressões como “barata comendo”, “prosseguiu o rato”, “e foi aí”.  Articuladas,  bem conectadas,  a  história  vai progredindo  e  as partes  formam  um  todo. Também  podemos  estabelecer  uma  relação  entre  a  situação  vivenciada  pelo  rato  e  pela  barata  com  situações  cotidianas  em  nosso meio social  e com  os valores culturais e  pontos de vista das pessoas.  Vejamos um outro  texto.
  • 33. 34 UNIUBE ­ Educação a Distância  Texto 2  O Termo Direito  Não é fácil perceber todas as significações encerradas no termo "Direito", ou tirar desse termo  o  conteúdo  que  possa  nos  aproximar  da  compreensão  do  que  seja  a  finalidade  da  ciência  que  pretendemos conhecer: direito, do latim directus, adj. ­ colocado em linha reta; direito, reto; certeiro;  direto; preciso. O vocábulo ora significa: a) ordenamento ou norma ­ conjunto de normas ou sistema  jurídico vigente num país:o Direito da Alemanha; b) autorização ou permissão de fazer o que a norma  não proíba, ou o que a norma autorize, ou seja, certo poder de exigir ou dispor de uma ação :isso é  direito meu; c) qualidade do que atende a um anseio de justiça e retidão, do que é justo e reto: isso não  é direito; d) prerrogativa que alguém possui de exigir de outrem a prática ou abstenção de certos atos:  defendo­me porque alguém põe em risco o meu direito; e) ciência de norma coercitivamente imposta  (obrigatória): o Direito é a ciência normativa; f) conjunto de conhecimentos acerca dessa ciência: essa  regra de Direito.  Também pode significar um conjunto de conhecimentos englobantes, que se ocupa de uma  série de disciplinas diferentes: "a filosofia do Direito, a sociologia do Direito, a história do Direito e a  .(9)  Jurisprudência ("dogmática jurídica"), para se referir somente às mais importantes  (9) Karl Larenz, Metodologia da ciência do direito, 3.ed.,cit.,p.261  NERY, Rosa Maria de Andrade. O Direito como ciência, arte e técnica. In:______. Noções preliminares  de Direito Civil. São  Paulo:  Revista dos Tribunais, 2002.  Este  texto  foi  retirado  de  uma  publicação  dirigida  a  pessoas  que  se  interessam  por  adquirir  conhecimentos básicos sobre Direito. Lendo­o, podemos observar que o autor:  • situa­se  como  alguém  solidário  ao  leitor,  quando  usa  as  expressões  "...nos  aproximar  ...pretendemos";  • fornece pistas para o leitor ampliar seu conhecimento acerca do assunto quando fundamenta suas  explicações, recorrendo a outros autores;  • usa termos técnicos: preocupa­se em traduzir, nos parênteses, cada palavra que possa impedir a  compreensão do significado do termo Direito.  O leitor se sente amparado pelo autor que parece compreender suas dificuldades de se relacionar  com um assunto novo. Podemos afirmar que o objetivo do autor é didático, ou seja,  facilitar a compreensão  do significado do termo Direito.  Como você pode observar, cada um dos textos exige um tipo de leitura . Portanto, é o próprio texto  que nos fornece o caminho para a leitura.  Vamos prosseguir nossa reflexão, procurando compreender o que se denomina ‘texto acadêmico’.  2.1.3    O  TEXTO  ACADÊM I CO:  UM A  DEFI N I ÇÃO  Na primeira unidade, você teve a oportunidade de trocar idéias sobre a organização dos estudos na  universidade. Entre outros pontos, destacou­se a importância  dos recursos que são utilizados em seus estudos,  para que você seja um dos atores do processo de ensino­aprendizagem durante seu curso de graduação. Entre  esses recursos estão os textos verbais.
  • 34. Metodologia do Trabalho Científico 35  Usando a linguagem verbal, os cidadãos produzem textos orais e escritos, conforme suas necessidades  e as suas circunstâncias sociais e históricas. A produção dos textos orais é tão variada quanto variadas são as  situações de encontros entre as pessoas. Mas, ainda assim, podemos identificar uma estrutura de base em  todos os textos orais. É a estrutura do diálogo:  • há sempre a suposição de que uma pessoa  se dirige a outra;  • a  fala  pode  ser  mais  espontânea  ou  mais  formal,  conforme  a  pessoa  esteja  mais  ou  menos  à  vontade na situação;  • gestos, expressões faciais, complementam a fala;  • as pessoas falam a mesma língua.  Em geral, distinguimos dois tipos de diálogos, os informais (bate­papos) e as conversas dirigidas  (entrevistas e debates).  Como a universidade é um espaço de pesquisa, de produção e de difusão de conhecimentos acumu­  lados ao longo da história da humanidade, em princípio, os textos que circulam no espaço universitário são  os mesmos que encontramos no espaço social mais amplo e que estão disponíveis para os cidadãos.  Se  considerarmos  as  funções  da  escrita  numa  dada  sociedade,  identificamos cinco  grandes gêneros de textos:  literário;  comercial  e oficial  Gêner os  de  texto  Os gêneros de textos surgem  (incluindo  nesses  últimos  os  tipos  legal  e  jurídico);  científico  (e  didático­  de uma prática social, uso da  científico);  jornalístico  e  publicitário;    religioso.  linguagem em  determinadas  situações  e  para  determina­  Cada um deles pode se apresentar sob diferentes formas ­ variantes ­  dos fins.  que resultam de técnicas de redação que são escolhidas a partir dos objetivos  que o autor tem, nas diferentes situações em que se usa a escrita.  Observe o quadro, a seguir:  Geralmente são os textos técnicos e científicos os mais indicados como referência para a ampliação  das reflexões realizadas em sala de aula com colegas e professor ou para subsidiar a pesquisa e conhecimen­  to do que já se produziu sobre assuntos de interesse para a sua formação profissional, estejam esses textos  nos livros, em revistas especializadas e em jornais impressos ou online.  Ao mesmo tempo, você também é solicitado(a) a registrar o que ouve e lê, a dizer o que leu, a opinar  sobre o assunto que pesquisou, de forma oral ou escrita. Ou seja: você também produz textos para apresentar  ao professor e aos colegas em sala de aula, em eventos científicos ou para publicar em periódicos.  Na prática escolar, o debate, a entrevista, o artigo, a resenha, o resumo, o relatório, a monografia  o  memorial e o portfólio são produzidos com a finalidade específica de alimentar o processo de ensinar e de  aprender.
  • 35. 36 UNIUBE ­ Educação a Distância  A escola adota, então, alguns modelos de textos, adequando­oes aos estudos que os alunos e os  professores desenvolvem para a progressiva ampliação e troca  de conhecimentos necessárias à formação  profissional. A esses textos estamos denominando textos acadêmicos. TEXTOS ACADÊMICOS: conjunto de textos com os quais lidamos, no dia­a­dia de nossos estudos  na  universidade,  com  o  objetivo  de  ampliar  nossos  conhecimentos  científicos  sobre  determinado  assunto, ou que produzimos para registrar o estudo que realizamos.  2.1.4    M ODOS  DE  ORGAN I ZAÇÃO  DOS  TEXTOS  ACADÊM I COS  No contexto da universidade  desenvolvemos um conjunto de ações que nos levam a memorizar,  analisar, interpretar, a compreender e a produzir textos orais  e escritos.  Para cada situação, procuramos recuperar o que já  conhecemos e adequar a nossa fala e escrita,  com o propósito de realizar mais competentemente os nossos estudos. Por exemplo, se o professor pede a  você que participe de um debate. Você, que já  assistiu a debates entre candidatos a  cargos políticos, entre  especialistas em esportes, entre cientistas e educadores, faz uma idéia do que o professor espera de você  enquanto debatedor. Da mesma forma, podemos pensar sobre uma entrevista, que pode ser instrumento de  coleta  de  dados  para  uma  pesquisa  ou  para  a  realização  de  uma  matéria  jornalística. Temos  experiência,  conhecimento dos componentes de um debate ou de uma entrevista, pois são duas práticas de linguagem  muito freqüentes  no nosso contexto social. Somos, também, capazes de contrapor uma carta familiar a uma  correspondência oficial; de distinguir um artigo científico de uma reportagem. Quanto mais temos contato  com  essas formas  de textos, mais fácil se torna reconhecê­las e identificar  o  espaço delas no contexto  social.  Afirmamos, no item anterior, que, na prática escolar, esses tipos de textos são adequados ao exercício  do ensinar e do aprender. Na escola, além de usarmos a linguagem para estabelecer os vínculos de cooperação  e de interação,  como em qualquer outro espaço da sociedade, também simulamos situações de comunicação  como um recurso de aprendizagem.  Assim sendo, para nossa maior competência comunicativa, é interessante conhecer um pouco mais  sobre a composição e finalidade dos textos acadêmicos. Precisamos aprender a adequar o que já sabemos  fazer  com os  objetivos  de nossos estudos. Ou ainda, saber como usar o debate, a entrevista, a reportagem,  o  artigo  científico  para  o  desenvolvimento  de  habilidades  que  são  esperadas  dos  profissionais  que  têm  formação universitária.  2.1.4.1 Textos orais: a entrevista e o debate  ENTREVISTA  Você  já foi  entrevistado(a)?  Já  entrevistou alguém?  Já  assistiu a  uma  entrevista  de algum  grupo  musical ou de uma equipe esportiva?  Certamente, em todas essas situações, reconhecemos dois papéis distintos, presentes em toda entre­  vista: o papel do entrevistador, que é o responsável por abrir o diálogo, fazer as perguntas, dar continuidade  ao assunto, controlar os rumos da conversa e encerrar a entrevista; e o papel do entrevistado, que é o de  responder às perguntas.  A  entrevista se organiza a partir de um esquema padrão:  ­ situação inicial: apresentação dos interlocutores e as razões da entrevista (INTRODUÇÃO); 
  • 36. Metodologia do Trabalho Científico 37  ­ desenvolvimento do diálogo: seqüência de perguntas, respostas e comentários que estabele­  cem a relação entre um e outro ponto da conversa (DESENVOLVIMENTO);  ­ finalização da entrevista: palavras finais, despedidas, agradecimentos que nem sempre vêm  transcritos quando a entrevista é publicada  (FECHAMENTO).  No entanto, é diferente a entrevista  que o profissional  da saúde  faz  com o paciente, que o  repórter  realiza com o político ou o  gerente da empresa  com o candidato a um emprego, o advogado com o seu  cliente. Essa variação decorre dos propósitos das pessoas em cada situação. Em todas elas, as habilidades  de comunicação oral  do entrevistador e do entrevistado contribuem para o êxito da entrevista  e, conseqüen­  temente, para o alcance dos  objetivos.  Exemplo de uma entrevista realizada com a finalidade de ser  divulgada, na mídia impressa.  AATUALIDADE DE PAUL McCARTNEY  Tema da entrevista  “O sonho acabou”, disse John Lennon em 1970, depois do  fim dos Beatles. Para o principal parceiro de Lennon, Paul  McCartney,  o  sonho  continua  até  hoje.  Dotles,  Paul  atravessou gerações da música pop. Assistiu à explosão do  rock progressivo, do punk e da new wave e chegou intacto  – e competitivo ­  à era dos megashows no fim dos anos 80.  Em 1990, Paul McCartney bateu o recorde de público em  espetáculos  musicais  solo.  Levou  184.000  pessoas  ao  Apresentação da pessoa  estádio do  Maracanã, uma marca  que resiste até  hoje. O  entrevistada  ex­beatle sobreviveu a Lennon (assassinado em 1980 em  Nova York), George Harrison (vitimado por um câncer em  2001)  e   Ringo Starr  (que, apesar  de tecnicamente  vivo,  está artisticamente morto). Na canção When I´m Sixty­Four,  gravada pelos Beatles no antológico álbum Sgt. Pepper´s,  Paul McCartney canta: “Quando eu tiver 64 anos, você ainda  precisará de mim?”. Paul McCartney, aos 61 anos, está na  ativa e é criativo – e não é exagero dizer que a cultura pop  ainda  precisa  dele.  Entrevistadora, represen­  Cristina Lopes de Medeiros  tante da revista  Veja   DESENVOLVIMENTO DO  Veja – Você acha que os jovens dos anos 80 são mais conservadores que os dos anos 60?  Paul McCartney – Não são mais conservadores, mas mais conscientes e, de certa forma, mais  DIÁLOGO bem preparados. Na minha época, não se falava em sexo em casa. A gente descobria todo sozinho.  Havia muitos tabus, muita repressão. É natural, então, que a juventude dos anos 60 quisesse se  liberar  das  convenções    e  romper  todas  as  amarras.  Hoje  isso  não  é  mais  necessário,  essas  questões já foram discutidas e esclarecidas. Não existe mais a necessidade de revolucionar os  costumes  de  uma  forma  drástica,  como  foi  feito  naquela  época.  Mas  isso  não  significa  conservadorismo. Essa nova mentalidade, mais aberta, mais condescendente, esse amadurecimento  é o grande legado da revolução que nós lideramos.