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Redes e transversalidade de políticas públicas - Aula Fiocruz
1. Redes e transversalidade de políticas públicas
Aula para o curso:
Introdução a governança territorial para a cidade saudável:
a cidadania em rede
Fiocruz, Brasília
23/07/2013
Dalton Martins
Universidade de São Paulo
dmartins@gmail.com
2. O que vamos analisar?
● 2 questões centrais para nosso tema:
– As principais mudanças nos modos de
trabalho da atualidade;
– De que forma essas mudanças impactam as
políticas públicas.
● 2 exemplos para ilustrar nossa análise:
– Rede Humaniza SUS: www.redehumanizasus.net
– Rede Piloto de Trabalhadores da Assistência
Social no estado do RJ.
3. A economia pós-industrial
●
A descentralização dos processos produtivos
materiais, faz com que a empresa atual tenha um outro
papel:
– A extração de lucro não surge do trabalho direto;
– A exploração é organizada pela
descentralização/terceirização/quarteirizaçã
o do trabalho direto em pequenas e médias unidades
produtivas;
– O lucro deriva da produção e do controle dos
fluxos → financeiros e comunicativos.
– Cabe a empresa atual estruturar redes produtivas
que já existem independente dela.
4. A função fundamental da empresa
não é mais organizar “tempos e
métodos” do trabalho da fábrica
mas de proporcionar a
construção social do
mercado.
5. A economia pós-industrial
●
É fundada sobre o tratamento da informação:
– A empresa se volta mais para a comercialização e
financeirização do que para a produção → produção e consumo
de informação;
– A sobrevivência das empresas passa pela definição de gamas de
produtos sempre mais amplos ou diferenciados;
– É o trabalho imaterial que ativa e organiza a
relação produção/consumo → processo comunicativo.
● Ativa a cooperação produtiva;
● Relação social com o consumidor.
6. A economia pós-industrial
● Ao que é econômico, não resta senão:
– Gerir e regular a atividade do trabalho
imaterial;
– Criar dispositivos de controle:
● Da tecnologia da informação e comunicação;
● Dos seus processos organizativos.
– Criar o público/consumidor.
7. Transições no campo do trabalho
● O operário símbolo da era Taylorista/Fordista era
o trabalhador:
– Especializado numa divisão técnica do
trabalho;
– Realizando cada vez mais tarefas simples e
repetitivas;
● Na era pós-fordista/taylorista, o operário símbolo
é aquele:
– Que se comunica e se relaciona
socialmente como base de sua atividade
produtiva.
8. Trabalho imaterial
●
O trabalho imaterial se constitui em formas
imediatamente coletivas e não pode existir
independente de redes e fluxos.
● O capitalismo não é mais o capitalismo da
produção, mas do produto;
● O marketing não é mais uma técnica de venda, mas
um dispositivo de constituição de
relações sociais, de informações e de valores
para o mercado.
9. O que é produção atualmente?
● O trabalho imaterial produz, sobretudo, relação social:
– Relação de inovação nos processos
criativos;
– Relação de colaboração na produção
material;
– Relação de consumo nos processos de
interação com seus clientes.
● O processo de produção de comunicação tende a
tornar-se processo de valorização.
10. De que modo isso tudo impacta o
campo das políticas públicas?
11. Políticas públicas
● Político era aquilo que tinha também:
– A capacidade de hierarquizar os fluxos;
– A capacidade de controlar os fluxos por um código
próprio;
● No capitalismo pós-fordista:
– Nenhum código externo a lógica do capital-
dinheiro parece poder sobrecodificar e integrar as
relações de poder.
12. Políticas públicas
● De alguma forma, estamos assistindo:
– Uma integração da máquina comunicativa aos
aparatos do Estado (e vice-versa);
– Uma experimentação de técnicas de controle
que nos levarão a uma nova forma Estado;
● A tendência majoritária é que essa integração e
experimentação ocorram pela lógica do capital-
dinheiro.
14. Pensando alternativas
● Se a unidade do político, do econômico e do
social hoje estão determinadas na
comunicação; é no interior dessa
unidade, pensada e vivida, que os
processos revolucionários podem
ser hoje conceituados e ativados.
16. 2 exemplos
● Rede Humaniza SUS
– Www.redehumanizasus.net
● Rede Piloto de Trabalhadores da Assistência
Social no estado do RJ
17. Rede HumanizaSUS
● http://www.youtube.com/watch?v=WHd3LIr1EAU&list=
PLgjpg2JGLqoYw6DhvlJOmL5YmJL5ntk97
● Uma rede apoiada pela Política Nacional de
Humanização da Saúde;
● No entanto, funciona de modo independente da política,
constituindo seu próprios modos de funcionamento e
regulação;
● É alimentada por ativistas, militantes e trabalhadores do
SUS sensíveis às questões da Humanização;
● Se relaciona com diferentes instâncias políticas
federativas e articula processos próprios de intervenção e
colaboração com outras redes e grupos, sejam instituídos
ou autônomos.
18. Rede HumanizaSUS
● Suas principais características:
– Foi criada em fevereiro de 2008;
– Possui mais de 14.000 participantes, tendo produzido
5616 postagens e 17789 comentários;
– Funciona como um blog coletivo, onde os posts
publicados na página principal são moderados
coletivamente e precisam de ao menos 10 votos;
– Possui espaço para comunidades que decidem debater
temas específicos;
– Há um grupo de editores de em torno de 12 pessoas,
constituído por adeptos e entusiastas da rede, que
passam a desempenhar outras funções por dentro da
rede;
19. Rede HumanizaSUS
● Vem sendo utilizada como:
– espaço acadêmico para estudo (artigos, mestrados
e doutorados feitos baseados na rede) e divulgação
de trabalhos,
– militante,
– produção de trabalho de humanização da saúde em
rede;
– Produção e desenvolvimento de cursos à distância;
– Material de apoio para cursos presenciais;
– Formas de intervenção nos modos de operação e
gestão da política.
20. Rede Piloto de Trabalhadores da
Assistência Social no estado do RJ
● Iniciativa de ativação de uma rede de
trabalhadores dos CRAS na região do Médio
Paraíba no Rio de Janeiro;
● Envolve 10 CRAS e 5 municípios;
● Objetivo:
– Criar novos espaços de compartilhamento de
experiências e produção do trabalho de assistência em
rede;
– Conectar os trabalhadores a outras esferas de
interação que não apenas as relações administrativas e
técnicas do estado → ativação de afetos
21. Rede Piloto de Trabalhadores da
Assistência Social no estado do RJ
● http://www.youtube.com/watch?v=OaAz2ZwW
dGg
22. Essas são algumas experiências que
buscam atuar diretamente nos processos de
comunicação que mexem nos modos de
concepção de políticas públicas.
A sua dimensão transversal está no
movimento em que hierarquiza, prioriza e
organiza diferentes fluxos e movimentos de
rede não pela lógica do capital-dinheiro mas
pela lógica daqueles que se afetam e se
mobilizam por um novo de produzirem
comum.
23. Referências
● Trabalho imaterial: formas de vida e
produção de subjetividade
– Maurizio Lazzarato e Antonio Negri
– Editora DP&A, 2001.