Correção ortográfica e normatização feita por Alessandra Canal Sgulmaro Oliveira -
Professora de Português formada pela Universidade Federal do Espírito Santo.
1. UNIVERSIDADE FERDERAL DO ESPÍRITO SANTO
CENTRO DE EDUCAÇÃO
DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO, POLÍTICA E SOCIEDADE
CURSO DE GRADUAÇÃO EM GEOGRAFIA
LEONI RIBEIRO MATIAS
LETÍCIA TAVARES LOUREIRO
MÚSICA E IMAGEM COMO FERRAMENTAS DIDÁTICAS PARA O
ENSINO DA GEOGRAFIA
A TRISTE PARTIDA: A TRAJETÓRIA DOS RETIRANTES
NORDESTINOS
VITÓRIA - ES
2010
2. LEONI RIBEIRO MATIAS
LETÍCIA TAVARES LOUREIRO
MÚSICA E IMAGEM COMO FERRAMENTAS DIDÁTICAS PARA O
ENSINO DA GEOGRAFIA
A TRISTE PARTIDA: A TRAJETÓRIA DOS RETIRANTES
NORDESTINOS
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao
Departamento de Educação, Política e Sociedade
do Centro de Educação da Universidade Federal do
Espírito Santo, como requisito parcial para obtenção
do grau de Licenciado em Geografia.
Orientadora: Ms. Solange Lins Gonçalves
VITÓRIA - ES
2010
3. LEONI RIBEIRO MATIAS
LETÍCIA TAVARES LOUREIRO
MÚSICA E IMAGEM COMO FERRAMENTAS DIDÁTICAS PARA O
ENSINO DA GEOGRAFIA
A TRISTE PARTIDA: A TRAJETÓRIA DOS RETIRANTES
NORDESTINOS
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Departamento de Educação,
Política e Sociedade do Centro de Educação da Universidade Federal do Espírito
Santo, como requisito parcial para obtenção do grau de Licenciado em Geografia.
Aprovado em 24 de junho de 2010.
COMISSÃO EXAMINADORA
____________________________________
Profª. Ms. Solange Lins Gonçalves
Universidade Federal do Espírito Santo
Orientadora
____________________________________
Prof. Dr. José Américo Cararo
Universidade Federal do Espírito Santo
____________________________________
Profª. Márcia Correa Fernandes
Unidade Municipal de Ensino
Fundamental Pedro Herkenhoff
4. AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus pelo auxilio em todos
os momentos de minha vida. A minha
mãe Vânia e minha família pelo que sou
hoje. A minha companheira Letícia que
não só neste projeto, mas ao longo de
todo o curso, esteve ao meu lado em
todos os momentos. Aos meus colegas e
amigos que compartilharam alegrias e
conquistas diversas e à Professora
Márcia, que acreditou em nossa proposta
desde o início.
Leoni Ribeiro Matias
Agradeço a Deus sempre, por tudo. A toda
minha família, em especial minha mãe,
meu irmão e minha madrinha. Ao meu
namorado Leoni por compartilhar, além
deste projeto, muitos outros dentro e fora
da Universidade. Aos colegas que
compartilharam as vitórias. Aos
professores que, apesar de tudo,
contribuíram para o meu crescimento. A
professora Márcia, que se empenhou ao
máximo para nos ajudar. Aos amigos que
por vezes sentiram a ausência de uma vida
corrida.
Foi tudo muito gratificante, mas a luta
ainda não está no final, muito ainda temos
que caminhar.
Letícia Tavares Loureiro
5. “Quando vim da minha terra,
se é que vim da minha terra
(não estou morto lá?),
A correnteza do rio
Me sussurrou vagamente
Que eu havia de quedar
Lá donde me despedia.
(...) Quando vim de minha terra
Não vim, perdi-me no espaço
Na ilusão de ter saído.
Ai de mim, nunca saí.”
(“A Ilusão do migrante”,
Carlos Drummond de Andrade)
6. RESUMO
Propõe a utilização de música e imagem como ferramentas alternativas no processo
ensino-aprendizagem na disciplina de Geografia, servindo como um importante
recurso didático. Neste trabalho utilizamos a argumentação proposta por Gardner,
trabalhada por Celso Antunes em seu livro A sala de aula de Geografia e História e
“traduzidas” por Nilbo Nogueira em seu livro Pedagogia dos projetos: uma jornada
interdisciplinar rumo desenvolvimento das múltiplas inteligências. Busca-se com
essa metodologia lúdica criar um elo entre o que se é ensinado tradicionalmente na
disciplina com o conhecimento cotidiano e artístico de cada aluno. Os resultados
apontam uma gratificante interação e participação dos alunos, despertando ainda
mais a sua criticidade e criatividade.
Palavras-chave: Música. Imagem. Inteligências Múltiplas.
7. LISTA DE IMAGENS
Imagem 1 - “O Encolhimento do Mapa-Mundi”..................................................... 31
Imagem 2 - Favela e apartamentos em São Paulo.................................................37
Imagem 3 - Migrantes Alemães.............................................................................. 37
Imagem 4 - Derrubada de árvores......................................................................... 37
Imagem 5 - Chão do Sertão................................................................................... 37
Imagem 6 - Favela.................................................................................................. 37
Imagem 7 - Floresta............................................................................................... 37
Imagem 8 - Mapa do Brasil com destaque para o Nordeste.................................. 38
Imagem 9 - “Os Retirantes” – Portinari................................................................... 38
Imagem 10 - Gaúcho............................................................................................. 38
Imagem 11 - Luiz Gonzaga.................................................................................... 38
Imagem 12 - Animais Mortos................................................................................. 38
Imagem 13 - Neve.................................................................................................. 38
8. LISTA DE FOTOGRAFIAS
Fotografia 1 - Apresentação das imagens..................................................................
39
Fotografia 2 - Possibilidades para a atividade............................................................
39
Fotografia 3 - Grupo 1...............................................................................................
39
Fotografia 4 - Grupo 2...............................................................................................
39
Fotografia 5 - Grupo 3............................................................................................. 39
Fotografia 6 - Grupo 4..............................................................................................39
Fotografia 7 – Trabalho........................................................................................... 40
Fotografia 8 – Trabalho.............................................................................................
40
Fotografia 9 – Trabalho.............................................................................................
40
Fotografia 10 – Trabalho...........................................................................................
40
Fotografia 11 – Trabalho...........................................................................................
40
Fotografia 12 - Os alunos.........................................................................................40
9. LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1 – A Idade dos Alunos.....................................................................................
32
Gráfico 2 – Local de Nascimento dos Alunos...............................................................
32
Gráfico 3 – Local de Nascimento dos Pais dos Alunos.................................................
32
10. SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ......................................................................................................10
2. CONSIDERAÇÕES INICIAIS ................................................................................11
3. INTELIGÊNCIAS VISUOESPACIAL E SONORA OU MUSICAL ..........................13
4. OBJETIVOS ..........................................................................................................15
5. PORQUE A ESCOLHA DA MÚSICA A TRISTE PARTIDA ...................................18
6. METODOLOGIA....................................................................................................20
7. ANÁLISE DE DADOS ...........................................................................................22
8. CONSIDERAÇÕES FINAIS ..................................................................................25
9. REFERÊNCIAS.....................................................................................................26
10. ANEXOS .............................................................................................................28
Anexo A...............................................................................................................
29
Anexo B.............................................................................................................
32
Anexo C............................................................................................................33
Anexo D.............................................................................................................
37
Anexo E.............................................................................................................
39
11. 10
1 INTRODUÇÃO1
Em um mundo no qual os alunos estão cada vez mais expostos aos meios de
comunicação apelativos e atraentes, deparamo-nos com escolas que ainda se
baseiam em métodos tradicionais de transmissão de conhecimento. Em
contraposição, estudos cada vez mais atuais apontam que esta fórmula não condiz
com a realidade dos alunos, tornando as aulas desestimulantes e monótonas.
O modelo aqui defendido possibilita uma mudança nessa forma de pensamento
tradicional, abrindo novos caminhos para fazer da sala de aula um ambiente mais
receptivo e atrativo, tanto para alunos quanto para professores. A nossa proposta
baseia-se nos conceitos de Inteligências Múltiplas, descritos por Gardner,
trabalhados por Antunes e “traduzidos” por Nogueira como uma forma de
sensibilização dos alunos através da música.
É importante questionar o quanto desafiador será para o professor desenvolver
atividades diferentes daquelas que estava e ainda está acostumado a desenvolver.
Não obstante, a hegemonia de métodos tradicionais deve ser repensada através de
uma reformulação de todos os agentes envolvidos.
Todas essas possibilidades serão devidamente ponderadas ao longo deste estudo,
gerando um material para a utilização dos professores capaz de colocar sua aula
num patamar de novas possibilidades e descobertas para os alunos.
Introdução: Correção ortográfica e normatização feita por Alessandra Canal Sgulmaro Oliveira -
Professora de Português formada pela Universidade Federal do Espírito Santo.
12. 11
2 CONSIDERAÇÕES INICIAIS
Olhar, escutar, falar... Todos os sentidos dos seres humanos existem para que
possamos “criar” nosso espaço, “inventar” nosso universo e ao mesmo tempo
participar ativamente dessa realidade. Esses sentidos são “ferramentas” através das
quais vislumbramos a paisagem, o mundo que nos é perceptível. Mas, para que
tenhamos a oportunidade de conhecer melhor o espaço geográfico e nele intervir de
maneira mais abrangente, é de extrema relevância fazermos a interligação entre
nossos sentidos, criar um elo entre o olhar, o escutar, o sentir, de modo que todos
possam trabalhar em harmonia, em uma sintonia que nos permita traduzir nosso
universo.
Nós humanos somos seres capazes de pensar nas possíveis consequências antes
de realizar um ato puramente instintivo. Assim como raciocinamos nessas
condições, possuímos diversas habilidades que nos auxiliam em diferentes
situações cotidianamente, e é por isso que nos consideramos seres pensantes, ou
seja, sabemos que sabemos (Homo sapiens sapiens).
Contrapondo-se à idéia de que somos proprietários de uma inteligência única e
acreditando que nossas ações envolvem atividades simultâneas, ainda que com
intensidade diversificada de pelo menos oito inteligências diferentes, Antunes (2001)
apóia-se nas teorias de Howard Gardner, que desenvolveu e caracterizou a teoria
das Inteligências Múltiplas no início década de 1980.
A teoria das inteligências múltiplas apóia-se nas novas descobertas
neurológicas procedidas em Harvard e em outras universidades dos
Estados Unidos, que mudaram as linhas de conhecimento neurológico
sobre a mente humana e colocaram em questão processos anteriormente
descritos para explicar os sistemas neurais que envolvem a memória, a
aprendizagem, a consciência, as emoções e as inteligências de modo
geral. (ANTUNES, 2001, p. 22).
Atualmente, essa teoria possui milhares de adeptos e constitui prática pedagógica
de inúmeras escolas no mundo inteiro.
13. 12
Analisando a teoria das inteligências múltiplas e na certeza de que cada pessoa
possui habilidades únicas, conclui-se que cada pessoa é um sujeito ímpar, aprende
de maneira diferente de outros sujeitos. Exemplificando, nem todos conseguem
identificar em uma mesma música a mesma mensagem. O que queremos pontuar é
que algumas pessoas conseguem perceber mais facilmente a proposta de um artista
em sua obra do que outras, por possuírem essa inteligência mais aguçada ou
trabalhada.
“Ainda que as inteligências humanas atuem de forma integrada e como sistema, é
possível direcionar estratégias e jogos para aguçar sensibilidades e competências
como pensar, criar, tocar, ver e muitas outras.” (ANTUNES, 2001, p. 23).
Entre as oito inteligências descritas por Gardner, iremos nos aprofundar em duas
especificamente: a Inteligência Visuoespacial e a Inteligência Sonora ou Musical.
14. 13
3 INTELIGÊNCIAS VISUOESPACIAL E SONORA OU MUSICAL
Sabendo da existência de diversas formas de inteligência e que cada um possui um
tipo diferenciado de assimilação destas, nosso projeto buscou desencadear em cada
indivíduo participante ativo no processo educacional, no âmbito da sala de aula, a
possibilidade de fazer uma Geografia mais agradável, criativa e crítica, de múltiplas
possibilidades de ser entendida e posta em prática.
Uma das inteligências trabalhadas em nosso projeto foi a Visuoespacial, que
abrange as relações entre as formas, as configurações espaciais, a sensibilidade às
cores e a capacidade de perceber com precisão este mundo, além da possibilidade
de transformar essas percepções.
[...] A enorme importância para o aluno de Geografia ou História em ter um
professor que o ensine a ver, que explore, passo a passo, essa
capacidade, mostrando as diferenças entre as coisas simples, as cores, a
luminosidade, as diferenças que se expressam em um objeto iluminado de
uma ou de outra forma. Não menos importante é que esse aluno aprenda a
reconhecer fisionomias, comparar paisagens, transpor para o mundo que
vê as imagens mentais que descrevem o mundo que ele descobre na
narrativa e na leitura. Se esse exercício é importante para as relações
espaciais, também é importante para percepções temporais. Uma narrativa
histórica desenvolve-se em profundidade quando o professor estimula o
aluno a usar a imaginação e perceber, no que aprende, os detalhes das
formas e cores e o movimento das cenas. O bom professor treina para
tornar capaz de levar seus alunos a navegar pelos espaços e tempos,
movimentando toda sensibilidade do tato, do olfato, do paladar e da
imaginação. (ANTUNES, 2001, p. 120)
Outra inteligência trabalhada foi a sonora ou musical, que, segundo Antunes (2001),
associa-se à percepção do som não como um componente do ambiente, mas por
sua unidade e linguagem. Marcante em gênios como Chico Buarque de Holanda,
Vinicius de Moraes, Pixinguinha e outros talentos musicais, alcança também
pessoas comuns que percebem o som pela singularidade específica de suas muitas
nuances e linguagens. A pessoa com essa inteligência destaca-se pela capacidade
de produzir e apreciar ritmos, tons, timbres e identificar diferentes formas de
expressividade na música ou nos sons de modo geral. Não queremos descobrir em
15. 14
cada aluno um gênio da música, mas sim mostrar que a Geografia faz parte tanto do
estudo das relações do homem no espaço, quanto das relações de todas as
possíveis formas de espaço encontradas no homem, como a imaginação.
A música está presente em diversas culturas do mundo, cada qual com seus ritmos,
suas harmonias e suas inúmeras formas de transmissão de mensagens. Não é
necessário que a música tenha letra para que ela possa nos transmitir significados.
No entanto, em nossa pesquisa, empenhamo-nos em buscar o sentido da palavra,
em investigar a história inserida no contexto em combinação com a melodia, assim
como a expressão de imagens que nos é passada através dos olhos, que fomenta
na visualização de espaços, histórias, deixando fluir a imaginação e os sentimentos.
A principal vantagem que obtemos ao utilizar a música para nos auxiliar no
ensino de uma determinada disciplina é a abertura, poderíamos dizer
assim, de um segundo caminho comunicativo que não o verbal – mais
comumente utilizado. Com a música, é possível ainda despertar e
desenvolver nos alunos sensibilidades mais aguçadas na observação de
questões próprias à disciplina alvo. Porém, paradoxalmente, a principal
desvantagem na utilização da música associada à outra disciplina é o fato
de ela se caracterizar como outra linguagem e, dessa forma, apresentar
inúmeras barreiras ao profissional que intencione dela fazer uso, mas que
não a domine (ou pense que não a domina). A música é, por essa razão,
um tipo de expressão humana dos mais ricos e universais e também dos
mais complexos e intrincados. Portanto, valerá muito ao professor utilizar a
música em suas aulas, mas é preciso dedicar-se ao seu estudo,
procurando compreendê-la em sua amplitude, desenvolvendo o prazeroso
trabalho de sempre escutar os mais variados sons em suas combinatórias
infinitas, com “ouvidos atentos”, e também ler o que for possível a respeito.
(FERREIRA, 2005, p. 13).
Entendendo que a Geografia possui o papel de desenvolver no aluno o raciocínio, a
criatividade e o pensamento crítico, a proposta de se trabalhar com música e
imagens vem servir de instrumento pedagógico forte na busca desses resultados.
Percebemos ainda que essa forma lúdica facilita a relação professor/aluno,
contribuindo para que o ensino de Geografia cumpra seu papel enquanto
instrumento de liberação social, na medida em que permite discutir temas do
cotidiano.
[...] Pretende-se com esta iniciativa tornar as aulas mais prazerosas e
agradáveis, incentivando o acesso aos conteúdos atrelado à arte e manejo
de ferramentas pedagógicas poderosas, que leva professores e alunos a
16. 15
despertarem para o estudo da ciência geográfica e da espacialidade vivida,
frente aos meios de comunicação disponíveis.
Entende-se que a música associada a imagens é considerada um recurso
didático valioso, sendo um potencial que pode reduzir o suposto medo de
aprender, devido às metodologias didáticas indiferentes às capacidades
dos educandos. (SANTOS, 2009, p. 1).
Assim, considera-se que as atividades em torno da imagem (Inteligência
Visuoespacial) e da música (Inteligência Sonora ou Musical) se constituem em um
recurso didático, viável tanto para quem ensina quanto para quem aprende.
17. 16
4 OBJETIVOS
Com o avanço constante dos aperfeiçoamentos das tecnologias de informação,
verificamos que as pessoas são mais expostas às linguagens audiovisuais e isto as
aproxima dessa forma de comunicação, que se configura cada vez mais atrativa e
apelativa. Paralelo a isso, temos uma escola que ainda trabalha com métodos
verbalistas reprodutores e professores desmotivados e incapacitados para a
profissão, pois repetem as mesmas aulas durante décadas e chamam a isso de
experiência.
Verificamos, através das proposições teóricas elaboradas pelos autores abordados,
que se faz necessária a prática de atividades lúdicas, como a utilização da música e
da imagem, que rompam com as metodologias tradicionais e estáticas de ensino.
Isso serve para promover formas mais instigantes no processo ensino-aprendizagem
da Geografia, associando-o com outras possibilidades de construção e formas de
associação com diferentes disciplinas e/ou conhecimentos. É isto que este trabalho
se dispõe a realizar.
Segundo Nogueira (2001), o aluno começa a romper com uma forma clássica de
realizar leituras quando passa a usar mais sua criatividade na interpretação das
imagens e na expressão de sua leitura.
A música e a imagem tem, sobre outras formas de aprendizado, neste caso o
geográfico, a vantagem de ser menos explícita e, dessa forma, alargar
extraordinariamente os espaços de análise e interpretação. Em algumas
circunstâncias, o nível dos debates parece caminhar para muito além das intenções
do próprio autor da música/imagem, circunstância que, longe de diminuir a
importância da aula, ainda mais a amplia e enriquece em significações. E é a partir
disso que se afirma o poder considerável que essas ferramentas possuem de incluir
o alunado no contexto histórico/geográfico como agente participante no assunto
proposto.
Procuramos, com base nas inteligências individuais, desenvolver as diversas
capacidades de cada aluno em resposta às atividades propostas e demonstrar como
essa dinâmica auxilia os professores no processo de reflexão e interação dos alunos
em sala de aula, pois encontramos nas letras das músicas e também em imagens
18. 17
relatos de movimentos sociais e éticos, a promoção da conscientização quanto aos
problemas ambientais, bem como a valorização do cancioneiro popular e do olhar do
artista.
Possibilita-se, com isso, transpor a tradicional “decoreba” das aulas expositivas, dos
mapas, dos livros, do quadro e do pincel, que ainda hoje permanecem nas salas de
aula da maioria das escolas. Não se pretende ignorar totalmente esses recursos
ditos tradicionais. São necessários, porém podem ser complementados com as
alternativas mencionadas, as quais, sozinhas, podem se tornar desestimulantes
também.
O nosso objetivo se assemelha com o que foi proposto pelo professor Nogueira
(2001) no que se refere à utilização da música para sensibilizar as pessoas.
De uma forma mais simples ainda, imaginar as pessoas que possuem
alguma sensibilidade musical, demonstrada quando oferecem uma música
à pessoa amada, ou quando remetem a alguma passagem de sua vida ao
ouvirem uma determinada música. É claro que nestes casos não estamos
falando na genialidade da inteligência musical, mas pelo menos na
sensibilidade musical, que para muitas pessoas não existe. (NOGUEIRA,
2001, p. 48).
Como forma de tornar empírico nosso objetivo, pensamos na utilização das
ferramentas propostas para a pesquisa (música e imagens) como forma de criar um
elo entre a Geografia e a realidade dos alunos, remetendo-os a suas histórias e ao
seu cotidiano para que isso fosse exposto em sala de aula através da sensibilização
causada pela música.
O projeto visou sua aplicação com alunos da Educação de Jovens e Adultos (EJA)
de uma escola pública. Por isto, optamos pela utilização da música A Triste Partida,
do compositor Patativa do Assaré e interpretada magistralmente por Luiz Gonzaga,
devido às possíveis relações das etapas vivenciadas pelo personagem principal com
os alunos da EJA.
19. 18
5 PORQUE A ESCOLHA DA MÚSICA A TRISTE PARTIDA
Como a intenção era associar algum assunto geográfico com a realidade dos
alunos, e sabendo na prática, posteriormente comprovada em pesquisa realizada
com os mesmos, que a maior parte deles é de outro lugar de origem que não a
Região Metropolitana de Vitória, escolhemos trabalhar com a problemática do êxodo
rural, com foco na migração do sertão nordestino para o eixo sul-sudeste do país
(nesse caso, leia-se São Paulo).
Após um levantamento de diversas letras de músicas que abordassem o tema que
queríamos, escolhemos a música A Triste Partida (1964) devido a sua singular forma
de contar e cantar a vida de uma família do sertão nordestino, região semi-árida do
Brasil, família esta que personifica muitas outras que se encontram em semelhantes
condições precárias de sobrevivência.
Podemos encontrar inúmeros elementos em A Triste Partida, que, resumidamente,
mostra a angústia de uma família que trabalha com a agricultura familiar, possui
alguns animais domésticos e depende das condições climáticas para obter êxito em
seus afazeres. Porém, a chuva, que é de fundamental importância para a agricultura
dos nordestinos, é bastante escassa no sertão. Com isso, eles se agarram na fé e
na esperança de chover, fato esse que não acontece na frequência em que
necessitam e por isso buscam, de maneira desesperada, outras formas de sustento
longe de suas terras, de sua identidade. Assim, sonham com a “cidade grande”,
utopicamente vista como lugar de oportunidades, de muitos recursos, de melhores
condições de vida, idealizada no eixo sul-sudeste do Brasil, com maior atenção para
a cidade de São Paulo.
O desenrolar do sentido histórico da música é a realidade de muitos que hoje vivem
nas regiões metropolitanas do sudeste brasileiro, a de subúrbios inchados de
migrantes nordestinos e descendentes destes, que não conseguiram, como
sonhavam, as condições sócio-financeiras ideais para uma vida digna na cidade
grande, vivendo à margem da sociedade, sem a possibilidade até mesmo de retorno
para seu lugar de origem.
A questão da identidade é uma das peças-chave para a compreensão do significado
e dos resultados de nossa pesquisa, pois é ela que se apresenta de forma mais
20. 19
cruel num processo de mudança de lugar, nesse caso a migração “forçada”. Para
isso, usando as palavras de Haesbaert (1999), partimos do pressuposto geral de
que toda identidade territorial é uma identidade social definida fundamentalmente
através do território.
Essa identidade, ainda segundo Haesbaert (1999), pode, em primeiro lugar, tanto
estar referida a pessoas como a objetos, coisas. Em segundo lugar, ela implica uma
relação de semelhança ou de igualdade.
Assim, consideramos que a letra da música A Triste Partida busca enfatizar a
questão identitária do nordestino que, mesmo longe de seu “lugar de origem”, não
perde seus costumes e sua afetividade com sua terra. Concluímos, então, que
determinados grupos culturais migrantes podem não apenas entrecruzar sua
identidade no confronto com outras culturas, mas também levar sua territorialidade
consigo, tentando reproduzi-la nas áreas para onde se dirigem.
De acordo com a análise e fazendo um paralelo com a idéia que a música nos quer
transmitir, é de total relevância sua abordagem nos estudos da Geografia, pois ela
nos mostra a nossa própria realidade, aquilo que muitos brasileiros viveram e ainda
vivem, tornando nossa proposta mais interessante e instigante para os envolvidos na
dinâmica da aula. Dessa forma, pensamos que é importante trazer o aluno para a
sua realidade, buscando uma melhor assimilação do assunto, e, mais ainda,
possibilitar que ele se enxergue no contexto geográfico como agente ativo integrante
e transformador da história da sociedade.
Pensamos em trabalhar as imagens como auxiliadoras do sentido geral da música.
Elas teriam o papel de enriquecer ainda mais a visualização dos significados
propostos. Pois as imagens, tanto em quadros de artistas, quanto naquelas
captadas pela lente de um fotógrafo, assim como quaisquer outras, podem
desencadear em sua apresentação, supostamente estática, inúmeros
acontecimentos cristalizados momentaneamente, que falam por si só e movimentam
o imaginário. Além disso, trazem à vida acontecimentos do cotidiano paralisados em
passados imortalizados, podendo ser comparados com episódios da vida presente,
capaz de guardar histórias de lugares.
21. 20
6 METODOLOGIA
A aplicabilidade do trabalho foi realizada no 9º ano noturno da Educação de Jovens
e Adultos da UMEF Pedro Herkenhoff, localizada no bairro de Cobilândia, Município
de Vila Velha – ES.
Nossa proposta se iniciou por uma percepção dos conhecimentos prévios dos
alunos acerca da análise de uma música e de uma imagem, que foram
apresentadas à turma pela professora de Geografia da classe. A mesma decidiu
trabalhar com a música Parabolicamará, de Gilberto Gil e a imagem O encolhimento
do mapa-múndi, de David Harvey, para tratar de assuntos ligados à globalização,
como atividade de fixação de assunto ministrado anteriormente. (ANEXO A).
Essa primeira percepção é importante, pois,
Habitualmente despreparado para trabalhos dessa natureza, o aluno não
pode compreendê-lo de imediato. Por este motivo, é interessante que o
professor “treine o ouvido musical dos alunos”; inicialmente, sem vínculos
imediatos com os conteúdos da disciplina que ministra. Estes, pouco a
pouco, podem ser introduzidos. Apresentar uma fita e prosseguir com
indagações semelhantes às que se seguem pode sugerir caminhos para
um aperfeiçoamento da sensibilidade sonora do aluno e abrir espaços para
as propostas que apresentamos em seguida. As indagações seriam: Essa
música o faz pensar em quê? Desperta algum sentimento em você?
Contribui para que você construa alguma imagem? É capaz de sugerir uma
ou algumas cores? Você identifica alguns instrumentos? Você se sente
capaz de reproduzi-la em outro ritmo? Sente desejo de batucá-la ou cantá-
la? O que você acha que torna uma música mais ou menos agradável?
Essa música desperta suas lembranças para algumas cenas? Para outras
músicas? É capaz de imaginá-la sendo dançada? De que maneira? Por
quais pessoas? Lembra-lhe uma outra época? Um outro lugar?
(ANTUNES, 2001, p. 128).
Essa primeira observação de nossa parte foi feita antes de aplicarmos nosso projeto,
apenas de forma presencial, como ouvintes, sem interferência no debate que havia
sido formado em sala.
Antes da aplicação de nossa dinâmica, elaboramos alguns questionamentos, que
serviriam para nortear nossa intenção quanto ao sucesso do resultado final, nos
quais constavam perguntas sobre a origem territorial dos alunos e de sua família,
assim como os motivos que os levaram a se deslocar, se esse fosse o caso.
22. 21
O resultado desta pesquisa foi utilizado pelos alunos, de forma interdisciplinar, para
elaboração de gráficos na disciplina de matemática, como se pode observar no
ANEXO B.
Na efetivação de nosso trabalho e sua aplicação em sala de aula, fizemos uma
breve apresentação de como seria desenvolvida a atividade. Solicitamos que a
turma se organizasse em quatro grupos, de aproximadamente cinco alunos cada. A
letra da musica A Triste Partida foi dividida em quatro partes e cada grupo recebeu
folhas com uma dessas, sem a indicação de qual sequência pertencia à mesma.
Cada grupo ficou responsável por se manifestar no momento em que estivesse
sendo reproduzida a parte que lhes competia, como forma de manter a atenção dos
alunos na letra da música no transcorrer da apresentação da mesma. ANEXO C.
A música foi apresentada através de um vídeo em animação, que interpretava a letra
da música, tornando-a “visível” para os alunos. Finalizada a exibição do vídeo,
pedimos para que cada grupo se manifestasse, voluntariamente, acerca dos trechos
que haviam ficado responsáveis por analisar.
No segundo momento da aula, fizemos uma exposição de diversas imagens
(ANEXO D), algumas associáveis à temática da música apresentada (êxodo rural) e
outras que não tinham relação alguma com a mesma. Mostramos cada imagem
individualmente, questionando sobre as possíveis existências de relação direta e/ou
indireta com a música, bem como apresentando novas possibilidades de análise
e/ou analogias do assunto.
Como produto final das atividades apresentadas, entregamos a cada aluno uma
folha de papel A4, disponibilizamos alguns recursos como lápis de cor, revistas, cola
e tesoura e pedimos para que se manifestassem sobre o que conseguiram absorver
durante a dinâmica, da maneira que achassem melhor, ficando livres para
escolherem diversas formas de se expressarem, podendo, dentre outras coisas,
escrever poemas, poesias, músicas, textos, fazer recortes, desenhar e/ou pintar,
como forma de avaliação do aprendizado que eles obtiveram.
23. 22
7 ANÁLISE DE DADOS
Na análise prévia que fizemos sobre os conhecimentos dos alunos na análise da
música Parabolicamará de Gilberto Gil e da imagem O encolhimento do mapa-múndi
de David Harvey, observamos que os alunos conseguiam compreender a
mensagem que estava sendo passada, através de manifestações verbais. No
entanto, houve dificuldades em transportá-la para a escrita em resposta às
perguntas que constavam na atividade proposta (ANEXO A).
Pensando na dificuldade de se expressarem através da escrita e sabendo das
potencialidades destes alunos, em nossa atividade final optamos por deixá-los livres
para se manifestarem de maneiras diversas (desenhos, recortes, textos, etc.), sem
estarem atrelados a formas pré-estabelecidas pelos professores.
Para que obtivéssemos as informações prévias quanto à origem territorial dos
alunos como primeiro passo para a aplicação de nossa metodologia, fizemos um
questionário com perguntas que vieram confirmar nossa expectativa. Nesse
questionário verificamos que, dos 21 alunos entrevistados, 12 nasceram fora do
estado de Espírito Santo, assim como 14 pais dos alunos, ou seja, mais de 50 % da
turma já realizou pelo menos alguma vez na vida algum tipo de migração. Além
disso, perguntamos os motivos que os levaram a migrar, obtendo como resposta
majoritária a necessidade de trabalho.
O resultado dessa pesquisa foi utilizado interdisciplinarmente para a elaboração de
gráficos sobre a idade, Estado de origem dos alunos e Estado de origem das
famílias dos alunos, como pode ser observado no ANEXO B.
No momento da aplicação em sala, exibimos o vídeo com a música e, após a
discussão sobre o mesmo, mostramos algumas imagens (ANEXO D), para que os
alunos pudessem associá-las ao assunto abordado. Foi quando fizeram comentários
pertinentes e interessantes, tais como:
- Na imagem 3, associaram os descendentes de europeus também como imigrantes,
pois eles haviam deixado seu país;
- Na imagem 4, associaram o desmatamento como um potencial causador de
desertificação da região;
24. 23
- Num processo de comparação entre as imagens 10 e 11, os alunos souberam
distinguir a localidade de moradia que estava sendo representada através das
vestimentas das pessoas.
Nosso produto final foi levantado através das manifestações individuais acerca de
todas as atividades que executamos (exibição do vídeo animado com a música, as
imagens e todas as intervenções verbais ocorridas), com a concretização dessas
sensibilizações retratadas em folhas em branco entregues a cada um.
Essas sensibilizações podem ser notadas em relatos, tais como:
“Foi com saudade, e choro. Deixei minha casa meu cachorro.” [sic]
(Escrita de um aluno A, associada com um recorte de uma foto de uma mulher com
um filho e outra de um cachorro);
“Só tem chance na vida quem acredita e corre atráz de seus sonhos, de seu
objetivo, quem não tem medo de encarar o que vem pela frente, só se
consegue o que se quer quando se tem força de vontade se não tentarmos
como saberemos.” [sic]
(Escrita de um aluno B);
“Como as cidades estão ficando tão grande porque as pessoas esta deixa as
terra em busca de melhoria na cidade grande” [sic]
(Escrita de um aluno C, associada com uma foto panorâmica de um bairro contendo
várias casas);
“Ai ai ai, ai
Sem chuva na terra descamba janeiro,
Depois fevereiro
E o mesmo verão
Meu Deus, meu Deus,
25. 24
Entonce o norteste
Pensando consigo
Não chove mais não” [sic]
(Escrita de um aluno D, remetendo-se a um trecho da música apresentada e
associando-a com o recorte da foto do Presidente da República Luiz Inácio Lula da
Silva);
“A vida de um povo que não tem escolia de vida mais, luta para sobreviver”
[sic]
(Escrita de um aluno E, referindo-se a uma imagem de catadores de papelão
deitados no meio de uma via pública movimentada);
“Eu me identifiquei totalmente com a música de Luiz Gonzaga por que foi
esatamente o que aconteceu com minha família nós vinhemos para o Espírito
Santo para trabalhar.
Só que nós tivemos mais sorte pos eu vim primeiro já com o trabalho serto e
treis meses depois já mandei tudo o que ganhei para o meu pai logo ele veio e
aos pouco veio tota família, estamos nas toda família já faz 24 anos que qui
estamo. ” [sic]
(Escrita de um aluno F)
26. 25
8 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A interpretação dada pelos alunos das músicas e imagens trabalhadas em nossas
aulas revelou o senso crítico empreendido pelos mesmos e o sucesso dos objetivos
propostos por essa metodologia de trabalho, uma vez que demonstraram
entendimento da mensagem, conseguindo realizar ligação com seu cotidiano.
Ao nos reportarmos às considerações iniciais, colocamos em destaque a
importância de se trabalhar as múltiplas inteligências, conforme estudos de Gardner,
Antunes e Nogueira, como forma de tornar o processo ensino-aprendizagem mais
abrangente, visto que as atuais metodologias de ensino ficam presas a formas
engessadas, tendo como principal instrumento de trabalho o livro didático.
A prática desenvolvida resultou em um produto repleto de significação no cotidiano
dos alunos, conforme a proposta do trabalho. Além das significações apontadas, o
desenvolvimento da prática compôs um ambiente de auxilio mútuo em sala, onde os
alunos trabalhavam coletivamente.
Fica claro, pois, que o uso da interpretação de imagens e em especial da música
como instrumento pedagógico é um recurso que estimula, sensibiliza e motiva o
aluno, tornando o processo ensino-aprendizagem em Geografia mais significativo.
Este trabalho não constrói, sob nenhuma hipótese, um fim. Serve apenas como uma
possibilidade, dentre tantas, de utilização da música e imagem em sala de aula.
27. 26
9 REFERÊNCIAS
ANTUNES, Celso. A sala de aula de Geografia e História: inteligências múltiplas,
aprendizagem significativa e competências no dia-a-dia. São Paulo: Papirus, 2001.
ASSARÉ, Patativa do. A triste partida. In: GONZAGA, Luiz. A triste partida. RCA
Victor, 1964. 1 disco sonoro. Lado A, faixa 1.
A TRISTE PARTIDA. Letra de música disponível em:
<http://letras.terra.com.br/luiz-gonzaga/82378/>. Acesso em: 21 de mar. 2010.
A TRISTE PARTIDA. Vídeo disponível em:
<http://www.youtube.com/watch?v=0s4BbHxpUKY>. Acesso em: 24 de mar. 2010.
FERREIRA, Martins. Como usar a música na sala de aula. 4 ed. São Paulo:
Contexto, 2005.
HAESBAERT, Rogério. Identidades territoriais. In: ROSENDAHL, Zeny; CORRÊA,
Roberto L. Manifestações da cultura no espaço. Rio de Janeiro: Editora UERJ, 1999.
NOGUEIRA, Nilbo Ribeiro. Pedagogia dos projetos: uma jornada interdisciplinar
rumo desenvolvimento das múltiplas inteligências. São Paulo: Érica, 2001.
O ENCOLHIMENTO DO MAPA MUNDI. Imagem disponível em:
<http://professormarcelus.blogspot.com/2009/03/tarefa-2-ano-semana-de-16-
20marco2009.html>. Acesso em: 03 de jun. 2010.
PACHECO, Elza Dias (org). Comunicação, educação e arte na cultura infanto-
juvenil. São Paulo: Edições Loyola, 1991.
PARABOLICAMARA. Letra de música disponível em:
<http://letras.terra.com.br/gilberto-gil/46234/>. Acesso em: 04 de jun. 2010.
28. 27
RIBEIRO, Darcy. O povo brasileiro. 2 ed. São Paulo. Companhia das Letras, 1995.
SANTOS, Maria A. F. dos. O ensino da geografia através da música e imagens: uma
proposta metodológica. Anais do X Encontro Nacional de Prática de Ensino em
Geografia – ENPEG. 30/ago a 2/set de 2009, Porto Alegre.
VESENTINI, José W. Educação e ensino de Geografia: instrumento de dominação
e/ou libertação. In: CARLOS, Ana Fani Alessandri (org). A Geografia em sala de
aula. São Paulo: Contexto, 1999. (Repensando o ensino).
30. 29
ANEXO A
10.1 - LETRA DA MÚSICA “PARABOLICAMARÁ”
Parabolicamará (Gilberto Gil)
Antes mundo era pequeno Quando sentia
Porque Terra era grande Que o balaio ía escorregar
Hoje mundo é muito grande
Porque Terra é pequena Ê volta do mundo, camará
Do tamanho da antena Ê, ê, mundo dá volta, camará
Parabolicamará
Esse tempo nunca passa
Ê volta do mundo, camará Não é de ontem nem de hoje
Ê, ê, mundo dá volta, camará Mora no som da cabaça
Nem tá preso nem foge
Antes longe era distante No instante que tange o berimbau
Perto só quando dava Meu camará
Quando muito ali defronte
E o horizonte acabava Ê volta do mundo, camará
Hoje lá trás dos montes Ê, ê, mundo dá volta, camará
dendê em casa camará
De jangada leva uma eternidade
Ê volta do mundo, camará De saveiro leva uma encarnação
Ê, ê, mundo dá volta, camará
De avião o tempo de uma saudade
De jangada leva uma eternidade
De saveiro leva uma encarnação Esse tempo não tem rédea
Vem nas asas do vento
Pela onda luminosa O momento da tragédia
Leva o tempo de um raio Chico Ferreira e Bento
Tempo que levava Rosa Só souberam na hora do destino
Pra aprumar o balaio Apresentar
Ê volta do mundo, camará
Ê, ê, mundo dá volta, camará
31. 31
10.2 - IMAGEM “O ENCOLHIMENTO DO MAPA MUNDI”
TRABALHADA JUNTO COM A MÚSICA “PARABOLICAMARÁ”
Imagem 1. “O Encolhimento do Mapa Mundi” de David Harvey
32. 32
ANEXO B
10.3 – GRÁFICOS
• GRÁFICO 1. A IDADE DOS ALUNOS:
Quantidade de Alunos
7
6
10 - 19 Anos
5
20 - 29 Anos
4
30 - 39 Anos
3 40 - 49 Anos
2 50 - 59 Anos
1 60 - 69 Anos
0
Idade da Turma
• GRÁFICO 2. LOCAL DE NASCIMENTO DOS ALUNOS:
Quantidade de Alunos
10
8
6 Espírito Santo
Minas Gerais
4
Outros Estados
2
0
Espírito Santo Minas Gerais Outros Estados
• GRÁFICO 3. LOCAL DE NASCIMENTO DOS PAIS DOS ALUNOS:
Quantidade de Alunos
9
8
7
6
5 Espírito Santo
4 Minas Gerais
3 Outros Estados
2
1
0
Espírito Santo Minas Gerais Outros Estados
33. 33
ANEXO C
10.4 - PLANO DE AULA
Disciplina: Geografia
Tema: A Música e imagem no Ensino da Geografia
Série: 9º ano do Ensino Fundamental (Educação de Jovens e Adultos)
Ano: 2010
Professores: Leoni; Letícia.
Justificativa da disciplina:
Demonstrar através de diversas análises, como a utilização da musica como meio
didático possibilita uma maior interação e integração na sala de aula.
Tempo utilizado: Serão utilizadas duas aulas de 50 minutos para a aplicação da
matéria.
Unidade Didática:
O conteúdo que será desenvolvido através da musica e de imagens relaciona-se
com a realidade de muitos alunos em sala, que é a questão do êxodo rural,
especificamente para esta aula, trataremos do êxodo do sertão nordestino para o
Sul do Brasil.
Objetivos Específicos:
O nosso objetivo se assemelha com o que foi proposto pelo professor Nogueira
(2001) quando este se refere à utilização da música para sensibilizar as pessoas.
Procuramos com base nas inteligências individuais, desenvolver as diversas
capacidades de cada aluno em resposta às atividades propostas e demonstrar como
34. 34
essa dinâmica auxilia os professores no processo de reflexão e interação dos alunos
em sala de aula, pois, encontramos nas letras das músicas e também em imagens,
relatos de movimentos sociais e éticos, a promoção da conscientização quanto aos
problemas ambientais, bem como a valorização do cancioneiro popular e do olhar do
artista
Recursos Necessários:
Datashow, computador, Televisão, letra da música em papel A4, papel A4 em
branco, revistas, lápis de cor, tesoura, cola.
Metodologia:
Será informado aos alunos que este trabalho servira como avaliação para conclusão
de curso dos professores.
Após essa breve exposição será apresentado um vídeo com um “clip” em forma de
desenho da música Triste Partida. Esse clip é auto-explicativo, as encenações dos
personagens acompanham a letra da música. Com a finalização desta
apresentação deixaremos livre para que os alunos que os mesmos digam a turma o
que acharam da música e o que isso os lembravam, quais lembranças essa musica
os trazia.
Depois desse breve espaço para exposição das lembranças exibiremos imagens
relacionadas ou não a temática do êxodo rural. A cada imagem mostrada no vídeo
perguntaremos aos alunos se existe alguma conexão com o que foi mostrado com a
letra da música e o vídeo até então.
Avaliação:
A avaliação sobre o tema será elaborada através da elaboração dos alunos, algo de
concreto, mas sem direcionamento, daquilo que foi trabalhado em sala. Os alunos
poderão desenvolver colagens, desenhar, escrever, aquilo que eles conseguiram
compreender com o que foi apresentado em sala.
35. 35
10.5 - LETRA DA MÚSICA “A TRISTE PARTIDA”
A Triste Partida
Luíz Gonzaga
Composição:
Patativa do Assaré
Meu jegue e o cavalo
Nóis vamo a São Paulo
Pois barra não tem Viver ou morrer
Parte 1. Ai, ai, ai, ai Ai, ai, ai, ai
Meu Deus, meu Deus Sem chuva na terra
Setembro passou Descamba Janeiro, Nóis vamo a São Paulo
Outubro e Novembro Depois fevereiro Que a coisa tá feia
Já tamo em Dezembro E o mesmo verão Por terras alheia
Meu Deus, que é de Meu Deus, meu Deus Nós vamos vagar
nós, Entonce o nortista Meu Deus, meu Deus
Meu Deus, meu Deus Pensando consigo Se o nosso destino
Assim fala o pobre Diz: "isso é castigo Não for tão mesquinho
Do seco Nordeste não chove mais não" Ai pro mesmo cantinho
Com medo da peste Ai, ai, ai, ai Nós torna a voltar
Da fome feroz Ai, ai, ai, ai
Ai, ai, ai, ai
Apela pra Março
Que é o mês preferido E vende seu burro
A treze do mês Do santo querido Jumento e o cavalo
Ele fez experiênça Sinhô São José Inté mesmo o galo
Perdeu sua crença Meu Deus, meu Deus Venderam também
Nas pedras de sal, Mas nada de chuva Meu Deus, meu Deus
Meu Deus, meu Deus Tá tudo sem jeito Pois logo aparece
Mas noutra esperança Lhe foge do peito Feliz fazendeiro
Com gosto se agarra O resto da fé Por pouco dinheiro
Pensando na barra Ai, ai, ai, ai Lhe compra o que tem
Do alegre Natal Ai, ai, ai, ai
Ai, ai, ai, ai Parte 2.
Agora pensando Em um caminhão
Rompeu-se o Natal Ele segue outra tria Ele joga a famia
Porém barra não veio Chamando a famia Chegou o triste dia
O sol bem vermeio Começa a dizer Já vai viajar
Nasceu muito além Meu Deus, meu Deus Meu Deus, meu Deus
Meu Deus, meu Deus Eu vendo meu burro A seca terrívi
Na copa da mata Que tudo devora
Buzina a cigarra Ai,lhe bota pra fora
Ninguém vê a barra Da terra natal
Ai, ai, ai, ai
36. 36
Parte 3. Começa a cair
E assim vão deixando Ai, ai, ai, ai
O carro já corre Com choro e gemido
No topo da serra Do berço querido
Oiando pra terra Céu lindo e azul Do mundo afastado
Seu berço, seu lar Meu Deus, meu Deus Ali vive preso
Meu Deus, meu Deus O pai, pesaroso Sofrendo desprezo
Aquele nortista Nos fio pensando Devendo ao patrão
Partido de pena E o carro rodando Meu Deus, meu Deus
De longe acena Na estrada do Sul O tempo rolando
Adeus meu lugar Ai, ai, ai, ai Vai dia e vem dia
Ai, ai, ai, ai E aquela famia
Não vorta mais não
Ai, ai, ai, ai
No dia seguinte Parte 4.
Já tudo enfadado
E o carro embalado Chegaram em São Distante da terra
Veloz a correr Paulo Tão seca mas boa
Meu Deus, meu Deus Sem cobre quebrado Exposto à garoa
Tão triste, coitado E o pobre acanhado A lama e o paú
Falando saudoso Percura um patrão Meu Deus, meu Deus
Com seu filho choroso Meu Deus, meu Deus Faz pena o nortista
Iscrama a dizer Só vê cara estranha Tão forte, tão bravo
Ai, ai, ai, ai De estranha gente Viver como escravo
Tudo é diferente No Norte e no Sul
Do caro torrão Ai, ai, ai, ai
De pena e saudade Ai, ai, ai, ai
Papai sei que morro
Meu pobre cachorro
Quem dá de comer? Trabaia dois ano,
Meu Deus, meu Deus Três ano e mais ano
Já outro pergunta E sempre nos prano
Mãezinha, e meu gato? De um dia vortar
Com fome, sem trato Meu Deus, meu Deus
Mimi vai morrer Mas nunca ele pode
Só vive devendo
E assim vai sofrendo
Ai, ai, ai, ai É sofrer sem parar
E a linda pequena Ai, ai, ai, ai
Tremendo de medo
"Mamãe, meus
brinquedo Se arguma notíça
Meu pé de fulô?" Das banda do norte
Meu Deus, meu Deus Tem ele por sorte
Meu pé de roseira O gosto de ouvir
Coitado, ele seca Meu Deus, meu Deus
E minha boneca Lhe bate no peito
Também lá ficou Saudade de móio
Ai, ai, ai, ai E as água nos óio
39. 39
ANEXO E
10.7 – LISTA DE FOTOGRAFIAS
FOTOGRAFIAS DURANTE A DINÂMICA
Foto 1. Apresentação das imagens Foto 2. Possibilidades para a atividade
Foto 3. Grupo 1 Foto 4. Grupo 2
Foto 5. Grupo 3 Foto 6. Grupo 4
40. 40
FOTOGRAFIAS DOS RESULTADOS DA ATIVIDADE
Foto 7. Trabalhos Foto 8. Trabalhos
Foto 9. Trabalhos Foto 10. Trabalhos Foto 11. Trabalhos
Foto 12. A Turma