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TECNOLOGIAS DE CONTROLE SOCIAL
 TRATADO SOBRE O GOVERNO E A RELIGIÃO DO FUTUro_




E UM GUIA PARA A V.I.D.A. NO TERCEIRO MILÊNIO
            por Carlos Alberto C. N. (DR. CLANDESTINO)
                                      DR. CLANDESTINO
                             dr.clandestino@hotmail.com
TECNOLOGIAS DE CONTROLE SOCIAL
 TRATADO SOBRE O GOVERNO E A RELIGIÃO DO FUTUro_




E UM GUIA PARA A V.I.D.A. NO TERCEIRO MILÊNIO
            por Carlos Alberto C. N. (DR. CLANDESTINO
                                      DR. CLANDESTINO)
                             dr.clandestino@hotmail.com
DEDICATÓRIA




Para aqueles que ainda se importam..
PRÓLOGO




                  A MÁQUINA DO MUNDO


                    por Carlos Drummond de Andrade




   E como eu palmilhasse vagamente          Abriu-se em calma pura, e convidando
   uma estrada de Minas, pedregosa,         quantos sentidos e intuições restavam
   e no fecho da tarde um sino rouco        a quem de os ter usado os já perdera

 se misturasse ao som de meus sapatos            e nem desejaria recobrá-los,
que era pausado e seco; e aves pairassem     se em vão e para sempre repetimos
 no céu de chumbo, e suas formas pretas     os mesmos sem roteiro tristes périplos,

      lentamente se fossem diluindo           convidando-os a todos, em corte,
  na escuridão maior, vinda dos montes       a se aplicarem sobre o pasto inédito
   e de meu próprio ser desenganado,            da natureza mítica das coisas,

    a Máquina do Mndo se entreabriu           assim me disse, embora voz alguma
 para quem de a romper já se esquivava       ou sopro ou eco ou simples percussão
     e só de o ter pensado se carpia.      atestasse que alguém, sobre a montanha,

   Abriu-se majestosa e circunspecta,        a outro alguém, noturno e miserável,
  sem emitir um som que fosse impuro           em colóquio se estava dirigindo:
  nem um clarão maior que o tolerável         "O que procuraste em ti ou fora de

    pelas pupilas gastas na inspeção         teu ser restrito e nunca se mostrou,
     contínua e dolorosa do deserto,       mesmo afetando dar-se ou se rendendo,
    e pela mente exausta de mentar          e a cada instante mais se retraindo,

   toda uma realidade que transcende          olha, repara, ausculta: essa riqueza
     a própria imagem sua debuxada           sobrante a toda pérola, essa ciência
    no rosto do mistério, nos abismos.       sublime e formidável, mas hermética,
essa total explicação da vida,          Mas, como eu relutasse em responder
     esse nexo primeiro e singular,               a tal apelo assim maravilhoso,
que nem concebes mais, pois tão esquivo     pois a fé se abrandara, e mesmo o anseio,

  se revelou ante a pesquisa ardente         a esperança mais mínima — esse anelo
 em que te consumiste... vê, contempla,        de ver desvanecida a treva espessa
   abre teu peito para agasalhá-lo.”          que entre os raios do sol inda se filtra;

  As mais soberbas pontes e edifícios,         como defuntas crenças convocadas
     o que nas oficinas se elabora,           presto e fremente não se produzissem
    o que pensado foi e logo atinge               a de novo tingir a neutra face

    distância superior ao pensamento,        que vou pelos caminhos demonstrando,
     os recursos da terra dominados,          e como se outro ser, não mais aquele
e as paixões e os impulsos e os tormentos       habitante de mim há tantos anos,

    e tudo que define o ser terrestre         passasse a comandar minha vontade
     ou se prolonga até nos animais             que, já de si volúvel, se cerrava
  e chega às plantas para se embeber          semelhante a essas flores reticentes

     no sono rancoroso dos minérios,           em si mesmas abertas e fechadas;
 dá volta ao mundo e torna a se engolfar,      como se um dom tardio já não fora
 na estranha ordem geométrica de tudo,           apetecível, antes despiciendo,

  e o absurdo original e seus enigmas,          baixei os olhos, incurioso, lasso,
  suas verdades altas mais que todos           desdenhando colher a coisa oferta
    monumentos erguidos à verdade:            que se abria gratuita a meu engenho.

  e a memória dos deuses, e o solene             A treva mais estrita já pousara
   sentimento de morte, que floresce          sobre a estrada de Minas, pedregosa,
  no caule da existência mais gloriosa,         e a Máquina do Mundo, repelida,

    tudo se apresentou nesse relance            se foi miudamente recompondo,
  e me chamou para seu reino augusto,        enquanto eu, avaliando o que perdera,
     afinal submetido à vista humana.          seguia vagaroso, de mãos pensas.
INTRODUÇÃO


       Tanto a Religião quanto o Governo podem ser compreendidos
como partes integrantes de um complexo conjunto de Tecnologias
desenvolvidas para assegurar ou manter o Controle Social efetivo sobre
os indivíduos, por estabelecerem sistemas de regras ou normas para a
convivência em sociedade. Este foi justamente o argumento elaborado
por dois dos maiores pensadores da Renascença, Galileu Galilei(1) e
Nicolau Maquiavel(2), para oporem-se à interferência e à ingerência
das doutrinas defendidas pela Igreja Católica em seus respectivos
campos de atuação intelectual, a Ciência e a Política.


       Naquela época a Igreja Católica exercia uma autoridade
incontestável sobre todos os aspectos da vida cotidiana; a Bíblia era
tida como um Livro Sagrado que continha verdades reveladas
diretamente por Deus, cabendo aos sacerdotes dessa instituição o
exclusivo privilégio de interpretá-lo, ainda que sob os auspícios e
direcionamento do Papa; regente vitalício de inúmeras congregações
cristãs que é escolhido em assembléia dentre e pelos membros de um
colegiado de cardeais.


(1) - Galileu Galilei (Pisa, 15 de fevereiro de 1564 — Florença, 8 de janeiro de 1642): foi um
físico, matemático, astrônomo e filósofo italiano que teve um papel preponderante na
formalização do Método Científico ao ressaltar a importância da realização de experimentos
controlados para a obtenção de dados empíricos confiáveis.

(2) - Nicolau Maquiavel (Florença, 3 de Maio de 1469 — Florença, 21 de Junho de 1527): foi
um historiador, poeta e diplomata italiano, reconhecido como fundador da prática política
moderna, pelo fato de haver escrito sobre o Estado e o governo como realmente são e não
como deveriam ser.
As doutrinas Aristotélicas haviam sido incorporadas à visão de
mundo cristã alguns séculos antes em decorrência da obra de São
Tomás de Aquino(3), substituindo o Platonismo vigente até então,
sendo consideradas como Dogmas absolutamente inquestionáveis
principalmente nos campos da Física e da Ética. Consequentemente,
qualquer tentativa deliberada de confrontá-las era punível com a
sentença de morte nas fogueiras da Inquisição; o que constituía um
obstáculo intransponível para que os avanços sociais e culturais
necessários pudessem transcorrer livremente, condenando todas as
pessoas que viveram durante aquela época (conhecida como Idade
Média) a experimentarem um dos períodos históricos de maior
estagnação e recrudescimento de suas condições e qualidade de vida,
higiene e costumes. Ainda que estivesse certo sobre muitas coisas,
Aristóteles(4) não era perfeito; suas conclusões e até mesmo
observações sobre fenômenos físicos chegavam a ser ridiculamente
constrangedoras!


      Por exemplo, ele acreditava por convicção (e subseqüentemente
também as autoridades eclesiásticas que sucederam a Tomás de
Aquino, por força da tradição) que objetos de diferentes pesos caiam a
velocidades diferentes, ou ainda que a realidade fosse dividida em “dois
mundos”; o sub-lunar (o nosso imperfeito e transitório) e o sobrenatural

(3) - São Tomás de Aquino (Roccasecca, 1225 — Fossanova, 7 de março 1274): foi um padre
dominicano, teólogo, distinto expoente da tradição escolástica, proclamado santo e
posteriormente cognominado Doctor Angelicus pela Igreja Católica.

(4) - Aristóteles (Estagira, 384 A.C. - 322 A.C.) foi um filósofo grego, aluno de Platão e
professor de Alexandre, o Grande, considerado um dos maiores pensadores de todos os
tempos e foi quem primeiro dissertou sobre as regras do raciocínio lógico.
(um paraíso perfeito e imutável), acima e além da Lua.


     Galileu foi o homem que ousou combater essas crenças com a
força dos fatos. Para atingir esse objetivo ele realizou experimentos na
torre inclinada de Pisa, sua cidade natal, derrubando ao mesmo tempo
objetos de diferentes pesos, submetendo-os ao campo gravitacional
terrestre, provando experimentalmente que caiam ao chão na mesma
velocidade; desse modo refutando magistralmente o pensamento
Aristotélico e, por tabela (ainda que não intencionalmente), a autoridade
da Igreja Católica sobre assuntos terrenos.


     Ele foi também o primeiro a apontar um telescópio para os céus,
encontrando evidências objetivas de uma gama de fenômenos
inexplicáveis segundo os paradigmas vigentes até então, ao observar
fases em Vênus, manchas solares, montanhas na Lua, satélites em
Júpiter, cometas, meteoritos. Em um curto espaço de duas semanas, o
cosmos se descortinou perante os olhos atentos daquele ser humano,
que encontrou então dentro de si o estímulo para desconsiderar
quaisquer preocupações com a sua auto-preservação; a ponto de se
sentir compelido a tentar mudar a posição do Papa em relação à
validade das doutrinas de Aristóteles.


     Seu argumento: que a Ciência experimental, então conhecida
como “Filosofia Natural”, deveria ser o único método acatado para nos
direcionar às verdades sobre o mundo e que o propósito da Bíblia fosse
reconhecido como o de, apenas, ensinar um dos caminhos como
alcançar, neste mundo, o acesso ao “próximo”; a salvação. Em suas
próprias palavras:


                                          parecer
“Não seria talvez senão mais sábio e útil parecer não acrescentar
à Escritura outros artigos sem necessidade, além dos
concernentes à salvação e ao fundamento da Fé, contra cuja
firmeza não há perigo algum de que possa surgir jamais doutrina
válida e eficaz?”

       Por essa ousadia, quase foi condenado a perecer nas chamas da
Inquisição, como inclusive chegou a                     ocorrer     com seu         genial
conterrâneo, o monge Giordano Bruno(5) que, diferentemente de
Galileu, se recusou a abjurar sua doutrina da Infinitude dos Mundos
quando teve oportunidade. Ele havia concluído que o Sol é uma estrela
como qualquer outra e, pelo mesmo raciocínio, que haveria incontáveis
planetas habitáveis além deste, o que colocava a Igreja em uma
situação problemática; afinal, como as autoridades eclesiásticas
poderiam garantir que cada um desses planetas teria sido também, ou
seria ainda, visitado por Jesus?


       Na base do argumento de Galileu estava a tese de que a Igreja, a
teologia, as crenças religiosas, formavam uma espécie de Tecnologia
para o Controle Social fundamentada em componentes metafísicos ou
abstratos e que, portanto, a Ciência e seu método, concebidos como


(5) - Giordano Bruno (Nola, 1548 — Roma, Campo de Fiori, 17 de fevereiro de 1600): foi um
teólogo, filósofo, escritor e frade dominicano italiano, condenado à morte na fogueira, pela
Inquisição romana, por heresia. Mestre na arte da memória, foi também um grande polemista.
a Tecnologia para a descoberta de padrões de recorrência das Leis
matemáticas e universais da Natureza, deveriam possuir completa
autonomia para realizar o objetivo a que se propunham. Novamente, em
suas próprias palavras:


“A filosofia encontra-se escrita neste grande livro que
              encontra-
                                       nossos
continuamente se abre perante os nossos olhos (isto é, o
Universo), que não se pode compreender antes de entender a
         conhecer
língua e conhecer os caracteres com que está escrito. Ele está
escrito em língua matemática, os caracteres são triângulos,
circunferências, e outras figuras sem cujos meios é impossível
entender humanamente as palavras; sem eles nós vagamos
perdidos dentro de um obscuro labirinto.”

     Analogamente       a   Galileu,   mas   em   um   outro   campo   do
conhecimento, Nicolau Maquiavel também ousou confrontar os Dogmas
da Igreja Católica, questionando a aplicabilidade dos parâmetros éticos
propostos por Aristóteles no mundo da Política.


     Ele afirmava que o governante deve ser capaz de utilizar qualquer
recurso, desde a mentira e a manipulação, à dissimulação e até a
traição de seus companheiros, para governar corretamente; em suma,
que poderia distanciar-se do comportamento exigido pela Igreja para o
homem de bem, alegando (com sua conhecida citação) que “os fins
justificam os meios”.


     Implícito neste raciocínio está o mesmo argumento de Galileu; que
a Religião é uma forma de Tecnologia para estabelecer Controle Social,
fundamentada em componentes metafísicos ou abstratos, e que a
Política, ou melhor, as distintas formas de Governo, consistiam em um
conjunto alternativo de Tecnologias para o Controle Social, puramente
embasadas em componentes de ordem prática. Citando-o textualmente:


“Há certas qualidades que o príncipe poderia ter (inclusive me
atreverei a dizer que se as têm e as observa, sempre são
prejudiciais),
prejudiciais), porém, se aparenta tê-las são úteis; por exemplo,
                                   tê-
parecer clemente, leal, humano, íntegro, devoto e de fato sê-lo,
                                                            sê-
                 ânimo                               que,
porém, ter o ânimo predisposto de tal forma que, se for
                sê-
necessário não sê-lo, possa e saiba adotar a qualidade contrária.”

     Considerando a importância desses dois           pensadores nas
Revoluções cientificas, políticas, sociais e culturais, que se seguiram
desde então, analisarei neste contexto as Tecnologias de Controle
Social supracitadas, a Religião e as formas de Governo, me focando
mais precisamente no modo como a evolução de nosso conhecimento
científico altera suas estruturas e instituições; e vou sugerir novos
modelos, Tecnologias, para a Religião e o Governo do futuro...
A RELIGIÃO DO FUTURO



      A Religião do futuro deverá ser universal, no seguinte sentido,
independentemente de como e onde, por quem ou se, uma pessoa
tenha sido educada, o conteúdo desse sistema de crenças deverá ser
significativo; podendo ser assimilado naturalmente por ela sem que seja
necessário recorrer à intimidação para convencê-la.


      Também deverá ser plenamente compatível com o método
científico, o que implica que deva ser indistinguível de uma boa “obra de
ficção científica”; coerente com os paradigmas atuais da comunidade
científica internacional (ainda que os extrapole circunstancialmente),
para evitar um confronto direto entre sistemas de crenças válidas em
diferentes campos de discurso (o factual e o metafísico).

      E deverá ser de livre interpretação, além de moral e eticamente
neutra, para não interferir no modo como as pessoas decidem,
coletivamente, levar as suas vidas em uma sociedade onde se
dissemina um laicismo cada vez mais radical.



      Como afirmava o célebre Albert Einstein(6), de forma memorável e
sem qualquer cerimônia ou traço de proselitismo:


(6) - Albert Einstein (Ulm, 14 de Março de 1879 — Princeton, 18 de Abril de 1955): foi um
físico teórico alemão radicado nos Estados Unidos. Em 2009, 100 físicos renomados o
elegeram como o mais memorável físico de todos os tempos.
“O espírito científico, fortemente armado com seu método, não
existe sem a religiosidade cósmica. Ela se distingue da crença
das multidões ingênuas que consideram Deus um Ser de quem
                                          Deus
                                             castigo,
esperam benignidade e do qual temem o castigo, com uma
espécie de sentimento exaltado da mesma natureza que os laços
do filho com o pai, um ser com quem também estabelecem
relações pessoais, por respeitosas que sejam. Mas o sábio, bem
convencido,
convencido, da lei de causalidade de qualquer acontecimento,
decifra o futuro e o passado submetidos às mesmas regras de
necessidade e determinismo. A moral não lhe suscita problemas
                                        com
com os deuses, mas simplesmente com os homens. Sua
religiosidade consiste em espantar-se, em extasiar-se diante da
                        em espantar-           siar-
                                           extasiar
                         Natureza,
harmonia das Leis da Natureza, revelando uma inteligência tão
superior que todos os pensamentos humanos e todo seu engenho
não podem desvendar, diante dela, a não ser seu nada irrisório.
                                dela,
Este sentimento desenvolve a regra dominante de sua vida, de
sua coragem, na medida em que supera a servidão dos desejos
egoístas. Indubitavelmente, este sentimento se compara àquele
que animou os espíritos criadores religiosos em todos os
tempos.”

     Deverá, além disso, ser também ser uma fonte inesgotável de
discernimento, ainda que possua certo fator alienante, constituindo um
refúgio da rotina altamente estressante da atualidade, dando origem a
uma sensação de temporalidade e causalidade transcendentais quando
nos dedicamos a sua prática; e o único sistema de crenças que se
qualifica, dentre todos os disponíveis, adequando-se firmemente a cada
um desses critérios e requisitos fundamentais, em uma análise
pormenorizada de nosso passado recente, é a Matemática!


     Em primeiro lugar faz-se necessário ressaltar que a Matemática
não constitui uma disciplina científica; é, portanto, um sistema de crenças.
Sim, muitas pessoas erroneamente atribuem a ela o título de
“Ciência dos Números”, mas isso é um equívoco compreensível.


       Segundo o critério de demarcação de Karl Popper(7), que é
embasado na noção de falseabilidade, só podemos distinguir as teorias
científicas daquelas que não possuem qualquer poder de previsão se as
submetermos a testes de validação embasados em sua refutabilidade.
Ou seja, algum conceito ou conjunto de idéias só leva legitimamente a
designação de “Ciência” se tivermos como formular experiências, em
lugares ou circunstâncias controladas, que as puderem refutar; tudo o
mais     não     passa     de     pressuposições        metafísicas      a    princípio
desqualificáveis.


       Não vemos, no entanto, matemáticos seguindo procedimentos
análogos. Uma teoria matemática é demonstrada (assim permanecendo
indefinidamente) tão somente pelo raciocínio; e, embora o método
científico dependa largamente de teorias matemáticas para organizar,
refletir e tentar explicar a estrutura intrínseca aos dados colhidos em
experimentos, ainda assim ela não deve ser considerada uma Ciência.


       Logo, ainda que estes conjuntos de Axiomas(8), possam ser


 (7) – Karl Popper (Viena, 28 de Julho de 1902 — Londres, 17 de Setembro de 1994): foi um
filósofo da ciência austríaco naturalizado britânico. É considerado por muitos como o
filósofo mais influente do século XX a tematizar a Ciência.

(8) Um axioma é uma sentença ou proposição que não é provada ou demonstrada e é, no
entanto, considerada como óbvia ou como um consenso inicial necessário para a construção
ou aceitação de uma teoria. Também não podem ser refutados.
tomados como as Escrituras Sagradas de uma Religião, está garantida
sua total compatibilidade com a metodologia aplicada pelos cientistas.

       A Matemática é também universal, não há uma Matemática para
cada cultura ou agrupamento étnico em nosso planeta, muito pelo
contrário, grupos culturais e étnicos possuem rigorosamente o mesmo
pensamento matemático, ainda que estivessem isolados uns dos outros
por milênios; como a população nativa do Continente Americano e os
europeus, o quê é comprovado pela descoberta de geoglifos na
Amazônia indistinguíveis dos polígonos descritos pelos gregos antigos e
arquivados em pergaminhos de ensino matemático.

       O que mais pode haver, então, tão próximo a um ideal de
VERDADE ABSOLUTA, do que a Matemática?

       Existem      até     mesmo        casos      em     que     pessoas       tiveram,
simultaneamente, os mesmos insights em relação a um problema sem
que tivessem jamais se encontrado, como constatam os relatos sobe a
criação do Cálculo, infinitesimal e integral, por Leibniz(9) e Newton(10)
ou as descobertas de Abel(11) e Galois(12)., causando várias confusões.


(9) Gottfried Wilhelm von Leibniz (Leipzig, 1 de julho de 1646 — Hanôver, 14 de novembro de
1716): foi um filósofo, cientista, matemático, diplomata e bibliotecário alemão.

(10) Sir Isaac Newton (Woolsthorpe, 4 de janeiro de 1643 — Londres, 31 de março de 1727):
foi um cientista inglês, mais reconhecido como físico e matemático, embora tenha sido
também astrônomo, alquimista, filósofo natural e teólogo.

(11) Niels Henrik Abel (Nedstrand, 25 de Agosto de 1802 — Froland, 6 de Abril de 1829): foi
um matemático norueguês.

(12) Évarist Galois (Bourg-la-Reine, 25 de outubro de 1811 — Paris, 31 de maio de 1832): foi
um matemático francês.
Uma cópia bem preservada da Proposição 47, também conhecida como Teorema de
Pitágoras, do Livro I dos Elementos de Euclides. Publicada no Século IX.




Geoglifos são vestígios arqueológicos representativos de desenhos geométricos de
grandes dimensões sobre o solo. Devido ao desmatamento, há alguns anos foram
encontrados na região da Amazônia brasileira, mais precisamente no Estado do Acre.
Sua função original é desconhecida, mas especula-se que eram tidos como sagrados,
o que implica que a Geometria e a Matemática eram partes integrantes dos Mitos dos
Povos Nativos da Floresta e constituíam a base da legítima Religião desta Nação.
Mas a Matemática é inventada ou desvendada, existindo antes de
vir à cabeça de alguém, independentemente de seus pensamentos, de
acordo com os princípios do Platonismo-Pitagórico(13)?

(13) Pitágoras de Samos (supostamente entre 570 e 497 A.C., mas não há evidências de sua
exitência): filósofo grego radicado na Itália. Era dedicado a estudos matemáticos, além de
reconhecidamente ter sido um reformador religioso e fundador de uma comunidade iniciática
onde era tido como profeta; a Escola Pitagórica, que santificava toda a vida. Eles também se
interessavam por questões filosóficas e tinham profundo interesse intelectual sobre
diversos temas, dentre estes se destacavam a Aritmética e a Geometria. Pitágoras criou um
sistema global de doutrinas, cuja finalidade era descobrir a harmonia que preside à
constituição do Universo e traçar, de acordo com ela, as regras da vida individual e do
governo das cidades. Foi quem cunhou as palavras "Filósofo" e "Matemática", acreditava na
metempsicose, ou seja, a transmigração da alma de um corpo para o outro após a morte, e
descobriu que se dividirmos uma corda esticada em variados tamanhos vamos obter
vibrações proporcionais que vão formar a harmonia das notas musicais. Se essas notas
forem divididas em determinadas frações e a combinadas com as notas simples, obtemos
sons melódicos, já frações diferentes produzem sons que não podem ser considerados
prazerosos. Sua cosmologia, estreitamente vinculada à esta religião astral, foi o ponto de
partida das várias doutrinas que os gregos formulariam, pressupondo o universo
harmonicamente constituído por astros que desenvolvem trajetórias imutáveis, presos à
esferas concêntricas. A geometrização do cosmo estava aliada, no pitagorismo, às
concepções musicais também desenvolvidas pela escola: essa "harmonia matemática das
esferas", permanentemente soante e que pode ser concebida como uma melodia.
Acreditavam também que este som geralmente não é percebido pelas pessoas porque o
escutamos desde que nascemos e nossos ouvidos, além de acostumados, não são próprios
para percebê-lo; ou seja, seria a própria tessitura do que consideramos o "silêncio".
Partindo dessas idéias, o pitagorismo pressupunha uma identidade fundamental, de natureza
divina, entre todos os seres. Essa similaridade profunda entre os vários entes existentes era
sentida pelo homem sob a forma de um "acordo com a Natureza", que era qualificada como
uma "harmonia", garantida pela presença do divino em tudo. Natural que dentro de tal
concepção o mal seja entendido sempre como desarmonia. A grande novidade introduzida
certamente pelo próprio Pitágoras foi a transformação do processo de libertação da alma em
um esforço puramente humano, porque basicamente intelectual. A purificação ou salvação
resultaria do trabalho intelectual, que se esforça para descobrir a estrutura numérica das
coisas e tornar, assim, a alma semelhante ao cosmo; entendido como unidade harmônica,
sustentada pela ordem e pela proporção, e que se manifesta como beleza. A escola praticava
rituais de purificação através do estudo da Matemática e da Astronomia. Eles propuseram
também a relação da Matemática com assuntos abstratos como a Justiça, desenvolvendo
assim um misticismo em torno dos números que foi adotado posteriormente por Platão como
base de sua doutrina das formas. Consideravam que os números constituíam a essência de
todas as coisas, que o Universo era governado pelas mesmas estruturas matemáticas que
governam os números e que estes simbolizavam a harmonia; essa harmonia ou ordem que
percebiam analisando a Natureza. Assim, para eles o cosmos é organizado através de uma
ordem matemática e a prova disso são os movimentos perfeitos das estrelas, as mudanças
de estações e a alternância entre o dia e a noite. Assim como o dia e a noite, existem
diversos opostos, que são conciliados pela diversidade entre si. Este princípio matemático,
de que a essência da harmonia é regida pelos números, é irrefutável mas, no entanto, não
pode ser demonstrado, o que gerou grandes controvérsias no mundo antigo. Apesar desses
impasses - e talvez por causa deles - o pensamento pitagórico evoluiu e se expandiu,
influenciando praticamente todos os aspectos o desenvolvimento da cultura grega e
permanecendo conosco até hoje como a própria base do método científico. Em seus estudos
concluíram também que a Terra é redonda e que gira em torno de seu eixo.
Isso ninguém pode responder; o fato é que parece haver um
ordenamento matemático em todas as coisas, e se Deus é um
matemático, ou a Matemática é a própria essência da realidade em que
estamos inseridos, isso ainda é uma questão em aberto...


      Aponto apenas um pronunciamento de Kepler(14) cuja opinião,
admiravelmente bem colocada, compartilho sem restrições:


                                                   eterna
      "A Geometria existia antes da criação. É tão eterna como o
                      Geometria       Deus
pensamento de Deus. A Geometria deu a Deus um modelo para a
           Geometria             Deus!
criação. A Geometria é o próprio Deus!"


      Que a Matemática é moral e eticamente neutra é fácil perceber,
não há qualquer menção à conduta humana, a crimes ou castigos em
teorias matemáticas. Mas ela é, inegavelmente, uma fonte de
discernimento; é na Matemática que surgiram noções como igualdade,
proporção e harmonia, das quais se serve o Direito para garantir que a
Justiça seja o resultado do estabelecimento de uma ordem social. Já
imaginou uma sociedade onde o princípio da igualdade não vale
(escravidão),     onde     a   sentença      não     é   proporcional      ao    crime
(totalitarismo) ou onde o objetivo não é a paz e o bem comum
(anomia)? Todos esses direitos existem por conta da Matemática!

(14) Johannes Kepler (Weil der Stadt, 27 de dezembro de 1571 — Ratisbona, 15 de novembro
de 1630): foi um astrônomo, matemático e astrólogo alemão e figura chave da revolução
científica do século XVII. É mais conhecido por formular as três leis fundamentais da
mecânica celeste, codificada posteriormente por seus seguidores; ele também forneceu os
fundamentos da teoria da gravitação universal de Isaac Newton, ao modelar o movimentos
dos planetas não como círculos, como pensava-se anteriormente, mas como elipses.
No século XVI, o astrônomo alemão
                                                Johannes Kepler tentou encontrar uma
                                                relação entre os cinco sólidos e os seis
                                                planetas que eram conhecidos na época:
                                                Mercúrio, Vênus, Terra, Marte, Júpiter e
                                                Saturno. Kepler pensou que os dois
                                                números estavam conectados, isto é,
                                                que a razão pela qual havia somente
                                                seis planetas era porque existiam
                                                somente cinco sólidos regulares. Em sua
                                                obra, ao lado, de clara inspiração
                                                pit agórica, ent itulada de Myst eriu m
                                                Cosmographicum, Kepler apresentou
                                                um modelo do sistema solar onde os
                                                cinco sólidos platônicos eram colocados
                                                um dentro do outro, separados por uma
                                                série de esferas inscritas, na seguinte
                                                ordem: primeiro o octaedro seguindo-se
                                                o icosaedro, o dodecaedro, o tetraedro
                                                e, finalmente, o cubo. Ele conjecturou
                                                que as razões entre os raios das órbitas
                                                dos planetas coincidiam com as razões
                                                entre os raios das esferas. Seu modelo,
                                                contudo, não era sustentado por dados
                                                experimentais e acabou sendo alterado,
                                                com elipses ao invés de círculos
                                                concêntricos modelando suas trajetórias.




Os nomes sólidos platônicos ou corpos cósmicos foram dados devido a forma pela qual
Platão em um diálogo intitulado Timeu, os empregou para explicar a Natureza. Platão
associa cada um dos elementos clássicos (Terra, Ar, Água e Fogo) com um poliedro
regular. Terra é associada com o cubo, Ar com o octaedro, Água com o icosaedro e Fogo
com o tetraedro. Com relação ao quinto sólido platônico, o dodecaedro, ele escreve:

        “Faltava ainda uma quinta construção que o Demiurgo utilizou para
organizar todas as constelações do céu.”

Aristóteles introduziu uma quinta essência, o Aéter, e postulou que os céus eram feitos
deste elemento, mas ele não teve interesse em associá-lo com o quinto sólido de Platão,
como os pitagóricos já haviam feito, muito provavelmente porque ambos jamais
concordavam sobre aspectos fundamentais de suas respectivas doutrinas.
Mas para se ter uma idéia verdadeira de como a Matemática
corresponde a uma fonte de enobrecimento espiritual, um refúgio
sagrado, devemos ter uma vivência em primeira mão dessa benção,
devemos experimentar a sensação de ser um matemático; e para isso
não basta aprender a Matemática, buscar conhecimento já formalizado,
pois é isso que faz um simples estudante!


     Não, devemos aguçar a nossa intuição, ousando nos dedicar a
encontrar a resposta para relevantes problemas matemáticos em aberto;
deixando que a busca por essa solução nos encaminhe, motive e
direcione a nossa pesquisa de novos conceitos e técnicas, só então
perceberá a Matemática e a realidade com os olhos de um matemático.


     E assim compreenderá o Nada como a Origem de Tudo, o
Espaço como a Fronteira Final, o Infinito como a Incógnita Suprema,
a Harmonia como a Simetria da Forma e o Acaso, como a
Aleatoriedade do Caos...


     Todos esses termos mencionados anteriormente são conceitos
abstratos aos quais os seres humanos, independentemente de seus
costumes, credo ou nível educacional, tendem a atribuir significados
místicos, transcendentais ou sobrenaturais; situando-os, portanto, no
campo de discurso teológico. No entanto, é trivial perceber como cada
um desses conceitos pertence legitimamente à Matemática, tendo sido
incubados através de um longo processo intuitivo envolvendo
matemáticos de diferentes tradições, que nada tinham a ver uns com os
outros além da adoção de métodos investigativos similares, tendo sido
posteriormente   interpretados      por   místicos   como   importantes
componentes ontológicos integrantes de seu pensamento teológico.


     O último ponto que evidencia a similaridade da Matemática com os
sistemas tradicionais de crenças religiosas, está, curiosamente, no fato
de que a Matemática possui o poder de tornar efetivas as promessas
dos sacerdotes das demais Religiões. Onde as Religiões prometem
milagres e culpam-nos pela falta de Fé quando estes não ocorrem
conforme programado, diariamente a Matemática nos oferece milagres
(ou pelo menos aquilo que teria certamente sido considerado como tal
pelos nossos antepassados) por meio da Tecnologia, que pode ser
considerada como um aspecto concreto de abstrações matemáticas, um
testemunho de sua aplicabilidade.


     A mesma Tecnologia que cura enfermos, alimenta multidões,
aproxima as pessoas, melhora a nossa qualidade de vida, aumenta a
inteligência de nossas crianças, veste, abriga, diverte e nos permite
ascender aos céus nas asas de nossa imaginação; não há limites para
o que é tecnologicamente viável para a humanidade, se houvesse uma
quantidade suficiente de matemáticos competentes em nosso meio,
uma massa crítica de mentes pesquisando, idolatrando, a Matemática.


     E é exatamente isso que resultará de sua adoração, de sua
adoção como a RELIGIÃO DO FUTURO!
A DESCOBERTA DA MATEMÁTICA COMO ALGO SagradO


     Vou publicar aqui, sem a devida autorização, mas pleiteando a
compreensão do autor por essa falta de cortesia, um texto do ex-
professor de Matemática da USP Piotr Koszmider, que trata sobre esse
tema, e então compartilharei a minha perspectiva pessoal sobre esta
que pode ser considerada a “Rainha das Ciências”:


      Matemática - uma missão de construções mentais


     Sendo náufragos dos mares de culturas, abandonados numa
ilha da modernidade, somos destinados a formar a nossa
espiritualidade com nossas próprias mãos. Os idiomas da
Matemática contêm a substância da Arte, Religião e Ciência e ao
mesmo tempo do esporte na forma de jogos mentais lúdicos.

     "Seja L uma reta infinitamente comprida", "Seja M um
espaço onde alguns pontos diferentes são identificados", "Seja f
uma deformação infinitamente lisa" nos introduzem no mundo
onde realiza-se um drama parecido com aquele das fugas de Bach
ou telas de Kandinsky: uma metáfora do mundo esboçada através
de meios simples, desafiando a humanidade, desafiando-nos para
um confronto espiritual - construção matemática.

     "Os pontos do contínuo espacial não podem ser arranjados
numa seqüência", "todos inteiros positivos podem ser fatorados
em números primos", "existem curvas contínuas, não lisas em
nenhum ponto" ressoam como "você vai nascer contra a sua
vontade, você vai morrer contra a sua vontade e você vai ser
responsável contra a sua vontade" e definem nosso mundo onde a
liberdade é dada a nós, porém não estamos aqui para nos divertir,
mas estamos aqui para desempenhar a nossa missão.
A missão, como fazer o bem ou descobrir a verdade, aqui é
demonstrar teoremas, definir os conceitos, participar na abertura
do livro dos segredos divinos que trata dos tais marcos miliários
como infinidade, espaço, ordem, caos, números, forma, mudança.

      Como Arte ou Religião, na forma do teatro de rua ou
procissão da páscoa, Matemática também é um jogo ou esporte
(até profissional) na forma de quebra cabeças e adivinhação.

     Ironicamente, os mais mágicos lados da Matemática podem
ser vistos na relação dela com as Ciências e Tecnologia. Para
chegar ao computador, avião ou tomógrafo foram necessários
séculos de pensamento matemático. É mágico que precisamos
imaginar algo infinito e abstrato para conquistar o mundo finito e
concreto.

       Agora voltando a falar a meu respeito; desde pequeno a
Matemática exerceu uma enorme fascinação sobre mim. Os números,
sua seqüência interminável, as dízimas periódicas com seus adoráveis
padrões repetitivos, formas geométricas com a divina proporção ou
razão áurea(15) que introduzem em nosso espírito um ideal de beleza,
pureza e uniformidade, operações como a simplificação e a montagem
de sistemas de equações com sua dinâmica própria que por vezes
remetia a passes de mágica; tudo isso marcou muito a minha infância
causando uma impressão avassaladora que perdura até os dias de hoje.

 (15). Relativamente a esta divisão, temos o seguinte princípio: para que um todo dividido
em duas partes desiguais pareça belo do ponto de vista da forma, deve apresentar a parte
menor e a maior a mesma relação que entre esta e o todo. A escola pitagórica estudou e
observou muitas relações e modelos numéricos que apareciam na natureza, beleza, estética,
harmonia musical e outros, sendo esta a mais importante Se quiséssemos dividir um
segmento AB em duas partes, teríamos uma infinidade de maneiras de fazê-lo. Existe uma,
no entanto, que parece ser mais agradável à vista, como se traduzisse uma operação
harmoniosa para os nossos sentidos. Corresponde ao número irracional Ф = ( 1 + sqrt 5 ) / 2.
Havia algo de inefável por trás daqueles gráficos, que pareciam
adquirir vida própria, como se simbolizassem uma presença que
emanasse a partir deles..


     Mas outras coisas ocupavam a minha mente. Sempre fui muito
ligado à metafísica e ao misticismo, não especificamente a qualquer
Religião pré-estabelecida, porém buscando entender os mistérios
do sobrenatural, conhecer as mitologias e as lendas dos diversos
povos; as suas histórias, tradições e superstições.


     Com a expansão da consciência, que resulta desse tipo de estudo,
percebe-se que a criação que foi dada pela sua família, em sua escola,
e reforçada pelas interações que você manteve durante a maior parte
da sua vida, não lhe preparou completamente para um convívio
harmonioso com pessoas que tenham nascido em outras localidades e
que foram educadas de modo distinto. Talvez o mesmo ocorra
independentemente de onde nascemos e que seja assim em toda parte;
nenhum sentimento de amor pela humanidade em geral está sendo
incutido na mente das crianças, e por essa razão milhões de pessoas
acabam sendo condenadas a mortes estúpidas e horrendas em áreas
de conflito religioso, na defesa dos interesses particulares de líderes
políticos dos variados grupos extremistas que mais se beneficiam disso.


     Um dia entendi que essas distinções étnicas e culturais realmente
não possuem qualquer relevância em um contexto mais abrangente.
Existe algo na Matemática, ou melhor, na universalidade do
conhecimento matemático que transborda além de qualquer fronteira
física ou comportamental, relativizando esses traços superficiais que
compõem nossa identidade coletiva primária, e nos despertam para um
vínculo global que é compartilhado por todo ser humano.


     Não, vou além, por qualquer inteligência, seja ela orgânica,
sintética, alienígena ou imaterial.. a Matemática é a mesma para todos!



     Na faculdade tive contato com pesquisadores que realmente
vivem constantemente imersos em Matemática; e, por ter entrado
relativamente tarde nesse curso, eu já tinha acumulado suficiente
experiência de vida, inclusive sobre assuntos metafísicos e espirituais,
para notar como a atitude daquelas pessoas perante a Matemática, e a
pratica de pesquisas nessa área, é indistinguível da atitude de
sacerdotes e místicos de tradições religiosas, tanto ocidentais quanto
orientais, perante seus objetos de culto e adoração.


     Matemáticos se preocupam com coisas que a maioria de nós nem
se dá conta de que existam, com coisas que estão além da nossa
percepção, mas aquilo que resulta de seu trabalho tem enormes
conseqüências práticas palpáveis para todos nós, independentemente
de crermos em suas palavras ou não...
A   partir   daí,   me   convenci   de   que   a   Matemática   será
inexoravelmente a única atividade tida como sagrada em algum ponto
do futuro, e há anos venho trabalhando incessantemente na formulação
de um movimento religioso de vanguarda, inovador em todos os
aspectos, mas fundamentado nesta que considero a tradição espiritual
mais antiga da humanidade.


     A única que realmente merece o título de verdadeira!


     Queria dar uma real dimensão da importância da aquisição de
conhecimento matemático para as pessoas e vocês sabem como isso
funciona; a menos que seja considerado sagrado, a população em geral
não tem o devido apreço ou respeito em relação a um conjunto de
conhecimentos abstrato ou teórico.


     É muito comum, até como uma ferramenta didática, explorar a
relação existente entre a Matemática e algum outro campo do
conhecimento. Mas a maioria das pessoas geralmente escolhe a
relação entre Matemática e as artes: os paralelos entre a composição
musical e a estrutura de uma teoria matemática, ou entre a relação de
espaços e formas em um estilo de pintura e os gráficos de funções
complexas. Dificilmente fazem uma associação direta entre Matemática
e os sistemas de crenças espirituais que foram sendo desenvolvidos
pelas sociedades ao longo das eras.
Apesar disso, existem muitos pontos de intersecção entre a
história das religiões e a Matemática, o que parece sustentar a
viabilidade de um estudo sistemático que classifico como Teologia
Matemática. O mais fascinante dentre eles talvez seja a origem da
Teoria dos Conjuntos, relacionada à transição do conceito de “infinito
potencial” ao de “infinito real”. Nos trabalhos de Bernard Bolzano(16) e
Georg Cantor(17), os pais da Teoria dos Conjuntos, encontramos
inúmeras referências teológicas, cuja análise ainda desempenha um
papel importante na compreensão dessa teoria.


       As     perguntas        essenciais a             serem consideradas             enquanto
interpretamos teologicamente os conceitos matemáticos e a interação
existente entre eles são: "O que é a Matemática?”, “Quem sou eu?” e
“Como minha vida pode ser transformada por esse complexo
conhecimento sem fim?”.


       O autor pressupõe que o conhecimento matemático é por natureza
teológico e que todo o apanhado de literatura Matemática deve ser lido
e interpretado dentro deste enfoque..


(16) Bernard Placidus Johann Nepomuk Bolzano (Praga, 5 de Outubro de 1781 - 18 de
Dezembro de 1848): foi um teólogo que pesquisou problemas ligados ao espaço e ao infinito.

(17) George Ferdinand Ludwig Philipp Cantor (São Petersburgo, 3 de Março de 1845 — Halle,
6 de Janeiro de 1918): foi um matemático russo de origem alemã, conhecido por ter
elaborado a moderna teoria dos conjuntos. Foi a partir desta teoria que chegou ao conceito
de   número   transfinito,   incluindo   as   classes    numéricas   dos   cardinais   e   ordinais,
estabelecendo a diferença entre estes dois conceitos, que são problemáticos quando se
referem a conjuntos infinitos.
O GOVERNO DO FUTURO


     O ponto fundamental para se compreender a natureza do Governo
do futuro é reconhecer o seu caráter de mutabilidade, ou seja, que há
mais de um modelo de Governo futuro, cada um melhor adaptado para
o estágio civilizatório no qual deverá ser implantado. Mas é importante
também perceber que essas formas de Governo (que geralmente se
impõem através de um processo revolucionário espontâneo e
incontrolável)   são   inevitáveis, podendo   ser   considerados    como
resultado direto da evolução social, cultural, cientifica e tecnológica da
humanidade; mais do quê a obra de um indivíduo, grupos ou
associações, iluminados pela graça divina.


     Nesse aspecto, sou um mero arauto do que está por vir, ao invés
de um visionário, um profeta, pois detectei um padrão de regularidade;
tudo isso já ocorreu anteriormente e virá a acontecer novamente!


     Originalmente, os agrupamentos humanos eram escassos e
isolados, constituindo-se por meio de tribos e clãs nômades.


     Sabemos pouco sobre a organização social e política, se tanto, de
nossos antepassados, mas as hipóteses correntes pressupõem uma
isonomia reinante; todos eram iguais entre si e tinham idênticos direitos,
responsabilidades e competências. Todas as decisões que afetavam a
vida dessas pessoas eram tomadas de comum acordo, em assembléias
públicas, e a decisão coletiva era a única que possuía qualquer
legitimidade.


     Registros históricos corroboram essas conclusões como, por
exemplo, as conchas usadas nas votações realizadas nas cidades-
estado da Grécia Antiga.


     Era costume, naquela época, que os cidadãos mais célebres, os
mais ricos e competentes, fossem afastados temporariamente da
comunidade onde habitavam, para impedir que exercessem uma
influência desmedida sobre os seus compatriotas. Essa espécie de
exílio, que costumava durar uma década, recebeu o nome de
ostracismo devido ao modo como essa decisão coletiva era tomada:
qualquer indivíduo poderia convocar uma assembléia, atuando como
“denunciante” e apresentando o caso aos demais cidadãos, que por sua
vez escolhiam pequenos pedaços de conchas (as ostrakon - ὄστρακον,
de onde se origina o termo ostracismo) de diferentes cores, para
representar o seu voto. Vamos dizer que conchas escuras significavam
a aprovação da proposta do denunciante e brancas a sua reprovação.


     Ao final da votação, os pedaços de conchas depositadas em uma
urna com o nome do denunciado eram contadas, a decisão seria então
conhecida por todos e poderia ser verificada, que é mais o importante,
por qualquer participante de modo independente.
Esse sistema é muito mais seguro do que a mera tomada
subjetiva de opiniões e continua a ser utilizado até os dias de hoje, em
plena modernidade, nos tribunais do júri popular; porque somente surgiu
em decorrência de inovações tecnológicas que haviam sido descobertas
em um período anterior e que ainda permanecem válidas; o princípio da
contagem (Matemática) assim como a invenção de um alfabeto
(Linguagem).


     É o verdadeiro espírito da Democracia Direta; que significa o
governo do povo, pelo povo e para o povo.


     No entanto, os mesmos fatores que possibilitaram a sua criação
levaram inevitavelmente à sua superação; as inovações tecnológicas,
que são atualizadas sem cessar, pressionam a civilização a adequar-se
a elas. Novas Tecnologias como a agricultura, o arado, o comércio, a
cerâmica e a metalurgia aperfeiçoaram a vida em sociedade
estimulando o crescimento populacional como nunca antes. Esse
crescimento populacional, por sua vez, inviabilizaria a realização de
assembléias públicas como aquelas que vigoravam no passado, pois
simplesmente não havia mais condições de colocar todos os
participantes em um mesmo espaço físico, para realizar as votações
necessárias. E assim foi criada a Democracia Representativa, um
sistema de Democracia Indireta na qual assembléias locais ou regionais
são realizadas para decidir quem estaria em condições de representar a
sua tribo, o seu clã, a sua comunidade ou facção, servindo de porta-voz
de seus anseios e decisões em uma Assembléia Geral a ser realizada
em condições privilegiadas.


       A partir daí o desastre se tornou inevitável! Embora deva ressaltar
que a Democracia Indireta e Representativa não é essencialmente
falha, é fato notório que a cada um desses intermediários (da voz da
maioria a que representavam) estava facultada a escolha de agir
conforme os ditames e a vontade de seus eleitores ou de agir
gananciosamente em benefício próprio; e ai está a origem da corrupção,
que se tornou um dos problemas mais insuportáveis da vida moderna,
afetando todos os aspectos de nossa rotina e perpetuando a
desigualdade e a injustiça social.


       Isso porque na escolha de nossos representantes é impossível,
senão por retrospecto, saber se realmente estavam comprometidos com
o bem comum ou se buscavam apenas o poder, por objetivos
mesquinhos e egoístas, tornando as eleições um grande circo, um
concurso de popularidade, carisma, simpatia; em vez de uma análise
mais aprofundada das competências e condições morais, éticas,
psicológicas e cognitivas que cada candidato apresenta possuir.


       Platão(18) foi um excelente crítico dessa tendência populista


(18) Platão (Atenas, 428 – Atenas, 347 A.C.): foi um filósofo e matemático do período clássico
da Grécia Antiga, autor de diversos diálogos filosóficos e fundador da Academia em Atenas,
a primeira instituição de educação superior do mundo ocidental.
desabonadora de Democracias Representativas, em sua analogia
ao “barco do Governo”, onde afirma que os melhores e mais
competentes candidatos (os filósofos e os cientistas) via de regra serão
sempre preteridos em benefício dos mais hipócritas, desonestos e
desavergonhados de seus concorrentes:

“Imagina, pois, que acontece uma coisa deste gênero, ou em
vários navios ou num só: o capitão, superior em tamanho e em
força a todos os que se encontram na embarcação, mas um tanto
surdo e com a vista a condizer, e conhecimentos náuticos da
                                       conhecimentos
mesma extensão; os marinheiros em luta uns contra os outros,
por causa do leme, entendendo cada um deles que deve ser o
piloto, sem ter jamais aprendido a arte de navegar nem poder
                                              aprendizado,
indicar o nome do mestre nem a data do seu aprendizado, e ainda
por cima asseverando que não é arte que se aprenda, e estando
prontos a reduzir a bocados quem declarar sequer que se pode
aprender; estão sempre a assediar o capitão, a pedir-lhe o leme
                                                  pedir-
e a fazer tudo para que este lhes seja entregue; algumas vezes, se
                                                 algumas
não são eles que o convencem, mas sim outros, matam-nos, a
                                                     matam-
            atiram-
esses, ou atiram-nos pela borda fora; reduzem à impotência o
honesto capitão com drogas, a embriaguez ou qualquer outro
meio; tomam conta do navio, apoderam-se da sua carga, bebem e
                              apoderam-
regalam-se a comer, navegando como é natural que o faça gente
 egalam-
dessa espécie; ainda por cima, elogiam e chamam marinheiros,
pilotos e peritos na arte de navegar a quem tiver a habilidade de
ajudá-
ajudá-los a obter o comando, persuadindo ou forçando o capitão;
a quem assim não fizer, apodam-no de inútil, e nem sequer
   quem                      apodam-
percebem que o verdadeiro piloto precisa de se preocupar com o
ano, as estações, o céu, os astros, os ventos e tudo o que diz
respeito à sua arte, se quer de fato ser comandante do navio, a
        governá lo,
              ná-
fim de governá-lo, quer alguns o queiram quer não — pois julgam
que não é possível aprender essa arte e estudo, e ao mesmo
tempo a de comandar uma nau. Quando se originam tais
acontecimentos nos navios, não te parece que o verdadeiro piloto
                             lunático
será apodado de palrador, lunático e inútil pelos navegantes de
embarcações assim aparelhadas?”
Essa é uma tragédia que se estende até os dias atuais e se faz
sentir com ainda maior intensidade em paises culturalmente atrasados e
tecnologicamente defasados como o Brasil, cujo cenário político é
completamente dominado e contaminado por corruptos que desonram
essa nação; traidores da pátria sem um mínimo de pudor e moderação,
que se mantêm no poder através de sucessivas e ilimitadas reeleições,
às custas da manutenção da ignorância de seus eleitores, que, se
tivessem recebido uma educação privilegiada, jamais os teriam
elegido... Estou falando de nossos digníssimos parlamentares!


     Mas eis que, novamente, a roda gira, os séculos passam, e é
inaugurada a ERA DA INFORMAÇÂO, com a criação do computador, a
ferramenta, o aparelho, a máquina, mais versátil de todas; e com ela,
mais precisamente com a interligação de redes de computadores e o
estabelecimento de protocolos de comunicação entre eles, surgiu a
Internet, um espaço virtual onde a interação entre as pessoas pode se
dar em um nível não presencial, uma espécie de “reunião astral”.


     A partir de então, a implantação de um sistema eletrônico de
deliberação, uma Assembléia Digital no ciberespaço, que resgate a
essência da Democracia Direta de nossos antepassados é mera
questão de tempo!


     Dou a esse sistema de Governo do futuro o nome de
DEMOCRACIA DIRETA DIGITAL e a sua implantação depende de uma
profunda alteração na nossa Constituição que modifique um dos
princípios basilares de nosso Governo, a divisão dos três Poderes
institucionais (o Poder Executivo, o Poder Legislativo e o Poder
Judiciário); o que é prerrogativa de um parlamentar.



     Então me encontro em uma posição curiosa, até mesmo
paradoxal, de ser um candidato a um cargo do Legislativo (no caso
Deputado Federal nessas próximas eleições) que se compromete, caso
seja eleito e receba suficiente apoio da população para que a
implementação de seus planos seja bem sucedida, a dissolver o
Congresso para transferir diretamente ao povo a competência e a
responsabilidade de um parlamentar; por meio da criação de um
ambiente online onde todos possam se encontrar ao mesmo tempo para
discutir de forma não-presencial e resolver que rumo dar aos destinos
da nação, sem ter que recorrer a intermediários, políticos corruptos e
desonestos que visam apenas o seu beneficio próprio ao serem eleitos.



     Mas, como nos bem mostra a Matemática, por exemplo, o
fascinante teorema de Banach-Tarski, que atesta ser possível gerar
duas esferas maciças a partir de uma só, com as mesmas proporções
da original, através da simples movimentação no espaço de um número
finito de suas partes (cinco já bastam, contanto que sejam
suficientemente   complexas);     resultados   paradoxais   não   são,
necessariamente, indício suficiente de contradições.
Quanto à viabilidade de meus planos para me eleger, só posso
recorrer a um outro resultado formidável da Matemática Moderna, o
Lema    de    Borel-Cantelli,   que   implica   que   qualquer   objetivo
aparentemente impossível de ser obtido pode decorrer de um esforço
constante e incansável. E, como explicitei na sessão anterior deste
documento; se existe algo em que tenho Fé, absoluta certeza, é no que
me revela a Matemática.


     Voltando a tona esse assunto, é necessário apontar que a maioria
das pessoas, atualmente, não pensa desse modo. Tendo vivido na
mais profunda miséria e ignorância, no decorrer de suas vidas, não
buscaram refúgio na Matemática (até por falta de oportunidades de
ensino básico de qualidade), mas em todo tipo de crendices e
superstições disseminadas pelas Religiões tradicionais; por mais
absurdas que fossem, contanto que aliviassem o drama de seu
sofrimento.


     Assim, nessas atuais circunstâncias, garantir a estas pessoas
tanto poder político quanto está implícito no estabelecimento da
Democracia Direta Digital (desconsiderando ai o modo como a inclusão
digital dessa população será equacionado e executado; o que já adianto
será possível com a economia dos recursos desviados por políticos e a
verba do Poder Legislativo, que atualmente alcança o montante de
dezenas de bilhões de anuais), não seria perigoso?
A população não tenderia a passar leis prejudiciais, em última
análise, ao seu bem estar, ameaçando a estabilidade de nossa
sociedade e até mesmo a própria sobrevivência desta coletividade?


       Sim, sou o primeiro a reconhecer esse fato, mas defendo que há
uma alternativa, uma maneira de contornar esse problema!


       O que precisamos fazer é adaptar a solução encontrada pelos
fundadores da República Islâmica do Irã para impedir que as leis
propostas em assembléias legislativas confrontassem os desígnios de
seu profeta Maomé(19), contidos no Al-Corão.


       Vejamos, o Al-Corão proíbe o consumo de bebidas alcoólicas, e é
tomado      como      a   fonte     principal    de    iluminação       dos    princípios
constitucionais dessa República Islâmica, mas qualquer Constituição
pode ser mudada pela assembléia legislativa instituída após a sua
promulgação; como impedir que o regime jurídico vigente fosse
finalmente alterado, uma vez que a maioria da população desejasse o
término dessa proibição?


       A resposta encontrada foi o estabelecimento de um grupo de
cléricos com poder de veto sobre as leis aprovadas pela assembléia
que, em tese, representaria a vontade suprema da maioria da
população; o que implica que a arquitetura institucional do Governo

(19) Maomé (Meca, 570 — Medina, 8 de Junho de 632): foi um líder religioso e político árabe,
fundador da religião islâmica.
iraniano corresponde a uma Teocracia, assim como também é o próprio
Vaticano, sede mundial da Igreja Católica.


     No original, Teocracia significa “governo divino”. Nesse sentido,
ela é definida como o governo em que justificativas de ordem espiritual
direcionam a estrutura hierárquica do Estado juridicamente instituído. O
mais comum é que o chefe político receba o status de representante
direto de alguma divindade, no entanto já ouve casos em que este
chegava a assumir a condição de deus encarnado.


     Ao avaliarmos os registros históricos de diversas civilizações da
Antiguidade, notamos como a Teocracia teve uma grande importância
para a formação da identidade cultural e da organização política de
alguns povos. O exemplo mais famoso desse tipo de governo ocorreu
no Egito Antigo, quando o faraó era adorado como o filho do deus-sol
Amon-Rá e reconhecido como a encarnação de Hórus, o deus-falcão.
Para os egípcios, a oferenda de sacrifícios e a felicidade pessoal dos
faraós eram fundamentais na manutenção de uma relação saudável
com todas as outras divindades.


     No caso dos hebreus, a concepção de Teocracia era tomada por
outras características. Sendo uma cultura monoteísta, não admitiam que
seus líderes políticos alcançassem à condição de divindades. Em
decorrência disso, a tais líderes era reservada a importante função de
intermediar a relação do povo com o seu deus-único. No Antigo
Testamento, existem vários relatos onde os dirigentes políticos
 hebreus justificavam suas ações diretamente pela orientação fornecida
 por seu Deus através da voz de santos profetas.


     A despeito do que muitos pensam, algumas experiências políticas
de caráter teocrático se desenvolveram com algum nível de sucesso até
mesmo      no   mundo    contemporâneo.     O    Vaticano,   como    disse
anteriormente, ainda hoje é uma Monarquia Teocrática; antes do final
da segunda Guerra Mundial, o imperador japonês era considerado
divino, um descendente da deusa Amaterasu; e, mais recentemente,
uma revolução colocou os aiatolás no controle do governo iraniano.


     Em outros contextos, apesar de não observarmos a Constituição
de uma Teocracia de fato, percebemos que a fundamentação religiosa
ainda exerce enorme peso em algumas situações do cotidiano. Mesmo
em algumas democracias, os candidatos que não assumem nenhum
tipo de opção religiosa perdem uma quantidade expressiva de votos da
população. Além disso, existem vários casos em que determinado
indivíduo alcança algum cargo político por conta do apoio de alguma
instituição religiosa ou pela indicação de determinada liderança clerical.


     Trazendo essa solução para o sistema em discussão, o que
proponho é que os nossos melhores matemáticos, cientistas (físicos,
químicos    e   biólogos),   filósofos,   engenheiros   de    software   e
programadores, componham um Conselho Nacional com garantias de
veto sobre qualquer lei aprovada pelas assembléias públicas formadas
na Internet pelos cidadãos; condicionando essa responsabilidade à
apresentação de pareceres completos que serão divulgados para toda a
imprensa internacional e consequentemente também às comunidades
acadêmicas de todo o planeta; que atuarão no sentido de controlar a
qualidade técnica dos pareceres, assegurando a legitimidade do sistema.


     Ou seja, deverão utilizar-se de critérios racionais, exatos, objetivos
e totalmente desprovidos de qualquer preconceito ou parcialidade para
analisar as leis aprovadas pela maioria antes de vetá-las ou validá-las;
detectando se são auto-contraditórias (como no caso de uma lei
aprovada exigir que se acredite em algo ou alguma entidade
sobrenatural, o que é impossível haja vista que não temos a capacidade
de decidir em que acreditaremos honestamente), se contrapõem-se as
Leis da Natureza (por exemplo, uma proposta para construção de um
túnel submarino que ligue o Brasil à África, sendo que devido a deriva
das placas continentais essa distância aumenta continuamente), ou se
podem ser consideradas matematicamente inconsistentes (imagine as
conseqüências catastróficas decorrentes do aumento da inflação se for
decidido que o valor salário mínimo deve ser multiplicado 100, um
milhão de vezes de um dia para o outro).


     Agora peço que avaliem esse ponto detalhadamente, alguém
poderia   afirmar    que     essa    “TECNO-TEOCRACIA”            não    é
verdadeiramente uma Democracia, mas apenas uma oligarquia
disfarçada, quase uma dinastia aristocrática, talvez uma ditadura dos
mais inteligentes e cultos, ou (com boa vontade) uma meritocracia
acadêmica em que uma parcela ínfima da população acumula poderes
praticamente absolutos.


     Mas, ora, percebam como esse argumento é improcedente;
qualquer ser humano pode se tornar um matemático com suficiente
esforço e dedicação, inclusive já na flor de sua juventude!


     Evidências    disso   são   incontestáveis,   como       o   caso   dos
matemáticos Niels Abel e Evariste Galois, mencionados em outra
sessão; e o mesmo pode se dizer de nosso atual sistema? Ou ele
privilegia a manutenção dos privilégios de famílias, grupos sociais,
políticos, econômicos e partidários sectários que nada tem de
democrático em sua essência? Em nosso atual sistema de Governo, um
jovem ainda que brilhante, é naturalmente convidado a participar de um
grupo de pessoas influentes, sem que para isso deva comprometer
seus ideais?


     Acredito que isso é quase impossível, além do fato de que as
pessoas que alcançam o poder político acabem se tornando modelos, o
referencial das próximas gerações. E o que queremos para o nosso
futuro: uma multidão de dissimulados, de enganadores e mentirosos
desonestos, ou um exército de intelectuais e sábios, pensadores
competentes e argumentadores coerentes?
Se a Revolução da Democracia Direta Digital ocorrer no Brasil,
dentro de poucas décadas nos tornaremos a nação mais avançada do
planeta em todas as categorias, tecnológicas, culturais e sociais, e
temos amplas condições de fazê-lo!

     Somos o país com maior participação nas redes sociais da
Internet como o Orkut ou o Twitter, com mais acelerado crescimento da
telefonia celular de banda larga, temos uma população das que mais
tempo passa online; também temos uma tradição de instabilidade
constitucional, ou seja, aceitamos naturalmente a falibilidade de nossos
agentes constituintes e estamos sempre prontos para propor um novo
ordenamento jurídico, mais compatível com a nossa realidade (algo que
não ocorre em nações da América do Norte ou da Europa, por exemplo,
com um maior grau de desenvolvimento econômico e social; onde as
constituições são preservadas imutáveis com certo zelo que se
aproxima do religioso, reservado para as coisas sagradas).


     E, há males que vêm para bem, somos explorados por uma classe
política indecente, sujeita a graves denúncias e altos escândalos nos
meios de comunicação de massa quase diariamente, o que só contribui
para que o nosso povo esteja propenso a arriscar novas alternativas a
esse sistema de Democracia Indireta Representativa decrépito e
obsoleto; do qual, francamente, todos exceto aqueles que mais se
beneficiam de suas irregularidades e omissões já se fartaram...
Porém, como disse anteriormente no inicio desta sessão, a
Democracia Direta Digital é perfeita, mas o seu prazo de vigência não
será ilimitado! Novas descobertas, inovações tecnológicas, no futuro
distante, inexoravelmente a tornarão imprópria. Podemos apenas tentar
adivinhar quais serão elas; embora, muito provavelmente, estejam
relacionadas à exploração espacial e à colonização de nossa galáxia.


     Notem que qualquer encarnação da Democracia Direta é viável
justamente porque permite a interação de todos os cidadãos a um só
tempo, no mesmo local, ainda que este constitua um espaço virtual
onde a participação se dá de modo não-presencial.


     Só que, se a humanidade estiver ocupando diversos planetas em
diferentes sistemas solares, orbitando estrelas anos luz de distância
umas das outras, a comunicação instantânea será uma impossibilidade,
pois nenhuma informação pode ser encaminhada a velocidades
superiores à da luz (exceto no caso de nossos futuros cientistas serem
capazes de criar atalhos para essa informação, pontes de Eisntein-
Podolsky-Rosen, túneis que conectem instantaneamente regiões
desconexas do espaçotempo, mas não vou entreter essa hipótese para
manter o texto em um nível técnico acessível ao publico leigo em geral);
o que implica que colônias teriam que esperar décadas, talvez milênios
para resolver qualquer assunto pendente que exigisse uma votação
coletiva envolvendo todas as colônias humanas de outros setores de
nossa galáxia e até mesmo, quem sabe, de outras galáxias.
Isso significa que os nossos descendentes de diversos planetas
jamais     poderão       participar,      simultaneamente,          de     uma      mesma
“Assembléia Galáctica”!


       Simplesmente não haverá como, então o sistema de Governo
desse longínquo estágio de nossa civilização (o estágio cósmico)
consistirá necessariamente no retorno à uma outra forma de Democracia
Representativa. Ou talvez a solução encontrada seja inédita; a
fabricação de uma série de seres artificiais, cérebros sintéticos que
acumularão o conhecimento dos nativos de cada colônia, verdadeiras
inteligências planetárias, regentes responsáveis por guiar a humanidade
de sua posição inquestionável, praticamente divina...


       O que surpreenderia a Thomas Jefferson(20), autor da Declaração
de Independência Americana, que afirmou em seu discurso inaugural:



“Às vezes, é dito que o homem não pode ser confiado com o seu
próprio governo. Pode ser, então, confiado com o governo dos
outros? Ou teremos encontrado anjos em forma de reis para o
governar? Deixemos a história responder a esta pergunta.”
                                               pergunta.”

       Pois, se encontra-los ainda permanece uma impossibilidade, ainda
nos resta a alternativa de construí-los..


(20) Thomas Jefferson (Shadwell, 13 de Abril de 1743 — Monticello, 4 de Julho de 1826): foi
um advogado e político dos Estados Unidos, terceiro presidente desse país. Além de
estadista foi também filósofo político, revolucionário, e reconhecido autor do Iluminismo.
Não sabemos e também não cabe a mim elencar essas hipóteses,
isso será o trabalho de pessoas muito mais competentes do que o autor
deste manifesto, que virão a existir caso o plano para o GOVERNO DO
FUTURO aqui apresentado seja levado em consideração e finalmente
implementado.




                    PERGUNTAS E RESPOSTAS




1) Essa maioria poderá causar prejuízos a si mesmos e a nós?


Definitivamente sim, isso é uma possibilidade.




2) A liberdade de imprensa é dispensável com a internet?


Muito se fala em liberdade de imprensa, que é indispensável, um sinal
da saúde de determinada democracia.


Mas isso abre as portas para que interesses estrangeiros se consolidem
em território nacional, são grandes empresas internacionais que utilizam
dos meios de comunicação para sustentar seus interesses escusos que
se opõem ao bem estar do nosso povo.
A Internet vem substituindo a imprensa escrita que era, até o final do
século passado, considerada como o "Quarto Poder Público", e se a
mantivermos absolutamente livre, poderá fazê-lo de modo ainda mais
efetivo!


Dizem ainda que os jornais e as revistas periódicas serão extintas em
pouco tempo, devido ao impacto ecológico decorrente da produção de
papel e a distribuição desses produtos.


Então, quanto tempo levará até que a Internet substitua também o
Terceiro Poder, o Legislativo, o congresso Nacional, agora que fóruns
de discussão online como o Orkut permitem a interação, o livre diálogo,
e o arquivamento integral dos processos deliberativos definidos entre
milhões de participantes em tempo real?


O que acabará dando cabo do próprio Poder Judiciário também, pelo
menos no modo como é estruturado atualmente; porque assim que
tivermos um sistema jurídico dinâmico, com a votação e deliberação
diária de propostas de lei e reformas constitucionais com um caráter
mais experimental, para que precisaremos de nobres jurisconsultos?


Quando surgir a Tecnologia de acesso à Internet por celular, ou pela TV
digital, ou pela rede elétrica, quando 100% do eleitorado tiver acesso a
esse fórum de discussão, então se tornará inevitável que as pessoas
exijam de volta os poderes legislativos que atualmente dão de mão
beijada para os maiores facínoras dentre nós. Basta que a
primeira geração que já nasceu com o acesso a essas tecnologias
alcance a idade suficiente para obterem seus títulos de eleitor.


3) No mundo, uma porcentagem ínfima da população tem acesso à
Internet e menos da metade disso tem inteligência para aproveitá-
la de maneira ideal, como resolveremos isso? Quem vai ensinar as
pessoas mais ignorante que pouco, ou quase nada, sabem mexer
em computadores?


Ai estamos entrando no problema da assimetria da riqueza e do
desenvolvimento urbano nas diferentes regiões de nosso planeta. É
exatamente por isso que proponho esse sistema, para alcançar a
igualdade social; essas pessoas finalmente terão uma voz ativa para
efetivar mudanças em sua realidade local!


A implantação desse sistema levará à mudanças estruturais em toda a
rede de ensino público, as crianças não precisarão mais do
acompanhamento direto de professores e vão realizar a maioria de suas
atividades acadêmicas pela Internet. Isso vai liberar um grande número
de profissionais das redes de ensino público, professores e professoras
de todas as series da rede de escolas municipais e estaduais (que já é
devidamente capilarizada) para atuarem nesse sentido; erradicando o
analfabetismo dos adultos, divulgando as informações e efetuando
o treinamento necessário, para que essas pessoas se habituem ao uso
do computador em suas vidas.


4) E se faltar energia ou internet na hora da votação? Vai ter
recontagem de votos?


Sim, devo destacar o caráter dinâmico que a utilização dessa tecnologia
permite. Nossas leis não serão mais estáticas e homogêneas tanto
temporal quando espacialmente. Qualquer lei que tenha sido aprovada
poderá ser invalidada e substituída, conforme seja vontade da
Assembléia Cidadã. Isso torna redundante e ineficaz toda tentativa de
manipulação, interferência ou panes no processo de deliberação e na
aprovação de leis do sistema que sugiro.


5) E se der problema no servidor? Quem paga a conta da estrutura
digital? E quem não quiser pagar a conta?


O ideal seria que o Estado utilizasse o orçamento do Poder Legislativo
em um extenso projeto de inclusão digital, que oferecesse acesso e
hospedagem gratuitos, banda larga pela rede elétrica, cobertura wimax
por todo o território nacional, assim como computadores descartáveis e
ecologicamente corretos, a qualquer cidadão.


Seria ainda melhor se pudessemos construir uma intranet física, com
cabos de fibra ótica conectando todo terminal de computador, Ai sim a
segurança total estaria absolutamente garantida.



6) E se ocorrer uma erupção solar que chegue a terra e acabe com
as comunicações do planeta, como ocorreu no Canadá, em 1985,
que deixou parte de Otawa sem energia durante uns três dias?


Não proponho uma anarquia total, e sim uma Democracia radical. Ainda
que o Poder Legislativo tenha sido dissolvido, estão inclusos nesse
sistema o Poder Judiciário (manutenção da ordem estabelecida) e o
Poder Executivo (centro administrativo centralizado). Contanto que os
meios de comunicação sejam restabelecidos em tempo, não haverá
nenhuma distinção entre o que aconteceria agora se isso ocorresse e o
que vai acontecer quando esse sistema já tiver sido implantado; a única
diferença é que as leis estáticas que vão valer durante esse período
refletirão mais a vontade da população do que as leis atuais o fazem.


6) Estamos aptos para escolher por nós mesmos?


Se estamos aptos ou não, essa não é a questão, até porque já fazemos
indiretamente essas escolhas ao selecionar entre nós alguns para atuar
como nossos representantes parlamentares.


A questão é que podemos agora, com o auxílio da Tecnologia, retirar do
processo esses intermediários corruptíveis para que as nossas escolhas
reflitam mais fielmente as nossas expectativas, nossas vontades!
Todos preferem mudanças suaves, períodos de transição graduais em
vez de alterações bruscas em suas rotinas.


É por isso que tenho confiança de que, embora a maioria seja formada
por   uma    massa     de   pessoas     ignorantes,   quando    tomadas
individualmente, suas decisões coletivas serão surpreendentemente
sensatas e racionais, quando tiverem a competência legal e a
responsabilidade moral de decidir por si mesmos em vez de delegar a
representantes falíveis e corruptíveis esse poder.


7) Fale mais sobre as reformas que propõe, quais são elas?


Defendo a dissolução do Poder Legislativo, substituindo-o por uma
espécie de “Orkut estatal”, em que cada um de nós represente a si
próprio, em vez de votar em parlamentares para decidir as leis as quais
devemos nos submeter.


Muito mais segura, a deliberação online, permitirá a cada cidadão
participar através da TV digital ou do aparelho celular (assim, como
usualmente, pela Internet discada, banda larga, lan-houses ou redes
wireless abertas), decidindo por meio de referendos de iniciativa popular
e pesquisas de opinião que serão propostas pelo próprio cidadão, para
que possamos aproveitar toda a criatividade de nosso povo no
estabelecimento das medidas governamentais e do sistema jurídico
vigente..
As discussões e deliberações que atualmente são feitas no
Congresso passarão a ser realizadas nesse fórum de discussão
aberto, possivelmente de participação anônima; e, quando houver
consenso, essas decisões serão então incorporadas à estrutura
hipertextual de uma “Wikipedia estatal” onde se registrará o regime
jurídico dinâmico de nosso país, estando esse sujeito a alterações em
tempo real, conforme decisão da maioria dos participantes.


Para isso, o governo deverá garantir acesso gratuito à rede pela
tecnologia wimax em todo território nacional.


Quando fizermos isso, estaremos em posição de garantir que cada ser
humano possa alcançar a totalidade de seu potencial inato..


8) Como funcionará o fórum que substituirá o Congresso Federal?


Esse sistema eleitoral será acessado através de um programa, que
cada cidadão deverá instalar no seu computador.


Só que, se fosse apenas isso, sempre iria pairar duvidas sobre a
legitimidade do processo, e a possibilidade de fraude, correto?


Então, abriremos a "caixa"!
Esse programa de acesso não será desenvolvido por um grupo de
técnicos, que poderiam ser corrompidos, ele será desenvolvido por toda
a sociedade; isso se chama software de código livre.


O código fonte de cada versão estará disponível livremente para o
download na Internet, e caberá ao usuário compilar esse código na sua
própria máquina o que garantirá que nenhuma linha de comandos
maliciosos estará embutida no programa a ser executado.


Assim, fica impossível de você não saber o que exatamente o programa
pode fazer, todas as suas funcionalidades, porque você vai poder ler
cada linha da programação e conferir por si mesmo!


Mas é claro que não podemos exigir de cada cidadão, que conheça a
linguagem de programação na qual o software é desenvolvido, no
entanto, hoje a Ciência da Computação é algo tão fundamental para a
sociedade em geral, que sempre se poderá encontrar algum amigo,
um vizinho ou conhecido, que saiba "ler" esse programa e tenha
suficiente competência para dar um parecer sobre a sua legitimidade.
Hoje até as crianças já se tornam hackers antes de aprender a escrever
direito...


Varias versões alternativas (porém compatíveis entre si) do
programa que garante acesso ao fórum estatal de discussões serão
desenvolvidas em código livre, através do trabalho voluntário de experts
na área de Ciências da Computação e hackers também, para testar as
fragilidades do sistema, funcionando como um híbrido entre o Orkut, o
Second Life e o Opinion Space.


9) Quem vai garantir para o usuário que essa versão do programa
de acesso ao fórum online que substituirá o congresso é realmente
legitima? Alguma autarquia ou instituição federal?


Não!


O usuário dependerá de seus conhecidos, ou qualquer pessoa de sua
confiança que entenda a linguagem de computação em que o software
foi desenvolvido.


Assim estaremos fortalecendo vínculos entre as pessoas e diminuindo
sua dependência em relação ao Governo.


O ideal seria que elas fossem capazes de julgar o código fonte por si
mesmas, antes de compilar em sua máquina, mas caso contrário
deverão recorrer à propaganda boca a boca, de qual versão do software
disponível na Internet é a mais adequada para determinado grupo; por
exemplo, para aqueles que acessam o fórum de discussão pelo celular,
pela TV digital, pela Internet discada ou banda larga.
Cada manifestação no fórum, ou seja, a comunicação entre o fórum e a
máquina do usuário, se dará por meio de um processo semelhante ao
do envio de emails, empregando o mesmo tipo de criptografia;
permitindo a participação anônima de cada usuário, se este assim
considerar conveniente. Se você confia na segurança e na privacidade
das mensagens de email, certamente não vai estranhar esse sistema.


Então, o cidadão comum não vai precisar confiar em nenhuma
instituição, partidária ou governamental, vai ter apenas que confiar e,
uma pessoa do seu convívio particular, para dizer se a Democracia
Direta que proponho implantar foi efetivada com sucesso!


Ou ainda, você poderá aprender essa linguagem de programação, e
decidir por si mesmo as melhorias para que esse software funcione
melhor, e garanta ainda mais segurança e eficácia ao processo de
deliberação de nossa Democracia Direta Digital.


10) Todas as pessoas votariam em cada assunto?


Não, nem todas as pessoas votariam em todos os assuntos.


Primeiro haveriam votações para determinar quem está habilitado a
votar em determinado assunto, e depois todas as pessoas que
preenchem os requisitos desses critérios de seleção votariam e, a partir
desse resultado, emergirá a nova lei.
Por exemplo, em minha opinião, somente as mulheres em idade fértil
deveriam votar sobre a legalidade e casos em que o aborto deveria ser
permitido.


Sobre o processo de filtragem e envio dos assuntos a serem votados,
para mim cada proposta de lei deveria ser realizada através de pelo
menos duas votações:


- uma votação geral em que se decidiria quem esta qualificado para ter
voz ativa na decisão desse item em particular.


- uma votação restrita ao grupo de pessoas que se qualificam para
decidir   sobre   esse   assunto,   determinando   definitivamente   o
procedimento a ser adotado pela sociedade.


Por exemplo: sobre a legalidade do aborto, deverá ocorrer uma votação
que determine quem deve ser ouvido sobre essa questão:


- todas as pessoas maiores de idade?


-somente as mulheres maiores de idade?


- somente as mulheres maiores de idade e que sejam férteis, ou seja,
que possuem a capacidade em potencial de engravidarem?
Outro exemplo: sobre a legalidade da pesquisa com células tronco
embrionárias, quem deveria ser ouvido?


- todas as pessoas maiores de idade?


- somente as pessoas que poderiam ser beneficiadas por essas
pesquisas?


- somente as pessoas que atualmente sofrem de algum doença ou
condição física que poderia ser remediada pela aplicação de técnicas
que utilizem células tronco?


Mais um: sobre a preservação de nossos ecossistemas, quem deveria
ser ouvido sobre a concessão de licenças ambientais para uma obra de
infraestrutura pública, como a construção de hidrelétricas no amazonas
ou a transposição do rio São Francisco?


- todas as pessoas que já tiraram o seu titulo eleitoral?


- somente as pessoas que seriam beneficiadas por essas obras
diretamente?


- somente as pessoas que vivem nas imediações dos sítios de
construção dessas obras?
Talvez deva existir um registro dos comentários de cada participante
nos tópicos e nas enquetes em que tomou parte defendendo sua
opinião, e um aplicativo que permitisse aos demais usuários demonstrar
a sua concordância ou insatisfação para com esses argumentos, de
forma que os participantes com maior assiduidade e compatibilidade
entre sua opinião e a voz da maioria acumulassem méritos que os
qualificariam para participar da discussão de temas mais complexos,
como a anulação ou substituição de clausulas pétreas da nossa
Constituição, por exemplo.


A participação será um dever cívico, e poderíamos sugerir penalizações
para quem ficasse muito tempo sem fazer o login no sistema, ou ainda
oferecer benefícios como desconto no imposto de renda para os
participantes e voluntários que contribuírem mais assiduamente.


11) O que você defende não é semelhante ao Comunismo?


Sim, essa proposta consiste basicamente em uma ditadura popular,
com ressalvas. O comunismo na antiga União Soviética poderia ter sido
implantado com sucesso se as tecnologias da Internet e das redes
sociais online já tivessem sido implantadas, o que impediria que o poder
político se concentrasse nas mãos de burocratas e líderes do partido
comunista, sendo divido igualmente para cada cidadão.
A Tecnologia altera, e em decorrência disso acaba definindo, os hábitos
costumes e até mesmo as crenças das pessoas.


Podemos imaginar que eventualmente existirão algoritmos capazes de
deduzir, a partir de um questionário suficientemente extenso ou dos
próprios registros da participação de cada eleitor, quais seriam as suas
opiniões a respeito de determinado tema, como se fosse uma copia
virtual de nossa consciência; embora certamente a correspondência
entre nossas opiniões verdadeiras e as escolhas realizadas por esses
simuladores de opinião permaneça muito precária nas próximas
décadas, ou séculos, sempre restará ao participante a opção de anular
ou reafirmar os votos realizados pelo seu simulador pessoal nas
pesquisas de opinião em que decidir participar.


Se já na próxima eleição a população eleger no Congresso uma
bancada    majoritária   favorável   à   substituição   da   Democracia
Representativa pela Democracia Direta Digital, indubitavelmente já
existe a Tecnologia, a preços acessíveis com a maciça subvenção de
recursos estatais, necessária para implementar esse sistema; no
entanto, há graus de comprometimento de sua privacidade que deverão
ser aceitos por cada cidadão para que isso funcione dentro dos limites
atuais impostos por essa mesma tecnologia.


Como disse anteriormente, a Tecnologia impõem hábitos e costumes
aos agrupamentos humanos que empregam desses mecanismos,
ditando o ritmo de desenvolvimento cultural e social.
Podemos prever seguramente que futuras inovações tecnológicas
possibilitarão a implementação desse mesmo sistema, ou algo muito
próximo disso, porém garantindo uma maior privacidade aos seus
participantes.


Mas como levará ainda alguns anos para que isso transcorra, embora
seja impossível antecipar essas inovações que são completamente
imprevisíveis, creio ainda haver tempo para que nosso país obtenha
condições de competitividade para se tornar, com sucesso, o
proponente e catalisador dessa mudança revolucionária a nível global.
CONCLUSÃO


      Quando alguém pensa em Revolução, logo imagina eventos
sangrentos, recheados de morte e destruição. Pode-se dizer que toda
Revolução tem como principal motivo a superação de determinada
injustiça social... O próprio conceito de Revolução, ou seja, o que
distingue uma Revolução de um golpe, ou tomada de poder, por
exemplo, tem sua origem na drástica alteração da balança de poder,
caracterizada na subseqüente partilha de poder por um número maior
de indivíduos do que anteriormente. A revolução pode ser, portanto,
considerada a salutar distribuição de poder social, político e econômico,
obtida, violentamente em alguns casos, por uma parcela menos
abastada da população.


      Mas há um outro tipo de Revolução de caráter puramente
conceitual, que também pode alterar substancialmente o rumo da
história.


      Estou falando das revoluções científicas.


      A Ciência é uma atividade universal, realizada diariamente por
inúmeras pessoas, nos mais diversos contextos culturais e sociais, mas
segue sempre um mesmo princípio, um mesmo método, o método
científico, que consiste em confrontar as nossas hipóteses com
experiências e testar a veracidade de nossas premissas, se os
resultados obtidos nos testes empíricos que conseguirmos realizar
corresponderem fielmente às conclusões, derivadas de um raciocínio
matemático consistente, acabam sendo confirmadas.


       Das revoluções científicas, aquelas mais fabulosas, que alteram a
forma como vemos o mundo e a nós mesmos, são chamadas de
revoluções copernicanas. Como exemplos de revoluções copernicanas
temos a própria proposição de um sistema heliocêntrico, divulgada
postumamente pelo cônego polonês Nicolau Copérnico(21) em seu livro
De revolutionibus orbium coelestium, que retirou o planeta Terra do
destacado posto do centro do universo, outro exemplo foi à obra de
Charles Darwin(22), a Origem das Espécies, que explicou em termos de
mutações e adaptações a inquantificável biodiversidade de nosso
planeta, que antes era vista como evidência de um criador que agia
deliberadamente em vez de obra do acaso.


       Outra revolução que merece esse nome foi a descoberta da
aceleração da expansão do universo, que deixou evidente o fato de que
a matéria, do qual somos todos feitos, não é o componente principal do
conteúdo energético cósmico - lembrem-se, matéria e energia podem
ser convertidos um no outro através da conhecida equação de Einstein


(21) Nicolau Copérnico (Toruń, 19 de Fevereiro de 1473 — Frauenburgo, 24 de Maio de 1543):
foi um astrônomo e matemático polaco que desenvolveu a teoria heliocêntrica do Sistema
Solar. Foi também cônego da Igreja Católica, governador e administrador, jurista, astrólogo e
médico.

(22) Charles Robert Darwin (Shrewsbury, 12 de Fevereiro de 1809 — Downe, Kent, 19 de Abril
de 1882): foi um naturalista britânico que alcançou fama ao convencer a comunidade
científica da ocorrência da evolução e propor uma teoria para explicar como ela se dá por
meio da seleção natural.
E = m*c^2 (energia = massa vezes o quadrado da velocidade da luz) -
correspondendo apenas 4% do que existe no universo.


      Essas três revoluções compartilham o nome "copernicanas",
porque alteraram profundamente o modo como encarávamos a nós
mesmos e nosso propósito de nossa existência.


      O fato de a Ciência seguir o método científico, nos faz crer que
talvez seja sempre assim:


      Um cientista adquire ou constrói um novo aparelho, vamos dizer;
um prisma no caso de Newton, que permitiu com que ele decomposse a
luz em seu espectro de cores, ou o telescópio como caso de Galileu,
que possibilitou a ele observar ver a rugosidade da superfície da lua, o
que contrariava as crenças de Aristóteles, ou ainda novos métodos de
análise e interpretação dos dados obtidos por experiências anteriores.


      Mas o próprio caso paradigmático de revolução copernicana, a
revolução de Copérnico, não foi motivada por nenhum experimento, ou
novo método matemático.


      Poderia-se dizer que Copérnico escolheu colocar o sol no centro
do sistema solar, para facilitar as contas, substituindo os infindáveis
ciclos e epiciclos utilizados desde os tempos de Ptolomeu(23)

(23) Ptolomeu (90 – 168): autor do Almagesto e formulador do sistema geocêntrico que
permaneceu em vigor até a Idade Média, e colocava a Terra como o centro do Universo.
para prever o movimento dos planetas, das estrelas e os eclipses. Mas
isso   não   é     a   verdade!   Os   cálculos   de   Ptolomeu,   embora
complicadíssimos, eram ainda mais simples do que aqueles propostos
por Copérnico...


       Então, o que levou um simples cônego a desafiar um dos Dogmas
mais consagrados da igreja que ele próprio pertencia, os mesmos
Dogmas que levariam Giordano Bruno a fogueira e Galileu a prisão
domiciliar, ou muito pior, caso ele não tivesse voltado atrás em suas
afirmações, se não foi um novo instrumento ou um novo tipo de cálculo?


       Copérnico foi motivado por fatores metafísicos. Uma passagem do
próprio Copérnico explicita de maneira indubitável a sua inspiração
metafísica ao colocar o Sol no centro do universo:

     "No meio de todos os assentos, o Sol está no trono. Neste
belíssimo templo poderia nós colocarmos esta luminária noutra
                 poderia     colocarmos
posição melhor de onde ela iluminasse tudo ao mesmo tempo?
Chamaram-
Chamaram-lhe corretamente a Lâmpada, o Mente, o Governador
do Universo".

       Isso quer dizer que mesmo na Ciência, grandes revoluções podem
começar com uma intuição, algo que sabemos intimamente ser a
verdade, porém não sejamos capazes de argumentar explicitamente a
respeito, deixando a novas gerações a tarefa de aprimorar essas idéias
e chegar a novas conclusões testáveis, como foi o caso de Kepler; que,
motivado por Copérnico, deduziu que as órbitas dos planetas não eram
circulares, mas elípticas, com o Sol em um dos seus focos.


     Bom, me desculpem essa longa digressão, mas creio ter chegado
ao ponto principal.


     Como cidadãos, estamos submetidos a um sistema de Governo
que não atende às nossas necessidades e que não passa de um
instrumento de manutenção do status quo e legitimação de nossa
servidão.


     E TODOS OS POLITICOS ESTÃO ENVOLVIDOS.. os políticos
que se elegem às custas da ignorância da população.


     A nossa sociedade é completamente ineficiente no controle de
seus agentes políticos. Deixamos que os três Poderes (Executivo,
Legislativo e Judiciário), que deveriam ser independentes entre si, se
misturarem em uma orgia pública; onde a imprensa evita, por via de
regra, o seu papel de agente fiscalizador da legalidade das ações dos
governantes, a menos que isso corresponda aos interesses dos grupos
econômicos que bancam essas empresas de notícias.


     Não tolero mais essa conjuntura, e antes de permitir que a minha
saúde, física e mental seja afetada, a lógica de meu raciocínio e o
sentimento de auto-preservação determinam que devo levar adiante
planos para reverter essa situação; ainda que estejam à margem da
legalidade. Mas reconheço que não há nada que eu possa realizar
sozinho.


     É nesse espírito de diálogo que desejei de realizar um intercâmbio
de idéias com vocês, para analisarmos um assunto que considero ser
de iminente importância para o projeto de civilização que pretendemos
ver consolidado.


     Estou me referindo ao tema da implantação da Democracia Direta
Digital, e a completa reformulação da estrutura institucional do Estado; a
extinção do Poder Legislativo em todos os níveis - Federal, Estadual e
Municipal - e a sua subseqüente substituição por um sistema realmente
eficiente de deliberação, com um caráter muito mais dinâmico e aberto
a experimentação.


     A Internet, assim como toda forma de tecnologia realmente
revolucionária, por exemplo, o arado, a prensa tipográfica, a máquina a
vapor, a bomba atômica; força uma recontextualização de todas as
forças sociais. Nos encaminhamos, inevitavelmente, para a dissolução
dessas arcaicas estruturas de poder representativas!


     Vamos mudar o sistema colocando nas mãos do cidadão o poder
que atualmente é compartilhado exclusivamente pelos membros do
Congresso, Deputados e Senadores.
Quando isso acontecer, as leis de nosso país finalmente
corresponderão    as   nossas   expectativas,   em    vez   de   sofrerem
interferência pelos canais da corrupção, a favor dos interesses de
grandes corporações internacionais que visam o lucro e pouco se
importam com o meio ambiente...


     Mas reconheço que ninguém sabe qual é o resultado da
Democracia Direta Digital!



     Eu estaria mentindo se afirmasse que sei, mas tampouco os meus
críticos podem afirmar o contrário, que seria ruim para a coletividade se
o Poder Legislativo fosse dissolvido; os Vereadores, Deputados e
Senadores destituídos de seus cargos e as suas funções passarem a
compor a esfera de competência e responsabilidade do cidadão
comum, munido de sistemas de comunicação em tempo real, como a
internet, TV digital e celulares, para votar em conjunto e solucionar seus
próprios problemas sem ter que recorrer a representantes corruptíveis e
procedimentos onerosos.
EPÍLOGO


     É muito comum ouvirmos falar sobre a Fé; sacerdotes a todo o
momento atestam à importância da Fé e da crença em alguma
divindade, escritores de livros de auto-ajuda abarrotam as livrarias
alegando que antes de qualquer coisa devemos ter Fé e confiança em
nós mesmos, e os relacionamentos íntimos se tornariam problemas
insolúveis se não nos dispuséssemos a ter Fé e acreditar sem provas
quando alguém afirma nos amar.


     Até mesmo no que se refere ao método científico, uma parcela de
Fé também está envolvida. Sem a Fé em algum tipo de ordenamento
natural das coisas, ou seja, que tudo o que existe se estrutura de
acordo com princípios fundamentais que podem ser desvendados por
nós seres humanos, não faria sentido as pessoas se devotarem à
pesquisa em diversos campos da Física Teórica, que é o conjunto de
disciplinas que se ocupam do estudo desses padrões de regularidade
que chamamos de Leis da Natureza, e em decorrência disso não
teríamos a nossa disposição nenhuma dessas tecnologias complexas
com as quais estamos acostumados hoje em dia.


     Mas será que realmente possuímos a capacidade de selecionar as
nossas crenças, de incrementar a nossa autoconfiança, de escolher
quais juras de amor nos soam mais convincentes?
Será que temos realmente a opção de duvidar da presença
princípios estruturais fundamentais de acordo com os quais os
fenômenos naturais se organizam?


     O que significa exatamente dizer que existem padrões de
regularidade na natureza?


     Muitas pessoas são desfavoráveis à possibilidade da existência
autônoma da Matemática, por considerarem ser essa a fundamentação
de nossa crença na existência das Leis da Física (que parecem ser
incompatíveis com a idéia de livre arbítrio), escolhendo acreditar que os
conceitos matemáticos são inventados em vez de descobertos, e
decidem conceber a realidade que observam como uma sucessão de
eventos aleatórios aos quais atribuem o significado que preferirem. Mas
o livre arbítrio pode ser compatibilizado com a existência dessas Leis no
contexto   do    Multiverso,   onde    toda    e   qualquer    realidade
matematicamente consistente existe, independentemente de nossas
mentes, se a passagem do tempo for compreendida como nula, e o
tempo como um trânsito interdimensional através de infinitas realidades
paralelas auto-similares (geradas através de um processo fractal).


     O que você seria capaz de arriscar para alcançar a Divindade?


     Você arriscaria seu emprego, os seus laços familiares, sua saúde
ou a sua sanidade?
Se vocês realmente confiarem nessas palavras, se tornarão como
deuses imortais, capazes de construir a sua própria sorte e satisfazerem
todos os seus desejos.


     Tudo que vocês precisam, para efetivamente alcançarem a
divindade, é abandonar suas antigas e defasadas crenças religiosas e
adotar uma nova visão de mundo, basta que passem a se dedicar com
afinco ao estudo da Matemática!


     Podem se perguntar, como é possível correlacionar o aprendizado
da Matemática a esse tipo de especulação teológica?


     É por isso que resolvi escrever esse livro, como um guia de
estudos para quem quiser reconhecer a sua divindade, perceber a sua
imortalidade e aprender como controlar o seu próprio destino...
Tecnologias de Controle Social
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Tecnologias de Controle Social

  • 1. TECNOLOGIAS DE CONTROLE SOCIAL TRATADO SOBRE O GOVERNO E A RELIGIÃO DO FUTUro_ E UM GUIA PARA A V.I.D.A. NO TERCEIRO MILÊNIO por Carlos Alberto C. N. (DR. CLANDESTINO) DR. CLANDESTINO dr.clandestino@hotmail.com
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  • 5. TECNOLOGIAS DE CONTROLE SOCIAL TRATADO SOBRE O GOVERNO E A RELIGIÃO DO FUTUro_ E UM GUIA PARA A V.I.D.A. NO TERCEIRO MILÊNIO por Carlos Alberto C. N. (DR. CLANDESTINO DR. CLANDESTINO) dr.clandestino@hotmail.com
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  • 7. DEDICATÓRIA Para aqueles que ainda se importam..
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  • 9. PRÓLOGO A MÁQUINA DO MUNDO por Carlos Drummond de Andrade E como eu palmilhasse vagamente Abriu-se em calma pura, e convidando uma estrada de Minas, pedregosa, quantos sentidos e intuições restavam e no fecho da tarde um sino rouco a quem de os ter usado os já perdera se misturasse ao som de meus sapatos e nem desejaria recobrá-los, que era pausado e seco; e aves pairassem se em vão e para sempre repetimos no céu de chumbo, e suas formas pretas os mesmos sem roteiro tristes périplos, lentamente se fossem diluindo convidando-os a todos, em corte, na escuridão maior, vinda dos montes a se aplicarem sobre o pasto inédito e de meu próprio ser desenganado, da natureza mítica das coisas, a Máquina do Mndo se entreabriu assim me disse, embora voz alguma para quem de a romper já se esquivava ou sopro ou eco ou simples percussão e só de o ter pensado se carpia. atestasse que alguém, sobre a montanha, Abriu-se majestosa e circunspecta, a outro alguém, noturno e miserável, sem emitir um som que fosse impuro em colóquio se estava dirigindo: nem um clarão maior que o tolerável "O que procuraste em ti ou fora de pelas pupilas gastas na inspeção teu ser restrito e nunca se mostrou, contínua e dolorosa do deserto, mesmo afetando dar-se ou se rendendo, e pela mente exausta de mentar e a cada instante mais se retraindo, toda uma realidade que transcende olha, repara, ausculta: essa riqueza a própria imagem sua debuxada sobrante a toda pérola, essa ciência no rosto do mistério, nos abismos. sublime e formidável, mas hermética,
  • 10. essa total explicação da vida, Mas, como eu relutasse em responder esse nexo primeiro e singular, a tal apelo assim maravilhoso, que nem concebes mais, pois tão esquivo pois a fé se abrandara, e mesmo o anseio, se revelou ante a pesquisa ardente a esperança mais mínima — esse anelo em que te consumiste... vê, contempla, de ver desvanecida a treva espessa abre teu peito para agasalhá-lo.” que entre os raios do sol inda se filtra; As mais soberbas pontes e edifícios, como defuntas crenças convocadas o que nas oficinas se elabora, presto e fremente não se produzissem o que pensado foi e logo atinge a de novo tingir a neutra face distância superior ao pensamento, que vou pelos caminhos demonstrando, os recursos da terra dominados, e como se outro ser, não mais aquele e as paixões e os impulsos e os tormentos habitante de mim há tantos anos, e tudo que define o ser terrestre passasse a comandar minha vontade ou se prolonga até nos animais que, já de si volúvel, se cerrava e chega às plantas para se embeber semelhante a essas flores reticentes no sono rancoroso dos minérios, em si mesmas abertas e fechadas; dá volta ao mundo e torna a se engolfar, como se um dom tardio já não fora na estranha ordem geométrica de tudo, apetecível, antes despiciendo, e o absurdo original e seus enigmas, baixei os olhos, incurioso, lasso, suas verdades altas mais que todos desdenhando colher a coisa oferta monumentos erguidos à verdade: que se abria gratuita a meu engenho. e a memória dos deuses, e o solene A treva mais estrita já pousara sentimento de morte, que floresce sobre a estrada de Minas, pedregosa, no caule da existência mais gloriosa, e a Máquina do Mundo, repelida, tudo se apresentou nesse relance se foi miudamente recompondo, e me chamou para seu reino augusto, enquanto eu, avaliando o que perdera, afinal submetido à vista humana. seguia vagaroso, de mãos pensas.
  • 11. INTRODUÇÃO Tanto a Religião quanto o Governo podem ser compreendidos como partes integrantes de um complexo conjunto de Tecnologias desenvolvidas para assegurar ou manter o Controle Social efetivo sobre os indivíduos, por estabelecerem sistemas de regras ou normas para a convivência em sociedade. Este foi justamente o argumento elaborado por dois dos maiores pensadores da Renascença, Galileu Galilei(1) e Nicolau Maquiavel(2), para oporem-se à interferência e à ingerência das doutrinas defendidas pela Igreja Católica em seus respectivos campos de atuação intelectual, a Ciência e a Política. Naquela época a Igreja Católica exercia uma autoridade incontestável sobre todos os aspectos da vida cotidiana; a Bíblia era tida como um Livro Sagrado que continha verdades reveladas diretamente por Deus, cabendo aos sacerdotes dessa instituição o exclusivo privilégio de interpretá-lo, ainda que sob os auspícios e direcionamento do Papa; regente vitalício de inúmeras congregações cristãs que é escolhido em assembléia dentre e pelos membros de um colegiado de cardeais. (1) - Galileu Galilei (Pisa, 15 de fevereiro de 1564 — Florença, 8 de janeiro de 1642): foi um físico, matemático, astrônomo e filósofo italiano que teve um papel preponderante na formalização do Método Científico ao ressaltar a importância da realização de experimentos controlados para a obtenção de dados empíricos confiáveis. (2) - Nicolau Maquiavel (Florença, 3 de Maio de 1469 — Florença, 21 de Junho de 1527): foi um historiador, poeta e diplomata italiano, reconhecido como fundador da prática política moderna, pelo fato de haver escrito sobre o Estado e o governo como realmente são e não como deveriam ser.
  • 12. As doutrinas Aristotélicas haviam sido incorporadas à visão de mundo cristã alguns séculos antes em decorrência da obra de São Tomás de Aquino(3), substituindo o Platonismo vigente até então, sendo consideradas como Dogmas absolutamente inquestionáveis principalmente nos campos da Física e da Ética. Consequentemente, qualquer tentativa deliberada de confrontá-las era punível com a sentença de morte nas fogueiras da Inquisição; o que constituía um obstáculo intransponível para que os avanços sociais e culturais necessários pudessem transcorrer livremente, condenando todas as pessoas que viveram durante aquela época (conhecida como Idade Média) a experimentarem um dos períodos históricos de maior estagnação e recrudescimento de suas condições e qualidade de vida, higiene e costumes. Ainda que estivesse certo sobre muitas coisas, Aristóteles(4) não era perfeito; suas conclusões e até mesmo observações sobre fenômenos físicos chegavam a ser ridiculamente constrangedoras! Por exemplo, ele acreditava por convicção (e subseqüentemente também as autoridades eclesiásticas que sucederam a Tomás de Aquino, por força da tradição) que objetos de diferentes pesos caiam a velocidades diferentes, ou ainda que a realidade fosse dividida em “dois mundos”; o sub-lunar (o nosso imperfeito e transitório) e o sobrenatural (3) - São Tomás de Aquino (Roccasecca, 1225 — Fossanova, 7 de março 1274): foi um padre dominicano, teólogo, distinto expoente da tradição escolástica, proclamado santo e posteriormente cognominado Doctor Angelicus pela Igreja Católica. (4) - Aristóteles (Estagira, 384 A.C. - 322 A.C.) foi um filósofo grego, aluno de Platão e professor de Alexandre, o Grande, considerado um dos maiores pensadores de todos os tempos e foi quem primeiro dissertou sobre as regras do raciocínio lógico.
  • 13. (um paraíso perfeito e imutável), acima e além da Lua. Galileu foi o homem que ousou combater essas crenças com a força dos fatos. Para atingir esse objetivo ele realizou experimentos na torre inclinada de Pisa, sua cidade natal, derrubando ao mesmo tempo objetos de diferentes pesos, submetendo-os ao campo gravitacional terrestre, provando experimentalmente que caiam ao chão na mesma velocidade; desse modo refutando magistralmente o pensamento Aristotélico e, por tabela (ainda que não intencionalmente), a autoridade da Igreja Católica sobre assuntos terrenos. Ele foi também o primeiro a apontar um telescópio para os céus, encontrando evidências objetivas de uma gama de fenômenos inexplicáveis segundo os paradigmas vigentes até então, ao observar fases em Vênus, manchas solares, montanhas na Lua, satélites em Júpiter, cometas, meteoritos. Em um curto espaço de duas semanas, o cosmos se descortinou perante os olhos atentos daquele ser humano, que encontrou então dentro de si o estímulo para desconsiderar quaisquer preocupações com a sua auto-preservação; a ponto de se sentir compelido a tentar mudar a posição do Papa em relação à validade das doutrinas de Aristóteles. Seu argumento: que a Ciência experimental, então conhecida como “Filosofia Natural”, deveria ser o único método acatado para nos direcionar às verdades sobre o mundo e que o propósito da Bíblia fosse
  • 14. reconhecido como o de, apenas, ensinar um dos caminhos como alcançar, neste mundo, o acesso ao “próximo”; a salvação. Em suas próprias palavras: parecer “Não seria talvez senão mais sábio e útil parecer não acrescentar à Escritura outros artigos sem necessidade, além dos concernentes à salvação e ao fundamento da Fé, contra cuja firmeza não há perigo algum de que possa surgir jamais doutrina válida e eficaz?” Por essa ousadia, quase foi condenado a perecer nas chamas da Inquisição, como inclusive chegou a ocorrer com seu genial conterrâneo, o monge Giordano Bruno(5) que, diferentemente de Galileu, se recusou a abjurar sua doutrina da Infinitude dos Mundos quando teve oportunidade. Ele havia concluído que o Sol é uma estrela como qualquer outra e, pelo mesmo raciocínio, que haveria incontáveis planetas habitáveis além deste, o que colocava a Igreja em uma situação problemática; afinal, como as autoridades eclesiásticas poderiam garantir que cada um desses planetas teria sido também, ou seria ainda, visitado por Jesus? Na base do argumento de Galileu estava a tese de que a Igreja, a teologia, as crenças religiosas, formavam uma espécie de Tecnologia para o Controle Social fundamentada em componentes metafísicos ou abstratos e que, portanto, a Ciência e seu método, concebidos como (5) - Giordano Bruno (Nola, 1548 — Roma, Campo de Fiori, 17 de fevereiro de 1600): foi um teólogo, filósofo, escritor e frade dominicano italiano, condenado à morte na fogueira, pela Inquisição romana, por heresia. Mestre na arte da memória, foi também um grande polemista.
  • 15. a Tecnologia para a descoberta de padrões de recorrência das Leis matemáticas e universais da Natureza, deveriam possuir completa autonomia para realizar o objetivo a que se propunham. Novamente, em suas próprias palavras: “A filosofia encontra-se escrita neste grande livro que encontra- nossos continuamente se abre perante os nossos olhos (isto é, o Universo), que não se pode compreender antes de entender a conhecer língua e conhecer os caracteres com que está escrito. Ele está escrito em língua matemática, os caracteres são triângulos, circunferências, e outras figuras sem cujos meios é impossível entender humanamente as palavras; sem eles nós vagamos perdidos dentro de um obscuro labirinto.” Analogamente a Galileu, mas em um outro campo do conhecimento, Nicolau Maquiavel também ousou confrontar os Dogmas da Igreja Católica, questionando a aplicabilidade dos parâmetros éticos propostos por Aristóteles no mundo da Política. Ele afirmava que o governante deve ser capaz de utilizar qualquer recurso, desde a mentira e a manipulação, à dissimulação e até a traição de seus companheiros, para governar corretamente; em suma, que poderia distanciar-se do comportamento exigido pela Igreja para o homem de bem, alegando (com sua conhecida citação) que “os fins justificam os meios”. Implícito neste raciocínio está o mesmo argumento de Galileu; que a Religião é uma forma de Tecnologia para estabelecer Controle Social,
  • 16. fundamentada em componentes metafísicos ou abstratos, e que a Política, ou melhor, as distintas formas de Governo, consistiam em um conjunto alternativo de Tecnologias para o Controle Social, puramente embasadas em componentes de ordem prática. Citando-o textualmente: “Há certas qualidades que o príncipe poderia ter (inclusive me atreverei a dizer que se as têm e as observa, sempre são prejudiciais), prejudiciais), porém, se aparenta tê-las são úteis; por exemplo, tê- parecer clemente, leal, humano, íntegro, devoto e de fato sê-lo, sê- ânimo que, porém, ter o ânimo predisposto de tal forma que, se for sê- necessário não sê-lo, possa e saiba adotar a qualidade contrária.” Considerando a importância desses dois pensadores nas Revoluções cientificas, políticas, sociais e culturais, que se seguiram desde então, analisarei neste contexto as Tecnologias de Controle Social supracitadas, a Religião e as formas de Governo, me focando mais precisamente no modo como a evolução de nosso conhecimento científico altera suas estruturas e instituições; e vou sugerir novos modelos, Tecnologias, para a Religião e o Governo do futuro...
  • 17. A RELIGIÃO DO FUTURO A Religião do futuro deverá ser universal, no seguinte sentido, independentemente de como e onde, por quem ou se, uma pessoa tenha sido educada, o conteúdo desse sistema de crenças deverá ser significativo; podendo ser assimilado naturalmente por ela sem que seja necessário recorrer à intimidação para convencê-la. Também deverá ser plenamente compatível com o método científico, o que implica que deva ser indistinguível de uma boa “obra de ficção científica”; coerente com os paradigmas atuais da comunidade científica internacional (ainda que os extrapole circunstancialmente), para evitar um confronto direto entre sistemas de crenças válidas em diferentes campos de discurso (o factual e o metafísico). E deverá ser de livre interpretação, além de moral e eticamente neutra, para não interferir no modo como as pessoas decidem, coletivamente, levar as suas vidas em uma sociedade onde se dissemina um laicismo cada vez mais radical. Como afirmava o célebre Albert Einstein(6), de forma memorável e sem qualquer cerimônia ou traço de proselitismo: (6) - Albert Einstein (Ulm, 14 de Março de 1879 — Princeton, 18 de Abril de 1955): foi um físico teórico alemão radicado nos Estados Unidos. Em 2009, 100 físicos renomados o elegeram como o mais memorável físico de todos os tempos.
  • 18. “O espírito científico, fortemente armado com seu método, não existe sem a religiosidade cósmica. Ela se distingue da crença das multidões ingênuas que consideram Deus um Ser de quem Deus castigo, esperam benignidade e do qual temem o castigo, com uma espécie de sentimento exaltado da mesma natureza que os laços do filho com o pai, um ser com quem também estabelecem relações pessoais, por respeitosas que sejam. Mas o sábio, bem convencido, convencido, da lei de causalidade de qualquer acontecimento, decifra o futuro e o passado submetidos às mesmas regras de necessidade e determinismo. A moral não lhe suscita problemas com com os deuses, mas simplesmente com os homens. Sua religiosidade consiste em espantar-se, em extasiar-se diante da em espantar- siar- extasiar Natureza, harmonia das Leis da Natureza, revelando uma inteligência tão superior que todos os pensamentos humanos e todo seu engenho não podem desvendar, diante dela, a não ser seu nada irrisório. dela, Este sentimento desenvolve a regra dominante de sua vida, de sua coragem, na medida em que supera a servidão dos desejos egoístas. Indubitavelmente, este sentimento se compara àquele que animou os espíritos criadores religiosos em todos os tempos.” Deverá, além disso, ser também ser uma fonte inesgotável de discernimento, ainda que possua certo fator alienante, constituindo um refúgio da rotina altamente estressante da atualidade, dando origem a uma sensação de temporalidade e causalidade transcendentais quando nos dedicamos a sua prática; e o único sistema de crenças que se qualifica, dentre todos os disponíveis, adequando-se firmemente a cada um desses critérios e requisitos fundamentais, em uma análise pormenorizada de nosso passado recente, é a Matemática! Em primeiro lugar faz-se necessário ressaltar que a Matemática não constitui uma disciplina científica; é, portanto, um sistema de crenças.
  • 19. Sim, muitas pessoas erroneamente atribuem a ela o título de “Ciência dos Números”, mas isso é um equívoco compreensível. Segundo o critério de demarcação de Karl Popper(7), que é embasado na noção de falseabilidade, só podemos distinguir as teorias científicas daquelas que não possuem qualquer poder de previsão se as submetermos a testes de validação embasados em sua refutabilidade. Ou seja, algum conceito ou conjunto de idéias só leva legitimamente a designação de “Ciência” se tivermos como formular experiências, em lugares ou circunstâncias controladas, que as puderem refutar; tudo o mais não passa de pressuposições metafísicas a princípio desqualificáveis. Não vemos, no entanto, matemáticos seguindo procedimentos análogos. Uma teoria matemática é demonstrada (assim permanecendo indefinidamente) tão somente pelo raciocínio; e, embora o método científico dependa largamente de teorias matemáticas para organizar, refletir e tentar explicar a estrutura intrínseca aos dados colhidos em experimentos, ainda assim ela não deve ser considerada uma Ciência. Logo, ainda que estes conjuntos de Axiomas(8), possam ser (7) – Karl Popper (Viena, 28 de Julho de 1902 — Londres, 17 de Setembro de 1994): foi um filósofo da ciência austríaco naturalizado britânico. É considerado por muitos como o filósofo mais influente do século XX a tematizar a Ciência. (8) Um axioma é uma sentença ou proposição que não é provada ou demonstrada e é, no entanto, considerada como óbvia ou como um consenso inicial necessário para a construção ou aceitação de uma teoria. Também não podem ser refutados.
  • 20. tomados como as Escrituras Sagradas de uma Religião, está garantida sua total compatibilidade com a metodologia aplicada pelos cientistas. A Matemática é também universal, não há uma Matemática para cada cultura ou agrupamento étnico em nosso planeta, muito pelo contrário, grupos culturais e étnicos possuem rigorosamente o mesmo pensamento matemático, ainda que estivessem isolados uns dos outros por milênios; como a população nativa do Continente Americano e os europeus, o quê é comprovado pela descoberta de geoglifos na Amazônia indistinguíveis dos polígonos descritos pelos gregos antigos e arquivados em pergaminhos de ensino matemático. O que mais pode haver, então, tão próximo a um ideal de VERDADE ABSOLUTA, do que a Matemática? Existem até mesmo casos em que pessoas tiveram, simultaneamente, os mesmos insights em relação a um problema sem que tivessem jamais se encontrado, como constatam os relatos sobe a criação do Cálculo, infinitesimal e integral, por Leibniz(9) e Newton(10) ou as descobertas de Abel(11) e Galois(12)., causando várias confusões. (9) Gottfried Wilhelm von Leibniz (Leipzig, 1 de julho de 1646 — Hanôver, 14 de novembro de 1716): foi um filósofo, cientista, matemático, diplomata e bibliotecário alemão. (10) Sir Isaac Newton (Woolsthorpe, 4 de janeiro de 1643 — Londres, 31 de março de 1727): foi um cientista inglês, mais reconhecido como físico e matemático, embora tenha sido também astrônomo, alquimista, filósofo natural e teólogo. (11) Niels Henrik Abel (Nedstrand, 25 de Agosto de 1802 — Froland, 6 de Abril de 1829): foi um matemático norueguês. (12) Évarist Galois (Bourg-la-Reine, 25 de outubro de 1811 — Paris, 31 de maio de 1832): foi um matemático francês.
  • 21. Uma cópia bem preservada da Proposição 47, também conhecida como Teorema de Pitágoras, do Livro I dos Elementos de Euclides. Publicada no Século IX. Geoglifos são vestígios arqueológicos representativos de desenhos geométricos de grandes dimensões sobre o solo. Devido ao desmatamento, há alguns anos foram encontrados na região da Amazônia brasileira, mais precisamente no Estado do Acre. Sua função original é desconhecida, mas especula-se que eram tidos como sagrados, o que implica que a Geometria e a Matemática eram partes integrantes dos Mitos dos Povos Nativos da Floresta e constituíam a base da legítima Religião desta Nação.
  • 22. Mas a Matemática é inventada ou desvendada, existindo antes de vir à cabeça de alguém, independentemente de seus pensamentos, de acordo com os princípios do Platonismo-Pitagórico(13)? (13) Pitágoras de Samos (supostamente entre 570 e 497 A.C., mas não há evidências de sua exitência): filósofo grego radicado na Itália. Era dedicado a estudos matemáticos, além de reconhecidamente ter sido um reformador religioso e fundador de uma comunidade iniciática onde era tido como profeta; a Escola Pitagórica, que santificava toda a vida. Eles também se interessavam por questões filosóficas e tinham profundo interesse intelectual sobre diversos temas, dentre estes se destacavam a Aritmética e a Geometria. Pitágoras criou um sistema global de doutrinas, cuja finalidade era descobrir a harmonia que preside à constituição do Universo e traçar, de acordo com ela, as regras da vida individual e do governo das cidades. Foi quem cunhou as palavras "Filósofo" e "Matemática", acreditava na metempsicose, ou seja, a transmigração da alma de um corpo para o outro após a morte, e descobriu que se dividirmos uma corda esticada em variados tamanhos vamos obter vibrações proporcionais que vão formar a harmonia das notas musicais. Se essas notas forem divididas em determinadas frações e a combinadas com as notas simples, obtemos sons melódicos, já frações diferentes produzem sons que não podem ser considerados prazerosos. Sua cosmologia, estreitamente vinculada à esta religião astral, foi o ponto de partida das várias doutrinas que os gregos formulariam, pressupondo o universo harmonicamente constituído por astros que desenvolvem trajetórias imutáveis, presos à esferas concêntricas. A geometrização do cosmo estava aliada, no pitagorismo, às concepções musicais também desenvolvidas pela escola: essa "harmonia matemática das esferas", permanentemente soante e que pode ser concebida como uma melodia. Acreditavam também que este som geralmente não é percebido pelas pessoas porque o escutamos desde que nascemos e nossos ouvidos, além de acostumados, não são próprios para percebê-lo; ou seja, seria a própria tessitura do que consideramos o "silêncio". Partindo dessas idéias, o pitagorismo pressupunha uma identidade fundamental, de natureza divina, entre todos os seres. Essa similaridade profunda entre os vários entes existentes era sentida pelo homem sob a forma de um "acordo com a Natureza", que era qualificada como uma "harmonia", garantida pela presença do divino em tudo. Natural que dentro de tal concepção o mal seja entendido sempre como desarmonia. A grande novidade introduzida certamente pelo próprio Pitágoras foi a transformação do processo de libertação da alma em um esforço puramente humano, porque basicamente intelectual. A purificação ou salvação resultaria do trabalho intelectual, que se esforça para descobrir a estrutura numérica das coisas e tornar, assim, a alma semelhante ao cosmo; entendido como unidade harmônica, sustentada pela ordem e pela proporção, e que se manifesta como beleza. A escola praticava rituais de purificação através do estudo da Matemática e da Astronomia. Eles propuseram também a relação da Matemática com assuntos abstratos como a Justiça, desenvolvendo assim um misticismo em torno dos números que foi adotado posteriormente por Platão como base de sua doutrina das formas. Consideravam que os números constituíam a essência de todas as coisas, que o Universo era governado pelas mesmas estruturas matemáticas que governam os números e que estes simbolizavam a harmonia; essa harmonia ou ordem que percebiam analisando a Natureza. Assim, para eles o cosmos é organizado através de uma ordem matemática e a prova disso são os movimentos perfeitos das estrelas, as mudanças de estações e a alternância entre o dia e a noite. Assim como o dia e a noite, existem diversos opostos, que são conciliados pela diversidade entre si. Este princípio matemático, de que a essência da harmonia é regida pelos números, é irrefutável mas, no entanto, não pode ser demonstrado, o que gerou grandes controvérsias no mundo antigo. Apesar desses impasses - e talvez por causa deles - o pensamento pitagórico evoluiu e se expandiu, influenciando praticamente todos os aspectos o desenvolvimento da cultura grega e permanecendo conosco até hoje como a própria base do método científico. Em seus estudos concluíram também que a Terra é redonda e que gira em torno de seu eixo.
  • 23. Isso ninguém pode responder; o fato é que parece haver um ordenamento matemático em todas as coisas, e se Deus é um matemático, ou a Matemática é a própria essência da realidade em que estamos inseridos, isso ainda é uma questão em aberto... Aponto apenas um pronunciamento de Kepler(14) cuja opinião, admiravelmente bem colocada, compartilho sem restrições: eterna "A Geometria existia antes da criação. É tão eterna como o Geometria Deus pensamento de Deus. A Geometria deu a Deus um modelo para a Geometria Deus! criação. A Geometria é o próprio Deus!" Que a Matemática é moral e eticamente neutra é fácil perceber, não há qualquer menção à conduta humana, a crimes ou castigos em teorias matemáticas. Mas ela é, inegavelmente, uma fonte de discernimento; é na Matemática que surgiram noções como igualdade, proporção e harmonia, das quais se serve o Direito para garantir que a Justiça seja o resultado do estabelecimento de uma ordem social. Já imaginou uma sociedade onde o princípio da igualdade não vale (escravidão), onde a sentença não é proporcional ao crime (totalitarismo) ou onde o objetivo não é a paz e o bem comum (anomia)? Todos esses direitos existem por conta da Matemática! (14) Johannes Kepler (Weil der Stadt, 27 de dezembro de 1571 — Ratisbona, 15 de novembro de 1630): foi um astrônomo, matemático e astrólogo alemão e figura chave da revolução científica do século XVII. É mais conhecido por formular as três leis fundamentais da mecânica celeste, codificada posteriormente por seus seguidores; ele também forneceu os fundamentos da teoria da gravitação universal de Isaac Newton, ao modelar o movimentos dos planetas não como círculos, como pensava-se anteriormente, mas como elipses.
  • 24. No século XVI, o astrônomo alemão Johannes Kepler tentou encontrar uma relação entre os cinco sólidos e os seis planetas que eram conhecidos na época: Mercúrio, Vênus, Terra, Marte, Júpiter e Saturno. Kepler pensou que os dois números estavam conectados, isto é, que a razão pela qual havia somente seis planetas era porque existiam somente cinco sólidos regulares. Em sua obra, ao lado, de clara inspiração pit agórica, ent itulada de Myst eriu m Cosmographicum, Kepler apresentou um modelo do sistema solar onde os cinco sólidos platônicos eram colocados um dentro do outro, separados por uma série de esferas inscritas, na seguinte ordem: primeiro o octaedro seguindo-se o icosaedro, o dodecaedro, o tetraedro e, finalmente, o cubo. Ele conjecturou que as razões entre os raios das órbitas dos planetas coincidiam com as razões entre os raios das esferas. Seu modelo, contudo, não era sustentado por dados experimentais e acabou sendo alterado, com elipses ao invés de círculos concêntricos modelando suas trajetórias. Os nomes sólidos platônicos ou corpos cósmicos foram dados devido a forma pela qual Platão em um diálogo intitulado Timeu, os empregou para explicar a Natureza. Platão associa cada um dos elementos clássicos (Terra, Ar, Água e Fogo) com um poliedro regular. Terra é associada com o cubo, Ar com o octaedro, Água com o icosaedro e Fogo com o tetraedro. Com relação ao quinto sólido platônico, o dodecaedro, ele escreve: “Faltava ainda uma quinta construção que o Demiurgo utilizou para organizar todas as constelações do céu.” Aristóteles introduziu uma quinta essência, o Aéter, e postulou que os céus eram feitos deste elemento, mas ele não teve interesse em associá-lo com o quinto sólido de Platão, como os pitagóricos já haviam feito, muito provavelmente porque ambos jamais concordavam sobre aspectos fundamentais de suas respectivas doutrinas.
  • 25. Mas para se ter uma idéia verdadeira de como a Matemática corresponde a uma fonte de enobrecimento espiritual, um refúgio sagrado, devemos ter uma vivência em primeira mão dessa benção, devemos experimentar a sensação de ser um matemático; e para isso não basta aprender a Matemática, buscar conhecimento já formalizado, pois é isso que faz um simples estudante! Não, devemos aguçar a nossa intuição, ousando nos dedicar a encontrar a resposta para relevantes problemas matemáticos em aberto; deixando que a busca por essa solução nos encaminhe, motive e direcione a nossa pesquisa de novos conceitos e técnicas, só então perceberá a Matemática e a realidade com os olhos de um matemático. E assim compreenderá o Nada como a Origem de Tudo, o Espaço como a Fronteira Final, o Infinito como a Incógnita Suprema, a Harmonia como a Simetria da Forma e o Acaso, como a Aleatoriedade do Caos... Todos esses termos mencionados anteriormente são conceitos abstratos aos quais os seres humanos, independentemente de seus costumes, credo ou nível educacional, tendem a atribuir significados místicos, transcendentais ou sobrenaturais; situando-os, portanto, no campo de discurso teológico. No entanto, é trivial perceber como cada um desses conceitos pertence legitimamente à Matemática, tendo sido incubados através de um longo processo intuitivo envolvendo
  • 26. matemáticos de diferentes tradições, que nada tinham a ver uns com os outros além da adoção de métodos investigativos similares, tendo sido posteriormente interpretados por místicos como importantes componentes ontológicos integrantes de seu pensamento teológico. O último ponto que evidencia a similaridade da Matemática com os sistemas tradicionais de crenças religiosas, está, curiosamente, no fato de que a Matemática possui o poder de tornar efetivas as promessas dos sacerdotes das demais Religiões. Onde as Religiões prometem milagres e culpam-nos pela falta de Fé quando estes não ocorrem conforme programado, diariamente a Matemática nos oferece milagres (ou pelo menos aquilo que teria certamente sido considerado como tal pelos nossos antepassados) por meio da Tecnologia, que pode ser considerada como um aspecto concreto de abstrações matemáticas, um testemunho de sua aplicabilidade. A mesma Tecnologia que cura enfermos, alimenta multidões, aproxima as pessoas, melhora a nossa qualidade de vida, aumenta a inteligência de nossas crianças, veste, abriga, diverte e nos permite ascender aos céus nas asas de nossa imaginação; não há limites para o que é tecnologicamente viável para a humanidade, se houvesse uma quantidade suficiente de matemáticos competentes em nosso meio, uma massa crítica de mentes pesquisando, idolatrando, a Matemática. E é exatamente isso que resultará de sua adoração, de sua adoção como a RELIGIÃO DO FUTURO!
  • 27. A DESCOBERTA DA MATEMÁTICA COMO ALGO SagradO Vou publicar aqui, sem a devida autorização, mas pleiteando a compreensão do autor por essa falta de cortesia, um texto do ex- professor de Matemática da USP Piotr Koszmider, que trata sobre esse tema, e então compartilharei a minha perspectiva pessoal sobre esta que pode ser considerada a “Rainha das Ciências”: Matemática - uma missão de construções mentais Sendo náufragos dos mares de culturas, abandonados numa ilha da modernidade, somos destinados a formar a nossa espiritualidade com nossas próprias mãos. Os idiomas da Matemática contêm a substância da Arte, Religião e Ciência e ao mesmo tempo do esporte na forma de jogos mentais lúdicos. "Seja L uma reta infinitamente comprida", "Seja M um espaço onde alguns pontos diferentes são identificados", "Seja f uma deformação infinitamente lisa" nos introduzem no mundo onde realiza-se um drama parecido com aquele das fugas de Bach ou telas de Kandinsky: uma metáfora do mundo esboçada através de meios simples, desafiando a humanidade, desafiando-nos para um confronto espiritual - construção matemática. "Os pontos do contínuo espacial não podem ser arranjados numa seqüência", "todos inteiros positivos podem ser fatorados em números primos", "existem curvas contínuas, não lisas em nenhum ponto" ressoam como "você vai nascer contra a sua vontade, você vai morrer contra a sua vontade e você vai ser responsável contra a sua vontade" e definem nosso mundo onde a liberdade é dada a nós, porém não estamos aqui para nos divertir, mas estamos aqui para desempenhar a nossa missão.
  • 28. A missão, como fazer o bem ou descobrir a verdade, aqui é demonstrar teoremas, definir os conceitos, participar na abertura do livro dos segredos divinos que trata dos tais marcos miliários como infinidade, espaço, ordem, caos, números, forma, mudança. Como Arte ou Religião, na forma do teatro de rua ou procissão da páscoa, Matemática também é um jogo ou esporte (até profissional) na forma de quebra cabeças e adivinhação. Ironicamente, os mais mágicos lados da Matemática podem ser vistos na relação dela com as Ciências e Tecnologia. Para chegar ao computador, avião ou tomógrafo foram necessários séculos de pensamento matemático. É mágico que precisamos imaginar algo infinito e abstrato para conquistar o mundo finito e concreto. Agora voltando a falar a meu respeito; desde pequeno a Matemática exerceu uma enorme fascinação sobre mim. Os números, sua seqüência interminável, as dízimas periódicas com seus adoráveis padrões repetitivos, formas geométricas com a divina proporção ou razão áurea(15) que introduzem em nosso espírito um ideal de beleza, pureza e uniformidade, operações como a simplificação e a montagem de sistemas de equações com sua dinâmica própria que por vezes remetia a passes de mágica; tudo isso marcou muito a minha infância causando uma impressão avassaladora que perdura até os dias de hoje. (15). Relativamente a esta divisão, temos o seguinte princípio: para que um todo dividido em duas partes desiguais pareça belo do ponto de vista da forma, deve apresentar a parte menor e a maior a mesma relação que entre esta e o todo. A escola pitagórica estudou e observou muitas relações e modelos numéricos que apareciam na natureza, beleza, estética, harmonia musical e outros, sendo esta a mais importante Se quiséssemos dividir um segmento AB em duas partes, teríamos uma infinidade de maneiras de fazê-lo. Existe uma, no entanto, que parece ser mais agradável à vista, como se traduzisse uma operação harmoniosa para os nossos sentidos. Corresponde ao número irracional Ф = ( 1 + sqrt 5 ) / 2.
  • 29. Havia algo de inefável por trás daqueles gráficos, que pareciam adquirir vida própria, como se simbolizassem uma presença que emanasse a partir deles.. Mas outras coisas ocupavam a minha mente. Sempre fui muito ligado à metafísica e ao misticismo, não especificamente a qualquer Religião pré-estabelecida, porém buscando entender os mistérios do sobrenatural, conhecer as mitologias e as lendas dos diversos povos; as suas histórias, tradições e superstições. Com a expansão da consciência, que resulta desse tipo de estudo, percebe-se que a criação que foi dada pela sua família, em sua escola, e reforçada pelas interações que você manteve durante a maior parte da sua vida, não lhe preparou completamente para um convívio harmonioso com pessoas que tenham nascido em outras localidades e que foram educadas de modo distinto. Talvez o mesmo ocorra independentemente de onde nascemos e que seja assim em toda parte; nenhum sentimento de amor pela humanidade em geral está sendo incutido na mente das crianças, e por essa razão milhões de pessoas acabam sendo condenadas a mortes estúpidas e horrendas em áreas de conflito religioso, na defesa dos interesses particulares de líderes políticos dos variados grupos extremistas que mais se beneficiam disso. Um dia entendi que essas distinções étnicas e culturais realmente não possuem qualquer relevância em um contexto mais abrangente.
  • 30. Existe algo na Matemática, ou melhor, na universalidade do conhecimento matemático que transborda além de qualquer fronteira física ou comportamental, relativizando esses traços superficiais que compõem nossa identidade coletiva primária, e nos despertam para um vínculo global que é compartilhado por todo ser humano. Não, vou além, por qualquer inteligência, seja ela orgânica, sintética, alienígena ou imaterial.. a Matemática é a mesma para todos! Na faculdade tive contato com pesquisadores que realmente vivem constantemente imersos em Matemática; e, por ter entrado relativamente tarde nesse curso, eu já tinha acumulado suficiente experiência de vida, inclusive sobre assuntos metafísicos e espirituais, para notar como a atitude daquelas pessoas perante a Matemática, e a pratica de pesquisas nessa área, é indistinguível da atitude de sacerdotes e místicos de tradições religiosas, tanto ocidentais quanto orientais, perante seus objetos de culto e adoração. Matemáticos se preocupam com coisas que a maioria de nós nem se dá conta de que existam, com coisas que estão além da nossa percepção, mas aquilo que resulta de seu trabalho tem enormes conseqüências práticas palpáveis para todos nós, independentemente de crermos em suas palavras ou não...
  • 31. A partir daí, me convenci de que a Matemática será inexoravelmente a única atividade tida como sagrada em algum ponto do futuro, e há anos venho trabalhando incessantemente na formulação de um movimento religioso de vanguarda, inovador em todos os aspectos, mas fundamentado nesta que considero a tradição espiritual mais antiga da humanidade. A única que realmente merece o título de verdadeira! Queria dar uma real dimensão da importância da aquisição de conhecimento matemático para as pessoas e vocês sabem como isso funciona; a menos que seja considerado sagrado, a população em geral não tem o devido apreço ou respeito em relação a um conjunto de conhecimentos abstrato ou teórico. É muito comum, até como uma ferramenta didática, explorar a relação existente entre a Matemática e algum outro campo do conhecimento. Mas a maioria das pessoas geralmente escolhe a relação entre Matemática e as artes: os paralelos entre a composição musical e a estrutura de uma teoria matemática, ou entre a relação de espaços e formas em um estilo de pintura e os gráficos de funções complexas. Dificilmente fazem uma associação direta entre Matemática e os sistemas de crenças espirituais que foram sendo desenvolvidos pelas sociedades ao longo das eras.
  • 32. Apesar disso, existem muitos pontos de intersecção entre a história das religiões e a Matemática, o que parece sustentar a viabilidade de um estudo sistemático que classifico como Teologia Matemática. O mais fascinante dentre eles talvez seja a origem da Teoria dos Conjuntos, relacionada à transição do conceito de “infinito potencial” ao de “infinito real”. Nos trabalhos de Bernard Bolzano(16) e Georg Cantor(17), os pais da Teoria dos Conjuntos, encontramos inúmeras referências teológicas, cuja análise ainda desempenha um papel importante na compreensão dessa teoria. As perguntas essenciais a serem consideradas enquanto interpretamos teologicamente os conceitos matemáticos e a interação existente entre eles são: "O que é a Matemática?”, “Quem sou eu?” e “Como minha vida pode ser transformada por esse complexo conhecimento sem fim?”. O autor pressupõe que o conhecimento matemático é por natureza teológico e que todo o apanhado de literatura Matemática deve ser lido e interpretado dentro deste enfoque.. (16) Bernard Placidus Johann Nepomuk Bolzano (Praga, 5 de Outubro de 1781 - 18 de Dezembro de 1848): foi um teólogo que pesquisou problemas ligados ao espaço e ao infinito. (17) George Ferdinand Ludwig Philipp Cantor (São Petersburgo, 3 de Março de 1845 — Halle, 6 de Janeiro de 1918): foi um matemático russo de origem alemã, conhecido por ter elaborado a moderna teoria dos conjuntos. Foi a partir desta teoria que chegou ao conceito de número transfinito, incluindo as classes numéricas dos cardinais e ordinais, estabelecendo a diferença entre estes dois conceitos, que são problemáticos quando se referem a conjuntos infinitos.
  • 33. O GOVERNO DO FUTURO O ponto fundamental para se compreender a natureza do Governo do futuro é reconhecer o seu caráter de mutabilidade, ou seja, que há mais de um modelo de Governo futuro, cada um melhor adaptado para o estágio civilizatório no qual deverá ser implantado. Mas é importante também perceber que essas formas de Governo (que geralmente se impõem através de um processo revolucionário espontâneo e incontrolável) são inevitáveis, podendo ser considerados como resultado direto da evolução social, cultural, cientifica e tecnológica da humanidade; mais do quê a obra de um indivíduo, grupos ou associações, iluminados pela graça divina. Nesse aspecto, sou um mero arauto do que está por vir, ao invés de um visionário, um profeta, pois detectei um padrão de regularidade; tudo isso já ocorreu anteriormente e virá a acontecer novamente! Originalmente, os agrupamentos humanos eram escassos e isolados, constituindo-se por meio de tribos e clãs nômades. Sabemos pouco sobre a organização social e política, se tanto, de nossos antepassados, mas as hipóteses correntes pressupõem uma isonomia reinante; todos eram iguais entre si e tinham idênticos direitos, responsabilidades e competências. Todas as decisões que afetavam a vida dessas pessoas eram tomadas de comum acordo, em assembléias
  • 34. públicas, e a decisão coletiva era a única que possuía qualquer legitimidade. Registros históricos corroboram essas conclusões como, por exemplo, as conchas usadas nas votações realizadas nas cidades- estado da Grécia Antiga. Era costume, naquela época, que os cidadãos mais célebres, os mais ricos e competentes, fossem afastados temporariamente da comunidade onde habitavam, para impedir que exercessem uma influência desmedida sobre os seus compatriotas. Essa espécie de exílio, que costumava durar uma década, recebeu o nome de ostracismo devido ao modo como essa decisão coletiva era tomada: qualquer indivíduo poderia convocar uma assembléia, atuando como “denunciante” e apresentando o caso aos demais cidadãos, que por sua vez escolhiam pequenos pedaços de conchas (as ostrakon - ὄστρακον, de onde se origina o termo ostracismo) de diferentes cores, para representar o seu voto. Vamos dizer que conchas escuras significavam a aprovação da proposta do denunciante e brancas a sua reprovação. Ao final da votação, os pedaços de conchas depositadas em uma urna com o nome do denunciado eram contadas, a decisão seria então conhecida por todos e poderia ser verificada, que é mais o importante, por qualquer participante de modo independente.
  • 35. Esse sistema é muito mais seguro do que a mera tomada subjetiva de opiniões e continua a ser utilizado até os dias de hoje, em plena modernidade, nos tribunais do júri popular; porque somente surgiu em decorrência de inovações tecnológicas que haviam sido descobertas em um período anterior e que ainda permanecem válidas; o princípio da contagem (Matemática) assim como a invenção de um alfabeto (Linguagem). É o verdadeiro espírito da Democracia Direta; que significa o governo do povo, pelo povo e para o povo. No entanto, os mesmos fatores que possibilitaram a sua criação levaram inevitavelmente à sua superação; as inovações tecnológicas, que são atualizadas sem cessar, pressionam a civilização a adequar-se a elas. Novas Tecnologias como a agricultura, o arado, o comércio, a cerâmica e a metalurgia aperfeiçoaram a vida em sociedade estimulando o crescimento populacional como nunca antes. Esse crescimento populacional, por sua vez, inviabilizaria a realização de assembléias públicas como aquelas que vigoravam no passado, pois simplesmente não havia mais condições de colocar todos os participantes em um mesmo espaço físico, para realizar as votações necessárias. E assim foi criada a Democracia Representativa, um sistema de Democracia Indireta na qual assembléias locais ou regionais são realizadas para decidir quem estaria em condições de representar a
  • 36. sua tribo, o seu clã, a sua comunidade ou facção, servindo de porta-voz de seus anseios e decisões em uma Assembléia Geral a ser realizada em condições privilegiadas. A partir daí o desastre se tornou inevitável! Embora deva ressaltar que a Democracia Indireta e Representativa não é essencialmente falha, é fato notório que a cada um desses intermediários (da voz da maioria a que representavam) estava facultada a escolha de agir conforme os ditames e a vontade de seus eleitores ou de agir gananciosamente em benefício próprio; e ai está a origem da corrupção, que se tornou um dos problemas mais insuportáveis da vida moderna, afetando todos os aspectos de nossa rotina e perpetuando a desigualdade e a injustiça social. Isso porque na escolha de nossos representantes é impossível, senão por retrospecto, saber se realmente estavam comprometidos com o bem comum ou se buscavam apenas o poder, por objetivos mesquinhos e egoístas, tornando as eleições um grande circo, um concurso de popularidade, carisma, simpatia; em vez de uma análise mais aprofundada das competências e condições morais, éticas, psicológicas e cognitivas que cada candidato apresenta possuir. Platão(18) foi um excelente crítico dessa tendência populista (18) Platão (Atenas, 428 – Atenas, 347 A.C.): foi um filósofo e matemático do período clássico da Grécia Antiga, autor de diversos diálogos filosóficos e fundador da Academia em Atenas, a primeira instituição de educação superior do mundo ocidental.
  • 37. desabonadora de Democracias Representativas, em sua analogia ao “barco do Governo”, onde afirma que os melhores e mais competentes candidatos (os filósofos e os cientistas) via de regra serão sempre preteridos em benefício dos mais hipócritas, desonestos e desavergonhados de seus concorrentes: “Imagina, pois, que acontece uma coisa deste gênero, ou em vários navios ou num só: o capitão, superior em tamanho e em força a todos os que se encontram na embarcação, mas um tanto surdo e com a vista a condizer, e conhecimentos náuticos da conhecimentos mesma extensão; os marinheiros em luta uns contra os outros, por causa do leme, entendendo cada um deles que deve ser o piloto, sem ter jamais aprendido a arte de navegar nem poder aprendizado, indicar o nome do mestre nem a data do seu aprendizado, e ainda por cima asseverando que não é arte que se aprenda, e estando prontos a reduzir a bocados quem declarar sequer que se pode aprender; estão sempre a assediar o capitão, a pedir-lhe o leme pedir- e a fazer tudo para que este lhes seja entregue; algumas vezes, se algumas não são eles que o convencem, mas sim outros, matam-nos, a matam- atiram- esses, ou atiram-nos pela borda fora; reduzem à impotência o honesto capitão com drogas, a embriaguez ou qualquer outro meio; tomam conta do navio, apoderam-se da sua carga, bebem e apoderam- regalam-se a comer, navegando como é natural que o faça gente egalam- dessa espécie; ainda por cima, elogiam e chamam marinheiros, pilotos e peritos na arte de navegar a quem tiver a habilidade de ajudá- ajudá-los a obter o comando, persuadindo ou forçando o capitão; a quem assim não fizer, apodam-no de inútil, e nem sequer quem apodam- percebem que o verdadeiro piloto precisa de se preocupar com o ano, as estações, o céu, os astros, os ventos e tudo o que diz respeito à sua arte, se quer de fato ser comandante do navio, a governá lo, ná- fim de governá-lo, quer alguns o queiram quer não — pois julgam que não é possível aprender essa arte e estudo, e ao mesmo tempo a de comandar uma nau. Quando se originam tais acontecimentos nos navios, não te parece que o verdadeiro piloto lunático será apodado de palrador, lunático e inútil pelos navegantes de embarcações assim aparelhadas?”
  • 38. Essa é uma tragédia que se estende até os dias atuais e se faz sentir com ainda maior intensidade em paises culturalmente atrasados e tecnologicamente defasados como o Brasil, cujo cenário político é completamente dominado e contaminado por corruptos que desonram essa nação; traidores da pátria sem um mínimo de pudor e moderação, que se mantêm no poder através de sucessivas e ilimitadas reeleições, às custas da manutenção da ignorância de seus eleitores, que, se tivessem recebido uma educação privilegiada, jamais os teriam elegido... Estou falando de nossos digníssimos parlamentares! Mas eis que, novamente, a roda gira, os séculos passam, e é inaugurada a ERA DA INFORMAÇÂO, com a criação do computador, a ferramenta, o aparelho, a máquina, mais versátil de todas; e com ela, mais precisamente com a interligação de redes de computadores e o estabelecimento de protocolos de comunicação entre eles, surgiu a Internet, um espaço virtual onde a interação entre as pessoas pode se dar em um nível não presencial, uma espécie de “reunião astral”. A partir de então, a implantação de um sistema eletrônico de deliberação, uma Assembléia Digital no ciberespaço, que resgate a essência da Democracia Direta de nossos antepassados é mera questão de tempo! Dou a esse sistema de Governo do futuro o nome de DEMOCRACIA DIRETA DIGITAL e a sua implantação depende de uma
  • 39. profunda alteração na nossa Constituição que modifique um dos princípios basilares de nosso Governo, a divisão dos três Poderes institucionais (o Poder Executivo, o Poder Legislativo e o Poder Judiciário); o que é prerrogativa de um parlamentar. Então me encontro em uma posição curiosa, até mesmo paradoxal, de ser um candidato a um cargo do Legislativo (no caso Deputado Federal nessas próximas eleições) que se compromete, caso seja eleito e receba suficiente apoio da população para que a implementação de seus planos seja bem sucedida, a dissolver o Congresso para transferir diretamente ao povo a competência e a responsabilidade de um parlamentar; por meio da criação de um ambiente online onde todos possam se encontrar ao mesmo tempo para discutir de forma não-presencial e resolver que rumo dar aos destinos da nação, sem ter que recorrer a intermediários, políticos corruptos e desonestos que visam apenas o seu beneficio próprio ao serem eleitos. Mas, como nos bem mostra a Matemática, por exemplo, o fascinante teorema de Banach-Tarski, que atesta ser possível gerar duas esferas maciças a partir de uma só, com as mesmas proporções da original, através da simples movimentação no espaço de um número finito de suas partes (cinco já bastam, contanto que sejam suficientemente complexas); resultados paradoxais não são, necessariamente, indício suficiente de contradições.
  • 40. Quanto à viabilidade de meus planos para me eleger, só posso recorrer a um outro resultado formidável da Matemática Moderna, o Lema de Borel-Cantelli, que implica que qualquer objetivo aparentemente impossível de ser obtido pode decorrer de um esforço constante e incansável. E, como explicitei na sessão anterior deste documento; se existe algo em que tenho Fé, absoluta certeza, é no que me revela a Matemática. Voltando a tona esse assunto, é necessário apontar que a maioria das pessoas, atualmente, não pensa desse modo. Tendo vivido na mais profunda miséria e ignorância, no decorrer de suas vidas, não buscaram refúgio na Matemática (até por falta de oportunidades de ensino básico de qualidade), mas em todo tipo de crendices e superstições disseminadas pelas Religiões tradicionais; por mais absurdas que fossem, contanto que aliviassem o drama de seu sofrimento. Assim, nessas atuais circunstâncias, garantir a estas pessoas tanto poder político quanto está implícito no estabelecimento da Democracia Direta Digital (desconsiderando ai o modo como a inclusão digital dessa população será equacionado e executado; o que já adianto será possível com a economia dos recursos desviados por políticos e a verba do Poder Legislativo, que atualmente alcança o montante de dezenas de bilhões de anuais), não seria perigoso?
  • 41. A população não tenderia a passar leis prejudiciais, em última análise, ao seu bem estar, ameaçando a estabilidade de nossa sociedade e até mesmo a própria sobrevivência desta coletividade? Sim, sou o primeiro a reconhecer esse fato, mas defendo que há uma alternativa, uma maneira de contornar esse problema! O que precisamos fazer é adaptar a solução encontrada pelos fundadores da República Islâmica do Irã para impedir que as leis propostas em assembléias legislativas confrontassem os desígnios de seu profeta Maomé(19), contidos no Al-Corão. Vejamos, o Al-Corão proíbe o consumo de bebidas alcoólicas, e é tomado como a fonte principal de iluminação dos princípios constitucionais dessa República Islâmica, mas qualquer Constituição pode ser mudada pela assembléia legislativa instituída após a sua promulgação; como impedir que o regime jurídico vigente fosse finalmente alterado, uma vez que a maioria da população desejasse o término dessa proibição? A resposta encontrada foi o estabelecimento de um grupo de cléricos com poder de veto sobre as leis aprovadas pela assembléia que, em tese, representaria a vontade suprema da maioria da população; o que implica que a arquitetura institucional do Governo (19) Maomé (Meca, 570 — Medina, 8 de Junho de 632): foi um líder religioso e político árabe, fundador da religião islâmica.
  • 42. iraniano corresponde a uma Teocracia, assim como também é o próprio Vaticano, sede mundial da Igreja Católica. No original, Teocracia significa “governo divino”. Nesse sentido, ela é definida como o governo em que justificativas de ordem espiritual direcionam a estrutura hierárquica do Estado juridicamente instituído. O mais comum é que o chefe político receba o status de representante direto de alguma divindade, no entanto já ouve casos em que este chegava a assumir a condição de deus encarnado. Ao avaliarmos os registros históricos de diversas civilizações da Antiguidade, notamos como a Teocracia teve uma grande importância para a formação da identidade cultural e da organização política de alguns povos. O exemplo mais famoso desse tipo de governo ocorreu no Egito Antigo, quando o faraó era adorado como o filho do deus-sol Amon-Rá e reconhecido como a encarnação de Hórus, o deus-falcão. Para os egípcios, a oferenda de sacrifícios e a felicidade pessoal dos faraós eram fundamentais na manutenção de uma relação saudável com todas as outras divindades. No caso dos hebreus, a concepção de Teocracia era tomada por outras características. Sendo uma cultura monoteísta, não admitiam que seus líderes políticos alcançassem à condição de divindades. Em decorrência disso, a tais líderes era reservada a importante função de intermediar a relação do povo com o seu deus-único. No Antigo
  • 43. Testamento, existem vários relatos onde os dirigentes políticos hebreus justificavam suas ações diretamente pela orientação fornecida por seu Deus através da voz de santos profetas. A despeito do que muitos pensam, algumas experiências políticas de caráter teocrático se desenvolveram com algum nível de sucesso até mesmo no mundo contemporâneo. O Vaticano, como disse anteriormente, ainda hoje é uma Monarquia Teocrática; antes do final da segunda Guerra Mundial, o imperador japonês era considerado divino, um descendente da deusa Amaterasu; e, mais recentemente, uma revolução colocou os aiatolás no controle do governo iraniano. Em outros contextos, apesar de não observarmos a Constituição de uma Teocracia de fato, percebemos que a fundamentação religiosa ainda exerce enorme peso em algumas situações do cotidiano. Mesmo em algumas democracias, os candidatos que não assumem nenhum tipo de opção religiosa perdem uma quantidade expressiva de votos da população. Além disso, existem vários casos em que determinado indivíduo alcança algum cargo político por conta do apoio de alguma instituição religiosa ou pela indicação de determinada liderança clerical. Trazendo essa solução para o sistema em discussão, o que proponho é que os nossos melhores matemáticos, cientistas (físicos, químicos e biólogos), filósofos, engenheiros de software e programadores, componham um Conselho Nacional com garantias de
  • 44. veto sobre qualquer lei aprovada pelas assembléias públicas formadas na Internet pelos cidadãos; condicionando essa responsabilidade à apresentação de pareceres completos que serão divulgados para toda a imprensa internacional e consequentemente também às comunidades acadêmicas de todo o planeta; que atuarão no sentido de controlar a qualidade técnica dos pareceres, assegurando a legitimidade do sistema. Ou seja, deverão utilizar-se de critérios racionais, exatos, objetivos e totalmente desprovidos de qualquer preconceito ou parcialidade para analisar as leis aprovadas pela maioria antes de vetá-las ou validá-las; detectando se são auto-contraditórias (como no caso de uma lei aprovada exigir que se acredite em algo ou alguma entidade sobrenatural, o que é impossível haja vista que não temos a capacidade de decidir em que acreditaremos honestamente), se contrapõem-se as Leis da Natureza (por exemplo, uma proposta para construção de um túnel submarino que ligue o Brasil à África, sendo que devido a deriva das placas continentais essa distância aumenta continuamente), ou se podem ser consideradas matematicamente inconsistentes (imagine as conseqüências catastróficas decorrentes do aumento da inflação se for decidido que o valor salário mínimo deve ser multiplicado 100, um milhão de vezes de um dia para o outro). Agora peço que avaliem esse ponto detalhadamente, alguém poderia afirmar que essa “TECNO-TEOCRACIA” não é verdadeiramente uma Democracia, mas apenas uma oligarquia disfarçada, quase uma dinastia aristocrática, talvez uma ditadura dos
  • 45. mais inteligentes e cultos, ou (com boa vontade) uma meritocracia acadêmica em que uma parcela ínfima da população acumula poderes praticamente absolutos. Mas, ora, percebam como esse argumento é improcedente; qualquer ser humano pode se tornar um matemático com suficiente esforço e dedicação, inclusive já na flor de sua juventude! Evidências disso são incontestáveis, como o caso dos matemáticos Niels Abel e Evariste Galois, mencionados em outra sessão; e o mesmo pode se dizer de nosso atual sistema? Ou ele privilegia a manutenção dos privilégios de famílias, grupos sociais, políticos, econômicos e partidários sectários que nada tem de democrático em sua essência? Em nosso atual sistema de Governo, um jovem ainda que brilhante, é naturalmente convidado a participar de um grupo de pessoas influentes, sem que para isso deva comprometer seus ideais? Acredito que isso é quase impossível, além do fato de que as pessoas que alcançam o poder político acabem se tornando modelos, o referencial das próximas gerações. E o que queremos para o nosso futuro: uma multidão de dissimulados, de enganadores e mentirosos desonestos, ou um exército de intelectuais e sábios, pensadores competentes e argumentadores coerentes?
  • 46. Se a Revolução da Democracia Direta Digital ocorrer no Brasil, dentro de poucas décadas nos tornaremos a nação mais avançada do planeta em todas as categorias, tecnológicas, culturais e sociais, e temos amplas condições de fazê-lo! Somos o país com maior participação nas redes sociais da Internet como o Orkut ou o Twitter, com mais acelerado crescimento da telefonia celular de banda larga, temos uma população das que mais tempo passa online; também temos uma tradição de instabilidade constitucional, ou seja, aceitamos naturalmente a falibilidade de nossos agentes constituintes e estamos sempre prontos para propor um novo ordenamento jurídico, mais compatível com a nossa realidade (algo que não ocorre em nações da América do Norte ou da Europa, por exemplo, com um maior grau de desenvolvimento econômico e social; onde as constituições são preservadas imutáveis com certo zelo que se aproxima do religioso, reservado para as coisas sagradas). E, há males que vêm para bem, somos explorados por uma classe política indecente, sujeita a graves denúncias e altos escândalos nos meios de comunicação de massa quase diariamente, o que só contribui para que o nosso povo esteja propenso a arriscar novas alternativas a esse sistema de Democracia Indireta Representativa decrépito e obsoleto; do qual, francamente, todos exceto aqueles que mais se beneficiam de suas irregularidades e omissões já se fartaram...
  • 47. Porém, como disse anteriormente no inicio desta sessão, a Democracia Direta Digital é perfeita, mas o seu prazo de vigência não será ilimitado! Novas descobertas, inovações tecnológicas, no futuro distante, inexoravelmente a tornarão imprópria. Podemos apenas tentar adivinhar quais serão elas; embora, muito provavelmente, estejam relacionadas à exploração espacial e à colonização de nossa galáxia. Notem que qualquer encarnação da Democracia Direta é viável justamente porque permite a interação de todos os cidadãos a um só tempo, no mesmo local, ainda que este constitua um espaço virtual onde a participação se dá de modo não-presencial. Só que, se a humanidade estiver ocupando diversos planetas em diferentes sistemas solares, orbitando estrelas anos luz de distância umas das outras, a comunicação instantânea será uma impossibilidade, pois nenhuma informação pode ser encaminhada a velocidades superiores à da luz (exceto no caso de nossos futuros cientistas serem capazes de criar atalhos para essa informação, pontes de Eisntein- Podolsky-Rosen, túneis que conectem instantaneamente regiões desconexas do espaçotempo, mas não vou entreter essa hipótese para manter o texto em um nível técnico acessível ao publico leigo em geral); o que implica que colônias teriam que esperar décadas, talvez milênios para resolver qualquer assunto pendente que exigisse uma votação coletiva envolvendo todas as colônias humanas de outros setores de nossa galáxia e até mesmo, quem sabe, de outras galáxias.
  • 48. Isso significa que os nossos descendentes de diversos planetas jamais poderão participar, simultaneamente, de uma mesma “Assembléia Galáctica”! Simplesmente não haverá como, então o sistema de Governo desse longínquo estágio de nossa civilização (o estágio cósmico) consistirá necessariamente no retorno à uma outra forma de Democracia Representativa. Ou talvez a solução encontrada seja inédita; a fabricação de uma série de seres artificiais, cérebros sintéticos que acumularão o conhecimento dos nativos de cada colônia, verdadeiras inteligências planetárias, regentes responsáveis por guiar a humanidade de sua posição inquestionável, praticamente divina... O que surpreenderia a Thomas Jefferson(20), autor da Declaração de Independência Americana, que afirmou em seu discurso inaugural: “Às vezes, é dito que o homem não pode ser confiado com o seu próprio governo. Pode ser, então, confiado com o governo dos outros? Ou teremos encontrado anjos em forma de reis para o governar? Deixemos a história responder a esta pergunta.” pergunta.” Pois, se encontra-los ainda permanece uma impossibilidade, ainda nos resta a alternativa de construí-los.. (20) Thomas Jefferson (Shadwell, 13 de Abril de 1743 — Monticello, 4 de Julho de 1826): foi um advogado e político dos Estados Unidos, terceiro presidente desse país. Além de estadista foi também filósofo político, revolucionário, e reconhecido autor do Iluminismo.
  • 49. Não sabemos e também não cabe a mim elencar essas hipóteses, isso será o trabalho de pessoas muito mais competentes do que o autor deste manifesto, que virão a existir caso o plano para o GOVERNO DO FUTURO aqui apresentado seja levado em consideração e finalmente implementado. PERGUNTAS E RESPOSTAS 1) Essa maioria poderá causar prejuízos a si mesmos e a nós? Definitivamente sim, isso é uma possibilidade. 2) A liberdade de imprensa é dispensável com a internet? Muito se fala em liberdade de imprensa, que é indispensável, um sinal da saúde de determinada democracia. Mas isso abre as portas para que interesses estrangeiros se consolidem em território nacional, são grandes empresas internacionais que utilizam dos meios de comunicação para sustentar seus interesses escusos que se opõem ao bem estar do nosso povo.
  • 50. A Internet vem substituindo a imprensa escrita que era, até o final do século passado, considerada como o "Quarto Poder Público", e se a mantivermos absolutamente livre, poderá fazê-lo de modo ainda mais efetivo! Dizem ainda que os jornais e as revistas periódicas serão extintas em pouco tempo, devido ao impacto ecológico decorrente da produção de papel e a distribuição desses produtos. Então, quanto tempo levará até que a Internet substitua também o Terceiro Poder, o Legislativo, o congresso Nacional, agora que fóruns de discussão online como o Orkut permitem a interação, o livre diálogo, e o arquivamento integral dos processos deliberativos definidos entre milhões de participantes em tempo real? O que acabará dando cabo do próprio Poder Judiciário também, pelo menos no modo como é estruturado atualmente; porque assim que tivermos um sistema jurídico dinâmico, com a votação e deliberação diária de propostas de lei e reformas constitucionais com um caráter mais experimental, para que precisaremos de nobres jurisconsultos? Quando surgir a Tecnologia de acesso à Internet por celular, ou pela TV digital, ou pela rede elétrica, quando 100% do eleitorado tiver acesso a esse fórum de discussão, então se tornará inevitável que as pessoas exijam de volta os poderes legislativos que atualmente dão de mão
  • 51. beijada para os maiores facínoras dentre nós. Basta que a primeira geração que já nasceu com o acesso a essas tecnologias alcance a idade suficiente para obterem seus títulos de eleitor. 3) No mundo, uma porcentagem ínfima da população tem acesso à Internet e menos da metade disso tem inteligência para aproveitá- la de maneira ideal, como resolveremos isso? Quem vai ensinar as pessoas mais ignorante que pouco, ou quase nada, sabem mexer em computadores? Ai estamos entrando no problema da assimetria da riqueza e do desenvolvimento urbano nas diferentes regiões de nosso planeta. É exatamente por isso que proponho esse sistema, para alcançar a igualdade social; essas pessoas finalmente terão uma voz ativa para efetivar mudanças em sua realidade local! A implantação desse sistema levará à mudanças estruturais em toda a rede de ensino público, as crianças não precisarão mais do acompanhamento direto de professores e vão realizar a maioria de suas atividades acadêmicas pela Internet. Isso vai liberar um grande número de profissionais das redes de ensino público, professores e professoras de todas as series da rede de escolas municipais e estaduais (que já é devidamente capilarizada) para atuarem nesse sentido; erradicando o analfabetismo dos adultos, divulgando as informações e efetuando o treinamento necessário, para que essas pessoas se habituem ao uso
  • 52. do computador em suas vidas. 4) E se faltar energia ou internet na hora da votação? Vai ter recontagem de votos? Sim, devo destacar o caráter dinâmico que a utilização dessa tecnologia permite. Nossas leis não serão mais estáticas e homogêneas tanto temporal quando espacialmente. Qualquer lei que tenha sido aprovada poderá ser invalidada e substituída, conforme seja vontade da Assembléia Cidadã. Isso torna redundante e ineficaz toda tentativa de manipulação, interferência ou panes no processo de deliberação e na aprovação de leis do sistema que sugiro. 5) E se der problema no servidor? Quem paga a conta da estrutura digital? E quem não quiser pagar a conta? O ideal seria que o Estado utilizasse o orçamento do Poder Legislativo em um extenso projeto de inclusão digital, que oferecesse acesso e hospedagem gratuitos, banda larga pela rede elétrica, cobertura wimax por todo o território nacional, assim como computadores descartáveis e ecologicamente corretos, a qualquer cidadão. Seria ainda melhor se pudessemos construir uma intranet física, com cabos de fibra ótica conectando todo terminal de computador, Ai sim a
  • 53. segurança total estaria absolutamente garantida. 6) E se ocorrer uma erupção solar que chegue a terra e acabe com as comunicações do planeta, como ocorreu no Canadá, em 1985, que deixou parte de Otawa sem energia durante uns três dias? Não proponho uma anarquia total, e sim uma Democracia radical. Ainda que o Poder Legislativo tenha sido dissolvido, estão inclusos nesse sistema o Poder Judiciário (manutenção da ordem estabelecida) e o Poder Executivo (centro administrativo centralizado). Contanto que os meios de comunicação sejam restabelecidos em tempo, não haverá nenhuma distinção entre o que aconteceria agora se isso ocorresse e o que vai acontecer quando esse sistema já tiver sido implantado; a única diferença é que as leis estáticas que vão valer durante esse período refletirão mais a vontade da população do que as leis atuais o fazem. 6) Estamos aptos para escolher por nós mesmos? Se estamos aptos ou não, essa não é a questão, até porque já fazemos indiretamente essas escolhas ao selecionar entre nós alguns para atuar como nossos representantes parlamentares. A questão é que podemos agora, com o auxílio da Tecnologia, retirar do processo esses intermediários corruptíveis para que as nossas escolhas reflitam mais fielmente as nossas expectativas, nossas vontades!
  • 54. Todos preferem mudanças suaves, períodos de transição graduais em vez de alterações bruscas em suas rotinas. É por isso que tenho confiança de que, embora a maioria seja formada por uma massa de pessoas ignorantes, quando tomadas individualmente, suas decisões coletivas serão surpreendentemente sensatas e racionais, quando tiverem a competência legal e a responsabilidade moral de decidir por si mesmos em vez de delegar a representantes falíveis e corruptíveis esse poder. 7) Fale mais sobre as reformas que propõe, quais são elas? Defendo a dissolução do Poder Legislativo, substituindo-o por uma espécie de “Orkut estatal”, em que cada um de nós represente a si próprio, em vez de votar em parlamentares para decidir as leis as quais devemos nos submeter. Muito mais segura, a deliberação online, permitirá a cada cidadão participar através da TV digital ou do aparelho celular (assim, como usualmente, pela Internet discada, banda larga, lan-houses ou redes wireless abertas), decidindo por meio de referendos de iniciativa popular e pesquisas de opinião que serão propostas pelo próprio cidadão, para que possamos aproveitar toda a criatividade de nosso povo no estabelecimento das medidas governamentais e do sistema jurídico vigente..
  • 55. As discussões e deliberações que atualmente são feitas no Congresso passarão a ser realizadas nesse fórum de discussão aberto, possivelmente de participação anônima; e, quando houver consenso, essas decisões serão então incorporadas à estrutura hipertextual de uma “Wikipedia estatal” onde se registrará o regime jurídico dinâmico de nosso país, estando esse sujeito a alterações em tempo real, conforme decisão da maioria dos participantes. Para isso, o governo deverá garantir acesso gratuito à rede pela tecnologia wimax em todo território nacional. Quando fizermos isso, estaremos em posição de garantir que cada ser humano possa alcançar a totalidade de seu potencial inato.. 8) Como funcionará o fórum que substituirá o Congresso Federal? Esse sistema eleitoral será acessado através de um programa, que cada cidadão deverá instalar no seu computador. Só que, se fosse apenas isso, sempre iria pairar duvidas sobre a legitimidade do processo, e a possibilidade de fraude, correto? Então, abriremos a "caixa"!
  • 56. Esse programa de acesso não será desenvolvido por um grupo de técnicos, que poderiam ser corrompidos, ele será desenvolvido por toda a sociedade; isso se chama software de código livre. O código fonte de cada versão estará disponível livremente para o download na Internet, e caberá ao usuário compilar esse código na sua própria máquina o que garantirá que nenhuma linha de comandos maliciosos estará embutida no programa a ser executado. Assim, fica impossível de você não saber o que exatamente o programa pode fazer, todas as suas funcionalidades, porque você vai poder ler cada linha da programação e conferir por si mesmo! Mas é claro que não podemos exigir de cada cidadão, que conheça a linguagem de programação na qual o software é desenvolvido, no entanto, hoje a Ciência da Computação é algo tão fundamental para a sociedade em geral, que sempre se poderá encontrar algum amigo, um vizinho ou conhecido, que saiba "ler" esse programa e tenha suficiente competência para dar um parecer sobre a sua legitimidade. Hoje até as crianças já se tornam hackers antes de aprender a escrever direito... Varias versões alternativas (porém compatíveis entre si) do programa que garante acesso ao fórum estatal de discussões serão
  • 57. desenvolvidas em código livre, através do trabalho voluntário de experts na área de Ciências da Computação e hackers também, para testar as fragilidades do sistema, funcionando como um híbrido entre o Orkut, o Second Life e o Opinion Space. 9) Quem vai garantir para o usuário que essa versão do programa de acesso ao fórum online que substituirá o congresso é realmente legitima? Alguma autarquia ou instituição federal? Não! O usuário dependerá de seus conhecidos, ou qualquer pessoa de sua confiança que entenda a linguagem de computação em que o software foi desenvolvido. Assim estaremos fortalecendo vínculos entre as pessoas e diminuindo sua dependência em relação ao Governo. O ideal seria que elas fossem capazes de julgar o código fonte por si mesmas, antes de compilar em sua máquina, mas caso contrário deverão recorrer à propaganda boca a boca, de qual versão do software disponível na Internet é a mais adequada para determinado grupo; por exemplo, para aqueles que acessam o fórum de discussão pelo celular, pela TV digital, pela Internet discada ou banda larga.
  • 58. Cada manifestação no fórum, ou seja, a comunicação entre o fórum e a máquina do usuário, se dará por meio de um processo semelhante ao do envio de emails, empregando o mesmo tipo de criptografia; permitindo a participação anônima de cada usuário, se este assim considerar conveniente. Se você confia na segurança e na privacidade das mensagens de email, certamente não vai estranhar esse sistema. Então, o cidadão comum não vai precisar confiar em nenhuma instituição, partidária ou governamental, vai ter apenas que confiar e, uma pessoa do seu convívio particular, para dizer se a Democracia Direta que proponho implantar foi efetivada com sucesso! Ou ainda, você poderá aprender essa linguagem de programação, e decidir por si mesmo as melhorias para que esse software funcione melhor, e garanta ainda mais segurança e eficácia ao processo de deliberação de nossa Democracia Direta Digital. 10) Todas as pessoas votariam em cada assunto? Não, nem todas as pessoas votariam em todos os assuntos. Primeiro haveriam votações para determinar quem está habilitado a votar em determinado assunto, e depois todas as pessoas que preenchem os requisitos desses critérios de seleção votariam e, a partir desse resultado, emergirá a nova lei.
  • 59. Por exemplo, em minha opinião, somente as mulheres em idade fértil deveriam votar sobre a legalidade e casos em que o aborto deveria ser permitido. Sobre o processo de filtragem e envio dos assuntos a serem votados, para mim cada proposta de lei deveria ser realizada através de pelo menos duas votações: - uma votação geral em que se decidiria quem esta qualificado para ter voz ativa na decisão desse item em particular. - uma votação restrita ao grupo de pessoas que se qualificam para decidir sobre esse assunto, determinando definitivamente o procedimento a ser adotado pela sociedade. Por exemplo: sobre a legalidade do aborto, deverá ocorrer uma votação que determine quem deve ser ouvido sobre essa questão: - todas as pessoas maiores de idade? -somente as mulheres maiores de idade? - somente as mulheres maiores de idade e que sejam férteis, ou seja, que possuem a capacidade em potencial de engravidarem?
  • 60. Outro exemplo: sobre a legalidade da pesquisa com células tronco embrionárias, quem deveria ser ouvido? - todas as pessoas maiores de idade? - somente as pessoas que poderiam ser beneficiadas por essas pesquisas? - somente as pessoas que atualmente sofrem de algum doença ou condição física que poderia ser remediada pela aplicação de técnicas que utilizem células tronco? Mais um: sobre a preservação de nossos ecossistemas, quem deveria ser ouvido sobre a concessão de licenças ambientais para uma obra de infraestrutura pública, como a construção de hidrelétricas no amazonas ou a transposição do rio São Francisco? - todas as pessoas que já tiraram o seu titulo eleitoral? - somente as pessoas que seriam beneficiadas por essas obras diretamente? - somente as pessoas que vivem nas imediações dos sítios de construção dessas obras?
  • 61. Talvez deva existir um registro dos comentários de cada participante nos tópicos e nas enquetes em que tomou parte defendendo sua opinião, e um aplicativo que permitisse aos demais usuários demonstrar a sua concordância ou insatisfação para com esses argumentos, de forma que os participantes com maior assiduidade e compatibilidade entre sua opinião e a voz da maioria acumulassem méritos que os qualificariam para participar da discussão de temas mais complexos, como a anulação ou substituição de clausulas pétreas da nossa Constituição, por exemplo. A participação será um dever cívico, e poderíamos sugerir penalizações para quem ficasse muito tempo sem fazer o login no sistema, ou ainda oferecer benefícios como desconto no imposto de renda para os participantes e voluntários que contribuírem mais assiduamente. 11) O que você defende não é semelhante ao Comunismo? Sim, essa proposta consiste basicamente em uma ditadura popular, com ressalvas. O comunismo na antiga União Soviética poderia ter sido implantado com sucesso se as tecnologias da Internet e das redes sociais online já tivessem sido implantadas, o que impediria que o poder político se concentrasse nas mãos de burocratas e líderes do partido comunista, sendo divido igualmente para cada cidadão.
  • 62. A Tecnologia altera, e em decorrência disso acaba definindo, os hábitos costumes e até mesmo as crenças das pessoas. Podemos imaginar que eventualmente existirão algoritmos capazes de deduzir, a partir de um questionário suficientemente extenso ou dos próprios registros da participação de cada eleitor, quais seriam as suas opiniões a respeito de determinado tema, como se fosse uma copia virtual de nossa consciência; embora certamente a correspondência entre nossas opiniões verdadeiras e as escolhas realizadas por esses simuladores de opinião permaneça muito precária nas próximas décadas, ou séculos, sempre restará ao participante a opção de anular ou reafirmar os votos realizados pelo seu simulador pessoal nas pesquisas de opinião em que decidir participar. Se já na próxima eleição a população eleger no Congresso uma bancada majoritária favorável à substituição da Democracia Representativa pela Democracia Direta Digital, indubitavelmente já existe a Tecnologia, a preços acessíveis com a maciça subvenção de recursos estatais, necessária para implementar esse sistema; no entanto, há graus de comprometimento de sua privacidade que deverão ser aceitos por cada cidadão para que isso funcione dentro dos limites atuais impostos por essa mesma tecnologia. Como disse anteriormente, a Tecnologia impõem hábitos e costumes aos agrupamentos humanos que empregam desses mecanismos, ditando o ritmo de desenvolvimento cultural e social.
  • 63. Podemos prever seguramente que futuras inovações tecnológicas possibilitarão a implementação desse mesmo sistema, ou algo muito próximo disso, porém garantindo uma maior privacidade aos seus participantes. Mas como levará ainda alguns anos para que isso transcorra, embora seja impossível antecipar essas inovações que são completamente imprevisíveis, creio ainda haver tempo para que nosso país obtenha condições de competitividade para se tornar, com sucesso, o proponente e catalisador dessa mudança revolucionária a nível global.
  • 64.
  • 65. CONCLUSÃO Quando alguém pensa em Revolução, logo imagina eventos sangrentos, recheados de morte e destruição. Pode-se dizer que toda Revolução tem como principal motivo a superação de determinada injustiça social... O próprio conceito de Revolução, ou seja, o que distingue uma Revolução de um golpe, ou tomada de poder, por exemplo, tem sua origem na drástica alteração da balança de poder, caracterizada na subseqüente partilha de poder por um número maior de indivíduos do que anteriormente. A revolução pode ser, portanto, considerada a salutar distribuição de poder social, político e econômico, obtida, violentamente em alguns casos, por uma parcela menos abastada da população. Mas há um outro tipo de Revolução de caráter puramente conceitual, que também pode alterar substancialmente o rumo da história. Estou falando das revoluções científicas. A Ciência é uma atividade universal, realizada diariamente por inúmeras pessoas, nos mais diversos contextos culturais e sociais, mas segue sempre um mesmo princípio, um mesmo método, o método científico, que consiste em confrontar as nossas hipóteses com experiências e testar a veracidade de nossas premissas, se os resultados obtidos nos testes empíricos que conseguirmos realizar
  • 66. corresponderem fielmente às conclusões, derivadas de um raciocínio matemático consistente, acabam sendo confirmadas. Das revoluções científicas, aquelas mais fabulosas, que alteram a forma como vemos o mundo e a nós mesmos, são chamadas de revoluções copernicanas. Como exemplos de revoluções copernicanas temos a própria proposição de um sistema heliocêntrico, divulgada postumamente pelo cônego polonês Nicolau Copérnico(21) em seu livro De revolutionibus orbium coelestium, que retirou o planeta Terra do destacado posto do centro do universo, outro exemplo foi à obra de Charles Darwin(22), a Origem das Espécies, que explicou em termos de mutações e adaptações a inquantificável biodiversidade de nosso planeta, que antes era vista como evidência de um criador que agia deliberadamente em vez de obra do acaso. Outra revolução que merece esse nome foi a descoberta da aceleração da expansão do universo, que deixou evidente o fato de que a matéria, do qual somos todos feitos, não é o componente principal do conteúdo energético cósmico - lembrem-se, matéria e energia podem ser convertidos um no outro através da conhecida equação de Einstein (21) Nicolau Copérnico (Toruń, 19 de Fevereiro de 1473 — Frauenburgo, 24 de Maio de 1543): foi um astrônomo e matemático polaco que desenvolveu a teoria heliocêntrica do Sistema Solar. Foi também cônego da Igreja Católica, governador e administrador, jurista, astrólogo e médico. (22) Charles Robert Darwin (Shrewsbury, 12 de Fevereiro de 1809 — Downe, Kent, 19 de Abril de 1882): foi um naturalista britânico que alcançou fama ao convencer a comunidade científica da ocorrência da evolução e propor uma teoria para explicar como ela se dá por meio da seleção natural.
  • 67. E = m*c^2 (energia = massa vezes o quadrado da velocidade da luz) - correspondendo apenas 4% do que existe no universo. Essas três revoluções compartilham o nome "copernicanas", porque alteraram profundamente o modo como encarávamos a nós mesmos e nosso propósito de nossa existência. O fato de a Ciência seguir o método científico, nos faz crer que talvez seja sempre assim: Um cientista adquire ou constrói um novo aparelho, vamos dizer; um prisma no caso de Newton, que permitiu com que ele decomposse a luz em seu espectro de cores, ou o telescópio como caso de Galileu, que possibilitou a ele observar ver a rugosidade da superfície da lua, o que contrariava as crenças de Aristóteles, ou ainda novos métodos de análise e interpretação dos dados obtidos por experiências anteriores. Mas o próprio caso paradigmático de revolução copernicana, a revolução de Copérnico, não foi motivada por nenhum experimento, ou novo método matemático. Poderia-se dizer que Copérnico escolheu colocar o sol no centro do sistema solar, para facilitar as contas, substituindo os infindáveis ciclos e epiciclos utilizados desde os tempos de Ptolomeu(23) (23) Ptolomeu (90 – 168): autor do Almagesto e formulador do sistema geocêntrico que permaneceu em vigor até a Idade Média, e colocava a Terra como o centro do Universo.
  • 68. para prever o movimento dos planetas, das estrelas e os eclipses. Mas isso não é a verdade! Os cálculos de Ptolomeu, embora complicadíssimos, eram ainda mais simples do que aqueles propostos por Copérnico... Então, o que levou um simples cônego a desafiar um dos Dogmas mais consagrados da igreja que ele próprio pertencia, os mesmos Dogmas que levariam Giordano Bruno a fogueira e Galileu a prisão domiciliar, ou muito pior, caso ele não tivesse voltado atrás em suas afirmações, se não foi um novo instrumento ou um novo tipo de cálculo? Copérnico foi motivado por fatores metafísicos. Uma passagem do próprio Copérnico explicita de maneira indubitável a sua inspiração metafísica ao colocar o Sol no centro do universo: "No meio de todos os assentos, o Sol está no trono. Neste belíssimo templo poderia nós colocarmos esta luminária noutra poderia colocarmos posição melhor de onde ela iluminasse tudo ao mesmo tempo? Chamaram- Chamaram-lhe corretamente a Lâmpada, o Mente, o Governador do Universo". Isso quer dizer que mesmo na Ciência, grandes revoluções podem começar com uma intuição, algo que sabemos intimamente ser a verdade, porém não sejamos capazes de argumentar explicitamente a respeito, deixando a novas gerações a tarefa de aprimorar essas idéias e chegar a novas conclusões testáveis, como foi o caso de Kepler; que,
  • 69. motivado por Copérnico, deduziu que as órbitas dos planetas não eram circulares, mas elípticas, com o Sol em um dos seus focos. Bom, me desculpem essa longa digressão, mas creio ter chegado ao ponto principal. Como cidadãos, estamos submetidos a um sistema de Governo que não atende às nossas necessidades e que não passa de um instrumento de manutenção do status quo e legitimação de nossa servidão. E TODOS OS POLITICOS ESTÃO ENVOLVIDOS.. os políticos que se elegem às custas da ignorância da população. A nossa sociedade é completamente ineficiente no controle de seus agentes políticos. Deixamos que os três Poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário), que deveriam ser independentes entre si, se misturarem em uma orgia pública; onde a imprensa evita, por via de regra, o seu papel de agente fiscalizador da legalidade das ações dos governantes, a menos que isso corresponda aos interesses dos grupos econômicos que bancam essas empresas de notícias. Não tolero mais essa conjuntura, e antes de permitir que a minha saúde, física e mental seja afetada, a lógica de meu raciocínio e o sentimento de auto-preservação determinam que devo levar adiante
  • 70. planos para reverter essa situação; ainda que estejam à margem da legalidade. Mas reconheço que não há nada que eu possa realizar sozinho. É nesse espírito de diálogo que desejei de realizar um intercâmbio de idéias com vocês, para analisarmos um assunto que considero ser de iminente importância para o projeto de civilização que pretendemos ver consolidado. Estou me referindo ao tema da implantação da Democracia Direta Digital, e a completa reformulação da estrutura institucional do Estado; a extinção do Poder Legislativo em todos os níveis - Federal, Estadual e Municipal - e a sua subseqüente substituição por um sistema realmente eficiente de deliberação, com um caráter muito mais dinâmico e aberto a experimentação. A Internet, assim como toda forma de tecnologia realmente revolucionária, por exemplo, o arado, a prensa tipográfica, a máquina a vapor, a bomba atômica; força uma recontextualização de todas as forças sociais. Nos encaminhamos, inevitavelmente, para a dissolução dessas arcaicas estruturas de poder representativas! Vamos mudar o sistema colocando nas mãos do cidadão o poder que atualmente é compartilhado exclusivamente pelos membros do Congresso, Deputados e Senadores.
  • 71. Quando isso acontecer, as leis de nosso país finalmente corresponderão as nossas expectativas, em vez de sofrerem interferência pelos canais da corrupção, a favor dos interesses de grandes corporações internacionais que visam o lucro e pouco se importam com o meio ambiente... Mas reconheço que ninguém sabe qual é o resultado da Democracia Direta Digital! Eu estaria mentindo se afirmasse que sei, mas tampouco os meus críticos podem afirmar o contrário, que seria ruim para a coletividade se o Poder Legislativo fosse dissolvido; os Vereadores, Deputados e Senadores destituídos de seus cargos e as suas funções passarem a compor a esfera de competência e responsabilidade do cidadão comum, munido de sistemas de comunicação em tempo real, como a internet, TV digital e celulares, para votar em conjunto e solucionar seus próprios problemas sem ter que recorrer a representantes corruptíveis e procedimentos onerosos.
  • 72.
  • 73. EPÍLOGO É muito comum ouvirmos falar sobre a Fé; sacerdotes a todo o momento atestam à importância da Fé e da crença em alguma divindade, escritores de livros de auto-ajuda abarrotam as livrarias alegando que antes de qualquer coisa devemos ter Fé e confiança em nós mesmos, e os relacionamentos íntimos se tornariam problemas insolúveis se não nos dispuséssemos a ter Fé e acreditar sem provas quando alguém afirma nos amar. Até mesmo no que se refere ao método científico, uma parcela de Fé também está envolvida. Sem a Fé em algum tipo de ordenamento natural das coisas, ou seja, que tudo o que existe se estrutura de acordo com princípios fundamentais que podem ser desvendados por nós seres humanos, não faria sentido as pessoas se devotarem à pesquisa em diversos campos da Física Teórica, que é o conjunto de disciplinas que se ocupam do estudo desses padrões de regularidade que chamamos de Leis da Natureza, e em decorrência disso não teríamos a nossa disposição nenhuma dessas tecnologias complexas com as quais estamos acostumados hoje em dia. Mas será que realmente possuímos a capacidade de selecionar as nossas crenças, de incrementar a nossa autoconfiança, de escolher quais juras de amor nos soam mais convincentes?
  • 74. Será que temos realmente a opção de duvidar da presença princípios estruturais fundamentais de acordo com os quais os fenômenos naturais se organizam? O que significa exatamente dizer que existem padrões de regularidade na natureza? Muitas pessoas são desfavoráveis à possibilidade da existência autônoma da Matemática, por considerarem ser essa a fundamentação de nossa crença na existência das Leis da Física (que parecem ser incompatíveis com a idéia de livre arbítrio), escolhendo acreditar que os conceitos matemáticos são inventados em vez de descobertos, e decidem conceber a realidade que observam como uma sucessão de eventos aleatórios aos quais atribuem o significado que preferirem. Mas o livre arbítrio pode ser compatibilizado com a existência dessas Leis no contexto do Multiverso, onde toda e qualquer realidade matematicamente consistente existe, independentemente de nossas mentes, se a passagem do tempo for compreendida como nula, e o tempo como um trânsito interdimensional através de infinitas realidades paralelas auto-similares (geradas através de um processo fractal). O que você seria capaz de arriscar para alcançar a Divindade? Você arriscaria seu emprego, os seus laços familiares, sua saúde ou a sua sanidade?
  • 75. Se vocês realmente confiarem nessas palavras, se tornarão como deuses imortais, capazes de construir a sua própria sorte e satisfazerem todos os seus desejos. Tudo que vocês precisam, para efetivamente alcançarem a divindade, é abandonar suas antigas e defasadas crenças religiosas e adotar uma nova visão de mundo, basta que passem a se dedicar com afinco ao estudo da Matemática! Podem se perguntar, como é possível correlacionar o aprendizado da Matemática a esse tipo de especulação teológica? É por isso que resolvi escrever esse livro, como um guia de estudos para quem quiser reconhecer a sua divindade, perceber a sua imortalidade e aprender como controlar o seu próprio destino...