Este documento descreve o Plano de Desenvolvimento da Educação de 2009, que tem como objetivo melhorar a qualidade da educação brasileira através de avaliações como o Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica (SAEB) e a Prova Brasil. O documento explica os objetivos dessas avaliações, como medem o desempenho dos alunos e como os resultados podem auxiliar na melhoria das políticas educacionais.
2. Presidência da República
Ministério da Educação/Secretaria de Educação Básica
Diretoria de Concepções e Orientações Curriculares para a Educação Básica
Coordenação Geral de Ensino Fundamental
Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep)/Diretoria
de Avaliação da Educação Básica
Coordenação-Geral de Instrumentos e Medidas
Coordenação-Geral do Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
Centro de Informação e Biblioteca em Educação (CIBEC)
Brasil. Ministério da Educação.
PDE : Plano de Desenvolvimento da Educação : Prova Brasil : ensino fun-
damental : matrizes de referência, tópicos e descritores. Brasília : MEC, SEB;
Inep, 2008.
193 p. : il.
1. Avaliação da educação básica. 2. Ensino fundamental. 3. Língua portugue-
sa. 4. Matemática. I. Brasil. Ministério da Educação. Secretaria de Educação
Básica. II. Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio
Teixeira. III. Título.
CDU 37.014.12
Projeto Gráfico
Leonardo Monte-Mór
Produção de conteúdos/Revisão
Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep)
3. APRESENTAÇÃO
ÍNDIcE 4
PROvA BRASIL E O DIREITO AO APRENDIzADO 6
1 O SISTEMA NACIONAL DE AvALIAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA (SAEB) 12
2 AS AvALIAÇÕES DA EDUCAÇÃO BÁSICA 14
2.1. Programa Internacional de Avaliação de Alunos (PISA) 14
2.2 Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) 14
2.3 Exame Nacional para Certificação de Competências de Jovens e Adultos - ENCCEJA 14
2.4 Provinha Brasil 15
2.5 O Saeb e a Prova Brasil 15
3 AS MATRIzES DE REFERÊNCIA DO SISTEMA NACIONAL
DA AvALIAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA – SAEB 17
3.1 As Matrizes de Referência do SAEB 17
3.2 Competências 17
3.3 Habilidades 18
4 LÍNGUA PORTUGUESA 19
4.1 Aprendizagem em Língua Portuguesa 19
4.2 Texto 19
4.3 Gêneros de discurso 20
4.4 Tipos textuais 20
4.5 Os diferentes usos da língua 20
4.6 As Matrizes de Referência de Língua Portuguesa: Tópicos e seus Descritores
4ª série/5º ano e 8ª série/9º ano do Ensino Fundamental 21
4.7 Exemplos de itens: da 4ª série / 5º ano do Ensino Fundamental – Língua Portuguesa 24
4.8 Exemplos de itens: da 8ª série/9º ano do Ensino Fundamental – Língua Portuguesa 56
4.9 Considerações finais – Língua Portuguesa 104
5 MATEMÁTICA 106
5.1 O que se Avalia em Matemática e por que se Avalia 106
5.2 A Matriz de Referência de Matemática: Temas e seus Descritores
4ª série/5º ano do Ensino Fundamental 106
5.3 Exemplos de itens: de 4ª Série/5º ano do Ensino Fundamental - Matemática 109
5.4 Matriz de Referência de Matemática: Temas e seus Descritores
8ª série/9º ano do Ensino Fundamental 151
5.5 Exemplos de itens: de 8ª série/9º ano do Ensino Fundamental – Matemática
5.6 Considerações finais - Matemática 154
6 REFERENCIAL BIBLIOGRÁFICO 196
4. APRESENTAÇÃO
Prezado(a) diretor (a), prezado(a) professor(a),
O Governo Federal, por meio do Ministério da Educação (MEC), lançou em 2007 o Plano
de Desenvolvimento da Educação (PDE) com o objetivo de melhorar substancialmente a edu-
cação oferecida às nossas crianças, jovens e adultos.
O PDE sistematiza várias ações na busca de uma educação eqüitativa e de boa quali-
dade e se organiza em torno de quatro eixos: educação básica; educação superior; educação
profissional e alfabetização.
A fim de mobilizar e impulsionar a sociedade para efetivar o PDE, foi criado o Plano
de Metas que estabelece um conjunto de diretrizes para que a União, os estados, o Distrito
Federal e os municípios, em regime de colaboração, conjuguem esforços para superar a ex-
trema desigualdade de oportunidades existente em nosso país. O Plano tem por objetivo criar
condições para que cada brasileiro tenha acesso a uma educação de qualidade e seja capaz
de atuar crítica e reflexivamente no contexto em que se insere, como cidadão cônscio de seu
papel num mundo cada vez mais globalizado.
No que tange à educação básica, as metas do PDE contribuem para que as escolas
e secretarias de educação possam viabilizar o atendimento de qualidade aos alunos. Isso,
porque para conseguirmos atingir as metas traçadas para a educação brasileira é necessário,
em primeiro lugar, que as iniciativas do MEC possam beneficiar as crianças na sala de aula.
Para identificar quais são as redes de ensino municipais e as escolas que apresentam
maiores fragilidades no desempenho escolar e que, por isso mesmo, necessitam de maior
atenção e apoio financeiro e de gestão, o PDE dispõe de um instrumento denominado Índice
de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb). O Ideb pretende ser o termômetro da quali-
dade da educação básica em todos os estados, municípios e escolas no Brasil, combinando
dois indicadores: fluxo escolar (passagem dos alunos pelas séries sem repetir, avaliado pelo
Programa Educacenso) e desempenho dos estudantes (avaliado pela Prova Brasil nas áreas
de Língua Portuguesa e Matemática).
O Ideb é um dos eixos do PDE que permite realizar uma transparente prestação de con-
tas para a sociedade de como está a educação em nossas escolas. Assim, a avaliação passa
a ser a primeira ação concreta para se aderir às metas do Compromisso e receber o apoio
técnico / financeiro do MEC, para que a educação brasileira dê um salto de qualidade.
Em relação à avaliação da educação básica brasileira, evidenciou-se a necessidade de
se apreender e analisar toda a diversidade e especificidades das escolas brasileiras. Em razão
disso foi criada a avaliação denominada Prova Brasil que possibilita retratar a realidade de
5. cada escola, em cada município. Tal como acontece com os testes do Sistema Nacional de
Avaliação da Educação Básica (Saeb), os da Prova Brasil avaliam competências construídas e
habilidades desenvolvidas e detectam dificuldades de aprendizagem. No caso da Prova Brasil,
o resultado, quase censitário, amplia a gama de informações que subsidiarão a adoção de
medidas que superem as deficiências detectadas em cada escola avaliada.
Os resultados do Saeb e da Prova Brasil (2005/2007) mostraram, com mais clareza e
objetividade, o desempenho dos alunos da educação básica, o que permite uma análise com
vistas a possíveis mudanças das políticas públicas sobre educação e de paradigmas utilizados
nas escolas brasileiras de ensino fundamental e médio.
O objetivo maior desta publicação é envolver docentes, gestores e demais profissionais
da educação nessa campanha de valorização e conhecimento do que são Saeb e Prova Brasil,
de constituição desse instrumento cognitivo de avaliação, de sua aplicação em 2009 e de sua
importância para o alcance das metas propostas pelo Ideb.
Esperamos, assim, contribuir para que o professor, os demais profissionais da área de
educação e a sociedade, como um todo, possam conhecer os pressupostos teóricos que em-
basam essas avaliações, exemplos de itens que constituem seus testes, associados a uma
análise pedagógica de itens baseada no resultado do desempenho dos alunos.
Particularizando o objetivo do caderno, a análise dos itens possibilita ao professor fa-
zer uma reflexão sobre a prática do ensino da leitura (Língua Portuguesa) e da resolução de
problemas significativos (Matemática) em sala de aula, cujos resultados refletem a aprendiza-
gem de todas as áreas do conhecimento trabalhadas na escola.
Os resultados do Saeb e da Prova Brasil são importantes, pois contribuem para dimen-
sionar os problemas da educação básica brasileira e orientar a formulação, a implementação
e a avaliação de políticas públicas educacionais que conduzam à formação de uma escola de
qualidade.
Acreditamos, pois, que você, professor, possa fazer uso desse instrumental para uma
reflexão sobre sua prática escolar e sobre o processo de construção do conhecimento dos
alunos, considerando-se a aquisição de conhecimentos e o desenvolvimento das habilidades
necessárias para o alcance das competências exigidas na educação básica.
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
SECRETARIA DE EDUCAÇÃO BÁSICA
INSTITUTO NACIONAL DE ESTUDOS E PESQUISAS EDUCACIONAIS ANÍSIO TEIXEIRA
6. PROvA BRASIl E O DIREITO AO APRENDIzADO 1
Direito ao aprendizado
O direito à educação, que durante longos anos no Brasil significou o direito de matrícula em
alguma escola, depois dos avanços recentes e da reflexão sobre direitos individuais consa-
grados na Constituição Federal de 1988, significa hoje o direito ao aprendizado. Em relação
ao aprendizado, ficamos com o equilíbrio e a beleza da proposta de Antônio Nóvoa, sociólogo
português:
“vale a pena ser ensinado tudo o que une e tudo o que liberta.
Tudo o que une, isto é, tudo o que integra cada indivíduo num
espaço de cultura e de sentidos. Tudo o que liberta, isto é, tudo
o que promove a aquisição de conhecimentos, o despertar do
espírito científico. [...] e tudo o que torna a vida mais decente”
Como são muitas as competências necessárias à cidadania, as diferentes estruturas edu-
cativas têm ênfases diferentes. Por exemplo, a família e a religião são forças tão poderosas
quanto a escola na formação da visão de mundo e dos valores de cada criança ou jovem. As-
sim sendo, a escola não pode ser responsabilizada sozinha por insucessos nessas áreas, mas
deve responder majoritariamente pelo eventual fracasso de seus alunos no aprendizado de
competências cognitivas. Embora o letramento em matemática e em ciências seja hoje con-
siderado básico em muitos países, usaremos neste texto apenas a competência leitora para
conduzir o nosso raciocínio, que estará focado na educação escolar básica.
Medida
O Brasil conta hoje com mais de 50 milhões de alunos matriculados em escolas de educa-
ção básica, todos, como argumentamos acima, com direito ao aprendizado de competências
cognitivas básicas e gerais. Diante disso, compete ao Estado definir uma maneira de verificar
se esse direito está garantido para cada um dos alunos. Parte dessa necessidade foi atendida
com a introdução da Prova Brasil, um instrumento de medida das competências leitora e
matemática aplicado em praticamente todas as crianças e jovens matriculados na quarta e
na oitava séries (quinto e nono anos) em 2005 e 2007. Tal Prova ocorre de dois em dois anos
e terá novas edições em 2009, 2011, e assim sucessivamente.
1
Este texto foi produzido pelo MEC com a colaboração do professor José Francisco Soares, membro do Grupo de
Avaliação e Medidas Educacionais (GAME), da Faculdade de Educação (FAE) da Universidade Federal de Minas
Gerais (UFMG)
7. A pertinência de dois elementos definidores da Prova Brasil - a padronização e o uso da me-
dida - precisa ser entendida. Como o direito ao aprendizado de competências cognitivas vale
para todos os alunos, fica excluída a possibilidade de definição deste direito de forma diferente
para diferentes grupos de alunos. Como conseqüência, o instrumento verificador do direito tem
de ser o mesmo. No entanto, considerando a variação natural presente nos seres humanos, se
aceita que, garantido um nível de domínio de cada competência, compatível com o exercício
da cidadania, alunos diferentes apresentem domínio diferenciado em uma dada competên-
cia. Em outras palavras, alguns alunos terão a competência leitora em nível mais avançado do
que outros, ainda que todos devam ler acima de um nível considerado adequado.
A medida da competência só é necessária pelo fato de serem muitos os alunos para os quais
o direito deve ser garantido. Se fossem apenas algumas dezenas, outros processos poderiam
ser pensados. Isso deixa clara a grande diferença entre a Prova Brasil, um instrumento do
Estado, e a avaliação da aprendizagem, um instrumento que o professor, no exercício de sua
autonomia, usa como uma de suas estratégias de ensino.
Importante observar que em outras áreas onde a ação do Estado é necessária para a garan-
tia de direitos, a idéia do uso de ações padronizadas já está consagrada. As campanhas de
vacinação são um exemplo. Parte-se do pressuposto de que todos têm direito a este serviço e
assim faz-se um enorme esforço para oferecê-lo de forma idêntica a todos os cidadãos.
Escala
Apesar do nome de prova, a Prova Brasil é, na realidade, um teste composto apenas de itens
calibrados e pertencentes a uma escala previamente definida. Este ponto é fundamental e
ainda não é completamente entendido.
Se o aprendizado da leitura é um direito, é necessário definir operacionalmente o que é saber
ler para uma criança de 11 anos ou um jovem de 14. A sociedade, diante dessa questão,
apresentaria um grande repertório de textos de gêneros, tamanhos, complexidade e temas
diferentes que, se lidos e entendidos, atestariam o domínio da competência leitora. Isto é es-
sencialmente o que é feito pela Prova Brasil para definir a escala de medida da competência
leitora, embora este grande repertório de textos não exista fisicamente. O importante é en-
tender que os textos que são lidos pelos alunos na Prova Brasil foram analisados previamente
e, quando o aluno acerta ou erra cada item, sabemos em que nível de leitura se encontra.
Cada aluno recebe uma nota que é expressa na escala de 0 a 500. Há razões técnicas para
uso desses números pouco intuitivos.
O que é um bom resultado na Prova Brasil
A nota em leitura de um aluno na Prova Brasil é classificada em 8 níveis. Este grande número
de níveis é usado simplesmente porque a escala usada para registrar a nota dos alunos de
quarta série/quinto ano é a mesma utilizada para alunos de oitava série/nono ano. Com isso,
espera-se, naturalmente, que alunos da quarta série/quinto ano tenham notas menores e es-
tejam situados em níveis mais baixos.
8. No entanto, é preciso estabelecer claramente acima de qual desses níveis um aluno deve es-
tar quando domina a competência leitora de forma adequada. Embora muito relevante, esta
pergunta ainda não recebeu uma resposta clara e completa. Diferentes organizações, estados
e municípios têm escolhido diferentes pontos de corte. Por exemplo, a opção tomada pelo mo-
vimento intitulado Compromisso Todos pela Educação. Esta organização não-governamental,
livre de quaisquer pressões e com consultoria técnica, definiu que os alunos da quarta série/
quinto ano devam ter nota acima de 200 pontos e os de oitava série/nono ano acima de
275. Esses parâmetros foram adotados pelo Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE)
do Ministério da Educação. Na realidade, para considerar a variação natural entre os alunos,
estabeleceu que, em cada momento que se olhar a escola, pelo menos 70% de seus alunos
devem estar acima desses níveis.
Interpretação pedagógica
Para que esses resultados ajudem pedagogicamente, é preciso identificar e descrever itens
acertados pelos alunos com nota no ponto que se quer interpretar. Só com a construção e a
disseminação desse tipo de interpretação pedagógica, a Prova Brasil poderá influenciar mais
decisivamente o ensino. Esse é exatamente o objetivo desta publicação que, por isso, merece
uma leitura atenta de todos os gestores e professores das escolas públicas do Brasil. Há, no
entanto, outras iniciativas no mesmo sentido que o leitor interessado pode também consul-
tar. O sítio do Instituto Nacional de Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP), na parte
referente à Prova Brasil (http://provabrasil.inep.gov.br/), fornece muitas informações úteis,
assim como o sítio das secretarias estaduais que usam a mesma escala da Prova Brasil2 . Há
também um texto desenvolvido pelo Centro de Estudos e Pesquisas em Educação, Cultura e
Ação Comunitária (CENPEC) que é distribuído gratuitamente no sítio http://www.cenpec.org.
br/modules/biblioteca_digital/index.php?autor=21
A nota do aluno reflete muitos itens. O quadro a seguir apresenta um item tipicamente acer-
tado pelos alunos de quarta série/quinto ano que recebem notas acima de 250 em leitura.
Nas outras seções desta publicação, apresentam-se itens, com comentários substantivos, que
ilustram diferentes pontos da escala tanto de leitura como de matemática.
2
Foram identificadas informações úteis nos sítios das Secretarias Estaduais de Educação dos estados do Ceará,
Minas Gerais, São Paulo, Rio Grande do Sul e Espírito Santo.
9. O bicho
vi ontem um bicho
Na imundice do pátio
Catando comida entre os detritos.
Quando achava alguma coisa,
Não examinava nem cheirava:
Engolia com voracidade.
O bicho não era um cão,
Não era um gato.
Não era um rato.
O bicho, meu Deus, era um homem.
BANDEIRA, Manuel. Poesias reunidas. Rio de Janeiro: Ática, 1985.
O que motivou o bicho a catar restos foi
A) a própria fome.
B) a imundice do pátio.
C) o cheiro da comida.
D) a amizade pelo cão.
A escola pode fazer a diferença
Os resultados da Prova Brasil podem ser usados de muitas maneiras. A mais simples é com-
parar a média da escola com o ponto de corte apresentado anteriormente. Como a maioria
dos alunos deve ter nota acima daquele ponto, a média da escola também deveria estar
acima daqueles valores. Idealmente, entretanto, deveríamos saber também quantos alunos
da escola estão em cada um dos níveis, já que a ação pedagógica necessária é diferente para
alunos em níveis diversos. O cartaz que sintetiza os resultados da Prova Brasil é enviado para
cada escola, fornecendo estes dados.
Adicionalmente, é necessário verificar se a média da escola não foi obtida de maneira pouco eqüitativa.
Ou seja, se alguns poucos alunos tiveram notas muito altas e muitos alunos, notas baixas. A escola
pública brasileira deve cuidar de não deixar alunos para trás, nem aumentar as diferenças induzidas por
outras estruturas da nossa sociedade. Mas, deve-se verificar se há, na escola, alunos com níveis altos
de desempenho. Toda escola deve ter alunos com alto desempenho, uma vez que a presença deles
ajuda na criação de um clima na escola que favorece o aprendizado de todos os estudantes.
Já sabemos que a maioria dos alunos das escolas públicas têm hoje desempenho baixo. A
explicação mais fácil para este fato é atribuí-lo às características socioeconômicas dos estu-
10. dantes. A tabela 1 mostra que essa é apenas parte da explicação. Esta foi construída a partir
dos resultados de todas as escolas da rede municipal de uma grande cidade brasileira.
Primeiramente, cada uma das escolas foi classificada, tendo em vista o alunado a que atende,
em uma das cinco categorias do Nível Socioeconômico – NSE. O grupo 1 agrega as escolas
que atendem aos alunos de NSE mais baixo e as escolas do grupo 5 atendem àqueles de NSE
mais alto, ressaltando-se que apenas escolas públicas estão incluídas.
Para analisar esta tabela, observe primeiramente a terceira coluna, correspondente à mé-
dia das notas das escolas em cada um dos cinco grupos de NSE. veja que, à medida que o
NSE cresce, também aumenta a nota da escola. Este é um fato já amplamente conhecido
mostrando que o desempenho do aluno reflete, ainda que de forma não determinística, o
capital cultural de sua família, que, no Brasil, está muito associado ao NSE.
A informação de fato importante e interessante está nas linhas da tabela, que contém notas
médias na 4ª série/5º ano. Examine a linha 3 e constate que a escola com a pior nota tem
média de apenas 133, enquanto a nota da melhor escola é 208. A diferença entre estes dois
valores – 75 pontos – é tão relevante que corresponde a mais de três anos de escolarização.
Ou seja, há nesta cidade uma enorme diferença entre escolas que atendem a estudantes com
o mesmo NSE. Como tais escolas pertencem à mesma rede, têm os mesmos recursos finan-
ceiros e os professores recebem os mesmos salários, fica claro que as políticas e práticas de
cada escola podem fazer muita diferença no aprendizado de seus alunos.
Tabela 1 Notas da escola de menor e de maior desempenho e média das notas das escolas,
em cada grupo, definidos pelo nível socioeconômico dos alunos das escolas
Escola com menor Escola com maior
Grupo de NSE Média das escolas
desempenho desempenho
1 144 173 206
2 136 180 205
3 133 182 208
4 172 190 222
5 174 207 224
Em outras palavras, como a diferença entre as escolas de uma mesma linha não está nos
alunos, esta deve ser procurada na gestão pedagógica, na forma de ensinar, na cultura, nos
valores da escola ou no projeto pedagógico. Todos esses pontos passíveis de serem mudados
com a ação da escola3.
3
Para conhecer escolas que têm ações que garantem o direito de aprender a todos os seus alunos, consulte o estudo do MEC com o Unicef,
“Aprova Brasil” no sítio do Ministério da Educação: www.mec.gov.br
11. No entanto, o grande efeito da ação da escola não deve obscurecer a diferença entre as notas
das escolas das diferentes linhas. Essa diferença é imposta à escola pela sociedade. Junto
com outras estruturas sociais, as escolas devem procurar também mudá-la. Mas a sua priori-
dade deve ser a diferença dentro de cada linha.
críticas
Como qualquer política pública, a Prova Brasil tem recebido críticas. Constitui o instrumento
que o Governo Federal está utilizando para verificar o cumprimento da primeira diretriz do
PDE – Plano de Desenvolvimento da Educação, criado pelo Decreto no 6.094 de 24 de abril
de 2007, que decidiu “estabelecer como foco a aprendizagem, apontando resultados concre-
tos a atingir”. Em um primeiro momento, o uso do conceito de resultados, até então pouco
usado em políticas educacionais brasileiras, foi entendido por muitos como se as dimensões
de apoio financeiro e institucional às escolas tivessem sido relegadas. Como isto não ocorreu,
essas críticas com o passar do tempo têm se reduzido.
Outra crítica, cuja força vai se reduzindo à proporção que os itens usados se tornam mais
conhecidos, é que a medida das competências leitora e matemática obtida com a Prova Brasil
capta apenas os aspectos superficiais dessas competências.
Esses mesmos itens mostram que a Prova Brasil concentra-se em medir competências bási-
cas e essenciais e que, portanto, qualquer estratégia que dote os alunos de capacidade de
responder corretamente aos itens da Prova Brasil estará lhes permitindo consolidar competên-
cias fundamentais para o exercício de sua cidadania.
Os resultados da Prova Brasil não devem ser usados para comparar escolas que recebem
alunos muito diferentes. Esse tipo de comparação não é um uso adequado dos resultados.
Deve-se reconhecer ainda que a mera existência do diagnóstico produzido pela Prova Brasil
não garante por si só a solução dos problemas encontrados. A Prova Brasil convive com outras
políticas públicas educacionais e ajuda a direcioná-las para as escolas e redes municipais e
estaduais com maior fragilidade educacional.
A partir da introdução da Prova Brasil, o debate educacional deve considerar os resultados
de aprendizagem dos alunos como critério de análise das escolas públicas brasileiras. Um
diálogo aberto entre os que aceitam esse novo paradigma e os que ainda têm restrições deve
se estabelecer para que essa e outras políticas públicas sejam mais eficazes para os alunos
das escolas públicas brasileiras.
12. 1 . O SISTEMA NAcIONAl DE AvAlIAÇÃO DA EDUcAÇÃO
BÁSIcA (SAEB)
As discussões iniciais sobre a importância de se implantar um sistema de
avaliação em larga escala, no Brasil, aconteceram no período entre 1985 e 1986.
Na época, estava em curso o Projeto Edurural, um programa financiado com re-
cursos do Banco Mundial e voltado para as escolas da área rural do nordeste
brasileiro. Com o objetivo de se ter um instrumento que pudesse medir a eficácia
das medidas adotadas durante a sua execução, estudou-se a elaboração de uma
pesquisa que avaliasse o desempenho dos alunos que estavam freqüentando as
escolas beneficiadas pelo Projeto e compará-lo com o dos alunos não beneficiados.
A partir dessa experiência, em 1988, o MEC instituiu o Saep, Sistema de Avaliação
da Educação Primária que, com as alterações da Constituição de 1988, passa a
chamar-se Saeb, Sistema de Avaliação da Educação Básica. O objetivo do MEC era
oferecer subsídios para a formulação, reformulação e monitoramento de políticas
públicas, contribuindo, dessa maneira, para a melhoria da qualidade do ensino
brasileiro. A primeira avaliação ocorreu em 1990.
Unidade 1 O SISTEMA NACIONAL DE AvALIAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA – SAEB
A partir de 1992, decidiu-se que a aplicação da avaliação ficaria por conta do
Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais “Anísio Teixeira”, Inep.
O segundo ciclo da avaliação ocorreu em 1993 e, desde então, ininterrupta-
mente, a cada dois anos, um novo ciclo acontece.
Ao longo dos anos, a avaliação vem sendo aprimorada, sendo que impor-
tantes inovações aconteceram no período entre 1995 e 2001.
Em 1995, foi incorporada uma nova metodologia estatística conhecida como
Teoria de Resposta ao Item, TRI, que tem permitido, entre outras coisas, a com-
parabilidade dos diversos ciclos de avaliação. Nesse ano e nos subseqüentes, foi
avaliada uma amostra representativa dos alunos matriculados nas 4ª e 8ª séries do
ensino fundamental e na 3ª série do ensino médio. Como os resultados referiam-
se a uma amostra do total de alunos, estes, desde então, estão sendo divulgados
por rede de ensino com agregação nacional, regional e estadual, não permitindo
levantar resultados nem por escolas nem por municípios.
Em 1997, foram desenvolvidas as Matrizes de Referência com a descrição
das competências e habilidades que os alunos deveriam dominar em cada série
avaliada, permitindo uma maior precisão técnica tanto na construção dos itens
do teste, como na análise dos resultados da avaliação. A construção dessas ma-
trizes, como não poderia deixar de ser, não foi feita de maneira arbitrária. Foi rea-
lizada uma consulta nacional sobre os conteúdos praticados nas escolas de ensino
fundamental e médio, incorporando a análise de professores, pesquisadores e
12
13. especialistas sobre a produção científica em cada área que seria objeto de avalia-
ção escolar e utilizando como referência as secretarias de educação estaduais e
das capitais que apresentaram ao Inep os currículos que estavam sendo praticados
em suas escolas.
Em 2001, em seu sexto ciclo, as Matrizes de Referência foram atualiza-
das em razão da ampla disseminação, pelo MEC, dos Parâmetros Curriculares
Nacionais (PCN). Para essa atualização, foi feita uma ampla consulta, repetindo-se
o procedimento usado em 1997. Foram consultados cerca de 500 professores de
12 estados da Federação, com representação de todas as regiões do país, com o
objetivo de comparar as Matrizes de Referência existentes e o currículo utilizado
pelos sistemas estaduais com os PCN´s.
Em 2005, paralelamente à avaliação do Saeb, é realizada uma outra
avaliação, essa de natureza quase censitária, o que permitiria a divulgação dos
resultados por municípios e por escolas, ampliando as possibilidades de análise
dos resultados da avaliação. Nasce assim, a Prova Brasil, que utiliza os mesmos
procedimentos utilizados pelo Saeb.
Unidade 1 O SISTEMA NACIONAL DE AvALIAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA – SAEB
13
14. 2. AS AvAlIAÇÕES DA EDUcAÇÃO BÁSIcA
O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais “Anísio Teixeira”
(Inep) é uma autarquia federal vinculada ao Ministério da Educação (MEC), cuja
missão é promover estudos, pesquisas e avaliações sobre o Sistema Educacional
Brasileiro com o objetivo de subsidiar a formulação e implementação de políticas
públicas para a área educacional a partir de parâmetros de qualidade e eqüidade,
bem como produzir informações claras e confiáveis aos gestores, pesquisadores,
educadores e público em geral. Para gerar seus dados e estudos educacionais, o
Inep realiza levantamentos estatísticos e avaliativos em algumas etapas da educa-
ção básica, assim como na modalidade de educação de jovens e adultos.
Como parte integrante da estrutura organizacional do Inep, a Diretoria de
Avaliação da Educação Básica (Daeb) tem sob sua responsabilidade, além do Saeb
e da Prova Brasil, as seguintes avaliações:
2.1. Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa)
O Pisa é um programa de avaliação internacional padronizada, desenvolvi-
do conjuntamente pelos países participantes da Organização para a Cooperação
e Desenvolvimento Econômico (OCDE), aplicada a alunos de 15 anos. Além dos
países da OCDE, alguns outros são convidados a participar da avaliação, como é o
caso do Brasil.
O Pisa, cujas avaliações são realizadas a cada três anos, abrange as áreas
de Linguagem, Matemática e Ciências, não somente quanto ao domínio curricular,
mas também quanto aos conhecimentos relevantes e às habilidades necessárias
à vida adulta.
AS AvALIAÇÕES DA EDUCAÇÃO BÁSICA
2.2. Exame Nacional do Ensino Médio (Enem)
O Enem é um exame individual, de caráter voluntário, oferecido anualmente
aos estudantes que estão concluindo ou que já concluíram o ensino médio em anos
anteriores. Seu objetivo principal é possibilitar uma referência para auto-avaliação,
a partir das competências e habilidades que o estruturam.
2.3. Exame Nacional para Certificação de Competências de Jovens e Adul-
tos (Encceja)
O Exame Nacional para Certificação de Competências de Jovens e Adultos
é aplicado a brasileiros residentes no Brasil e no exterior. Tem por objetivo funda-
Unidade 2
mental avaliar as competências e habilidades básicas de jovens e adultos que não
tiveram acesso aos estudos ou não puderam continuá-los na idade própria. Esses
14
15. brasileiros são certificados por instituições credenciadas para tal fim. Visa, ainda,
sinalizar, para educadores, estudantes e interessados, a natureza e a função de
uma avaliação de competências fundamentais ao exercício pleno da cidadania.
2.4. Provinha Brasil
A Provinha Brasil foi criada em consonância com o objetivo do Plano de
Desenvolvimento da Educação (PDE) do MEC de viabilizar ações que contribuam
para a eqüidade e a qualidade da educação pública brasileira.
Tem por objetivo oferecer aos professores, diretores, coordenadores e ges-
tores das redes de ensino um instrumento para diagnosticar o nível de alfabetiza-
ção dos alunos, ainda no início da educação básica, viabilizando, assim, a elabora-
ção de ações que visem sanar as possíveis insuficiências apresentadas nas áreas
de leitura e escrita.
Essa avaliação é aplicada aos alunos que estão iniciando o 2º ano do ensino
fundamental (1ª série/2º ano do ensino fundamental de 8 anos). O Inep já está
trabalhando na concepção da Provinha Brasil – Matemática.
2.5. O Saeb e a Prova Brasil
A Prova Brasil e o Saeb são dois exames complementares que compõem o
Sistema de Avaliação da Educação Básica.
A avaliação denominada Avaliação Nacional da Educação Básica – Aneb
(Saeb) permite produzir resultados médios de desempenho conforme os estratos
AS AvALIAÇÕES DA EDUCAÇÃO BÁSICA
amostrais, promover estudos que investiguem a eqüidade e a eficiência dos siste-
mas e redes de ensino por meio da aplicação de questionários, conforme vem
sendo implementado na avaliação desde o ano de 1995.
Por ser amostral, oferece resultados de desempenho apenas para o Brasil,
regiões e unidades da Federação.
A avaliação denominada Avaliação Nacional do Rendimento Escolar –
Anresc (Prova Brasil), realizada a cada dois anos, avalia as habilidades em Língua
Portuguesa (foco na leitura) e em Matemática (foco na resolução de problemas).
É aplicada somente a alunos de 4ª série/5º ano e 8ª série/9º ano da rede pública
de ensino em área urbana e tem como prioridade evidenciar os resultados de cada
unidade escolar da rede pública de ensino, com os objetivos de:
Unidade 2
a. contribuir para a melhoria da qualidade do ensino, redução de desigualdades e
democratização da gestão do ensino público;
15
16. b. buscar o desenvolvimento de uma cultura avaliativa que estimule o controle so-
cial sobre os processos e resultados do ensino.
Por ser universal, a Prova Brasil expande o alcance dos resultados oferecidos
pelo Saeb. Fornece médias de desempenho para o Brasil, regiões e unidades da
Federação, para cada um dos municípios e para as escolas participantes.
AS AvALIAÇÕES DA EDUCAÇÃO BÁSICA
Unidade 2
16
16
17. 3. AS MATRIzES DE REFERÊNcIA DO SISTEMA NAcIONAl
DA AvAlIAÇÃO DA EDUcAÇÃO BÁSIcA (SAEB)
3.1. As Matrizes de Referência do Saeb
A realização de uma avaliação de sistema com amplitude nacional, para ser
efetiva, exige a construção de uma matriz de referência que dê transparência e
AS MATRIzES DE REFERÊNCIA DO SISTEMA NACIONAL DA AvALIAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA – SAEB
legitimidade ao processo de avaliação, informando aos interessados o que será
avaliado. De acordo com os pressupostos teóricos que norteiam os instrumentos
de avaliação, a Matriz de Referência é o referencial curricular do que será avaliado
em cada disciplina e série, informando as competências e habilidades esperadas
dos alunos.
Segundo Nery (2000), “toda Matriz Curricular representa uma operacionaliza-
ção das propostas ou guias curriculares, que não pode deixar de ser considerada,
mesmo que não a confundamos com procedimentos, estratégias de ensino ou ori-
entações metodológicas e nem com conteúdo para o desenvolvimento do trabalho
do professor em sala de aula”.
Torna-se necessário ressaltar que as matrizes de referência não englobam
todo o currículo escolar. É feito um recorte com base no que é possível aferir por
meio do tipo de instrumento de medida utilizado na Prova Brasil e que, ao mes-
mo tempo, é representativo do que está contemplado nos currículos vigentes no
Brasil.
Essas matrizes têm por referência os Parâmetros Curriculares Nacionais e
foram construídas a partir de uma consulta nacional aos currículos propostos pelas
Secretarias Estaduais de Educação e por algumas redes municipais. O Inep consul-
tou também professores regentes das redes municipal, estadual e privada e, ainda,
examinou os livros didáticos mais utilizados para essas séries, nas citadas redes.
As matrizes são, portanto, a referência para a elaboração dos itens da Prova
Brasil. Item é a denominação adotada para as questões que compõem a prova.
3.2. competências
Para a elaboração dos itens do Saeb e da Prova Brasil, buscou-se uma as-
sociação entre os conteúdos da aprendizagem e as competências utilizadas no
processo de construção do conhecimento.
Unidade 3
No documento “Saeb 2001: Novas Perspectivas” (2002), define-se competên-
17
18. cia, na perspectiva de Perrenoud, como sendo a “capacidade de agir eficazmente
em um determinado tipo de situação, apoiando-se em conhecimentos, mas sem se
limitar a eles”.
Para enfrentar uma situação, geralmente, colocam-se em ação vários recur-
sos cognitivos. Para Perrenoud, “quase toda ação mobiliza alguns conhecimentos,
algumas vezes elementares e esparsos, outras vezes complexos e organizados em
rede”.
AS MATRIzES DE REFERÊNCIA DO SISTEMA NACIONAL DA AvALIAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA – SAEB
Assim, as competências cognitivas podem ser entendidas como as diferentes
modalidades estruturais da inteligência que compreendem determinadas opera-
ções que o sujeito utiliza para estabelecer relações com e entre os objetos físicos,
conceitos, situações, fenômenos e pessoas.
3.3. Habilidades
Ainda no mesmo documento, é mencionado que habilidades referem-se, es-
pecificamente, ao plano objetivo e prático do saber fazer e decorrem, diretamente,
das competências já adquiridas e que se transformam em habilidades.
Cada matriz de referência apresenta tópicos ou temas com descritores que
indicam as habilidades de Língua Portuguesa e Matemática a serem avaliadas.
O descritor é uma associação entre conteúdos curriculares e operações men-
tais desenvolvidas pelo aluno, que traduzem certas competências e habilidades.
Os descritores:
• indicam habilidades gerais que se esperam dos alunos;
• constituem a referência para seleção dos itens que devem compor
uma prova de avaliação.
Unidade 3
18
18
19. 4. lÍNGUA PORTUGUESA
4.1. Aprendizagem em língua Portuguesa
O ensino da Língua Portuguesa, de acordo com os Parâmetros Curriculares
Nacionais (PCNs), deve estar voltado para a função social da língua. Esta é requisito
básico para que a pessoa ingresse no mundo letrado, para que possa construir seu
processo de cidadania e, ainda, para que consiga se integrar à sociedade de forma
ativa e a mais autônoma possível.
Nesse aspecto, para ser considerado competente em Língua Portuguesa, o
aluno precisa dominar habilidades que o capacitem a viver em sociedade, atuando,
de maneira adequada e relevante, nas mais diversas situações sociais de comuni-
cação. Para tanto, o aluno precisa saber interagir verbalmente, isto é, precisa ser
capaz de compreender e participar de um diálogo ou de uma conversa, de produzir
textos escritos, dos diversos gêneros que circulam socialmente.
Ler e escrever, por suas particularidades formais e funcionais, são também
competências mais especificamente desenvolvidas no ambiente escolar. Tanto os
textos escritos de uso mais familiar (como o bilhete, a carta), quanto os textos de
domínio público (como o artigo, a notícia, a reportagem, o aviso, o anúncio, o conto,
a crônica etc) são objeto do estudo sistemático na escola.
Daí a importância de promover-se o desenvolvimento, no aluno, da capaci-
dade de produzir e compreender textos dos mais diversos gêneros e, em diferentes
situações comunicativas, tanto na modalidade escrita quanto na modalidade oral.
4.2. Texto
De acordo com os PCNs, o eixo central do ensino da língua deve se instalar
no texto, como realização discursiva do gênero e, assim, explicar o uso efetivo da
língua.
Unidade 4 Língua Portuguesa
Alguns lingüistas referem-se assim ao texto: ’texto’ emprega-se igualmente
com um valor mais preciso, quando se trata de apreender o enunciado como um
todo, como constituindo uma totalidade coerente. O ramo da lingüística que estuda
essa coerência chama-se precisamente ‘lingüística textual’. Com efeito, tende-se a
falar de ‘texto’ quando se trata de produções verbais orais ou escritas, estruturadas
de forma a perdurarem , a se repetirem, a circularem longe de seu contexto origi-
nal. É por isso que, no uso corrente, fala-se, de preferência, de ‘textos literários’,
“textos jurídicos”, [...]
19
20. 4.3. Gêneros do discurso
“Os gêneros do discurso pertencem a diversos tipos de discursos associados
a vastos setores de atividade social. [...]”
Koch (2005) afirma que os falantes/ouvintes sabem distinguir o que é
adequado ou inadequado em cada uma de suas práticas sociais. Eles sabem
diferenciar determinados gêneros textuais como, por exemplo, anedota, poema,
conversa telefônica etc.
Para a autora,
“Há o conhecimento, pelo menos intuitivo, de estratégias de cons-
trução e interpretação de um texto. A competência textual de um fa-
lante permite-lhe, ainda, averiguar se em um texto predominam se-
qüências de caráter narrativo, descritivo, expositivo e/ou argumenta-
tivo. Não se torna difícil, na maior parte dos casos, distinguir um
horóscopo de uma anedota ou carta familiar, bem como, por outro
lado, um texto real de um texto fabricado, um texto de opinião de um
texto predominantemente informativo e assim por diante...”.
4.4. Tipos textuais
Classificação que toma como critério a organização lingüística, o conjunto de
estruturas lingüísticas utilizadas no plano composicional do texto.
O plano composicional é constituído por palavras, frases, orações etc.
A partir de Longrace, (apud Bonini, 1999), tipos textuais passaram a ser abor-
dados como modalidades retóricas ou modalidades discursivas que constituem as
estruturas e as funções textuais tradicionalmente reconhecidas como narrativas,
descritivas, argumentativas, procedimentais e exortativas.
Unidade 4 Língua Portuguesa
4.5. Os diferentes usos da língua
O contraste entre a concepção tradicional e a chamada concepção discur-
sivo-interacionista da língua pode nos ajudar a compreender melhor o processo de
aprendizagem da Língua Portuguesa.
As abordagens tradicionais de ensino da Língua Portuguesa lidavam com a
concepção instrumental de que a linguagem seria uma expressão fiel do nosso
20
21. pensamento, apenas por meio de um conjunto de regras que deveriam ser rigoro-
samente seguidas. Isso fez com que o ensino do idioma materno se tornasse uma
prática mecânica, calcada na memorização (listas de coletivos, adjetivos, conjuga-
ção de verbos, regras de concordância, pontuação, entre outras) ou na exploração
da metalinguagem (classificação de termos e de funções).
Para a perspectiva discursivo-interacionista, a língua é uma atividade intera-
tiva, inserida no universo das práticas sociais e discursivas, envolvendo interlocu-
tores e propósitos comunicativos determinados e realiza-se sob a forma de textos
– concretamente sob a forma de diferentes gêneros de textos.
Os testes de Língua Portuguesa da Prova Brasil estão estruturados com o foco
em leitura, que requer a competência de apreender um texto como construção de
conhecimento em diferentes níveis de compreensão, análise e interpretação. O
fato de se avaliar apenas a leitura não reduz a importância dessas avaliações, ten-
do em vista que a leitura é fundamental para o desenvolvimento de outras áreas
do conhecimento e para o conseqüente exercício da cidadania.
Em relação ao teste de Língua Portuguesa, a Matriz de Referência traz descri-
tores que têm como base algumas habilidades discursivas tidas como essenciais
na situação de leitura.
4.6. A Matriz de Referência de língua Portuguesa: Tópicos e seus Descri-
tores – 4ª série/5º ano e 8ª série/9º ano do Ensino Fundamental
A Matriz de Referência de Língua Portuguesa apresenta a relação entre os
temas, os descritores e as habilidades estabelecidos para a avaliação dos alunos
da 4ª série/5º ano e 8ª série/9º ano do Ensino Fundamental(EF) e da 3ª série do
Ensino Médio(EM).
No total, a Matriz de Referência de Língua Portuguesa da Prova Brasil e
do Saeb é composta por seis tópicos: Procedimentos de Leitura; Implicações do
Suporte, do Gênero e/ou do Enunciador na Compreensão do Texto; Relação entre
Textos, Coerência e Coesão no Processamento do Texto; Relações entre Recursos
Unidade 4 Língua Portuguesa
Expressivos e Efeitos de Sentido e variação Lingüística.
Estruturalmente, a Matriz de Língua Portuguesa se divide em duas dimen-
sões: uma denominada Objeto do Conhecimento, em que são listados os seis tópi-
cos; e outra denominada Competência, com descritores que indicam habilidades a
serem avaliadas em cada tópico. Para a 4ª série/5º ano EF, são contemplados 15
descritores; e para a 8ª série/ 9º ano do EF e a 3ª série do EM, são acrescentados
mais 6, totalizando 21 descritores. Os descritores aparecem, dentro de cada tópico,
21
22. em ordem crescente de aprofundamento e/ou ampliação de conteúdos ou das ha-
bilidades exigidas.
Tópico I. Procedimentos de leitura
Descritores 4ª/5º EF 8ª/9º EF
Localizar informações explícitas em um texto D1 D1
Inferir o sentido de uma palavra ou expressão D3 D3
Inferir uma informação implícita em um texto D4 D4
Identificar o tema de um texto D6 D6
Distinguir um fato da opinião relativa a esse fato D11 D14
Tópico II. Implicações do Suporte, do Gênero e/ou Enunciador na compreensão do Texto
Descritores 4ª/5º EF 8ª/9º EF
Interpretar texto com auxílio de material gráfico diverso
D5 D5
(propagandas, quadrinhos, foto etc.).
Identificar a finalidade de textos de diferentes gêneros D9 D12
Tópico III. Relação entre Textos
Descritores 4ª/5º EF 8ª/9º EF
Reconhecer diferentes formas de tratar uma informação na
comparação de textos que tratam do mesmo tema, em fun- D15 D20
ção das condições em que ele foi produzido e daquelas em
que será recebido
Reconhecer posições distintas entre duas ou mais opiniões _ D21
relativas ao mesmo fato ou ao mesmo tema
Tópico Iv. coerência e coesão no Processamento do Texto
Descritores 4ª/5º EF 8ª/9º EF
Estabelecer relações entre partes de um texto, identificando
repetições ou substituições que contribuem para a continui- D2 D2
dade de um texto
Identificar o conflito gerador do enredo e os elementos que D7 D10
Unidade 4 Língua Portuguesa
constroem a narrativa
Estabelecer relação causa/conseqüência entre partes e D8 D11
elementos do texto
Estabelecer relações lógico-discursivas presentes no texto,
D12 D15
marcadas por conjunções, advérbios etc
Identificar a tese de um texto _ D7
Estabelecer relação entre a tese e os argumentos ofereci-
_ D8
dos para sustentá-la
Identificar a tese de um texto _ D9
22
23. Tópico v. Relações entre Recursos Expressivos e Efeitos de Sentido
Descritores 4ª/5º EF 8ª/9º EF
Identificar efeitos de ironia ou humor em textos variados D13 D16
Identificar o efeito de sentido decorrente do uso da pontua-
ção e de outras notações D14 D17
Reconhecer o efeito de sentido decorrente da escolha de
_ D18
uma determinada palavra ou expressão
Reconhecer o efeito de sentido decorrente da exploração
_ D19
de recursos ortográficos e/ou morfossintáticos
Tópico v. Relações entre Recursos Expressivos e Efeitos de Sentido
Descritores 4ª/5º EF 8ª/9º EF
Identificar as marcas lingüísticas que evidenciam o locutor
D10 D13
e o interlocutor de um texto
Em relação aos textos de Língua Portuguesa, há que se considerar a escolha
de gêneros textuais mais complexos, que exigem estratégias interpretativas diver-
sificadas, de acordo com o nível de escolaridade. O grau de complexidade do texto
resulta, entre outras razões, da temática desenvolvida, das estratégias textuais usa-
das em sua composição, da escolha de um vocabulário mais ou menos incomum,
dos recursos sintático-semânticos utilizados, bem como dos determinações especí-
ficas do gênero e da época em que foi produzido. Ou seja, apesar de 15 descritores
serem os mesmos da matriz de 3ª série do ensino médio, os itens construídos para
os testes de 4ª série/5º ano e para os de 8ª série/9º ano do ensino fundamental
requerem processos cognitivos mais simples para sua resolução, levando-se em
conta que os alunos avaliados encontram-se em faixas etárias e escolaridade me-
nos avançadas.
Isso quer dizer que, de um mesmo descritor, podem ser derivados itens de
graus de complexidade distintos, tanto do ponto de vista do objeto analisado, o
texto, quanto do ponto de vista da tarefa, como as determinações específicas do
Unidade 4 Língua Portuguesa
gênero e da época em que foi produzido. Assim, os conteúdos, competências e
habilidades são diferenciados, para que se possa detectar o que o aluno sabe,
resolvendo os itens do teste, em função das etapas próprias do processo de seu
desenvolvimento.
23
24. 4.7. Exemplos de itens da 4ª série / 5º ano do Ensino Fundamental – língua
Portuguesa
A seguir, são apresentados exemplos e análises pedagógicas de itens que
compuseram o teste de Língua Portuguesa – 4ª série/ 5ºano do ensino fundamen-
tal. Com base nos resultados, foram formuladas hipóteses sobre o desempenho
dos alunos e apresentadas sugestões de atividades que poderão ser desenvolvidas
em sala de aula e de gêneros textuais mais apropriados ao desenvolvimento de
determinadas habilidades.
Um item de Língua Portuguesa de 4ª série/ 5º ano é composto por um texto,
um enunciado e quatro alternativas. Entre essas, uma é o gabarito, ou resposta
correta, e as demais são chamadas de distratores, ou respostas erradas. Os distra-
tores devem ser plausíveis, ou seja, devem ser respostas que apresentem seme-
lhanças com a resposta correta, mas que não sejam o gabarito.
A análise do item está centrada em alguns pontos como: o texto utilizado
como suporte para a composição do item; a habilidade indicada pelo descritor; o
quadro com percentuais de respostas dadas a cada alternativa. São apresentadas
também sugestões para desenvolver as habilidades indicadas pelos descritores.
Tópico I – Procedimentos de leitura
Descritores D1 D3 D4 D6 D11
Neste tópico, são abordadas competências básicas que serão demonstradas
por meio de habilidades como: localizar informações explícitas e inferir as implíci-
tas em um texto. As informações implícitas exigem maior habilidade para que pos-
sam ser inferidas, visto exigirem do leitor que ele extrapole o texto e reconheça o
que não está textualmente registrado, e sim subentendido ou pressuposto.
Os textos nem sempre apresentam uma linguagem literal. Deve haver, en-
tão, a capacidade de reconhecer novos sentidos atribuídos às palavras em de uma
produção textual. Além disso, para a compreensão do que é conotativo e simbólico,
é preciso identificar não apenas a idéia, mas também ler as entrelinhas, o que
Unidade 4 Língua Portuguesa
exige do leitor um conhecimento de mundo. A tarefa do leitor competente é, por-
tanto, apreender o sentido global do texto.
É relevante ressaltar que, além de localizar informações explícitas, inferir in-
formações implícitas e identificar o tema de um texto, neste tópico, deve-se tam-
bém distinguir os fatos apresentados da opinião acerca desses fatos em textos nar-
rativos e argumentativos. Reconhecer essa diferença é essencial para que o aluno
possa tornar-se mais crítico, de modo a ser capaz de distinguir o que é um fato, um
acontecimento, da interpretação que lhe é dada pelo autor do texto.
24
25. Descritor 1 – localizar informações explícitas em um texto
Que habilidade pretendemos avaliar?
A habilidade que pode ser avaliada por este item relaciona-se à localização
pelo aluno de uma informação solicitada, que pode estar expressa literalmente no
texto ou pode vir manifesta por meio de uma paráfrase, isto é, dizer de outra maneira
o que se leu.
Essa habilidade é avaliada por meio de um texto-base que dá suporte ao item,
no qual o aluno é orientado a localizar as informações solicitadas seguindo as pistas
fornecidas pelo próprio texto. Para chegar à resposta correta, o aluno deve ser capaz
de retomar o texto, localizando outras informações, aquela que foi solicitada.
Exemplo de item:
O disfarce dos bichos
Você já tentou pegar um galhinho seco e ele virou bicho, abriu asas e voou? Se
isso aconteceu é porque o graveto era um inseto conhecido como “bicho-pau”. Ele é
tão parecido com o galhinho, que pode ser confundido com o graveto.
Existem lagartas que se parecem com raminhos de plantas. E há grilos que imitam
5 folhas.
Muitos animais ficam com a cor e a forma dos lugares em que estão. Eles
fazem isso para se defender dos inimigos ou capturar outros bichos que servem de
alimento. Esses truques são chamados de mimetismo, isto é, imitação.
O cientista inglês Henry Walter Bates foi quem descobriu o mimetismo. Ele passou
10 11 anos na selva amazônica estudando os animais.
MAVIAEL MONTEIRO, José. Bichos que usam disfarces para defesa. FOLHINHA, 6 NOV. 1993.
O bicho-pau se parece com
(A) florzinha seca.
(B) folhinha verde.
Unidade 4 Língua Portuguesa
(C) galhinho seco.
(D) raminho de planta.
Percentual de respostas às alternativas
A B c D
7% 10% 72% 8%
25
26. Observações:
1. O quadro explicativo com os percentuais de respostas as alternativas refere-se
ao desempenho de alunos em testes do Saeb e da Prova Brasil, com abrangência em
todo o país.
2. A soma dos percentuais não perfaz, necessariamente, 100%, pois não estão
apresentados os correspondentes às respostas em branco ou nulas. Isso vale para
todos os itens comentados.
O que o resultado do item indica?
Neste item, cuja habilidade exigida é de localização de informações explícitas
no texto, o percentual de acerto dos alunos foi de 72%, o que indica seu domínio pela
maior parte dos alunos avaliados e que a escola tem sido competente no trabalho de
desenvolvimento dessa habilidade. O texto-base, que dá suporte ao item, traz infor-
mações de natureza científica e a linguagem foi adaptada ao público infantil. Para
chegar à resposta correta, o aluno deve ser capaz de retomar o texto, se necessário,
localizando outras informações, aquela que foi solicitada.
Entre os alunos que não acertaram o item, o maior percentual optou pela alter-
nativa “B”. Observe-se que o texto efetivamente faz alusão a “folhas”, entretanto, os
grilos e não os bichos-pau são comparados a elas.
No caso dos alunos que escolheram a alternativa “D”, que faz alusão a “raminho
de planta”, as lagartas e não o bicho-pau são comparadas aos raminhos de plantas.
Isso indica que os alunos que optaram pelas alternativas “B” e “D” localizaram as
palavras, e não a informação solicitada pelo enunciado.
No caso dos alunos que optaram pela alternativa “A” – florzinha seca –, perce-
be-se que esses se afastaram ainda mais da proposta do enunciado, uma vez que o
texto não faz alusão a “flores”.
Que sugestões podem ser dadas para melhor desenvolver essa habilidade?
Unidade 4 Língua Portuguesa
Em se tratando de habilidade básica de leitura, sugere-se que o professor, até o
5º ano, desenvolva em sala de aula estratégias de leitura utilizando gêneros textuais
diversificados, para que os alunos adquiram familiaridade com temas e assuntos
variados. Para isso, ele pode se valer de textos que despertem o interesse do aluno
e que façam parte de suas práticas sociais. É importante, para o desenvolvimento
dessa habilidade, que sejam utilizados textos de outras disciplinas, em um trabalho
integrado com os demais professores.
26
27. Descritor 3 – Inferir o sentido de uma palavra ou expressão
Que habilidade pretendemos avaliar?
Por meio deste descritor, pode-se avaliar a habilidade de o aluno relacionar
informações, inferindo quanto ao sentido de uma palavra ou expressão no texto, ou
seja, dando a determinadas palavras seu sentido conotativo.
Essa habilidade é avaliada por meio de um texto no qual, o aluno, ao inferir o
sentido da palavra ou expressão, seleciona informações também presentes na super-
fície e estabelece relações entre essas informações e seus conhecimentos prévios.
Com itens que avaliam essa habilidade, pretendemos verificar se o aluno sabe,
com base no contexto, inferir o sentido de uma palavra ou expressão. O contexto per-
mite ao leitor explorar os múltiplos significados que a palavra ou expressão adquire.
Exemplo de item:
(Portal turma da Mônica: www. turmadamonica.com.br)
No primeiro quadrinho, a Mônica pensou que o lagarto era um desenho. Ao usar a
expressão “DA HORA” ela deu a entender que o desenho
(A) tinha acabado de ser feito.
Unidade 4 Língua Portuguesa
(B) durava somente uma hora.
(C) era moda entre a turma.
(D) deveria ser usado na hora.
Percentual de respostas às alternativas
A B c D
34% 16% 31% 16%
27
28. O que o resultado do item indica?
O desempenho dos alunos nos itens que solicitam a inferência de palavras ou
expressões indica que a habilidade avaliada oferece certo grau de dificuldade.
Observa-se que 31% dos alunos obtiveram êxito ao inferir o sentido da expressão
“da hora”, estabelecendo relação entre as pistas deixadas pelo autor do texto (ex-
pressão corporal e facial de Cascão e Mônica e a fala das personagens registrada
nos balões) e o seu conhecimento lingüístico (gíria) sobre o tema “moda”. Em con-
trapartida, pode-se observar que um significativo número de alunos – 34% – tomou
essa expressão em seu sentido literal, isto é, considerou como certa a alternativa
“tinha acabado de ser feito”.
Os alunos que assinalaram as alternativas “B” e “D”, de certa forma, também
estabeleceram relações de sentido bastante literais entre a expressão em questão e
seu significado no texto: “durava somente uma hora” e “deveria ser usado na hora”.
Se, por um lado, grande parte dos alunos mostra-se capaz de lidar com infor-
mações explícitas no texto, como o indicado no descritor 1º, por outro, é preciso ir
além desse nível para realizar inferências.
É necessário ressaltar que este item deve levar em consideração a experiência
de mundo do aluno, o que o caracteriza como um item de alta complexidade, pois
a expressão “da hora” não se caracteriza como expressão idiomática de grupo. Por-
tanto, o gabarito contempla um aluno que responde ao item pela alta competência
de leitura.
Conclui-se que o desenvolvimento da habilidade de inferir palavras ou ex-
pressões exige do leitor uma forma de pensar que vai além das informações explíci-
tas no texto. Para inferir, é necessário estabelecer relações entre o que foi dito e o
que não foi dito, precisando da ação e do conhecimento do leitor para “ligar” idéias.
Que sugestões podem ser dadas para melhor desenvolver essa habilidade?
Unidade 4 Língua Portuguesa
Sugere-se que os professores trabalhem com os alunos os sentidos que as pa-
lavras e as expressões podem adquirir em determinado contexto. Em razão disso,
a atividade de leitura não pode considerar o texto como depósito de significados
(sinônimos e antônimos).
A utilização de gêneros textuais variados auxiliará o professor a trabalhar com
atividades que propiciem a aquisição de vocabulário do simples ao mais elaborado
e a desenvolver atividades de inferência de sentido de vocábulos com base em con-
textos variados.
28
29. Descritor 4 – Inferir uma informação implícita no texto
Que habilidade pretendemos avaliar?
Por meio deste descritor, pode-se avaliar a habilidade de o aluno reconhecer
uma idéia implícita no texto, seja por meio da identificação de sentimentos que
dominam as ações externas dos personagens, em um nível mais básico, seja com
base na identificação do gênero textual e na transposição do que seja real para o
imaginário. É importante que o aluno apreenda o texto como um todo, para dele reti-
rar as informações solicitadas.
Essa habilidade é avaliada por meio de um texto, no qual o aluno deve buscar
informações que vão além do que está explícito, mas que, à medida que ele vai
atribuindo sentido ao que está enunciado no texto, vai deduzindo o que lhe foi solici-
tado. Ao realizar este movimento, há o estabelecimento de relações entre o texto e o
seu contexto pessoal.
Por meio deste item, pretendemos verificar se o aluno consegue inferir uma in-
formação que está sendo solicitada e que não está na base textual, ou seja, o aluno
deve ser levado a não só assimilar o que o texto diz, mas também como e para que
diz (Kato, 1990, p. 131).
Exemplo de item:
Talita
Talita tinha a mania de dar nomes de gente aos objetos da casa, e tinham de
ser nomes que rimassem. Assim, por exemplo, a mesa, para Talita, era Dona Teresa,
a poltrona era vó Gordona, o armário era o Doutor Mário. A escada era Dona Ada, a
escrivaninha era Tia Sinhazinha, a lavadora era Prima Dora, e assim por diante.
5 Os pais de Talita achavam graça e topavam a brincadeira. Então, podiam-se
ouvir conversas tipo como esta:
— Filhinha, quer trazer o jornal que está em cima da Tia Sinhazinha!
Unidade 4 Língua Portuguesa
— É pra já, papai. Espere sentado na vó Gordona, que eu vou num pé e volto
noutro.
10 Ou então:
— Que amolação, Prima Dora está entupida, não lava nada! Precisa chamar o
mecânico.
— Ainda bem que tem roupa limpa dentro do Doutor Mário, né mamãe?
E todos riam.
BELINKY, Tatiana. A operação do Tio Onofre: uma história policial. São Paulo: Ática, 1985.
29
30. A mania de Talita de dar nome de gente aos objetos da casa demonstra que ela é
(A) curiosa.
(B) exagerada.
(C) estudiosa.
(D) criativa.
Percentual de respostas às alternativas
A B c D
12% 12% 11% 60%
O que o resultado do item indica?
Os dados revelam que a maioria dos alunos consegue ler o que está nas en-
trelinhas do texto que deu suporte ao item avaliado. Isso pode ser comprovado pelo
fato de os alunos apreenderem os indicativos que caracterizam a personagem Talita
como criativa, construindo uma idéia importante para a compreensão da história.
Os alunos que não acertaram o item, ou seja, mais de 35%, distribuíram-se de
modo homogêneo entre as demais alternativas.
Embora tanto a alternativa “A” (curiosa) quanto a “B” (estudiosa) possam apon-
tar qualidades de uma pessoa criativa, no texto em questão, a característica mais
coerente com o perfil da personagem Talita é a criatividade.
Que sugestões podem ser dadas para melhor desenvolver essa habilidade?
Considerando que a habilidade de inferir está relacionada às práticas de leitura
dos alunos em diferentes contextos sociais, a escola pode colaborar para que isso se
desenvolva promovendo atividades que englobem gêneros textuais diversificados.
Pode-se destacar que textos que, normalmente, compõem-se de escrita e ima-
Unidade 4 Língua Portuguesa
gem (tirinhas, propagandas, rótulos, etc.) colaboram para o desenvolvimento da ha-
bilidade de inferir, sendo o professor um mediador para que os alunos estabeleçam
relações entre os diferentes elementos presentes no texto, discutindo também as
diferentes possibilidades de interpretações apresentadas por eles.
30
31. Descritor 6 – Identificar o tema de um texto
Que habilidade pretendemos avaliar?
A habilidade que pode ser avaliada por meio deste descritor refere-se ao re-
conhecimento pelo aluno do assunto principal do texto, ou seja, identificar do que
trata o texto. Para que o aluno identifique o tema, é necessário que ele relacione as
diferentes informações para construir o sentido global do texto.
Essa habilidade é avaliada por meio de um texto para o qual é solicitado, de
forma direta, que o aluno identifique o tema ou o assunto principal.
Exemplo de item:
A Boneca Guilhermina
Esta é a minha boneca, a Guilhermina. Ela é uma boneca muito bonita, que
faz xixi e cocô. Ela é muito boazinha também. Faz tudo o que eu mando. Na hora de
dormir, reclama um pouco. Mas depois que pega no sono, dorme a noite inteira! Às
vezes ela acorda no meio da noite e diz que está com sede. Daí eu dou água para
5 ela. Daí ela faz xixi e eu troco a fralda dela. Então eu ponho a Guilhermina dentro do
armário, de castigo. Mas quando ela chora, eu não agüento. Eu vou até lá e pego a
minha boneca no colo. A Guilhermina é a boneca mais bonita da rua.
MUILAERT, A. A boneca Guilhermina. In: __ As reportagens de Penélope. São Paulo:
Companhia das Letrinhas, 1997. p. 17. Coleção Castelo Rá-Tim-Bum – vol. 8.
O texto trata, PRINCIPALMENTE,
(A) das aventuras de uma menina.
(B) das brincadeiras de uma boneca.
(C) de uma boneca muito especial.
(D) do dia-a-dia de uma menina.
Percentual de respostas às alternativas
Unidade 4 Língua Portuguesa
A B c D
10% 20% 53% 13%
O que o resultado do item indica?
Observa-se que 53% dos alunos identificaram o tema do texto, ou seja, con-
seguiram fazer uma leitura mais abstrata do texto e construíram um significa-
do global para ele. No entanto, leitores ainda imaturos (43%) escolheram outras
opções.
31
32. Vale destacar que os 20% dos alunos que optaram pela alternativa “B” (“as
brincadeiras da boneca”) mantiveram proximidade com o tema do texto – uma
boneca muito especial –; porém, focalizaram sua atenção na série de atividades que
envolvem a boneca Guilhermina.
Por sua vez, 23% dos alunos escolheram as alternativas relacionadas à nar-
radora, demonstrando dificuldade em relacionar as diferentes informações do texto,
tomando-o como um todo.
Que sugestões podem ser dadas para melhor desenvolver essa habilidade?
Este resultado, mais uma vez, reforça a necessidade de a escola trabalhar em
um nível de atividade que ultrapasse a superfície do texto, conduzindo o aluno a
estabelecer relações entre as informações explícitas e implícitas, a fim de que ele
faça inferências textuais e elabore uma síntese do texto. Os textos informativos são
excelentes para se desenvolver essa habilidade.
Descritor 11 – Distinguir um fato da opinião relativa a esse fato
Que habilidade pretendemos avaliar?
Por meio de itens referentes a este descritor, pode-se avaliar a habilidade de o
aluno identificar, no texto, um fato relatado e diferenciá-lo do comentário que o au-
tor, ou o narrador, ou o personagem fazem sobre esse fato.
Essa habilidade é avaliada por meio de um texto, no qual o aluno é solicitado
a distinguir as partes dele referentes a um fato e as relativas a uma opinião relacio-
nada ao fato apresentado, expressa pelo autor, narrador ou por algum personagem.
Exemplo de item:
A raposa e as uvas
Num dia quente de verão, a raposa passeava por um pomar. Com sede e
Unidade 4 Língua Portuguesa
calor, sua atenção foi capturada por um cacho de uvas.
“Que delícia”, pensou a raposa, “era disso que eu precisava para adoçar a
minha boca”. E, de um salto, a raposa tentou, sem sucesso, alcançar as uvas.
5 Exausta e frustrada, a raposa afastou-se da videira, dizendo: “Aposto que es-
tas uvas estão verdes.”
Esta fábula ensina que algumas pessoas quando não conseguem o que que-
rem, culpam as circunstâncias.
(http://www1.uol.com.br/crianca/fabulas/noflash/raposa. htm)
32
33. A frase que expressa uma opinião é
(A) “a raposa passeava por um pomar.” (ℓ. 1)
(B) “sua atenção foi capturada por um cacho de uvas.” (ℓ. 2)
(C) “a raposa afastou-se da videira” (ℓ. 5)
(D) “aposto que estas uvas estão verdes” (ℓ. 5-6)
Percentual de respostas às alternativas
A B c D
20% 32% 11% 36%
O que o resultado do item indica ?
O gênero textual apresentado neste item é uma fábula. Com estrutura sintática
e morfológica simples, de tipo narrativo bem conhecido dos alunos que estão nesta
faixa etária.
Neste item, é solicitado ao aluno identificar entre as opções, a que correponde
a uma opinião. Para responder corretamente, o aluno precisa seguir as pistas deixa-
das pelo autor ao exprimir no texto pensamentos e falas do personagem.
Apenas 36% marcaram a alternativa correta ”D”, mostrando que menos da
metade dos alunos evidenciou a habilidade de distinguir um fato da opinião relativa
a este fato.
Dos alunos que marcaram a alternativa “B” (32%), provavelmente foram atraí-
dos pela sua extensão. Os que assinalaram “A” e “C” demonstraram que não pos-
suem a habilidade de identificar uma opinião, mesmo quando esta aparece no texto
marcada por expressões que sugerem interferência do personagem: “pensou” e “di-
zendo”.
Que sugestões podem ser dadas para melhor desenvolver essa habilidade?
Unidade 4 Língua Portuguesa
Para trabalhar em sala de aula a habilidade de estabelecer a diferença en-
tre fato e opinião sobre o fato, sugerimos que o professor recorra a gêneros tex-
tuais variados, especialmente os que apresentam estrutura narrativa como contos
(fragmentos) e crônicas.
Os textos argumentativos também se prestam para trabalhar essa habilidade.
Porém, é importante que o professor leve o aluno a compreender as situações
33
34. criadas pelos instrumentos gramaticais, como as expressões adverbiais e as denota-
tivas, em vez de limitar o trabalho à mera referencialidade ou influência externa de
intromissão do locutor/produtor/narrador no texto.
Tópico II – Implicações do suporte, do gênero e/ou enunciador na compreen-
são do texto
Descritores D5 D9
Este tópico requer dos alunos duas competências básicas, a saber: a interpre-
tação de textos que conjugam duas linguagens – a verbal e a não-verbal – e
o reconhecimento da finalidade do texto por meio da identificação dos diferentes
gêneros textuais.
Para o desenvolvimento dessas competências, tanto o texto escrito quanto as
imagens que o acompanham são importantes, na medida em que propiciam ao
leitor relacionar informações e engajar-se em diferentes atividades de construção de
significados.
Descritor 5 – Interpretar texto com auxílio de material gráfico diverso (propa-
gandas, quadrinhos, fotos, entre outros)
Que habilidade pretendemos avaliar?
Por meio de itens referentes a este descritor, pode-se avaliar a habilidade de
o aluno reconhecer a utilização de elementos gráficos (não-verbais) como apoio na
construção do sentido e interpretar textos que utilizam linguagem verbal e não-verbal
(textos multissemióticos).
Essa habilidade pode ser avaliada por meio de textos compostos por gráfi-
Unidade 4 Língua Portuguesa
cos, desenhos, fotos, tirinhas, charges. Para demonstrar essa habilidade, não basta
apenas decodificar sinais e símbolos, mas ter a capacidade de perceber a interação
entre a imagem e o texto escrito. A integração de imagens e palavras contribui para
a formação de novos sentidos do texto.
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35. Exemplo de item:
O autor desses quadrinhos pretendeu chamar a atenção para a
(A) necessidade de preservar as árvores.
Unidade 4 Língua Portuguesa
(B) poesia “Canção do exílio”, que fala da terra.
(C) vida de passarinho solitário.
(D) volta o sabiá para sua casa.
Percentual de respostas às alternativas
A B c D
40% 14% 25% 15%
35
36. O que o resultado do item indica?
Para se chegar à resposta certa, faz-se necessário ler as falas do sabiá nos
balões, valendo-se da imagem do último quadrinho para compreender o texto como
um todo.
Apenas 40% dos alunos assinalaram a alternativa correta, ou seja, menos da
metade dos alunos avaliados evidenciaram, neste item, a habilidade de integrar tex-
to escrito e imagem no processamento textual.
Entre os alunos que não acertaram o item, 25% optaram pela alternativa “C”,
que apresenta a alternativa “vida de passarinho solitário”. Considerando que o título
do texto é “vida de passarinho”, podemos inferir que esses alunos se valeram apenas
do título do texto para fazer sua escolha, sem atentar para a seqüência de imagens.
Os alunos que assinalaram a alternativa “B” (14%) se concentraram apenas no
texto escrito, em especial no quinto quadrinho, que faz referência à terra. Do mesmo
modo, aqueles que escolheram a alternativa “D” (15%) parecem ter desconsiderado
as imagens, uma vez que o último quadrinho mostra que “a casa do sabiá”, no caso,
a palmeira, havia sido cortada.
Conclui-se que a maioria dos alunos consideraram apenas o texto escrito, não
sendo capazes de integrá-lo às imagens.
Que sugestões podem ser dadas para melhor desenvolver essa habilidade?
Levando em conta que grande parte dos textos com os quais nos deparamos
nas diversas situações sociais de leitura exige que se integre texto escrito e mate-
rial gráfico para sua compreensão, a escola pode contribuir para o desenvolvimento
dessa habilidade à medida que explore a integração de múltiplas linguagens como
forma de expressão de idéias e sentimentos.
Para trabalhar essa habilidade, o professor deve levar para a sala de aula a
maior variedade possível de textos desse gênero. Além das revistas em quadrinhos e
Unidade 4 Língua Portuguesa
das tirinhas, pode-se explorar materiais diversos que contenham apoio em recursos
gráficos. Esses materiais vão de peças publicitárias e charges de jornais aos textos
presentes em materiais didáticos de outras disciplinas, tais como gráficos, mapas,
tabelas, roteiros.
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37. Descritor 09 – Identificar a finalidade de textos de diferentes gêneros
Que habilidade pretendemos avaliar?
A habilidade que pode ser avaliada com itens relativos a este descritor diz
respeito ao reconhecimento, por parte do aluno, do gênero ao qual se refere o tex-
to-base, identificando, dessa forma, qual o objetivo do texto: informar, convencer,
advertir, instruir, explicar, comentar, divertir, solicitar, recomendar etc.
Essa habilidade é avaliada por meio da leitura de textos integrais ou de
fragmentos de textos de diferentes gêneros, como notícias, fábulas, avisos, anúncios,
cartas, convites, instruções, propagandas, entre outros, em que solicita-se ao aluno a
identificação explícita de sua finalidade.
Este descritor avalia, por meio do item, se o aluno compreende qual é a função
social do texto. A partir da leitura como um todo, ele deve perceber a intencionali-
dade do autor, isto é, seus propósitos.
Exemplo de item:
EvA FURNARI
EVA FURNARI - Uma das principais figuras da literatura para crianças. Eva
Furnari nasceu em Roma (Itália) em 1948 e chegou ao Brasil em 1950, radicando-se
em São Paulo. Desde muito jovem, sua atração eram os livros de estampas e não
causa estranhamento algum imaginá-Ia envolvida com cores, lápis e pincéis, dese-
5 nhando mundos e personagens para habitá-Ios...
Suas habilidades criativas encaminharam-na, primeiramente, ao universo das
Artes Plásticas expondo, em 1971, desenhos e pinturas na Associação dos Amigos
do Museu de Arte Moderna, em uma mostra individual. Paralelamente, cursou a
Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP, formando-se no ano de 1976. No en-
10 tanto, erguer prédios tornou-se pouco atraente quando encontrou a experiência das
narrativas visuais.
Iniciou sua carreira como autora e ilustradora, publicando histórias sem texto
Unidade 4 Língua Portuguesa
verbal, isto é, contadas apenas por imagens. Seu primeiro livro foi lançado pela Ática,
em 1980, Cabra-cega, inaugurando a coleção Peixe vivo, premiada pela Fundação
15 Nacional do Livro Infantil e Juvenil -FNLlJ.
Ao longo de sua carreira, Eva Furnari recebeu muitos prêmios, entre eles con-
tam o Jabuti de “Melhor Ilustração” - Trucks (Ática, 1991), A bruxa Zelda e os 80
docinhos (1986) e Anjinho (1998) - setes láureas concedidas pela FNLlJ e o Prêmio
APCA pelo conjunto de sua obra.
http://caracal. imaginaria. cam/autog rafas/evafurnari/index. html
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