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RESUMO – A CULTURA DA CATEDRAL

Contextualização:
Considera-se que o Gótico tenha nascido perto de Paris (Île-deFrance), no séc. XII pelas mãos de Suger, abade de Saint-Denis,
tendo findado no séc. XV. O estilo surgiu quando Suger pretendeu transformar a Abadia Beneditina de Saint-Denis, após ter sido
encarregado por Luís VII da regência da Igreja francesa. Os trabalhos de ampliação da igreja deram lugar a um local que viria a
reunir os traços gerais daquilo que é o gótico: graças à abóboda de cruzaria de ogivas – que permitia construir uma cobertura
sem o recurso a paredes – Suger conseguiu aligeirar as paredes do edifício, conferindo-lhes uma leveza capaz de albergar vitrais
de grandes dimensões que inundavam a igreja de luz divina, transportando os seus visitantes para o “mundo superior”.
Contextualização do Gótico [séc. XII – séc. XV]:
 O tempo da renovação e da recessão;
 Séc. XII – feudalismo ainda em fase de expansão
 Séc. XIII – fragilidade na estrutura feudal (burguesia vem quebrar esse sistema, trazendo nova visão e
novas hipóteses de vida social)
 Séc. XIV – recessão económica; guerra dos 100 anos; grande divisão do ocidente
 Séc. XV – recuperação
A catedral toma um lugar central na cultura do Gótico, acabando por materializar uma Cidade de Deus; local onde residia o bisco,
este edifício autonomizava agora em relação ao poder do rei. O que imediatamente distinguia as catedrais góticas eram a sua
elevação e verticalidade, com um exterior imponente e abundantemente decorado e um interior amplo, elevado e
luminoso.
O facto era que a construção das catedrais envolvia toda a sociedade e todos acabavam por participar na sua edificação, fossem
os mais poderosos, fossem até as prostitutas, pois todos queriam manifestar a sua crença e devoção a Deus.
A catedral era arquitetada cuidadosamente, de forma a enaltecer a ideia de mística, de metafísico e, assim, os seus vitrais – a
rosácea, por exemplo – serviam para iluminar o edifício, envolvendo-o numa atmosfera de luz quase sobrenatural e mágica que
elevava os fiéis a Deus, aproximando-os. A verticalidade destas construções (seja através da elevação dos arcos, quebrando-os;
seja através da introdução de pináculos) fortalece, mais uma vez, a ideia de que, entrando no edifício, o caminho até Deus
encurta.
Por fim, a catedral – suprema realização do Gótico – simboliza os valores estruturados por S. Tomás de Aquino reunindo em
perfeita harmonia a ordem racional dos conhecimentos geométricos e matemáticos com a espiritualidade cristã e a metafísica da
luz.
Com o cessar das invasões bárbaras e dos seus ataques constantes, a sociedade podia agora sair das trevas e após o
desaparecimento do sistema feudal, que canalizava a riqueza para as terras, e o crescimento do comércio, a vida urbana ia
ressurgindo. O próprio aparecimento da burguesia ira fomentar o dinamismo urbano, através do desenvolvimento económico e
comercial que avivam as ruas da cidade. Ela torna-se agora mais lúdica, com cerimónias tanto laicas como religiosas e faz da
Catedral o seu centro, demonstrando a devoção religiosa vigente na época. Esse ressurgimento urbano comprova o facto de o
Homem se ter afastado da figura castigadora que fizera de Deus e, apesar de ainda procurar assegurar um lugar no Paraíso, ele é
agora capaz de se valorizar.
Arquitetura:

Existe na arquitetura gótica uma inovação técnica a nível dos arcos (ao invés dos arcos românicos – arcos de volta perfeita –, o
arco gótica quebra-se e eleva-se para acompanhar a verticalidade que habita a catedral ); a nível das abóbodas de cruzaria de
ogivas (estas abóbodas derivam da abóboda de aresta do românico, que lhe dava uma utilização meramente decorativa. Estas
abóbodas góticas deixam de descarregar o seu peso sobre as paredes e passam a ser compostas por secções independentes –
tramos – permitindo uma concentração do peso em pontos específicos fragilizando as paredes.); os contrafortes góticos também
se distinguem dos românicos e deixam de estar encostados às paredes do edifício para albergarem um arcobotante que permite
o afastamento do estribo e assim aligeirar as paredes da catedral.

HCA

Elementos constituintes da arquitetura gótica:

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HCA

RESUMO – A CULTURA DA CATEDRAL

Identificar as inovações estruturais a nível de planta e alçado.:
 Verticalidade da volumetria;
 Nova articulação do espaço (edifício de planta basilical orientado; espaço amplo, concebido como um todo; transepto
menos desenvolvido; abside mais alongada e complexa; três entradas na fachada ocidentalque permitem a escolha)
 Paredes libertadas da função de suporte
 Rigor matemático na proporção e na ordem e na divisão tripartida dos alçados
 Relação espacial de abertura ao exterior (luz e cor)
Conceção espacial e a ideologia religiosa:
A conceção espacial advém da influência direta do abade Suger e da filosofia escolástica, uma vez que o primeiro acreditava que
“Deus é Luz” e, assim, a inserção de vitrais nas frechas criadas pela introdução da abóboda de cruzaria de ogivas permitem que a
catedral seja banhada de luz (cuja intensidade modifica conforme as horas do dia) e crie um jogo de cores, apelando à metafísica
dessa luz e trazendo Deus para dentro da catedral. Por outro lado, a filosofia escolástica é aludida na construção da catedral uma
vez que se conjuga a razão com a fé na própria edificação do edifício, através do rigor matemático que se aliará aos jogos de
luzes.
Por outro lado, a verticalidade é uma constante na catedral e existe através da expressão mais elegante e adelgada dos
elementos constituintes do edifício, tanto no interior (colunas e colunelos) como no exterior (pináculos, agulhas, estátuas de vulto
redondo)
Escultura:
Está patente entre a escultura gótica e românica uma ligação, visível, por exemplo, no facto de persistir a relação entre a
arquitetura e a escultura. No entanto, os escultores do séc. XIII alargaram os seus suportes e as suas temáticas (assim como as
suas técnicas) e desencadearam uma renovação formal, plástica e estética muito forte. Em comparação com o românico,
existiu no gótico uma evolução no sentido da composição, da expressividade, da monumentalidade e da aproximação à
realidade no que toca à representação de figuras. A escultura gótica aproxima-se, assim, da cultura humanista e cria figuras mais
realistas, havendo uma representação mais fiel do corpo humano e da sua anatomia escondida por baixo de roupagens tratadas
com grande naturalismo. Elas autonomizam-se da arquitetura, dando lugar a figuras de vulto redondo, apoiadas firmemente no
solo, que enaltecem a verticalidade da própria catedral, no sentido de elevar a obra e desencadear a contemplação.
O rosto das representações humaniza-se e os seus olhos ganham vida, havendo uma representação mais plástica, mais
verdadeira e mais dinâmica. As temáticas tratadas na escultura gótica voltam-se, na grande maioria para o Novo Testamento – ou
seja, para a vida de Cristo – e passam a representar Cristo em Majestade, os Apóstolos e a Virgem em Majestade de forma mais
humana e criando uma relação afetiva com as figuras. Os próprios santos patronos das regiões onde estão inseridos passam a ter
destaque na representação escultórica do gótico. A imagem passa a ter uma função didática e educa com valores da igreja
Ao analisar as temáticas tratadas e as figuras representadas, deixamos de estar perante um Deus castigador e severo que pune
as almas que pecam (como era o caso no Românico) e passamos a estar perante um Cristo em Majestade, quase sorridente, e
acolhedor que convida os fiéis a entrarem no seu templo – a catedral. Existe, assim, uma aproximação das divindades ao ser
humano e sabe-se que no Gótico, o homem, continuando extremamente devoto, passa a valorizar-se um pouco mais e faz,
portanto, sentido que as representações se relacionem com essa valorização crescente (representa-se uma mãe, a Virgem; o
Cristo, algo vulnerável e condescendente e os santos patronos, em tempos humanos, que ganharam o seu lugar nos altares;
todos com expressões grandemente fiéis às do ser humano e obedientes à sua anatomia). Essa humanização das divindades
aproxima, uma vez mais, os fiéis ao seu Criador.

A pintura gótica renova-se em relação à românica, no sentido em que a pintura mural é substituída pela pintura em madeira
(painéis, retábulos, quadros, etc.) e existe uma tendência forte para a representação naturalista.
A pintura gótica desenvolve-se, assim, segundo três técnica principais: o vitral, a iluminura e o retábulo.
O vitral tornou-se num dos mais poderosos elementos visuais e um forte canal narrativo da fé cristã que veio substituir os murais
românicos e, assim, um elemento forte da pintura gótica. Graças à introdução da abóboda de cruzaria de ogivas, existem, agora,
mais vão abertos à luz na catedral e uma janela que será a tela do pintor gótico. São altas janelas e grandes rosáceas das quais o

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Pintura:

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RESUMO – A CULTURA DA CATEDRAL

pintor podia tirar partido da relação luz-cor e criar reflexos e projeções cromáticas divinas, que acolhiam narrativas religiosas. O
vitral constituiu, assim, um dos elementos mais importantes da estética de Suger, que acreditava que “Deus é luz”.
S. Francisco de Assis pregava a igualdade perante Deus de todos os seres da criação e isso incutiu nos artistas plásticos a
possibilidade de representar a natureza e o mundo físico num retrato fiel e exato. Por outro lado, o próprio Cristo assumia agora a
dor e os sentimentos humanos – ele humanizava-se, deixando de parecer tão altivo nas suas representações – e, por isso, os
seus retratos incluíam uma imagem de Jesus despido e praticamente nu, arqueado de dor e aceitando a morte.
A iluminura, paralelamente, deixava de estar constrita aos mosteiros e avançava gradualmente para as oficinas urbanas.

HCA

Pode-se dizer que a temática da pintura e da escultura gótica, muito relacionada com o Novo Testamento, servia um propósito:
ensinar os analfabetos sobre os escritos bíblicos, aproximando-os assim de Deus.

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Resumo Cultura do Gótico - Hisatória da Cultura e das Artes

  • 1. HCA RESUMO – A CULTURA DA CATEDRAL Contextualização: Considera-se que o Gótico tenha nascido perto de Paris (Île-deFrance), no séc. XII pelas mãos de Suger, abade de Saint-Denis, tendo findado no séc. XV. O estilo surgiu quando Suger pretendeu transformar a Abadia Beneditina de Saint-Denis, após ter sido encarregado por Luís VII da regência da Igreja francesa. Os trabalhos de ampliação da igreja deram lugar a um local que viria a reunir os traços gerais daquilo que é o gótico: graças à abóboda de cruzaria de ogivas – que permitia construir uma cobertura sem o recurso a paredes – Suger conseguiu aligeirar as paredes do edifício, conferindo-lhes uma leveza capaz de albergar vitrais de grandes dimensões que inundavam a igreja de luz divina, transportando os seus visitantes para o “mundo superior”. Contextualização do Gótico [séc. XII – séc. XV]:  O tempo da renovação e da recessão;  Séc. XII – feudalismo ainda em fase de expansão  Séc. XIII – fragilidade na estrutura feudal (burguesia vem quebrar esse sistema, trazendo nova visão e novas hipóteses de vida social)  Séc. XIV – recessão económica; guerra dos 100 anos; grande divisão do ocidente  Séc. XV – recuperação A catedral toma um lugar central na cultura do Gótico, acabando por materializar uma Cidade de Deus; local onde residia o bisco, este edifício autonomizava agora em relação ao poder do rei. O que imediatamente distinguia as catedrais góticas eram a sua elevação e verticalidade, com um exterior imponente e abundantemente decorado e um interior amplo, elevado e luminoso. O facto era que a construção das catedrais envolvia toda a sociedade e todos acabavam por participar na sua edificação, fossem os mais poderosos, fossem até as prostitutas, pois todos queriam manifestar a sua crença e devoção a Deus. A catedral era arquitetada cuidadosamente, de forma a enaltecer a ideia de mística, de metafísico e, assim, os seus vitrais – a rosácea, por exemplo – serviam para iluminar o edifício, envolvendo-o numa atmosfera de luz quase sobrenatural e mágica que elevava os fiéis a Deus, aproximando-os. A verticalidade destas construções (seja através da elevação dos arcos, quebrando-os; seja através da introdução de pináculos) fortalece, mais uma vez, a ideia de que, entrando no edifício, o caminho até Deus encurta. Por fim, a catedral – suprema realização do Gótico – simboliza os valores estruturados por S. Tomás de Aquino reunindo em perfeita harmonia a ordem racional dos conhecimentos geométricos e matemáticos com a espiritualidade cristã e a metafísica da luz. Com o cessar das invasões bárbaras e dos seus ataques constantes, a sociedade podia agora sair das trevas e após o desaparecimento do sistema feudal, que canalizava a riqueza para as terras, e o crescimento do comércio, a vida urbana ia ressurgindo. O próprio aparecimento da burguesia ira fomentar o dinamismo urbano, através do desenvolvimento económico e comercial que avivam as ruas da cidade. Ela torna-se agora mais lúdica, com cerimónias tanto laicas como religiosas e faz da Catedral o seu centro, demonstrando a devoção religiosa vigente na época. Esse ressurgimento urbano comprova o facto de o Homem se ter afastado da figura castigadora que fizera de Deus e, apesar de ainda procurar assegurar um lugar no Paraíso, ele é agora capaz de se valorizar. Arquitetura: Existe na arquitetura gótica uma inovação técnica a nível dos arcos (ao invés dos arcos românicos – arcos de volta perfeita –, o arco gótica quebra-se e eleva-se para acompanhar a verticalidade que habita a catedral ); a nível das abóbodas de cruzaria de ogivas (estas abóbodas derivam da abóboda de aresta do românico, que lhe dava uma utilização meramente decorativa. Estas abóbodas góticas deixam de descarregar o seu peso sobre as paredes e passam a ser compostas por secções independentes – tramos – permitindo uma concentração do peso em pontos específicos fragilizando as paredes.); os contrafortes góticos também se distinguem dos românicos e deixam de estar encostados às paredes do edifício para albergarem um arcobotante que permite o afastamento do estribo e assim aligeirar as paredes da catedral. HCA Elementos constituintes da arquitetura gótica: 1
  • 2. HCA RESUMO – A CULTURA DA CATEDRAL Identificar as inovações estruturais a nível de planta e alçado.:  Verticalidade da volumetria;  Nova articulação do espaço (edifício de planta basilical orientado; espaço amplo, concebido como um todo; transepto menos desenvolvido; abside mais alongada e complexa; três entradas na fachada ocidentalque permitem a escolha)  Paredes libertadas da função de suporte  Rigor matemático na proporção e na ordem e na divisão tripartida dos alçados  Relação espacial de abertura ao exterior (luz e cor) Conceção espacial e a ideologia religiosa: A conceção espacial advém da influência direta do abade Suger e da filosofia escolástica, uma vez que o primeiro acreditava que “Deus é Luz” e, assim, a inserção de vitrais nas frechas criadas pela introdução da abóboda de cruzaria de ogivas permitem que a catedral seja banhada de luz (cuja intensidade modifica conforme as horas do dia) e crie um jogo de cores, apelando à metafísica dessa luz e trazendo Deus para dentro da catedral. Por outro lado, a filosofia escolástica é aludida na construção da catedral uma vez que se conjuga a razão com a fé na própria edificação do edifício, através do rigor matemático que se aliará aos jogos de luzes. Por outro lado, a verticalidade é uma constante na catedral e existe através da expressão mais elegante e adelgada dos elementos constituintes do edifício, tanto no interior (colunas e colunelos) como no exterior (pináculos, agulhas, estátuas de vulto redondo) Escultura: Está patente entre a escultura gótica e românica uma ligação, visível, por exemplo, no facto de persistir a relação entre a arquitetura e a escultura. No entanto, os escultores do séc. XIII alargaram os seus suportes e as suas temáticas (assim como as suas técnicas) e desencadearam uma renovação formal, plástica e estética muito forte. Em comparação com o românico, existiu no gótico uma evolução no sentido da composição, da expressividade, da monumentalidade e da aproximação à realidade no que toca à representação de figuras. A escultura gótica aproxima-se, assim, da cultura humanista e cria figuras mais realistas, havendo uma representação mais fiel do corpo humano e da sua anatomia escondida por baixo de roupagens tratadas com grande naturalismo. Elas autonomizam-se da arquitetura, dando lugar a figuras de vulto redondo, apoiadas firmemente no solo, que enaltecem a verticalidade da própria catedral, no sentido de elevar a obra e desencadear a contemplação. O rosto das representações humaniza-se e os seus olhos ganham vida, havendo uma representação mais plástica, mais verdadeira e mais dinâmica. As temáticas tratadas na escultura gótica voltam-se, na grande maioria para o Novo Testamento – ou seja, para a vida de Cristo – e passam a representar Cristo em Majestade, os Apóstolos e a Virgem em Majestade de forma mais humana e criando uma relação afetiva com as figuras. Os próprios santos patronos das regiões onde estão inseridos passam a ter destaque na representação escultórica do gótico. A imagem passa a ter uma função didática e educa com valores da igreja Ao analisar as temáticas tratadas e as figuras representadas, deixamos de estar perante um Deus castigador e severo que pune as almas que pecam (como era o caso no Românico) e passamos a estar perante um Cristo em Majestade, quase sorridente, e acolhedor que convida os fiéis a entrarem no seu templo – a catedral. Existe, assim, uma aproximação das divindades ao ser humano e sabe-se que no Gótico, o homem, continuando extremamente devoto, passa a valorizar-se um pouco mais e faz, portanto, sentido que as representações se relacionem com essa valorização crescente (representa-se uma mãe, a Virgem; o Cristo, algo vulnerável e condescendente e os santos patronos, em tempos humanos, que ganharam o seu lugar nos altares; todos com expressões grandemente fiéis às do ser humano e obedientes à sua anatomia). Essa humanização das divindades aproxima, uma vez mais, os fiéis ao seu Criador. A pintura gótica renova-se em relação à românica, no sentido em que a pintura mural é substituída pela pintura em madeira (painéis, retábulos, quadros, etc.) e existe uma tendência forte para a representação naturalista. A pintura gótica desenvolve-se, assim, segundo três técnica principais: o vitral, a iluminura e o retábulo. O vitral tornou-se num dos mais poderosos elementos visuais e um forte canal narrativo da fé cristã que veio substituir os murais românicos e, assim, um elemento forte da pintura gótica. Graças à introdução da abóboda de cruzaria de ogivas, existem, agora, mais vão abertos à luz na catedral e uma janela que será a tela do pintor gótico. São altas janelas e grandes rosáceas das quais o HCA Pintura: 2
  • 3. HCA RESUMO – A CULTURA DA CATEDRAL pintor podia tirar partido da relação luz-cor e criar reflexos e projeções cromáticas divinas, que acolhiam narrativas religiosas. O vitral constituiu, assim, um dos elementos mais importantes da estética de Suger, que acreditava que “Deus é luz”. S. Francisco de Assis pregava a igualdade perante Deus de todos os seres da criação e isso incutiu nos artistas plásticos a possibilidade de representar a natureza e o mundo físico num retrato fiel e exato. Por outro lado, o próprio Cristo assumia agora a dor e os sentimentos humanos – ele humanizava-se, deixando de parecer tão altivo nas suas representações – e, por isso, os seus retratos incluíam uma imagem de Jesus despido e praticamente nu, arqueado de dor e aceitando a morte. A iluminura, paralelamente, deixava de estar constrita aos mosteiros e avançava gradualmente para as oficinas urbanas. HCA Pode-se dizer que a temática da pintura e da escultura gótica, muito relacionada com o Novo Testamento, servia um propósito: ensinar os analfabetos sobre os escritos bíblicos, aproximando-os assim de Deus. 3