A encarnação é a doutrina cristã de que Jesus Cristo é Deus encarnado, sendo plenamente divino e plenamente humano. Esta doutrina foi definida no Concílio de Calcedônia em 451 d.C. como significando que Cristo tem duas naturezas distintas e inconfundíveis - divina e humana - unidas em uma só pessoa. Embora compreensível para as gerações passadas, alguns questionam se esta doutrina ainda faz sentido nos dias atuais.
6. Na verdade é uma pergunta
muito pertinente, pois há
quem diga que essa doutrina
fazia sentido apenas nos
primeiros séculos do
cristianismo
7. Durante toda a história da
Igreja foram lançados
grandes ataques a esse
ensino neotestamentário
8. Um desses ataques, mais
recente (1977), merece
menção por envolver líderes
eclesiásticos de renome na
Inglaterra
9. Trata-se de um livro chamado
"The Mith of God
Incarnate" ("O Mito do Deus
Encarnado"), editado por
John Hick
10. O livro defende que essa
doutrina talvez fizesse sentido
para gerações passadas, que
criam mais no sobrenatural,
mas que hoje em dia já
estaria ultrapassada
11. Os pilares dessa tese são:
• A Bíblia não possui mais autoridade
divina absoluta os dias de hoje
• O cristianismo, assim como a vida e
o pensamento humano, está
evoluindo e mudando com o tempo
12. Não, você não entendeu
errado: há muita gente por aí
achando que a Palavra de
Deus não tem autoridade e
que o cristianismo depende
de tempo, meio e lugar
13. Mas tudo bem, vamos ver
como essa doutrina surgiu na
Igreja
14. Foi apenas em 451 d.C., no
Concílio de Calcedônia, que a
Igreja chegou a um consenso
sobre o entendimento da
plena divindade e plena
humanidade de Cristo
15. Até então, três propostas um
t a n t o p r o b l e m á t i c a s
circulavam:
• Apolinarismo
• Nestorianismo
• Monofisismo (Eutiquianismo)
16. Apolinarismo
• Apolinário se tornou bispo de
Laodicéia em 361 d.C.
• Ele afirmava que apenas o corpo de
Cristo era humano
• Assim, sua mente e seu espírito seriam
provenientes de sua natureza divina
17. Nestorianismo
• Nestório se tornou bispo de
Constantinopla em 428 d.C.
• Ele afirmava que em Cristo haviam
duas pessoas: uma divina e uma
humana
18. Monofisismo (Eutiquianismo)
• Êutico (378-454 d.C.) foi líder de um
mosteiro em Constantinopla
• Ele afirmava que Cristo possuía uma
única natureza resultante de algo
divino e algo humano (nem pleno
divino, nem pleno humano)
20. E então, pra organizar o meio
de campo, aconteceu o
Concílio de Calcedônia, entre
08 de outubro e 1º de
novembro de 451
21. O interessante é que a
definição que esse concílio
estabeleceu é aceita por
cristãos católicos,
protestantes e ortodoxos
22. "Fiéis aos Santos Pais, todos
nós, perfeitamente unânimes,
ensinamos que se deve
confessar um só e mesmo
Filho, nosso Senhor Jesus
Cristo, perfeito quanto à
divindade, e perfeito quanto à
humanidade;
23. verdadeiramente Deus e
verdadeiramente homem,
constando de alma racional e
de corpo, consubstancial com
o Pai, segundo a divindade, e
consubstancial a nós,
segundo a humanidade;...
24. em tudo semelhante a nós,
excetuando o pecado; gerado
segundo a divindade pelo Pai
antes de todos os séculos, e
nestes últimos dias, segundo a
humanidade, por nós e para
nossa salvação, nascido da
Virgem Maria, mãe de Deus;...
25. um e só mesmo Cristo, Filho,
Senhor, Unigênito, que se
deve confessar, em duas
naturezas, inconfundíveis,
imutáveis, indivisíveis,
inseparáveis;...
26. a distinção de naturezas de
modo algum é anulada pela
união, antes é preservada a
propriedade de cada
natureza, concorrendo para
formar uma só pessoa e em
uma só subsistência;...
27. não separado nem dividido em
duas pessoas, mas um só e o
mesmo Filho, o Unigênito, Verbo de
Deus, o Senhor Jesus Cristo,
conforme os profetas desde o
princípio acerca dele
testemunharam, e o mesmo Senhor
Jesus nos ensinou, e o Credo dos
Santos Pais nos transmitiu."
28. Essa definição é até hoje
aceita como o apanhado final
de ensinamento bíblico sobre
a plena divindade e plena
humanidade de Cristo
29. Mas é claro que surgem
algumas dúvidas cruéis:
• Como podia ser Jesus onipotente e ainda
assim ser fraco?
• Como podia deixar o mundo e estar em
todos os lugares?
• Como podia aprender coisas se era
onisciente?
31. • Uma natureza faz algumas coisas
que a outra não faz. Exemplos:
• A natureza humana se cansa, sente
fome, sede; a divina, não
• A natureza divina é eterna,
ressuscita mortos, acalma o mar; a
humana, não
32. • O que uma das naturezas faz, a
pessoa de Cristo faz. Exemplos:
• Se a natureza humana morreu na
cruz, foi Cristo quem morreu
• Se a natureza divina salvou a
humanidade, foi Cristo quem salvou
33. Em teologia, uma frase é
utilizada para resumir a
encarnação:
"Permanecendo o que era,
tornou-se o que não era."
34. Que texto bíblico podemos
utilizar como forte alicerce
dessa doutrina?
35. "que, embora sendo Deus, não
considerou que o ser igual a Deus era
algo a que devia apegar-se; mas
esvaziou-se a si mesmo, vindo a ser
servo, tornando-se semelhante aos
homens. E, sendo encontrado em
forma humana, humilhou-se a si
mesmo e foi obediente até a morte, e
morte de cruz!"
Filipenses 2:6-8 NVI
36. Há muito nessa verdade que
a nossa mente humana
jamais entenderá. Mas nem
por isso ela deixa de ser
verdadeira!
37. Estamos falando aqui do maior
milagre relatado na Bíblia, do
maior acontecimento e maior
mistério do Universo: o Deus
Criador, Todo Poderoso, uniu-
se para sempre a uma
natureza humana na forma de
uma única pessoa!