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Evolução Humana
Imagem coletada de:
http://www.interney.net/blogs/heresialoira/2009/02/13/mitos_sobre_a_evolucao/
Introdução
Os seres humanos podem ser considerados um enorme sucesso
ecológico, devendo ser o animal de grandes dimensões mais
abundante na Terra. Os únicos que se podem aproximar de nós são
os que domesticamos (vacas, galinhas, porcos e ovelhas) ou os que
dependem dos habitats por nós criados (pardais e ratos, por
exemplo).
Será por isso surpreendente notar que o nosso sucesso se deve a
uma série de quase escapadas dignas de filme de suspense: somos
grandes primatas, um grupo que quase se extinguiu há 15 milhões de
anos atrás em competição com os macacos, mais eficientes. Somos
primatas, um grupo de mamíferos que quase se extinguiu há 45
milhões de anos atrás. em competição com os roedores, mais
eficientes. Somos tetrápodes sinapsídeos, um grupo de répteis que
quase se extinguiu há 200 milhões de anos atrás em competição com
os dinossáurios, mais eficientes. Somos descendentes de peixes com
patas, que quase se extinguiram há 360 milhões de anos atrás, em
competição com peixes de barbatanas, mais eficientes. E, por último,
mas não menos espantoso, somos cordados, um grupo que
sobreviveu mesmo à justa no Câmbrico, em competição com os
artrópodes, brilhantemente bem sucedidos como se sabe....
E no entanto, eis o nosso sucesso ecológico sem comparação!
Os primeiros mamíferos
Há cerca de 200 milhões de anos atrás, no início da era Mesozóica – a
era dos répteis -, quando surgiram os primeiros dinossauros, aparece
pela primeira vez indicação da presença dos mamíferos.
Estes primeiros mamíferos, atualmente considerados descendentes
de répteis terapsídeos, apenas deixaram para a posteridade pedaços
de crânios, dentes e mandíbulas, mas tal foi o suficiente para obter
muitas informações sobre esses animais:
• eram animais pequenos, do tamanho de ratos atuais;
• apresentavam dentes afiados, logo deveriam ser carnívoros. No
entanto, devido ao seu tamanho, pensa-se que se alimentariam
principalmente de insetos e vermes, ovos de répteis, etc.;
• eram homeotérmicos, fato que pode ser deduzido da presença
de palato (céu da boca) ósseo a separar a boca do nariz nos
crânios. Esta característica existe nos organismos que respiram
continuamente, mesmo quando se alimentam, o que é típico de
organismos com elevados gastos energéticos, como os
homeotérmicos. Este fato permitia-lhes manterem-se ativos de
noite e ao entardecer;
• eram animais noturnos, dado o elevado tamanho das órbitas;
• teriam uma audição apurada pois o ouvido apresentava três
ossos, enquanto os répteis apenas têm dois.
Até há cerca de 65 milhões de anos atrás os mamíferos continuaram
a sua existência noturna discreta, até que os dinossauros se
extinguiram. A libertação de tão grande número de nichos ecológicos
provocou uma explosiva radiação adaptativa, surgindo em muito
pouco tempo, do ponto de vista geológico, todas as principais ordens
de mamíferos atuais: monotrématos, marsupiais e placentários. Por
este motivo, a era Cenozóica é designada a era dos mamíferos.
A Ordem Primata
Os primatas constituem um grupo diversificado, que forma estruturas
sociais complexas. A separação dos continentes, principalmente da
Eurásia e da América, levou a duas grandes linhas evolutivas de
primatas: símios do novo mundo (platirrineos) e símios do velho
mundo (catarrineos). Deste último grupo, com evolução em África,
surgiu o ramo antropomórfico.
Estes animais vivem geralmente em florestas tropicais, onde os seus
membros hábeis e preênseis são uma boa adaptação à vida nas
árvores. Em algumas espécies a cauda também é preênsil.
Os cientistas consideram a existência de cerce de 200 espécies de
primatas, mas, com o desenvolvimento dos estudos
conservacionistas, muitas outras têm vindo a ser descritas desde
1990.
A variedade de primatas é facilmente reconhecida quando se observa
um lémur-rato com 35g e um gorila com mais de 200 Kg. No entanto,
existem características mais ou menos comuns, como a presença de
unhas e cauda (exceto nos antropomorfos).
Com exceção de algumas espécies de cetáceos, é nos primatas
superiores que o cérebro é tão maior relativamente ao corpo, facto
considerado um sinal de inteligência. Os hemisférios cerebrais, que
tratam a informação sensorial e coordenam as respostas motoras,
são muito desenvolvidos, permitindo uma visão apurada
(fundamental para saltos precisos entre ramos).
Os primatas estão em sério risco, pois as suas populações estão
em rápido declínio devido á destruição de habitat e à caça ilegal de
espécies protegidas (gorilas e orangotangos, por exemplo). Os
primatas são também muito utilizados em pesquisas médicas e
espaciais, devido à sua proximidade genética com o Homem.
Tendências evolutivas dos Primatas
O que distingue os primatas das outras ordens de mamíferos?
A evolução de insetívoro a primata provocou algumas adaptações
importantes:
• Adaptação á vida arborícola – a vida arborícola é
característica de todos os primatas, exceto o Homem, sendo
um meio eficaz de evitar ataques de predadores. Este fato
verifica-se mesmo em primatas que durante o dia vivem no
solo, pois à noite dormem em ninhos nas árvores. Para que
possam viver deste modo várias estruturas se desenvolveram:
• dedos preênseis - os primatas são, comparativamente, pouco
especializados, pois as suas extremidades ainda se assemelham
às dos mamíferos primitivos, ou seja, às dos répteis. Esses
antigos mamíferos apresentavam sempre cinco dedos
separados em cada membro, mas a maioria evoluiu para
extremidades melhor adaptadas a correr, saltar, capturar a
presa, cavar ou nadar. Apenas os primatas mantêm o padrão
primitivo, acrescentando um polegar oponível, tanto nos
membros anteriores como posteriores.
• unhas - os dedos não apresentam garras, o que facilita a
proteção das polpas tácteis das pontas dos dedos e facilita o
ato de agarrar.
• articulações com grande mobilidade – as articulações do punho,
cotovelo, ombro, anca e pescoço são particularmente móveis, o
que torna os primatas animais muito ágeis. A nível do membro
anterior, os primatas mantiveram outros aspectos considerados
primitivos:
– a estrutura quadrúpede básica tem no membro anterior dois
ossos (rádio e cúbito), mas apenas os primatas mantiveram a
capacidade de fazer girar o rádio (o osso do lado do polegar) sobre o
cúbito, levando á capacidade de girar a mão sem que exista
movimento do cotovelo ou do braço - pronação. Outra importante
capacidade mantida pelos primatas, a este nível, é a possibilidade de
rodar a mão para cima e para baixo, a nível do pulso - supinação;
– articulação do "ombro" – a maioria dos mamíferos perdeu a
capacidade de rodar o braço para o lado a nível de "ombro", apenas
conseguem rodar para a frente e para trás mas os primatas
conseguem-no o que é fundamental para quem salta de ramo em
ramo com segurança.
• visão estereoscópica – as órbitas frontais permitem uma visão
binocular, pelo menos em grande parte do campo de visão, o
que favorece a percepção de profundidade e o cálculo de
distâncias, para uma movimentação mais segura. Este fato
levou a um predomínio do sentido da visão sobre todos os
restantes sentidos, levando ao característico achatamento da
face, consequência da redução das mucosas olfativas.
• Adaptação á vida em sociedade – tirando orangotangos e
algumas espécies de lêmures e gálagos, todos os primatas
levam uma vida em grupo. Estes grupos ou bandos são
frequentemente formados por várias fêmeas e um ou dois
machos adultos. Estes grupos podem atingir algumas centenas
de indivíduos, podendo subdividir-se. Algumas espécies, quase
todas de macacos do Novo Mundo, formam casais
monogâmicos. Estas sociedades são mantidas por
comportamentos característicos, como o catar comunitário.
A vida em sociedade tem a grande vantagem da proteção do grupo e
a facilidade de transmissão de conhecimentos. A sociabilidade dos
primatas tem surgido como resultado de características biológicas,
como a existência de um único filho por gestação, com um
prolongado período de crescimento pós-natal, durante o qual
aprende, para disso fazer uso mais tarde. O predomínio da visão
sobre o olfato também favorece o comportamento social.
• Desenvolvimento das faculdades mentais – o
desenvolvimento progressivo de faculdades mentais
corresponde á existência de uma face maior em relação ao
crânio e de um maior encéfalo, em relação ao corpo. Os gorilas
apresentam um encéfalo com 500cm3
e o Homem apresenta
1400cm3
.
• Adaptação a uma alimentação omnívora – os primatas têm
uma alimentação variada, embora os mais pequenos sejam
predominantemente insetívoros, enquanto os maiores se
alimentam de frutos, sementes e pequenos animais. Apenas os
társios são exclusivamente carnívoros. Deste modo, há uma
redução dos músculos da mastigação, bem como das cristas de
inserção dos músculos no crânio. Os dentes molares
apresentam tubérculos e a arcada dentária passa de uma forma
em V para uma forma em U.
As Primeiras Fases da Evolução dos
Hominídeos
Já Lineu, em 1758, tinha considerado todos os Homens como
pertencentes á mesma espécie, Homo sapiens.
Com o desenvolver das ideias evolucionistas, questionou-se pela
primeira vez a origem do Homem. Darwin considerou a espécie
humana como o resultado de uma longa evolução, a partir de
espécies ancestrais, por ação da seleção. Também considerou, pela
primeira vez, que o Homem e os grandes símios atuais derivavam de
um mesmo ancestral comum.
No entanto, os restos fragmentados que eram conhecidos não
permitiam o esclarecimento devido da questão. O desejo de
encontrar o “elo perdido” era tal que surgiram inúmeras fraudes,
como o Homem de Piltdown.
Filogenia dos Hominídeos até 1960
Que dados fornecia a paleontologia, que permitisse concluir quando
ocorreu a separação entre os gêneros Pongo (orangotango), Gorilla e
Pan (chimpanzé) ? Pensava-se que bastaria encontrar um fóssil
ancestral comum a todos esses gêneros, tal como Darwin tinha
sugerido.
Com a descoberta do gênero Proconsul, que teria vivido à cerca de 17
a 20 milhões de anos atrás, os cientistas pensaram ter encontrado
esse “elo perdido” mas tal não aconteceu. Atualmente esse gênero é
designado Dryopithecus.
Mais recentemente descobriu-se o Ramapithecus, género de á 15
milhões de anos atrás, provavelmente resultante da evolução do
Proconsul, e que foi considerado o elo que faltava para o ramo
hominídeo.
Concluía-se, então, que o Ramapithecus seria o ancestral mais antigo
dos hominídeos, cuja separação do ramo primata teria ocorrido há 14
milhões de anos atrás Posteriormente, cerca de 5 a 7 milhões de
anos atrás, os ramos dos grandes símios ter-se-iam separado entre
si.
Reformulação da Filogenia dos Hominídeos
A partir dos anos 60, novas descobertas permitiram uma
reformulação completa da filogenia anteriormente aceite:
• Posição do Ramapithecus – a análise das proteínas dos
fósseis de Ramapithecus levou á conclusão que este gênero era
mais aparentado com os atuais orangotangos que com o
Homem, chimpanzé ou qualquer outro primata atual. Conclui-
se, portanto, que este gênero é um ancestral direto do
orangotango e não qualquer “elo perdido” na evolução humana.
• Separação do Ramo Hominídeo – se estava definitivamente
provada a separação do ramo orangotango á cerca de 15
milhões de anos atrás, o que se teria passado em relação ao
restante tronco?
• dados cromossômicos – o estudo dos cariótipos revelou que o
Homem tem 23 pares de cromossomos, enquanto os grandes
símios apresentam 24 pares. Desses, 13 pares de cromossomos
humanos são virtualmente idênticos aos dos chimpanzés,
diferindo os restantes apenas parcialmente. O cromossomo 5
humano e do chimpanzé apresenta as mesmas bandas de
coloração, mas por ordem diferente. Este fato pode ser
explicado por uma inversão pericêntrica. O cromossomo 2
humano resulta de fusão entre dois cromossomos de
chimpanzé, o que explica o fato de o Homem apresentar menos
um par que os restantes grandes símios. Estes estudos revelam
um grau de semelhança muito grande entre os patrimônios
genéticos dos gêneros Homo e Pan.
• dados de análise de proteínas – estudos das proteínas humanas
e do chimpanzé revelam um grau de semelhança de 99%. Este
grau de semelhança só existe entre espécies gêmeas (iguais
morfologicamente).
• dados geológicos – a trifurcação do ramo restante, após a
separação dos orangotangos, parece apoiada por dados
geológicos. A formação, no leste de África, do Rift, separou a
população ancestral dos grandes símios em duas, a do lado
oeste do Rift numa floresta úmida teria originado os gorilas e os
chimpanzés atuais, enquanto a do leste, numa zona mais estéril
e plana, teria originado o Homem.
• dados de DNA mitocondrial – o DNA mitocondrial é mais fácil de
analisar pois é menor, daí a sua importância para estudos desta
natureza. Os estudos realizados confirmam a evolução próxima
de Homem e chimpanzés mas revelam uma separação do ramo
humano anterior á diferenciação entre chimpanzés e gorilas.
Conclusão: a nova árvore genealógica considera que os chimpanzés
e os gorilas se separaram á cerca de 3 milhões de anos atrás. Há 2
milhões de anos atrás mais tarde que a separação dos hominídeos da
linha principal. O ancestral comum seria um pequeno símio bípede e
o chimpanzé e o gorila teriam perdido a capacidade da marcha bípede
secundariamente.
Primeiras Fases da Evolução dos Hominideos
Conceito de Hominização
Durante muitos anos foram os aspectos culturais e intelectuais os
decisivos na separação dos hominídeos, em relação aos restantes
símios. Por esta ordem de ideias são características exclusivas do
Homem:
• inteligência superior;
• linguagem articulada;
• elaboração de conceitos abstratos (o futuro, por exemplo);
• fabrico e manuseio de instrumentos;
• vida social complexa e com esforço cooperativo.
Atualmente outros aspectos são considerados igualmente, ou
talvez mais, importantes para a definição da família Hominidae:
• Características Morfológicas – neste grupo pode-se
considerar diversos aspectos:
• cérebro de grande capacidade, tanto funcional como em
tamanho (o mínimo de um Homem é 1000cm3
e o máximo de
um gorila é de 650cm3
);
• caixa craniana maior que a face;
• face vertical com arcada supraciliar reduzida, maxilar inferior
pouco saliente e com dentes de tamanho regular;
• cabelo longo de crescimento contínuo e pêlos corporais
escassos;
• mãos com polegares bem desenvolvidos e oponíveis, pernas
30% mais longas que os braços e mais fortes, dedo grande do
pé não oponível;
• corpo com camada de gordura subcutânea;
• dentes em arcada arredondada, caninos pequenos e pré-
molares bicúspides;
• infância e maturação esquelética prolongada.
• bipedismo levou ao surgimento de numerosas alterações a nível
evolutivo e morfológico:
o Aspectos evolucionistas - certos autores consideram esta
característica como a verdadeira causa do
desenvolvimento das outras características humanas,
dado o Homem ter libertado as mãos para manejar e
desenvolver ferramentas, com o desenvolvimento
cerebral daí resultante. A teoria atual (Coppens, 1983),
conhecida por “East side story”, tem em conta os locais
onde apareceram os fósseis de hominídeos. Estes fósseis
só existem no leste africano, pois o Rift criou uma
barreira geográfica que separou a população ancestral em
dois grupos. Os antropomórficos do lado oeste divergiram
para os macacos atuais, devido ao meio luxuriante se
manter. Os do lado leste ficaram encurralados numa zona
donde desapareceram as florestas, ficando uma extensão
de savana. Deste modo foram obrigados a modificar o
seu modo de locomoção, para permitir o transporte de
alimentos a grandes distâncias. O bipedismo também
permite uma maior eficiência a percorrer longas
distâncias, o que originaria territórios muito maiores.
o Aspectos morfológicos – no bipedismo, o corpo apóia-se
exclusivamente nos membros inferiores e a deslocação
efetua-se assentando alternadamente os pés, com um
balanceamento do corpo. Além do Homem, poucos
animais o conseguem e geralmente durante pequenas
distâncias apenas (gibão, chimpanzé, por exemplo), pois
a sua estrutura física não está para isso habilitada. No
Homem a adaptação ao bipedismo e á postura vertical
levou a importantes modificações anatômicas na cabeça,
coluna vertebral e membros;
- membros inferiores muito maiores que os anteriores;
- orifício occipital, no crânio é horizontal e localizado por baixo da
cabeça, permitindo que esta fique bem estável. Nos macacos, por
exemplo, o orifício occipital está deslocado para trás e é oblíquo;
- coluna vertebral é um eixo vertical que sustenta o corpo,
permitindo-lhe mover-se graças ás vértebras articuladas entre si e
separadas por discos intervertebrais maleáveis. Apresenta quatro
curvaturas que se compensam mutuamente: cervical (concavidade
posterior), dorsal (concavidade anterior), lombar (concavidade
posterior) e sacra. A ligação lombar/sacra forma um promontório que
sustenta todo o peso da parte superior do corpo;
- bacia em forma de cesto, enquanto nos macacos é alongada e
estreita, permite sustentar as vísceras e fornece uma maior superfície
de inserção aos músculos dos membros inferiores (principalmente ao
grande glúteo). A cada passo o peso total do corpo passa de um pé
para o outro, logo para que não se caia a cada passo é necessário
que a bacia oscile para cima e para baixo;
- fêmur alongado, delgado e orientado obliquamente permite o
alinhamento das articulações da bacia e joelho. Por este motivo é
possível juntar os pés;
- centro de gravidade é baixo pois o peso do corpo está deslocado
para os membros inferiores, ao contrário dos macacos, que têm um
tronco bastante pesado. Este fato permite uma maior estabilidade á
marcha;
- pé é o suporte da totalidade do peso do corpo, sendo uma das
maiores modificações morfológicas verificadas no Homem. O dedo
grande do pé é longo, robusto e paralelo aos restantes. Através do
seu primeiro metatarso o peso é deslocado do calcanhar para a
extremidade do pé, sem que exista apoio na zona exterior do pé,
como nos macacos. O pé funciona como uma plataforma
extremamente flexível e estável.
• Evolução do Cérebro – outros autores consideram a principal
causa do desenvolvimento da espécie humana a evolução do
cérebro. Parece existir uma simultaneidade entre o surgimento
do bipedismo e o aumento de volume do cérebro. Tendo em
conta o peso médio do Homem, o cérebro humano é o maior e
o mais pesado entre todos os animais. A sua zona externa, o
córtex, é muito desenvolvida e nela residem as funções
intelectivas. Para comparar o tamanho do cérebro em animais
de peso corporal diferente pode utilizar-se o quociente de
encefalização (razão entre o peso do cérebro e o do corpo): se
for inferior a 1, a espécie tem um cérebro menor que a média
das espécies com o mesmo peso corporal; se for superior a 1, a
espécie tem um cérebro maior que outras de peso semelhante.
No caso humano o quociente de encefalização tem valor 8, ou
seja, o cérebro é três vezes mais pesado que o de um primata
de peso semelhante.
• Linguagem Articulada – é uma característica exclusivamente
humana. Entre mamíferos, as principais funções da linguagem
consistem, a nível individual, na expressão de sentimentos ou
sensações (satisfação, medo, etc.), e, a nível social, no alarme
ou intimidação. Assim, a linguagem animal depende
estritamente da sua função. O que distingue a linguagem
humana é a capacidade de veicular símbolos, ideias e noções
abstratas. É possível traduzir para linguagem animal uma frase
do tipo “Dá-me uma maçã” mas não do tipo “Acho que ele sabe
que penso como ele”. A capacidade de falar tem base genética
mas a linguagem é essencialmente aprendida, daí a diferença
na capacidade de expressão oral entre indivíduos. Se tal
aprendizagem não se efetua durante a primeira infância, torna-
se praticamente impossível ter a capacidade. A verdadeira
diferença entre a linguagem humana e a animal é a prodigiosa
riqueza da primeira. A partir de algumas dezenas de sons
fundamentais associados a um ritmo muito rápido surge a
palavra. Estes sons são produzidos na laringe, órgão constituído
por cartilagens e músculos, alguns dos quais formam as cordas
vocais, suspensas do osso hióide. A laringe apenas faz variar a
frequência dos sons produzidos, o ar expirado passa
seguidamente para a faringe e depois para a cavidade nasal e
boca. As modificações de forma da boca, graças aos
movimentos da língua, véu palatino e lábios, permitem a
diferenciação dos sons. As cartilagens e tecidos moles não
fossilizam bem logo apenas se pode estudar os ossos da face
interna da maxila inferior, palato e buraco occipital. No entanto,
estudos deste tipo já permitiram concluir que o Homem de
Neanderthal apresentaria um aparelho vocal semelhante ao dos
recém-nascidos, o que os impediria de pronunciar as vogais. Já
os Australopithecus teriam um aparelho vocal semelhante ao
dos macacos atuais.
• Aspectos Culturais – este aspecto é marcante para o Homem
mas também existe em alguns outros primatas. Além do
programa genético e hereditário, existe a herança social, não
ligada á hereditariedade e que permitiu o progresso humano
em cada geração.
Evolução dos Hominídeos
Australopithecus
Os primatas do género Australopithecus são os primeiros hominídeos
que se conhecem. Viveram na África do sul e oriental, entre 4 a 2
milhões de anos atrás.
Apresentavam um volume craniano semelhante ao dos símios (500
cm3
) mas já tinham alguns caracteres humanos:
• dentição primitiva mas sem caninos salientes e com incisivos
largos;
• as mãos não eram usadas para andar como nos grandes símios
atuais;
• bacia larga e em forma de cesto, como num ser bípede.
Teriam, no máximo, 120 cm de altura e pesariam entre 27 a 32
Kg. A face era côncava (em forma de prato) e arcada supraciliar
pronunciada.
Já tinham desenvolvido uma “indústria do calhau”, oportunista pois
as pedras eram usadas ao acaso. Atualmente pensa-se que talvez
estes primatas pertençam a um ramo colateral da evolução
humana.
Homo Erectus
Esta designação inclui diversos fósseis, nomeadamente o Homem de
Java, Homem de Pequim, Homem da Rodésia e outros vestígios
europeus e africanos. Também já foi referido como Pitecanthropus.
Esta espécie terá vivido entre 2,5 M.A. e 130000 anos
atrás. Apresentava uma capacidade craniana de 900 cm3
, um
acentuado prognatismo (saliência da zona inferior da face) mas sem
queixo. A arcada supraciliar era muito saliente ainda.
A sua postura era nitidamente ereta, daí a sua designação, revelando
um significativo aumento de estatura em relação aos seus ancestrais
Australopithecus.
Foi o primeiro hominídeo a dominar o fogo, o que lhe permitiu reduzir
a musculatura da mastigação na face, pois a carne cozida é mais
macia. O fogo permitiu, também, a expansão do seu território para
zonas mais frias.
Já caçava animais de grande porte, o que denota organização e
espírito de grupo. Desenvolveu a “indústria lítica”, com separação de
lascas, depois usadas como pontas de seta e facas. Migrou da África,
onde surgiu, para a Europa e para a Ásia.
Homo Sapiens Neanderthalensis
O chamado Homem de Neanderthal, em homenagem á localidade
alemã onde primeiro foi descoberto, viveu entre 50000 e 35000 anos
atrás, durante o último período glacial.
Os ossos do crânio são espessos, embora menos do que os do Homo
erectus, com uma espantosa capacidade craniana de 1300 a 1750
cm3
, superior á do Homem moderno. O crânio apresenta uma
característica forma de sino, baixo e com pouca testa.
As arcadas supraciliares eram muito desenvolvidas, prognata, sem
queixo e com dentes maiores que os do Homem atual. De
constituição atarracada, viveram principalmente na Europa ocidental
e médio oriente mas nunca em África.
Foram descobertas sepulturas com ornamentos, produziam utensílios
de pedra mais elaborados e finos. Utilizavam, também, ossos,
madeira e outros materiais para a construção de utensílios.
Desapareceram instantaneamente, à escala geológica, há cerca de
35000 anos.
As suas características tão especializadas parecem mostrar que não é
um antepassado do Homem moderno, antes uma ramo colateral que
se extinguiu.
Homo Sapiens Sapiens
O Homem moderno terá surgido numa região compreendida entre a
Etiópia e o próximo oriente pois existem fósseis como o do Homem
da Galileia, que parecem estar na origem do tipo humano que se
expandiu pelo mundo.
O fóssil europeu mais conhecido é o Homem de Cro-Magnom, com
cerca de 30000 anos.
São mais altos e menos possantes que os Homens de Neanderthal,
sem arcadas supraciliares salientes, testa direita e ossos do crânio
leves. O queixo é bem desenvolvido e a face é ortognata (plana).
São os inventores do supérfluos, como a arte e as diversões.
Instalaram-se em aldeias e tornaram-se agricultores, após a última
glaciação.
As diferenciações geográficas características das chamadas raças,
terão surgido á cerca de 30000 anos.
Evolução Cultural
A análise arqueológica dos utensílios do Homem permitiu estabelecer
uma sequência de etapas na evolução cultural, com uma relativa
correspondência com as etapas de evolução biológica:
• paleolítico ou idade da pedra lascada, corresponde
aproximadamente ao tempo de existência dos gêneros
Australopithecus, Homo erectus e Homo sapiens
neanderthalensis;
• neolítico ou idade da pedra polida, já com Homo sapiens
sapiens, ou seja, á cerca de 10000. Durante este período surgiu
a agricultura, o que permitiu ás populações um aumento do
tempo de lazer, devido á disponibilidade de alimento. Por outro
lado, a fixação inerente á agricultura provocou o
desenvolvimento da vida em sociedade e o avanço cultural;
• idade dos metais (ferro, cobre, bronze), inicia-se á cerca de
5000 anos. Este fato permite uma maior divisão do trabalho,
formando-se agregados urbanos, com intensa exploração dos
recursos naturais, acumulação de resíduos e propagação de
doenças.
Modificações em Populações Humanas
Já em 1900 era do conhecimento geral a existência de 4 grupos
sanguíneos em seres humanos, A, B, AB e O. Cada grupo sanguíneo
corresponde á presença de certas estruturas moleculares (globulinas)
na superfície de glóbulos vermelhos, sintetizadas com base na
informação codificada nos respectivos genes.
O estudo dos grupos sanguíneos permitiu verificar que existem
diferenças nas frequências dos diversos tipos, em diferentes locais do
globo.
Já antes foi referido que o que distingue duas populações não é a
presença ou ausência de determinado grupo sanguíneo, mas a
frequência relativa de cada grupo. Estudos verificaram que o gene
cuja frequência sofre uma variação maior é o gene que codifica o
grupo sanguíneo B. A sua frequência é máxima na Ásia, onde atinge
20 a 30% e diminui para Ocidente, com 15 a 20% no leste europeu,
5 a 10% em França e 0 a 5% em Portugal.
Estes dados apontam para o surgimento, por mutação, do gene que
codifica o grupo sanguíneo B, na Ásia, seguida do seu alastramento,
por migração, para ocidente.
Também existem outros sistemas de grupos sanguíneos,
nomeadamente o sistema Rhesus e o sistema Gm. O sistema Rhesus,
ou Rh, é formado por dois tipos apenas: Rh+
( a maioria dos casos) e
Rh -
. Trata-se de uma propriedade dos glóbulos vermelhos
semelhante á que se encontra presente nos macacos do gênero
Rhesus.
“Raças” Humanas
A espécie humana é ubíqua, existindo em todos os climas mas é um
conjunto biológico homogéneo no que se refere ás suas
características. Apesar desse facto, alguns autores consideram-na
acentuadamente polimórfica, em relação a características de segundo
plano, dando origem ao conceito de raça humana.
Existem várias classificações de raças humanas, mas geralmente
existem 4 grupos básicos:
• Caucasianos – europeus, norte-americanos e árabes, até á
Índia. Estas populações apresentam, caracteristicamente pele e
olhos claros, com exceção dos mediterrânicos, nariz estreito,
lábios delgados e cabelo liso ou ondulado;
• Australóides – aborígenes e povos com eles relacionados, que
apresentam pele escura, variando do tom azeitona até ao
quase negro, cabelo encaracolado, olhos escuros e nariz largo;
• Mongolóides – pele amarelada, cabelos lisos, nariz de forma
variada, rosto largo e achatado, olhos com prega epicântica na
pálpebra superior (cuja função é proteger do clarão ofuscante
da neve). Deste grupo terão derivado os índios americanos e os
esquimós, através de populações que teriam migrado através
do estreito de Behring;
• Negros – pele escura, variando do tom acastanhado ao quase
negro, nariz achatado, olhos escuros e cabelos crespos.
Qual a origem destas raças ?
Existem duas teorias que tentam explicar estas diferenças
morfológicas entre as populações humanas:
• Hipótese policêntrica – a formação da atual população humana
efetuou-se em vários territórios relativamente independentes,
onde vários tipos de H. erectus teriam dado origem aos
principais tipos atuais;
• Hipótese monocêntrica – o Homem atual terá surgido num
território único, numa região algures entre a Ásia central e o
nordeste africano, onde teria ocorrido o cruzamento de
numerosos hominídeos, entre eles o H. erectus e H. sapiens, o
que teria enriquecido o seu património genético. Só
posteriormente se teriam formado as várias populações
geográficas, que originaram as raças.
Atualmente sabe-se que a cor da pele, por exemplo, um dos critérios
mais importantes na classificação das raças humanas, resulta apenas
da quantidade variável de melanina na pele. Verifica-se, portanto,
uma variação quantitativa e não qualitativa, para não falar do
espectro de variação dentro da mesma raça, que é muito maior que a
variação entre raças.
É sabido que uma boa classificação se deve basear num conjunto de
caracteres representativos, mas no caso humano, os caracteres
utilizados não variam dentro das raças de modo correlacionado.
Outro aspecto a salientar é a utilização do termo subespécie á
população humana, pois este termo só pode ser aplicado a
populações que mostrem uma concordância acentuada dum
numeroso conjunto de caracteres distintivos, o que não é o caso do
Homem.
De todos estes argumentos pode concluir-se que as raças
humanas não têm qualquer significado biológico.
O Futuro da Espécie Humana
Tendo em conta o momento em que a espécie humana surge á face
da Terra, a história humana decorre apenas numa milésima parte da
vida na Terra. A espécie humana é muito jovem, logo deve estar
apenas no início da sua evolução…
• divergência x homogeneidade – de modo geral considera-se
que existe uma tendência para a homogeneidade das
características humanas pois as barreiras geográficas e
culturais estão progressivamente a desaparecer;
• redução do papel da seleção natural – o tempo médio de vida
de um ser humano tem vindo a aumentar, devido á melhor
nutrição e ao aumento dos cuidados médicos. Isto significa que
as populações incluem, simultaneamente, cada vez mais
gerações. Biologicamente, a medicina impede a ação da seleção
natural logo haverá cada vez mais indivíduos portadores de
genes deletérios, os quais serão transmitidos em maior número
ás gerações seguintes. Assim, a medicina é vantajosa para o
indivíduo mas parece prejudicial para a espécie, a longo prazo.
Por outro lado, surgem novos agentes seletivos, como os
produtos criados pelo Homem que são mutagênios, e cujas
consequências só serão visíveis em muitas gerações, como as
radiações atómicas, alterações ambientais, etc.;
• engenharia genética – a recombinação artificial de genomas
permite ultrapassar os mecanismos isoladores pois junta,
artificialmente, genes de espécies diferentes no mesmo
citoplasma. Estas técnicas podem permitir a cura de doenças
hereditárias, bem como a obtenção de organismos
transgênicos;
• limites do crescimento – o Homem tem alterado profundamente
o ambiente, devido á agricultura, drenagem, irrigação e
construção de cidades. Esta exploração desastrosa dos recursos
num mundo finito tem que ser travada, sob pena de encurtar a
evolução da nossa espécie…
• cultura – a cada problema colocado pela natureza, o Homem
respondeu com a sua inteligência e espírito criador,
encontrando soluções originais que lhe asseguram hipóteses de
sobrevivência, sejam quais forem as modificações do meio em
que vive. Atualmente a evolução do Homem é mais cultural que
física, o que é uma vantagem inimaginável pois o mais esperto
animal não consegue transmitir os seus conhecimentos á sua
descendência mas o Homem transmite á sua descendência e a
todos os outros Homens. Um animal, por mais forte e mais
dotado que seja, sem descendentes terá a sua herança
desaparecida para sempre mas Da Vinci ou Beethoven não
deixaram descendentes e o seu gênio é conhecido de toda a
Humanidade. O Homem adquiriu também um poder assustador,
desenvolveu o seu conhecimento a ponto de ser capaz de agir
sobre a sua própria evolução, bem como sobre a de todos os
organismos sobre a Terra. Este poder, capaz de alterar o
equilíbrio que levou á natureza milhões de anos a atingir, não
poderá voltar-se contra o seu próprio criador ?
• futuro do cérebro – os anatomistas consideram o cérebro
humano igual ao do Homem de Cro-Magnom, que viveu á cerca
de 35000 anos atrás, mas talvez a diferença resida, não na
forma, mas na organização dos milhões de células que o
constituem. É indiscutível que o ser humano atual é mais
inteligente pois vive num ambiente mais rico e complexo. No
entanto, todos nascem com as mesmas potencialidades mas
desde a infância que se vão tornando mais ou menos
inteligentes, em função da educação, dos estímulos e da
vontade própria de aprender.
Posição Sistemática do Homem
Reino Animalia
Filo Chordata
Subfilo Vertebrata
Superclasse Tetrapoda
Classe Mammalia
Subclasse Theria
Ordem Primata
Subordem Anthropoidea
Superfamília Hominoidea
Família Hominidae
Género Homo
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Biliografia:
http://curlygirl.naturlink.pt/homem.htm
http://indoafundo.com

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EvoluçãO Humana

  • 1. Evolução Humana Imagem coletada de: http://www.interney.net/blogs/heresialoira/2009/02/13/mitos_sobre_a_evolucao/ Introdução Os seres humanos podem ser considerados um enorme sucesso ecológico, devendo ser o animal de grandes dimensões mais abundante na Terra. Os únicos que se podem aproximar de nós são os que domesticamos (vacas, galinhas, porcos e ovelhas) ou os que dependem dos habitats por nós criados (pardais e ratos, por exemplo). Será por isso surpreendente notar que o nosso sucesso se deve a uma série de quase escapadas dignas de filme de suspense: somos grandes primatas, um grupo que quase se extinguiu há 15 milhões de anos atrás em competição com os macacos, mais eficientes. Somos primatas, um grupo de mamíferos que quase se extinguiu há 45 milhões de anos atrás. em competição com os roedores, mais eficientes. Somos tetrápodes sinapsídeos, um grupo de répteis que quase se extinguiu há 200 milhões de anos atrás em competição com os dinossáurios, mais eficientes. Somos descendentes de peixes com patas, que quase se extinguiram há 360 milhões de anos atrás, em competição com peixes de barbatanas, mais eficientes. E, por último, mas não menos espantoso, somos cordados, um grupo que sobreviveu mesmo à justa no Câmbrico, em competição com os artrópodes, brilhantemente bem sucedidos como se sabe.... E no entanto, eis o nosso sucesso ecológico sem comparação!
  • 2. Os primeiros mamíferos Há cerca de 200 milhões de anos atrás, no início da era Mesozóica – a era dos répteis -, quando surgiram os primeiros dinossauros, aparece pela primeira vez indicação da presença dos mamíferos. Estes primeiros mamíferos, atualmente considerados descendentes de répteis terapsídeos, apenas deixaram para a posteridade pedaços de crânios, dentes e mandíbulas, mas tal foi o suficiente para obter muitas informações sobre esses animais: • eram animais pequenos, do tamanho de ratos atuais; • apresentavam dentes afiados, logo deveriam ser carnívoros. No entanto, devido ao seu tamanho, pensa-se que se alimentariam principalmente de insetos e vermes, ovos de répteis, etc.; • eram homeotérmicos, fato que pode ser deduzido da presença de palato (céu da boca) ósseo a separar a boca do nariz nos crânios. Esta característica existe nos organismos que respiram continuamente, mesmo quando se alimentam, o que é típico de organismos com elevados gastos energéticos, como os homeotérmicos. Este fato permitia-lhes manterem-se ativos de noite e ao entardecer; • eram animais noturnos, dado o elevado tamanho das órbitas; • teriam uma audição apurada pois o ouvido apresentava três ossos, enquanto os répteis apenas têm dois. Até há cerca de 65 milhões de anos atrás os mamíferos continuaram a sua existência noturna discreta, até que os dinossauros se extinguiram. A libertação de tão grande número de nichos ecológicos provocou uma explosiva radiação adaptativa, surgindo em muito pouco tempo, do ponto de vista geológico, todas as principais ordens de mamíferos atuais: monotrématos, marsupiais e placentários. Por este motivo, a era Cenozóica é designada a era dos mamíferos. A Ordem Primata Os primatas constituem um grupo diversificado, que forma estruturas sociais complexas. A separação dos continentes, principalmente da Eurásia e da América, levou a duas grandes linhas evolutivas de
  • 3. primatas: símios do novo mundo (platirrineos) e símios do velho mundo (catarrineos). Deste último grupo, com evolução em África, surgiu o ramo antropomórfico. Estes animais vivem geralmente em florestas tropicais, onde os seus membros hábeis e preênseis são uma boa adaptação à vida nas árvores. Em algumas espécies a cauda também é preênsil. Os cientistas consideram a existência de cerce de 200 espécies de primatas, mas, com o desenvolvimento dos estudos conservacionistas, muitas outras têm vindo a ser descritas desde 1990. A variedade de primatas é facilmente reconhecida quando se observa um lémur-rato com 35g e um gorila com mais de 200 Kg. No entanto, existem características mais ou menos comuns, como a presença de unhas e cauda (exceto nos antropomorfos). Com exceção de algumas espécies de cetáceos, é nos primatas superiores que o cérebro é tão maior relativamente ao corpo, facto considerado um sinal de inteligência. Os hemisférios cerebrais, que tratam a informação sensorial e coordenam as respostas motoras, são muito desenvolvidos, permitindo uma visão apurada (fundamental para saltos precisos entre ramos). Os primatas estão em sério risco, pois as suas populações estão em rápido declínio devido á destruição de habitat e à caça ilegal de espécies protegidas (gorilas e orangotangos, por exemplo). Os primatas são também muito utilizados em pesquisas médicas e espaciais, devido à sua proximidade genética com o Homem. Tendências evolutivas dos Primatas O que distingue os primatas das outras ordens de mamíferos? A evolução de insetívoro a primata provocou algumas adaptações importantes: • Adaptação á vida arborícola – a vida arborícola é característica de todos os primatas, exceto o Homem, sendo um meio eficaz de evitar ataques de predadores. Este fato verifica-se mesmo em primatas que durante o dia vivem no
  • 4. solo, pois à noite dormem em ninhos nas árvores. Para que possam viver deste modo várias estruturas se desenvolveram: • dedos preênseis - os primatas são, comparativamente, pouco especializados, pois as suas extremidades ainda se assemelham às dos mamíferos primitivos, ou seja, às dos répteis. Esses antigos mamíferos apresentavam sempre cinco dedos separados em cada membro, mas a maioria evoluiu para extremidades melhor adaptadas a correr, saltar, capturar a presa, cavar ou nadar. Apenas os primatas mantêm o padrão primitivo, acrescentando um polegar oponível, tanto nos membros anteriores como posteriores. • unhas - os dedos não apresentam garras, o que facilita a proteção das polpas tácteis das pontas dos dedos e facilita o ato de agarrar. • articulações com grande mobilidade – as articulações do punho, cotovelo, ombro, anca e pescoço são particularmente móveis, o que torna os primatas animais muito ágeis. A nível do membro anterior, os primatas mantiveram outros aspectos considerados primitivos: – a estrutura quadrúpede básica tem no membro anterior dois ossos (rádio e cúbito), mas apenas os primatas mantiveram a capacidade de fazer girar o rádio (o osso do lado do polegar) sobre o cúbito, levando á capacidade de girar a mão sem que exista movimento do cotovelo ou do braço - pronação. Outra importante capacidade mantida pelos primatas, a este nível, é a possibilidade de rodar a mão para cima e para baixo, a nível do pulso - supinação; – articulação do "ombro" – a maioria dos mamíferos perdeu a capacidade de rodar o braço para o lado a nível de "ombro", apenas conseguem rodar para a frente e para trás mas os primatas conseguem-no o que é fundamental para quem salta de ramo em ramo com segurança.
  • 5. • visão estereoscópica – as órbitas frontais permitem uma visão binocular, pelo menos em grande parte do campo de visão, o que favorece a percepção de profundidade e o cálculo de distâncias, para uma movimentação mais segura. Este fato levou a um predomínio do sentido da visão sobre todos os restantes sentidos, levando ao característico achatamento da face, consequência da redução das mucosas olfativas. • Adaptação á vida em sociedade – tirando orangotangos e algumas espécies de lêmures e gálagos, todos os primatas levam uma vida em grupo. Estes grupos ou bandos são frequentemente formados por várias fêmeas e um ou dois machos adultos. Estes grupos podem atingir algumas centenas de indivíduos, podendo subdividir-se. Algumas espécies, quase todas de macacos do Novo Mundo, formam casais monogâmicos. Estas sociedades são mantidas por comportamentos característicos, como o catar comunitário. A vida em sociedade tem a grande vantagem da proteção do grupo e a facilidade de transmissão de conhecimentos. A sociabilidade dos primatas tem surgido como resultado de características biológicas, como a existência de um único filho por gestação, com um prolongado período de crescimento pós-natal, durante o qual aprende, para disso fazer uso mais tarde. O predomínio da visão sobre o olfato também favorece o comportamento social. • Desenvolvimento das faculdades mentais – o desenvolvimento progressivo de faculdades mentais corresponde á existência de uma face maior em relação ao crânio e de um maior encéfalo, em relação ao corpo. Os gorilas
  • 6. apresentam um encéfalo com 500cm3 e o Homem apresenta 1400cm3 . • Adaptação a uma alimentação omnívora – os primatas têm uma alimentação variada, embora os mais pequenos sejam predominantemente insetívoros, enquanto os maiores se alimentam de frutos, sementes e pequenos animais. Apenas os társios são exclusivamente carnívoros. Deste modo, há uma redução dos músculos da mastigação, bem como das cristas de inserção dos músculos no crânio. Os dentes molares apresentam tubérculos e a arcada dentária passa de uma forma em V para uma forma em U. As Primeiras Fases da Evolução dos Hominídeos Já Lineu, em 1758, tinha considerado todos os Homens como pertencentes á mesma espécie, Homo sapiens. Com o desenvolver das ideias evolucionistas, questionou-se pela primeira vez a origem do Homem. Darwin considerou a espécie humana como o resultado de uma longa evolução, a partir de espécies ancestrais, por ação da seleção. Também considerou, pela primeira vez, que o Homem e os grandes símios atuais derivavam de um mesmo ancestral comum. No entanto, os restos fragmentados que eram conhecidos não permitiam o esclarecimento devido da questão. O desejo de encontrar o “elo perdido” era tal que surgiram inúmeras fraudes, como o Homem de Piltdown. Filogenia dos Hominídeos até 1960 Que dados fornecia a paleontologia, que permitisse concluir quando ocorreu a separação entre os gêneros Pongo (orangotango), Gorilla e Pan (chimpanzé) ? Pensava-se que bastaria encontrar um fóssil ancestral comum a todos esses gêneros, tal como Darwin tinha sugerido. Com a descoberta do gênero Proconsul, que teria vivido à cerca de 17 a 20 milhões de anos atrás, os cientistas pensaram ter encontrado esse “elo perdido” mas tal não aconteceu. Atualmente esse gênero é designado Dryopithecus. Mais recentemente descobriu-se o Ramapithecus, género de á 15 milhões de anos atrás, provavelmente resultante da evolução do Proconsul, e que foi considerado o elo que faltava para o ramo hominídeo. Concluía-se, então, que o Ramapithecus seria o ancestral mais antigo dos hominídeos, cuja separação do ramo primata teria ocorrido há 14
  • 7. milhões de anos atrás Posteriormente, cerca de 5 a 7 milhões de anos atrás, os ramos dos grandes símios ter-se-iam separado entre si. Reformulação da Filogenia dos Hominídeos A partir dos anos 60, novas descobertas permitiram uma reformulação completa da filogenia anteriormente aceite: • Posição do Ramapithecus – a análise das proteínas dos fósseis de Ramapithecus levou á conclusão que este gênero era mais aparentado com os atuais orangotangos que com o Homem, chimpanzé ou qualquer outro primata atual. Conclui- se, portanto, que este gênero é um ancestral direto do orangotango e não qualquer “elo perdido” na evolução humana. • Separação do Ramo Hominídeo – se estava definitivamente provada a separação do ramo orangotango á cerca de 15 milhões de anos atrás, o que se teria passado em relação ao restante tronco? • dados cromossômicos – o estudo dos cariótipos revelou que o Homem tem 23 pares de cromossomos, enquanto os grandes símios apresentam 24 pares. Desses, 13 pares de cromossomos humanos são virtualmente idênticos aos dos chimpanzés, diferindo os restantes apenas parcialmente. O cromossomo 5 humano e do chimpanzé apresenta as mesmas bandas de coloração, mas por ordem diferente. Este fato pode ser explicado por uma inversão pericêntrica. O cromossomo 2 humano resulta de fusão entre dois cromossomos de chimpanzé, o que explica o fato de o Homem apresentar menos um par que os restantes grandes símios. Estes estudos revelam um grau de semelhança muito grande entre os patrimônios genéticos dos gêneros Homo e Pan. • dados de análise de proteínas – estudos das proteínas humanas e do chimpanzé revelam um grau de semelhança de 99%. Este grau de semelhança só existe entre espécies gêmeas (iguais morfologicamente). • dados geológicos – a trifurcação do ramo restante, após a separação dos orangotangos, parece apoiada por dados geológicos. A formação, no leste de África, do Rift, separou a população ancestral dos grandes símios em duas, a do lado oeste do Rift numa floresta úmida teria originado os gorilas e os chimpanzés atuais, enquanto a do leste, numa zona mais estéril e plana, teria originado o Homem.
  • 8. • dados de DNA mitocondrial – o DNA mitocondrial é mais fácil de analisar pois é menor, daí a sua importância para estudos desta natureza. Os estudos realizados confirmam a evolução próxima de Homem e chimpanzés mas revelam uma separação do ramo humano anterior á diferenciação entre chimpanzés e gorilas. Conclusão: a nova árvore genealógica considera que os chimpanzés e os gorilas se separaram á cerca de 3 milhões de anos atrás. Há 2 milhões de anos atrás mais tarde que a separação dos hominídeos da linha principal. O ancestral comum seria um pequeno símio bípede e o chimpanzé e o gorila teriam perdido a capacidade da marcha bípede secundariamente. Primeiras Fases da Evolução dos Hominideos Conceito de Hominização Durante muitos anos foram os aspectos culturais e intelectuais os decisivos na separação dos hominídeos, em relação aos restantes símios. Por esta ordem de ideias são características exclusivas do Homem: • inteligência superior; • linguagem articulada; • elaboração de conceitos abstratos (o futuro, por exemplo); • fabrico e manuseio de instrumentos; • vida social complexa e com esforço cooperativo. Atualmente outros aspectos são considerados igualmente, ou talvez mais, importantes para a definição da família Hominidae: • Características Morfológicas – neste grupo pode-se considerar diversos aspectos: • cérebro de grande capacidade, tanto funcional como em tamanho (o mínimo de um Homem é 1000cm3 e o máximo de um gorila é de 650cm3 ); • caixa craniana maior que a face; • face vertical com arcada supraciliar reduzida, maxilar inferior pouco saliente e com dentes de tamanho regular; • cabelo longo de crescimento contínuo e pêlos corporais escassos; • mãos com polegares bem desenvolvidos e oponíveis, pernas 30% mais longas que os braços e mais fortes, dedo grande do pé não oponível; • corpo com camada de gordura subcutânea;
  • 9. • dentes em arcada arredondada, caninos pequenos e pré- molares bicúspides; • infância e maturação esquelética prolongada. • bipedismo levou ao surgimento de numerosas alterações a nível evolutivo e morfológico: o Aspectos evolucionistas - certos autores consideram esta característica como a verdadeira causa do desenvolvimento das outras características humanas, dado o Homem ter libertado as mãos para manejar e desenvolver ferramentas, com o desenvolvimento cerebral daí resultante. A teoria atual (Coppens, 1983), conhecida por “East side story”, tem em conta os locais onde apareceram os fósseis de hominídeos. Estes fósseis só existem no leste africano, pois o Rift criou uma barreira geográfica que separou a população ancestral em dois grupos. Os antropomórficos do lado oeste divergiram para os macacos atuais, devido ao meio luxuriante se manter. Os do lado leste ficaram encurralados numa zona donde desapareceram as florestas, ficando uma extensão de savana. Deste modo foram obrigados a modificar o seu modo de locomoção, para permitir o transporte de alimentos a grandes distâncias. O bipedismo também permite uma maior eficiência a percorrer longas distâncias, o que originaria territórios muito maiores. o Aspectos morfológicos – no bipedismo, o corpo apóia-se exclusivamente nos membros inferiores e a deslocação efetua-se assentando alternadamente os pés, com um balanceamento do corpo. Além do Homem, poucos animais o conseguem e geralmente durante pequenas distâncias apenas (gibão, chimpanzé, por exemplo), pois a sua estrutura física não está para isso habilitada. No Homem a adaptação ao bipedismo e á postura vertical levou a importantes modificações anatômicas na cabeça, coluna vertebral e membros; - membros inferiores muito maiores que os anteriores; - orifício occipital, no crânio é horizontal e localizado por baixo da cabeça, permitindo que esta fique bem estável. Nos macacos, por exemplo, o orifício occipital está deslocado para trás e é oblíquo; - coluna vertebral é um eixo vertical que sustenta o corpo, permitindo-lhe mover-se graças ás vértebras articuladas entre si e separadas por discos intervertebrais maleáveis. Apresenta quatro curvaturas que se compensam mutuamente: cervical (concavidade posterior), dorsal (concavidade anterior), lombar (concavidade
  • 10. posterior) e sacra. A ligação lombar/sacra forma um promontório que sustenta todo o peso da parte superior do corpo; - bacia em forma de cesto, enquanto nos macacos é alongada e estreita, permite sustentar as vísceras e fornece uma maior superfície de inserção aos músculos dos membros inferiores (principalmente ao grande glúteo). A cada passo o peso total do corpo passa de um pé para o outro, logo para que não se caia a cada passo é necessário que a bacia oscile para cima e para baixo; - fêmur alongado, delgado e orientado obliquamente permite o alinhamento das articulações da bacia e joelho. Por este motivo é possível juntar os pés; - centro de gravidade é baixo pois o peso do corpo está deslocado para os membros inferiores, ao contrário dos macacos, que têm um tronco bastante pesado. Este fato permite uma maior estabilidade á marcha; - pé é o suporte da totalidade do peso do corpo, sendo uma das maiores modificações morfológicas verificadas no Homem. O dedo grande do pé é longo, robusto e paralelo aos restantes. Através do seu primeiro metatarso o peso é deslocado do calcanhar para a extremidade do pé, sem que exista apoio na zona exterior do pé, como nos macacos. O pé funciona como uma plataforma extremamente flexível e estável. • Evolução do Cérebro – outros autores consideram a principal causa do desenvolvimento da espécie humana a evolução do cérebro. Parece existir uma simultaneidade entre o surgimento do bipedismo e o aumento de volume do cérebro. Tendo em conta o peso médio do Homem, o cérebro humano é o maior e o mais pesado entre todos os animais. A sua zona externa, o córtex, é muito desenvolvida e nela residem as funções intelectivas. Para comparar o tamanho do cérebro em animais de peso corporal diferente pode utilizar-se o quociente de encefalização (razão entre o peso do cérebro e o do corpo): se for inferior a 1, a espécie tem um cérebro menor que a média das espécies com o mesmo peso corporal; se for superior a 1, a espécie tem um cérebro maior que outras de peso semelhante. No caso humano o quociente de encefalização tem valor 8, ou seja, o cérebro é três vezes mais pesado que o de um primata de peso semelhante. • Linguagem Articulada – é uma característica exclusivamente humana. Entre mamíferos, as principais funções da linguagem consistem, a nível individual, na expressão de sentimentos ou sensações (satisfação, medo, etc.), e, a nível social, no alarme ou intimidação. Assim, a linguagem animal depende estritamente da sua função. O que distingue a linguagem humana é a capacidade de veicular símbolos, ideias e noções
  • 11. abstratas. É possível traduzir para linguagem animal uma frase do tipo “Dá-me uma maçã” mas não do tipo “Acho que ele sabe que penso como ele”. A capacidade de falar tem base genética mas a linguagem é essencialmente aprendida, daí a diferença na capacidade de expressão oral entre indivíduos. Se tal aprendizagem não se efetua durante a primeira infância, torna- se praticamente impossível ter a capacidade. A verdadeira diferença entre a linguagem humana e a animal é a prodigiosa riqueza da primeira. A partir de algumas dezenas de sons fundamentais associados a um ritmo muito rápido surge a palavra. Estes sons são produzidos na laringe, órgão constituído por cartilagens e músculos, alguns dos quais formam as cordas vocais, suspensas do osso hióide. A laringe apenas faz variar a frequência dos sons produzidos, o ar expirado passa seguidamente para a faringe e depois para a cavidade nasal e boca. As modificações de forma da boca, graças aos movimentos da língua, véu palatino e lábios, permitem a diferenciação dos sons. As cartilagens e tecidos moles não fossilizam bem logo apenas se pode estudar os ossos da face interna da maxila inferior, palato e buraco occipital. No entanto, estudos deste tipo já permitiram concluir que o Homem de Neanderthal apresentaria um aparelho vocal semelhante ao dos recém-nascidos, o que os impediria de pronunciar as vogais. Já os Australopithecus teriam um aparelho vocal semelhante ao dos macacos atuais. • Aspectos Culturais – este aspecto é marcante para o Homem mas também existe em alguns outros primatas. Além do programa genético e hereditário, existe a herança social, não ligada á hereditariedade e que permitiu o progresso humano em cada geração. Evolução dos Hominídeos Australopithecus Os primatas do género Australopithecus são os primeiros hominídeos que se conhecem. Viveram na África do sul e oriental, entre 4 a 2 milhões de anos atrás.
  • 12. Apresentavam um volume craniano semelhante ao dos símios (500 cm3 ) mas já tinham alguns caracteres humanos: • dentição primitiva mas sem caninos salientes e com incisivos largos; • as mãos não eram usadas para andar como nos grandes símios atuais; • bacia larga e em forma de cesto, como num ser bípede. Teriam, no máximo, 120 cm de altura e pesariam entre 27 a 32 Kg. A face era côncava (em forma de prato) e arcada supraciliar pronunciada. Já tinham desenvolvido uma “indústria do calhau”, oportunista pois as pedras eram usadas ao acaso. Atualmente pensa-se que talvez estes primatas pertençam a um ramo colateral da evolução humana. Homo Erectus Esta designação inclui diversos fósseis, nomeadamente o Homem de Java, Homem de Pequim, Homem da Rodésia e outros vestígios europeus e africanos. Também já foi referido como Pitecanthropus. Esta espécie terá vivido entre 2,5 M.A. e 130000 anos atrás. Apresentava uma capacidade craniana de 900 cm3 , um acentuado prognatismo (saliência da zona inferior da face) mas sem queixo. A arcada supraciliar era muito saliente ainda. A sua postura era nitidamente ereta, daí a sua designação, revelando um significativo aumento de estatura em relação aos seus ancestrais Australopithecus. Foi o primeiro hominídeo a dominar o fogo, o que lhe permitiu reduzir a musculatura da mastigação na face, pois a carne cozida é mais macia. O fogo permitiu, também, a expansão do seu território para zonas mais frias. Já caçava animais de grande porte, o que denota organização e espírito de grupo. Desenvolveu a “indústria lítica”, com separação de
  • 13. lascas, depois usadas como pontas de seta e facas. Migrou da África, onde surgiu, para a Europa e para a Ásia. Homo Sapiens Neanderthalensis O chamado Homem de Neanderthal, em homenagem á localidade alemã onde primeiro foi descoberto, viveu entre 50000 e 35000 anos atrás, durante o último período glacial. Os ossos do crânio são espessos, embora menos do que os do Homo erectus, com uma espantosa capacidade craniana de 1300 a 1750 cm3 , superior á do Homem moderno. O crânio apresenta uma característica forma de sino, baixo e com pouca testa. As arcadas supraciliares eram muito desenvolvidas, prognata, sem queixo e com dentes maiores que os do Homem atual. De constituição atarracada, viveram principalmente na Europa ocidental e médio oriente mas nunca em África. Foram descobertas sepulturas com ornamentos, produziam utensílios de pedra mais elaborados e finos. Utilizavam, também, ossos, madeira e outros materiais para a construção de utensílios. Desapareceram instantaneamente, à escala geológica, há cerca de 35000 anos. As suas características tão especializadas parecem mostrar que não é um antepassado do Homem moderno, antes uma ramo colateral que se extinguiu. Homo Sapiens Sapiens O Homem moderno terá surgido numa região compreendida entre a Etiópia e o próximo oriente pois existem fósseis como o do Homem da Galileia, que parecem estar na origem do tipo humano que se expandiu pelo mundo. O fóssil europeu mais conhecido é o Homem de Cro-Magnom, com cerca de 30000 anos.
  • 14. São mais altos e menos possantes que os Homens de Neanderthal, sem arcadas supraciliares salientes, testa direita e ossos do crânio leves. O queixo é bem desenvolvido e a face é ortognata (plana). São os inventores do supérfluos, como a arte e as diversões. Instalaram-se em aldeias e tornaram-se agricultores, após a última glaciação. As diferenciações geográficas características das chamadas raças, terão surgido á cerca de 30000 anos. Evolução Cultural A análise arqueológica dos utensílios do Homem permitiu estabelecer uma sequência de etapas na evolução cultural, com uma relativa correspondência com as etapas de evolução biológica: • paleolítico ou idade da pedra lascada, corresponde aproximadamente ao tempo de existência dos gêneros Australopithecus, Homo erectus e Homo sapiens neanderthalensis; • neolítico ou idade da pedra polida, já com Homo sapiens sapiens, ou seja, á cerca de 10000. Durante este período surgiu a agricultura, o que permitiu ás populações um aumento do tempo de lazer, devido á disponibilidade de alimento. Por outro lado, a fixação inerente á agricultura provocou o desenvolvimento da vida em sociedade e o avanço cultural; • idade dos metais (ferro, cobre, bronze), inicia-se á cerca de 5000 anos. Este fato permite uma maior divisão do trabalho, formando-se agregados urbanos, com intensa exploração dos recursos naturais, acumulação de resíduos e propagação de doenças.
  • 15. Modificações em Populações Humanas Já em 1900 era do conhecimento geral a existência de 4 grupos sanguíneos em seres humanos, A, B, AB e O. Cada grupo sanguíneo corresponde á presença de certas estruturas moleculares (globulinas) na superfície de glóbulos vermelhos, sintetizadas com base na informação codificada nos respectivos genes. O estudo dos grupos sanguíneos permitiu verificar que existem diferenças nas frequências dos diversos tipos, em diferentes locais do globo. Já antes foi referido que o que distingue duas populações não é a presença ou ausência de determinado grupo sanguíneo, mas a frequência relativa de cada grupo. Estudos verificaram que o gene cuja frequência sofre uma variação maior é o gene que codifica o grupo sanguíneo B. A sua frequência é máxima na Ásia, onde atinge 20 a 30% e diminui para Ocidente, com 15 a 20% no leste europeu, 5 a 10% em França e 0 a 5% em Portugal. Estes dados apontam para o surgimento, por mutação, do gene que codifica o grupo sanguíneo B, na Ásia, seguida do seu alastramento, por migração, para ocidente. Também existem outros sistemas de grupos sanguíneos, nomeadamente o sistema Rhesus e o sistema Gm. O sistema Rhesus, ou Rh, é formado por dois tipos apenas: Rh+ ( a maioria dos casos) e Rh - . Trata-se de uma propriedade dos glóbulos vermelhos semelhante á que se encontra presente nos macacos do gênero Rhesus. “Raças” Humanas A espécie humana é ubíqua, existindo em todos os climas mas é um conjunto biológico homogéneo no que se refere ás suas características. Apesar desse facto, alguns autores consideram-na acentuadamente polimórfica, em relação a características de segundo plano, dando origem ao conceito de raça humana. Existem várias classificações de raças humanas, mas geralmente existem 4 grupos básicos: • Caucasianos – europeus, norte-americanos e árabes, até á Índia. Estas populações apresentam, caracteristicamente pele e olhos claros, com exceção dos mediterrânicos, nariz estreito, lábios delgados e cabelo liso ou ondulado; • Australóides – aborígenes e povos com eles relacionados, que apresentam pele escura, variando do tom azeitona até ao quase negro, cabelo encaracolado, olhos escuros e nariz largo;
  • 16. • Mongolóides – pele amarelada, cabelos lisos, nariz de forma variada, rosto largo e achatado, olhos com prega epicântica na pálpebra superior (cuja função é proteger do clarão ofuscante da neve). Deste grupo terão derivado os índios americanos e os esquimós, através de populações que teriam migrado através do estreito de Behring; • Negros – pele escura, variando do tom acastanhado ao quase negro, nariz achatado, olhos escuros e cabelos crespos. Qual a origem destas raças ? Existem duas teorias que tentam explicar estas diferenças morfológicas entre as populações humanas: • Hipótese policêntrica – a formação da atual população humana efetuou-se em vários territórios relativamente independentes, onde vários tipos de H. erectus teriam dado origem aos principais tipos atuais; • Hipótese monocêntrica – o Homem atual terá surgido num território único, numa região algures entre a Ásia central e o nordeste africano, onde teria ocorrido o cruzamento de numerosos hominídeos, entre eles o H. erectus e H. sapiens, o que teria enriquecido o seu património genético. Só posteriormente se teriam formado as várias populações geográficas, que originaram as raças. Atualmente sabe-se que a cor da pele, por exemplo, um dos critérios mais importantes na classificação das raças humanas, resulta apenas da quantidade variável de melanina na pele. Verifica-se, portanto, uma variação quantitativa e não qualitativa, para não falar do espectro de variação dentro da mesma raça, que é muito maior que a variação entre raças. É sabido que uma boa classificação se deve basear num conjunto de caracteres representativos, mas no caso humano, os caracteres utilizados não variam dentro das raças de modo correlacionado. Outro aspecto a salientar é a utilização do termo subespécie á população humana, pois este termo só pode ser aplicado a populações que mostrem uma concordância acentuada dum numeroso conjunto de caracteres distintivos, o que não é o caso do Homem. De todos estes argumentos pode concluir-se que as raças humanas não têm qualquer significado biológico. O Futuro da Espécie Humana
  • 17. Tendo em conta o momento em que a espécie humana surge á face da Terra, a história humana decorre apenas numa milésima parte da vida na Terra. A espécie humana é muito jovem, logo deve estar apenas no início da sua evolução… • divergência x homogeneidade – de modo geral considera-se que existe uma tendência para a homogeneidade das características humanas pois as barreiras geográficas e culturais estão progressivamente a desaparecer; • redução do papel da seleção natural – o tempo médio de vida de um ser humano tem vindo a aumentar, devido á melhor nutrição e ao aumento dos cuidados médicos. Isto significa que as populações incluem, simultaneamente, cada vez mais gerações. Biologicamente, a medicina impede a ação da seleção natural logo haverá cada vez mais indivíduos portadores de genes deletérios, os quais serão transmitidos em maior número ás gerações seguintes. Assim, a medicina é vantajosa para o indivíduo mas parece prejudicial para a espécie, a longo prazo. Por outro lado, surgem novos agentes seletivos, como os produtos criados pelo Homem que são mutagênios, e cujas consequências só serão visíveis em muitas gerações, como as radiações atómicas, alterações ambientais, etc.; • engenharia genética – a recombinação artificial de genomas permite ultrapassar os mecanismos isoladores pois junta, artificialmente, genes de espécies diferentes no mesmo citoplasma. Estas técnicas podem permitir a cura de doenças hereditárias, bem como a obtenção de organismos transgênicos; • limites do crescimento – o Homem tem alterado profundamente o ambiente, devido á agricultura, drenagem, irrigação e construção de cidades. Esta exploração desastrosa dos recursos num mundo finito tem que ser travada, sob pena de encurtar a evolução da nossa espécie… • cultura – a cada problema colocado pela natureza, o Homem respondeu com a sua inteligência e espírito criador, encontrando soluções originais que lhe asseguram hipóteses de sobrevivência, sejam quais forem as modificações do meio em que vive. Atualmente a evolução do Homem é mais cultural que física, o que é uma vantagem inimaginável pois o mais esperto animal não consegue transmitir os seus conhecimentos á sua descendência mas o Homem transmite á sua descendência e a todos os outros Homens. Um animal, por mais forte e mais dotado que seja, sem descendentes terá a sua herança
  • 18. desaparecida para sempre mas Da Vinci ou Beethoven não deixaram descendentes e o seu gênio é conhecido de toda a Humanidade. O Homem adquiriu também um poder assustador, desenvolveu o seu conhecimento a ponto de ser capaz de agir sobre a sua própria evolução, bem como sobre a de todos os organismos sobre a Terra. Este poder, capaz de alterar o equilíbrio que levou á natureza milhões de anos a atingir, não poderá voltar-se contra o seu próprio criador ? • futuro do cérebro – os anatomistas consideram o cérebro humano igual ao do Homem de Cro-Magnom, que viveu á cerca de 35000 anos atrás, mas talvez a diferença resida, não na forma, mas na organização dos milhões de células que o constituem. É indiscutível que o ser humano atual é mais inteligente pois vive num ambiente mais rico e complexo. No entanto, todos nascem com as mesmas potencialidades mas desde a infância que se vão tornando mais ou menos inteligentes, em função da educação, dos estímulos e da vontade própria de aprender. Posição Sistemática do Homem Reino Animalia Filo Chordata Subfilo Vertebrata Superclasse Tetrapoda Classe Mammalia Subclasse Theria Ordem Primata Subordem Anthropoidea Superfamília Hominoidea Família Hominidae Género Homo Espécie Homo sapiens Subespécie Homo sapiens sapiens Biliografia: http://curlygirl.naturlink.pt/homem.htm http://indoafundo.com