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Renascimento
                              Renascimento
                                Cultural
                                 Cultural
             “Que obra de arte é o homem; tão nobre no raciocínio; tão vário na capacidade; em
   forma e no movimento, tão preciso e tão admirável. Na ação é como um anjo, no entendimento é
                   como um Deus, a beleza do mundo; o exemplo dos animais”.
                                           Shakespeare - Hamlet




       O
                  final da Idade Média foi para os habi
                 tantes do mundo ocidental, uma épo
                 ca de dúvida, ansiedade e expectativa
de mudanças. Há muito, as rotas de comércio interli-
garam o Oriente com o Ocidente. As cidades ocupa-
vam o espaço dos feudos, dinamizadas pelo capital
burguês que aumentava a cada minuto. A sociedade
moderna nascida do ventre da sociedade medieval,
carecia de renovação cultural que libertasse os artistas
da influência teocêntrica exercida pela Igreja Católica.
As mudanças transformavam o universo feudal dan-
do-lhe um colorido diferente. Chegava o momento de
sacudir o mundo e desenvolver uma arte em sintonia
com os novos tempos. Por tudo isso, a tradição foi
colocada em xeque quando no fim da Idade Média
despontou o Renascimento Cultural.




          Uma arte
        para exaltar
          a beleza                                                 Obra precoce, e a única assinada, a Pietá , de
                                                              Miguel Ângelo mostra um autêntico virtuosismo
          humana                                            técnico e uma confiança juvenil. É uma expressão
                                                             piedosa cristã e de crença neoplatônica de que a
                                                              beleza física é um reflexo da alma. Quando lhe
                                                           perguntaram porque é que Maria era tão jovem disse
                                                             que Deus tinha garantido a sua juventude com o
                                                           objetivo de “provar ao mundo a virgindade e a pureza
                                                                           perpétua da Virgem”.
Voltaram-se para a descoberta do prazer de vi-
                                            O Renascimento começou no século XIV e pro-        ver e os desafios diante do mundo. Esses valores fo-
                                    longou-se até o século XVI. Seu apogeu em termos de        ram canalizados para a arte e a ciência renovando os
                                    intensidade e produção artística, situou-se entre 1420 e   conceitos que eram tidos como inquestionáveis.
                                    1560. Inegavelmente a Itália foi o centro gerador da              “Foi o Renascimento italiano que pro-
                                    cultura renascentista. Após o desenvolvimento do           jetou a arte de viver nas cidades para o resto
                                    comércio, Veneza, Gênova, Pisa e Florença                  da Europa e para uma posteridade cada vez
          O Renascimento Cultural




                                    monopolizaram as rotas do Mar Mediterrâneo. Com            mais urbanizada. A cidade italiana era mais
                                    essa realidade tiveram um desenvolvimento bem mais
                                                                                               que um mercado ou um centro administrativo;
                                    acentuado do que o restante do continente europeu. A
                                    partir dessas transformações a nobreza feudal
                                                                                               era um lugar onde um homem podia passar
                                    desempenhou um papel econômico secundário, ceden-          toda a sua vida, um lugar que provia de
                                    do espaço para a burguesia em ascensão. A predomi-         emprego e de diversão não somente a
                                    nância nos negócios destacou os ricos mercadores e         burguesia com crescentes padrões de conforto
                                    banqueiros, tornando-os a parcela mais ativa da socie-     e de cultura, mas a nobreza que em qualquer
                                    dade.                                                      parte da Europa preferia gastar seu tempo em
                                            A convivência burguesia – nobreza nunca foi        reclusões aristocráticas nos seus feudos cam-
                                    muito tranqüila. Freqüentemente ocorriam choques que       pestres.
                                    se refletiam na estrutura política das cidades. Via de
                                    regra, a burguesia saía vencedora, derrubando a
                                    nobreza na “queda de braço.” O triunfo burguês
                                    favoreceu um clima mais susceptível para os investi-
                                    mentos na arte, propiciando uma situação de maior
                                    proteção para os artistas. No bojo das transformações
                                    nobreza e a Igreja também se engajaram, conferindo
                                                                                                      O credo
                                    uma amplitude inédita às transformações culturais.
                                                                                                    humanista
                                                                                                 ordenava a seus
                                                                                                    seguidores
                                                                                                   transmitir e
                                                                                                    acumular
                                                                                                  conhecimento
                                                                                                       O campo para o cidadão italiano era um
                                                                                               lugar para visitar. Muitos comerciantes e lojistas
                                                                                               possuíam vinhas e olivais e abandonavam a cida-
Itália na época do                  VALORES EM CONFLITO
Renascimento.
                                                                                               de para viverem perto deles na época da colheita;
Fonte: História                                                                                entre os ricos e poderosos entrou em moda ter uma
Moderna e                                  O progresso econômico alterou o estilo de vida      villa campestre. Isso satisfazia o crescente gosto
Contemporânea.                      das pessoas nas cidades. As relações de dependência
Leonel Itaussu e
                                                                                               da aristocracia pelas caçadas e dava uma carac-
                                    pessoal perderam sua força, dando espaço aos valores       terística de ócio luxuoso em uma carreira bem
Luís Cesar
Costa. Editora                      terrenos e a busca de realização individual. A vida ur-    sucedida de político ou homem de negócios.(...)
Scipione. pág 41.                   bana permitiu os cidadãos se livrarem da coação do
                                                                                               Porém, a vida de verdade, a vida que os satisfa-
                                    senhorio feudal e da Igreja Católica. A perspectiva
                                                                                               zia, esta estava nas cidades. Príncipes, banquei-
                                    secular significou a procura de sentimentos próprios.
                                                                                               ros e lojistas voltavam com prazer dos campos que
                                    Os homens da época não se preocuparam em negar a
                                    existência de Deus, porém, emergiram menos                 certamente eram belos, e freqüentemente lucrati-
                                    preocupados com a salvação e a vida espiritual.            vos, mas que não podiam deixar encarar como
                                                                                               lugares sem cultura, povoados apenas por bárba-
                                                                                               ros e rústicos.” 1
A elite urbana impossibilitada de obter o privi-           A concepção de mundo imposta pelos valores
légio de nascimento, compensava a diferença inves-         religiosos, era estática e dogmática não permitindo mu-
tindo nas artes. Em conseqüência, vários artistas pu-      danças que afastassem o homem do plano espiritual. O
deram desfrutar da proteção e incentivo dos “magna-        padrão moral religioso impunha a submissão, obediên-
tas” da cultura, que se tornaram os mecenas. Para os       cia, paciência, tolerância e aceitação.
novos ricos a arte tinha um sentido pratico, vinculada             No fim da Idade Média, as alterações do




                                                                                                                      O Renascimento Cultural
à riqueza e o sucesso no mundo dos negócios.               Renascimento Comercial, exigiram da Igreja Católica uma
        Paradoxalmente a Igreja Católica acossada por      adequação aos novos tempos. Nesse contexto se inse-
várias heresias e seitas que abalavam os seus alicer-      re a Suma Teológica, escrita pelo dominicano Tomás de
ces, procurou se aproximar, ao máximo, dos artistas           Aquino. Sua obra se constitui a primeira tentativa de
do Renascimento. Os artistas que atenderam o ape-                   conciliar a fé com a razão, quando a própria
lo tiveram acolhida segura. Entretanto, os “re-                      Igreja admitiu os postulados da Antigüidade.
beldes” foram perseguidos pela Igreja Católi-                        “Como a razão não era inimiga da fé, sua
ca que não perdoaria a contestação aos seus                           aplicação à revelação não devia ser temida.
dogmas.                                                               À medida que o raciocínio humano se tor-
        O intenso contato com regiões do                               nava mais eficiente, disse Aquino, também
mundo oriental contribuiu imensamente                                  se tornava mais cristão, e as incompatibili-
para a renovação cultural. No Oriente ha-                               dades entre a fé e a razão desapareciam.
via uma civilização mais dinâmica onde a                                         Reconhecendo que tanto a fé como
filosofia grega era debatida por inúmeros                                a razão se voltam para a mesma verdade, o
intelectuais. Os navios que vinham do                                    homem prudente aceita a religião como
Oriente trazendo perfumes, âmbar, incen-                                  guia em todas as questões diretamente re-
so e outras mercadorias, traziam também                                   lacionadas com o conhecimento neces-
livros, obras científicas, e às vezes, os pró-                            sário à salvação. Havia também toda uma
prios sábios que se deslocavam para os                                  ampla gama de conhecimentos que Deus
magníficos centros de comércio e cultura                                não revelou e que não eram necessários à
italianos. O ataque de árabes e turcos que                              salvação. Nessa categoria enquadrava-se
não deixavam Constantinopla em paz, con-                                 grande parte do conhecimento sobre o
tribuiu para acentuar o êxodo de sábios para o                           mundo natural das coisas e das criaturas,
Ocidente, diante da iminência da cidade                                   que os seres humanos tinham perfeita li-
bizantina vir a ser conquistada pelos turcos-                             berdade de explorar.” 2
otomanos.                                                          A obra de Tomás de Aquino quebrou a barreira
                                                           que divorciava a Igreja dos pensadores da época. Seus
                                                           seguidores exaltaram os valores do indivíduo,
HUMANISMO                                                  enaltecendo a relação do homem com o mundo. O jeito
A ALMA DO RENASCIMENTO.                                    diferente de pensar e agir envolveu os artistas e pensa-
                                                           dores, que se viam sedentos de transformar e mudar os
                                                           valores tradicionais. Os humanistas voltavam-se para o
         Durante a Alta Idade Média, a Igreja Católica     presente, olhavam para o futuro e resgatavam o lado
controlava todos os centros de estudo que eram mi-         bom do passado medieval. Movia-os o ideal, que o
nistrados por clérigos e padres. As escolas tinham como    homem.era a mais bela criação de Deus. Buscaram en-
finalidade preparar os noviços que investiam na car-       tão valorizar o que havia de divino dentro de cada pes-
reira religiosa. Nos mosteiros os jovens padres com-       soa.
pletavam as carreiras tradicionais de Teologia, Medi-
cina e Direito.

    O Tempo da História


                                        IDADE MÉDIA                                             RENASCIMENTO
                                                                                                CULTURAL
                                        TEOCENTRISMO
                                                                                                - HUMANISMO E
                                        - SUBMISSÃO DO HOMEM                                      ANTROPOCENTRISMO
                                        - CONTEMPLAÇÃO                                          - CIÊNCIA E RAZÃO
                                        - VALORIZAÇÃO DO                                        - INDIVIDUALISMO
                                          ESPIRITUAL                                            - CONTESTAÇÃO
                                        - METAFÍSICO
Na sociedade medieval onde pou-
                                                                                                         cos tiveram acesso ao conhecimento, a arte
                                                                                                         funcionava como veículo ideológico ex-
                                                                                                         pressando os valores da hierarquia religio-
                                                                                                         sa, imutável e inabalável na sua onipotên-
                                                                                                         cia. O gótico já pode ser encarado como
         O Renascimento Cultural




                                                                                                         transição para o Renascimento, ou até
                                                                                                         mesmo, evolução para o estilo de arte,
                                                                                                         amadurecido com os mestres renas-
                                                                                                         centistas. Na pintura, essa transição foi
                                                                                                         muito bem concebida por Giotto, o pintor
                                                                                                         que desvendou a nova forma de encarar a
                                                                                                         pintura.
                                                                                                                 Segundo Albert Duhrer, Giotto foi
                                                                                                         no século XIII o primeiro mestre do novo
                                                                                                         humanismo. “Em Giotto, Cristo é realmen-
                                                                                                         te filho do homem. Os acontecimentos da
                                                                                                         história sagrada tornam-se acontecimen-
                                                                                                         tos terrenos, situam-se bem no mundo hu-
                                                                                             mano e não mais no além. Mesmo o suave halo
                                   ARTE RENASCENTISTA.                                       dourado que circunda a cabeça dos santos, já não é
                                                                                             um eco dos distintivos de uma hierarquia sobrenatu-
                                           A antiga arte medieval apesar do caráter monu-    ral presente nas velhas pinturas.
                                   mental de suas obras, revelava um grande compromis-              A história de Cristo é contada como alguém
Um menino
estudioso lê                       so com o espírito religioso predominante no período.      tão tangível e tão próximo ao espectador que este
Cícero como um                     No início prevaleceu o gênero românico caracterizado      parece convidado a tomar parte nela. São situações
guia para a vida                   por um estilo denso e pesado. Exemplo desse padrão
bem sucedida.                                                                                dramáticas e não imagens imutáveis que são pinta-
                                   artístico foram as grandes catedrais, construídas à se-   das; as figuras relacionadas umas às outras, não mais
Muitos jovens da
elite tiveram                      melhança das fortalezas militares. Na pintura, as figu-   se confinam a um espaço bidimensional: saem dele,
tutores                            ras humanas eram condicionadas à visão teocêntrica,       buscam o espaço como se quisessem romper com to-
humanistas:                        desenhadas em posição estática e uniforme, destituídas
outros - inclusive                                                                           dos os limites e unir-se a todos os que estão vivendo
                                   de expressividade.                                        aqui e agora. Uma nova realidade social e uma nova
alguns que eram
pobres mas bem                             A noção de espaço era restrita à cena predomi-    consciência não dogmática se fazem sentir nas ima-
dotados de                         nante no tema. Na arte medieval os artistas foram ain-    gens secularizadas e humanizadas.” 3
talento -                          da prejudicados pela carência de recursos técnicos,
frequentavam                                                                                        No século XIV os artistas passaram a desfrutar
                                   obrigando os pintores a colocarem suas obras nas pa-      da grande novidade da pintura à óleo. Além do inegá-
escolas dirigidas
por humanistas.                    redes das catedrais e mosteiros. Também nesses locais     vel avanço técnico, permitia a comercialização dos qua-
                                   poderiam ser admiradas por um número maior de pes-        dros em telas, ao contrário das obras medievais que
                                   soas.                                                     eram os estáticos afrescos. Com isso, as obras
                                           Na Baixa Idade Média despontou o gótico ali-      ganharam em mobilidade, permitindo-se a compra e
                                   viando o estilo pesado do românico. Nos seus arcos e      venda de uma tela como qualquer bom negócio. O in-
                                   ogivas destacava-se uma arquitetura dotada de leveza      vestimento na arte multiplicava o lucro dos mecenas,
                                   e esplendor. Nas catedrais góticas existem espaço, luz    dentre os quais, se destacava a família de Lourenço de
                                   e cor em abundância. Pesa contra o gótico o fato da       Médici, famoso banqueiro da cidade de Florença.
                                   arte ainda ser era concebida como instrumento didáti-
                                   co.



    O Tempo da História


  SÉCULO XII - XIII                            SÉCULO XIV                                             SÉCULO XVI

  RENASCIMENTO                                 INÍCIO DO                                             APOGEU E
  COMERCIAL                                    RENASCIMENTO                                        DECADÊNCIA
                                                                                                 DO RENASCIMENTO                       1545
  E FORMAÇÃO DAS                                                           1453
  MONARQUIAS
                                                                                                                       CONCÍLIO DE
                                                                           TOMADA DE
                                                                                                                          TRENTO E
                                                                           CONSTANTINOPLA
                                                                                                                   CONTRA-REFORMA
O palácio em que vivia foi transformado na                 Era uma arte que remetia o homem ao próprio
Galeria Ufisi, onde se encontram vários quadros e es-      homem e o induzia a uma identificação maior com seu
culturas da época de ouro do Renascimento. Um exem-        meio urbano e natural, ao contrário dos estilos medie-
plo é a Sagração da Primavera de Boticelli, quadro         vais que predispunham as pessoas a penetrarem nos
admirável pela textura, beleza e transparência.            universos imateriais das hostes celestiais. A arte
        Entretanto o grande gênio do Renascimento          renascentista, portanto, mantinha uma consonância




                                                                                                                               O Renascimento Cultural
foi o italiano Leonardo Da Vinci. Apesar da pequena        muito maior com o modo de vida implantado no Oci-
quantidade de quadros pintados, Da Vinci fez o             dente europeu com o incremento das relações mercan-
bastante para eternizar obras-primas, a exemplo da         tis e o desenvolvimento das cidades. 4
Gioconda, Última Ceia e A Virgem dos Rochedos. Na                  Outro expoente do Renascimento foi
opinião dos críticos de arte, o pintor preferiu técnicas   Michelângelo. A Criação do Homem, pintada no teto e
imprecisas para não ficar preso a estéticas                laterais da Capela Sistina, no Vaticano, é a maior prova
convencionais. A irreverência do artista se revelou por    da criatividade desse artista, que demorou vários anos
inteiro no rosto da enigmática Mona Lisa.                  para concluir a obra. Como escultor não fez por me-
        As inúmeras interpretações sobre o sorriso da      nos, como se pode observar no magnífico Davi, reali-
Mona Lisa confirmam a natureza polêmica desse ar-          zado na adolescência do artista quando lhe solicitaram
tista. Da Vinci foi um grande exemplo das vantagens        uma prova na academia que estudava. A escultura trans-
que a ciência trouxe para os pintores do Renascimento.     mite uma sensação de orgulho e heroísmo, combinado
Os quadros eram precedidos por um estudo minucio-          com leveza graça e espiritualidade. Na Pietá,
so de perspectivas matemáticas. Na maioria dos ca-         Michelângelo desenvolveu um sentimento de emoção
sos, pintores e escultores faziam o rascunho da obra,      ao retratar a imagem da Virgem Maria acolhendo Cris-
antes que fosse realizada a versão final. A técnica de     to nos braços após o sofrimento do calvário.
contrastar o claro e escuro deu vida às obras permitin-
do aos autores infinitas possibilidades. No quadro A
Virgem do Rochedo, parece que Leonardo da Vinci
concentrou todas as luzes do universo, no rosto
celestial da Virgem Maria.
         A expressão perspectiva significa “ver atra-
vés”. Essa expressão inédita de olhar-se para uma
parede pintada e parecer que se vê para além dela,
como se ali tivesse sido aberta uma janela para um
outro espaço, o espaço pictórico, era o principal efei-
to buscado pelos novos artistas. A pintura tradicio-
nal, gótica ou bizantina, praticamente se restringia
ao plano bidimensional das paredes, produzindo no
máximo um efeito decorativo. O novo estilo multipli-
cava o espaço dos interiores e com a preocupação de
dar às pessoas, objetos e paisagens retratados a apa-
rência mais natural possível, parecia multiplicar a
própria vida. Uma arte desse tipo impressionava muito
mais os sentidos que a imaginação, convidava muito
mais ao desfrute visual do que à meditação interior.           Detalhe da Capela Sistina de Miguel Ângelo. Na cena da criação de
                                                               Adão pode deduzir-se a confiança da época no ideal masculino.




      O Tempo da História

   1304               1346               1428                      1477                    1507                         1572

   GIOTTO             PESTE              AFRESCOS                  A PRIMAVERA             MONA LISA         OS LUSÍADAS
                      NEGRA              DE                        de
   COMEÇA                                MASACCIO                  BOTICELLI               da VINCI                   CAMÕES
   OS AFRESCOS                           EM FLORENÇA
   DA CAPELA                       1350                     1498                   1505                                      1603
   DE PÁDUA
                             DECAMERON                      ÚLTIMA CEIA            DAVI de                               HAMLET
                                 DE                         da VINCI               MICHELÂNGELO
                              BOCACCIO                                                                          SHAKESPEARE
Galeria do
                                   Renascimento
 O Renascimento Cultural
O Renascimento Cultural




                           O compromisso do
                           Humanismo com o passado
                           clássico e sua rejeição da
                           cultura medieval são
                           claramente revelados nas três
                           obras de arte exibidas nesta
                           página. Todas representam as
                           Três Graças, servas da deusa
                           do Amor. Na versão clássica,
                           acima, à esquerda, as graças
                           são dançarinas robustas,
                           pintadas de modo a idealizar a
                           beleza humana. Entretanto, na
                           Idade Média a forma humana
                           não era admirada em si
                           mesma, e as Graças, à direita,
                           acima, tornaram-se planas e
                           sem corpo. Os humanistas
                           denunciavam tais obras como
                           “Uma caricatura do corpo
                           humano”.
                           Um pintor do século XV, Sandro
                           Boticelli, não era humanista
                           doutrinário, mas sua arte irradiava
                           o espírito do renascimento
                           clássico. Em sua famosa versão
                           das Três Graças, ao lado, ele
                           restituiu os movimentos joviais, e
                           uma vez mais revela sua beleza.
                           Ao tema antigo Boticelli
                           acrescenta a elegância, a graça e
                           a nova sofisticação de sua época.
                           In. John R. Hale. Renascença.
                           Biblioteca de História Universal
                           Life. Editora José Olympio. pág
                           26.
Renascimento e




                                                                                                                          O Renascimento Cultural
                       Ciência


       O
                 s pensadores medievais defenderam a teoria do Universo
                 estático e imóvel. Para eles, a Terra ficava no centro e os
                 astros giravam em torno do planeta. Essa concepção teocêntrica foi contestada por Nicolau
Copérnico, em 1453. Na sua obra Sobre as Revoluções das Esferas Celestes, o cientista jogou por terra mil
anos de Geocentrismo, contrapondo o Heliocentrismo - o Sol no centro do nosso sistema e a Terra junto com
os outros planetas e astros girando em torno do astro-rei. Comungando com essa teoria, Galileu aprofundou
os estudos de Copérnico, observando os astros com auxílio das revolucionárias lunetas. Os instrumentos
óticos inventados por Galileu confirmavam a teoria de Copérnico, destruindo cientificamente as ultrapassadas
afirmações da Igreja.
        A teoria provocou um estardalhaço nos meios
científicos despertando, ao mesmo tempo a fúria da
                                                                                                                Leonardo da
Igreja Católica que resolveu condenar o cientista. Após                                                         Vinci foi o
várias sessões da Inquisição Galileu conseguiu driblar                                                          curioso mais
seus algozes reiterando a fé em Deus diante do tribunal.                                                        insistente da
                                                                                                                história.
Depois de muita pressão diria: “ Eu, Galileu juro que
                                                                                                                Perguntava o
sempre acreditei, acredito agora e com a ajuda de                                                               porquê e como
Deus acreditarei doravante em tudo o que ensina e                                                               de tudo que via
prega a Igreja Católica. Mas porque, depois de ter                                                              (...) Descobre,
                                                                                                                anota: quando
recebido uma ordem que me foi legalmente dada para
                                                                                                                pode ver,
que abandonasse totalmente a falsa opinião, segundo                                                             desenha. Copia.
a qual, o Sol é o centro do mundo e não se move, e a                                                            Faz a mesma
Terra não é o centro do mundo e se move, e não                                                                  pergunta, uma,
                                                                                                                duas, várias
sustentasse, defendesse ou ensinasse a dita falsa
                                                                                                                vezes. A
doutrina de nenhum modo (...) escrevi e publiquei um                                                            curiosidade de
livro em que a dita doutrina condenada foi versada.                                                             Leonardo unia-
Portanto abjuro, amaldiçôo e abomino os referidos                                                               se a uma energia
                                                                                                                mental
erros e heresias. ” 5
                                                                                                                incansável. Não
        Em síntese, o Renascimento Cultural foi um                                                              se contenta com
momento singular na história, marcado por três séculos                                                          um sim por
de grande produção artística, literária e científica. A                                                         resposta. Não
                                                                                                                deixa nada de
atitude dos mecenas investindo e apoiando os artistas
                                                                                                                lado: preocupa-
conferiu um papel de destaque para a burguesia. O                                                               se, expõe,
interesse dos burgueses era movido pela crença nos                                                              responde a
novos padrões e pela certeza de auferir grandes lucros                                                          interlocutores
                                                                                                                imáginários. No
com a venda das obras artísticas. Vinculou-se também à
                                                                                                                quadro ao lado, a
perspectiva ideológica de criar um novo padrão de vida e uma forma diferente de pensar e ver o mundo.          famosa e
        No final do século XVI diminuiu sensivelmente a produção cultural engajada com o Renascimento. O       enigmática Mona
deslocamento do comércio para o Atlântico prejudicou as cidades italianas, afetando os investimentos nas       Lisa.
obras renascentístas. De outro lado, a Igreja Católica deslocou seu foco para a Contra-Reforma que foi
associada ao Barroco que lembrava o Renascimento mas tinha outros objetivos. Mesmo assim o espírito do
Renascimento continuou guiando a humanidade e seus paradigmas conduzem as sociedades na busca de um
mundo melhor.
“A história da cultura renascentista ilustra com clareza todo o processo de construção cultural do
                                     homem moderno e da sociedade contemporânea. Nele se manifestam os germes do individualismo e do
                                     racionalismo, conceitos típicos de comportamentos mais imperativos e representativos de nosso tempo.
                                     Consagra a razão que é a instância suprema de toda a cultura moderna, versada no rigor das matemáticas,
                                     que passarão a reger os sistemas de controle do tempo, do espaço, do trabalho e do domínio da natureza.
                                            Será essa mesma razão abstrata que estará presente tanto na elaboração da imagem naturalis-
           O Renascimento Cultural




                                     ta pela qual é representado o real, quanto na formação das línguas modernas e na
                                     própria constituição da chamada identidade nacional. Ela é a nova versão do
                                     poder dominante e será consubstanciada no Estado Moderno, entidade
                                     racionalizadora, controladora e disciplinadora por excelência, que extinguirá a
                                     multiplicidade do real, impondo um padrão único, monolítico e intransigente
                                     para o enquadramento de toda a sociedade e cultura. Isso, contraditoriamente,
                                     fará brotar um anseio de liberdade e autonomia de espírito, certamente o mais
                                     belo legado do Renascimento para a atualidade.” 6


                                            PENSAMENTO
                                            RELIGIOSO E POLÍTICO
                                            O       s pensadores renascentistas lutaram por uma religião renovada, não
                                                    poupando críticas à Igreja Católica. A idéia de elaborar uma religião
                                     simplificada influenciou o teólogo Erasmo de Roterdã a escrever o fantástico livro - O
                                     Elogio da Loucura. Segundo o autor, os teólogos da Igreja se escudavam numa muralha de
                                     definições teológicas. Dizia Erasmo que: “A verdadeira religião, não dependia do dogma,
                                     do ritual, ou do poder clerical. Ao contrário, ela é revelada de modo simples e claro na
                                     Bíblia e portanto é diretamente acessível a todas as pessoas, desde os sábios e poderosos
                                     até os pobres e humildes.” 7 Quando foi processado pela Igreja, Erasmo retrocedeu
                                     provavelmente com receio das penalidades que lhe seriam impostas. Mas a teoria de
                                     Erasmo não ficaria adormecida. Serviria de inspiração para Martinho Lutero atacar a Igreja
                                     em seus fundamentos básicos.
                                             No plano político a maior obra do Renascimento foi escrita pelo italiano Nicolai
                                     Maquiavel. Sua motivação inicial ao escrever “O Príncipe” foi traçar o caminho mais fácil
                                     para a Itália efetivar a centralização política, a exemplo do que havia acontecido com outras
                                     monarquias européias. Na época de Maquiavel a Itália não conseguia superar a fragmenta-
                                                                                    ção que confrontava as cidades em lutas intestinas. O crescimento
                                                                                    do comércio mergulhou as cidades num insano clima de disputa
                                                                                    que sangrou o território italiano. Na opinião de Maquiavel, a única
Maquiavel foi
usado como                                                                          forma de reverter a desordem era a imposição da ordem total, sem
embaixador pela                                                                     contestação.
república de                                                                               Na sua concepção, o monarca ideal seria motivado pelas
Florença numa                                                                       grandes ações e não deveria hesitar diante das adversidades. Um
época em que a
ordem política                                                                      príncipe deve agir com rapidez e precisão, não permitindo aos
da Europa                                                                           inimigos a chance de reação. A negligência é a prova da fraqueza,
parecia estar se                                                                    da incapacidade e despreparo do príncipe diante da tarefa de
desmanchando.                                                                       governar. Segundo o autor, valia mais a reputação da virtude do
Na gravura da
esquerda,                                                                           que a própria virtude. É necessário, portanto, que o soberano
quadro do                                                                           dissimule, saiba fingir e engane os súditos.
pensador
político
Cabe ao povo obedecer aos soberanos. Em caso de transgres-
                                           são das leis, deve o príncipe usar a força para que a ordem na
                                             sociedade seja mantida a qualquer custo.
                                                       “É muito louvável por parte dos príncipes de serem
                                                 fiéis aos seus compromissos mas, entre os de nosso tempo,




                                                                                                                               O Renascimento Cultural
                                                    que vimos fazer grandes coisas, são poucos os que sejam
                                                      gabados desta fidelidade e que tenham tido escrúpulos
                                                        de enganar os que se fiavam na sua lealdade”.
                                                                 Ora, os animais cujas formas o príncipe deve
                                                           saber revestir são as formas da raposa e do leão. A
                                                            primeira se defende mal contra o lobo e o outro cai
                                                             facilmente nas arapucas que lhe preparam. Da
                                                              primeira o príncipe aprenderá a ser sagaz e do
                                                               outro a ser forte. Os que desprezam o papel de
                                                                raposa entendem pouco da sua profissão. Em
                                                                  outras palavras um príncipe prudente não
                                                                   pode nem deve manter a sua palavra senão
                                                                    quando ele pode fazê-lo sem se prejudicar e
                                                                     as condições em que ele se comprometeu
                                                                       ainda subsistem.
                                                                                 Eu não me atreveria a enunciar
                                                                          semelhante preceito se todos os
                                                                           homens fossem bons; mas como eles
                                                                           são todos maus e sempre prontos a
                                                                            faltar com a sua palavra, o príncipe
                                                                            não se deve gabar de ser mais fiel à
                                                                             sua e esta falta de boa fé é sempre
                                                                             fácil de justificar. Eu poderia citar
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                                                                               sabe cobrir-se com pele de            O
                                                                               raposa. O caso é de bem desempe-      desenvolvimento
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para outros escritores da época, tornando-se também o livro de cabeceira dos monarcas do Antigo Regime.              centros de
Mas perguntaria o leitor - como pôde ser tão importante um autor que defendeu idéias que inspiraram gover-           Renascimento
nos despóticos e autoritários? Onde estaria o lado renascentista de Maquiavel? A resposta é simples: Ao              Cultural
defender o poder real vinculando-o à manutenção da ordem, contribuía para debilitar a força da Igreja, que
disputava com os reis o direito de governar os homens na Terra. Ressaltava o espírito renascentista na
exaltação do homem-príncipe, capaz de usar a força e a razão ao mesmo tempo.



        1 In. Hale, John R. Hábitos e Moral. A Renascença. Biblioteca Time-Life. José Olympio Editora. P. 52.
        2 In. Perry, Marwin. Civilização Ocidental. Uma História Concisa. Martins Fontes Editora. Pág. 231.
        3 In. Fischer, Ernst. Apud. Nicolau Sevscenko. O Renascimento. Pág 38.
        4 In. Sevcenko, Nicolau. Op. Cit. Pág. 48.
        5 In. Blitzer, Charles. O Universo Reconstruído. A Era dos Reis. Coleção Time-Life. Pág. 103.
        6 In. Sevcenko. Nicolau. Op. Cit. Pág. 2.
        7 In. Perry, Marwin. Op. Cit. Pág. 283.
        8 In. Maquiavel. Nicolau. O Príncipe. Edições ao Livro de Ouro. Pág. 38.

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Renascimento Cultural

  • 1. Renascimento Renascimento Cultural Cultural “Que obra de arte é o homem; tão nobre no raciocínio; tão vário na capacidade; em forma e no movimento, tão preciso e tão admirável. Na ação é como um anjo, no entendimento é como um Deus, a beleza do mundo; o exemplo dos animais”. Shakespeare - Hamlet O final da Idade Média foi para os habi tantes do mundo ocidental, uma épo ca de dúvida, ansiedade e expectativa de mudanças. Há muito, as rotas de comércio interli- garam o Oriente com o Ocidente. As cidades ocupa- vam o espaço dos feudos, dinamizadas pelo capital burguês que aumentava a cada minuto. A sociedade moderna nascida do ventre da sociedade medieval, carecia de renovação cultural que libertasse os artistas da influência teocêntrica exercida pela Igreja Católica. As mudanças transformavam o universo feudal dan- do-lhe um colorido diferente. Chegava o momento de sacudir o mundo e desenvolver uma arte em sintonia com os novos tempos. Por tudo isso, a tradição foi colocada em xeque quando no fim da Idade Média despontou o Renascimento Cultural. Uma arte para exaltar a beleza Obra precoce, e a única assinada, a Pietá , de Miguel Ângelo mostra um autêntico virtuosismo humana técnico e uma confiança juvenil. É uma expressão piedosa cristã e de crença neoplatônica de que a beleza física é um reflexo da alma. Quando lhe perguntaram porque é que Maria era tão jovem disse que Deus tinha garantido a sua juventude com o objetivo de “provar ao mundo a virgindade e a pureza perpétua da Virgem”.
  • 2. Voltaram-se para a descoberta do prazer de vi- O Renascimento começou no século XIV e pro- ver e os desafios diante do mundo. Esses valores fo- longou-se até o século XVI. Seu apogeu em termos de ram canalizados para a arte e a ciência renovando os intensidade e produção artística, situou-se entre 1420 e conceitos que eram tidos como inquestionáveis. 1560. Inegavelmente a Itália foi o centro gerador da “Foi o Renascimento italiano que pro- cultura renascentista. Após o desenvolvimento do jetou a arte de viver nas cidades para o resto comércio, Veneza, Gênova, Pisa e Florença da Europa e para uma posteridade cada vez O Renascimento Cultural monopolizaram as rotas do Mar Mediterrâneo. Com mais urbanizada. A cidade italiana era mais essa realidade tiveram um desenvolvimento bem mais que um mercado ou um centro administrativo; acentuado do que o restante do continente europeu. A partir dessas transformações a nobreza feudal era um lugar onde um homem podia passar desempenhou um papel econômico secundário, ceden- toda a sua vida, um lugar que provia de do espaço para a burguesia em ascensão. A predomi- emprego e de diversão não somente a nância nos negócios destacou os ricos mercadores e burguesia com crescentes padrões de conforto banqueiros, tornando-os a parcela mais ativa da socie- e de cultura, mas a nobreza que em qualquer dade. parte da Europa preferia gastar seu tempo em A convivência burguesia – nobreza nunca foi reclusões aristocráticas nos seus feudos cam- muito tranqüila. Freqüentemente ocorriam choques que pestres. se refletiam na estrutura política das cidades. Via de regra, a burguesia saía vencedora, derrubando a nobreza na “queda de braço.” O triunfo burguês favoreceu um clima mais susceptível para os investi- mentos na arte, propiciando uma situação de maior proteção para os artistas. No bojo das transformações nobreza e a Igreja também se engajaram, conferindo O credo uma amplitude inédita às transformações culturais. humanista ordenava a seus seguidores transmitir e acumular conhecimento O campo para o cidadão italiano era um lugar para visitar. Muitos comerciantes e lojistas possuíam vinhas e olivais e abandonavam a cida- Itália na época do VALORES EM CONFLITO Renascimento. de para viverem perto deles na época da colheita; Fonte: História entre os ricos e poderosos entrou em moda ter uma Moderna e O progresso econômico alterou o estilo de vida villa campestre. Isso satisfazia o crescente gosto Contemporânea. das pessoas nas cidades. As relações de dependência Leonel Itaussu e da aristocracia pelas caçadas e dava uma carac- pessoal perderam sua força, dando espaço aos valores terística de ócio luxuoso em uma carreira bem Luís Cesar Costa. Editora terrenos e a busca de realização individual. A vida ur- sucedida de político ou homem de negócios.(...) Scipione. pág 41. bana permitiu os cidadãos se livrarem da coação do Porém, a vida de verdade, a vida que os satisfa- senhorio feudal e da Igreja Católica. A perspectiva zia, esta estava nas cidades. Príncipes, banquei- secular significou a procura de sentimentos próprios. ros e lojistas voltavam com prazer dos campos que Os homens da época não se preocuparam em negar a existência de Deus, porém, emergiram menos certamente eram belos, e freqüentemente lucrati- preocupados com a salvação e a vida espiritual. vos, mas que não podiam deixar encarar como lugares sem cultura, povoados apenas por bárba- ros e rústicos.” 1
  • 3. A elite urbana impossibilitada de obter o privi- A concepção de mundo imposta pelos valores légio de nascimento, compensava a diferença inves- religiosos, era estática e dogmática não permitindo mu- tindo nas artes. Em conseqüência, vários artistas pu- danças que afastassem o homem do plano espiritual. O deram desfrutar da proteção e incentivo dos “magna- padrão moral religioso impunha a submissão, obediên- tas” da cultura, que se tornaram os mecenas. Para os cia, paciência, tolerância e aceitação. novos ricos a arte tinha um sentido pratico, vinculada No fim da Idade Média, as alterações do O Renascimento Cultural à riqueza e o sucesso no mundo dos negócios. Renascimento Comercial, exigiram da Igreja Católica uma Paradoxalmente a Igreja Católica acossada por adequação aos novos tempos. Nesse contexto se inse- várias heresias e seitas que abalavam os seus alicer- re a Suma Teológica, escrita pelo dominicano Tomás de ces, procurou se aproximar, ao máximo, dos artistas Aquino. Sua obra se constitui a primeira tentativa de do Renascimento. Os artistas que atenderam o ape- conciliar a fé com a razão, quando a própria lo tiveram acolhida segura. Entretanto, os “re- Igreja admitiu os postulados da Antigüidade. beldes” foram perseguidos pela Igreja Católi- “Como a razão não era inimiga da fé, sua ca que não perdoaria a contestação aos seus aplicação à revelação não devia ser temida. dogmas. À medida que o raciocínio humano se tor- O intenso contato com regiões do nava mais eficiente, disse Aquino, também mundo oriental contribuiu imensamente se tornava mais cristão, e as incompatibili- para a renovação cultural. No Oriente ha- dades entre a fé e a razão desapareciam. via uma civilização mais dinâmica onde a Reconhecendo que tanto a fé como filosofia grega era debatida por inúmeros a razão se voltam para a mesma verdade, o intelectuais. Os navios que vinham do homem prudente aceita a religião como Oriente trazendo perfumes, âmbar, incen- guia em todas as questões diretamente re- so e outras mercadorias, traziam também lacionadas com o conhecimento neces- livros, obras científicas, e às vezes, os pró- sário à salvação. Havia também toda uma prios sábios que se deslocavam para os ampla gama de conhecimentos que Deus magníficos centros de comércio e cultura não revelou e que não eram necessários à italianos. O ataque de árabes e turcos que salvação. Nessa categoria enquadrava-se não deixavam Constantinopla em paz, con- grande parte do conhecimento sobre o tribuiu para acentuar o êxodo de sábios para o mundo natural das coisas e das criaturas, Ocidente, diante da iminência da cidade que os seres humanos tinham perfeita li- bizantina vir a ser conquistada pelos turcos- berdade de explorar.” 2 otomanos. A obra de Tomás de Aquino quebrou a barreira que divorciava a Igreja dos pensadores da época. Seus seguidores exaltaram os valores do indivíduo, HUMANISMO enaltecendo a relação do homem com o mundo. O jeito A ALMA DO RENASCIMENTO. diferente de pensar e agir envolveu os artistas e pensa- dores, que se viam sedentos de transformar e mudar os valores tradicionais. Os humanistas voltavam-se para o Durante a Alta Idade Média, a Igreja Católica presente, olhavam para o futuro e resgatavam o lado controlava todos os centros de estudo que eram mi- bom do passado medieval. Movia-os o ideal, que o nistrados por clérigos e padres. As escolas tinham como homem.era a mais bela criação de Deus. Buscaram en- finalidade preparar os noviços que investiam na car- tão valorizar o que havia de divino dentro de cada pes- reira religiosa. Nos mosteiros os jovens padres com- soa. pletavam as carreiras tradicionais de Teologia, Medi- cina e Direito. O Tempo da História IDADE MÉDIA RENASCIMENTO CULTURAL TEOCENTRISMO - HUMANISMO E - SUBMISSÃO DO HOMEM ANTROPOCENTRISMO - CONTEMPLAÇÃO - CIÊNCIA E RAZÃO - VALORIZAÇÃO DO - INDIVIDUALISMO ESPIRITUAL - CONTESTAÇÃO - METAFÍSICO
  • 4. Na sociedade medieval onde pou- cos tiveram acesso ao conhecimento, a arte funcionava como veículo ideológico ex- pressando os valores da hierarquia religio- sa, imutável e inabalável na sua onipotên- cia. O gótico já pode ser encarado como O Renascimento Cultural transição para o Renascimento, ou até mesmo, evolução para o estilo de arte, amadurecido com os mestres renas- centistas. Na pintura, essa transição foi muito bem concebida por Giotto, o pintor que desvendou a nova forma de encarar a pintura. Segundo Albert Duhrer, Giotto foi no século XIII o primeiro mestre do novo humanismo. “Em Giotto, Cristo é realmen- te filho do homem. Os acontecimentos da história sagrada tornam-se acontecimen- tos terrenos, situam-se bem no mundo hu- mano e não mais no além. Mesmo o suave halo ARTE RENASCENTISTA. dourado que circunda a cabeça dos santos, já não é um eco dos distintivos de uma hierarquia sobrenatu- A antiga arte medieval apesar do caráter monu- ral presente nas velhas pinturas. mental de suas obras, revelava um grande compromis- A história de Cristo é contada como alguém Um menino estudioso lê so com o espírito religioso predominante no período. tão tangível e tão próximo ao espectador que este Cícero como um No início prevaleceu o gênero românico caracterizado parece convidado a tomar parte nela. São situações guia para a vida por um estilo denso e pesado. Exemplo desse padrão bem sucedida. dramáticas e não imagens imutáveis que são pinta- artístico foram as grandes catedrais, construídas à se- das; as figuras relacionadas umas às outras, não mais Muitos jovens da elite tiveram melhança das fortalezas militares. Na pintura, as figu- se confinam a um espaço bidimensional: saem dele, tutores ras humanas eram condicionadas à visão teocêntrica, buscam o espaço como se quisessem romper com to- humanistas: desenhadas em posição estática e uniforme, destituídas outros - inclusive dos os limites e unir-se a todos os que estão vivendo de expressividade. aqui e agora. Uma nova realidade social e uma nova alguns que eram pobres mas bem A noção de espaço era restrita à cena predomi- consciência não dogmática se fazem sentir nas ima- dotados de nante no tema. Na arte medieval os artistas foram ain- gens secularizadas e humanizadas.” 3 talento - da prejudicados pela carência de recursos técnicos, frequentavam No século XIV os artistas passaram a desfrutar obrigando os pintores a colocarem suas obras nas pa- da grande novidade da pintura à óleo. Além do inegá- escolas dirigidas por humanistas. redes das catedrais e mosteiros. Também nesses locais vel avanço técnico, permitia a comercialização dos qua- poderiam ser admiradas por um número maior de pes- dros em telas, ao contrário das obras medievais que soas. eram os estáticos afrescos. Com isso, as obras Na Baixa Idade Média despontou o gótico ali- ganharam em mobilidade, permitindo-se a compra e viando o estilo pesado do românico. Nos seus arcos e venda de uma tela como qualquer bom negócio. O in- ogivas destacava-se uma arquitetura dotada de leveza vestimento na arte multiplicava o lucro dos mecenas, e esplendor. Nas catedrais góticas existem espaço, luz dentre os quais, se destacava a família de Lourenço de e cor em abundância. Pesa contra o gótico o fato da Médici, famoso banqueiro da cidade de Florença. arte ainda ser era concebida como instrumento didáti- co. O Tempo da História SÉCULO XII - XIII SÉCULO XIV SÉCULO XVI RENASCIMENTO INÍCIO DO APOGEU E COMERCIAL RENASCIMENTO DECADÊNCIA DO RENASCIMENTO 1545 E FORMAÇÃO DAS 1453 MONARQUIAS CONCÍLIO DE TOMADA DE TRENTO E CONSTANTINOPLA CONTRA-REFORMA
  • 5. O palácio em que vivia foi transformado na Era uma arte que remetia o homem ao próprio Galeria Ufisi, onde se encontram vários quadros e es- homem e o induzia a uma identificação maior com seu culturas da época de ouro do Renascimento. Um exem- meio urbano e natural, ao contrário dos estilos medie- plo é a Sagração da Primavera de Boticelli, quadro vais que predispunham as pessoas a penetrarem nos admirável pela textura, beleza e transparência. universos imateriais das hostes celestiais. A arte Entretanto o grande gênio do Renascimento renascentista, portanto, mantinha uma consonância O Renascimento Cultural foi o italiano Leonardo Da Vinci. Apesar da pequena muito maior com o modo de vida implantado no Oci- quantidade de quadros pintados, Da Vinci fez o dente europeu com o incremento das relações mercan- bastante para eternizar obras-primas, a exemplo da tis e o desenvolvimento das cidades. 4 Gioconda, Última Ceia e A Virgem dos Rochedos. Na Outro expoente do Renascimento foi opinião dos críticos de arte, o pintor preferiu técnicas Michelângelo. A Criação do Homem, pintada no teto e imprecisas para não ficar preso a estéticas laterais da Capela Sistina, no Vaticano, é a maior prova convencionais. A irreverência do artista se revelou por da criatividade desse artista, que demorou vários anos inteiro no rosto da enigmática Mona Lisa. para concluir a obra. Como escultor não fez por me- As inúmeras interpretações sobre o sorriso da nos, como se pode observar no magnífico Davi, reali- Mona Lisa confirmam a natureza polêmica desse ar- zado na adolescência do artista quando lhe solicitaram tista. Da Vinci foi um grande exemplo das vantagens uma prova na academia que estudava. A escultura trans- que a ciência trouxe para os pintores do Renascimento. mite uma sensação de orgulho e heroísmo, combinado Os quadros eram precedidos por um estudo minucio- com leveza graça e espiritualidade. Na Pietá, so de perspectivas matemáticas. Na maioria dos ca- Michelângelo desenvolveu um sentimento de emoção sos, pintores e escultores faziam o rascunho da obra, ao retratar a imagem da Virgem Maria acolhendo Cris- antes que fosse realizada a versão final. A técnica de to nos braços após o sofrimento do calvário. contrastar o claro e escuro deu vida às obras permitin- do aos autores infinitas possibilidades. No quadro A Virgem do Rochedo, parece que Leonardo da Vinci concentrou todas as luzes do universo, no rosto celestial da Virgem Maria. A expressão perspectiva significa “ver atra- vés”. Essa expressão inédita de olhar-se para uma parede pintada e parecer que se vê para além dela, como se ali tivesse sido aberta uma janela para um outro espaço, o espaço pictórico, era o principal efei- to buscado pelos novos artistas. A pintura tradicio- nal, gótica ou bizantina, praticamente se restringia ao plano bidimensional das paredes, produzindo no máximo um efeito decorativo. O novo estilo multipli- cava o espaço dos interiores e com a preocupação de dar às pessoas, objetos e paisagens retratados a apa- rência mais natural possível, parecia multiplicar a própria vida. Uma arte desse tipo impressionava muito mais os sentidos que a imaginação, convidava muito mais ao desfrute visual do que à meditação interior. Detalhe da Capela Sistina de Miguel Ângelo. Na cena da criação de Adão pode deduzir-se a confiança da época no ideal masculino. O Tempo da História 1304 1346 1428 1477 1507 1572 GIOTTO PESTE AFRESCOS A PRIMAVERA MONA LISA OS LUSÍADAS NEGRA DE de COMEÇA MASACCIO BOTICELLI da VINCI CAMÕES OS AFRESCOS EM FLORENÇA DA CAPELA 1350 1498 1505 1603 DE PÁDUA DECAMERON ÚLTIMA CEIA DAVI de HAMLET DE da VINCI MICHELÂNGELO BOCACCIO SHAKESPEARE
  • 6. Galeria do Renascimento O Renascimento Cultural O Renascimento Cultural O compromisso do Humanismo com o passado clássico e sua rejeição da cultura medieval são claramente revelados nas três obras de arte exibidas nesta página. Todas representam as Três Graças, servas da deusa do Amor. Na versão clássica, acima, à esquerda, as graças são dançarinas robustas, pintadas de modo a idealizar a beleza humana. Entretanto, na Idade Média a forma humana não era admirada em si mesma, e as Graças, à direita, acima, tornaram-se planas e sem corpo. Os humanistas denunciavam tais obras como “Uma caricatura do corpo humano”. Um pintor do século XV, Sandro Boticelli, não era humanista doutrinário, mas sua arte irradiava o espírito do renascimento clássico. Em sua famosa versão das Três Graças, ao lado, ele restituiu os movimentos joviais, e uma vez mais revela sua beleza. Ao tema antigo Boticelli acrescenta a elegância, a graça e a nova sofisticação de sua época. In. John R. Hale. Renascença. Biblioteca de História Universal Life. Editora José Olympio. pág 26.
  • 7. Renascimento e O Renascimento Cultural Ciência O s pensadores medievais defenderam a teoria do Universo estático e imóvel. Para eles, a Terra ficava no centro e os astros giravam em torno do planeta. Essa concepção teocêntrica foi contestada por Nicolau Copérnico, em 1453. Na sua obra Sobre as Revoluções das Esferas Celestes, o cientista jogou por terra mil anos de Geocentrismo, contrapondo o Heliocentrismo - o Sol no centro do nosso sistema e a Terra junto com os outros planetas e astros girando em torno do astro-rei. Comungando com essa teoria, Galileu aprofundou os estudos de Copérnico, observando os astros com auxílio das revolucionárias lunetas. Os instrumentos óticos inventados por Galileu confirmavam a teoria de Copérnico, destruindo cientificamente as ultrapassadas afirmações da Igreja. A teoria provocou um estardalhaço nos meios científicos despertando, ao mesmo tempo a fúria da Leonardo da Igreja Católica que resolveu condenar o cientista. Após Vinci foi o várias sessões da Inquisição Galileu conseguiu driblar curioso mais seus algozes reiterando a fé em Deus diante do tribunal. insistente da história. Depois de muita pressão diria: “ Eu, Galileu juro que Perguntava o sempre acreditei, acredito agora e com a ajuda de porquê e como Deus acreditarei doravante em tudo o que ensina e de tudo que via prega a Igreja Católica. Mas porque, depois de ter (...) Descobre, anota: quando recebido uma ordem que me foi legalmente dada para pode ver, que abandonasse totalmente a falsa opinião, segundo desenha. Copia. a qual, o Sol é o centro do mundo e não se move, e a Faz a mesma Terra não é o centro do mundo e se move, e não pergunta, uma, duas, várias sustentasse, defendesse ou ensinasse a dita falsa vezes. A doutrina de nenhum modo (...) escrevi e publiquei um curiosidade de livro em que a dita doutrina condenada foi versada. Leonardo unia- Portanto abjuro, amaldiçôo e abomino os referidos se a uma energia mental erros e heresias. ” 5 incansável. Não Em síntese, o Renascimento Cultural foi um se contenta com momento singular na história, marcado por três séculos um sim por de grande produção artística, literária e científica. A resposta. Não deixa nada de atitude dos mecenas investindo e apoiando os artistas lado: preocupa- conferiu um papel de destaque para a burguesia. O se, expõe, interesse dos burgueses era movido pela crença nos responde a novos padrões e pela certeza de auferir grandes lucros interlocutores imáginários. No com a venda das obras artísticas. Vinculou-se também à quadro ao lado, a perspectiva ideológica de criar um novo padrão de vida e uma forma diferente de pensar e ver o mundo. famosa e No final do século XVI diminuiu sensivelmente a produção cultural engajada com o Renascimento. O enigmática Mona deslocamento do comércio para o Atlântico prejudicou as cidades italianas, afetando os investimentos nas Lisa. obras renascentístas. De outro lado, a Igreja Católica deslocou seu foco para a Contra-Reforma que foi associada ao Barroco que lembrava o Renascimento mas tinha outros objetivos. Mesmo assim o espírito do Renascimento continuou guiando a humanidade e seus paradigmas conduzem as sociedades na busca de um mundo melhor.
  • 8. “A história da cultura renascentista ilustra com clareza todo o processo de construção cultural do homem moderno e da sociedade contemporânea. Nele se manifestam os germes do individualismo e do racionalismo, conceitos típicos de comportamentos mais imperativos e representativos de nosso tempo. Consagra a razão que é a instância suprema de toda a cultura moderna, versada no rigor das matemáticas, que passarão a reger os sistemas de controle do tempo, do espaço, do trabalho e do domínio da natureza. Será essa mesma razão abstrata que estará presente tanto na elaboração da imagem naturalis- O Renascimento Cultural ta pela qual é representado o real, quanto na formação das línguas modernas e na própria constituição da chamada identidade nacional. Ela é a nova versão do poder dominante e será consubstanciada no Estado Moderno, entidade racionalizadora, controladora e disciplinadora por excelência, que extinguirá a multiplicidade do real, impondo um padrão único, monolítico e intransigente para o enquadramento de toda a sociedade e cultura. Isso, contraditoriamente, fará brotar um anseio de liberdade e autonomia de espírito, certamente o mais belo legado do Renascimento para a atualidade.” 6 PENSAMENTO RELIGIOSO E POLÍTICO O s pensadores renascentistas lutaram por uma religião renovada, não poupando críticas à Igreja Católica. A idéia de elaborar uma religião simplificada influenciou o teólogo Erasmo de Roterdã a escrever o fantástico livro - O Elogio da Loucura. Segundo o autor, os teólogos da Igreja se escudavam numa muralha de definições teológicas. Dizia Erasmo que: “A verdadeira religião, não dependia do dogma, do ritual, ou do poder clerical. Ao contrário, ela é revelada de modo simples e claro na Bíblia e portanto é diretamente acessível a todas as pessoas, desde os sábios e poderosos até os pobres e humildes.” 7 Quando foi processado pela Igreja, Erasmo retrocedeu provavelmente com receio das penalidades que lhe seriam impostas. Mas a teoria de Erasmo não ficaria adormecida. Serviria de inspiração para Martinho Lutero atacar a Igreja em seus fundamentos básicos. No plano político a maior obra do Renascimento foi escrita pelo italiano Nicolai Maquiavel. Sua motivação inicial ao escrever “O Príncipe” foi traçar o caminho mais fácil para a Itália efetivar a centralização política, a exemplo do que havia acontecido com outras monarquias européias. Na época de Maquiavel a Itália não conseguia superar a fragmenta- ção que confrontava as cidades em lutas intestinas. O crescimento do comércio mergulhou as cidades num insano clima de disputa que sangrou o território italiano. Na opinião de Maquiavel, a única Maquiavel foi usado como forma de reverter a desordem era a imposição da ordem total, sem embaixador pela contestação. república de Na sua concepção, o monarca ideal seria motivado pelas Florença numa grandes ações e não deveria hesitar diante das adversidades. Um época em que a ordem política príncipe deve agir com rapidez e precisão, não permitindo aos da Europa inimigos a chance de reação. A negligência é a prova da fraqueza, parecia estar se da incapacidade e despreparo do príncipe diante da tarefa de desmanchando. governar. Segundo o autor, valia mais a reputação da virtude do Na gravura da esquerda, que a própria virtude. É necessário, portanto, que o soberano quadro do dissimule, saiba fingir e engane os súditos. pensador político
  • 9. Cabe ao povo obedecer aos soberanos. Em caso de transgres- são das leis, deve o príncipe usar a força para que a ordem na sociedade seja mantida a qualquer custo. “É muito louvável por parte dos príncipes de serem fiéis aos seus compromissos mas, entre os de nosso tempo, O Renascimento Cultural que vimos fazer grandes coisas, são poucos os que sejam gabados desta fidelidade e que tenham tido escrúpulos de enganar os que se fiavam na sua lealdade”. Ora, os animais cujas formas o príncipe deve saber revestir são as formas da raposa e do leão. A primeira se defende mal contra o lobo e o outro cai facilmente nas arapucas que lhe preparam. Da primeira o príncipe aprenderá a ser sagaz e do outro a ser forte. Os que desprezam o papel de raposa entendem pouco da sua profissão. Em outras palavras um príncipe prudente não pode nem deve manter a sua palavra senão quando ele pode fazê-lo sem se prejudicar e as condições em que ele se comprometeu ainda subsistem. Eu não me atreveria a enunciar semelhante preceito se todos os homens fossem bons; mas como eles são todos maus e sempre prontos a faltar com a sua palavra, o príncipe não se deve gabar de ser mais fiel à sua e esta falta de boa fé é sempre fácil de justificar. Eu poderia citar dezenas de provas e mostrar quantos compromissos e tratados têm sido rompidos, entre os quais o mais feliz é sempre o que melhor sabe cobrir-se com pele de O raposa. O caso é de bem desempe- desenvolvimento no comércio e o nhar o seu papel e de saber oportunamente mentir e apoio dos dissimular. Os homens são tão simples e tão fracos que quem os quer enganar, facilmente os engana.” 8 mecenas, Maquiavel foi considerado o primeiro grande pensador político do mundo moderno. A leitura de sua transformou obra confirma o lema que o tornou imortal - Os fins justificam os meios. Suas idéias serviram de inspiração Veneza num dos grandes para outros escritores da época, tornando-se também o livro de cabeceira dos monarcas do Antigo Regime. centros de Mas perguntaria o leitor - como pôde ser tão importante um autor que defendeu idéias que inspiraram gover- Renascimento nos despóticos e autoritários? Onde estaria o lado renascentista de Maquiavel? A resposta é simples: Ao Cultural defender o poder real vinculando-o à manutenção da ordem, contribuía para debilitar a força da Igreja, que disputava com os reis o direito de governar os homens na Terra. Ressaltava o espírito renascentista na exaltação do homem-príncipe, capaz de usar a força e a razão ao mesmo tempo. 1 In. Hale, John R. Hábitos e Moral. A Renascença. Biblioteca Time-Life. José Olympio Editora. P. 52. 2 In. Perry, Marwin. Civilização Ocidental. Uma História Concisa. Martins Fontes Editora. Pág. 231. 3 In. Fischer, Ernst. Apud. Nicolau Sevscenko. O Renascimento. Pág 38. 4 In. Sevcenko, Nicolau. Op. Cit. Pág. 48. 5 In. Blitzer, Charles. O Universo Reconstruído. A Era dos Reis. Coleção Time-Life. Pág. 103. 6 In. Sevcenko. Nicolau. Op. Cit. Pág. 2. 7 In. Perry, Marwin. Op. Cit. Pág. 283. 8 In. Maquiavel. Nicolau. O Príncipe. Edições ao Livro de Ouro. Pág. 38.