O documento descreve a biografia do compositor de samba Zé Keti. Ele nasceu em 1921 no Rio de Janeiro e cresceu ouvindo cantorias de samba em sua casa. Sua carreira deslanchou na década de 1950 quando suas músicas foram incluídas em trilhas sonoras de filmes. Zé Keti compôs centenas de músicas ao longo de sua carreira e recebeu diversos prêmios, tornando-se uma importante figura do samba carioca. Ele faleceu em 1999 aos 78 anos.
12. Nascido em 16 de setembro de 1921, embora
tenha sido registrado, em 6 de outubro, no bairro
de Inhaúma, José Flores de Jesus, ficou
conhecido como Zé Keti . Em 1924, foi morar em
Bangu na casa do avô, o flautista e pianista João
Dionísio Santana, que costumava promover
reuniões musicais em sua casa, das quais
participavam nomes famosos da música popular
brasileira como Pixinguinha, Cândido (Índio) das
Neves, entre outros. Filho de Josué Vale da Cruz,
um marinheiro que tocava cavaquinho, cresceu
ouvindo as cantorias do avô e do pai. Após a
morte do avô, em 1928, mudou-se para a Rua
Dona Clara. Cantou o samba, as favelas, a
malandragem e seus amores.
13. Em 1955, sua carreira começou a deslanchar
quando seu samba "A voz do morro", gravada por
Jorge Goulart e com arranjo de Radamés
Gnattali, fez enorme sucesso na trilha do filme
"Rio 40 graus", de Nelson Pereira dos Santos.
Neste filme, trabalhou também como segundo
assistente de câmera e ator. Outro sucesso na
anos cinquenta, foi "Leviana", que também foi
incluído no filme "Rio 40 Graus" (1955), de
Nelson Pereira dos Santos, diretor com o qual
trabalhou também no filme "Rio Zona Norte"
(1957).
14. Dono de um temperamento tímido, seu
pseudônimo veio do apelido de infância "Zé
Quieto" ou "Zé Quietinho". No ano de 1962
idealizou o conjunto A Voz do Morro, do qual
participou e que ainda contava com Elton
Medeiros, Paulinho da Viola, Anescarzinho do
Salgueiro, Jair do Cavaquinho, José da Cruz,
Oscar Bigode e Nelson Sargento. O grupo lançou
três discos.
15. Em 1964, participou do espetáculo "Opinião", ao
lado de João do Vale e Nara Leão, que o levou ao
concerto que tornou conhecidas algumas de suas
composições, como "Opinião" e "Diz que Fui por
Aí" (esta em parceria com Hortênsio Rocha). No
ano seguinte, lançou "Acender as velas",
considerada uma de suas melhores
composições. Esta música inclui-se entre as
músicas de protesto da fase posterior a 1964; a
letra deste samba possui um impacto forte, criado
pelo relato dramático do dia-a-dia da favela. Nara
Leão, Elis Regina fizeram um enorme sucesso
com a gravação desta música.
16. Também em 1964, gravou pelo selo Rozemblit
um compacto simples que tinha a música "Nega
Dina". Nessa mesma época, recebeu o troféu
Euterpe como o melhor compositor carioca e,
juntamente com Nelson cavaquinho, o troféu O
Guarany, como melhor compositor brasileiro.
Com Hildebrando Matos, compôs em 1967 a
marcha-rancho "Máscara Negra", outro grande
sucesso, gravada por ele mesmo e também por
Dalva de Oliveira, foi a música vencedora do
carnaval, tirando o 1º lugar no 1º Concurso de
Músicas para o Carnaval, criado naquele ano
pelo Conselho Superior de MPB do Museu da
Imagem e do Som e fazendo grande sucesso
nacional.
17. Em 1996, lançou o CD "75 Anos de Samba", com
participação de Zeca Pagodinho, Monarco,
Wilson Moreira e Cristina Buarque. Este CD foi
produzido por Henrique Cazes, com quatro
músicas inéditas e vários sucessos antigos.
Nesse mesmo ano, subiu ao palco com Marisa
Monte e a Velha Guarda da Portela e interpretou
com enorme sucesso alguns clássicos do samba,
como "A voz do morro" e "O mundo é um
moinho", de Cartola, entre outros.
18. Em 1997, recebeu da Portela um troféu em
reconhecimento pelo seu trabalho e
participou da gravação do disco Casa da
Mãe Joana. Em 1998, ganhou o Prêmio
Shell pelo conjunto de sua obra: mais de
200 músicas. Nesta noite foi homenageado
por muitos músicos da Portela, entre eles,
Paulinho da Viola, Élton Medeiros, Monarco
e a própria Velha Guarda, em show dirigido
por Sérgio Cabral e encenado, em noite
única, no Canecão do RJ.
19. Em janeiro de 1999, recebeu a placa pelos
60 anos de carreira na roda de samba da
Cobal do Humaitá. Apresentou-se ao lado
da Velha Guarda da Portela e teve várias
músicas regravadas.
Aos 78 anos, Zé Keti morreu de falência
múltipla dos órgãos em 1999.