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GESTÃO
INTEGRADA
DE SAÚDE
SISTEMA
UNIMED
Gerenciando os custos assistenciais
de forma sustentável




          1
UNIMED DO BRASIL


                   Autores
                   João Augusto Rangel Martins
                   Elias Antônio Abreu




                   Apoio

                   GEMA – Grupo de Estudos do Modelo Assistencial
                   J
                    oão Augusto Rangel Martins (Coordenador – Unimed do Brasil)
                   C
                    arlos Augusto Cardim de Oliveira (Portal Unimed)
                   Jurimar Alonso (Unimed do Brasil)
                   Mauro Back (Unimed do Brasil)
                   Alfredo Martini (Fundação Unimed)
                   Elias Antônio Abreu (Unimed do Brasil)
      Viver para   José Carlos de Barros (Unimed do Brasil)
                   	
    transformar
       o mundo.    Unimed do Brasil

    Transformar    Celso Corrêa de Barros - Presidente
                   Luiz Carlos Misurelli Palmquist - diretor de Administração e Estratégia
       o mundo     Thyrson Loureiro de Almeida - diretor Financeiro

      para viver   João Batista Caetano - diretor de Integração Cooperativista
                   Almir Adir Gentil - diretor de Marketing e Desenvolvimento

         melhor.   João Mairton Pereira de Lucena - diretor de Desenvolvimento Regional
                   Sizenando da Silva Campos Júnior - diretor de Desenvolvimento Regional




2
GESTÃO INTEGRADA DE SAÚDE


    ÍNDICE
    1. Introdução					                                    12
    2. Objetivos e Estruturas				                         24


    Aspectos Conceituais e Referenciais	

    3. Modelos Assistenciais				                          28
    4. A Saúde como um Sistema: um Modelo Simplificado	   34
    5. Premissas para um Novo Modelo			                   41
    6. O Modelo Proposto				                              45
    7. Gestão e Insumos Estratégicos			                   60


    Aspectos Operacionais e Administrativos	

    8. Planejamento da GIS – Princípios Básicos		         75
    9. Como Gerir a Singular de Forma Sustentável		       79
    10. Aspectos Operacionais da GIS			                   83
    11.  stratégias para a implantação
        E
        do monitoramento de carteira		                    96


    Funcionalidades do Cerebrum 	
    	
    Anexos						                                          199
    Bibliografia						                                    285
7
PREFÁCIO


  Vários são os fatores que contribuem para o aumento no custo real
  assistencial dos planos de saúde, tornando premente a adoção de
  ferramentas mais eficazes nas gestões administrativa e estratégica
  das cooperativas médicas.

  O envelhecimento populacional, a constatação de um aumento
  na utilização dos serviços, a incorporação de novas tecnologias em
  procedimentos clínicos e cirúrgicos e, mais que isso, a “variabilidade”
  dos gastos com a assistência médica, diante das receitas geralmente
  fixas e pré-determinadas, fazem do gerenciamento dos Custos
  Assistenciais uma tarefa cada vez mais complexa, porém, ainda mais
  necessária.

  Neste cenário, a implementação de estratégias para a adequada
  gestão dos recursos nos sistemas de saúde consiste em desafios.
  Vários esforços têm sido feitos para racionalização dos serviços
  oferecidos pelos planos de saúde.

  Como alternativa, a Unimed do Brasil, além do objetivo de
  disseminar informações, fórmulas e dados estatísticos, propõe, neste
  documento, um modelo de Gestão Integrada de Saúde, que visa
  contribuir para o controle da sinistralidade decorrente da complexa
  relação entre os custos assistenciais e as receitas.


  João Batista Caetano
  Unimed do Brasil
  Diretor de Integração Cooperativista




                                 9
1. INTRODUÇÃO


O CENÁRIO
DA SAÚDE SUPLEMENTAR
REQUER MUDANÇAS




O segmento de saúde suplementar no Brasil conta com 37 milhões de
beneficiários de planos privados de assistência médica, de acordo com dados
oficiais da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), de dezembro de
2006. Todo este contingente - amparado ou não pela legislação específica
em vigor (35% dos beneficiários de planos de saúde são anteriores à Lei
9656/98, enquanto que 65% já estão associados aos planos novos) - busca
atendimento médico, que pode abranger desde uma simples consulta,
pequena cirurgia ou procedimento de baixo custo e freqüência até os
transplantes de órgãos.

Isto significa que cerca de 20% da população brasileira têm acesso aos
serviços médicos hospitalares oferecidos pelas operadoras que atuam na área
de medicina supletiva.

Trata-se de um mercado que apresenta baixo crescimento, como mostra o
gráfico adiante, pois depende basicamente do desenvolvimento econômico
e do aumento de renda da população. Ao fazer a análise do quadro deve-
se, ainda, levar em consideração que no início nem todas as operadoras
tinham registro na ANS.




                                    11
Segundo dados da própria Agência, ao final de 2006, o setor contava com                       O primeiro deles refere-se à cobertura de atendimento e às questões jurídicas
1.486 operadoras registradas em todo o país, e apresentava um movimento                       que surgiram diante de uma nova realidade de mercado: a regulação. Com
anual de cerca de R$ 40 bilhões em receita.                                                   base na denominada “lei dos planos de saúde”, a ANS estabeleceu o Rol
                                                                                              de Procedimentos, uma cobertura mínima a ser garantida por todas as
beneficiários, evolução de Beneficiários e fonte                                              Operadoras de Planos de Saúde. Entretanto, liminares judiciais têm obrigado
Evolução de Beneficiários com vínculos aos planos médico-hospitalares                         as OPSs a cobrirem procedimentos não previstos neste Rol, o que vem
(Dez/2000 a Dez/2006).                                                                        contribuindo para o desequilíbrio econômico destas instituições.
Fonte: ANS - Sistema de Informações de Beneficiários - Dez/2006
                                                                                              Outro fator diz respeito à cultura da população e ao tipo de medicina, que
                                                                                 31.878.361
                                                                                              ao longo do tempo foi sendo implantado em nosso meio. Ambos são fruto
                                                                    31.878.361                da cultura médica unicausal (relação entre agente etiológico, alterações
                                                       31.878.361
                                                                                              fisiopatológicas e um conjunto de sinais e sintomas) centrada na doença e
                                                                                              no procedimento, que direcionou os investimentos do setor de saúde para o
                                          31.878.361
   31.878.361
                                                                                              aparato médico-hospitalar e farmacêutico, tendo a cura como meta. Como
                31.878.361
                             31.878.361                                                       conseqüência as pessoas passaram a ver o hospital como um centro de
                                                                                              excelência para cuidar da saúde e os medicamentos, como a solução para suas
                                                                                              doenças.

                                                                                              A terceira causa está relacionada ao rápido avanço do conhecimento e ao
   DEZ/2000     DEZ/2001     DEZ/2002     DEZ/2003     DEZ/2004     DEZ/2005     DEZ/2006
                                                                                              desenvolvimento tecnológico aplicado à área de saúde.
   Pop. 171.2   Pop. 173.8   Pop. 176.3   Pop. 178.9   Pop. 181.5   Pop. 184.1   Pop. 187.8
   %18.49       %17.88       %17.67       %17.71       %18.40       %19.08       %19.67
                                                                                              É indiscutível que a evolução dos meios de diagnósticos e terapias
                                                                                              medicamentosas - a constante Transição Tecnológica - proporciona
                                                                                              benefícios aos pacientes, na medida em que possibilita a instituição precoce de
                                                                                              tratamentos.
Soma-se a isto o fato que a regulamentação do setor, ocorrida em 1998, e a
criação da ANS, trouxeram mudanças significativas ao segmento, em especial                    O avanço da tecnologia médica é, sem dúvida, de máxima relevância
para a gestão das operadoras médico-hospitalares. A obrigatoriedade de                        para assegurar uma boa assistência à saúde. Entretanto, o enfoque no
coberturas mais amplas para doenças e procedimentos, as normatizações                         procedimento, agregando novas tecnologias, às vezes sem a devida validação
financeiras e contábeis impostas pela legislação e a impossibilidade de livres                clínica e de forma indiscriminada, vem contribuindo sobremaneira para a
aumentos de preços, fizeram com que elas se atentassem para um novo                           elevação dos custos, sem a contrapartida de reais benfeitorias para o paciente,
cenário: a ampliação dos direitos dos beneficiários e, também, a grande                       ou seja: muito esforço para pouco resultado, apontando para uma situação de
probabilidade de aumento de seus custos.                                                      insustentabilidade do setor.

A seguir são expostos alguns fatores que têm determinado os aumentos dos                      A legitimação desta preocupação com os custos de novas tecnologias é dada
custos assistenciais, bem como suas conseqüências para as operadoras e para                   quando observamos, em levantamento realizado com 227 Unimeds em todo
os beneficiários.                                                                             o Brasil de forma representativa, a proporção de valores gastos em relação à
                                                                                              quantidades de exames e terapias realizadas no Sistema Unimed:




                                              12                                                                                    13
DESPESAS ASSISTENcIAIS DO SISTEMA UNIMED                                                          DESPESAS ASSISTENcIAIS DO SISTEMA UNIMED
                                                                                                  Distribuição das despesas assistenciais em números de eventos e total
   1º Semestre de 2006                                                                            de despesas monetária - 1º semestre de 2006.
                                                Quantidade           Valor da Despesa
                                                de eventos           Assistencial (R$)            Distribuição % da quantidade de eventos

   Consultas Médicas                            25.101.366             892.769.851
                                                                                                                     Consultas                   30             23
   Exames Complementares                        44.816.293             982.994.595
                                                                                                       Exames complementares                          54         25
   Terapias                                     6.002.934              207.105.178
                                                                                                                                                                          30%
                                                                                                                        Terapias            7              5
   Atendimentos ambulatoriais                   3.219.430              212.064.091

                                                                                                   Atendimentos Ambulatoriais           4                  5
   Internações                                  664.855                1.474.235.791

   Demais despesas assistenciais*               2.983.745              171.120.145                                  Internações         1                            37

   Total                                        82.788.623             3.940.289.653
                                                                                                  Demais despesas assistenciais         4                  4

   * órteses e próteses, remoções e aluguel de equipamentos entre outras despesas assistenciais
     indenizáveis.
                                                                                                   Fonte: Arquivos SIP de 227 Unimeds
Base: Total da amostra - 227 Unimeds



                                                                                                  Já o quarto fator é o fenômeno da Transição Demográfica, que dobrará a
                                                                                                  população de idosos no Brasil, passando dos atuais 8,6%, cerca de 15 milhões
                                                                                                  de pessoas com 60 anos ou mais, de acordo com o IBGE, para 30 milhões, no
                                                                                                  curto espaço de 25 anos. Em 2025, o Brasil passará da 16ª para a 6ª posição
                                                                                                  no ranking dos países com a maior população de idosos do planeta. Em 2050,
                                                                                                  o IBGE estima que cerca de 25% da população brasileira será de idosos.




                                               14                                                                                               15
Envelhecimento da População                                                                          Paralelamente a esta quase “explosão demográfica” da população idosa,
Projeção da população brasileira com 60 anos ou mais                                                 fruto da melhoria nas políticas sociais e, principalmente, da queda nos
Período 1980 - 2050 (IBGE - 2004) - em milhões de pessoas                                            níveis de fecundidade e mortalidade ocorridas a partir de meados do século
                                                                                             64,1
                                                                                                     passado, passou-se a observar um significativo avanço das enfermidades
                                                                                 52,1                crônico-degenerativas (segundo levantamento nacional do IBGE em 2003, 57
                                                                     40,5                            milhões de brasileiros, o que equivalia a 30% da população, declaravam ter
                                                           28,3
                                              19,3                                                   alguma doença crônica diagnosticada por médico) quando antes prevaleciam
                                  16,8
                       13,9                                                                          as doenças infecto-contagiosas, caracterizando o chamado fenômeno da
            9,9
 7,2
                                                                                                     Transição Epidemiológica. Essa transição é o quinto fator, e sobre ele será
                                                                                                     comentado um pouco mais, estabelecendo um caminho para o objetivo
                                                                                                     principal do modelo proposto: demonstrar que é por meio da promoção da
                                                                                                     saúde e da prevenção em todos os seus níveis, que serão alcançados melhores
 1980      1990       2000        2006        2010         2020     2030         2040        2050    resultados na gestão de custos assistenciais, na administração clínica e na
 6,0%       6,8%       8,1%       9,0%       9,8%          12,3%     17,0%       20,7%       24,6%
                                                                                                     qualidade de vida das pessoas.
                                                                                                      PRESENçA DE DOENçAS cRÔNIcAS NA POPUlAçÃO bRASIlEIRA

 Proporção da população com 60 anos ou mais em relação à população total.
                                                                                                     PRESENçA DE DOENçAS cRÔNIcAS NA POPUlAçÃO bRASIlEIRA
                                                                                                                                                            Declaram ter doença
                                                                                                                                                            crônica 30%
                                                                                                     Não tem
                                                                                                     doença crônica
                                                                                                                                                            Declaram ter doença
                                                                                                     70%
                                                                                                                                                            crônica 30%       52.638.232
                                                                                                     Não tem
                                                                                                     doença crônica                                                           pessoas
ENVElhEcIMENTO DA POPUlAçÃO
                                                                                                     70%                                                                      52.638.232
Distribuição dos beneficiários com vínculos aos planos médico-hospitalares,
por faixa etária - Fonte ANS Set/2006 (em beneficiários, mil)                                                                                                                 pessoas

                       % de beneficiários em 2006 (ANS)
                                                                                                     Proporção de pessoas com declaração de doenças crônicas, por grupos de idade - Brasil 2003.
                       % da população em 2006 (IBGE)
                                                                                                                                                                                      77,6
                                                                                                     Proporção de pessoas com declaração de doenças crônicas, por grupos de idade - Brasil 2003.
                       % da população projetada para 2050 (IBGE)
                                                                                                                                                                       64,5
                                                                                                                                                          46,6
                                                                                                                                                                                      77,6
                         11,44                                                                                                              24,6
                                                                                                                                                                       64,5
                                                                                                                               11,2
                                                            7,92                                                   9,4                                    46,6
  5,75                                                                                                  9,1
              5,05                                                                           5,29                                           24,6
                                     3,64        2,8
                                                                      1,66       1,16                                          11,2
                                                                                                                   9,4
                                                                                                        9,1



          60 a 69 anos                      70 a 79 anos                      80 anos ou +             0a4        5 a 13      14 a 19      20 a 39        40 a 49      50 a 64      65 ou mais


                                                                                                       0a4        5 a 13      14 a 19      20 a 39        40 a 49      50 a 64      65 ou mais



                                                16                                                                                                   17
Historicamente, o conhecimento da microbiologia possibilitou à medicina          nosso país, o que dificulta a compreensão e a escolha da melhor forma de
interferir no curso das doenças transmissíveis, que eram um dos principais       condução. A identificação antecipada do risco saúde é um fator que pode mini-
problemas antes desta descoberta, e, assim, teve início a construção             mizar perdas e também oferecer vantagens competitivas para as operadoras.
equivocada de um modelo que passava a privilegiar as doenças e não os
indivíduos. Mais tarde, por volta dos anos 1920 e 1950, na Inglaterra, EUA       No Brasil existe um déficit de informações sobre a saúde da população e não
e Canadá, começou a surgir o conceito de medicina preventiva, movimento          se tem como rotina a investigação dos riscos atribuíveis para o favorecimento
responsável pela introdução da epidemiologia clínica, privilegiando a pesquisa   das doenças crônicas, o que não ocorre nos países desenvolvidos, onde a
dos fatores de risco e a estatística com critério científico.                    vigilância epidemiológica não está centrada apenas em desfechos (morbidade
O termo promoção de saúde, utilizado pela primeira vez por Sigerist em 1945,     e mortalidade). Há ainda, em nível nacional, um grande foco nos fatores de
associado à prevenção de doenças, surge novamente como uma proposta              risco modificáveis associados às principais causas de morte. Estudos de pre-
de resgate, considerando o contexto sócio-ambiental e o indivíduo como           valência de comportamento de risco são comuns – a exemplo dos que expõem
elementos chave para a manutenção do estado de saúde, principalmente, o          as mudanças nas condutas associadas ao risco de doenças cardiovasculares
estilo de vida e o meio ambiente onde ele está inserido.                         (principal causa de morte em países industrializados) -, permitindo identificar os
A mudança no perfil demográfico fez com que o cenário - caracterizado            subgrupos populacionais mais expostos, além de auxiliar no desenvolvimento
por uma população jovem, no qual as doenças infecciosas, que em 1950             de intervenções mais eficazes e eficientes.
respondiam por 40% do total de óbitos e, em 1980, por cerca de 10% - se
transformasse num painel marcado por agravos crônicos à saúde, evento típico     O modelo de gestão da assistência à saúde centrada nos aspectos adminis-
de uma população idosa. Esta alteração reflete um impacto substancial no         trativo-financeiros e atuariais, na doença e no hospital vem, a cada dia, se
custeio e indica a necessidade de um redirecionamento das ações do setor de      demonstrando mais inadequado para compatibilizar receitas com despesas e
saúde.                                                                           produzir efeitos que resultem em menor custo com maior e melhor qualidade
                                                                                 da assistência à saúde das pessoas, quer no sistema público, quer no privado.
Assim, um dos grandes desafios das empresas que respondem pela assistência       Prova disso são os altos índices de sinistralidade observados no setor supletivo,
médica suplementar no Brasil é continuar viabilizando um sistema no qual         gerados pelo somatório dos fatores anteriormente identificados, e que podem
os custos são ilimitados e crescentes e com diversos fatores contribuindo        levar as operadoras à beira da insustentabilidade.
para a elevação progressiva do custo/saúde, agravados pelo envelhecimento
populacional e o avanço das novas tecnologias em saúde, que exercem              Segundo dados da ANS, divulgados em dezembro de 2006, no período de
um impacto substancial no financiamento das operações do setor. Neste            2001 a 2006, as receitas das contraprestações pecuniárias das Operadoras de
panorama, um importante questionamento é se o aparelho formador - a              Planos de Saúde, excetuando-se as Odontológicas, aumentaram em 79,98%,
sociedade e as operadoras de plano de saúde - estão se preparando para esta      enquanto que as despesas assistenciais variaram em 77,67%. Estes índices
realidade.                                                                       mostram que as despesas apresentam variações crescentes e, praticamente,
                                                                                 empatam com a variação percentual de receitas no período.
A Organização Mundial da Saúde, em seu Relatório Mundial sobre Doenças
Não Transmissíveis e Saúde Mental, publicado em 2002, já chamava a atenção       Por outro lado, a relação entre as despesas assistenciais (gastos com assistência
dos tomadores de decisão do setor para o avanço das doenças crônicas. Neste      médica, excetuando-se os administrativos e comerciais) e as receitas, que reflete
mesmo documento, o organismo recomendava políticas de gerenciamento              o índice de sinistralidade, figurava na casa dos 79% a 81% entre os anos de
médico e comportamental objetivando a prevenção.                                 2001 e 2006. Segundo estudos atuariais, esta porcentagem deveria ficar abaixo
Embora seja muito abordado, o tema gestão de risco é pouco estudado em           dos 75% para manter o equilíbrio financeiro das operadoras.




                                      18                                                                                 19
OPERADORAS
                         Evolução das receitas e despesas assistenciais das Operadoras
                         - 2001 a 2006 (em Reais, milhões)


                                                                          38.523                 Receitas
                                                                 35.200
                                                       31.289
                                                                          30.241                 Despesas
                                              27.675             28.702
                                                                                                 Assistenciais
                                     25.042             25.482
                            21.403            22.524
                                     19.817
                            17.020




                            2001      2002       2003        2004         2005     2006

Despesas x 100
                     =      79,52     79,13      81,38       81,44        81,53    78,50     Sinistralidade
Receita

Fonte: Agência Nacional de Saúde Suplementar - Informações sobre beneficiários, operadoras e planos.
Edição Dezembro 2006/ Competência Dez. 2006.



Por estas razões é que a mudança da lógica assistencial se impõe como um
modelo transformador capaz de melhor adequar a relação custo/receita com a
qualidade da assistência ao cliente.

As ações de saúde, quer de promoção, prevenção, cura ou reabilitação, devem
ter seu foco voltado para a integralidade do indivíduo, sem desconsiderar o
impacto nos custos dos materiais de implante, órteses, próteses e síntese.
É necessário, ainda, conhecer a carteira de beneficiários, por meio do
estabelecimento do perfil epidemiológico e da seleção e avaliação de risco
para as ações de gestão de doenças e de casos, sempre respaldados pelos
princípios da boa prática médica, diretrizes e medicina baseada em evidência,
entre outros.




                                                        20                                                       21
2. OBJETIVOS E ESTRUTURA


Conceitualmente a idéia de sinistralidade expressa a parcela de recursos
empregados nas atividades-fim da operadora e deve ser utilizada para
subsidiar políticas de regulação e de remuneração dos cooperados, além de
servir como parâmetro comparativo com outras operadoras, devendo ser,
por isso, razão de um acurado modelo de gestão que, além de eficiente e
eficaz, seja também efetivo.

O objetivo principal do modelo de Gestão da Assistência à Saúde proposto
ao Sistema Unimed é a redução dos índices de sinistralidade, fundamentada
no redirecionamento da lógica assistencial e amparada em ações de
promoção de saúde, gestão de casos e de doenças, partindo-se do
conhecimento prévio do perfil epidemiológico dos beneficiários para permitir
a seleção dos riscos a serem trabalhados.

Ele deve ser adequado às características de cada uma das cooperativas,
considerando os seus diferentes níveis de complexidade e tamanho, e
sempre dentro dos princípios éticos e da boa prática médica.

Para contemplar um padrão que possa ser útil ao Sistema Cooperativo
Unimed, contribuindo para a racionalização dos custos assistenciais, o
modelo está organizado em duas partes distintas: a primeira aborda os
seus Aspectos Conceituais e Referenciais, de modo a embasar a segunda,
com os Aspectos Administrativos e Operacionais a serem implantados nas
cooperativas.

Inicialmente, são apresentadas as principais diferenças entre o modelo
atual, centrado na doença, e o modelo proposto, centrado na saúde; a
integração interna a ser perseguida pela operadora, destacando-se os
setores de comunicação, marketing, atuarial e comercial; a importância da
tecnologia da informação como ferramenta de acompanhamento e controle
de custos, riscos e ações de promoção e prevenção; a relevância e o papel de
indicadores como insumos estratégicos de gestão; um modelo simplificado




                                     23
de um sistema de saúde, enfatizando os atores envolvidos; e, finalmente, o
esquema do modelo proposto, ressaltando as principais alterações e o plano
operacional a serem implantados.

Na segunda parte será exposto um conjunto de técnicas administrativas,
financeiras e médicas a serem praticadas por todos os envolvidos na
elaboração de um plano de saúde. Desta forma, será estabelecido o correto
dimensionamento dos riscos, visando definir o tipo de tratamento a ser
dispensado, sempre com o objetivo principal voltado à minimização dos
efeitos relativos às possíveis perdas.




                                    24                                       25
ASPECTOS CONCEITUAIS
E REFERENCIAIS


3. MODELOS ASSISTENCIAIS




Saúde e doença são conceitos diferentes que devem ser tratados de forma
distinta, embora constituam um processo. O sistema de saúde que fornece
serviços para tratamento da doença não é incompatível com um sistema que
se preocupa em produzir saúde. Na verdade, eles são complementares.

Dada a complexidade e multiplicidade de fatores envolvidos no processo
saúde-doença, o foco na eliminação da doença como forma de viabilizar
a saúde e vice-versa é um grande engano, pois a ausência de moléstia
não é sinônimo de saúde, assim como a sensação de sentir-se saudável
não significa a inexistência de doença. Um modelo mais próximo do ideal
engloba de forma integrada, mas diversa, a coexistência de dois tipos de
abordagem: uma voltada para a doença e a outra para a saúde, buscando-se
a plenitude do bem-estar bio-psico-social e ecológico do indivíduo.

No documento “Cuidados Inovadores para as Condições Crônicas” (OMS
- 2002), a Organização Mundial da Saúde faz um alerta aos tomadores de
decisão para o fato do envelhecimento populacional e da mudança no perfil
das doenças, além de apresentar alguns desafios do século 21 relacionados
com a saúde. Dentre alguns pontos, o material também chama a atenção
dos dirigentes para o apoio à uma mudança de paradigma na assistência
à saúde; recomenda a integração dos sistemas de saúde, bem como a
centralização do tratamento no paciente e na família (não no médico);
sugere que os sistemas possam apoiar os pacientes em suas comunidades,
além de enfatizar a importância da promoção de saúde e da prevenção de
doenças.




                                   27
A tabela abaixo aponta as principais diferenças entre um modelo conceitual           Num extremo tem-se um modelo que oferece maior liberdade para o cliente
tradicional amplamente utilizado pelas OPSs, em que se busca a saúde                 com o reembolso pleno dos serviços utilizados, incorrendo num maior risco
combatendo a doença por meio dos sintomas sentinelas, e o que contempla              de demanda (a operadora não tem controle sobre a utilização), e do outro,
a integralidade do indivíduo e do processo saúde-doença em seus diferentes           exatamente o oposto, é um padrão mais restritivo, com o cliente tendo
níveis, no qual está fundamentado o padrão proposto:                                 direito a utilizar apenas os recursos próprios da operadora, incorrendo num
                                                                                     maior risco operacional (o da verticalização, isto é, quando ela assume todas
         MODELO ATUAL                            MODELO INTEGRAL                     as etapas do atendimento). Entre os dois extremos encontram-se opções
Enfoca a doença.                           Enfoca o indivíduo / paciente.            intermediárias com rede credenciada ou com reembolso gerenciado.
Preocupa-se com o curar.                   Preocupa-se com o cuidar.
                                                                                     Hoje as operadoras estão procurando fugir do risco de demanda para
Tem lógica na utilização de                Tem lógica na produção de saúde.
                                                                                     conseguir controlar melhor seus custos assistenciais. O modelo de rede
procedimentos.                             Relevante ação educativa.                 credenciada ainda é o mais usual. Contudo, observa-se uma tendência de
Ação educativa irrelevante.                O micro-clima é a referência.             verticalização no setor, com as operadoras buscando trabalhar com recursos
O hospital é a referência.                 Valoriza a medicina geral e a visão       próprios. O resultado dependerá sempre da parceria na gestão médica.
Valoriza a especialização com              sócio-epidemiológica.
visão setorizada (desumanização).                                                    As perspectivas de evolução dos custos assistenciais praticados no modelo
                                           Baseia-se na multicausalidade das
                                                                                     no qual o cliente tem maior liberdade não são favoráveis para as operadoras.
Baseia-se na unicausalidade das            doenças.
                                                                                     Na medida em que o envelhecimento populacional avança, ocorrem
doenças.                                   Gera auto-responsabilidade pela           mudanças no perfil das doenças, o que determina maior utilização dos
Não gera auto-responsabilidade             saúde.                                    serviços, e surgem as novas tecnologias, que fatalmente acabam por ser
pela saúde.                                Amplia a percepção de                     incorporadas. Estes fatos determinam um aumento no custo real assistencial
                                           morbidade.                                dos planos, fenômeno descrito como “inflação médica”.
Não amplia a percepção de
morbidade.                                 Fortalece a relação e fideliza o
                                           paciente ao médico.                       Outro fator complicador no gerenciamento de custos, principalmente num
                                                                                     regime no qual as receitas são fixas e pré-determinadas, é a variabilidade
Do ponto de vista da administração e do gerenciamento dos custos                     dos gastos com assistência médica, cujos fenômenos são aleatórios e
assistenciais, o esquema abaixo apresenta basicamente quatro modelos                 freqüentemente não previsíveis.
de gestão, destacando-se os dois extremos, sendo que entre eles existem
infinitas possibilidades de desdobramentos:                                          A tendência de elevação dos custos, combinada com a sua oscilação em
                                                                                     torno de uma média (variação do risco) e os chamados eventos catastróficos
Modelos Assistenciais                                                                – aqueles que por serem imprevisíveis e terem custos extremamente elevados
             Reembolso   Reembolso       Rede          Recursos                      distorcem toda e qualquer previsão atuarial -, fazem da Gestão dos Custos
               pleno     gerenciado   credenciada      próprios                      Assistenciais uma tarefa cada vez mais complexa, porém mais necessária.

   Maior                                                          Maior economia     No artigo apresentado no editorial do The British Medical Journal, por
 liberdade                                                        e maior controle   Richard Smith (1997), intitulado O Futuro dos Sistemas de Saúde, o autor
                                                                                     sugeria que para os sistemas de saúde se tornarem sustentáveis deveriam
   Risco de Demanda                                     Risco Operacional




                                      28                                                                                  29
trabalhar com ferramentas de Managed Care (Cuidado Gerenciado). Nele,
apresentou, basicamente, algumas ferramentas médica, de gestão e de
demanda, amplamente empregadas no modelo americano e, em alguns
aspectos, também aplicáveis à nossa realidade.

Atualmente já é possível observar algumas destas idéias em nosso meio, tais
como: o compartilhamento de risco com prestadores, principalmente por
meio dos pacotes, a mudança nos incentivos financeiros para os prestadores,
a co-participação dos usuários (fatores moderadores) e a utilização de
protocolos, entre outras.

Nesse contexto - e a partir da implantação do Grupo de Estudos de Modelos
Assistenciais (GEMA), da Unimed do Brasil, formado no Comitê Nacional de
Integração (CONAI) realizado em 2006, quando ocorreu um amplo debate
sobre o tema “Repensando o Modelo Assistencial no Sistema Unimed” - tem
sido sugerida a possibilidade de aplicação de ações para gerenciamento da
assistência à saúde de forma mais integrada.

Estas atividades não estão voltadas apenas para equacionar os problemas de
atendimento dos casos de alto custo, que tanto afligem as singulares.
O modelo assistencial proposto vai além das ações de curto prazo e sugere
o gerenciamento das doenças nos consultórios dos cooperados, bem como
atividades de promoção de saúde, principalmente no ambiente das empresas
e também em Centros de Saúde Unimed, que poderão ser implantados no
futuro, talvez bem mais próximo do que se possa imaginar.

Atenta às rápidas mudanças, desde outubro de 2004, quando realizou
o primeiro Seminário Nacional de Sinistralidade, a Unimed do Brasil vem
estruturando esta proposta. Atualmente sugere, com base na visão do
cenário da saúde, nas expectativas atuais de seus beneficiários - em que mais
do que cortar custos esperam um compromisso com a qualidade de vida -,
na necessidade de maior adequação receita/custos e na busca de soluções
que dêem ao gestor mais agilidade com confiabilidade nas suas decisões,
um modelo de Gestão Integrada de Saúde, utilizando ferramentas
médicas para ações de Promoção da Saúde, Gerenciamento de Doença
e Gerenciamento de Caso, detalhadas adiante, no capítulo Aspectos
Operacionais e Administrativos.




                                     30                                         31
4. A SAÚDE COMO SISTEMA:
        UM MODELO SIMPLIFICADO


     Um sistema de saúde não difere dos aplicados aos outros setores, (como
     abaixo representado por um esquema simplificado) e compreende cinco
     componentes, sendo que qualquer alteração ou decisão tomada num deles,
     acarretará maior ou menor reflexo aos demais, produzindo mudanças.

     Isto mostra a necessidade de se ter amplo conhecimento da influência
     de todos eles, bem como dos instrumentos que subsidiam e respaldam a
     tomada de decisão em cada ponto por parte do gestor ou dirigente, pois
     dela dependerá o impacto, positivo ou negativo, sobre os demais.

     À exceção da Legislação, cuja compreensão é complexa e, muitas vezes,
     imprevisível nas três esferas dos poderes executivo, legislativo e judiciário,
     os demais são passíveis de certa previsibilidade, por meio da utilização de
     ferramentas e instrumentos de gestão adequados.

     Representação Esquemática de um Sistema Fechado


                                          4
                                 Legislação e Política




       1                                 2                                 3
     ENTRADA                      PROCESSAMENTO                          SAÍDA

                                             5
                                       FEEDBACK




32                                          33
Tomando como exemplo uma situação hipotética e utilizando o modelo de             	       • AMBULATORIAIS
sistema acima: a ausência de critérios e seleção de risco na entrada de um novo   	       • PRONTO-SOCORRO
cliente pessoa jurídica ou física (1), bem como um contrato ineficiente com o     	       • EXAMES E TERAPIAS
prestador ou a falta de auditoria e acompanhamento da internação hospitalar       	       • INTERNAÇÕES
(2), com conhecimento do impacto de cada item que a compõe, poderão
elevar de tal forma os custos que tornaria o resultado (3) insustentável para a   O conhecimento desses itens se reveste de grande importância para a
operadora, dificultaria as medidas de correção (5) e, o que seria pior, geraria   avaliação do desempenho da operadora, no quesito Custos Assistenciais.
reflexos sobre a qualidade dos serviços prestados ao beneficiário.                Além disso, a abertura de cada um deles permite analisar com profundidade
                                                                                  todos os componentes das despesas, desde a sua origem. Com a totalidade
                                                                                  dos gastos assistenciais tem-se a sinistralidade, cujo índice é calculado
4.1 Atores do Sistema de Saúde                                                    em relação à receita total e apresentado em porcentagem. Assim, se uma
                                                                                  operadora tem um Índice de Sinistralidade de 80%, significa dizer que ela
O gerenciamento dos custos assistenciais deve considerar toda a cadeia            gasta 80% da sua receita total para o pagamento de despesas de operação,
produtiva da saúde de forma concomitante. Em destaque abaixo, os                  ou seja, consultas, exames, terapias e internações.
principais atores que atuam no sistema de saúde, a partir de suas crenças e
interesses:                                                                       4.2.1 Despesas Ambulatoriais

	        1. o beneficiário, que gera a demanda de saúde e utiliza os serviços;          - Consultas em Consultório
	        2. o profissional da saúde, que intervém no processo saúde-doença;             - Outros Atendimentos Ambulatoriais
	        3. o prestador de serviço/fornecedor, que fornece os insumos;
	        4. a operadora, que gerencia e/ou controla o consumo;                    4.2.2 Despesas com Pronto-Socorro
	        5. o governo (que legisla, fiscaliza e controla); e
	        6. os dirigentes (que estabelecem políticas internas).                         - Honorários
                                                                                        - SADT

4.2 Componentes da Assistência à Saúde                                            4.2.3 Despesas com Exames e Terapias

Basicamente todos os itens referentes à utilização dos serviços colocados à             - Exames Complementares
disposição dos beneficiários podem ser agrupados, para efeito de melhor                 - Terapias
compreensão, por afinidade e estabelecimento de riscos associados a
custos, como apresentado abaixo. Procurou-se manter o mesmo padrão de             4.2.4 Despesas com Internações
agrupamento, classificação e nomenclatura utilizados pela ANS/SIP (Sistema
de Informação de Produto), com algumas adequações às características                    - Honorários
do Sistema Unimed e/ou abertura para melhor compreensão e análise dos                   - Diárias / Taxas
custos inerentes a cada um dos grupos.                                                  - Mat/Med
                                                                                        - Materiais de Alto Custo (OPMES)
                                                                                        - SADT
                                                                                        - Outros




                                      34                                                                             35
4.3 Cadeia Produtiva do Setor de Saúde                                     • Aumento de atos médicos
                                                                             . Por doença
O esquema abaixo destaca os diferentes elos da cadeia produtiva do setor     . Por paciente
de saúde, mostrando que a influência de cada um, em maior ou menor           . Por oferta de serviços
grau, impacta na inflação-saúde, cujos reflexos recaem sobre as OPSs e
determinam o aumento dos índices de sinistralidade:                        • Medicina defensiva
                                                                             . Indústria jurídica sobre “erro médico”

                              BENEFICIÁRIOS
                                                                           • Complexidade do Sistema
               FORNECEDORES                     PRESTADORES                  . Gerenciamento de Informações
                                                                             . Gerenciamento de Cadeia Negocial

                                                                           • Pressões de Mercado
                                 INFLAÇÃO                                    . Competitividade na Saúde



                              OPS
                                                                             . Competição pela Inovação
                                                                             . Incorporação de Novas Tecnologias

                                                                           • Diversos Fatores Médicos
                               SAÚDE                                         . Evolução do Conhecimento em Saúde
                                                                             . Quadro Profissional em Saúde
            PROFISSIONAIS E                                                  . Fatores Regulamentares (ANS) e Legais
                                                  GOVERNO
          ENTIDADES DE CLASSE                                                   - Aumento de coberturas
                                                                                - Código de Defesa do Consumidor




                              SINISTRALIDADE




4.3.1 Fatores que influenciam o Custo-Saúde

• Aumento da demanda por saúde
  . Fatores demográficos
  . Ampliação das áreas de atendimento em saúde
  . Fatores epidemiológicos




                                    36                                                                           37
38   39
5. PREMISSAS PARA
        O NOVO MODELO


     5.1 Gerais

     • Assegurar a boa prática médica, em que os que precisam recebam
       o procedimento, seja ele preventivo, diagnóstico, terapêutico ou de
       reabilitação, e aqueles que não precisam não o recebam.
     • Promover a visão sistêmica e não pontual do processo saúde-doença.
     • Redirecionar a lógica assistencial de um modelo de cura para o de
       produção de saúde.


     5.2 Internas na organização da OPS

     • Integrar as ações dos departamentos da operadora voltando-os para a
       obtenção do objetivo principal: Atenção Integral à Saúde.

     • Fazer com que as informações cheguem aos gestores com confiabilidade
       e presteza para a tomada de decisão. A demora diante da identificação de
       um desequilíbrio de qualquer natureza compromete a operadora com seus
       beneficiários, prestadores e, principalmente, com a legislação em vigor.

     • Lembrar que os recursos financeiros são limitados, o que requer uma
       gestão acurada, de modo que se permita o acesso ao serviço sempre
       que o beneficiário necessitar.

     • Avaliar constantemente a qualidade do atendimento dispensado ao
       beneficiário em todos os pontos de contato com o Sistema.




40                                       41
5.3 Externas na relação com contratados e cooperados

• Garantir uma efetiva parceria entre a operadora e os prestadores 	
  de serviço, pois dela depende uma boa qualidade da assistência, com
  efetividade e a um custo compatível com a realidade de ambos.

• Respaldar o sistema de pagamento aos prestadores sempre em contrato,
  no qual deverão estar previstos todos os itens que compõem os serviços
  com os respectivos preços e/ou tabelas referenciais.

• Dividir os riscos, priorizando os acordos, pacotes, kits, valores fechados etc,
  sempre que possível.

• Ter ciência de que a responsabilidade da operadora vai muito além de
  prover o atendimento ou cuidar da operação. Há a obrigatoriedade de
  cumprimento da legislação em vigor, incluindo o CDC e as
  regulamentações previstas pela ANS e Anvisa, sob pena de sofrer as
  penalidades legais.




                                       42                                           43
6. O MODELO PROPOSTO

     6.1 O papel da Tecnologia da Informação

     Os sistemas de informática são ferramentas essenciais para a
     implantação do modelo proposto.

     A troca de informações entre o sistema operacional utilizado pela
     operadora,e os sistemas Cerebrum (Busines Intelligence-BI, da Unimed
     do Brasil) e Linfo (gerenciador de ações preventivas da Confederação) é
     de suma importância para extração dos dados e, conseqüentemente, para
     transformá-los em indicadores, além de ser condição sine qua non para
     se iniciar qualquer trabalho na área de gestão de custos. Todos eles estão
     disponíveis para implantação nas singulares.

     As informações geradas no sistema operacional podem ser enviadas,
     de forma bruta, ao Cerebrum e ao Linfo, permitindo o processamento
     de acordo com as necessidades dos dirigentes e transformando-as em
     dados estatísticos e indicadores, gerando o que se denomina de Insumos
     Estratégicos de Gestão, verdadeiras bússolas que orientarão os gestores na
     tomada de decisão.

     Entretanto, isto não é o bastante. É fundamental que os dados brutos
     estejam cadastrados corretamente no Sistema de Gestão, respeitando-
     se uma padronização e parametrização capazes de impedir a entrada de
     “lixos” que necessitem do retrabalho de uma “higienização”. Observe o
     esquema a seguir, no qual é demonstrada a integração das três ferramentas
     anteriormente citadas e disponíveis na Unimed do Brasil, que permitem em
     curto espaço de tempo a implantação do Módulo de Gestão Integrada de
     Saúde (M-GIS) em qualquer singular do Sistema, dependendo de avaliação
     prévia feita pelas equipes envolvidas:




44                                        45
Esquema de Gestão Integrada de Saúde: infra-estrutura de TI                     6.1.1 Cerebrum

                                   INFORMAÇÃO                                   O Cerebrum é uma solução informatizada de análise de dados e indicadores
                                     (ENTRADA)                                  de desempenho, desenvolvida inicialmente pela Unimed Florianópolis e
                                                                                cedida à Unimed do Brasil para distribuição ao Sistema.


                                  Sistema                                       BI – Business Intelligence, expressão utilizada para o conceito de tomada de
                                                                                decisão baseada em evidências, ou seja, são indicadores de desempenho pré-
                                                                                estabelecidos que permitem o planejamento de ações baseando-se em fatos.
 FEEDBACK




                                                                                O Cerebrum utiliza os dados extraídos do sistema de gestão utilizado
            Cerebrum               Indivíduo                     Linfo          na cooperativa, permitindo a sua consolidação em relatórios gerenciais.

                                                                                É um sistema desenvolvido com alta tecnologia, que possibilita as mais

                             Op                                                 diversas visões da informação, tais como ordenações, agrupamentos, filtros

                                  e r a c i o nal                               por período, por área e por diversas outras variáveis, tudo com interface
                                                                                gráfica muito simples de se usar.

                              INSUMOS ESTRATÉGICOS                              Entre suas funcionalidades estão: Indicadores (apresentados na forma de
                                DE GESTÃO (SAÍDA)                               ranking, série histórica, avaliação de médicos fora do padrão etc.); Forma
                                                                                de Avaliação (apresentam diversos relatórios e indicadores sobre o Perfil das
Como exemplo da efetiva integração entre os sistemas de informática             Especialidades e Perfil Hospitalar); Data de Atendimento e Competência
adotados, pode-se citar:                                                        Faturamento.

- O Cerebrum pode sinalizar a necessidade de uma ação referente ao 	            Além disso, permite realizar uma análise mais apurada de algumas classes,
  Diabetes para o Linfo. O software identifica, por exemplo, os beneficiários   tais como: Prestadores, Contratos, Produção Médica, Financeiro, Avançado
  que realizaram mais de dois exames de hemoglobina glicada num                 (pesquisa, documentos).
  determinado período.
                                                                                O Cerebrum utiliza ainda a ferramenta Cubo Olap, juntamente com a aplicação
- O Linfo permite a formação de um grupo para certificação da informação,       do Excel, para obter maior flexibilidade em relação à montagem de relatórios.
  contatos com os beneficiários e acompanhamento com avaliação das
  ações. Finalizado o trabalho, o software repassa as informações dos           Estão pré-formatados no Cerebrum 76 indicadores, destacados em quatro
  participantes deste grupo ao Cerebrum e, assim, pode-se avaliar os custos,    categorias, apresentados no item 7.2 e detalhados no anexo 1 deste Manual.
  em período anterior e posterior à sua formação.

Além disso, pode-se ainda avaliar e comparar se a ação está tendo ou obteve
o resultado previsto ou não.




                                      46                                                                              47
6.1.2 O Linfo                                                                    6.2 Principais Alterações Requeridas

O Linfo, software desenvolvido pela Unimed do Brasil em parceria com a           No contexto da integralidade da assistência à saúde, o indivíduo, no caso
Unimed Porto Alegre, é o sistema gerenciador de ações de prevenção, que          o beneficiário, passa a ser o centro da atenção da operadora e, assim,
compreende a automatização da centralização de informações médicas e a           deverá ser percebido por todas as suas áreas, departamentos e respectivos
integração entre clínicas, laboratórios e a Unimed. Ele disponibiliza soluções   colaboradores, fundamentando o olhar integrado, que é a base da nova
responsáveis por extrair, coletar, analisar, parametrizar, acompanhar e          Política de Atenção à Saúde.
destacar resultados do histórico dos clientes, permitindo o gerenciamento
tanto da promoção de saúde como da prevenção de doenças.                         Para isso, é necessária, primeiramente, uma verdadeira “integração interna”
                                                                                 das ações da operadora a fim de alcançar os objetivos e metas propostos e,
A aplicação da Medicina Preventiva é responsável pela parametrização do          consequentemente, a busca de uma maior aproximação e co-responsabilidade
sistema de base de dados e pela realização de pesquisa em uma interface          de seus clientes, o que é de fundamental importância para o pleno êxito
inteligente, que possibilita aos usuários realizarem filtros para todas as       deste novo olhar.
informações definidas na entidade DW (arquivos de carga com dados dos
beneficiários), bem como outros indicadores.                                     Na seqüência, estão destacadas as principais áreas envolvidas e, de maneira
                                                                                 sucinta, as respectivas alterações de ordem organizacional e recomendações
O Sistema de Medicina Preventiva é capaz de operar em dois formatos:             sugeridas.
Unimed Central e Unimed Local. No modo Central, todas as opções do
sistema estarão disponíveis. Já no modo Local, algumas opções de edição e        6.2.1 Estruturar Porta de Entrada da Operadora
exclusão de informações poderão estar desabilitadas, pois estas informações
podem ser dados definidos pela Central.                                          A quase totalidade das operadoras hoje desconhece os seus beneficiários,
                                                                                 preocupando-se apenas em cadastrá-los, de maneira a permitir o
Os indicadores são dados que compõem a Ficha de Informações do                   recebimento das contraprestações, saber a utilização para fins contábeis e
Beneficiário (FIB) e são alimentados por meio de questionários do Processor      promover o pagamento aos serviços contratados e cooperados.
Web ou outras ferramentas de apoio.
                                                                                 Desta maneira, os eventos e agravos à saúde ocorrem sem que se tenha
O sistema permite a criação de grupos de trabalhos para a aplicação de           conhecimento e, consequentemente, sem que algo seja feito para minimizá-
ações, ou seja, os Planos de Iniciativas são grupos de ações a serem aplicadas   los até que, por meio dos serviços de auditoria médica, os dirigentes são
em beneficiários selecionados nestes grupos.                                     alertados para a existência de uma grande conta ou uma internação em UTI
                                                                                 neonatal, gerando preocupação para os efeitos sobre o caixa.
Além disso, o próprio software verifica o acompanhamento dos planos de
ações frente aos Grupos de Trabalho, permitindo gerar eficientes relatórios      Tudo isto se dá devido a uma política voltada a aumentar o número de
gerenciais.                                                                      beneficiários e gerar receitas, sem se preocupar com quem está sendo
                                                                                 admitido, como se somente isto bastasse para manter a estabilidade da OPS.
                                                                                 Muito além disso, é necessária uma política assistencial e um modelo de
                                                                                 atenção à saúde capazes de, conhecendo-se a massa de novos beneficiários
                                                                                 e o seu perfil epidemiológico, prover os meios para, parafraseando Peter




                                      48                                                                              49
Drucker, programar e realizar as ações hoje, no presente, como única forma   a finalidade de se conhecer o perfil do novo beneficiário, seja ele de um
de “criar” o futuro.                                                         plano empresarial ou individual, por meio de instrumentos adequados ou
                                                                             da própria Declaração de Saúde, tendo como fundamentos a seleção de
O esquema abaixo demonstra o abordado acima e faz parte do contexto          riscos para, se necessário for, aplicação de Carência Parcial Temporária (CPT),
a ser modificado, destacando a busca imediata da assistência médica          agravos e recomendação de compartilhamento de risco, entre outros. A
(linha pontilhada), sem que o beneficiário sofra qualquer abordagem ou       seguir, o desenho proposto e, na seqüência, abordadas individualmente, as
intervenção por parte da operadora.                                          principais recomendações das referidas áreas:


              INDIVIDUO
                                                                                  INDIVIDUO


              MARKETING




                                                                                                                                                PORTA DE ENTRADA
                                                                                  MARKETING




                                                                                                                                                   OPERADORA
           ÁREA COMERCIAL
                                                                               ÁREA COMERCIAL


               CLIENTE
                                                                                   CLIENTE


                                                                                     PERFIL
                                                                                EPIDEMIOLÓGICO

                         COORDENAÇÃO MÉDICO-ASSISTENCIAL
                               (Centrado na doença)                             EQUIPE DE SAÚDE



                                AUDITORIA MÉDICA

                                                                                             COORDENAÇÃO MÉDICO-ASSISTENCIAL
                                                                                                   (Centrado na doença)

                                ASSISTÊNCIA
                             MÉDICO- HOSPITALAR                                                     AUDITORIA MÉDICA
                     RECUPERAÇÃO E REABILITAÇÃO DA SAÚDE



Desta forma, o modelo que se propõe destaca, primeiramente, como no
                                                                                                     ASSISTÊNCIA
esquema a seguir, a necessidade de se estabelecer uma Porta de Entrada                            MÉDICO- HOSPITALAR
da Operadora, integrando a atuação de áreas internas como, por exemplo,                   RECUPERAÇÃO E REABILITAÇÃO DA SAÚDE
as de marketing, pela sensibilização do indivíduo no sentido da aquisição
de um plano de saúde (e não de doença); e as atuarial e comercial, com




                                    50                                                                             51
6.2.1.1 Área de Marketing                                                            • Como estavam os resultados do levantamento epidemiológico
                                                                                       comparados com metas previamente determinadas pela operadora?
• Promover a prevenção de doenças e promoção da saúde como diferenciais              • Como evoluíram as enfermidades, agora de modo mais detalhado?
  de produto.                                                                        • Como estavam os indicadores de saúde de acordo com o modelo
• Evitar divulgação da rede hospitalar, facilidades de atendimento e exames            adotado (feedback)?
  de alta tecnologia.
• Enfatizar o que pode ser feito para manter a saúde e prevenir doenças.        6.2.1.3.2 Na negociação de um novo contrato:
• Direcionar e apoiar ações preventivas e de promoção à saúde.
• Mudar o foco do hospital para o lar e a família.                              - A negociação deve induzir o contratante a ações de promoção e prevenção
• Valorizar o humanismo e a qualidade de vida.                                    à saúde, tais como:
• Envolver a natureza e a ecologia.                                                • Levantamentos dos dados epidemiológicos.
• Transmitir segurança e tranqüilidade no atendimento hospitalar.                  • Aplicação de programas para evitar o aparecimento de doenças evitáveis.
• Estabelecer ações para recepcionar os novos clientes que comuniquem              • Buscar ativamente o diagnóstico precoce.
  informações relevantes sobre o processo saúde-doença, os direitos e              • Cuidar dos já doentes para evitar que necessitem de internação ou que
  deveres como beneficiário, a utilização, a rede assistencial, entre outras.        se tornem incapazes.
• Valorizar o estilo de vida como Gerador de Saúde.                                • Seleção de riscos imediatos para elaboração de CPT, agravos e modelo
                                                                                     de contrato (compartilhamento, co-participação).
6.2.1.2 Área Atuarial                                                           - A fixação de preços deve ser feita de acordo com critérios técnicos,
                                                                                  atuarias, demográficos e epidemiológicos.
• Listar informações relevantes para a saúde dos colaboradores da empresa
  contratante.
• Avaliar risco de enfermidade.                                                 6.2.2 Estabelecer o Perfil Epidemiológico
• Dimensionar os riscos em função do tempo (envelhecimento da carteira).
• Valorizar contratos com menor risco e que se proponham a tomar ações          Basicamente dois instrumentos podem ser utilizados para se conhecer as
 preventivas, que serão monitoradas e recompensadas caso os indicadores         condições de saúde do novo cliente, de forma a permitir o dimensionamento
 melhorem.                                                                      do risco a ser administrado, quer seja do ponto de vista individual ou
                                                                                coletivo, e aplicados a planos pessoa física ou empresarial:
6.2.1.3 Área Comercial
                                                                                	          • Declaração de Saúde – Instrumento amparado pela Lei 		
6.2.1.3.1 Na renegociação do contrato,                                           	         9656/98 (art. e RDC...) e usado atualmente na maioria das OPSs
          fazer os seguintes questionamentos:                                         	    de forma inadequada e de valor restrito ao “ato burocrático de
                                                                                	          inclusão de um novo beneficiário”, é de extrema importância para
− O levantamento epidemiológico (questionário) foi aplicado?                    	          se ter minimamente informações sobre o perfil de saúde do novo
− As ações propostas com base no questionário foram tomadas? E as               	          cliente, principalmente dos planos individuais e familiares.
  medidas de prevenção primária foram adotadas?
− Os rastreamentos (prevenção secundária) indicados foram feitos?
− Qual a resposta evolutiva dos indicadores?




                                     52                                                                               53
No Sistema Unimed não há um consenso entre as suas operadoras quanto          Entretanto, para iniciar o processo de conhecimento do perfil dos novos
a sua utilização como instrumento de informações e, muito menos, há uma       ou mesmo de antigos beneficiários de uma empresa, quando devidamente
padronização que permita estabelecer o perfil epidemiológico da carteira de   indicado e acordado com os empresários, é recomendável a utilização da
beneficiários para uso loco (regional) e que possibilite alimentar um banco   avaliação do risco cardíaco, por este problema, hoje, estar mais ligado à
de dados em nível nacional.                                                   morbidade e mortalidade da população em geral.

Assim, nem a singular conhece o seu cliente para planejar programas e         É de suma importância ressaltar que o software Gerenciador de Ações de
ações com bases epidemiológicas e nem o Sistema tem informações sobre os      Prevenção, ou Linfo, permite a elaboração de questionários de quaisquer
seus mais de 14,5 milhões de beneficiários para, por exemplo, buscar com o    naturezas, diante da necessidade detectada pela Equipe de Saúde Unimed,
poder público constituído as necessárias e adequadas políticas de saúde.      inclusive para problemas como Obesidade Mórbida, Hipertensão Arterial e
                                                                              Diabetes, entre outros.
A ANS, por meio da regulamentação da Declaração de Saúde, recomenda
uma quantidade mínima de informações e não impede a OPS de incluir no         No anexo 2 é apresentado um modelo de questionário, tipo HRA, que
documento outros dados do seu interesse, de forma a suplementar, até com      atualmente vem sendo utilizado pela consultoria da Fundação Unimed nas
a prevista e legalmente amparada Consulta Qualificada, buscando obter         OPSs que contrataram seus serviços, como base para iniciar os trabalhos de
de forma ética o perfil epidemiológico de seu novo cliente. Assim, poderá     planejamento.
prover os cuidados não somente para melhor abordar os seus problemas,
mas também e concomitantemente prover as ações de promoção e proteção         6.2.3 Aplicar a Lógica da Integralidade da Saúde
à sua saúde.
                                                                              A lógica da integralidade da atenção à saúde, detalhada no esquema
O anexo 2 traz o modelo de Declaração de Saúde recomendado pela               abaixo, consiste na atuação conjunta dos coordenadores de prevenção em
Unimed do Brasil, fruto do consenso entre os integrantes do GEMA, cuja        saúde - uma proposta a ser observada a partir da implantação deste modelo
proposta é, além de prover informações relevantes para a suas OPSs e assim    pela singular e cujas especificações estão detalhadas no item 7.1.1 - com o
subsidiar sua ações, padronizar as informações mínimas a serem incluídas no   coordenador médico-assistencial, representado pelo auditor, já contemplado
Banco de Dados Nacional.                                                      no organograma das cooperativas. Esta iniciativa é viabilizada pelo fluxo
                                                                              de informações propiciadas pelas ferramentas Cerebrum e Linfo, cujos
	       • Questionário – Mais adequado para planos empresariais, em           dados são extraídos do sistema de gestão - por exemplo o Cardio, como foi
	       que se tem um grande número de pessoas a serem avaliadas              mostrado na representação gráfica do item 6.1. Entretanto, é importante
	       num espaço curto de tempo, este instrumento é extremamente            destacar que as ações se dão na base clínica, em torno do referencial
	       eficaz na orientação de políticas negociais, ações de promoção e      “indivíduo”.
	       prevenção (primária e secundária), bem como na “previsão” de
	       sinistros de impactos para a operadoras.

Trata-se de um instrumento tecnicamente elaborado para permitir a avaliação
do risco e saúde, ou HRA (em inglês Health Risk Assentement), detalhada
mais à frente, no item “Como construir a curva de custo no tempo”.




                                    54                                                                            55
fazer um filtro dos que sofreram uma internação no período, bem como,
                                INDIVIDUO                                                    quais e quantos foram identificados ao serem admitidos. Além disso,
                                                                                             pelo Linfo é possível formar os respectivos grupos para o gerenciamento,




                                                                          PORTA DE ENTRADA
                                MARKETING                                                    obtendo-se assim as informações para avaliação do impacto do programa,




                                                                             OPERADORA
                                                                                             identificando falhas na “porta de entrada” pela eventualidade da omissão
                              ÁREA COMERCIAL
                                                                                             naquele momento, e assim modificar os procedimentos.

                                 CLIENTE                                                                                  INDIVIDUO


                                   PERFIL




                                                                                                                                                                    PORTA DE ENTRADA
                                                                                                                          MARKETING
                              EPIDEMIOLOGICO




                                                                                                                                                                       OPERADORA
                                                                                                                        ÁREA COMERCIAL
                              EQUIPE DE SAUDE

                                                                                                                           CLIENTE




                                                                          PORTA DE ENTRADA
                                                                             OPERADORA
                                                                                                                             PERFIL
        COORDENAÇÃO DE                  COORDENAÇÃO MÉDICO-ASSISTENCIAL                                                 EPIDEMIOLOGICO
       PREVENÇÃO À SAÚDE                      (Centrado na doença)

                                                                                                                        EQUIPE DE SAUDE

       CENTRADO NA SAÚDE                             AUDITORIA MÉDICA




                                                                                                                                                                    PORTA DE ENTRADA
                                                                                                                                                                        SISTEMA
                                                                                                   COORDENAÇÃO DE                 COORDENAÇÃO MÉDICO-ASSISTENCIAL
                                                                                                  PREVENÇÃO À SAÚDE                     (Centrado na doença)
                                                   ASSISTÊNCIA
      PROGRAMAS ESPECÍFICOS
                                                MÉDICO- HOSPITALAR




                                                                             UTILIZAÇÃO
                                            RECUPERAÇÃO E REABILITAÇÃO                           CENTRADO NA SAÚDE                        AUDITORIA MÉDICA
  PROMOÇÃO E PROTEÇÃO À SAÚDE
                                                    DA SAÚDE


                                  SAÍDA                                                                                                      ASSISTÊNCIA
                                                                                                PROGRAMAS ESPECÍFICOS
                                                                                                                                          MÉDICO- HOSPITALAR




                                                                                                                                                                       UTILIZAÇÃO
                                                                                                                                      RECUPERAÇÃO E REABILITAÇÃO
                                                                                             PROMOÇÃO E PROTEÇÃO À SAÚDE
                                                                                                                                              DA SAÚDE


6.2.4 Promover Mudanças: Feedback                                                                                           SAÍDA



O ciclo se completará com a retro-alimentação do sistema, a partir dos
resultados obtidos (saída), propiciando as devidas alterações desde a porta
de entrada até o processamento, buscando-se novos resultados e mudanças
de cenário.

Um rastreamento pelo Cerebrum, no sistema de gestão da cooperativa,
poderá, por exemplo, listar todos os beneficiários de determinada faixa etária
e identificar aqueles que realizaram um ou mais exames de hemoglobina
glicosilada no último ano, inferindo-se com probabilidade de quase 100%
destes pacientes serem diabéticos. Na seqüência, há a possibilidade de se




                                                56                                                                                              57
58   59
7. GESTÃO E INSUMOS
        ESTRATÉGICOS


     Gestão e informação correm paralelamente e se constituem nas ferramentas
     utilizadas pelo gestor para a tomada de decisão, obviamente após receberem
     os adequados tratamentos.

     A primeira providência a ser adotada, considerando a sua importância e
     urgência no sentido da tomada de decisões, é de âmbito organizacional
     objetivando-se ter a informação padronizada, independentemente do setor,
     departamento ou área que a gera. Para isso é necessária, previamente, a
     uniformização de conceitos, utilizando-se a mesma metodologia e memória
     de cálculo, para que a informação ou indicador seja o mesmo, independente
     da origem da demanda. Ademais, a utilização de um único canal para o
     fluxo das informações deverá também ser pré-estabelecida, de forma a se
     evitar distorções, por conveniências, respaldadas em um modelo dicotômico,
     que é o ainda observado no setor de saúde.

     Assim, embora as ações devam estar em áreas distintas, porém integradas,
     a gestão dos custos, sob a ótica da assistência à saúde, não pode ser
     prerrogativa de uma ou de outra (medicina preventiva ou auditoria médico-
     hospitalar, por exemplo). Deve estar concentrada e sob a responsabilidade de
     um único gestor, tendo as informações como os verdadeiros insumos para a
     tomada de decisão.


     7.1 Nova Visão da Gestão: organograma proposto

     O modelo Gestão Integrada de Saúde, cujo esquema foi apresentado
     anteriormente, requer, do ponto de vista organizacional e de acordo com o
     porte da operadora, a existência de duas coordenações subordinadas a um
     mesmo gestor, gerente ou mesmo dirigente: a de Prevenção em Saúde, com




60                                       61
foco nas ações e programas de promoção e prevenção, linhas de cuidados       7.1.1 Coordenador de Prevenção em Saúde
etc. (como mostra o esquema e detalhamento do item 7.1.1); e a Médico
Assistencial, com foco na utilização, na auditoria em saúde e nas            Com o objetivo maior de promover a saúde e prevenir doenças ou o
atividades médico-hospitalares (mostrado no item 7.1.3). Na prática, as      agravamento/complicações delas decorrentes, suas atividades serão
ações desses dois coordenadores não estão perfeitamente delimitadas, assim   centradas na Equipe de Saúde Unimed e nos Programas de Saúde,
como também não existe uma linha definida que separe a saúde da doença.      fundamentados, respectivamente, no Perfil Epidemiológico e nas Linhas de
Daí a necessidade da atuação integrada de ambos, sob a visão de um único     Cuidados, conforme propõe a ANS.
gestor, como se fosse este o próprio individuo a cuidar do seu processo
saúde-doença.                                                                Perfil:
                                                                             1- Ser graduado em medicina e preferencialmente ser cooperado.
                                                                             2- Ter formação na área de Saúde Pública/Epidemiologia/Gerenciamento
    PEQUENAS OU                                                                 Clínico.
     MÉDIAS OPS                                                              3- Possuir desejável conhecimento em gestão financeira na saúde.
                                                                             4- Ter espírito de liderança e de trabalho em grupo.

       DIRETOR                                                               Atribuições:
                                                                             1- Liderar a Equipe de Saúde Unimed.
                                                                             2- Avaliar com as respectivas áreas os instrumentos usados na Porta de
                                                                                Entrada.
       COORDENADORES
                                                                             3- Coordenar a relação com os médicos cooperados e os Grupos de
                                                                                Especialidades Médicas, visando a sua sensibilização, adesão aos
                                           MÉDIAS OU                            trabalhos, treinamentos etc.
                                          GRANDES OPS                        4- Programar e coordenar os trabalhos com os Grupos das Linhas de
                                                                                Cuidados.
                                                                             5- Avaliar juntamente com a equipe os resultados dos trabalhos.
                                                                             6- Gerar relatórios gerenciais e apresentá-los à diretoria.
                                             DIRETOR
                                                                             7-  eunir-se sistematicamente com o Coordenador Médico-Assistencial
                                                                                R
                                                                                para a avaliação dos trabalhos.

                                                  GESTOR



                                                  COORDENADORES




                                    62                                                                           63
Esquema Operacional da Coordenação de Prevenção em Saúde                     7.1.2 Equipe de Saúde Unimed (ESU)

                                                                             Terá suas atividades centradas em dois momentos:
                                 PERFIL
                            EPIDEMIOLÓGICO                                   	        Interno - Na porta de entrada da operadora, segundo o esquema
                                                                             	        proposto, na coordenação das ações realizadas pelo setor de vendas
                             COORDENAÇÃO                 COORDENAÇÃO         	        na recepção aos novos clientes.
                               DE SAÚDE                MÉDICO-ASSISTENCIAL

                                                                             	        Externo – Nas empresas, com ações em torno da avaliação 	
                   DEMANDA
                                             BUSCA ATIVA                     	        de perfil epidemiológico ou de reuniões educativas, sob orientação
                 IDENTIFICADA
                                                                             	        do Coordenador de Prevenção em Saúde.
                           EQUIPE DE SAÚDE
                            OCUPACIONAL                                      Composição mínima: 1 Assistente Social e/ou 1 Psicólogo

                                                                             Perfil
                              PROGRAMAS                                      	        1- Ser graduado respectivamente em Serviço Social e Psicologia.
                                                                             	        2 - Ter experiência em trabalho com grupos e comunidade.
                                                                             	        3- Possuir, de preferência, formação em Saúde Pública.
    PROMOÇÃO /                  GESTÃO
                                                     GESTÃO DE CASOS
     PREVENÇÃO                DE DOENÇAS
                                                                             Atribuições:
      LINHAS DE                 LINHAS DE               LINHAS DE
      CUIDADOS                  CUIDADOS                CUIDADOS             	        1- Organizar o conteúdo e o calendário das reuniões da ESU.
                           Saúde do Adulto / Idoso                           	        2- Coordenar e executar as reuniões da equipe, considerando:
 Saúde do Adulto / Idoso


                                                                             		               a. Palestras sobre MEV e Saúde.
                                                                             		               b. Entrega dos contratos.
                                                                             		               c. Entrega das Carteiras.
                                                                             		               d. Entrega dos Guias Médicos.
                                                                             		               e. Como utilizar o plano de saúde.
                                                                             		               f. Entrega do Kit Saúde de boas-vindas.

                                                                             	        3-Auxiliar o Coordenador nos trabalhos com os GLCs, cabendo-lhe 	
                                                                             	          o fornecimento de suporte à equipe comercial na exposição das 	
                                                                             	          peças no setor de vendas.




                                             64                                                                   65
7.1.3 Coordenador Médico-Assistencial                                        Esquema Operacional da Coordenação Médico-Assistencial

Utilizando a visão de processo para dar solução ao problema do paciente,                              PLANO EMPRESARIAL
                                                                                                        OU PARTICULAR
o coordenador deve concentrar suas atividades nos hospitais em trabalhos
de auditoria médica/enfermagem e, principalmente, no acompanhamento
                                                                                               BAIXA                           ALTA
de casos, decidindo sobre a adequada ferramenta de gerenciamento a ser                    SINISTRALIDADE                 SINISTRALIDADE
aplicada. O objetivo é obter a melhor atenção com o menor custo possível.
                                                                                           MONITORAR                       PRIORIZAR
Perfil
	        - Ser graduado em Medicina.
	        - Ter formação na área de Auditoria Médica.
	        - Ter especialização em gerenciamento de doenças.                        BAIXO / MÉDIO                                     ALTO RISCO
                                                                                  RISCO RISCO
	        - Possuir, de preferência, pós-graduação em Gestão de Custos
  	         Assistenciais.                                                          IDENTIFICAR               SAÚDE                IDENTIFICAR
                                                                                       PERFIL              OCUPACIONAL             GASTADORES
                                                                                 EPIDEMIOLÓGICO
Atribuições
	       - Coordenar as atividades da área de auditoria médica e/ou de 	
	         enfermagem.                                                              GERENCIAR
                                                                                                                                    GERENCIAR
                                                                                   PROMOÇÃO
	       - Fomentar na equipe a auditoria per-evento, isto é, durante a 	                                                             CUSTOS
                                                                                  E PREVENÇÃO
	          internação hospitalar.
	       - Decidir sobre a ferramenta de gerenciamento mais adequada para 	
                                                                                   LINHAS DE
	          cada caso.                                                              CUIDADOS
  	     - Prover meios para melhorar o nível técnico da sua equipe.                                                       CASOS                  DOENÇAS
  	     - Buscar mecanismos para interação com os Comitês de
	          Especialidades.
                                                                             7.2 INSUMOS DE GESTÃO: Indicadores

                                                                             Indicadores são verdadeiras bússolas, pois, uma vez analisados, tornam-se
                                                                             instrumentos estratégicos capazes de orientar os gestores e dirigentes na
                                                                             tomada de decisão, com vistas à modificação de uma determinada situação.
                                                                             Como são gerados a partir de fatos já ocorridos, se propõem a modificar o
                                                                             cenário de modo a melhorar os resultados, previamente estabelecidos como
                                                                             metas.

                                                                             As metas são objetivos quantificados e dimensionados no tempo e, no caso
                                                                             da gestão de custos, mais avaliadas por indicadores quantitativos. Já os
                                                                             de natureza qualitativa são de análise mais complexa, como aqueles que




                                    66                                                                              67
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Manual gis versãonov.2007

  • 1. GESTÃO INTEGRADA DE SAÚDE SISTEMA UNIMED Gerenciando os custos assistenciais de forma sustentável 1
  • 2. UNIMED DO BRASIL Autores João Augusto Rangel Martins Elias Antônio Abreu Apoio GEMA – Grupo de Estudos do Modelo Assistencial J oão Augusto Rangel Martins (Coordenador – Unimed do Brasil) C arlos Augusto Cardim de Oliveira (Portal Unimed) Jurimar Alonso (Unimed do Brasil) Mauro Back (Unimed do Brasil) Alfredo Martini (Fundação Unimed) Elias Antônio Abreu (Unimed do Brasil) Viver para José Carlos de Barros (Unimed do Brasil) transformar o mundo. Unimed do Brasil Transformar Celso Corrêa de Barros - Presidente Luiz Carlos Misurelli Palmquist - diretor de Administração e Estratégia o mundo Thyrson Loureiro de Almeida - diretor Financeiro para viver João Batista Caetano - diretor de Integração Cooperativista Almir Adir Gentil - diretor de Marketing e Desenvolvimento melhor. João Mairton Pereira de Lucena - diretor de Desenvolvimento Regional Sizenando da Silva Campos Júnior - diretor de Desenvolvimento Regional 2
  • 3. GESTÃO INTEGRADA DE SAÚDE ÍNDICE 1. Introdução 12 2. Objetivos e Estruturas 24 Aspectos Conceituais e Referenciais 3. Modelos Assistenciais 28 4. A Saúde como um Sistema: um Modelo Simplificado 34 5. Premissas para um Novo Modelo 41 6. O Modelo Proposto 45 7. Gestão e Insumos Estratégicos 60 Aspectos Operacionais e Administrativos 8. Planejamento da GIS – Princípios Básicos 75 9. Como Gerir a Singular de Forma Sustentável 79 10. Aspectos Operacionais da GIS 83 11. stratégias para a implantação E do monitoramento de carteira 96 Funcionalidades do Cerebrum Anexos 199 Bibliografia 285
  • 4. 7
  • 5. PREFÁCIO Vários são os fatores que contribuem para o aumento no custo real assistencial dos planos de saúde, tornando premente a adoção de ferramentas mais eficazes nas gestões administrativa e estratégica das cooperativas médicas. O envelhecimento populacional, a constatação de um aumento na utilização dos serviços, a incorporação de novas tecnologias em procedimentos clínicos e cirúrgicos e, mais que isso, a “variabilidade” dos gastos com a assistência médica, diante das receitas geralmente fixas e pré-determinadas, fazem do gerenciamento dos Custos Assistenciais uma tarefa cada vez mais complexa, porém, ainda mais necessária. Neste cenário, a implementação de estratégias para a adequada gestão dos recursos nos sistemas de saúde consiste em desafios. Vários esforços têm sido feitos para racionalização dos serviços oferecidos pelos planos de saúde. Como alternativa, a Unimed do Brasil, além do objetivo de disseminar informações, fórmulas e dados estatísticos, propõe, neste documento, um modelo de Gestão Integrada de Saúde, que visa contribuir para o controle da sinistralidade decorrente da complexa relação entre os custos assistenciais e as receitas. João Batista Caetano Unimed do Brasil Diretor de Integração Cooperativista 9
  • 6. 1. INTRODUÇÃO O CENÁRIO DA SAÚDE SUPLEMENTAR REQUER MUDANÇAS O segmento de saúde suplementar no Brasil conta com 37 milhões de beneficiários de planos privados de assistência médica, de acordo com dados oficiais da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), de dezembro de 2006. Todo este contingente - amparado ou não pela legislação específica em vigor (35% dos beneficiários de planos de saúde são anteriores à Lei 9656/98, enquanto que 65% já estão associados aos planos novos) - busca atendimento médico, que pode abranger desde uma simples consulta, pequena cirurgia ou procedimento de baixo custo e freqüência até os transplantes de órgãos. Isto significa que cerca de 20% da população brasileira têm acesso aos serviços médicos hospitalares oferecidos pelas operadoras que atuam na área de medicina supletiva. Trata-se de um mercado que apresenta baixo crescimento, como mostra o gráfico adiante, pois depende basicamente do desenvolvimento econômico e do aumento de renda da população. Ao fazer a análise do quadro deve- se, ainda, levar em consideração que no início nem todas as operadoras tinham registro na ANS. 11
  • 7. Segundo dados da própria Agência, ao final de 2006, o setor contava com O primeiro deles refere-se à cobertura de atendimento e às questões jurídicas 1.486 operadoras registradas em todo o país, e apresentava um movimento que surgiram diante de uma nova realidade de mercado: a regulação. Com anual de cerca de R$ 40 bilhões em receita. base na denominada “lei dos planos de saúde”, a ANS estabeleceu o Rol de Procedimentos, uma cobertura mínima a ser garantida por todas as beneficiários, evolução de Beneficiários e fonte Operadoras de Planos de Saúde. Entretanto, liminares judiciais têm obrigado Evolução de Beneficiários com vínculos aos planos médico-hospitalares as OPSs a cobrirem procedimentos não previstos neste Rol, o que vem (Dez/2000 a Dez/2006). contribuindo para o desequilíbrio econômico destas instituições. Fonte: ANS - Sistema de Informações de Beneficiários - Dez/2006 Outro fator diz respeito à cultura da população e ao tipo de medicina, que 31.878.361 ao longo do tempo foi sendo implantado em nosso meio. Ambos são fruto 31.878.361 da cultura médica unicausal (relação entre agente etiológico, alterações 31.878.361 fisiopatológicas e um conjunto de sinais e sintomas) centrada na doença e no procedimento, que direcionou os investimentos do setor de saúde para o 31.878.361 31.878.361 aparato médico-hospitalar e farmacêutico, tendo a cura como meta. Como 31.878.361 31.878.361 conseqüência as pessoas passaram a ver o hospital como um centro de excelência para cuidar da saúde e os medicamentos, como a solução para suas doenças. A terceira causa está relacionada ao rápido avanço do conhecimento e ao DEZ/2000 DEZ/2001 DEZ/2002 DEZ/2003 DEZ/2004 DEZ/2005 DEZ/2006 desenvolvimento tecnológico aplicado à área de saúde. Pop. 171.2 Pop. 173.8 Pop. 176.3 Pop. 178.9 Pop. 181.5 Pop. 184.1 Pop. 187.8 %18.49 %17.88 %17.67 %17.71 %18.40 %19.08 %19.67 É indiscutível que a evolução dos meios de diagnósticos e terapias medicamentosas - a constante Transição Tecnológica - proporciona benefícios aos pacientes, na medida em que possibilita a instituição precoce de tratamentos. Soma-se a isto o fato que a regulamentação do setor, ocorrida em 1998, e a criação da ANS, trouxeram mudanças significativas ao segmento, em especial O avanço da tecnologia médica é, sem dúvida, de máxima relevância para a gestão das operadoras médico-hospitalares. A obrigatoriedade de para assegurar uma boa assistência à saúde. Entretanto, o enfoque no coberturas mais amplas para doenças e procedimentos, as normatizações procedimento, agregando novas tecnologias, às vezes sem a devida validação financeiras e contábeis impostas pela legislação e a impossibilidade de livres clínica e de forma indiscriminada, vem contribuindo sobremaneira para a aumentos de preços, fizeram com que elas se atentassem para um novo elevação dos custos, sem a contrapartida de reais benfeitorias para o paciente, cenário: a ampliação dos direitos dos beneficiários e, também, a grande ou seja: muito esforço para pouco resultado, apontando para uma situação de probabilidade de aumento de seus custos. insustentabilidade do setor. A seguir são expostos alguns fatores que têm determinado os aumentos dos A legitimação desta preocupação com os custos de novas tecnologias é dada custos assistenciais, bem como suas conseqüências para as operadoras e para quando observamos, em levantamento realizado com 227 Unimeds em todo os beneficiários. o Brasil de forma representativa, a proporção de valores gastos em relação à quantidades de exames e terapias realizadas no Sistema Unimed: 12 13
  • 8. DESPESAS ASSISTENcIAIS DO SISTEMA UNIMED DESPESAS ASSISTENcIAIS DO SISTEMA UNIMED Distribuição das despesas assistenciais em números de eventos e total 1º Semestre de 2006 de despesas monetária - 1º semestre de 2006. Quantidade Valor da Despesa de eventos Assistencial (R$) Distribuição % da quantidade de eventos Consultas Médicas 25.101.366 892.769.851 Consultas 30 23 Exames Complementares 44.816.293 982.994.595 Exames complementares 54 25 Terapias 6.002.934 207.105.178 30% Terapias 7 5 Atendimentos ambulatoriais 3.219.430 212.064.091 Atendimentos Ambulatoriais 4 5 Internações 664.855 1.474.235.791 Demais despesas assistenciais* 2.983.745 171.120.145 Internações 1 37 Total 82.788.623 3.940.289.653 Demais despesas assistenciais 4 4 * órteses e próteses, remoções e aluguel de equipamentos entre outras despesas assistenciais indenizáveis. Fonte: Arquivos SIP de 227 Unimeds Base: Total da amostra - 227 Unimeds Já o quarto fator é o fenômeno da Transição Demográfica, que dobrará a população de idosos no Brasil, passando dos atuais 8,6%, cerca de 15 milhões de pessoas com 60 anos ou mais, de acordo com o IBGE, para 30 milhões, no curto espaço de 25 anos. Em 2025, o Brasil passará da 16ª para a 6ª posição no ranking dos países com a maior população de idosos do planeta. Em 2050, o IBGE estima que cerca de 25% da população brasileira será de idosos. 14 15
  • 9. Envelhecimento da População Paralelamente a esta quase “explosão demográfica” da população idosa, Projeção da população brasileira com 60 anos ou mais fruto da melhoria nas políticas sociais e, principalmente, da queda nos Período 1980 - 2050 (IBGE - 2004) - em milhões de pessoas níveis de fecundidade e mortalidade ocorridas a partir de meados do século 64,1 passado, passou-se a observar um significativo avanço das enfermidades 52,1 crônico-degenerativas (segundo levantamento nacional do IBGE em 2003, 57 40,5 milhões de brasileiros, o que equivalia a 30% da população, declaravam ter 28,3 19,3 alguma doença crônica diagnosticada por médico) quando antes prevaleciam 16,8 13,9 as doenças infecto-contagiosas, caracterizando o chamado fenômeno da 9,9 7,2 Transição Epidemiológica. Essa transição é o quinto fator, e sobre ele será comentado um pouco mais, estabelecendo um caminho para o objetivo principal do modelo proposto: demonstrar que é por meio da promoção da saúde e da prevenção em todos os seus níveis, que serão alcançados melhores 1980 1990 2000 2006 2010 2020 2030 2040 2050 resultados na gestão de custos assistenciais, na administração clínica e na 6,0% 6,8% 8,1% 9,0% 9,8% 12,3% 17,0% 20,7% 24,6% qualidade de vida das pessoas. PRESENçA DE DOENçAS cRÔNIcAS NA POPUlAçÃO bRASIlEIRA Proporção da população com 60 anos ou mais em relação à população total. PRESENçA DE DOENçAS cRÔNIcAS NA POPUlAçÃO bRASIlEIRA Declaram ter doença crônica 30% Não tem doença crônica Declaram ter doença 70% crônica 30% 52.638.232 Não tem doença crônica pessoas ENVElhEcIMENTO DA POPUlAçÃO 70% 52.638.232 Distribuição dos beneficiários com vínculos aos planos médico-hospitalares, por faixa etária - Fonte ANS Set/2006 (em beneficiários, mil) pessoas % de beneficiários em 2006 (ANS) Proporção de pessoas com declaração de doenças crônicas, por grupos de idade - Brasil 2003. % da população em 2006 (IBGE) 77,6 Proporção de pessoas com declaração de doenças crônicas, por grupos de idade - Brasil 2003. % da população projetada para 2050 (IBGE) 64,5 46,6 77,6 11,44 24,6 64,5 11,2 7,92 9,4 46,6 5,75 9,1 5,05 5,29 24,6 3,64 2,8 1,66 1,16 11,2 9,4 9,1 60 a 69 anos 70 a 79 anos 80 anos ou + 0a4 5 a 13 14 a 19 20 a 39 40 a 49 50 a 64 65 ou mais 0a4 5 a 13 14 a 19 20 a 39 40 a 49 50 a 64 65 ou mais 16 17
  • 10. Historicamente, o conhecimento da microbiologia possibilitou à medicina nosso país, o que dificulta a compreensão e a escolha da melhor forma de interferir no curso das doenças transmissíveis, que eram um dos principais condução. A identificação antecipada do risco saúde é um fator que pode mini- problemas antes desta descoberta, e, assim, teve início a construção mizar perdas e também oferecer vantagens competitivas para as operadoras. equivocada de um modelo que passava a privilegiar as doenças e não os indivíduos. Mais tarde, por volta dos anos 1920 e 1950, na Inglaterra, EUA No Brasil existe um déficit de informações sobre a saúde da população e não e Canadá, começou a surgir o conceito de medicina preventiva, movimento se tem como rotina a investigação dos riscos atribuíveis para o favorecimento responsável pela introdução da epidemiologia clínica, privilegiando a pesquisa das doenças crônicas, o que não ocorre nos países desenvolvidos, onde a dos fatores de risco e a estatística com critério científico. vigilância epidemiológica não está centrada apenas em desfechos (morbidade O termo promoção de saúde, utilizado pela primeira vez por Sigerist em 1945, e mortalidade). Há ainda, em nível nacional, um grande foco nos fatores de associado à prevenção de doenças, surge novamente como uma proposta risco modificáveis associados às principais causas de morte. Estudos de pre- de resgate, considerando o contexto sócio-ambiental e o indivíduo como valência de comportamento de risco são comuns – a exemplo dos que expõem elementos chave para a manutenção do estado de saúde, principalmente, o as mudanças nas condutas associadas ao risco de doenças cardiovasculares estilo de vida e o meio ambiente onde ele está inserido. (principal causa de morte em países industrializados) -, permitindo identificar os A mudança no perfil demográfico fez com que o cenário - caracterizado subgrupos populacionais mais expostos, além de auxiliar no desenvolvimento por uma população jovem, no qual as doenças infecciosas, que em 1950 de intervenções mais eficazes e eficientes. respondiam por 40% do total de óbitos e, em 1980, por cerca de 10% - se transformasse num painel marcado por agravos crônicos à saúde, evento típico O modelo de gestão da assistência à saúde centrada nos aspectos adminis- de uma população idosa. Esta alteração reflete um impacto substancial no trativo-financeiros e atuariais, na doença e no hospital vem, a cada dia, se custeio e indica a necessidade de um redirecionamento das ações do setor de demonstrando mais inadequado para compatibilizar receitas com despesas e saúde. produzir efeitos que resultem em menor custo com maior e melhor qualidade da assistência à saúde das pessoas, quer no sistema público, quer no privado. Assim, um dos grandes desafios das empresas que respondem pela assistência Prova disso são os altos índices de sinistralidade observados no setor supletivo, médica suplementar no Brasil é continuar viabilizando um sistema no qual gerados pelo somatório dos fatores anteriormente identificados, e que podem os custos são ilimitados e crescentes e com diversos fatores contribuindo levar as operadoras à beira da insustentabilidade. para a elevação progressiva do custo/saúde, agravados pelo envelhecimento populacional e o avanço das novas tecnologias em saúde, que exercem Segundo dados da ANS, divulgados em dezembro de 2006, no período de um impacto substancial no financiamento das operações do setor. Neste 2001 a 2006, as receitas das contraprestações pecuniárias das Operadoras de panorama, um importante questionamento é se o aparelho formador - a Planos de Saúde, excetuando-se as Odontológicas, aumentaram em 79,98%, sociedade e as operadoras de plano de saúde - estão se preparando para esta enquanto que as despesas assistenciais variaram em 77,67%. Estes índices realidade. mostram que as despesas apresentam variações crescentes e, praticamente, empatam com a variação percentual de receitas no período. A Organização Mundial da Saúde, em seu Relatório Mundial sobre Doenças Não Transmissíveis e Saúde Mental, publicado em 2002, já chamava a atenção Por outro lado, a relação entre as despesas assistenciais (gastos com assistência dos tomadores de decisão do setor para o avanço das doenças crônicas. Neste médica, excetuando-se os administrativos e comerciais) e as receitas, que reflete mesmo documento, o organismo recomendava políticas de gerenciamento o índice de sinistralidade, figurava na casa dos 79% a 81% entre os anos de médico e comportamental objetivando a prevenção. 2001 e 2006. Segundo estudos atuariais, esta porcentagem deveria ficar abaixo Embora seja muito abordado, o tema gestão de risco é pouco estudado em dos 75% para manter o equilíbrio financeiro das operadoras. 18 19
  • 11. OPERADORAS Evolução das receitas e despesas assistenciais das Operadoras - 2001 a 2006 (em Reais, milhões) 38.523 Receitas 35.200 31.289 30.241 Despesas 27.675 28.702 Assistenciais 25.042 25.482 21.403 22.524 19.817 17.020 2001 2002 2003 2004 2005 2006 Despesas x 100 = 79,52 79,13 81,38 81,44 81,53 78,50 Sinistralidade Receita Fonte: Agência Nacional de Saúde Suplementar - Informações sobre beneficiários, operadoras e planos. Edição Dezembro 2006/ Competência Dez. 2006. Por estas razões é que a mudança da lógica assistencial se impõe como um modelo transformador capaz de melhor adequar a relação custo/receita com a qualidade da assistência ao cliente. As ações de saúde, quer de promoção, prevenção, cura ou reabilitação, devem ter seu foco voltado para a integralidade do indivíduo, sem desconsiderar o impacto nos custos dos materiais de implante, órteses, próteses e síntese. É necessário, ainda, conhecer a carteira de beneficiários, por meio do estabelecimento do perfil epidemiológico e da seleção e avaliação de risco para as ações de gestão de doenças e de casos, sempre respaldados pelos princípios da boa prática médica, diretrizes e medicina baseada em evidência, entre outros. 20 21
  • 12. 2. OBJETIVOS E ESTRUTURA Conceitualmente a idéia de sinistralidade expressa a parcela de recursos empregados nas atividades-fim da operadora e deve ser utilizada para subsidiar políticas de regulação e de remuneração dos cooperados, além de servir como parâmetro comparativo com outras operadoras, devendo ser, por isso, razão de um acurado modelo de gestão que, além de eficiente e eficaz, seja também efetivo. O objetivo principal do modelo de Gestão da Assistência à Saúde proposto ao Sistema Unimed é a redução dos índices de sinistralidade, fundamentada no redirecionamento da lógica assistencial e amparada em ações de promoção de saúde, gestão de casos e de doenças, partindo-se do conhecimento prévio do perfil epidemiológico dos beneficiários para permitir a seleção dos riscos a serem trabalhados. Ele deve ser adequado às características de cada uma das cooperativas, considerando os seus diferentes níveis de complexidade e tamanho, e sempre dentro dos princípios éticos e da boa prática médica. Para contemplar um padrão que possa ser útil ao Sistema Cooperativo Unimed, contribuindo para a racionalização dos custos assistenciais, o modelo está organizado em duas partes distintas: a primeira aborda os seus Aspectos Conceituais e Referenciais, de modo a embasar a segunda, com os Aspectos Administrativos e Operacionais a serem implantados nas cooperativas. Inicialmente, são apresentadas as principais diferenças entre o modelo atual, centrado na doença, e o modelo proposto, centrado na saúde; a integração interna a ser perseguida pela operadora, destacando-se os setores de comunicação, marketing, atuarial e comercial; a importância da tecnologia da informação como ferramenta de acompanhamento e controle de custos, riscos e ações de promoção e prevenção; a relevância e o papel de indicadores como insumos estratégicos de gestão; um modelo simplificado 23
  • 13. de um sistema de saúde, enfatizando os atores envolvidos; e, finalmente, o esquema do modelo proposto, ressaltando as principais alterações e o plano operacional a serem implantados. Na segunda parte será exposto um conjunto de técnicas administrativas, financeiras e médicas a serem praticadas por todos os envolvidos na elaboração de um plano de saúde. Desta forma, será estabelecido o correto dimensionamento dos riscos, visando definir o tipo de tratamento a ser dispensado, sempre com o objetivo principal voltado à minimização dos efeitos relativos às possíveis perdas. 24 25
  • 14. ASPECTOS CONCEITUAIS E REFERENCIAIS 3. MODELOS ASSISTENCIAIS Saúde e doença são conceitos diferentes que devem ser tratados de forma distinta, embora constituam um processo. O sistema de saúde que fornece serviços para tratamento da doença não é incompatível com um sistema que se preocupa em produzir saúde. Na verdade, eles são complementares. Dada a complexidade e multiplicidade de fatores envolvidos no processo saúde-doença, o foco na eliminação da doença como forma de viabilizar a saúde e vice-versa é um grande engano, pois a ausência de moléstia não é sinônimo de saúde, assim como a sensação de sentir-se saudável não significa a inexistência de doença. Um modelo mais próximo do ideal engloba de forma integrada, mas diversa, a coexistência de dois tipos de abordagem: uma voltada para a doença e a outra para a saúde, buscando-se a plenitude do bem-estar bio-psico-social e ecológico do indivíduo. No documento “Cuidados Inovadores para as Condições Crônicas” (OMS - 2002), a Organização Mundial da Saúde faz um alerta aos tomadores de decisão para o fato do envelhecimento populacional e da mudança no perfil das doenças, além de apresentar alguns desafios do século 21 relacionados com a saúde. Dentre alguns pontos, o material também chama a atenção dos dirigentes para o apoio à uma mudança de paradigma na assistência à saúde; recomenda a integração dos sistemas de saúde, bem como a centralização do tratamento no paciente e na família (não no médico); sugere que os sistemas possam apoiar os pacientes em suas comunidades, além de enfatizar a importância da promoção de saúde e da prevenção de doenças. 27
  • 15. A tabela abaixo aponta as principais diferenças entre um modelo conceitual Num extremo tem-se um modelo que oferece maior liberdade para o cliente tradicional amplamente utilizado pelas OPSs, em que se busca a saúde com o reembolso pleno dos serviços utilizados, incorrendo num maior risco combatendo a doença por meio dos sintomas sentinelas, e o que contempla de demanda (a operadora não tem controle sobre a utilização), e do outro, a integralidade do indivíduo e do processo saúde-doença em seus diferentes exatamente o oposto, é um padrão mais restritivo, com o cliente tendo níveis, no qual está fundamentado o padrão proposto: direito a utilizar apenas os recursos próprios da operadora, incorrendo num maior risco operacional (o da verticalização, isto é, quando ela assume todas MODELO ATUAL MODELO INTEGRAL as etapas do atendimento). Entre os dois extremos encontram-se opções Enfoca a doença. Enfoca o indivíduo / paciente. intermediárias com rede credenciada ou com reembolso gerenciado. Preocupa-se com o curar. Preocupa-se com o cuidar. Hoje as operadoras estão procurando fugir do risco de demanda para Tem lógica na utilização de Tem lógica na produção de saúde. conseguir controlar melhor seus custos assistenciais. O modelo de rede procedimentos. Relevante ação educativa. credenciada ainda é o mais usual. Contudo, observa-se uma tendência de Ação educativa irrelevante. O micro-clima é a referência. verticalização no setor, com as operadoras buscando trabalhar com recursos O hospital é a referência. Valoriza a medicina geral e a visão próprios. O resultado dependerá sempre da parceria na gestão médica. Valoriza a especialização com sócio-epidemiológica. visão setorizada (desumanização). As perspectivas de evolução dos custos assistenciais praticados no modelo Baseia-se na multicausalidade das no qual o cliente tem maior liberdade não são favoráveis para as operadoras. Baseia-se na unicausalidade das doenças. Na medida em que o envelhecimento populacional avança, ocorrem doenças. Gera auto-responsabilidade pela mudanças no perfil das doenças, o que determina maior utilização dos Não gera auto-responsabilidade saúde. serviços, e surgem as novas tecnologias, que fatalmente acabam por ser pela saúde. Amplia a percepção de incorporadas. Estes fatos determinam um aumento no custo real assistencial morbidade. dos planos, fenômeno descrito como “inflação médica”. Não amplia a percepção de morbidade. Fortalece a relação e fideliza o paciente ao médico. Outro fator complicador no gerenciamento de custos, principalmente num regime no qual as receitas são fixas e pré-determinadas, é a variabilidade Do ponto de vista da administração e do gerenciamento dos custos dos gastos com assistência médica, cujos fenômenos são aleatórios e assistenciais, o esquema abaixo apresenta basicamente quatro modelos freqüentemente não previsíveis. de gestão, destacando-se os dois extremos, sendo que entre eles existem infinitas possibilidades de desdobramentos: A tendência de elevação dos custos, combinada com a sua oscilação em torno de uma média (variação do risco) e os chamados eventos catastróficos Modelos Assistenciais – aqueles que por serem imprevisíveis e terem custos extremamente elevados Reembolso Reembolso Rede Recursos distorcem toda e qualquer previsão atuarial -, fazem da Gestão dos Custos pleno gerenciado credenciada próprios Assistenciais uma tarefa cada vez mais complexa, porém mais necessária. Maior Maior economia No artigo apresentado no editorial do The British Medical Journal, por liberdade e maior controle Richard Smith (1997), intitulado O Futuro dos Sistemas de Saúde, o autor sugeria que para os sistemas de saúde se tornarem sustentáveis deveriam Risco de Demanda Risco Operacional 28 29
  • 16. trabalhar com ferramentas de Managed Care (Cuidado Gerenciado). Nele, apresentou, basicamente, algumas ferramentas médica, de gestão e de demanda, amplamente empregadas no modelo americano e, em alguns aspectos, também aplicáveis à nossa realidade. Atualmente já é possível observar algumas destas idéias em nosso meio, tais como: o compartilhamento de risco com prestadores, principalmente por meio dos pacotes, a mudança nos incentivos financeiros para os prestadores, a co-participação dos usuários (fatores moderadores) e a utilização de protocolos, entre outras. Nesse contexto - e a partir da implantação do Grupo de Estudos de Modelos Assistenciais (GEMA), da Unimed do Brasil, formado no Comitê Nacional de Integração (CONAI) realizado em 2006, quando ocorreu um amplo debate sobre o tema “Repensando o Modelo Assistencial no Sistema Unimed” - tem sido sugerida a possibilidade de aplicação de ações para gerenciamento da assistência à saúde de forma mais integrada. Estas atividades não estão voltadas apenas para equacionar os problemas de atendimento dos casos de alto custo, que tanto afligem as singulares. O modelo assistencial proposto vai além das ações de curto prazo e sugere o gerenciamento das doenças nos consultórios dos cooperados, bem como atividades de promoção de saúde, principalmente no ambiente das empresas e também em Centros de Saúde Unimed, que poderão ser implantados no futuro, talvez bem mais próximo do que se possa imaginar. Atenta às rápidas mudanças, desde outubro de 2004, quando realizou o primeiro Seminário Nacional de Sinistralidade, a Unimed do Brasil vem estruturando esta proposta. Atualmente sugere, com base na visão do cenário da saúde, nas expectativas atuais de seus beneficiários - em que mais do que cortar custos esperam um compromisso com a qualidade de vida -, na necessidade de maior adequação receita/custos e na busca de soluções que dêem ao gestor mais agilidade com confiabilidade nas suas decisões, um modelo de Gestão Integrada de Saúde, utilizando ferramentas médicas para ações de Promoção da Saúde, Gerenciamento de Doença e Gerenciamento de Caso, detalhadas adiante, no capítulo Aspectos Operacionais e Administrativos. 30 31
  • 17. 4. A SAÚDE COMO SISTEMA: UM MODELO SIMPLIFICADO Um sistema de saúde não difere dos aplicados aos outros setores, (como abaixo representado por um esquema simplificado) e compreende cinco componentes, sendo que qualquer alteração ou decisão tomada num deles, acarretará maior ou menor reflexo aos demais, produzindo mudanças. Isto mostra a necessidade de se ter amplo conhecimento da influência de todos eles, bem como dos instrumentos que subsidiam e respaldam a tomada de decisão em cada ponto por parte do gestor ou dirigente, pois dela dependerá o impacto, positivo ou negativo, sobre os demais. À exceção da Legislação, cuja compreensão é complexa e, muitas vezes, imprevisível nas três esferas dos poderes executivo, legislativo e judiciário, os demais são passíveis de certa previsibilidade, por meio da utilização de ferramentas e instrumentos de gestão adequados. Representação Esquemática de um Sistema Fechado 4 Legislação e Política 1 2 3 ENTRADA PROCESSAMENTO SAÍDA 5 FEEDBACK 32 33
  • 18. Tomando como exemplo uma situação hipotética e utilizando o modelo de • AMBULATORIAIS sistema acima: a ausência de critérios e seleção de risco na entrada de um novo • PRONTO-SOCORRO cliente pessoa jurídica ou física (1), bem como um contrato ineficiente com o • EXAMES E TERAPIAS prestador ou a falta de auditoria e acompanhamento da internação hospitalar • INTERNAÇÕES (2), com conhecimento do impacto de cada item que a compõe, poderão elevar de tal forma os custos que tornaria o resultado (3) insustentável para a O conhecimento desses itens se reveste de grande importância para a operadora, dificultaria as medidas de correção (5) e, o que seria pior, geraria avaliação do desempenho da operadora, no quesito Custos Assistenciais. reflexos sobre a qualidade dos serviços prestados ao beneficiário. Além disso, a abertura de cada um deles permite analisar com profundidade todos os componentes das despesas, desde a sua origem. Com a totalidade dos gastos assistenciais tem-se a sinistralidade, cujo índice é calculado 4.1 Atores do Sistema de Saúde em relação à receita total e apresentado em porcentagem. Assim, se uma operadora tem um Índice de Sinistralidade de 80%, significa dizer que ela O gerenciamento dos custos assistenciais deve considerar toda a cadeia gasta 80% da sua receita total para o pagamento de despesas de operação, produtiva da saúde de forma concomitante. Em destaque abaixo, os ou seja, consultas, exames, terapias e internações. principais atores que atuam no sistema de saúde, a partir de suas crenças e interesses: 4.2.1 Despesas Ambulatoriais 1. o beneficiário, que gera a demanda de saúde e utiliza os serviços; - Consultas em Consultório 2. o profissional da saúde, que intervém no processo saúde-doença; - Outros Atendimentos Ambulatoriais 3. o prestador de serviço/fornecedor, que fornece os insumos; 4. a operadora, que gerencia e/ou controla o consumo; 4.2.2 Despesas com Pronto-Socorro 5. o governo (que legisla, fiscaliza e controla); e 6. os dirigentes (que estabelecem políticas internas). - Honorários - SADT 4.2 Componentes da Assistência à Saúde 4.2.3 Despesas com Exames e Terapias Basicamente todos os itens referentes à utilização dos serviços colocados à - Exames Complementares disposição dos beneficiários podem ser agrupados, para efeito de melhor - Terapias compreensão, por afinidade e estabelecimento de riscos associados a custos, como apresentado abaixo. Procurou-se manter o mesmo padrão de 4.2.4 Despesas com Internações agrupamento, classificação e nomenclatura utilizados pela ANS/SIP (Sistema de Informação de Produto), com algumas adequações às características - Honorários do Sistema Unimed e/ou abertura para melhor compreensão e análise dos - Diárias / Taxas custos inerentes a cada um dos grupos. - Mat/Med - Materiais de Alto Custo (OPMES) - SADT - Outros 34 35
  • 19. 4.3 Cadeia Produtiva do Setor de Saúde • Aumento de atos médicos . Por doença O esquema abaixo destaca os diferentes elos da cadeia produtiva do setor . Por paciente de saúde, mostrando que a influência de cada um, em maior ou menor . Por oferta de serviços grau, impacta na inflação-saúde, cujos reflexos recaem sobre as OPSs e determinam o aumento dos índices de sinistralidade: • Medicina defensiva . Indústria jurídica sobre “erro médico” BENEFICIÁRIOS • Complexidade do Sistema FORNECEDORES PRESTADORES . Gerenciamento de Informações . Gerenciamento de Cadeia Negocial • Pressões de Mercado INFLAÇÃO . Competitividade na Saúde OPS . Competição pela Inovação . Incorporação de Novas Tecnologias • Diversos Fatores Médicos SAÚDE . Evolução do Conhecimento em Saúde . Quadro Profissional em Saúde PROFISSIONAIS E . Fatores Regulamentares (ANS) e Legais GOVERNO ENTIDADES DE CLASSE - Aumento de coberturas - Código de Defesa do Consumidor SINISTRALIDADE 4.3.1 Fatores que influenciam o Custo-Saúde • Aumento da demanda por saúde . Fatores demográficos . Ampliação das áreas de atendimento em saúde . Fatores epidemiológicos 36 37
  • 20. 38 39
  • 21. 5. PREMISSAS PARA O NOVO MODELO 5.1 Gerais • Assegurar a boa prática médica, em que os que precisam recebam o procedimento, seja ele preventivo, diagnóstico, terapêutico ou de reabilitação, e aqueles que não precisam não o recebam. • Promover a visão sistêmica e não pontual do processo saúde-doença. • Redirecionar a lógica assistencial de um modelo de cura para o de produção de saúde. 5.2 Internas na organização da OPS • Integrar as ações dos departamentos da operadora voltando-os para a obtenção do objetivo principal: Atenção Integral à Saúde. • Fazer com que as informações cheguem aos gestores com confiabilidade e presteza para a tomada de decisão. A demora diante da identificação de um desequilíbrio de qualquer natureza compromete a operadora com seus beneficiários, prestadores e, principalmente, com a legislação em vigor. • Lembrar que os recursos financeiros são limitados, o que requer uma gestão acurada, de modo que se permita o acesso ao serviço sempre que o beneficiário necessitar. • Avaliar constantemente a qualidade do atendimento dispensado ao beneficiário em todos os pontos de contato com o Sistema. 40 41
  • 22. 5.3 Externas na relação com contratados e cooperados • Garantir uma efetiva parceria entre a operadora e os prestadores de serviço, pois dela depende uma boa qualidade da assistência, com efetividade e a um custo compatível com a realidade de ambos. • Respaldar o sistema de pagamento aos prestadores sempre em contrato, no qual deverão estar previstos todos os itens que compõem os serviços com os respectivos preços e/ou tabelas referenciais. • Dividir os riscos, priorizando os acordos, pacotes, kits, valores fechados etc, sempre que possível. • Ter ciência de que a responsabilidade da operadora vai muito além de prover o atendimento ou cuidar da operação. Há a obrigatoriedade de cumprimento da legislação em vigor, incluindo o CDC e as regulamentações previstas pela ANS e Anvisa, sob pena de sofrer as penalidades legais. 42 43
  • 23. 6. O MODELO PROPOSTO 6.1 O papel da Tecnologia da Informação Os sistemas de informática são ferramentas essenciais para a implantação do modelo proposto. A troca de informações entre o sistema operacional utilizado pela operadora,e os sistemas Cerebrum (Busines Intelligence-BI, da Unimed do Brasil) e Linfo (gerenciador de ações preventivas da Confederação) é de suma importância para extração dos dados e, conseqüentemente, para transformá-los em indicadores, além de ser condição sine qua non para se iniciar qualquer trabalho na área de gestão de custos. Todos eles estão disponíveis para implantação nas singulares. As informações geradas no sistema operacional podem ser enviadas, de forma bruta, ao Cerebrum e ao Linfo, permitindo o processamento de acordo com as necessidades dos dirigentes e transformando-as em dados estatísticos e indicadores, gerando o que se denomina de Insumos Estratégicos de Gestão, verdadeiras bússolas que orientarão os gestores na tomada de decisão. Entretanto, isto não é o bastante. É fundamental que os dados brutos estejam cadastrados corretamente no Sistema de Gestão, respeitando- se uma padronização e parametrização capazes de impedir a entrada de “lixos” que necessitem do retrabalho de uma “higienização”. Observe o esquema a seguir, no qual é demonstrada a integração das três ferramentas anteriormente citadas e disponíveis na Unimed do Brasil, que permitem em curto espaço de tempo a implantação do Módulo de Gestão Integrada de Saúde (M-GIS) em qualquer singular do Sistema, dependendo de avaliação prévia feita pelas equipes envolvidas: 44 45
  • 24. Esquema de Gestão Integrada de Saúde: infra-estrutura de TI 6.1.1 Cerebrum INFORMAÇÃO O Cerebrum é uma solução informatizada de análise de dados e indicadores (ENTRADA) de desempenho, desenvolvida inicialmente pela Unimed Florianópolis e cedida à Unimed do Brasil para distribuição ao Sistema. Sistema BI – Business Intelligence, expressão utilizada para o conceito de tomada de decisão baseada em evidências, ou seja, são indicadores de desempenho pré- estabelecidos que permitem o planejamento de ações baseando-se em fatos. FEEDBACK O Cerebrum utiliza os dados extraídos do sistema de gestão utilizado Cerebrum Indivíduo Linfo na cooperativa, permitindo a sua consolidação em relatórios gerenciais. É um sistema desenvolvido com alta tecnologia, que possibilita as mais Op diversas visões da informação, tais como ordenações, agrupamentos, filtros e r a c i o nal por período, por área e por diversas outras variáveis, tudo com interface gráfica muito simples de se usar. INSUMOS ESTRATÉGICOS Entre suas funcionalidades estão: Indicadores (apresentados na forma de DE GESTÃO (SAÍDA) ranking, série histórica, avaliação de médicos fora do padrão etc.); Forma de Avaliação (apresentam diversos relatórios e indicadores sobre o Perfil das Como exemplo da efetiva integração entre os sistemas de informática Especialidades e Perfil Hospitalar); Data de Atendimento e Competência adotados, pode-se citar: Faturamento. - O Cerebrum pode sinalizar a necessidade de uma ação referente ao Além disso, permite realizar uma análise mais apurada de algumas classes, Diabetes para o Linfo. O software identifica, por exemplo, os beneficiários tais como: Prestadores, Contratos, Produção Médica, Financeiro, Avançado que realizaram mais de dois exames de hemoglobina glicada num (pesquisa, documentos). determinado período. O Cerebrum utiliza ainda a ferramenta Cubo Olap, juntamente com a aplicação - O Linfo permite a formação de um grupo para certificação da informação, do Excel, para obter maior flexibilidade em relação à montagem de relatórios. contatos com os beneficiários e acompanhamento com avaliação das ações. Finalizado o trabalho, o software repassa as informações dos Estão pré-formatados no Cerebrum 76 indicadores, destacados em quatro participantes deste grupo ao Cerebrum e, assim, pode-se avaliar os custos, categorias, apresentados no item 7.2 e detalhados no anexo 1 deste Manual. em período anterior e posterior à sua formação. Além disso, pode-se ainda avaliar e comparar se a ação está tendo ou obteve o resultado previsto ou não. 46 47
  • 25. 6.1.2 O Linfo 6.2 Principais Alterações Requeridas O Linfo, software desenvolvido pela Unimed do Brasil em parceria com a No contexto da integralidade da assistência à saúde, o indivíduo, no caso Unimed Porto Alegre, é o sistema gerenciador de ações de prevenção, que o beneficiário, passa a ser o centro da atenção da operadora e, assim, compreende a automatização da centralização de informações médicas e a deverá ser percebido por todas as suas áreas, departamentos e respectivos integração entre clínicas, laboratórios e a Unimed. Ele disponibiliza soluções colaboradores, fundamentando o olhar integrado, que é a base da nova responsáveis por extrair, coletar, analisar, parametrizar, acompanhar e Política de Atenção à Saúde. destacar resultados do histórico dos clientes, permitindo o gerenciamento tanto da promoção de saúde como da prevenção de doenças. Para isso, é necessária, primeiramente, uma verdadeira “integração interna” das ações da operadora a fim de alcançar os objetivos e metas propostos e, A aplicação da Medicina Preventiva é responsável pela parametrização do consequentemente, a busca de uma maior aproximação e co-responsabilidade sistema de base de dados e pela realização de pesquisa em uma interface de seus clientes, o que é de fundamental importância para o pleno êxito inteligente, que possibilita aos usuários realizarem filtros para todas as deste novo olhar. informações definidas na entidade DW (arquivos de carga com dados dos beneficiários), bem como outros indicadores. Na seqüência, estão destacadas as principais áreas envolvidas e, de maneira sucinta, as respectivas alterações de ordem organizacional e recomendações O Sistema de Medicina Preventiva é capaz de operar em dois formatos: sugeridas. Unimed Central e Unimed Local. No modo Central, todas as opções do sistema estarão disponíveis. Já no modo Local, algumas opções de edição e 6.2.1 Estruturar Porta de Entrada da Operadora exclusão de informações poderão estar desabilitadas, pois estas informações podem ser dados definidos pela Central. A quase totalidade das operadoras hoje desconhece os seus beneficiários, preocupando-se apenas em cadastrá-los, de maneira a permitir o Os indicadores são dados que compõem a Ficha de Informações do recebimento das contraprestações, saber a utilização para fins contábeis e Beneficiário (FIB) e são alimentados por meio de questionários do Processor promover o pagamento aos serviços contratados e cooperados. Web ou outras ferramentas de apoio. Desta maneira, os eventos e agravos à saúde ocorrem sem que se tenha O sistema permite a criação de grupos de trabalhos para a aplicação de conhecimento e, consequentemente, sem que algo seja feito para minimizá- ações, ou seja, os Planos de Iniciativas são grupos de ações a serem aplicadas los até que, por meio dos serviços de auditoria médica, os dirigentes são em beneficiários selecionados nestes grupos. alertados para a existência de uma grande conta ou uma internação em UTI neonatal, gerando preocupação para os efeitos sobre o caixa. Além disso, o próprio software verifica o acompanhamento dos planos de ações frente aos Grupos de Trabalho, permitindo gerar eficientes relatórios Tudo isto se dá devido a uma política voltada a aumentar o número de gerenciais. beneficiários e gerar receitas, sem se preocupar com quem está sendo admitido, como se somente isto bastasse para manter a estabilidade da OPS. Muito além disso, é necessária uma política assistencial e um modelo de atenção à saúde capazes de, conhecendo-se a massa de novos beneficiários e o seu perfil epidemiológico, prover os meios para, parafraseando Peter 48 49
  • 26. Drucker, programar e realizar as ações hoje, no presente, como única forma a finalidade de se conhecer o perfil do novo beneficiário, seja ele de um de “criar” o futuro. plano empresarial ou individual, por meio de instrumentos adequados ou da própria Declaração de Saúde, tendo como fundamentos a seleção de O esquema abaixo demonstra o abordado acima e faz parte do contexto riscos para, se necessário for, aplicação de Carência Parcial Temporária (CPT), a ser modificado, destacando a busca imediata da assistência médica agravos e recomendação de compartilhamento de risco, entre outros. A (linha pontilhada), sem que o beneficiário sofra qualquer abordagem ou seguir, o desenho proposto e, na seqüência, abordadas individualmente, as intervenção por parte da operadora. principais recomendações das referidas áreas: INDIVIDUO INDIVIDUO MARKETING PORTA DE ENTRADA MARKETING OPERADORA ÁREA COMERCIAL ÁREA COMERCIAL CLIENTE CLIENTE PERFIL EPIDEMIOLÓGICO COORDENAÇÃO MÉDICO-ASSISTENCIAL (Centrado na doença) EQUIPE DE SAÚDE AUDITORIA MÉDICA COORDENAÇÃO MÉDICO-ASSISTENCIAL (Centrado na doença) ASSISTÊNCIA MÉDICO- HOSPITALAR AUDITORIA MÉDICA RECUPERAÇÃO E REABILITAÇÃO DA SAÚDE Desta forma, o modelo que se propõe destaca, primeiramente, como no ASSISTÊNCIA esquema a seguir, a necessidade de se estabelecer uma Porta de Entrada MÉDICO- HOSPITALAR da Operadora, integrando a atuação de áreas internas como, por exemplo, RECUPERAÇÃO E REABILITAÇÃO DA SAÚDE as de marketing, pela sensibilização do indivíduo no sentido da aquisição de um plano de saúde (e não de doença); e as atuarial e comercial, com 50 51
  • 27. 6.2.1.1 Área de Marketing • Como estavam os resultados do levantamento epidemiológico comparados com metas previamente determinadas pela operadora? • Promover a prevenção de doenças e promoção da saúde como diferenciais • Como evoluíram as enfermidades, agora de modo mais detalhado? de produto. • Como estavam os indicadores de saúde de acordo com o modelo • Evitar divulgação da rede hospitalar, facilidades de atendimento e exames adotado (feedback)? de alta tecnologia. • Enfatizar o que pode ser feito para manter a saúde e prevenir doenças. 6.2.1.3.2 Na negociação de um novo contrato: • Direcionar e apoiar ações preventivas e de promoção à saúde. • Mudar o foco do hospital para o lar e a família. - A negociação deve induzir o contratante a ações de promoção e prevenção • Valorizar o humanismo e a qualidade de vida. à saúde, tais como: • Envolver a natureza e a ecologia. • Levantamentos dos dados epidemiológicos. • Transmitir segurança e tranqüilidade no atendimento hospitalar. • Aplicação de programas para evitar o aparecimento de doenças evitáveis. • Estabelecer ações para recepcionar os novos clientes que comuniquem • Buscar ativamente o diagnóstico precoce. informações relevantes sobre o processo saúde-doença, os direitos e • Cuidar dos já doentes para evitar que necessitem de internação ou que deveres como beneficiário, a utilização, a rede assistencial, entre outras. se tornem incapazes. • Valorizar o estilo de vida como Gerador de Saúde. • Seleção de riscos imediatos para elaboração de CPT, agravos e modelo de contrato (compartilhamento, co-participação). 6.2.1.2 Área Atuarial - A fixação de preços deve ser feita de acordo com critérios técnicos, atuarias, demográficos e epidemiológicos. • Listar informações relevantes para a saúde dos colaboradores da empresa contratante. • Avaliar risco de enfermidade. 6.2.2 Estabelecer o Perfil Epidemiológico • Dimensionar os riscos em função do tempo (envelhecimento da carteira). • Valorizar contratos com menor risco e que se proponham a tomar ações Basicamente dois instrumentos podem ser utilizados para se conhecer as preventivas, que serão monitoradas e recompensadas caso os indicadores condições de saúde do novo cliente, de forma a permitir o dimensionamento melhorem. do risco a ser administrado, quer seja do ponto de vista individual ou coletivo, e aplicados a planos pessoa física ou empresarial: 6.2.1.3 Área Comercial • Declaração de Saúde – Instrumento amparado pela Lei 6.2.1.3.1 Na renegociação do contrato, 9656/98 (art. e RDC...) e usado atualmente na maioria das OPSs fazer os seguintes questionamentos: de forma inadequada e de valor restrito ao “ato burocrático de inclusão de um novo beneficiário”, é de extrema importância para − O levantamento epidemiológico (questionário) foi aplicado? se ter minimamente informações sobre o perfil de saúde do novo − As ações propostas com base no questionário foram tomadas? E as cliente, principalmente dos planos individuais e familiares. medidas de prevenção primária foram adotadas? − Os rastreamentos (prevenção secundária) indicados foram feitos? − Qual a resposta evolutiva dos indicadores? 52 53
  • 28. No Sistema Unimed não há um consenso entre as suas operadoras quanto Entretanto, para iniciar o processo de conhecimento do perfil dos novos a sua utilização como instrumento de informações e, muito menos, há uma ou mesmo de antigos beneficiários de uma empresa, quando devidamente padronização que permita estabelecer o perfil epidemiológico da carteira de indicado e acordado com os empresários, é recomendável a utilização da beneficiários para uso loco (regional) e que possibilite alimentar um banco avaliação do risco cardíaco, por este problema, hoje, estar mais ligado à de dados em nível nacional. morbidade e mortalidade da população em geral. Assim, nem a singular conhece o seu cliente para planejar programas e É de suma importância ressaltar que o software Gerenciador de Ações de ações com bases epidemiológicas e nem o Sistema tem informações sobre os Prevenção, ou Linfo, permite a elaboração de questionários de quaisquer seus mais de 14,5 milhões de beneficiários para, por exemplo, buscar com o naturezas, diante da necessidade detectada pela Equipe de Saúde Unimed, poder público constituído as necessárias e adequadas políticas de saúde. inclusive para problemas como Obesidade Mórbida, Hipertensão Arterial e Diabetes, entre outros. A ANS, por meio da regulamentação da Declaração de Saúde, recomenda uma quantidade mínima de informações e não impede a OPS de incluir no No anexo 2 é apresentado um modelo de questionário, tipo HRA, que documento outros dados do seu interesse, de forma a suplementar, até com atualmente vem sendo utilizado pela consultoria da Fundação Unimed nas a prevista e legalmente amparada Consulta Qualificada, buscando obter OPSs que contrataram seus serviços, como base para iniciar os trabalhos de de forma ética o perfil epidemiológico de seu novo cliente. Assim, poderá planejamento. prover os cuidados não somente para melhor abordar os seus problemas, mas também e concomitantemente prover as ações de promoção e proteção 6.2.3 Aplicar a Lógica da Integralidade da Saúde à sua saúde. A lógica da integralidade da atenção à saúde, detalhada no esquema O anexo 2 traz o modelo de Declaração de Saúde recomendado pela abaixo, consiste na atuação conjunta dos coordenadores de prevenção em Unimed do Brasil, fruto do consenso entre os integrantes do GEMA, cuja saúde - uma proposta a ser observada a partir da implantação deste modelo proposta é, além de prover informações relevantes para a suas OPSs e assim pela singular e cujas especificações estão detalhadas no item 7.1.1 - com o subsidiar sua ações, padronizar as informações mínimas a serem incluídas no coordenador médico-assistencial, representado pelo auditor, já contemplado Banco de Dados Nacional. no organograma das cooperativas. Esta iniciativa é viabilizada pelo fluxo de informações propiciadas pelas ferramentas Cerebrum e Linfo, cujos • Questionário – Mais adequado para planos empresariais, em dados são extraídos do sistema de gestão - por exemplo o Cardio, como foi que se tem um grande número de pessoas a serem avaliadas mostrado na representação gráfica do item 6.1. Entretanto, é importante num espaço curto de tempo, este instrumento é extremamente destacar que as ações se dão na base clínica, em torno do referencial eficaz na orientação de políticas negociais, ações de promoção e “indivíduo”. prevenção (primária e secundária), bem como na “previsão” de sinistros de impactos para a operadoras. Trata-se de um instrumento tecnicamente elaborado para permitir a avaliação do risco e saúde, ou HRA (em inglês Health Risk Assentement), detalhada mais à frente, no item “Como construir a curva de custo no tempo”. 54 55
  • 29. fazer um filtro dos que sofreram uma internação no período, bem como, INDIVIDUO quais e quantos foram identificados ao serem admitidos. Além disso, pelo Linfo é possível formar os respectivos grupos para o gerenciamento, PORTA DE ENTRADA MARKETING obtendo-se assim as informações para avaliação do impacto do programa, OPERADORA identificando falhas na “porta de entrada” pela eventualidade da omissão ÁREA COMERCIAL naquele momento, e assim modificar os procedimentos. CLIENTE INDIVIDUO PERFIL PORTA DE ENTRADA MARKETING EPIDEMIOLOGICO OPERADORA ÁREA COMERCIAL EQUIPE DE SAUDE CLIENTE PORTA DE ENTRADA OPERADORA PERFIL COORDENAÇÃO DE COORDENAÇÃO MÉDICO-ASSISTENCIAL EPIDEMIOLOGICO PREVENÇÃO À SAÚDE (Centrado na doença) EQUIPE DE SAUDE CENTRADO NA SAÚDE AUDITORIA MÉDICA PORTA DE ENTRADA SISTEMA COORDENAÇÃO DE COORDENAÇÃO MÉDICO-ASSISTENCIAL PREVENÇÃO À SAÚDE (Centrado na doença) ASSISTÊNCIA PROGRAMAS ESPECÍFICOS MÉDICO- HOSPITALAR UTILIZAÇÃO RECUPERAÇÃO E REABILITAÇÃO CENTRADO NA SAÚDE AUDITORIA MÉDICA PROMOÇÃO E PROTEÇÃO À SAÚDE DA SAÚDE SAÍDA ASSISTÊNCIA PROGRAMAS ESPECÍFICOS MÉDICO- HOSPITALAR UTILIZAÇÃO RECUPERAÇÃO E REABILITAÇÃO PROMOÇÃO E PROTEÇÃO À SAÚDE DA SAÚDE 6.2.4 Promover Mudanças: Feedback SAÍDA O ciclo se completará com a retro-alimentação do sistema, a partir dos resultados obtidos (saída), propiciando as devidas alterações desde a porta de entrada até o processamento, buscando-se novos resultados e mudanças de cenário. Um rastreamento pelo Cerebrum, no sistema de gestão da cooperativa, poderá, por exemplo, listar todos os beneficiários de determinada faixa etária e identificar aqueles que realizaram um ou mais exames de hemoglobina glicosilada no último ano, inferindo-se com probabilidade de quase 100% destes pacientes serem diabéticos. Na seqüência, há a possibilidade de se 56 57
  • 30. 58 59
  • 31. 7. GESTÃO E INSUMOS ESTRATÉGICOS Gestão e informação correm paralelamente e se constituem nas ferramentas utilizadas pelo gestor para a tomada de decisão, obviamente após receberem os adequados tratamentos. A primeira providência a ser adotada, considerando a sua importância e urgência no sentido da tomada de decisões, é de âmbito organizacional objetivando-se ter a informação padronizada, independentemente do setor, departamento ou área que a gera. Para isso é necessária, previamente, a uniformização de conceitos, utilizando-se a mesma metodologia e memória de cálculo, para que a informação ou indicador seja o mesmo, independente da origem da demanda. Ademais, a utilização de um único canal para o fluxo das informações deverá também ser pré-estabelecida, de forma a se evitar distorções, por conveniências, respaldadas em um modelo dicotômico, que é o ainda observado no setor de saúde. Assim, embora as ações devam estar em áreas distintas, porém integradas, a gestão dos custos, sob a ótica da assistência à saúde, não pode ser prerrogativa de uma ou de outra (medicina preventiva ou auditoria médico- hospitalar, por exemplo). Deve estar concentrada e sob a responsabilidade de um único gestor, tendo as informações como os verdadeiros insumos para a tomada de decisão. 7.1 Nova Visão da Gestão: organograma proposto O modelo Gestão Integrada de Saúde, cujo esquema foi apresentado anteriormente, requer, do ponto de vista organizacional e de acordo com o porte da operadora, a existência de duas coordenações subordinadas a um mesmo gestor, gerente ou mesmo dirigente: a de Prevenção em Saúde, com 60 61
  • 32. foco nas ações e programas de promoção e prevenção, linhas de cuidados 7.1.1 Coordenador de Prevenção em Saúde etc. (como mostra o esquema e detalhamento do item 7.1.1); e a Médico Assistencial, com foco na utilização, na auditoria em saúde e nas Com o objetivo maior de promover a saúde e prevenir doenças ou o atividades médico-hospitalares (mostrado no item 7.1.3). Na prática, as agravamento/complicações delas decorrentes, suas atividades serão ações desses dois coordenadores não estão perfeitamente delimitadas, assim centradas na Equipe de Saúde Unimed e nos Programas de Saúde, como também não existe uma linha definida que separe a saúde da doença. fundamentados, respectivamente, no Perfil Epidemiológico e nas Linhas de Daí a necessidade da atuação integrada de ambos, sob a visão de um único Cuidados, conforme propõe a ANS. gestor, como se fosse este o próprio individuo a cuidar do seu processo saúde-doença. Perfil: 1- Ser graduado em medicina e preferencialmente ser cooperado. 2- Ter formação na área de Saúde Pública/Epidemiologia/Gerenciamento PEQUENAS OU Clínico. MÉDIAS OPS 3- Possuir desejável conhecimento em gestão financeira na saúde. 4- Ter espírito de liderança e de trabalho em grupo. DIRETOR Atribuições: 1- Liderar a Equipe de Saúde Unimed. 2- Avaliar com as respectivas áreas os instrumentos usados na Porta de Entrada. COORDENADORES 3- Coordenar a relação com os médicos cooperados e os Grupos de Especialidades Médicas, visando a sua sensibilização, adesão aos MÉDIAS OU trabalhos, treinamentos etc. GRANDES OPS 4- Programar e coordenar os trabalhos com os Grupos das Linhas de Cuidados. 5- Avaliar juntamente com a equipe os resultados dos trabalhos. 6- Gerar relatórios gerenciais e apresentá-los à diretoria. DIRETOR 7- eunir-se sistematicamente com o Coordenador Médico-Assistencial R para a avaliação dos trabalhos. GESTOR COORDENADORES 62 63
  • 33. Esquema Operacional da Coordenação de Prevenção em Saúde 7.1.2 Equipe de Saúde Unimed (ESU) Terá suas atividades centradas em dois momentos: PERFIL EPIDEMIOLÓGICO Interno - Na porta de entrada da operadora, segundo o esquema proposto, na coordenação das ações realizadas pelo setor de vendas COORDENAÇÃO COORDENAÇÃO na recepção aos novos clientes. DE SAÚDE MÉDICO-ASSISTENCIAL Externo – Nas empresas, com ações em torno da avaliação DEMANDA BUSCA ATIVA de perfil epidemiológico ou de reuniões educativas, sob orientação IDENTIFICADA do Coordenador de Prevenção em Saúde. EQUIPE DE SAÚDE OCUPACIONAL Composição mínima: 1 Assistente Social e/ou 1 Psicólogo Perfil PROGRAMAS 1- Ser graduado respectivamente em Serviço Social e Psicologia. 2 - Ter experiência em trabalho com grupos e comunidade. 3- Possuir, de preferência, formação em Saúde Pública. PROMOÇÃO / GESTÃO GESTÃO DE CASOS PREVENÇÃO DE DOENÇAS Atribuições: LINHAS DE LINHAS DE LINHAS DE CUIDADOS CUIDADOS CUIDADOS 1- Organizar o conteúdo e o calendário das reuniões da ESU. Saúde do Adulto / Idoso 2- Coordenar e executar as reuniões da equipe, considerando: Saúde do Adulto / Idoso a. Palestras sobre MEV e Saúde. b. Entrega dos contratos. c. Entrega das Carteiras. d. Entrega dos Guias Médicos. e. Como utilizar o plano de saúde. f. Entrega do Kit Saúde de boas-vindas. 3-Auxiliar o Coordenador nos trabalhos com os GLCs, cabendo-lhe o fornecimento de suporte à equipe comercial na exposição das peças no setor de vendas. 64 65
  • 34. 7.1.3 Coordenador Médico-Assistencial Esquema Operacional da Coordenação Médico-Assistencial Utilizando a visão de processo para dar solução ao problema do paciente, PLANO EMPRESARIAL OU PARTICULAR o coordenador deve concentrar suas atividades nos hospitais em trabalhos de auditoria médica/enfermagem e, principalmente, no acompanhamento BAIXA ALTA de casos, decidindo sobre a adequada ferramenta de gerenciamento a ser SINISTRALIDADE SINISTRALIDADE aplicada. O objetivo é obter a melhor atenção com o menor custo possível. MONITORAR PRIORIZAR Perfil - Ser graduado em Medicina. - Ter formação na área de Auditoria Médica. - Ter especialização em gerenciamento de doenças. BAIXO / MÉDIO ALTO RISCO RISCO RISCO - Possuir, de preferência, pós-graduação em Gestão de Custos Assistenciais. IDENTIFICAR SAÚDE IDENTIFICAR PERFIL OCUPACIONAL GASTADORES EPIDEMIOLÓGICO Atribuições - Coordenar as atividades da área de auditoria médica e/ou de enfermagem. GERENCIAR GERENCIAR PROMOÇÃO - Fomentar na equipe a auditoria per-evento, isto é, durante a CUSTOS E PREVENÇÃO internação hospitalar. - Decidir sobre a ferramenta de gerenciamento mais adequada para LINHAS DE cada caso. CUIDADOS - Prover meios para melhorar o nível técnico da sua equipe. CASOS DOENÇAS - Buscar mecanismos para interação com os Comitês de Especialidades. 7.2 INSUMOS DE GESTÃO: Indicadores Indicadores são verdadeiras bússolas, pois, uma vez analisados, tornam-se instrumentos estratégicos capazes de orientar os gestores e dirigentes na tomada de decisão, com vistas à modificação de uma determinada situação. Como são gerados a partir de fatos já ocorridos, se propõem a modificar o cenário de modo a melhorar os resultados, previamente estabelecidos como metas. As metas são objetivos quantificados e dimensionados no tempo e, no caso da gestão de custos, mais avaliadas por indicadores quantitativos. Já os de natureza qualitativa são de análise mais complexa, como aqueles que 66 67