O documento discute o problema mente-corpo na filosofia, apresentando dualismo e fisicalismo como as duas principais abordagens. O dualismo defende que mente e corpo são entidades separadas, enquanto o fisicalismo propõe que tudo é de natureza física e a mente pode ser descrita em termos cerebrais. Nenhuma das soluções é totalmente satisfatória para a psicologia.
1. Corpo e mente
Um dos problemas filosóficos que mais
interessa à psicologia é possivelmente o
chamado problema mente-corpo.
2. Encontramos, historicamente, dois modos
“clássicos” de tratar esse problema na
filosofia.
> O primeiro > A segunda tentativa
filosófica de solução do
deles, o problema mente-corpo é
chamado o chamado fisicalismo
dualismo, (muitas vezes também
chamado de
consiste na materialismo),
materialismo cuja
defesa de que proposta baseia-se na
mente e corpo crença de que tudo é de
natureza física e,
são “coisas” portanto, a mente pode, e
irreconciliáveis e deve, ser descrita em
irredutíveis. termos físicos (ou seja,
em termos de processos
cerebrais).
4. O primeiro deles
é o dualismo
interacionista, O problema colocado
que como o por essa vertente é
nome já diz, explicar como se dá
admite que essa interação entre a
embora mente e “coisa” mental e o
corpo sejam corpo, ou mais
precisamente qual a
coisas distintas,
natureza dessa
há uma interação interação.
entre eles.
5. O segundo dualismo
é o paralelismo, o É evidente que a
qual admite que dificuldade a ser
enfrentada por esse
processos mentais dualismo reside na
e processos explicação de por que
corporais parece haver uma
(físicos/fisiológicos) interação, se de fato
não há (por que quando
funcionam em damos uma topada
paralelo sem que imediatamente
haja qualquer sentimos dor, dando a
ligação de fato impressão de que foi a
entre as duas topada causou a dor?)
séries.
6. É verdade que a maioria dos
problemas, que surgem na aceitação
do dualismo, desaparece quando nos
filiamos ao fisicalismo.
7. Esclarecendo, o fisicalismo é uma posição
reducionista, na exata medida em que se
propõe tratar a mente como algo físico.
Isso quer dizer que a mente (e tudo que
consideramos como mental, tal como emoções,
sentimentos, sensações, desejos, etc.) identifica-
se com processos cerebrais e, portanto, um
estudo exaustivo do funcionamento do cérebro
revelará o funcionamento da mente.
8. O primeiro problema da aceitação do fisicalismo
é justamente a idéia de que há uma identidade real
entre uma infinidade de processos eletroquímicos que
ocorrem no cérebro e, por exemplo, o gosto que sinto
quando saboreio uma fruta.
Sem dúvida há algum tipo de relação entre essas
duas coisas, o que pode ser traduzido pelo enunciado
banal de que sem um cérebro não sentimos gosto
algum, mas aceitar que há uma relação não é o
mesmo que defender que se trata de uma relação de
identidade.
9. O segundo problema trazido pelo fisicalismo
diz respeito ao estatuto de uma ciência
psicológica.
Se levarmos o programa reducionista até as suas
últimas conseqüências, chegaremos à conclusão
de que a psicologia não é um campo de
conhecimento legítimo.
10. Implicações para a psicologia:
Isso porque, de acordo com o fisicalismo, se
alcançarmos uma neurofisiologia (ou mesmo uma
neuroquímica) avançada o suficiente não há
motivo para continuarmos a falar de psicologia
como uma disciplina autônoma.
Desse modo, parece que nenhuma das duas
soluções clássicas do problema mente-corpo
(dualismo e fisicalismo) é satisfatória para a
psicologia.