O documento resume a terceira geração do Romantismo brasileiro, caracterizada pelo condoreirismo, que defendia ideais igualitários, e pela poesia e romance social, com foco em denunciar problemas sociais. Apresenta os principais autores dessa geração, como Castro Alves, Sousândrade e Tobias Barreto, e trechos de suas obras que ilustram essas características.
3. O que foi a 3ª geração?
• Seria a fase de transição para outra corrente
literária, o realismo, a qual denuncia os vícios
e males da sociedade, mesmo que o faça de
forma enfatizada e irônica, com o intuito de
pôr a descoberto realidades desconhecidas que
revelam fragilidades. A mulher era idealizada e
acessível.
5. Condoreirismo
Condoreirismo ou condorismo é uma parte de uma escola
literária da poesia brasileira, a terceira fase romântica, marcada pela
temática social e a defesa de idéias igualitárias. O nome da corrente,
condoreirismo, associa-se ao condor ou outras aves, como a águia, o
falcão e o albatroz, que foram tomadas como símbolo dessa geração
de poetas com preocupações sociais.
6. Romance e Poesia Social
O romance social visa a denuncia de falhas ou
apontar problemas da sociedade. A preocupação do
romancista é fazer uma crítica imparcial a estes
problemas. Procura focalizar o conjunto social,
acompanhando as relações estabelecidas entre as
pessoas e o meio em que vivem. Vários "modos de
existência em sociedade" se configuram e desenha-
se um verdadeiro painel social.
7. Navio Negreiro
[...] Era um sonho dantesco... o tombadilho
Que das luzernas avermelha o brilho.
Em sangue a se banhar.
Tinir de ferros... estalar de açoite...
Legiões de homens negros como a noite,
Horrendos a dançar...
Negras mulheres, suspendendo às tetas
Magras crianças, cujas bocas pretas
Rega o sangue das mães:
Outras moças, mas nuas e espantadas,
No turbilhão de espectros arrastadas,
Em ânsia e mágoa vãs! [...]
Castro Alves
8. Haiti
Caetano Veloso
Composição: Caetano Veloso e Gilberto Gil
Quando você for convidado pra subir no
adro
Da fundação casa de Jorge Amado
Pra ver do alto a fila de soldados, quase
todos pretos
Dando porrada na nuca de malandros pretos
De ladrões mulatos e outros quase brancos
Tratados como pretos
Só pra mostrar aos outros quase pretos
(E são quase todos pretos)
E aos quase brancos pobres como pretos
Como é que pretos, pobres e mulatos
E quase brancos quase pretos de tão pobres
são tratados
E não importa se os olhos do mundo inteiro
Possam estar por um momento voltados
para o largo
Onde os escravos eram castigados
E hoje um batuque um batuque
Com a pureza de meninos uniformizados de
escola secundária
Em dia de parada
E a grandeza épica de um povo em
formação
Nos atrai, nos deslumbra e estimula
Não importa nada:
Nem o traço do sobrado
Nem a lente do fantástico,
Nem o disco de Paul Simon
Ninguém, ninguém é cidadão
Se você for a festa do pelô, e se você não
for
Pense no Haiti, reze pelo Haiti
O Haiti é aqui
O Haiti não é aqui
9. E na TV se você vir um deputado em
pânico mal dissimulado
Diante de qualquer, mas qualquer mesmo,
qualquer, qualquer
Plano de educação que pareça fácil
Que pareça fácil e rápido
E vá representar uma ameaça de
democratização
Do ensino do primeiro grau
E se esse mesmo deputado defender a
adoção da pena capital
E o venerável cardeal disser que vê tanto
espírito no feto
E nenhum no marginal
E se, ao furar o sinal, o velho sinal
vermelho habitual
Notar um homem mijando na esquina da
rua sobre um saco
Brilhante de lixo do Leblon
E quando ouvir o silêncio sorridente de São
Paulo
Diante da chacina
111 presos indefesos, mas presos são quase
todos pretos
Ou quase pretos, ou quase brancos quase
pretos de tão pobres
E pobres são como podres e todos sabem
como se tratam os pretos
E quando você for dar uma volta no Caribe
E quando for trepar sem camisinha
E apresentar sua participação inteligente no
bloqueio a Cuba
Pense no Haiti, reze pelo Haiti
O Haiti é aqui
O Haiti não é aqui.
10. Beijo Eterno
...
Diz tua boca: "Vem!"
Inda mais! diz a minha, a soluçar... Exclama
Todo o meu corpo que o teu corpo chama:
"Morde também!"
Ai! morde! que doce é a dor
Que me entra as carnes, e as tortura!
Beija mais! morde mais! que eu morra de
ventura,
Morto por teu amor!
...
12. Nascido em 14 de março, de 1847,
Antônio Frederico de Castro Alves veio a
se transformar em um grande escritor,
um dos maiores de nosso país, sobretudo
por sua poesia colocada à serviço do
povo, levantando sempre o grito pela
libertação dos escravos no Brasil e a
emancipação dos explorados.
No período em que viveu (1847-1871),
ainda existia a escravidão no Brasil. O
jovem baiano, simpático e gentil, apesar
de possuir gosto sofisticado para roupas e
de levar uma vida relativamente
confortável, foi capaz de compreender as
dificuldades dos negros escravizados.
Castro Alves
13. Joaquim de Souza Andrade nasceu no
Maranhão em 9 de junho de 1833 e passou a
vida dividida entre o Brasil, a Europa e os
Estados Unidos. A originalidade e o caráter
inovador de sua poesia são as marcas
principais de sua obra poética, que ficou
esquecida durante décadas, sendo resgatada
somente em 1950 por um grupo de críticos
literários.
Essas características, aliadas a um lirismo
reflexivo, influência dos poetas alemães,
somadas ao fato de Sousândrade ter iniciado
sua produção artística no período que
corresponde à segunda geração Romântica,
dificultam o enquadramento de sua obra
dentro das gerações desse período.
No entanto, as suas preocupações sociais o
aproximam da terceira geração e a maioria
dos críticos classificam o poeta com
pertencente a geração condoreira. Sua
primeira obra foi "Harpas Selvagens" (1850),
porém, foi com "Guesa Errante", que não
chegou a ser terminada, que Sousândrade
conseguiu o Reconhecimento da critica.
Sousândrade
14. Tobias Barreto
Foi um filósofo, poeta, crítico e jurista brasileiro e
fervoroso integrante da Escola do Recife. Foi o fundador
do condoreirismo brasileiro e patrono da cadeira 38
da Academia Brasileira de Letras.
Em 1861 seguiu para a Bahia com a intenção de
freqüentar um seminário mas, sem vocação firme,
desistiu de imediato. Sem ter prestado exames
preparatórios voltou à sua vila donde sairá com destino
a Pernambuco. Em 1854 e 1865 o jovem Tobias, para
sobreviver, deu aulas particulares de diversas matérias.
Na ocasião prestou concurso para a cadeira de latim no
Ginásio Pernambucano, sem conseguir, contudo, a
desejada nomeação.
Em 1867 disputou a vaga de Filosofia no referido
estabelecimento. Venceu o prélio em primeiro lugar, mas
é preterido mais uma vez por outro candidato.
15. Aluísio, Tancredo Gonçalves
Belo Azevedo nasceu em São
Luís do Maranhão, em 1857.
Passa a viver definitivamente
no Rio, a partir de 1881, ano
em que foi publicado O
mulato, considerado nosso
primeiro romance naturalista.
Nesta obra analisa o problema
do mestiço (Raimundo) dentro
da sociedade brasileira.
Seu livro de estréia, no
entanto, foi Uma lágrima de
mulher (1880), de tendência
romântica. Integrado aos
grupos boêmios da época,
tentou sobreviver,
exclusivamente, de suas
possibilidades de escritor.
Ingressando na carreira
diplomática, serve em Vigo
(Espanha), Nápoles, Japão e
Buenos Aires, onde falece em
1913.
Aluísio Azevedo
17. “Amâncio fora muito mal educado pelo pai,
português antigo e austero, desses que
confundem o respeito com o terror (... ) Se
acaso algumas vezes se mostrava dócil e
amoroso, era sempre por conveniência:
habituou-se a fingir desde esse tempo.”
“Algumas lhe perguntavam brincando se ele
as queria para mulher, se queria 'ser seu
noivo'. Amâncio respondia que sim com um
arrepio. E daí a pouco ficavam as moças
muito surpreendidas quando o demônio do
menino lhes saltava ao colo e principiava a
beijar-lhes sofregamente o pescoço e os
cabelos ou a meter-lhes a língua pelos
ouvidos.”
18. Os Miseráveis
• "Enquanto, por efeito de leis e costumes, houver proscrição
social, forçando a existência, em plena civilização, de
verdadeiros infernos, e desvirtuando, por humana
fatalidade,um destino por natureza divino; enquanto os três
problemas do século - a degradação do homem pelo
proletariado, a prostituição da mulher pela fome, e a atrofia da
criança pela ignorância - não forem resolvidos; enquanto
houver lugares onde seja possível a asfixia social; em outras
palavras, e de um ponto de vista mais amplo ainda, enquanto
sobre a terra houver ignorância e miséria, livros como este não
serão inúteis.“
Victor Hugo