Este documento fornece informações sobre classificação, problemas comuns e afecções do recém-nascido, incluindo síndrome da membrana hialina, taquipnéia transitória, síndrome da aspiração meconial, termorregulação, distúrbios metabólicos como hipoglicemia e hiperbilirrubinemia. Ele discute fatores de risco, sintomas, diagnóstico e tratamento dessas condições.
1. ROTEIRO PARA ESTUDO
AFECÇÕES DO RECÉM NASCIDO
CLASSIFICAÇÃO DO RECÉM NASCIDO
Quanto à idade gestacional:
• Pré-termo: < 37 semanas de gestação;
• A termo: entre 37 e < 42 sem. de gestação;
• Pós-termo: 42 ou mais semanas de gestação
Quanto ao peso de nascimento:
• Peso normal: RN peso = ou > 2500g;
• Baixo peso: < 2500g;
• Muito baixo peso: < 1500g;
• Peso extremamente baixo: < 1000g.
• Problemas mais comuns:
Relacionados à idade gestacional:
• Prematuro - dificuldades relacionadas a imaturidade geral dos sistemas como –
Síndrome da Membrana Hialina, Apnéia, Displasia Bronco-Pulmonar, Persistência de
Canal Arterial, Termorregulação ineficaz, Infecção, Estresse
Pósmaturo – Síndrome da broncoaspiração meconial, anóxia.
Relacionados ao Peso:
PIG – retardo do crescimento intra-uterino. Causas maternas: Hipertensão arterial,
doenças cardíacas, pneumopatias, tabagismo, teratogênese.
• Causas placentárias: Deslocamento prematuro da Placenta, Tumores, infartos.
• Causas fetais: alterações cromossômicas, anomalias congênitas, infecções (rubéola,
CMV, toxoplasmose)
SINDROME DO DESCONFORTO RESPIRATÓRIO (DOENÇA DA MEMBRANA HIALINA)
• Caracterizada pela deficiência de surfactante, levando ao colapso dos alvéolos
(atelectasia pulmonar) de forma progressiva, ocorrendo, como conseqüência, um
aumento da necessidade de oxigênio e estresse respiratório.
FATORES PRE-DISPONENTES:
Prematuridade (incidência maior < 32 semanas)
2. Anóxia perinatal
Parto cesariano
Hidropsia fetal
Hipotermia
Diabetes gestacional
Gestação gemelar ( o 2º é mais afetado.)
Tudo que leve a hipoxia durante o nascimento.
PREVENÇÃO
Glucocorticóide no pré-natal
Manejo que evite diminuição de circulação pulmonar
QUADRO CLINICO:
• Dispneia ou respiração superficial
• Aumento progressivo da frequência respiratória(60irpm)
• Insuficiencia Respiratória ou no pós parto nas primeiras horas de vida (6h com
progressão nas 48h.)
• Taquicardia
• Retrações
• BAN
• Diminução do Murmurio Vesicular
• Cianose central
• Gemido expiratorio
• Episodios de apnéia
• Necessidade progressiva de oxigenio
• Palidez causada pela vasoconstricçao periferica
DIAGNOSTICO
quadro clinico
Rx de Toráx
gasometria
TRATAMENTO
reduzir a hipoxemia
3. administrar surfactante (100mg/kg)
corrigir acidose
manter temperatura corporal
equilibrio hidroeletrolítico
aporte calorico
TAQUIPNÉIA TRANSITÓRIA
• QUADRO CLINICO
Gemidos expiratórios e cianose (podem estar presentes)
Taquipnéia, com freqüência respiratória > 100 irpm
Taquipnéia persistente sem dispnéia (resolvendo em aproximadamente em 5 dias.)
Retrações intercostais mínimas ou ausentes
Ruídos respiratórios normais
Respiração gemente e BAN podem estar presentes
O processo resolve em 12 a 72 horas
Saturação de Oxigênio dentro dos parâmetros normais
• DIAGNÓSTICO
Quadro clinico
Rx (infiltrado pulmonar difuso, fluido nos pulmões).
Gasometria arterial
• TRATAMENTO
Oxigênio (se necessário)
Manter jejum se freqüência > 60irpm
Manter saturação de O2 entre 90-95%
Manter ambiente térmico neutro
Manter equilibrio hidroeletrolítico
SÍNDROME DA ASPIRAÇÃO MECONIAL
• O mecônio está presente no íleo fecal entre 10-12 semanas e é composto por células
epiteliais, água, pelo/cabelo fetal, muco e sais biliares.
• A aspiração de mecônio ocorre intra útero e é difícil prever quando essa ocorre.
4. • Ou pode ocorrer ao nascimento
. FATORES DE RISCO
gestação pós termo
Doença materna: hipertensão, eclampsia ou pré-eclampsia, dabetes mellitus, doença cronica
cardiorespiratoria.
Tabagismo materno
Insuficiência placentária
Oligodramnios
Retardo no crescimento intra-uterino
Batimentos cardíacos fetais anormais
• QUADRO CLINICO
Coloração amarelada: da pele, cordão umbilical e sob as unhas, quando a eliminação do
meconio ocorreu pelo menos 4 a 6 horas antes do nascimento.
Características de gestação pós-termo (unhas longas, pele seca, enrugada, sem vérnix)
PIG devido a retardo no crescimento intra-uterino
Pode apresentar sintomas respiratórios logo após o nascimento, ou passar despercebido nas
primeiras horas, evoluindo após 6 a 12 horas de vida.
• DIAGNÓSTICO
Quadro clinico
Rx.
• TRATAMENTO
Manejo na sala de parto
Ventilação mecânica sem criar hiperventilação
Oxigenação adequada evitando a hipóxia
Toilet respiratoria: antibioticos, administração de surfactante.
Evitar acidose
Observar sinais de hipertensão pulmonar.
5. TERMORREGULAÇÃO DO RECÉM NASCIDO
• A produção de calor é conseqüência de atividade metabólica, resultante da adaptação
ao meio ambiente, sendo assim a produção de calor no adulto se dá pelo
calafrio( atividade muscular voluntária e involuntária); já no RN a atividade muscular é
inadequada , sendo este dependente de Gordura Marrom.
A dificuldade da manutenção térmica na população neonatal deve-se a fatores como:
- Superfície corporal ;
- Capacidade metabólica limitada para produção de calor;
- Isolamento térmico inadequado.
• AMBIENTE TÉRMICO NEUTRO: aquele em que a produção de calor é igual a perda,
permitindo que o RN mantenha a temperatura corporal estável utilizando uma
quantidade mínima de calorias.
Mecanismos de perda de Calor:
- Radiação: É a transferência do calor corporal para superfícies frias no ambiente
que não estão em contato com o corpo
- Condução: É a perda de calor por contato direto de um corpo em contato com o
outro.
- Convecção: Envolve a perda de calor pela movimentação do ar passando pela
superfície da pele.
- Evaporação:É a perda de calor durante a conversão do estado líquido para gasoso.
6. • Quadro Clínico:
*Extremidades e tórax frios;
*Intolerância alimentar
*Letargia;
*Choro Fraco;
*Pele moteada;
*Irritabilidade;
*Apnéia e bradicardia;
*Diminuição do ganho de peso;
*Estresse respiratório
DISTÚRBIOS METABÓLICOS
HIPOGLICEMIA
↓ 40mg/dl
• ALGUMAS CAUSAS: PIG; Prematuridade; Stress durante o parto; Distúrbios do
armazenamento da glicose; Erros inatos do Metabolismo; Filho de mãe Diabética;
Eritoblastose fetal; Exsanguineotransfusão; GIGs não filho de mãe Diabética; Sepsis;
Policitemia; Hipopituitarismo congênito
• Normoglicemia produção = utilização
• Hipoglicemia: para RN a Termo glicemia< 40mg/dl nas primeiras 3 horas de vida e <
45mg/dl após as 24 horas.
Para os RN Pré-termos ainda há controvérsias mas se considera < 50 mg/dl como de risco.
• Hiperglicemia: concentração de glicose em sangue total > 120-125 mg/dl ou 145-150
mg/dl no plasma, independente de IG, peso e idade pós-natal
Sintomas da hipoglicemia:
tremores
irritabilidade, choro estridente
convulsões
apnéia e cianose
letargia e hipotonia
hipotermia
taquipnéia
diaforese
7. dificuldade ou recusa alimentar
pode chegar ao óbito.
TRATAMENTO
RN assintomático, com níveis de glicose limítrofes, 38 a 45 mg/dl:
• RN em boas condições clínicas: a alimentação oral o mais precoce possível e fazer uma
2ª dosagem de glicose. Geralmente, o intervalo entre uma dosagem e outra é
suficiente para ocorrer normalização do nível glicêmico;
• se não ocorre a normalização do nível glicêmico com alimentação oral, iniciar solução
de glicose endovenosa;
• RN está recebendo solução EV de glicose: considerar aumento da taxa de infusão de
glicose após verificar o bom funcionamento do acesso venoso e conferir a taxa de
infusão;
• OBS: as principais causas de hipoglicemia em RN que estão recebendo infusão de
glicose endovenosa é o erro de cálculo da taxa de infusão e problemas com o acesso
venoso. Se glicemia < 38 tratar EV.
RN sintomático:
• Administrar “bolus” de glicose endovenosa: 2 ml/kg (200 mg/kg) de soro glicosado a
10%, em 1 a 2 minutos;
• RN já está recebendo infusão de glicose, administrar o “bolus” e aumentar a taxa de
infusão de glicose, após verificar o bom funcionamento do acesso venoso e conferir a
taxa atual.
HIPERBILIRRUBINEMIA
• A bilirrubina é um dos produtos da degradação da hemoglobina, resultado da
destruição das hemácias. Depois que as hemácias são destruídas, os produtos de
degradação são liberados na circulação, onde a hemoglobina se divide em duas
porções, heme e globina (proteína). A porção heme é transformada em bilirrubina
não-conjugada, uma substância insolúvel ligada à albumina. No fígado, a bilirrubina e a
albumina se dissociam e, na presença da enzima glucoroniltransferase, é conjugada
com o ácido glicurônico, produzindo a bilirrubina conjugada, que é excretada na bile.
No intestino, através da ação das bactérias, a bilirrubina conjugada é reduzida em
urobilinogênio e estercobilina, pigmento que dá coloração às fezes.
ICTERÍCIA FISIOLÓGICA
• A icterícia fisiológica manifesta-se 48 a 72 horas após o nascimento. O nível sérico de
bilirrubina atinge um pico de 4 a 12 mg/dl em torno do 3º ao 5º dia após o
nascimento. Em média, o nível de bilirrubina aumenta menos de 5mg/dl/dia. A
8. icterícia fisiológica comumente desaparece ao final do 7º dia. Cinco condições que
podem causar icterícia fisiológica são:
circulação hepática diminuída,
carga de bilirrubina aumentada,
captação hepática de bilirrubina plasmática reduzida,
conjugação da bilirrubina diminuída e
excreção de bilirrubina diminuída
ICTERÍCIA PATOLÓGICA
• Em contraste, a icterícia patológica ocorre dentro das primeiras 24 horas após o
nascimento; o nível de bilirrubina sérica se eleva acima de 13mg/dl. A icterícia
patológica pode se originar de condições como incompatibilidade sanguínea ABO ou
Rh; anormalidades hepáticas, biliares ou metabólicas ou infecção .
O risco de hiperbilirrubinemia é maior em neonatos prematuros, aqueles que estão
doentes, aqueles que têm anemia hemolítica auto-imune e aqueles que sofreram um
parto traumático que leve a hematomas e policetemia. Condições como hipoxia e
hipoglicemia (caracterizada por deslocamento da bilirrubina de seus locais de ligação)
predispõem o neonato a hiperbilirrubinemia.
COMPLICAÇÕES:
• De acordo com HARRISON (2002), níveis de bilirrubina sérica não-conjugada de
aproximadamente 20mg/dl ou mais podem levar a encefalopatia bilirrubínica ou
kernicterus, no qual a bilirrubina atravessa a barreira hematoencefálica imatura e
precipita nos núcleos da base e em outras áreas cerebrais. As conseqüências variam de
déficits neurológicos marcantes até a morte.
Cuidados de enfermagem
• A atuação do enfermeiro junto ao recém nascido portador de hiperbilirrubinemia deve
iniciar-se na detecção precoce de icterícia, estendendo-se durante a terapia proposta,
seja ela fototerapia, exsanguineotransfusão ou tratamento medicamentoso, a fim de
proporcionar os resultados de maneira rápida e efetiva, evitando possíveis
complicações.
• CONDUTA TERAPÊUTICA:
A principal forma de tratamento da icterícia envolve a fototerapia. A luz favorece a
excreção de bilirrubina através:
- fotoisomerização, que altera a estrutura da bilirrubina em isômeros geométricos
estruturais que são transportados pelo plasma e excretado na bile, parte eliminada através
o mecônio;
9. - fotooxidação: produção de complexos pirrólicos, solúveis em água e excretados pela
urina.
Para que a fototerapia tenha efeito, a pele do bebê deve estar totalmente exposta
a uma intensidade adequada de luz. Algumas precauções devem ser tomadas, como por
exemplo, os olhos do bebê devem ser vedados para evitar a exposição à luz.
Alguns efeitos adversos, como fezes moles e esverdeadas, rubores cutâneos
passageiros, hipertermia, aumento do metabolismo basal e desidratação, podem aparecer.
Para prevenir os reduzir esses efeitos, a temperatura deve ser monitorizada, a pele do
bebê deve ser mantida limpa e seca e deve ser feito um suporte hídrico.
• A exsangüineotransfusão geralmente é usada para níveis perigosamente altos de
bilirrubina, como ocorre na doença hemolítica .
Fonte:
• HOCKEMBERRY, M.J. Wong – Fundamentos de Enfermagem Pediátrica 7 a Ed. Rio de
Janeiro: Elsevier, 2006.
• TAMEZ, R. N.; SILVA, M.J.P. Enfermagem na UTI-Neonantal 4 A ed. Rio de Janeiro:
Guanabara Koogan, 2009.