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1
Agricultura Familiar e os elementos que
compõe as concepções da relação
homem natureza.
Ana Victória Vieira Martins Monteiro
Denyse Chabaribery
Instituto de Economia Agrícola
APTA/SAA
Componente 1: Políticas Públicas
Sub-projeto:Avaliação do Processo de Implantação
de Projetos Demonstrativos para a Recuperação de
Matas Ciliares
Este projeto considera um dos principais
conflitos na implantação de projetos de
recuperação de matas ciliares a baixa
receptividade inicial :
• pela necessidade de dispor uma parte de
suas áreas que passaria a ser demandante
de recursos no plantio e na manutenção da
floresta ciliar, ao invés de gerar renda em
outras explorações.
2
Nestas condições e necessidades de preparar os
produtores rurais para a adesão resultou na
metodologia de acompanhamento para avaliar as
ações implementadas pelo PRMC para tornar-se:
• um instrumento para a gestão do projeto,
• fornecer subsídio seguro à expansão das atividades na
segunda fase do projeto.
Os objetivos da avaliação de impactos nas
comunidades locais são:
• estabelecer sistema de acompanhamento e
avaliação socioeconômica nas microbacias
hidrográficas
• realizar a avaliação quantitativa (indicadores) e
• qualitativa dos impactos sociais e econômicos
Enfim: comparar um padrão almejado com a realidade,
ou o que ocorrerá como conseqüência da atividade.
Para análise da adesão dos produtores ao PRMC é
importante considerar além dos objetivos do PRMC:
• Os diferentes níveis de organização social e
• Participação da população em propostas inovadoras
Aumenta a necessidade de compreender as concepções,
as leituras, ou imagens que as comunidades tem da
natureza e sobre a qual estabelecem suas relações.
3
A relação homem-natureza
Importante entender as relações que o
agricultor estabelece com a natureza.
As concepções (cultura) que é responsável
pela relação e influencia na forma de
interação com a natureza e seu entorno.
Alguns agricultores familiares podem
pertencer a uma comunidade tradicional,
mas, em geral, já passaram por um processo
que os tem distanciado de um “saber
tradicional”. Porém, sua identidade e suas
relações ainda estão baseadas em tradições.
• É importante identificar o contexto cultural no
qual as relações se estabelecem;
• se são mantidos vínculos fortes com as
tradições, ou
• em que grau essas ligações estão mais
desgastadas pelo processo de modernização.
Considerando que no processo de
modernização conservadora a AF, se insere
precariamente no mercado, e carrega a busca
por margens de lucro que viabilizem sua
manutenção na agricultura conflito
entre a conservação do meio ambiente e a
produção.
4
Resgatar junto ao agricultor/comunidades rurais,
a integração/identificação que mantinham com o
meio é possível.
Precisamos compreender em cada caso é:
• como o agricultor se insere,
• quais as representações simbólicas da natureza
ele conservou.
• identificar os fatores que alteraram estas relações
• as possibilidades de recuperar/recriar os saberes
tradicionais
• Se existem formas de restabelecer uma
concepção de integração entre o produtor e a
natureza.
Elementos que compõe as concepções de natureza
Disciplina: Imagens da Natureza: representações simbólicas do mundo
natural – Prof. Dr. Antonio Carlos Diegues, PROCAM – USP
• História ecológica das relações entre sociedade e
ecossistemas e as representações simbólicas
• O significado do simbólico e do imaginário para compreensão
das relações homem- natureza
• O papel do simbólico e das representações mentais sobre a
natureza
• A construção social da noção de natureza
• A natureza enquanto paisagem, imagem e memória
• O oceano enquanto construção simbólica
• O imaginário, os mitos e a conservação da natureza
• Mitos bioantropomórficos e a conservação da natureza
• Os neo-mitos e a conservação da natureza
5
História ecológica das relações entre sociedade e
ecossistemas e as representações simbólicas
• Ex. Japão – apego seletivo à natureza
Visão de natureza como valor supremo, concebida como o
próprio equilíbrio, que pode ser criado e idealizado (abre
espaço para a destruição seletiva da natureza)
Natureza: independente, tem fugacidade (budismo).
Relação forte com a natureza, mas com a natureza cultivada,
construída, com visão de relação entre sujeitos: idéias de
infinitude e inesgotabilidade. Ex. Minamata.
• Na Austrália, a relação construída entre o terror e a beleza
pelos colonizadores: reação de rivalidade, dominação,
sentimentos de desprezo e hostilidade conciliados pela
busca de ganhos econômicos
Diferença de especificidades ambientais,
Falta de conhecimento e Devastação do território
Ausência de tentativas de compreender.
A reconciliação se deu com a formação da identidade do
australiano (1ª geração)
A relação estabelecida pelos aborígenes com a natureza
parte da idéia do homem integrante da natureza.
O que é denominado natureza para o colonizador é o
resultado de uma relação secular desta com os habitantes
nativos da Austrália que a modificava.
Estas relações são construídas pela sociedade com um
aspecto, ou uma leitura específica da natureza, de acordo
com imposições (ora econômicas, ora ambientais) e com
conflitos entre proteção da natureza e necessidades
econômicas dos países (sobressaem aspectos específicos).
6
O significado do simbólico e do imaginário para
compreensão das relações homem- natureza
A heterogeneidade do tempo, o simbólico e o imaginário
das populações se estruturam com: forma, intensidade e
finalidade variadas de acordo com as diferentes
experiências. As organizações culturais tem sistema
temporal, com base nos ritmos cósmicos.
As festas e rituais periódicos dos grupos culturais abrem
uma regeneração total do tempo (instauram um tempo
novo, recriação do tempo - através de cosmogonias).
O tempo mítico tem duas características: sua
repetibilidade e o “começo” do tempo. Todo
acontecimento que de fato tem sentido repetem gestos
revelados pelas divindades (criação da floresta).
Tornar atual um acontecimento mítico supõe a
regeneração, pode-se instaurar o recomeço (obter-se cura
ou reparação), o eterno retorno às origens
O papel do simbólico e das representações
mentais sobre a natureza
Existe uma grande confusão nos usos que se faz dos
termos relativos ao imaginário.
Há duas maneiras de representar o mundo pela
consciência: uma direta, outra indireta (o “objeto” ganha
forma de imagem).
São diferentes graus de imagens e representados por
diferentes símbolos (uso de signos, sinais, alegorias),
capazes de remeterem diretamente a mensagem desejada
(amplamente compreendida dentro de uma cultura),
muitas vezes remetem a uma realidade significada
complexa ou dificilmente apresentável.
7
O simbolismo é composto por estas coisas
ausentes, a imagem simbólica é a transfiguração
de uma representação concreta através de um
sentido abstrato (presente nos relatos).
As dimensões dos símbolos autênticos: é cósmico
(retira a figuração do mundo visível), onírico
(enraíza-se nas lembranças) e é poético (usa
linguagem – como é o caso da floresta)
(qualidades podem se dispersar em todo o
universo).
A necessidade de estudar o fato simbólico se
dá sob pena de alienação das realidades
locais, pois a proposta de recuperação das
matas ciliares e a adesão dos proprietários
rurais que se dá neste momento comporta
também significados, traz para cada um
símbolos (remete a uma imaginação simbólica)
que tem raízes culturais.
Implantadas as matas ciliares estas terão um
significado a partir de sua consciência direta,
que em contraponto ou aliada às questões
ligadas ao tempo concreto, as realidades
econômicas e sociais trarão alterações neste
significado da “nova Floresta” (recriada) das
micro-bacias.
8
A construção social da noção de natureza
Mudanças de atitude do homem em relação à natureza
entre 1500 e 1800 foi resultante de mudanças de leitura nos
fundamentos teológicos (animais e plantas foram criados
para servir ao homem) “Deus deu autoridade ao homem
sobre animais e plantas” - homem lugar central e
predominante no plano divino.
Iluminismo - tema central era a vitória do homem sobre a
natureza.
Apesar da força do cristianismo (Inglaterra) a propriedade
privada e a economia monetária foram responsáveis pelo
fim da “deificação da natureza” nas diversas partes do
mundo (não cristãs).
Cada pessoa deveria ter um ser inferior para humilhar (ser
superior).
Por volta de 1800, com a insuportável poluição
londrina inicia as controvérsias da relação do
homem com o ambiente.
Base em uma visão urbana que atribui valores
negativos ao ambiente urbano e qualificações
positivas ao do campo.
As casas de campo revalorizou a convivência com
a natureza (idealizando).
Só em fins do século 18 que o apreço pela
natureza selvagem começou a ganhar força
(status) entre aqueles que buscavam regeneração
espiritual.
9
A natureza enquanto paisagem, imagem e
memória
Paisagem, imagem e memória estão ligadas as recordações
e experiências vividas, recordações da infância, da
literatura preferida. O papel da educação na composição e
entendimento que tinha das árvores (passando pela
religião) são básicos.
A partir da memória, de lembranças inicia a
identificação da paisagem como obra da mente. Sendo as
paisagens resultantes de intervenção humana nos vários
sistemas naturais.
(“Éden” americano foram produzidos por séculos de
ocupação e de relação com os habitantes do local).
É com o olhar cultural, que uma paisagem é apreendida.
Dois caminhos: “novos mitos” para reparar
danos dos abusos praticados à natureza e
restaurar o equilíbrio entre o homem e os
outros organismos,
Ou
Buscar os velhos mitos, produtos de uma
cultura, de uma tradição (mitos, lembranças,
histórias e obsessões), pois estes podem ser
resgatados (exploração da herança cultural,
da memória pois nela estão indissociadas a
paisagem e a cultura.
10
Recuperar os veios e os mitos que nos unem a natureza
requer visão (não convencional).
Apesar das culturas relacionarem-se com a natureza e
paisagem de formas mais ou menos intensa, os mitos e
lembranças da paisagem partilham duas características
comuns: a permanência ao longo do tempo e a
capacidade de moldar instituições.
A junção entre homem e natureza indica que a paisagem
traz as possibilidades de resgatar a memória, os signos e
símbolos da memória.
Há a possibilidade de uma memória social mesmo com a
busca de inserção dos agricultores no mercado de
resgatar elementos de análise que aparecem de forma
sutil ou clara nas falas dos agricultores.
O oceano enquanto construção simbólica
O oceano era a imagem do desconhecido e de horrores
(imagens bíblicas): paraíso sem mar, como abismo do caos
pós-dilúvio.
As cosmologias faziam das navegações relação do mar com
os poderes demoníacos, loucura e tempestades reforçavam
essa imagem que convivia com a da imensidão da água,
germe da vida e espelho da morte.
As novas práticas se iniciaram através da contemplação
que foi reforçada pela teologia natural:
Mar é resultado das intenções divinas, holandeses
impuseram limites ao mar e conhecimento científico:
estabelecimento de nova leitura, novos usos do mar.
Novos significados e símbolos se estabeleceram, uma nova
“interpretação” passava a regular a relação da sociedade
com o mar.
11
O imaginário, os mitos e a conservação da
natureza
Muitas soluções ambientais partem de conceitos de natureza
que representam crenças e aspirações urbanas,
desconsiderando percepções e experiência de populações que
tem ligações mais próximas da terra e com o ambiente
natural ( que inclui os conhecimentos impostos através da
modernização da agricultura).
A natureza pode a ser concebida como um ‘estado de
transformações continuas’ (onde ocorrem mudanças
aleatórias e induzidas pelo homem).
Mitos: ecossistemas naturais não devem ser habitadas
(ligação com o início da humanidade) e a natureza deve ser
domada (superioridade tecnológica humana)
Muitas áreas nativas foram influenciadas por longo tempo
pelas atividades humanas (artefatos e habitat).
Neste aspecto a recuperação das matas ciliares pode ser
interpretada como a ação positiva no processo de
transformações contínuas onde a ação da sociedade e
dos produtores a ser realizada e continuada -
conservação posterior das florestas, com possibilidade
de uso econômico, quando planejados os sistemas de
agro-florestas.
A leitura sobre o ambiente está ligada à relação que se
estabelece com a natureza (experiência de gerações), a
natureza é complexa com significado simbólico e social e
são as demandas externas responsáveis por conflitos. As
mesmas terras são concebidas de formas diversas de
acordo com as relações e interesses dos grupos.
Maior desafio é domesticar o mito do entendimento da
separação entre natureza e seres humanos.
12
Mitos bioantropomórficos e a conservação da
natureza
Na Amazônia a distribuição e composição dos tipos de
floresta é resultado de milênios de ocupação que
transformaram profundamente a paisagem com uso de
estratégias capazes de manter os princípios de
funcionamento: usando uma diversidade de saberes e
técnicas de extensão variadas, baseados em crenças e
mitos.
Cosmologias amazônicas: diferenças entre homem,
plantas e animais são de grau, não de natureza; plantas e
animais possuem alma (sociabilidade sutil- a natureza é
sujeito de uma relação social) e identidades são
contextuais, são situações onde identidades são
determinadas de forma relacional.
O conhecimento das inter-relações complexas dos organismos é
aplicado para subsistência.
O pressuposto naturalista (princípio cosmológico – a
natureza existe) faz a idéia da natureza como construção
social um grande desafio. Apesar das diferentes funções
simbólicas, o traço antropocêntrico é o referencial para as
conceitualizações em diferentes modelos, mas que operam
com identidades culturalmente elaboradas.
“Existindo por si próprias ou definidas do exterior,
produzidas pelo homem ou somente por eles percebidas,
materiais ou imateriais, as entidades que constituem nosso
universo só possuem um sentido e uma identidade através
das relações que instituem enquanto tais”.
Daí, a importância da adesão dos proprietários ao PRMC
estar associada a alguma participação mais efetiva, criando
uma relação direta, um vínculo com a área de mata ciliar a
ser estabelecida (desde a discussão do modelo e das
possibilidades de espécies em cada modelo).
13
Os neo-mitos e a conservação da natureza
Princípios, estratégias, modelos e enfoques sobre conservação da
natureza partem de conceitos distintos, de uma oposição entre
culturalismo e naturalismo.
No novo naturalismo (ativo) o homem produz o meio sendo também
produto dele; a natureza faz parte da história e a relação com a
natureza é realizada coletivamente (sociedade pertence à natureza,
faz parte e é criação desta); este novo naturalismo dá palavra a cada
cultura.
o entendimento da importância da diferenciação dos mitos, de
suas polilógicas, dos símbolos e de suas recriações, da coexistência
de mitos e neomitos antagônicos na relação entre sociedade e
natureza. A ação intencional do homem sobre a natureza pressupõe:
representação de idéias, organização e legitimação desta relação,
tipos de exploração (dependem das formas das relações sociais),
intencionalidades, objetivos de produção material e social
(representações, símbolos e mitos).
Atitudes que favorecem populações urbanas
fundamentadas em neomitos, em detrimento de
saberes e de tradições de usos sustentáveis e
eqüitativos, geram conflitos e agravam a
despossessão de conhecimentos com afirmação do
poder da ciência e aumento das desigualdades
sociais.
Assim se coloca a necessidade de integrar o
etnoconhecimento das populações tradicionais nos
planos de manejo (nas tomadas de decisões) e a
valorização da concepção integrada do mundo e
redefinição das relações atuais do homem com a
natureza.
14
Considerações
É necessário assegurar o entendimentos: quais são os
saberes e as tradições sustentáveis nos grupos locais,
compreender a forma como estes saberes foram
transformados com o avanço tecnológico (identificação
das relações criadas) e encontrar o caminho para a
transformação das relações locais da sociedade com a
natureza (com uma floresta em sua paisagem).
A participação e a importância da água se destaca nos
mitos (sinais). A água como sagrada, fonte de vida,
símbolo de pureza e elemento forte, capaz de dissolver,
eliminar o mal são mitos que dão significado especial a
este elemento da natureza. Como este mito concreto já
identificado pode ser resgatado com a floresta?
Considerações
Que imagens, noções, imaginário, representações
e memória existem nestes agricultores sobre a
mata? Para além da questão da água, da área de
produção? Quais símbolos, mitos podem
comportar a nova paisagem?
Algum cuidado nesta linha de investigação pode
clarear as relações que estão por se estabelecer
visando a conservação das matas recuperadas em
unidades de agricultura familiar e uma visão
positiva dos projetos demonstrativos do PRMC.
15
Bibliografia
CHABARIBERY, D. Inovação e desigualdade no desenvolvimento da agricultura
paulista. São Paulo: IEA. 1999.
CHABARIBERY, D. et all Projeto de pesquisa: Estudos de Avaliação Socioeconômica
de título: Avaliação dos Impactos nas Comunidades Locais em Projetos Pilotos para a
Recuperação de Matas Ciliares. PRMC, São Paulo, IEA/SMA, 2006.
• BOURG, D. Os sentimentos da natureza, Instituto Piaget, Lisboa, (Japão e
Austrália), 1997.
• ELIADE, M. Tratado de História das Religiões, ed. ASA, cap XI O tempo
sagrado e o mito do eterno recomeço.
• DURAND,G. A imaginação simbólica, Ed.Cultrix, 1988 Introdução - O
Vocabulário do Simbolismo.
• TOMAS, Keith O homem e o mundo natural, Cia das Letras, SP, 1983, caps 1 e 6
• SCHAMA, S. Paisagem e Memória, Cia das Letras, SP, 1995, Introdução.
• CORBAIN, A. O território do vazio: a praia e o imaginário ocidental, Cia das
Letras, 1989. Cap.1 e 2
• GOMES-POMPA: Domesticando o mito da natureza selvagem, in
Etnoconservação, NUPAUB, p.125.
• DESCOLA, P. Ecologia e Cosmologia, in CASTRO, E e PINTON, F. Faces do
Trópico Úmido, Cejup, Belém, 1997.
• DIEGUES, A. O mito moderno da natureza intocada, Nupaub Hucitec, 1996,
(cap. 1-5).

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Agricultura familiar e os elementos que compõem a relação homem natureza

  • 1. 1 Agricultura Familiar e os elementos que compõe as concepções da relação homem natureza. Ana Victória Vieira Martins Monteiro Denyse Chabaribery Instituto de Economia Agrícola APTA/SAA Componente 1: Políticas Públicas Sub-projeto:Avaliação do Processo de Implantação de Projetos Demonstrativos para a Recuperação de Matas Ciliares Este projeto considera um dos principais conflitos na implantação de projetos de recuperação de matas ciliares a baixa receptividade inicial : • pela necessidade de dispor uma parte de suas áreas que passaria a ser demandante de recursos no plantio e na manutenção da floresta ciliar, ao invés de gerar renda em outras explorações.
  • 2. 2 Nestas condições e necessidades de preparar os produtores rurais para a adesão resultou na metodologia de acompanhamento para avaliar as ações implementadas pelo PRMC para tornar-se: • um instrumento para a gestão do projeto, • fornecer subsídio seguro à expansão das atividades na segunda fase do projeto. Os objetivos da avaliação de impactos nas comunidades locais são: • estabelecer sistema de acompanhamento e avaliação socioeconômica nas microbacias hidrográficas • realizar a avaliação quantitativa (indicadores) e • qualitativa dos impactos sociais e econômicos Enfim: comparar um padrão almejado com a realidade, ou o que ocorrerá como conseqüência da atividade. Para análise da adesão dos produtores ao PRMC é importante considerar além dos objetivos do PRMC: • Os diferentes níveis de organização social e • Participação da população em propostas inovadoras Aumenta a necessidade de compreender as concepções, as leituras, ou imagens que as comunidades tem da natureza e sobre a qual estabelecem suas relações.
  • 3. 3 A relação homem-natureza Importante entender as relações que o agricultor estabelece com a natureza. As concepções (cultura) que é responsável pela relação e influencia na forma de interação com a natureza e seu entorno. Alguns agricultores familiares podem pertencer a uma comunidade tradicional, mas, em geral, já passaram por um processo que os tem distanciado de um “saber tradicional”. Porém, sua identidade e suas relações ainda estão baseadas em tradições. • É importante identificar o contexto cultural no qual as relações se estabelecem; • se são mantidos vínculos fortes com as tradições, ou • em que grau essas ligações estão mais desgastadas pelo processo de modernização. Considerando que no processo de modernização conservadora a AF, se insere precariamente no mercado, e carrega a busca por margens de lucro que viabilizem sua manutenção na agricultura conflito entre a conservação do meio ambiente e a produção.
  • 4. 4 Resgatar junto ao agricultor/comunidades rurais, a integração/identificação que mantinham com o meio é possível. Precisamos compreender em cada caso é: • como o agricultor se insere, • quais as representações simbólicas da natureza ele conservou. • identificar os fatores que alteraram estas relações • as possibilidades de recuperar/recriar os saberes tradicionais • Se existem formas de restabelecer uma concepção de integração entre o produtor e a natureza. Elementos que compõe as concepções de natureza Disciplina: Imagens da Natureza: representações simbólicas do mundo natural – Prof. Dr. Antonio Carlos Diegues, PROCAM – USP • História ecológica das relações entre sociedade e ecossistemas e as representações simbólicas • O significado do simbólico e do imaginário para compreensão das relações homem- natureza • O papel do simbólico e das representações mentais sobre a natureza • A construção social da noção de natureza • A natureza enquanto paisagem, imagem e memória • O oceano enquanto construção simbólica • O imaginário, os mitos e a conservação da natureza • Mitos bioantropomórficos e a conservação da natureza • Os neo-mitos e a conservação da natureza
  • 5. 5 História ecológica das relações entre sociedade e ecossistemas e as representações simbólicas • Ex. Japão – apego seletivo à natureza Visão de natureza como valor supremo, concebida como o próprio equilíbrio, que pode ser criado e idealizado (abre espaço para a destruição seletiva da natureza) Natureza: independente, tem fugacidade (budismo). Relação forte com a natureza, mas com a natureza cultivada, construída, com visão de relação entre sujeitos: idéias de infinitude e inesgotabilidade. Ex. Minamata. • Na Austrália, a relação construída entre o terror e a beleza pelos colonizadores: reação de rivalidade, dominação, sentimentos de desprezo e hostilidade conciliados pela busca de ganhos econômicos Diferença de especificidades ambientais, Falta de conhecimento e Devastação do território Ausência de tentativas de compreender. A reconciliação se deu com a formação da identidade do australiano (1ª geração) A relação estabelecida pelos aborígenes com a natureza parte da idéia do homem integrante da natureza. O que é denominado natureza para o colonizador é o resultado de uma relação secular desta com os habitantes nativos da Austrália que a modificava. Estas relações são construídas pela sociedade com um aspecto, ou uma leitura específica da natureza, de acordo com imposições (ora econômicas, ora ambientais) e com conflitos entre proteção da natureza e necessidades econômicas dos países (sobressaem aspectos específicos).
  • 6. 6 O significado do simbólico e do imaginário para compreensão das relações homem- natureza A heterogeneidade do tempo, o simbólico e o imaginário das populações se estruturam com: forma, intensidade e finalidade variadas de acordo com as diferentes experiências. As organizações culturais tem sistema temporal, com base nos ritmos cósmicos. As festas e rituais periódicos dos grupos culturais abrem uma regeneração total do tempo (instauram um tempo novo, recriação do tempo - através de cosmogonias). O tempo mítico tem duas características: sua repetibilidade e o “começo” do tempo. Todo acontecimento que de fato tem sentido repetem gestos revelados pelas divindades (criação da floresta). Tornar atual um acontecimento mítico supõe a regeneração, pode-se instaurar o recomeço (obter-se cura ou reparação), o eterno retorno às origens O papel do simbólico e das representações mentais sobre a natureza Existe uma grande confusão nos usos que se faz dos termos relativos ao imaginário. Há duas maneiras de representar o mundo pela consciência: uma direta, outra indireta (o “objeto” ganha forma de imagem). São diferentes graus de imagens e representados por diferentes símbolos (uso de signos, sinais, alegorias), capazes de remeterem diretamente a mensagem desejada (amplamente compreendida dentro de uma cultura), muitas vezes remetem a uma realidade significada complexa ou dificilmente apresentável.
  • 7. 7 O simbolismo é composto por estas coisas ausentes, a imagem simbólica é a transfiguração de uma representação concreta através de um sentido abstrato (presente nos relatos). As dimensões dos símbolos autênticos: é cósmico (retira a figuração do mundo visível), onírico (enraíza-se nas lembranças) e é poético (usa linguagem – como é o caso da floresta) (qualidades podem se dispersar em todo o universo). A necessidade de estudar o fato simbólico se dá sob pena de alienação das realidades locais, pois a proposta de recuperação das matas ciliares e a adesão dos proprietários rurais que se dá neste momento comporta também significados, traz para cada um símbolos (remete a uma imaginação simbólica) que tem raízes culturais. Implantadas as matas ciliares estas terão um significado a partir de sua consciência direta, que em contraponto ou aliada às questões ligadas ao tempo concreto, as realidades econômicas e sociais trarão alterações neste significado da “nova Floresta” (recriada) das micro-bacias.
  • 8. 8 A construção social da noção de natureza Mudanças de atitude do homem em relação à natureza entre 1500 e 1800 foi resultante de mudanças de leitura nos fundamentos teológicos (animais e plantas foram criados para servir ao homem) “Deus deu autoridade ao homem sobre animais e plantas” - homem lugar central e predominante no plano divino. Iluminismo - tema central era a vitória do homem sobre a natureza. Apesar da força do cristianismo (Inglaterra) a propriedade privada e a economia monetária foram responsáveis pelo fim da “deificação da natureza” nas diversas partes do mundo (não cristãs). Cada pessoa deveria ter um ser inferior para humilhar (ser superior). Por volta de 1800, com a insuportável poluição londrina inicia as controvérsias da relação do homem com o ambiente. Base em uma visão urbana que atribui valores negativos ao ambiente urbano e qualificações positivas ao do campo. As casas de campo revalorizou a convivência com a natureza (idealizando). Só em fins do século 18 que o apreço pela natureza selvagem começou a ganhar força (status) entre aqueles que buscavam regeneração espiritual.
  • 9. 9 A natureza enquanto paisagem, imagem e memória Paisagem, imagem e memória estão ligadas as recordações e experiências vividas, recordações da infância, da literatura preferida. O papel da educação na composição e entendimento que tinha das árvores (passando pela religião) são básicos. A partir da memória, de lembranças inicia a identificação da paisagem como obra da mente. Sendo as paisagens resultantes de intervenção humana nos vários sistemas naturais. (“Éden” americano foram produzidos por séculos de ocupação e de relação com os habitantes do local). É com o olhar cultural, que uma paisagem é apreendida. Dois caminhos: “novos mitos” para reparar danos dos abusos praticados à natureza e restaurar o equilíbrio entre o homem e os outros organismos, Ou Buscar os velhos mitos, produtos de uma cultura, de uma tradição (mitos, lembranças, histórias e obsessões), pois estes podem ser resgatados (exploração da herança cultural, da memória pois nela estão indissociadas a paisagem e a cultura.
  • 10. 10 Recuperar os veios e os mitos que nos unem a natureza requer visão (não convencional). Apesar das culturas relacionarem-se com a natureza e paisagem de formas mais ou menos intensa, os mitos e lembranças da paisagem partilham duas características comuns: a permanência ao longo do tempo e a capacidade de moldar instituições. A junção entre homem e natureza indica que a paisagem traz as possibilidades de resgatar a memória, os signos e símbolos da memória. Há a possibilidade de uma memória social mesmo com a busca de inserção dos agricultores no mercado de resgatar elementos de análise que aparecem de forma sutil ou clara nas falas dos agricultores. O oceano enquanto construção simbólica O oceano era a imagem do desconhecido e de horrores (imagens bíblicas): paraíso sem mar, como abismo do caos pós-dilúvio. As cosmologias faziam das navegações relação do mar com os poderes demoníacos, loucura e tempestades reforçavam essa imagem que convivia com a da imensidão da água, germe da vida e espelho da morte. As novas práticas se iniciaram através da contemplação que foi reforçada pela teologia natural: Mar é resultado das intenções divinas, holandeses impuseram limites ao mar e conhecimento científico: estabelecimento de nova leitura, novos usos do mar. Novos significados e símbolos se estabeleceram, uma nova “interpretação” passava a regular a relação da sociedade com o mar.
  • 11. 11 O imaginário, os mitos e a conservação da natureza Muitas soluções ambientais partem de conceitos de natureza que representam crenças e aspirações urbanas, desconsiderando percepções e experiência de populações que tem ligações mais próximas da terra e com o ambiente natural ( que inclui os conhecimentos impostos através da modernização da agricultura). A natureza pode a ser concebida como um ‘estado de transformações continuas’ (onde ocorrem mudanças aleatórias e induzidas pelo homem). Mitos: ecossistemas naturais não devem ser habitadas (ligação com o início da humanidade) e a natureza deve ser domada (superioridade tecnológica humana) Muitas áreas nativas foram influenciadas por longo tempo pelas atividades humanas (artefatos e habitat). Neste aspecto a recuperação das matas ciliares pode ser interpretada como a ação positiva no processo de transformações contínuas onde a ação da sociedade e dos produtores a ser realizada e continuada - conservação posterior das florestas, com possibilidade de uso econômico, quando planejados os sistemas de agro-florestas. A leitura sobre o ambiente está ligada à relação que se estabelece com a natureza (experiência de gerações), a natureza é complexa com significado simbólico e social e são as demandas externas responsáveis por conflitos. As mesmas terras são concebidas de formas diversas de acordo com as relações e interesses dos grupos. Maior desafio é domesticar o mito do entendimento da separação entre natureza e seres humanos.
  • 12. 12 Mitos bioantropomórficos e a conservação da natureza Na Amazônia a distribuição e composição dos tipos de floresta é resultado de milênios de ocupação que transformaram profundamente a paisagem com uso de estratégias capazes de manter os princípios de funcionamento: usando uma diversidade de saberes e técnicas de extensão variadas, baseados em crenças e mitos. Cosmologias amazônicas: diferenças entre homem, plantas e animais são de grau, não de natureza; plantas e animais possuem alma (sociabilidade sutil- a natureza é sujeito de uma relação social) e identidades são contextuais, são situações onde identidades são determinadas de forma relacional. O conhecimento das inter-relações complexas dos organismos é aplicado para subsistência. O pressuposto naturalista (princípio cosmológico – a natureza existe) faz a idéia da natureza como construção social um grande desafio. Apesar das diferentes funções simbólicas, o traço antropocêntrico é o referencial para as conceitualizações em diferentes modelos, mas que operam com identidades culturalmente elaboradas. “Existindo por si próprias ou definidas do exterior, produzidas pelo homem ou somente por eles percebidas, materiais ou imateriais, as entidades que constituem nosso universo só possuem um sentido e uma identidade através das relações que instituem enquanto tais”. Daí, a importância da adesão dos proprietários ao PRMC estar associada a alguma participação mais efetiva, criando uma relação direta, um vínculo com a área de mata ciliar a ser estabelecida (desde a discussão do modelo e das possibilidades de espécies em cada modelo).
  • 13. 13 Os neo-mitos e a conservação da natureza Princípios, estratégias, modelos e enfoques sobre conservação da natureza partem de conceitos distintos, de uma oposição entre culturalismo e naturalismo. No novo naturalismo (ativo) o homem produz o meio sendo também produto dele; a natureza faz parte da história e a relação com a natureza é realizada coletivamente (sociedade pertence à natureza, faz parte e é criação desta); este novo naturalismo dá palavra a cada cultura. o entendimento da importância da diferenciação dos mitos, de suas polilógicas, dos símbolos e de suas recriações, da coexistência de mitos e neomitos antagônicos na relação entre sociedade e natureza. A ação intencional do homem sobre a natureza pressupõe: representação de idéias, organização e legitimação desta relação, tipos de exploração (dependem das formas das relações sociais), intencionalidades, objetivos de produção material e social (representações, símbolos e mitos). Atitudes que favorecem populações urbanas fundamentadas em neomitos, em detrimento de saberes e de tradições de usos sustentáveis e eqüitativos, geram conflitos e agravam a despossessão de conhecimentos com afirmação do poder da ciência e aumento das desigualdades sociais. Assim se coloca a necessidade de integrar o etnoconhecimento das populações tradicionais nos planos de manejo (nas tomadas de decisões) e a valorização da concepção integrada do mundo e redefinição das relações atuais do homem com a natureza.
  • 14. 14 Considerações É necessário assegurar o entendimentos: quais são os saberes e as tradições sustentáveis nos grupos locais, compreender a forma como estes saberes foram transformados com o avanço tecnológico (identificação das relações criadas) e encontrar o caminho para a transformação das relações locais da sociedade com a natureza (com uma floresta em sua paisagem). A participação e a importância da água se destaca nos mitos (sinais). A água como sagrada, fonte de vida, símbolo de pureza e elemento forte, capaz de dissolver, eliminar o mal são mitos que dão significado especial a este elemento da natureza. Como este mito concreto já identificado pode ser resgatado com a floresta? Considerações Que imagens, noções, imaginário, representações e memória existem nestes agricultores sobre a mata? Para além da questão da água, da área de produção? Quais símbolos, mitos podem comportar a nova paisagem? Algum cuidado nesta linha de investigação pode clarear as relações que estão por se estabelecer visando a conservação das matas recuperadas em unidades de agricultura familiar e uma visão positiva dos projetos demonstrativos do PRMC.
  • 15. 15 Bibliografia CHABARIBERY, D. Inovação e desigualdade no desenvolvimento da agricultura paulista. São Paulo: IEA. 1999. CHABARIBERY, D. et all Projeto de pesquisa: Estudos de Avaliação Socioeconômica de título: Avaliação dos Impactos nas Comunidades Locais em Projetos Pilotos para a Recuperação de Matas Ciliares. PRMC, São Paulo, IEA/SMA, 2006. • BOURG, D. Os sentimentos da natureza, Instituto Piaget, Lisboa, (Japão e Austrália), 1997. • ELIADE, M. Tratado de História das Religiões, ed. ASA, cap XI O tempo sagrado e o mito do eterno recomeço. • DURAND,G. A imaginação simbólica, Ed.Cultrix, 1988 Introdução - O Vocabulário do Simbolismo. • TOMAS, Keith O homem e o mundo natural, Cia das Letras, SP, 1983, caps 1 e 6 • SCHAMA, S. Paisagem e Memória, Cia das Letras, SP, 1995, Introdução. • CORBAIN, A. O território do vazio: a praia e o imaginário ocidental, Cia das Letras, 1989. Cap.1 e 2 • GOMES-POMPA: Domesticando o mito da natureza selvagem, in Etnoconservação, NUPAUB, p.125. • DESCOLA, P. Ecologia e Cosmologia, in CASTRO, E e PINTON, F. Faces do Trópico Úmido, Cejup, Belém, 1997. • DIEGUES, A. O mito moderno da natureza intocada, Nupaub Hucitec, 1996, (cap. 1-5).