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FILOSOFIA Aula 7  Descartes e o racionalismo
   Surrealismo Sobre a Imagem O que estou vendo? Num cenário aparentemente normal, uma chuva de homens de chapéu-coco. 2. Quem fez esta imagem? Quando? René Magritte (pintor surrealista), em 1953.  3. Qual o meio utilizado para criá-la? A pintura.  4. Que tipo de impressões ou sentimentos ela desperta? Causa estranhamento, sonho, pesadelo, ideia de não realidade, etc. 5. Qual a importância de conhecer esta imagem? Uma possibilidade é dizer que o estranhamento nos faz repensar a  realidade dita “normal”. “Surrealismo, substantivo. Automatismo puramente físico através do qual se pretende expressar, verbalmente, por escrito ou de outra forma, a verdadeira função do pensamento. Pensamento ditado na ausência de qualquer controle manifestado pela razão, e fora de quaisquer preocupações estéticas e morais.”  (André Breton, Primeiro Manifesto do Surrealismo, 1924.)
	O pensador francês René Descartes (1596 – 1650) propôs um sistema filosófico – ou seja, um conjunto coerente de conhecimentos – que tornava possíveis respostas para todas as questões filosóficas. Antes de Descartes, na Grécia antiga, Platão e Aristóteles haviam criado sistemas que foram atualizados, na Idade Média, por Santo Agostinho (séculos IV – V) e, sobretudo, por São Tomás de Aquino (século XIII), ambos sob a influência do cristianismo. Com a verdadeira revolução científica que foi o Renascimento – e que resultou em novas formas de ver e interpretar o mundo –, surgiu a possibilidade de desenvolvimento de um novo sistema. 	Os avanços espetaculares na explicação do mundo por parte das ciências naturais (que culminaram com Newton no final do século XVII) suscitaram o questionamento: seria possível atingir, no conhecimento filosófico, o mesmo grau de certeza das ciências naturais? Se o universo era descrito como um mecanismo sofisticado, cujo funcionamento parecia cada vez mais evidente para a razão humana, não poderia ocorrer o mesmo com a alma? Não haveria uma explicação completa para o funcionamento do ser humano, para além do corpo material? Qual seria a relação entre corpo e alma? Tais questões foram abordadas por Descartes. René Descartes
O ponto de partida de Descartes na busca por um conhecimento verdadeiro foi o chamado princípio da dúvida: deveríamos desconfiar não apenas do saber passado, mas também daquilo que nos é oferecido pelos sentidos. Cada objeto do mundo material se apresenta de forma tão diversa e tão mutante diante de nós, que se torna temerário basear-se somente nos sentidos para se chegar a qualquer conclusão definitiva. Em outras palavras, deve-se duvidar de toda idéia que pode ser posta em dúvida. A realidade percebida pelos sentidos é enganosa “e é de prudência nunca se fiar inteiramente em quem já nos enganou uma vez” (Meditações, I, 3). O princípio da dúvida
Além disso, nunca podemos ter certeza de estar vivendo uma experiência real ou de estar apenas sonhando. Descartes utilizou um exemplo para explicar as mutações dos objetos do mundo material: um pedaço de cera que acabou de ser retirado de uma colméia é doce, tem ainda o perfume das flores de onde foi colhido; é duro, frio e produz um determinado som quando nele batemos. Conforme aproximamos o pedaço de cera do fogo, seu odor desaparece, sua forma e cor se modificam e ele acaba se transformando em líquido e pode esquentar até que não possamos mais tocá-lo. Ainda é cera, mas os sentidos a percebem de maneira completamente diferente. Essa percepção da natureza da cera, que se apresenta de forma tão diversa, é fruto da faculdade de entender, que se encontra dentro de cada sujeito. O princípio da dúvida
Penso, logo existo. 	Uma vez que somos capazes de duvidar de tudo e de todos, a única certeza absolutamente incontestável é justamente a nossa capacidade de duvidar. Essa capacidade é fruto da razão; portanto, a única certeza que temos, e que nos define enquanto indivíduos, é nossa capacidade de pensar. O pensamento existe, e como não pode ser separado do indivíduo, o indivíduo também existe. Essa formulação foi resumida na famosa expressão de Descartes: “penso, logo existo” (em latim, “cogito ergo sum”).
	Uma decorrência dessa formulação é a crença de que o Eu pensante é mais real do que o mundo físico. Em outras palavras, a formulação que funda todo o conhecimento verdadeiro tem origem metafísica (ou seja, está além da física): trata-se da descoberta da alma por si mesma. Assim, a expressão “eu sou, eu existo” é necessariamente verdadeira e incontestável a partir do momento em que foi enunciada. Ela é verdadeira porque existe um sujeito pensante capaz de dizê-la. 	Da mesma maneira que o homem pode conceber a si mesmo, ele também pode conceber deus, e esta seria uma prova de sua existência: se concebemos um ser perfeito, ele necessariamente existe, uma vez que não existir seria uma imperfeição. É por isso que a existência das coisas guarda relação com a proximidade que elas têm do pensamento. Dessa forma, a existência dos objetos materiais – por exemplo, uma mesa, uma cadeira (mas também o sol ou a lua) – não seria comprovada pela forma como os percebemos pelos sentidos, mas pelo fato de possuírem propriedades quantitativas que podem ser medidas e expressas racionalmente em relações matemáticas, como comprimento, largura, altura. Deus, o ser perfeito, não nos engana: ele é a garantia de que as relações matemáticas do mundo material correspondem a coisas concretas.
	Descartes dedicou-se ao estudo das relações entre as formas, no campo da geometria (você deve conhecer o sistema de coordenadas cartesianas). A matemática, que decompõe problemas complexos em partes menores e os resolve um de cada vez, era vista por Descartes como exemplo de método racional. 	Da mesma maneira que os complexos problemas da matemática, os objetos materiais (ou seja, aqueles que têm extensão, que ocupam espaço) também podem ser decompostos em partes menores, mas a alma (ou o pensamento) não: uma vez que é consciência pura, não ocupa lugar no espaço. 	Mesmo reconhecendo que o homem é um ser duplo – ao mesmo tempo corpo e alma, ou seja, extensão e consciência –, Descartes instaurou a separação entre matéria e pensamento. Sendo assim, o sujeito consciente se opõe ao objeto, àquilo que é conhecido. Descartes foi o fundador da Filosofia do Eu ou Filosofia do sujeito, segundo a qual todo conhecimento é visto como originário de uma elaboração individual. O método racional
O pensamento de Descartes retoma a tradição do racionalismo, cujas origens remontam a Platão e que se funda na idéia de o saber se originar na razão, que antecede e explica todo o real. Tal concepção teve profunda influência no pensamento filosófico ocidental, embora questionada, ainda no século XVI, pela escola do empirismo, que estudaremos na próxima aula.
Na segunda parte do Discurso do Método, Descartes enumera quatro preceitos que devem conduzir a ciência. Acompanhemos o texto do filósofo: O primeiro era o de jamais acolher alguma coisa como verdadeira que eu não conhecesse evidentemente como tal; isto é, de evitar cuidadosamente a precipitação e a prevenção, e de nada incluir em meus juízos que não se apresentasse tão clara e tão distintamente a meu espírito, que eu não tivesse nenhuma ocasião de pô-lo em dúvida. O segundo, o de dividir cada uma das dificuldades que eu examinasse em tantas parcelas quantas possíveis e quantas necessárias fossem para melhor resolvê-las. O terceiro, o de conduzir por ordem meus pensamentos, começando pelos objetos mais simples e mais fáceis de conhecer, para subir, pouco, como por degraus, até o conhecimento dos mais compostos, e supondo mesmo uma ordem entre os que não se precedem naturalmente uns aos outros. E o último, o de fazer em toda parte enumerações tão completas e revisões tão gerais, que eu tivesse a certeza de nada omitir. (DESCARTES, 1962)
	A primeira regra, também conhecida por “regra da evidência”, sintetiza um ponto muito importante na filosofia cartesiana. Descartes entende que a razão é uma capacidade que o homem possui para examinar os dados que os sentidos captam. Nisto ele não se distingue de filósofos anteriores. Mas, Descartes também pensa que a verdade e a certeza são condições sem as quais um homem não pode dizer que possui conhecimento. O filósofo foi educado em La Flèche, uma escola jesuíta que reunia o que havia de melhor em termos de Metafísica e Teologia do século XVII. Por meio dessa instrução, Descartes pôde exercitar-se durante anos em investigações metafísicas oriundas da Idade Média cujas teses e argumentos são, em sua maior parte, raciocínios prováveis. É contra esse tipo de procedimento que o método cartesiano ganha força. Para Descartes é importante rejeitar todos os juízos, demonstrações e dados que não possam ser tidos como verdadeiros e indubitáveis. Quando Descartes recomenda a certeza ele pensa naquela “luz natural” que cada homem possui, permitindo-lhe “intuir” (no sentido preciso de ver) a verdade de cada coisa. Veja como o filósofo delineia o método que orienta essa “visão mental”: Todo método consiste inteiramente em ordenar e em agrupar os objetos nos quais deveremos concentrar o nosso poder mental se pretendermos descobrir alguma verdade. Seguiremos este método com exatidão se desse início reduzirmos as questões complicadas e obscuras, substituindo- as, passo a passo, por outras mais simples e depois, começando pela intuição das mais simples de todas, tentarmos conhecer todas as outras, através dos mesmos processos. (in: COTTINGHAM, 1989)
Você pode aplicar esse método no estudo de qualquer coisa, mas não deixe de atentar para o seguinte: a mensagem de Descartes é que sua razão segue um passo que vai do simples ao complexo por meio de graus de entendimento na matéria. Além disso, o trecho acima revela que o entendimento é uma espécie de visão mental, ou intuição, termo redefinido por Descartes e cujo significado não pode ser confundido com a tradição aristotélica. Em Descartes intuição é uma capacidade análoga à faculdade da visão. A clareza que o entendimento busca é uma capacidade de ver mentalmente as estruturas e qualidades dos corpos existentes, do mesmo modo que a projeção de mais luz sobre um corpo permite uma visão mais detalhada e precisa desse corpo.
Dividir a dificuldade, ir do simples ao complexo, efetuar enumerações completas, é o que observa rigorosamente o geômetra quando analisa um problema em suas incógnitas, estabelece e resolve suas  equações. A originalidade de Descartes consiste em ter determinado, de forma por assim dizer canônica, essas regras de manipulação que somente se esboçam em seus contemporâneos na sua aplicação particular às  grandezas, e de havê-las ao mesmo tempo oposto e substituído à Lógica da Escola, na qual vê apenas um instrumento de Retórica, inutilmente sofisticado. (DESCARTES, 1962)
	Como se vê, o método cartesiano é uma projeção de princípios e regras que orientam o raciocínio matemático-geométrico. A terceira e quarta regras, respectivamente, apenas confirmam um procedimento de resolução de problemas na geometria: as linhas e as figuras simples estão contidas nas compostas, etc.
Exercícios Responder as questões 1, 2 e 3.    (em sala) Fazer a tarefa mínima e a tarefa complementar.   (em sala) Fazer a leitura complementar.    (em casa) As atividades serão vistadas na próxima aula e valem nota.

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Filosofia de Descartes e o método racional

  • 1. FILOSOFIA Aula 7 Descartes e o racionalismo
  • 2.
  • 3. Surrealismo Sobre a Imagem O que estou vendo? Num cenário aparentemente normal, uma chuva de homens de chapéu-coco. 2. Quem fez esta imagem? Quando? René Magritte (pintor surrealista), em 1953. 3. Qual o meio utilizado para criá-la? A pintura. 4. Que tipo de impressões ou sentimentos ela desperta? Causa estranhamento, sonho, pesadelo, ideia de não realidade, etc. 5. Qual a importância de conhecer esta imagem? Uma possibilidade é dizer que o estranhamento nos faz repensar a realidade dita “normal”. “Surrealismo, substantivo. Automatismo puramente físico através do qual se pretende expressar, verbalmente, por escrito ou de outra forma, a verdadeira função do pensamento. Pensamento ditado na ausência de qualquer controle manifestado pela razão, e fora de quaisquer preocupações estéticas e morais.” (André Breton, Primeiro Manifesto do Surrealismo, 1924.)
  • 4. O pensador francês René Descartes (1596 – 1650) propôs um sistema filosófico – ou seja, um conjunto coerente de conhecimentos – que tornava possíveis respostas para todas as questões filosóficas. Antes de Descartes, na Grécia antiga, Platão e Aristóteles haviam criado sistemas que foram atualizados, na Idade Média, por Santo Agostinho (séculos IV – V) e, sobretudo, por São Tomás de Aquino (século XIII), ambos sob a influência do cristianismo. Com a verdadeira revolução científica que foi o Renascimento – e que resultou em novas formas de ver e interpretar o mundo –, surgiu a possibilidade de desenvolvimento de um novo sistema. Os avanços espetaculares na explicação do mundo por parte das ciências naturais (que culminaram com Newton no final do século XVII) suscitaram o questionamento: seria possível atingir, no conhecimento filosófico, o mesmo grau de certeza das ciências naturais? Se o universo era descrito como um mecanismo sofisticado, cujo funcionamento parecia cada vez mais evidente para a razão humana, não poderia ocorrer o mesmo com a alma? Não haveria uma explicação completa para o funcionamento do ser humano, para além do corpo material? Qual seria a relação entre corpo e alma? Tais questões foram abordadas por Descartes. René Descartes
  • 5. O ponto de partida de Descartes na busca por um conhecimento verdadeiro foi o chamado princípio da dúvida: deveríamos desconfiar não apenas do saber passado, mas também daquilo que nos é oferecido pelos sentidos. Cada objeto do mundo material se apresenta de forma tão diversa e tão mutante diante de nós, que se torna temerário basear-se somente nos sentidos para se chegar a qualquer conclusão definitiva. Em outras palavras, deve-se duvidar de toda idéia que pode ser posta em dúvida. A realidade percebida pelos sentidos é enganosa “e é de prudência nunca se fiar inteiramente em quem já nos enganou uma vez” (Meditações, I, 3). O princípio da dúvida
  • 6. Além disso, nunca podemos ter certeza de estar vivendo uma experiência real ou de estar apenas sonhando. Descartes utilizou um exemplo para explicar as mutações dos objetos do mundo material: um pedaço de cera que acabou de ser retirado de uma colméia é doce, tem ainda o perfume das flores de onde foi colhido; é duro, frio e produz um determinado som quando nele batemos. Conforme aproximamos o pedaço de cera do fogo, seu odor desaparece, sua forma e cor se modificam e ele acaba se transformando em líquido e pode esquentar até que não possamos mais tocá-lo. Ainda é cera, mas os sentidos a percebem de maneira completamente diferente. Essa percepção da natureza da cera, que se apresenta de forma tão diversa, é fruto da faculdade de entender, que se encontra dentro de cada sujeito. O princípio da dúvida
  • 7. Penso, logo existo. Uma vez que somos capazes de duvidar de tudo e de todos, a única certeza absolutamente incontestável é justamente a nossa capacidade de duvidar. Essa capacidade é fruto da razão; portanto, a única certeza que temos, e que nos define enquanto indivíduos, é nossa capacidade de pensar. O pensamento existe, e como não pode ser separado do indivíduo, o indivíduo também existe. Essa formulação foi resumida na famosa expressão de Descartes: “penso, logo existo” (em latim, “cogito ergo sum”).
  • 8. Uma decorrência dessa formulação é a crença de que o Eu pensante é mais real do que o mundo físico. Em outras palavras, a formulação que funda todo o conhecimento verdadeiro tem origem metafísica (ou seja, está além da física): trata-se da descoberta da alma por si mesma. Assim, a expressão “eu sou, eu existo” é necessariamente verdadeira e incontestável a partir do momento em que foi enunciada. Ela é verdadeira porque existe um sujeito pensante capaz de dizê-la. Da mesma maneira que o homem pode conceber a si mesmo, ele também pode conceber deus, e esta seria uma prova de sua existência: se concebemos um ser perfeito, ele necessariamente existe, uma vez que não existir seria uma imperfeição. É por isso que a existência das coisas guarda relação com a proximidade que elas têm do pensamento. Dessa forma, a existência dos objetos materiais – por exemplo, uma mesa, uma cadeira (mas também o sol ou a lua) – não seria comprovada pela forma como os percebemos pelos sentidos, mas pelo fato de possuírem propriedades quantitativas que podem ser medidas e expressas racionalmente em relações matemáticas, como comprimento, largura, altura. Deus, o ser perfeito, não nos engana: ele é a garantia de que as relações matemáticas do mundo material correspondem a coisas concretas.
  • 9. Descartes dedicou-se ao estudo das relações entre as formas, no campo da geometria (você deve conhecer o sistema de coordenadas cartesianas). A matemática, que decompõe problemas complexos em partes menores e os resolve um de cada vez, era vista por Descartes como exemplo de método racional. Da mesma maneira que os complexos problemas da matemática, os objetos materiais (ou seja, aqueles que têm extensão, que ocupam espaço) também podem ser decompostos em partes menores, mas a alma (ou o pensamento) não: uma vez que é consciência pura, não ocupa lugar no espaço. Mesmo reconhecendo que o homem é um ser duplo – ao mesmo tempo corpo e alma, ou seja, extensão e consciência –, Descartes instaurou a separação entre matéria e pensamento. Sendo assim, o sujeito consciente se opõe ao objeto, àquilo que é conhecido. Descartes foi o fundador da Filosofia do Eu ou Filosofia do sujeito, segundo a qual todo conhecimento é visto como originário de uma elaboração individual. O método racional
  • 10. O pensamento de Descartes retoma a tradição do racionalismo, cujas origens remontam a Platão e que se funda na idéia de o saber se originar na razão, que antecede e explica todo o real. Tal concepção teve profunda influência no pensamento filosófico ocidental, embora questionada, ainda no século XVI, pela escola do empirismo, que estudaremos na próxima aula.
  • 11. Na segunda parte do Discurso do Método, Descartes enumera quatro preceitos que devem conduzir a ciência. Acompanhemos o texto do filósofo: O primeiro era o de jamais acolher alguma coisa como verdadeira que eu não conhecesse evidentemente como tal; isto é, de evitar cuidadosamente a precipitação e a prevenção, e de nada incluir em meus juízos que não se apresentasse tão clara e tão distintamente a meu espírito, que eu não tivesse nenhuma ocasião de pô-lo em dúvida. O segundo, o de dividir cada uma das dificuldades que eu examinasse em tantas parcelas quantas possíveis e quantas necessárias fossem para melhor resolvê-las. O terceiro, o de conduzir por ordem meus pensamentos, começando pelos objetos mais simples e mais fáceis de conhecer, para subir, pouco, como por degraus, até o conhecimento dos mais compostos, e supondo mesmo uma ordem entre os que não se precedem naturalmente uns aos outros. E o último, o de fazer em toda parte enumerações tão completas e revisões tão gerais, que eu tivesse a certeza de nada omitir. (DESCARTES, 1962)
  • 12. A primeira regra, também conhecida por “regra da evidência”, sintetiza um ponto muito importante na filosofia cartesiana. Descartes entende que a razão é uma capacidade que o homem possui para examinar os dados que os sentidos captam. Nisto ele não se distingue de filósofos anteriores. Mas, Descartes também pensa que a verdade e a certeza são condições sem as quais um homem não pode dizer que possui conhecimento. O filósofo foi educado em La Flèche, uma escola jesuíta que reunia o que havia de melhor em termos de Metafísica e Teologia do século XVII. Por meio dessa instrução, Descartes pôde exercitar-se durante anos em investigações metafísicas oriundas da Idade Média cujas teses e argumentos são, em sua maior parte, raciocínios prováveis. É contra esse tipo de procedimento que o método cartesiano ganha força. Para Descartes é importante rejeitar todos os juízos, demonstrações e dados que não possam ser tidos como verdadeiros e indubitáveis. Quando Descartes recomenda a certeza ele pensa naquela “luz natural” que cada homem possui, permitindo-lhe “intuir” (no sentido preciso de ver) a verdade de cada coisa. Veja como o filósofo delineia o método que orienta essa “visão mental”: Todo método consiste inteiramente em ordenar e em agrupar os objetos nos quais deveremos concentrar o nosso poder mental se pretendermos descobrir alguma verdade. Seguiremos este método com exatidão se desse início reduzirmos as questões complicadas e obscuras, substituindo- as, passo a passo, por outras mais simples e depois, começando pela intuição das mais simples de todas, tentarmos conhecer todas as outras, através dos mesmos processos. (in: COTTINGHAM, 1989)
  • 13. Você pode aplicar esse método no estudo de qualquer coisa, mas não deixe de atentar para o seguinte: a mensagem de Descartes é que sua razão segue um passo que vai do simples ao complexo por meio de graus de entendimento na matéria. Além disso, o trecho acima revela que o entendimento é uma espécie de visão mental, ou intuição, termo redefinido por Descartes e cujo significado não pode ser confundido com a tradição aristotélica. Em Descartes intuição é uma capacidade análoga à faculdade da visão. A clareza que o entendimento busca é uma capacidade de ver mentalmente as estruturas e qualidades dos corpos existentes, do mesmo modo que a projeção de mais luz sobre um corpo permite uma visão mais detalhada e precisa desse corpo.
  • 14. Dividir a dificuldade, ir do simples ao complexo, efetuar enumerações completas, é o que observa rigorosamente o geômetra quando analisa um problema em suas incógnitas, estabelece e resolve suas equações. A originalidade de Descartes consiste em ter determinado, de forma por assim dizer canônica, essas regras de manipulação que somente se esboçam em seus contemporâneos na sua aplicação particular às grandezas, e de havê-las ao mesmo tempo oposto e substituído à Lógica da Escola, na qual vê apenas um instrumento de Retórica, inutilmente sofisticado. (DESCARTES, 1962)
  • 15. Como se vê, o método cartesiano é uma projeção de princípios e regras que orientam o raciocínio matemático-geométrico. A terceira e quarta regras, respectivamente, apenas confirmam um procedimento de resolução de problemas na geometria: as linhas e as figuras simples estão contidas nas compostas, etc.
  • 16. Exercícios Responder as questões 1, 2 e 3. (em sala) Fazer a tarefa mínima e a tarefa complementar. (em sala) Fazer a leitura complementar. (em casa) As atividades serão vistadas na próxima aula e valem nota.