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FACULDADE KURIOS
            MARLEI SOUZA VITÓRIA VINHAL




UMA REFLEXÃO SOBRE A SEXUALIDADE DOS ADOLESCENTES
       DENTRO DOS PRINCÍPIOS MORAIS E ÉTICOS




                   Maranguape/CE
                       2011
MARLEI SOUZA VITÓRIA VINHAL




UMA REFLEXÃO SOBRE A SEXUALIDADE DOS ADOLESCENTES
       DENTRO DOS PRINCÍPIOS MORAIS E ÉTICOS



                     Monografia apresentada ao Curso de Bacharel
                     em Teologia da Faculdade Kurios, como
                     requisito parcial à obtenção do título de
                     Bacharelado em Teologia.
                     Orientadora: Profª Ms. Rozaine F. Tomaz




                   Maranguape/CE
                       2011

                                                               2
Aprovação:


_____________________________________________


_____________________________________________


Nota ________________________


Data ________________________


                                                3
Agradecimentos:




Agradeço a Deus, que me iluminou e me deu forças para subir mais esse
degrau em minha vida, pois tudo que sou ou posso a vir ser, depende
exclusivamente da sua vontade. Agradeço a minha família que sempre esteve
ao meu lado. Aos professores pelo apoio recebido durante o curso,
contribuindo para o meu crescimento pessoal e profissional e em especial a
minha orientadora: Profª Ms. Rozaine Fontes Tomaz.
                                                                         4
RESUMO



A sexualidade é definida como um elemento integral da vida e do ser individual e
social que valoriza as relações com pessoas, grupos, comunidades, culturas e Deus.
Na adolescência a sexualidade é discutida a respeito das dinâmicas de gênero,
poder, identidade, e autoimagem. Ela é considerada um período muito importante
nas mudanças físicas, emocionais, psicológicas e sociais dos jovens. Compreender
o crescimento e amadurecimento físico, cognitivo e religioso, lidar com sentimentos
ambíguos diante das frustrações, da euforia e do desânimo e ao mesmo tempo, lidar
com a aceitação ou rejeição social, preconceitos e discriminações é uma habilidade
que requer o suporte social de familiares, educadores, profissionais, da igreja e da
comunidade em geral. Este texto pretende informar e esclarecer sobre estes
aspectos no desenvolvimento humano de jovens e adolescentes, procurando refletir
sobre a sexualidade dentro dos princípios morais e éticos no período chamado
adolescência.


Palavras-chaves: Sexualidade, Adolescência, Moral e Ética.




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ABSTRACT


Sexuality is defined as an integral element of life and of the individual values and
social relations with individuals, groups, communities, cultures and God. Sexuality in
adolescence is discussed about the dynamics of gender, power, identity, and self-
image. She is considered a very important period in the physical, emotional,
psychological and social needs of young people. Understanding the growth and
physical maturation, cognitive and religious, before dealing with mixed feelings of
frustration, euphoria and despair and at the same time, dealing with social
acceptance or rejection, prejudice and discrimination is a skill that requires social
support from family educators, professionals, church and community. This paper
aims to inform and clarify these aspects in human development of youth and
adolescents, seeking to reflect on sexuality within the moral and ethical principles in
the period called adolescence.


Keywords: Sexuality, Adolescence, Morals and Ethics.




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SUMÁRIO


1 - Introdução: .......................................................................................................... 08
2 - A orientação sexual na adolescência: ................................................................. 10
3 - Conceitos Fundamentais para o Programa de Orientação Sexual: .................... 14
         3.1 - Desenvolvimento humano: .................................................................... 15
         3.2 - Relações sociais na adolescência: ........................................................ 17
                   3.2.1 - A independência: ..................................................................... 18
                   3.2.2 - A identidade: ............................................................................ 19
                   3.2.3 - A autoestima: ........................................................................... 20
                   3.2.4 - O comportamento: ................................................................... 21
                   3.2.5 - A segurança: ............................................................................ 23
                   3.2.6 - A religiosidade: ........................................................................ 24
                   3.2.7 - A comunicação: ....................................................................... 26
                   3.2.8 - A saúde sexual: ....................................................................... 27
4 - Sociedade e cultura: ........................................................................................... 28
5 - Adolescentes e Início da Vida Sexual: ................................................................ 29
6 - Adolescente e Anticoncepção: ............................................................................ 32
7 - Reações da adolescente frente à gravidez: ........................................................ 33
8 - Complexo de Édipo: ............................................................................................ 35
9 - Considerações Finais: ......................................................................................... 37
10 - Referências Bibliográficas: ................................................................................ 40




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1 – Introdução


“A palavra “Adolescer”, vem do latim ad (para) + olescere (crescer) e significa:
“crescer para”, ou seja, “crescer”, “engrossar”, “tornar-se maior”, “atingir a
maioridade”. A adolescência é um período marcado por mudanças biológicas,
psicológicas, existenciais e sociais, compreendido entre a infância e a idade adulta,
é marcado por transições de cunho essencialmente social e reflete, portanto,
concepções históricas e culturais”. (BECKER, 1994; CALLIGARIS, 2000; CAMPOS,
1990; PAPALIA, OLDS e FELDMAN 2006; PEREIRA, 2005).


A sexualidade na adolescência é atualmente uma das questões mais abordadas e
complexas e que tem causado muitas discussões em todos os segmentos da
sociedade. Fala-se muito de sexo e sexualidade na adolescência. A televisão expõe
diariamente pessoas jovens, saudáveis e belas, cheias de amigos, vendendo a
impressão de uma época sempre feliz. No entanto, educadores lidam no cotidiano
com crianças em transição da infância para a idade adulta, num período cada vez
mais longo chamado de adolescência, no qual, ao lado da alegria, da saúde e das
amizades, ocorrem também dúvidas sobre sexualidade, dificuldades e sofrimentos
relacionados ao início da vida amorosa e sexual.


Como estabelece Puig (1995), a ação do educador estará encaminhada para
estimular o processo de valoração de seus alunos para que chegue a dar-se conta
de quais são realmente seus valores e possam sentir-se responsáveis e
comprometidos com eles. Assim, infere-se que é importante desenvolver no
educando a ação reflexiva de modo que este seja capaz de pensar, de analisar, de
contextualizar situações cotidianas que exigem uma determinada postura autônoma.
Como abordar ou como intervir, nos dias de hoje, na vida e na educação dos jovens
e adolescentes sobre a questão da sexualidade dentro dos padrões da moral, da
ética, da responsabilidade e do respeito ao seu semelhante, nos princípios
religiosos, no qual exige uma sociedade conservadora? Sim, por que, a sociedade
por mais evoluída que seja, ou por mais que os meios de comunicação banalizam a
questão da sexualidade na adolescência, ela é conservadora, mais ainda quando o
assunto se refere às questões de princípios.

                                                                                    8
As mudanças que ocorrem velozmente nesse período implicam muitas vezes em
situações em que, imperam discriminações sociais acarretando sofrimento e
angústia para muitos jovens. Enfrentar o crescimento e o amadurecimento pessoal
de forma mais saudável exige muita colaboração e mediação dos adultos, isto é, o
suporte social de familiares, amigos, médicos ou educadores, a igreja e a
comunidade em geral. Neste sentido, entende-se que nessa fase a puberdade é um
fenômeno biológico que registra as modificações físicas e corpóreas do crescimento
e amadurecimento humano, e diferentemente a adolescência, tal qual a
concebemos, é um fenômeno social e cultural (MAIA, 2003).


Segundo Vitiello e Loureiro Júnior (1986) buscar um conceito exato para a
adolescência e subjugar a sexualidade dentro de um contexto mais amplo é uma
tarefa difícil, porém ainda mais difícil é fixar seus limites cronológicos, pois a
delimitação de seu inicio e término depende de fatores sócio-culturais, familiares e
pessoais. Apesar disso, muitos autores tentam definir esses limites em uma idade
cronológica que varia entre 11 e 20 anos de idade. Basicamente, o surgimento das
características sexuais secundárias seria proposto como o limite inicial - o que não
acompanha obrigatoriamente a eclosão das características sociais e emocionais da
adolescência, ora precedendo, ora surgindo após seu estabelecimento, e seu limite
final seria a resolução das características psicoemocionais marcantes neste período
adolescente. Cavalcanti (1987), completa esta idéia afirmando que a adolescência,
socialmente, teria seu fim quando o grupo social atribuísse ao indivíduo o status, o
papel e a função de adulto.


É difícil separar as mudanças físicas das mudanças psicológicas, e do meio social e
cultural em que este indivíduo se desenvolve na adolescência, isto é, as mudanças
resultantes desse crescimento devem ser sempre consideradas como psicossociais,
especialmente para a Psicologia. Papalia, Olds & Feldman (2006) citam, por
exemplo, diversos problemas possíveis neste período relacionados à saúde física e
mental de jovens meninos e meninas que não podem ser considerados isolados da
sociedade em que vivem: distúrbio de sono, de nutrição e de alimentação;
obesidade, anorexia e bulimia nervosa, uso e dependência de drogas, devem ser



                                                                                  9
compreendidos como fenômenos psicossociais, embora se manifestem em
indivíduos especialmente durante a adolescência.


Nesse contexto a sexualidade inclui, mas não está limitada às dinâmicas de gênero,
poder, identidade social, e autoimagem. Como tal, a sexualidade lida com as
questões de identidade e ser e não está limitada à conformidade, às exigências
morais e éticas da sociedade. Tais normas éticas e morais são de grande
importância, mas a redução da sexualidade à aderência a estas normas e
moralidades reduz a sexualidade a um de seus diversos aspectos. Segundo Osório
(1992), a adolescência é uma etapa da vida na qual a personalidade está em fase
final de estruturação e a sexualidade se insere nesse processo, sobretudo como um
elemento estruturador da identidade do adolescente. Daí a necessidade de
buscarmos conhecer melhor os mitos, tabus e a realidade da sexualidade para que
possamos abordá-la de forma mais tranqüila com os adolescentes, de manter um
diálogo franco e entender as manifestações dessa sexualidade aflorada e própria da
idade. O universo complexo da sexualidade humana é raramente discutido.
Especificamente, a moralidade sexual é freqüentemente reduzida às questões de
quais práticas e atitudes sexuais são aceitas pela sociedade como um todo.


2 - A orientação e educação sexual na adolescência


A orientação sexual na adolescência ganha cada vez mais importância. Mais do que
transmitir que sexo por sexo é fuga e sexo com consciência é amor, discutir as
formas de relacionamento entre adolescentes é também uma das grandes
preocupações da sociedade. Causa estranheza observar o descaso e o desrespeito
com que o assunto ainda é tratado. Nem é preciso ser um especialista para perceber
a discrepância das atitudes. A adolescência, como qualquer estágio de crescimento
da vida humana é marcado por mudanças, as crises e a transição para novos
estados de vida. A sexualidade nessa fase está em participar de todos esses
acontecimentos. Não há maneira única para se aproximar da adolescência, depende
do julgamento com o qual é olhar para o aspecto que é realçado. Ao classificar os
sujeitos, toda sociedade estabelece divisões e atribuem rótulos que pretendem fixar



                                                                                 10
as identidades. Ela define, separa e, de formas sutis ou violentas, também distingue
e discrimina. Tomaz Tadeu da Silva (1998) afirma:

                     Os diferentes grupos sociais utilizam a representação para forjar a
                     sua identidade e as identidades dos outros grupos sociais. Ela não é,
                     entretanto, um campo equilibrado de jogo. Através da representação
                     se travam batalhas decisivas de criação e imposição de significados
                     particulares: esse é um campo atravessado por relações de poder.
                     (...) o poder define a forma como se processa a representação; a
                     representação, por sua vez, tem efeitos específicos, ligados,
                     sobretudo, à produção de identidades culturais e sociais, reforçando,
                     assim, as relações de poder.

De um ponto de vista cronológico é definido, aproximadamente, entre 12 e 20 anos.
Dizemos mais ou menos, porque como todos os processos de um ser vivo são
impossíveis classificar as margens estáticas. Com a conquista da identidade pessoal
(quem eu sou, de onde eu vim, pra onde eu quero ir ou o que eu quero ser) é
marcado a partir do critério psicológico de abordagem, ao final deste período. A
definição de papéis é a partir do ponto de vista sociológico que define a
adolescência, estes, naturalmente, depende da cultura em que vivemos, não há
papéis específicos de nascimento. Finalmente, há um critério que já perdeu, pelo
menos na civilização ocidental, a importância de que gozava no passado, o
antropológico. A partir deste ponto de vista da entrada para a adolescência é
marcada por ritos determinadas por cada cultura. Normalmente falamos de
adolescentes como se fosse um grupo homogêneo, nós realmente falamos de
estágios, e cada um é marcado por situações especiais que irão se manifestar
também na sexualidade.


A sexualidade, afirma Foucault, é um "dispositivo histórico" (1999). Em outras
palavras, ela é uma invenção social, uma vez que se constitui, historicamente, a
partir de múltiplos discursos sobre o sexo: discursos que regulam, que normatizam,
que instauram saberes, que produzem "verdades". Sua definição de dispositivo
sugere a direção e a abrangência de nosso olhar. A primeira etapa, chamado de
isolamento é entre 12 e 14 anos. Os meninos vivem um momento em que, sujeira e
desordem fazem parte como uma reação às mudanças que seu corpo está sofrendo.
Opõem-se às meninas como uma forma de superar a dependência materna.
Masturbação é a única forma de atividade sexual. Ela, no entanto não rejeita os
homens. Entre 14 e 15 é dada a segunda fase, denominada incerteza. Grande
                                                                                       11
importância é dada para os meninos e meninas, muitas vezes, dependendo das
escolhas pessoais das tendências do grupo. O erotismo é dado através de
brincadeiras e conversas. Na terceira fase, entre 15 e 17 será a abertura para a
heterossexualidade. É o tempo dos grandes amores "pela vida". Existe uma grande
idealização de outra pessoa. Fantasias masturbatórias são dadas mais intensas.
Esta etapa define a orientação sexual ("o que me atrai; um homem, uma mulher ou
ambos?"). A última fase, chamado de consolidação ocorre entre 17 e 19. Ela
fortalece a identidade ("você sabe quem ele é, o que ele quer e para onde vai").


Relações afetivas são mais estáveis, é conseguido sem a idealização do amado e
de muitos duelos intoleráveis. Só aqui você pode falar sobre liberdade e
responsabilidade. A humildade dos pais e o reconhecimento dessas deficiências são
pontos importantes a promover o reencontro com seus filhos a partir de uma
perspectiva adulta. Um dos principais problemas para superar a crise é que nem as
crianças e nem os pais têm parâmetros fixos de se relacionar, o adolescente está
constantemente mudando seu comportamento varia entre a criança e o
comportamento adulto. Há uma série de realizações que é um sinal de conformidade
com boa resolução da crise da adolescência:


    Separação e independência dos pais;
    Estabelecimento da identidade sexual;
    Estabelecimento de orientação sexual;
    Desenvolver um sistema pessoal de valores humanos;
    Capacidade de estabelecer o amor duradouro e sexual e concurso de uma
      vez com a mesma pessoa;
    Retorno emocional para os pais sobre a base de relativa igualdade.


Não se pode esquecer jamais que, a adolescência é uma fase em desenvolvimento
que deve construir a sua própria liberdade, e isso não nos limita ajudá-los a se
estabelecer no mundo. Nem demasiado rígida nem a liberdade total, que se sente
abandono e negligência por parte dos pais, ajudarem seus filhos adolescentes em
busca de equilíbrio e maturidade. Não há receitas, não "jovem", mas este
adolescente é o resultado de uma família, com uma história especial, que influencia

                                                                                   12
fortemente a definição desta etapa. Finalmente, o custo é o que a maioria dos pais
usou na relação adulta-criança com seu filho. É preciso estar preparado para aceitar
as definições da vida em termos de valores, opções políticas, culturais e sexuais dos
nossos filhos. O parâmetro ideal para o desenvolvimento de medição não é para ser
o que sempre sonhou ser, mas são felizes do jeito que escolher.


Isto posto evidencia-se que, a sexualidade implica a expressão de uma
personalidade histórica e social. Ou seja, é um dos elementos essenciais na
constituição da pessoa, na medida em que faz parte da expressão de sua
personalidade, embora esta seja dinâmica e passe por modificações através dos
tempos (Fagundes (1992). Gherpelli, 1995). No mesmo sentido, Cabral (1995)
reitera que o mundo e as relações entre os seres humanos, se forem compreendidos
numa dimensão histórica, processual e dinâmica, podem ser encarados              como
estando em constante transformação.


A sociedade vem se preocupando em proporcionar segurança e liberdade sexual
para   os   adolescentes,   mas    não    consegue    orientar   adequadamente      os
representantes do futuro da nação sobre o assunto. Isso sem contar a forma com
que o tema é tratado na mídia, principalmente em novelas, filmes nacionais e em
programas de auditório. Sem contar que, associada à distribuição gratuita dos
preservativos e da abortiva “pílula do dia seguinte”, a liberdade de atos sexuais entre
adolescentes torna-se cada vez mais normal, como um incentivo à promiscuidade. O
ser humano não deve ser considerado apenas como um corpo. Sua alma necessita
de afago. A simples promoção de sexo acintoso, sem responsabilidade e sem
compromisso, também incita conseqüências trágicas como milhões de meninas
gerando filhos, sendo violentadas, prostituindo-se à beira das estradas, crianças
abandonadas por pais e mães despreparados para formar uma família e postadas
em faróis à procura do sustento de cada dia.


É claro, quem planta vento colhe tempestades. Devemos incentivar a formação de
famílias com conceitos, raízes e sentimentos puros e morais. Conservadora ou não,
a família é o sustento do espírito e a fonte de conforto nos anseios individuais. A
moral e a ética exigem que ensinemos aos jovens o autocontrole de suas paixões

                                                                                    13
intensas. Que devem vencer a AIDS e outras doenças sexualmente transmissíveis
com atos responsáveis e não pelo uso da camisinha. João Paulo II assim se
expressou sobre a camisinha:

                        Além de o uso de preservativos não ser 100% seguro, liberar o seu
                        uso convida a um comportamento sexual incompatível com a
                        dignidade humana […]. O uso da chamada camisinha acaba
                        estimulando, queiramos ou não, uma prática desenfreada do sexo
                        […]. O preservativo oferece uma falsa idéia de segurança e não
                        preserva o fundamental.

A sociedade, de maneira geral, deve ter mais cuidado com o que simplesmente
“controla a transmissão de doenças e evita filhos indesejados”. Ela deve transmitir
princípios e valores por intermédio da orientação, em busca do resgate das origens
e do respeito à moral e à ética. A satisfação do sexo não está restrita ao corpo, ela
deve estar atrelada ao coração, espírito e mente.


3 - Conceitos Fundamentais para o Programa de Educação e Orientação
Sexual


Percebe-se que o trabalho de Orientação Sexual é uma tarefa que necessita da
coletividade,   tanto   a   família   como   as   instituições   tem   sua   parcela   de
responsabilidades. Sendo importante reforçar também aqui neste trabalho que,
todos os programas de orientação e educação Sexual contribuem para o
enriquecimento de experiências e crescimento pessoal tanto para quem ministra
como para quem aprende. Dentro de um eficaz programa de orientação Sexual, os
envolvidos devem considerar alguns conceitos fundamentais, os quais se bem
trabalhados e caracterizados oportuniza os aprendizes a tomarem decisões
conscientes e serem capazes de expressarem adequadamente seus sentimentos e
anseios.


Para Xavier (2000), assim como os pais, os professores educam para a vida sexual,
pela sua forma particular de ser, pelo fato de existirem como seres sexuados, que
desempenham papéis correspondentes ao estereótipo masculino e feminino. A
maneira como vivem e assumem a própria sexualidade e aceita a sexualidade dos
outros, em particular a dos/as alunos/as transparece nas suas atitudes e seus
comportamentos em sala de aula.
                                                                                       14
Neste sentido, o guia de Orientação Sexual: diretrizes e metodologias, elaborado no
Fórum Nacional de Educação e Sexualidade (1994), apresenta e classifica seis
destes conceitos fundamentais, os quais orientam para um bom trabalho quanto à
sexualidade,   sendo     eles:    Desenvolvimento       Humano,       Relacionamentos,
Comunicação, Comportamento Sexual, Saúde Sexual e Sociedade e Cultura. A
seguir todos serão abordados e caracterizados para melhor compreensão dos
leitores.


3.1 - Desenvolvimento humano


Perceber que as mudanças cognitivas permitem ao adolescente ver como chegará a
ser no futuro e a fazer planos para alcançar o que desejam nele. Propicia também a
facilitação no aprendizado mais avançado na escola, isto porque os adolescentes
sentem-se mais ansiosos por adquirir e aplicar conhecimentos novos e por
considerar uma variedade de idéias e opções. Neste período a capacidade de
raciocinar está em desenvolvimento, proporcionando um novo nível de consciência
social e julgamento moral.

                     No desenvolvimento humano o indivíduo tem que aprender a gostar
                     de seu corpo, desenvolver a autoestima, ser informado sobre a
                     reprodução, reconhecer a sexualidade como parte do ser humano,
                     aprender a relacionar com respeito e responsabilidade, reconhecer e
                     respeitar as formas de atração sexual alheia e exercer os direitos de
                     cidadania nas diferentes manifestações de sexualidade. (GUIA DE
                     ORIENTAÇÃO SEXUAL. 1994 p.09).


À medida que as faculdades cognitivas amadurecem, muitos adolescentes começam
a pensar sobre o que é possível em termos ideais, por isso passam a criticar a
sociedade, os pais e até mesmo suas próprias dificuldades. A partir de suas
reflexões e questionamentos o jovem filtra, seleciona e acaba por adotar uma
considerável parcela dos valores de sua família. Coletivamente percebem-se em
todos os ramos do conhecimento e da atividade humana uma busca de novos
paradigmas e conceitos, novas formas de se ver, pensar e agir. A adolescência é o
período da vida entre a infância e a idade adulta. Ela começa com a puberdade, um
período de rápido crescimento e desenvolvimento sexual. Enquanto todos os seres

                                                                                       15
humanos passam por mudanças físicas da puberdade, nem todas as sociedades
reconhecem o período conhecido como a adolescência como uma fase distinta de
desenvolvimento. Em algumas sociedades, como a indígena, por exemplo, as
crianças passam por uma cerimônia para marcar a sua passagem à idade adulta. A
vantagem deste processo é porque evita a confusão que muitas sociedades têm
sobre, quando para um adolescente devem ser reconhecidos os privilégios e
responsabilidades de adultos. Em sociedades ocidentais pré-industriais, crianças
geralmente têm início de trabalho adulto muito jovem. Vestem-se como adultos e,
muitas vezes se comportavam como eles também. Depois de um longo dia, eles
tinham pouca energia de sobra para associar com os amigos.


No mundo de desenvolvimento, a adolescência de hoje tem que esperar um longo
tempo antes de serem considerados adultos, estão autorizados a trabalhar em
empregos de adultos, e são concedidos direitos de adultos e privilégios. Na verdade,
a adolescência agora dura muito mais tempo do que ele fez no passado. Isto é em
parte porque os jovens passam mais anos na escola agora. Embora a adolescência
possa ser física e mentalmente madura, eles ainda podem ser financeiramente
dependentes de seus pais. Em casa e na escola podem ainda serem tratados como
crianças mais jovens. Esta confusão pode levar muitos adolescentes a ressentir-se
da maneira que às vezes são tratadas e podem reclamar sobre isso. Os adultos
podem também sentir ressentimento contra os adolescentes. Os jovens podem
tornar adultos desconfortavelmente cientes de que estão envelhecendo, os adultos
podem, ocasionalmente, sentir ciúmes da força e energia dos jovens. Os
adolescentes também pode às vezes parecer muito ameaçador para os adultos. Isto
é em parte porque a adolescência é muitas vezes descrita como um período muito
difícil, especialmente pela mídia. Problemas surgem em algumas famílias, porque é
um período de mudança. Os pais têm que se acostumar com a idéia de que seus
filhos estão crescendo, e que os adolescentes estão experimentando diferentes tipos
de comportamento, aprendendo a lidar com seus corpos em mudança, e ajustando a
seus novos papéis na sociedade.


No entanto, a maioria dos adolescentes consegue passar por este período incólume.
Na verdade, às vezes eles ficam mais próximos de seus pais, especialmente se eles

                                                                                  16
acham que têm mais interesses em comum. O aumento da capacidade física e
mental durante a adolescência, juntamente com mais liberdade, pode torná-lo um
momento muito emocionante da vida. Os adolescentes estão sujeitos a muitas
influências diferentes. Enquanto eles herdam muitas características de seus pais,
eles também são muito afetados por outros fatores, tais como as condições de vida,
escolaridade, educação e religião. Nesta fase devemos estar de olhos bem abertos
para o desenvolvimento humano como seres durante a adolescência. Primeiro de
tudo, vamos olhar para as mudanças físicas que ocorrem durante a puberdade e os
sentimentos desses adolescentes e dos efeitos sobre si mesmos. Passando para o
crescimento mental, discutir as mudanças típicas da adolescência.


Embora os padrões e como estes desenvolvimentos sejam incentivados na escola.
Vamos então olhar para o papel que as relações familiares e de amizade
desempenham na vida do adolescente. Os adolescentes muitas vezes tornam-se
muito envolvidos no trabalho exatamente como eles se vêem. Vamos ver como eles
começam a ficar para trás e olhar para si próprios do ponto de vista dos outros na
tentativa de descobrir sua verdadeira identidade e a sua auto "real".


3.2 - Relações sociais na adolescência


Quando a criança entra na escola, a família é o grupo mais importante e quase
única referência. A criança tenta e conhecer novos colegas e novos adultos e são
um segundo grupo faziam parte do social para a família. Mas na adolescência,
aumentar significativamente espaços a possíveis trocas ou interações sociais, e,
além disso, a referência enfraquece a família. A emancipação a esse respeito,
durante o processo de aquisição de autonomia pessoal            e como um elemento
constituinte do presente processo é, sem dúvida, os mais instintivos destaques da
nova situação social do adolescente.

                     Neste conceito pode propiciar ao aluno condições de, identificar e
                     expressar seus sentimentos, usufruir de intimidades e prazer, saber
                     defender-se de possíveis vínculos de explorações e manipulações,
                     escolherem dentro de suas possibilidades seu modo de vida e de
                     convivência, desenvolver relacionamentos significativos. (GUIA DE
                     ORIENTAÇÃO SEXUAL, 1994.p.31).


                                                                                     17
Em termos de desenvolvimento de relações sociais como deve ser é que, durante a
adolescência, bem como a geração de uma alteração do tipo relação com os outros,
também surge no adolescente uma nova compreensão de si mesmo.


3.2.1 - A independência


Independência pode ser definida como tomar suas próprias decisões e capacidade
de agir com base em processos de pensamento e critérios Também a própria parte
do processo de desenvolvimento do adolescente é        aprender a resolver seus
problemas sem intervenção externa.     Com o aumento      das suas competências
cognitivas e intuitivas, o indivíduo começa a enfrentar novas responsabilidades e
para desfrutar da independência de pensamento e partes. Ele também começa a
ter pensamentos e fantasias sobre o seu futuro e      sua vida adulta (faculdade;
trabalho de formação e trabalho de começar uma família). O impulso para a
autonomia manifesta-se através de mais conflitos entre ambas as partes; a
manutenção da conexão é entendida no forte apego que se mantém por parte da
criança em relação aos pais. O aumento dos conflitos na grande maioria das
famílias, ele parece consistir de um aumento nas brigas leves ou discussões sobre
assuntos do cotidiano, tais como regras e regulamentos, códigos de vestimenta,
encontros, notas escolares ou trabalhos domésticos. Os adolescentes e seus pais
interrompem uns aos outros com mais freqüência, ficando mais impacientes
reciprocamente.


Outras características que podem ser reconhecidas durante esta fase são: aquisição
de independência dos pais e família; desenvolvimento do sistema de valores e
aquisição de identidade própria; estabelecimento de relações efetivas com outros
indivíduos da mesma idade, tendência de egocentrismo nos interesses e metas,
além da preparação para a carreira profissional. O adolescente enfrenta um mundo
complexo para o qual ainda não dispõe de um repertório adequado, pois as
mudanças que o ambiente exige desta fase são em número muito grande, sendo a
adolescência um período de aprendizagem de regras novas (BAPTISTA et al.,
2001). A criança quando amadurece fisicamente para se tornar adulto, experimenta
um crescimento rápido, com importantes modificações anatômicas e psicológicas. A

                                                                                18
confiança anterior no corpo e o domínio de suas funções são, subitamente,
abalados, na puberdade, e precisam ser reconquistados gradualmente pela própria
reavaliação. O adolescente procura a segurança em seu grupo, que se acha,
também, em fase de mudanças e de busca de aprovação (CAMPOS, 1990).


Temos certas evidências de que uma elevação no conflito familiar está ligada não à
idade, mas às mudanças hormonais da puberdade, o que poderia conferir apoio ao
argumento de que se trata de processo normal e, até mesmo, necessário. O apego
aos pais, nem o aumento temporário dos conflitos, e nem o “distanciamento” dos
pais parecem significar que o apego emocional subjacente do jovem para com os
pais tenha desaparecido, ou enfraquecido sobremaneira. A relação central com os
pais e o apego a eles continuam a ser altamente significativos na adolescência,
mesmo enquanto o adolescente se torna cada vez mais autônomo.


3.2.2 - A identidade


A identidade que definem como a percepção de si mesmos ou conhecimento sobre
suas características, ou personalidade. Uma das tarefas fundamentais da
adolescência é atingir um senso de “a identidade pessoal e força”. E esse senso de
identidade precoce na criança vem parcialmente, desapegado, no início da
adolescência, devido à combinação de um crescimento rápido do corpo e de
mudanças sexuais da puberdade. Ele se refere a tal período como aquele em que a
mente do adolescente é uma espécie de moratória entre a infância e a vida adulta. A
identidade antiga não é mais suficiente; uma nova identidade precisa ser forjada,
uma que sirva para colocar o jovem entre os inúmeros papéis da vida adulto-
profissionais, sexuais, religiosos. Segundo Martins, Trindade e Almeida (2003) a
ciência naturalizou o fenômeno da adolescência como sendo um período de
tormenta:
                       [...] ao caracterizar a adolescência como um estágio do
                       desenvolvimento, deixou-se pouco espaço para as influências do
                       meio. Sendo assim, era natural o adolescente viver uma época
                       conturbada e não havia muita coisa a fazer para mudar sua
                       característica, perspectiva essa que se incorporou ao pensamento
                       social orientando as concepções mais tradicionais de adolescência
                       (p. 556).

                                                                                     19
O desenvolvimento humano é, em geral, compreendido tanto na literatura científica
quanto nas teorias de senso comum, como uma sucessão de fases que caminham
rumo a um objetivo final. A Psicologia, durante muitos anos, limitou o estudo do
desenvolvimento humano à infância e à adolescência. Parece subjacente a essa
postura a concepção de que a vida adulta seria o “período ótimo”, no sentido do
ápice do desenvolvimento. Todas as outras fases seriam avaliadas em função do
modelo adulto. É inevitável a confusão acerca de todas essas escolhas de papéis.
Como um adolescente é mais em gosto e aceita a maturidade de seu corpo começa
a usar seu próprio julgamento, aprender a tomar decisões independentes e enfrenta
seus próprios problemas, começa a desenvolver um conceito de si mesmo como um
indivíduo. Conseqüentemente, eles desenvolvem uma identidade.            No entanto,
quando são difíceis os conflitos de definição sobre sua personalidade, sua
independência e sexualidade, o adolescente não pode desenvolver um conceito
claro de auto ou uma identidade.


A partir das interações estabelecidas ao longo de sua vida, o sujeito não apenas
reconstrói representações acerca de objetos sociais, mas também acerca de si
próprio. Berger e Luckmann (1973) referem-se ao processo de construção da
identidade como tendo duas faces - a identidade objetivamente atribuída e a
identidade subjetivamente apropriada. Assim sendo, os outros vão mediatizando e
atribuindo significados ao sujeito diferenciando-o dos demais e este, por sua vez, vai
se apropriando e reconstruindo tais significados para formar as representações,
sentimentos, idéias e opiniões acerca de si mesmo, constituindo, assim, sua
identidade.


3.2.3 - A autoestima


A autoestima é definida como os sentimentos que uma pessoa tem sobre si mesmo
e é determinado pela resposta à pergunta "Como Eu gosto do que eu sou?". Na
adolescência ocorre com freqüência       reduzida autoestima aumentada devido à
expressão do mudanças que ocorrem, os pensamentos que surgem e as diferentes
maneiras pensar sobre as coisas. Durante este período, os adolescentes tornam-se
mais pensativo sobre quem são e quem querem ser e observar as diferenças entre

                                                                                   20
o modo como eles agem e como pensam que deveriam. Uma vez que você começa
a refletir sobre suas ações e características, se confrontado com a percepção de si
mesmos. Enfim, um conjunto de características que têm sido tomadas como uma
síndrome normal da adolescência (Aberastury & Knobel, 1981).


Uma das mudanças que ocorrem na autoestima, relacionada à faixa etária, é uma
redução livre, no início da adolescência, vendo, posteriormente, a elevar-se de
maneira constante e substancial. Lá pelo final da adolescência, o indivíduo de 19 ou
20 anos possui uma idéia bastante mais positiva de sua auto-valia global do que
possuía aos 8 ou 11 anos. A breve queda na autoestima, no início da adolescência,
pode estar associada não tanto à idade, mas à mudança de escola (ou dos “graus”
numa mesma escola), ao mesmo tempo em que se dão as variações da puberdade.
Pesquisadores observaram isso especialmente entre estudantes que passaram para
o início de uma escola de segundo grau.


Quando o processo de transição é mais gradativo, tal como o que se dá na escola
intermediária, que inclui da quinta à oitava série, não ocorre uma queda semelhante
na autoestima, no início da adolescência. Conceitos de papel sexual na
adolescência: crianças com 7 e 8 anos parecem tratar das categorias de gêneros
como se fossem regras fixas; os adolescentes, vêem que uma ampla gama de
comportamento ocorre entre os membros de cada grupo sexual. Andróginos –
descrevem-se    como    possuidores   de   traços   masculinos   e   femininos   não
diferenciados – descrevem a si mesmos como carentes de ambos. Olhe para os
adolescentes, muitas vezes dão mais importância ao sentimento        atraente e, se
tiverem sucesso, a autoestima diminui.


3.2.4 - Comportamento


Sabemos que os adolescentes têm a mudanças bruscas e rápidas na sua estrutura
física, este deve ser adicionado ao desenvolvimento das características de
consciência própria, sensibilidade e preocupação com suas alterações próprias do
corpo, a tempo e excruciante comparação entre si. São possíveis que as mudanças
físicas não ocorram sob a forma síncrona, os adolescentes podem passar por fases

                                                                                  21
de constrangimento, tanto      em termos de aparência e mobilidade física e
coordenação. No caso das adolescentes devem evitar o sofrimento desnecessário,
se não for      informado e preparado para a menarca (o início dos períodos
menstrual), o mesmo acontece com os adolescentes como deveriam             fornecer
informações oportunas e precisas e se preparar para o início das relações em pares
Assim, as relações humanas são determinadas pela cultura, mas, ao mesmo tempo,
o ser humano também interfere e a modifica. Portanto, a sexualidade é um conceito
cultural dinâmico que está em constante mutação.       O adolescente normal vive
momentos progressivos e regressivos em função das tensões internas e externas
que enfrenta. As tensões internas são as modificações próprias da adolescência, o
processo puberal e outros aspectos. As externas referem-se à relação do
adolescente com as exigências da família e da sociedade.


O adolescente tem dificuldade de expressar seus sentimentos em palavras, e o
fazem através da ação. Só aos poucos vão se organizando mentalmente e podendo
se expressar num discurso verbal coerente com sentimentos e ideias. Seguindo as
ideias de Aberastury e Knobel (1992), a adolescência é uma etapa de crise que é
essencial para a formação da identidade adulta, marcada por sofrimento,
contradição e confusão. A adolescência é um período de desequilíbrio e
instabilidade, que configura uma “entidade semipatológica”, que denominaram de
“síndrome normal da adolescência”. Osório (1992) definiu essa etapa como uma
crise vital, na qual “... culmina todo o processo maturativo biopsicossocial do
indivíduo”. Complementando, Kalina (1979) defendeu que é “... um processo
complexo, desenvolvendo-se por prolongado período, que se caracteriza por
fenômenos progressivos e regressivos, produzida de forma simultânea ou alternada
e abarcando todas as áreas da personalidade – corpo, mente e mundo externo”.
Ainda segundo esse autor, adolescência deve ser compreendida como um
fenômeno psicológico e social, no qual se observa uma dinâmica psíquica
característica do adolescente, que assume formas de expressão diferenciada
conforme o ambiente socioeconômico. Sua elaboração dependerá das aquisições da
personalidade durante essa fase, das características histórico-genéticas e dos meios
social e familiar.



                                                                                 22
É preciso que a família e a sociedade não criem expectativas por que jovens têm de
demonstrar a necessidade de separação e estabelecer sua própria identidade. Se
não entendem este     processo como normal, em algumas famílias podem surgir
conflitos significativos sobre os adolescentes os atos ou gestos de desafio e sobre
as necessidades dos pais para manter o controle e fazer a jovens continuam com
comportamentos de obediência de sua infância passados. Como os adolescentes
se afastam dos pais em busca de sua própria identidade, o grupo de amigos ou
colegas tem um significado especial, pode tornar-se um paraíso "seguro", no qual o
adolescente pode testar novas idéias e comparar o seu próprio crescimento físico e
psicológico.


3.2.5 - A segurança


O mundo da adolescência está ligado às atividades de risco e insegurança e à
integridade física. Problemas de segurança em adolescentes decorrem de aumento
da força e agilidade que podem desenvolver antes de adquirir as habilidades para
tomar decisões ótimas. A forte necessidade de aprovação pelos pares, juntamente
com os mitos "de adolescência", poderia causar ao jovem força para tentar atos
arriscados e participar de uma série de comportamentos perigosos: de condução,
esportes radicais, uso de substâncias. Se os adolescentes parecem ser isolados de
seus pares, não têm interesse em escola ou nas atividades sociais ou mostrar uma
diminuição repentina no trabalho escolar, ou esporte, seria motivo para exigir uma
avaliação psicológica. Infelizmente, muitos adolescentes estão em alto risco de
depressão e potencial suicídio devido às pressões e conflitos que possam surgir na
família, escola, organizações sociais e as relações íntimas. Vamos olhar para a
segunda abordagem alusão ao topo lidar com mudanças de desenvolvimento nas
relações familiares. Ao passo evolutivo, são necessários para alcançar a
emancipação do adolescente na família que eles se tornam jovens adultos
independentes. Na adolescência, o indivíduo percebe que, para ele os adultos
significativos não têm todas as respostas ou todas as soluções, para certo grau de
rebelião contra os pais é comum e normal.




                                                                                23
No início do puberdade, as meninas são muitas vezes em desacordo com suas
mães. Adolescentes do sexo masculino, especialmente aqueles que amadurecem
cedo, também tendem a discordar mais com suas mães do que com seus pais.
Estes    conflitos diminuir ao longo do tempo, embora a relação de             mães
adolescentes tende a mudar mais do que eles têm com a sua Os pais. É provável
que, à medida que se tornar independente dos seus pais, adolescentes a procurar o
conselho do pai do mesmo sexo. Nesta fase da vida ocorre a emancipação psíquica
do jovem de seus pais. Esta emancipação é mais ou menos traumática no modelo
da autoridade parental (mais ou menos autoritária), o tempo estirpe, no entanto,
sempre ocorre, há sempre uma separação.             Os jovens tentam separar a
independência, mas também se sente saudade de proteção paterna. Deste modo,
produzem uma tensão entre estes dois sentimentos. O adolescente está em uma
situação ambígua, o que Hoje também é estendido por razões socioeconômicas e
culturais.


Como intensificar relações com os pares do sexo oposto, algo caiu sobre a relação
com o próprio sexo. Finalmente, em relação ao aspecto social do adolescente e
seus amigos,    Devo dizer que é verdade que os pais deixam de influenciar o
adolescente, suas decisões ou seu modo de vida. Nem a influência de amigos é
mais intensa do que o pai. Neste conceito pode propiciar ao adolescente condição
de, identificar e expressar seus sentimentos, usufruir de intimidades e prazer, saber
defender-se de possíveis vínculos de explorações e manipulações, escolherem
dentro de suas possibilidades seu modo de vida e de convivência, desenvolver
relacionamentos significativos. (GUIA DE ORIENTAÇÃO SEXUAL, 1994.p.31).


3.2.6 – Religiosidade


Pode-se dizer que a característica mais marcante do espírito religioso da
adolescência é, certamente, a dúvida. Na infância, a orientação religiosa não atinge
o âmago do individuo, porque ele é altamente egocêntrico e o centro de sua vida,
obviamente, não pode ser nada mais do que ele próprio. Além disso, a mente, não
pode ser nada mais do que ele próprio. Além disso, a criança não tem, antes da
idade juvenil, condições nem necessidades de refletir sobre suas origens, seu Eu,

                                                                                  24
sua vida, sua morte, seu Deus. Na adolescência, porém, a necessidade e o impulso
para explicar o universo levam o jovem, num curso inevitável, às reflexões sobre a
existência de Deus e uma vida interior agitada, rica e confusa se exalta agora. Este
interesse especificamente religioso predispõe o adolescente a convencer de que
Deus existe e que dele promana toda a Vida. Esta predisposição mística, entretanto,
não o põe a salvo das dúvidas, muitas vezes martirizantes. A participacao em
grupos religiosos, portanto, pode ser analisada como um importante vetor para a
construção de identidades juvenis, representando espaco importante de agregacao
social nessa fase de vida. (NOVAES e MELLO, 2002).


Como tudo o mais, o jovem tem que descobrir sozinho, o que o induz a romper com
as idéias tradicionais sobre a divindade e os destinos transcendente do homem.
Acredita-se que o adolescente cria um novo universo de palavras para expressar a
imagem divina e adota, para com ela, atitudes e vivência inéditas. Cada qual vive
Deus à sua maneira e, por reverência ao centro personalíssimo da emoção – cujo
conteúdo aparece como totalmente original e próprio – o jovem rebela-se facilmente
contra a religião objetiva como tal. Esta separação origina conflitos e desesperança,
além de angustiantes dúvidas de natureza intelectual. Não raro, o adolescente, tal
como grande número de adultos, acredita que a divindade exista não só para criar e
manter o universo, mas também para atender às necessidades humanas. Portanto,
a esperança mágica é a crença nos milagres de que, de orações, se consiga de
Deus os favores desejados. Muitos adolescentes se apóiam nessa fé, mas grande
parte deles contra ela se rebela violentamente.


Portanto, a esperança mágica aos poucos cede lugar às reflexões mais profundas. A
fé na magia sofre, então, grande comoção e, novamente, ocorre outra ruptura entre
o espírito religioso e as tradições dogmáticas. Um vazio desesperador se expande e
a decepção se consolida. O jovem abandona as orações e as práticas religiosas. No
fundo do seu ser, movimenta-se uma vigorosa vida mística, agora radicalmente
separada    do   comportamento     religioso   tradicional.   Entretanto,   ainda   que
desvinculado da prática religiosa, o adolescente vive dúvidas imensas e conflitos
éticos intermináveis. Esta segunda fase da evolução do espírito religioso, marcada
pela indagação, a dúvida e o desespero, é indispensável à formação das convicções

                                                                                     25
religiosas da idade adulta. Não é pecado, nem heresia, nem blasfêmia, duvidar da
existência e das qualidades de Deus. Neste período, as dúvidas são tormentosas e
necessárias à evolução do espírito místico.


3.2.7 – Comunicação


Incluso ao conceito comunicação, já que esta é um elemento que permite o ser
passar informações quantos aos sentimentos, é necessário que o orientador
encontre uma metodologia que possa prover ao aluno a oportunidade de expressar
e refletir seus próprios valores e sentimentos afetivos presentes em seus
relacionamentos. Por meio da comunicação o individuo é capaz de encontrar
caminhos para a tomada de decisões, buscar ajuda, negociar os resultados e
estabelecer assertividades em suas relações. Cabe ressaltar que atualmente as
famílias vêm se deparando com inúmeras mensagens de apelo sexual nos meios de
comunicação e como apontam LOPES & MAIA (1993) o corpo e a sexualidade têm
sido usado exaustivamente para divulgar e vender “desde sabão em pó até toalhas
de banho”, tornando-se produto consumível.


Essa banalização da sexualidade tem dificultado a tarefa de educar, de associar
sexo a afeto, responsabilidade e promoção da saúde. Diante dessa realidade, a
sexualidade deve ser um tema de discussão e debate entre pais, educadores e
profissionais de saúde, tendo como objetivo encontrar maneiras de informar e
orientar os jovens para que protelem ao máximo sua iniciação sexual, tenham
responsabilidade, autoestima e pratiquem sexo com segurança. Na comunicação o
individuo pode pensar e avaliar alternativas e conseqüências, buscar informações,
ser responsável em suas decisões, reconhecer na comunicação uma forma de
expressar seus relacionamentos, saber se tornar receptível diante das mensagens
de outros e com isso ampliando sua visão de mundo, identificar os valores
socioculturais e posicionar-se em relação a eles. (GUIA DE ORIENTAÇÃO SEXUAL,
1994.p.47).


De acordo com o guia de Orientação sexual, o ser humano pode ser influenciado
pelos valores e se modificarem interagindo diferentemente. Comunicação não são

                                                                               26
apenas as palavras e gestos expressivos, como também os comportamentos e
atitudes que levam a assertividade, isto é, a capacidade de dizer sim ou não aos
fatos cotidianos. Como subdivisão deste conceito, está à negociação por meio do
qual o individuo é capaz de enfrentar os problemas e de ser encorajado a buscar
ajuda se preciso for, ajuda essa que pode vir de um membro familiar, de um
responsável ou mesmo de um profissional especializado.


3.2.8 - Saúde sexual


Saúde sexual se refere a todos os cuidados básicos com o corpo sejam de higiene,
de preservação, de tratamentos ou de prevenções. A proporção de adolescentes
envolvidos em atividade sexual diminuiu ao longo das últimas décadas. Apesar da
atenção crescente para prevenção e educação em saúde, dados recentes indicam
que as taxas de gravidez indesejada e doenças sexualmente transmissíveis
permanecem mais altas em adultos jovens do que adultos mais velhos e maiores em
países mais desenvolvidos. A sexualidade é elemento constitutivo do adolescente, já
que é um atributo inerente ao ser humano, que se manifesta independentemente de
qualquer ensinamento; ela representa a forma como o indivíduo se comporta, pensa
ou agi. Faz parte da construção e expressão da personalidade do indivíduo. Resulta
da   integração   dos   componentes    biológico,   psicológico,   social   e   cultural.
(FAGUNDES, 1995).

                    A sexualidade é o nome que se pode dar a um dispositivo histórico:
                    não à realidade subterrânea que se apreende com dificuldade, mas à
                    grande rede de superfície em que a estimulação dos corpos, a
                    intensificação dos prazeres, a incitação ao discurso, à formação dos
                    conhecimentos, o reforço dos controles e das resistências,
                    encadeiam-se uns aos outros, segundo algumas grandes estratégias
                    de saber e de poder (FOUCAULT, 1999, p.100).

A sociedade tende a reduzir a sexualidade à sua função reprodutiva e genital.
Sexualidade e reprodução são processos que se expressam graças a órgãos
específicos do ser humano e por isso tem uma estreita relação, mas são coisas
distintas. Reprodução é o processo pelo qual a vida é gerada, e sexualidade é muito
mais do ser apto para procriar e apresentar desejos sexuais; intimidade, afeto,



                                                                                      27
emoções, sentimentos e bem-estar pessoal, decorrentes da história de vida de cada
um (FAGUNDES, 1992).


Por isso requer uma informação adequada e a busca de ajuda em órgãos de saúde
e profissionais especializados. De acordo com o Guia de Orientação Sexual, por
meio das reflexões de mensagens propostas neste conceito o aluno tem condições
para conhecer seu próprio corpo e aprender a cuidar dele, reconhecer que a saúde é
condição necessária para usufruir de sexo com prazer, escolher um método
anticoncepcional eficaz as suas características pessoais, evitar a contaminação de
doenças     transmissíveis,    buscarem       acompanhamento      médico    e   outros
procedimentos como o autoexame, no sentido de prevenir doenças, etc. (GUIA DE
ORIENTAÇÃO SEXUAL, 1994.p.71).


4 - Sociedade e cultura


Sexualidade em si, ao ser abordado no contexto geral, pode-se dizer que esta é
influenciada pelos processos históricos, como também é moldada pelo meio social e
conseqüentemente efetivada conforme os elementos culturais em que o ser está
inserido. Quando se trata de sexualidade humana, é muito difícil chegar a uma
definição única para toda a sociedade, principalmente porque se acredita estar
relacionado apenas ao mundo privado. Mas a sexualidade, tanto como qualquer
outro tipo de interação entre duas ou mais pessoas, é regida por leis e costumes
culturais da sociedade, que garantem o convívio social. Segundo Cohen (1993), não
se pode falar em sexualidade sem se falar em cultura, pois se trata de uma
produção social e cultural.


Compondo o Guia de Orientação Sexual as mensagens levam a reflexão de temas
que dão oportunidades de expressões e condições para: Vencer tabus e
preconceitos, respeitar valores e estilos sexuais diferentes, exercer a cidadania se
posicionando quanto às questões sexuais, defender o direito de todos quanto ao
acesso    às   informações    precisas   de   sexualidade,   evitar   discriminações e
comportamentos intolerantes, evitarem estereótipos a respeito da sexualidade,



                                                                                    28
avaliar os impactos das informações advinhas do meio social com referencia a
sexualidade. (GUIA DE ORIENTAÇÃO SEXUAL, 1994.p.89).


Outro aspecto a considerar é a necessidade de conscientização de que a
sexualidade tem relação com os processos artísticos e é um direito fundamental que
se respeitado com certeza garantirá a aquisição da autonomia e da cidadania.
Somente por meio da conscientização da sociedade pode se trabalhar as crenças e
sentimentos, os tabus e preconceitos, pois é da sociedade que vem o papel
determinante o qual influencia a cultura vigente.


5 - Adolescentes e Início da Vida Sexual


Vale mencionar que, jovens que têm vida sexual mais ativa em geral são os menos
informados. A ausência de informações corretas poderá levar o jovem a problemas
de sexualidade ou a dificuldades emocionais. Diante disso, os rapazes, geralmente,
acham-se sabedores de sexo, mas mostram intensa curiosidade velada quando se
fala sobre o assunto. Paradoxalmente, dão uma grande importância á sua vida
sexual ativa e, na mesma proporção da amostragem pesquisada, valorizam a
virgindade da moça com a qual irão se casar. Sua    primeira    relação    sexual
normalmente ocorre em prostíbulos, casas de massagem, com empregadas
domésticas ou, mais raramente, com as namoradas. (entre os treze e quinze anos).


(VASCONCELLOS,1997). Cohen e Fígaro (1996) definiram relação sexual como “...
um tipo particular de relação social, possuindo limites individuais e sociais. Os
parâmetros sociais, dependendo da época e da cultura, sofrem variações, podendo
ser aceitos ou não pelos indivíduos. Muitos conflitos sexuais surgem da não
aceitação dos tabus que a sociedade criou sobre a sexualidade humana, gerando
certa dificuldade para pensarmos sobre o que poderia ser considerado como normal
ou como patológico, em uma relação sexual”. Assim, as relações humanas são
determinadas pela cultura, mas, ao mesmo tempo, o ser humano também interfere e
a modifica. Portanto, a sexualidade é um conceito cultural dinâmico que está em
constante mutação.



                                                                                29
Desta forma, “os rapazinhos são pressionados pelo grupo e, muitas vezes, pela
própria família, que lhes dizem que não será homem enquanto não tiver relações
sexuais.” (VASCONCELLOS,1997,p.210). Outro aspecto é a necessidade dos
jovens de provar a identidade sexual de macho e não correr o risco de ser chamado
de “bicha, viado, bambi ou baitola”. A iniciação sexual e destacada como um rito de
passagem, envolvendo distintos trânsitos entre a infância, a adolescência e a
juventude (CASTRO, 2004). Em tal caminho se da à afirmação da masculinidade
(NOLASCO, 1993), modelagens sobre feminilidade e a busca por autonomia, o que
no senso comum se traduz como o tornar-se homem e o fazer-se mulher,
perpassando portanto, sentidos diversos como o que se entende por masculino,
feminino e as realizações das trocas afetivas.


Cabe mencionar que, os jovens vão tendo experiências e adquirindo desenvoltura.
Envolve-se com moças, que na maioria das vezes nada significam para eles como
pessoas. Interessam-se apenas pelo corpo ou para dar vazão à sua carga erótica.
Logo, o medo das primeiras vezes vai sendo substituído pela segurança e
competência. Comentará com os amigos. Contará vantagens. Terá status de
garanhão. Por outro lado, também há rapazes absolutamente normais, que não
procuram se relacionarem genitalmente. Seja qual for o motivo, deverão ser
respeitados na sua opção. No entanto, as moças geralmente são mais românticas,
iniciando seu relacionamento sexual com mais idade que os rapazes. Quase sempre
o fazem por amor ou (na periferia ou no interior) como prova de amor.


A sexualidade tem sido abordada, por vezes, de uma forma insuficiente e simplista,
disseminando uma concepção antiga que a articula com reprodução, referindo-se ao
contato entre os dois órgãos genitais e à penetração do pênis na vagina, restringido-
a assim ao coito. Além disso, pouca importância tem sido dada aos cuidados com a
higiene corporal e métodos contraceptivos, especialmente no que se refere ao uso
dos preservativos, como também a métodos profiláticos para com as doenças
sexualmente transmissíveis, em geral, AIDS, em particular (RIBEIRO, 1993).


Uma vez provado, o envolvimento do par termina, principalmente se houver
gravidez. As jovens querem ser amadas, tem medo de perder o namorado e, na

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maioria das vezes, terão um ato sexual sem prazer. Outras moças envolvem-se por
ingenuidade, promessas, falta de informação, para agredir aos pais que lhes negam
informações, diálogo e carinho. Eles misturam a fantasia das novelas com a vida
real. Com tudo isso, os padrões comportamentais mudaram. Atualmente, muitos
namoros começam já pelas intimidades, toques e beijos. Tudo muito rápido, o mais
rápido possível. Antes mesmo de saber o nome da pessoa com quem está.
Entretanto, ainda há exceções. Outra causa de aceleramento da iniciação sexual é
que a preparação para a vida profissional é muito longa.


Nas classes mais privilegiadas, os estudos se prolongam e os jovens se casarão
mais tarde, pois o inicio da vida profissional é bem mais tarde que nos meios
humildes. Nas classes mais simples, pode-se dizer que nem a adolescência existe.
Quantos jovens de dose, quatorze anos já sustentam famílias! Desta forma, os
jovens ficam curiosos para saber como é “transar”. Afinal, é um assunto tão falado.
Os rapazes recebem a permissão social e familiar para transar e buscam o prazer
físico exclusivamente, as moças têm dificuldades quanto à família, à reputação, ao
medo de serem abandonadas pelo rapaz, à questão da virgindade, da gravidez, do
aborto. Pode-se dizer até, que é um ato abusivo. Como são meio crianças, não
sabem lidar com as perdas emocionais e, no caso das moças, da perda física (o
hímen). Não há maturidade. Não sabem que a intimidade verdadeira é uma
conquista progressiva.


Não tem papel sexual definido, e o local escolhido, em geral, é inadequado. Ocorre
tudo muito depressa, o que poderá gerar condicionamentos impróprios para a sua
vida futura.


                     Antes de iniciar a vida sexual, os jovens, homens e mulheres,
                     deverão ser orientados e esclarecidos pelos pais e mestres. Se eles
                     perguntam, não quer dizer que estão querendo fazer, e se nós os
                     informamos, não estamos dando permissão. A postura dos adultos
                     deve ser a de esclarecer sem permitir ou reprimir. (ABERASTURY,
                     1992, p.213)

Enquanto os jovens aguardam o momento certo e a pessoa certa, precisam receber
esclarecimentos e informações por meio de conversas sobre os medos, as dúvidas,
as pressões familiares e sociais. Dialogar com eles também sobre amizade, amor,

                                                                                     31
namoro e envolvimento. Dentro deste aspecto, os jovens terão de compreender que
seu corpo lhes pertence e que poderão escolher se querem ou não ter relações
sexuais, contando que estejam conscientes das conseqüências desse seu ato. A
relação sexual humana não pode reduzir-se ao prazer egoísta. Ela está a serviço do
amor efetivo, verdadeiro, duradouro. Faz parte de um relacionamento maduro,
compromissado, e que envolve a totalidade da vida das pessoas. A busca egoísta
do prazer não realiza, nem satisfaz as aspirações mais profundas do ser humano.


Não se sabe quando é o momento certo de iniciar a vida sexual. Cada um terá de
descobrir o seu. Cada pessoa tem o seu momento certo; por isso, é preciso refletir
para descobri-lo. É importante criar expectativas. Vou entregar-me à primeira pessoa
com a qual me envolver emocionalmente. Não será mais gratificante esperar até
encontrar a pessoa com a qual pretendo me casar para construir família. O que me
leva a ter relações sexuais antes do casamento Minha opção baseia-se em
convicção profunda ou deixo-me levar pelas pressões sociais (GOLBERG, 1988,
p.214). Estas e muitas outras questões devem ser analisadas antes de se tomar
qualquer decisão neste sentido. O momento certo, o melhor momento para será
aquele no qual ambos tiverem certeza de estarem juntos construindo a própria
felicidade. Não a felicidade que se reduz a mais um orgasmo, mas aquele que
envolver e se realiza em todas as dimensões humanas.


6 - Adolescente e Anticoncepção


Ensinar sobre anticoncepcionais significa permitir relações pré-conjugais, nem
incentivar ou estimular seu uso. Visa informar e prevenir. Vale ressaltar que os
jovens interessam-se muito em saber quais os métodos para evitar uma gravidez
precoce e um provável aborto. Como atualmente vive-se numa época de grande
liberação sexual, será preciso questionar os jovens se este é o melhor caminho que
os torna mais felizes e realizados como pessoas. Não será, antes, a expressão de
um vazio existencial e uma falta de sentido na vida. Assim, as informações que
muitos jovens têm são errôneas ou deturpadas. Existem adolescentes que tomam
uma pílula na hora coito ou colam-na vagina pensando que desse modo podem


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evitar uma gravidez. Diante disso, a moça, muitas vezes, envolve-se num
relacionamento sexual para comprovar sua identidade feminina.


Entretanto, não se protege usando anticoncepcional, porque supõe que se não
quiser não vai se engravidar. Para evitar um sentimento de culpa, não usa
anticoncepcional, acreditando que, se o fizer, estará premeditando o uso de seu
corpo. Por sua vez, os rapazes acham que usando camisinha de Vênus a relação
não tem graça, e que o ato fica como se estivesse comendo bala com o invólucro. É
difícil conscientizar os jovens a respeito da anticoncepção. Pais e mestres não
podem e não devem sonegar informações. É preciso deixar os preconceitos de lado
e orientar os jovens, mostrando que o que acontece no relacionamento de um casal
é da responsabilidade dos dois, e não somente da mulher. Deve-se conscientizar de
que o aborto, principalmente o clandestino, é muito pior do que a anticoncepção.
Pais e mestres precisam ser instrutores dos jovens. Se não o forem, será o
balconista da farmácia, serão os amigos ou vizinhos. Aprenderão fatalmente de
forma errada, utilizarão métodos errados e serão vitimas da desinformação.


7 - Reações da adolescente frente à gravidez


Segundo Tiba (1994, p. 333) nessa fase da vida que se vivenciam as grandes
mudanças, sendo estas tanto físicas mentais como espirituais. A adolescente passa
por uma profunda desestruturação da personalidade que com o passar dos anos vai
se estabelecendo. Ela ainda ressalta que quando a adolescente sente que está
grávida, ela geralmente se desespera, se essa gravidez não tiver sido planejada
surgem vários sentimentos. Onde mistura emoção, raiva, sendo a mulher mais
emotiva e sabe que dentro de si vai formar um novo ser. Assim aparece um grande
conflito que já faz parte de sua formação. Mesmo em situação normal a gravidez
gera um impacto para qualquer mulher, por que junto com ela vêm as mudanças
físicas inevitáveis. A mulher tem consciência que seu corpo mudará por alguns
meses, que precisará ter mudança de rotina, de alimentação, atividades físicas e
principalmente acompanhamento médico. Dentro deste contexto surgem muitas
duvidas para as adolescentes grávidas.



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Gravidez na adolescência é um assunto bastante atual tanto no ambiente da
psicologia quanto no da enfermagem e medicina, principalmente por implicações. A
adolescência em si já é um processo de mudanças tanto física, como psicológica.
Ter um bebê é uma decisão bastante difícil que envolve muitas renúncias, por isso o
apoio tanto da família da menina, como do rapaz e de sua respectiva família é de
grande importância, tanto pelo lado financeiro como emocional. Além disso, não se
pode esquecer que a sexualidade precoce é um comportamento de risco, e a
gravidez não planejada é apenas uma se suas conseqüências como a contaminação
da Síndrome da Imunodeficiência Adquirida – AIDS ou SIDA e outras Doenças
Sexualmente Transmissíveis – DSTs. O fenômeno da gravidez na adolescência não
é novo. Novas são as formas de compreendê-lo, segundo o pensamento da
sociedade ocidental moderna. A análise deste fenômeno nas camadas populares
exige   um   entendimento   que   depende    das   determinações   econômicas    e
socioculturais, bem como dos diferentes valores de cada segmento que interagem
em nossa sociedade. (MENEZES, 1996, p. 63).


As problematizarão acerca dessas temáticas são infindáveis. Perguntas que foram
perguntas, perpassando temas tão complexos, paradoxais, enigmático, polêmico, e
muitas vezes proibidos e prazerosos em que se experimenta o prazer de saber e
produz-se o saber sobre o prazer nos espaços das instituições em que se promovem
as significações. É essa a grande questão saber responder corretamente e na hora
certa os questionamentos sobre sexo, não ultrapassando os limites impostos pela
sociedade, mas não deixar de esclarecer que sexo é coisa natural, mais deve ser
praticado com responsabilidade e isso requer aprender e pensar no futuro que cada
um quer para sua vida. Isso tudo é um desafio para o jovem, ultrapassar limites
impostos pelo mundo e aguçar o olhar para as relações entre poder-saber-verdade,
significa assumir a sexualidade e a responsabilidade é indissociável e requer
navegar entre tensões, contradições, aceitar ou não as idéias prontas, e jamais se
restringir ao binarismo. Requer aprender com Foucault (1999) que o mínimo de
liberdade de que dispomos para atuar cotidianamente nas dentro desta revolução
que é nosso corpo requer sabedoria, responsabilidade, requer pensar que os
conhecimentos considerados “verdadeiros” sobre a natureza humana produzida



                                                                                 34
pelas ciências biológicas e médicas que possibilitam a implantação de rumos é só
sabe a cada um tomar essa decisão.


A medicina higieniza dava assistência permanente à família e à escola para que as
atividades e relação aí presentes não se tornassem geradora de desajuste, cuidando
educando para que meninos se tornassem homens e meninas e tornassem
mulheres, com características muito demarcadas: docilidade e submissão para
meninas; esperteza e agitação para os meninos (RIBEIRO, 1996, p. 299). Contudo,
o grande desafio é este: atentar que o movimento que produz dominação dos corpos
pode também produzir resistência. E essa luta deve reivindicar o direito à diferença e
contrapõe-se aos mecanismos completos de aceitar tudo que lhe proposto, explora e
dominação, presença na vida cotidiana sobre a forma de categorização
individualização, identificação e imposição de uma verdade, assim deve-se ficar
atento a tantas perguntas e inquietação dos jovens que na adolescência se sente
perdido e deve ser apoiado pelos adultos que já passaram por isso. Quando
acontece a gravidez indesejada as adolescentes se sentem traída por ela mesma, e
às vezes tomam decisões que complicará mais sua vida, também colocam culpas
nos que te rodeiam.


8 - Complexo de Édipo


Ele constitui o outro pólo da evolução da criança. Entre quatro e cinco anos, ela, que
tem conhecimento intuitivo das coisas, percebe que seu pai e sua mãe diferem no
plano genital e mantêm um com o outro uma relação da qual é excluída. Uma parte
do bolo não lhe pertence, por culpa de um terceiro que se interpõe entre sua mãe e
ela. Ora, o embaraçoso é que esse rival é seu pai. Impossível entrar em conflito
aberto com ele sem pôr em questão seu amor filial; por outro lado, a criança percebe
muito bem que não poderá rivalizar em força com esse gigante. Perderia as penas
se arriscasse. Vê-se claramente o que há de essencial nesse conflito: a forte atração
da criança pelo progenitor do sexo oposto e a surda agressividade implicada por sua
rivalidade amorosa. Portanto, não se pode entender a atração sexual na criança no
sentido genital da maneira como ela ocorre na puberdade. Esse prazer da
manipulação demonstrará o despertar das zonas erógenas, a criança gosta do

                                                                                   35
carinho e pedirá carinho. Ocorre que a ligação afetiva mais forte e a pessoa em que
ela mais confia é a mãe, e neste caso não é estranho que a criança espere e exija
carinho da mãe. Essa ligação carinhosa e afetiva entre mãe e filho é que irá
propiciar a caracterização do complexo de Édipo como nos fala Rosa apud Freud
(1994:106): “Para o menino, objeto da pulsão é a mãe, ou melhor, mãe fantasiada.
para a menina o objeto é inicialmente fantasiado e depois no 2º tempo o pai”.

Pode-se afirmar que de forma inconsciente a menina procura agradar o pai, visto
que, o tem como objeto de pulsão, por outro lado, o menino faz de seu pai um ideal
em que ele próprio gostaria de se transformar. Neste momento, a criança dá um
enorme salto a frente, tornando-se capaz de vivenciar emoções mais complexas,
pois a sua energia de origem sexual que era exclusivamente no seu próprio corpo,
passa a ter um novo objeto, quer dizer a menina sente atração pelo pai, o menino
pela mãe. Para a criança é tudo o que ela pode querer de um “casamento”, é o
complexo de monopólio da afeição pelos pais. Para Oliveira :

                     A situação edipiana pode ser o grande ponto decisivo de sua vida.
                     Pode determinar se lhe será possível, um dia estabelecer relações
                     sexuais satisfatórias com outra mulher ou pode fazer dele um
                     homossexual. Problemas da mesma espécie são enfrentados,
                     quando uma menina chega a vida sexual adulta. Os pais são,
                     portanto, os principais responsáveis pela modelação de seu caráter e
                     lançamento dos alicerces de seus futuros padrões de
                     comportamento. Só através desses padrões já existentes, é que sua
                     sexualidade pode oportunamente encontrar expressão. (1992:11, 17)


O conflito se desfaz quando a criança angustiada pela ambigüidade dos sentimentos
que nutre pelos pais consegue identificar-se validamente com o progenitor do
mesmo sexo; com o pai, se tratar de um menino; então voltará seu amor, não mais
para a mãe, mas para outra mulher que não faz parte da constelação familiar.


A partir desse momento, a criança adota uma adaptada a seu sexo: o menino
dedica-se a jogos viris, agressivos, enquanto a menina afirma sua feminilidade,
brincando com bonecas ou de enfermeira. Na resolução desse conflito, a atitude dos
pais é determinante. Um pai demasiado violento pode aumentar o medo e, portanto,
a agressividade do seu filho, o que compromete sua necessária identificação com
ele. Pelo contrário, um pai ausente, fraco ou muito absorvido pela profissão não
pode assumir o papel de rival válido; pode comprometer a evolução do complexo
                                                                                      36
edipiano. Ora, a ausência de resolução do complexo de Édipo está na origem de
quase todas as perversões sexuais e tendência à homossexualidade.


9 - Considerações Finais


Após essas constatações algumas reflexões são necessárias: Por que temos que
lutar para garantir os direitos e a igualdade com relação à nossa vida sexual? Por
que o pensamento de que a sexualidade se refere apenas às práticas sexuais, como
se elas não sofressem influência social e religiosa, nos restringe a viver sob regras e
normas rígidas? Por que essa visão estreita da sexualidade nos coloca sob a
dimensão do normal e do não normal? Talvez porque vivemos numa cultura, numa
dada sociedade, que tem expectativas de papéis sociais determinados e que,
portanto, preveem comportamentos, valores e sentimentos dentro de certos padrões
definidores de normalidade, padrões que regem o que devemos ou podemos
aprender, também sobre nossa sexualidade. Entender a sexualidade como um
conceito amplo é um pressuposto essencial para ações educativas eficazes, uma
vez que é necessário pretender abarcar no processo reflexivo as mediações sociais,
históricas e individuais presentes na educação sexual, se queremos contribuir para a
emancipação dos educandos também nesse campo.


Assim, devemos entender que no desenvolvimento dos jovens e adolescentes a
saúde sexual implica em assumir as responsabilidades pelas próprias atitudes em
relação à própria vida sexual e à do outro; o desenvolvimento de atitudes reflexivas,
conscientes, distantes daquelas que reproduzem os padrões ora vigentes e que
espelham uma repressão que se torna um mecanismo de controle social,
estabelecido e mantido pela própria sociedade ao longo da história humana,
depende de ações educativas que sejam, essencialmente, reflexivas, e que visem
ao desenvolvimento de uma consciência verdadeira sobre o vasto campo de
problemas sociais, históricos e pessoais envolvidos no exercício da sexualidade.
Ao pensar sobre a sexualidade na adolescência costumo ter a imagem metafórica
do período de amadurecimento psíquico e adaptações drásticas. Além disso, as
concepções sociais já estabelecidas, com novas responsabilidades e cobranças. O
menino ou a menina na adolescência também vai lidar com um corpo novo e

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diferente, que muda a cada dia, além das cobranças sociais até então
despercebidas e isso, em geral, pode causar ansiedade e angústia e exigir certa
compreensão social do mundo dos adultos (MAIA, 2003).


Diante das mudanças físicas do corpo, cognitivas do pensamento e sociais os
púberes e adolescentes vivem um cotidiano atribulado de ambigüidade de
sentimentos e emoções em relação à sua sexualidade. São conflitos e dúvidas que
refletem um sentimento de temor; medo em não pertencer a um padrão de
normalidade socialmente desejável. Este padrão refere-se a estética corporal, a
identidade e ao gênero, a saúde, a beleza, a capacidade de exercer a atração e a
sedução, a expressão da afetividade e do desempenho sexual. Além disso, vivem de
maneira conflituosa as dúvidas em relação ao tamanho dos órgãos sexuais, ao
desempenho em uma relação sexual, à virgindade e mesmo à realização de práticas
sexuais, especialmente quando também se misturam os valores morais e religiosos
da família.


Muitas pesquisas ainda mostram que os adolescentes têm acesso a informações
gerais sobre sexualidade, porém ainda revelam informações distorcidas e
deturpadas e assumem pouca prevenção quando se referem aos métodos
anticoncepcionais, às doenças sexualmente transmissíveis e a temas relacionados à
prática da sexualidade. A melhor maneira de lidar com essa situação é, sem dúvida,
a prevenção. O que, no entanto, extrapola o nível informativo e depende em grande
parte, de uma educação sexual que favoreça a discussão, a troca de idéias, a
reflexão, esclarecimentos e a apropriação do saber entre os jovens e os educadores.
Neste sentido, não podemos desconsiderar o contexto da puberdade e da
adolescência no desenvolvimento. É preciso perceber, compreender e refletir se e
como os possíveis conflitos na adolescência interferem no cotidiano de jovens
meninas e meninos, também na vida escolar, afetiva e social. Se há esta percepção,
como podemos ajudar esses jovens a dialogar e a refletir sobre essas questões? Em
que medida tem o conhecimento amplo em relação às teorias do desenvolvimento
para compreender as mudanças físicas e psicossociais dos nossos jovens? Em que
medida tornou as informações sobre sexualidade acessíveis e reflexíveis aos jovens



                                                                                38
de modo a fazer com que eles extrapolem o mero nível informativo e atuem na
formação, na mudança de atitudes favoráveis à promoção da saúde sexual?


Uma última reflexão final é necessária: Será possível pensarmos as questões da
adolescência sem considerar diferentes contextos sociais e, em muitos casos, com
precárias condições sociais, educacionais e econômicas? A que tipo de
adolescência pode nos referir ao pensar nos meninos marginais, infratores e
miseráveis? Ao pensar nas meninas pobres, de pouca idade (11, 12 anos), que
ficam em casa cuidando de seus irmãos mais novos e da casa para que sua mãe
e/ou pai possam trabalhar fora? Para muitas pessoas, esse período da adolescência
praticamente não existe. Muitos meninos e meninas, embora sendo crianças,
realizam tarefas que correspondem às atividades de um adulto, tendo que assumir
responsabilidades sociais, viver e conviver de forma totalmente diversa, a passagem
pela adolescência. Em que medida a adolescência que estudamos na literatura atual
considera as desigualdades sociais e econômicas de muitas sociedades?


Faltam estudos, inclusive, que acompanhem o período de adolescentes em famílias
menos favorecidas economicamente, nos quais a criança é inserida no mundo
adulto do trabalho mais cedo e tem menos acesso a bens materiais. Se
conseguirmos pensar sobre essas questões, debater o tema da sexualidade como
algo educativo, dialogar entre diferentes profissionais como trabalhar a sexualidade
em diferentes situações, já seria um grande feito. Acredito que propostas educativas
sobre sexualidade poderiam contribuir sobremaneira para uma educação sexual
emancipatória na adolescência e, sobretudo na promoção de uma vida sexual
saudável e responsável para toda a vida.




                                                                                  39
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GHERPELLI, M. H. B. V. Diferente, mas não desigual - a sexualidade do deficiente
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Uma reflexão sobre a sexualidade dos adolescentes

  • 1. FACULDADE KURIOS MARLEI SOUZA VITÓRIA VINHAL UMA REFLEXÃO SOBRE A SEXUALIDADE DOS ADOLESCENTES DENTRO DOS PRINCÍPIOS MORAIS E ÉTICOS Maranguape/CE 2011
  • 2. MARLEI SOUZA VITÓRIA VINHAL UMA REFLEXÃO SOBRE A SEXUALIDADE DOS ADOLESCENTES DENTRO DOS PRINCÍPIOS MORAIS E ÉTICOS Monografia apresentada ao Curso de Bacharel em Teologia da Faculdade Kurios, como requisito parcial à obtenção do título de Bacharelado em Teologia. Orientadora: Profª Ms. Rozaine F. Tomaz Maranguape/CE 2011 2
  • 4. Agradecimentos: Agradeço a Deus, que me iluminou e me deu forças para subir mais esse degrau em minha vida, pois tudo que sou ou posso a vir ser, depende exclusivamente da sua vontade. Agradeço a minha família que sempre esteve ao meu lado. Aos professores pelo apoio recebido durante o curso, contribuindo para o meu crescimento pessoal e profissional e em especial a minha orientadora: Profª Ms. Rozaine Fontes Tomaz. 4
  • 5. RESUMO A sexualidade é definida como um elemento integral da vida e do ser individual e social que valoriza as relações com pessoas, grupos, comunidades, culturas e Deus. Na adolescência a sexualidade é discutida a respeito das dinâmicas de gênero, poder, identidade, e autoimagem. Ela é considerada um período muito importante nas mudanças físicas, emocionais, psicológicas e sociais dos jovens. Compreender o crescimento e amadurecimento físico, cognitivo e religioso, lidar com sentimentos ambíguos diante das frustrações, da euforia e do desânimo e ao mesmo tempo, lidar com a aceitação ou rejeição social, preconceitos e discriminações é uma habilidade que requer o suporte social de familiares, educadores, profissionais, da igreja e da comunidade em geral. Este texto pretende informar e esclarecer sobre estes aspectos no desenvolvimento humano de jovens e adolescentes, procurando refletir sobre a sexualidade dentro dos princípios morais e éticos no período chamado adolescência. Palavras-chaves: Sexualidade, Adolescência, Moral e Ética. 5
  • 6. ABSTRACT Sexuality is defined as an integral element of life and of the individual values and social relations with individuals, groups, communities, cultures and God. Sexuality in adolescence is discussed about the dynamics of gender, power, identity, and self- image. She is considered a very important period in the physical, emotional, psychological and social needs of young people. Understanding the growth and physical maturation, cognitive and religious, before dealing with mixed feelings of frustration, euphoria and despair and at the same time, dealing with social acceptance or rejection, prejudice and discrimination is a skill that requires social support from family educators, professionals, church and community. This paper aims to inform and clarify these aspects in human development of youth and adolescents, seeking to reflect on sexuality within the moral and ethical principles in the period called adolescence. Keywords: Sexuality, Adolescence, Morals and Ethics. 6
  • 7. SUMÁRIO 1 - Introdução: .......................................................................................................... 08 2 - A orientação sexual na adolescência: ................................................................. 10 3 - Conceitos Fundamentais para o Programa de Orientação Sexual: .................... 14 3.1 - Desenvolvimento humano: .................................................................... 15 3.2 - Relações sociais na adolescência: ........................................................ 17 3.2.1 - A independência: ..................................................................... 18 3.2.2 - A identidade: ............................................................................ 19 3.2.3 - A autoestima: ........................................................................... 20 3.2.4 - O comportamento: ................................................................... 21 3.2.5 - A segurança: ............................................................................ 23 3.2.6 - A religiosidade: ........................................................................ 24 3.2.7 - A comunicação: ....................................................................... 26 3.2.8 - A saúde sexual: ....................................................................... 27 4 - Sociedade e cultura: ........................................................................................... 28 5 - Adolescentes e Início da Vida Sexual: ................................................................ 29 6 - Adolescente e Anticoncepção: ............................................................................ 32 7 - Reações da adolescente frente à gravidez: ........................................................ 33 8 - Complexo de Édipo: ............................................................................................ 35 9 - Considerações Finais: ......................................................................................... 37 10 - Referências Bibliográficas: ................................................................................ 40 7
  • 8. 1 – Introdução “A palavra “Adolescer”, vem do latim ad (para) + olescere (crescer) e significa: “crescer para”, ou seja, “crescer”, “engrossar”, “tornar-se maior”, “atingir a maioridade”. A adolescência é um período marcado por mudanças biológicas, psicológicas, existenciais e sociais, compreendido entre a infância e a idade adulta, é marcado por transições de cunho essencialmente social e reflete, portanto, concepções históricas e culturais”. (BECKER, 1994; CALLIGARIS, 2000; CAMPOS, 1990; PAPALIA, OLDS e FELDMAN 2006; PEREIRA, 2005). A sexualidade na adolescência é atualmente uma das questões mais abordadas e complexas e que tem causado muitas discussões em todos os segmentos da sociedade. Fala-se muito de sexo e sexualidade na adolescência. A televisão expõe diariamente pessoas jovens, saudáveis e belas, cheias de amigos, vendendo a impressão de uma época sempre feliz. No entanto, educadores lidam no cotidiano com crianças em transição da infância para a idade adulta, num período cada vez mais longo chamado de adolescência, no qual, ao lado da alegria, da saúde e das amizades, ocorrem também dúvidas sobre sexualidade, dificuldades e sofrimentos relacionados ao início da vida amorosa e sexual. Como estabelece Puig (1995), a ação do educador estará encaminhada para estimular o processo de valoração de seus alunos para que chegue a dar-se conta de quais são realmente seus valores e possam sentir-se responsáveis e comprometidos com eles. Assim, infere-se que é importante desenvolver no educando a ação reflexiva de modo que este seja capaz de pensar, de analisar, de contextualizar situações cotidianas que exigem uma determinada postura autônoma. Como abordar ou como intervir, nos dias de hoje, na vida e na educação dos jovens e adolescentes sobre a questão da sexualidade dentro dos padrões da moral, da ética, da responsabilidade e do respeito ao seu semelhante, nos princípios religiosos, no qual exige uma sociedade conservadora? Sim, por que, a sociedade por mais evoluída que seja, ou por mais que os meios de comunicação banalizam a questão da sexualidade na adolescência, ela é conservadora, mais ainda quando o assunto se refere às questões de princípios. 8
  • 9. As mudanças que ocorrem velozmente nesse período implicam muitas vezes em situações em que, imperam discriminações sociais acarretando sofrimento e angústia para muitos jovens. Enfrentar o crescimento e o amadurecimento pessoal de forma mais saudável exige muita colaboração e mediação dos adultos, isto é, o suporte social de familiares, amigos, médicos ou educadores, a igreja e a comunidade em geral. Neste sentido, entende-se que nessa fase a puberdade é um fenômeno biológico que registra as modificações físicas e corpóreas do crescimento e amadurecimento humano, e diferentemente a adolescência, tal qual a concebemos, é um fenômeno social e cultural (MAIA, 2003). Segundo Vitiello e Loureiro Júnior (1986) buscar um conceito exato para a adolescência e subjugar a sexualidade dentro de um contexto mais amplo é uma tarefa difícil, porém ainda mais difícil é fixar seus limites cronológicos, pois a delimitação de seu inicio e término depende de fatores sócio-culturais, familiares e pessoais. Apesar disso, muitos autores tentam definir esses limites em uma idade cronológica que varia entre 11 e 20 anos de idade. Basicamente, o surgimento das características sexuais secundárias seria proposto como o limite inicial - o que não acompanha obrigatoriamente a eclosão das características sociais e emocionais da adolescência, ora precedendo, ora surgindo após seu estabelecimento, e seu limite final seria a resolução das características psicoemocionais marcantes neste período adolescente. Cavalcanti (1987), completa esta idéia afirmando que a adolescência, socialmente, teria seu fim quando o grupo social atribuísse ao indivíduo o status, o papel e a função de adulto. É difícil separar as mudanças físicas das mudanças psicológicas, e do meio social e cultural em que este indivíduo se desenvolve na adolescência, isto é, as mudanças resultantes desse crescimento devem ser sempre consideradas como psicossociais, especialmente para a Psicologia. Papalia, Olds & Feldman (2006) citam, por exemplo, diversos problemas possíveis neste período relacionados à saúde física e mental de jovens meninos e meninas que não podem ser considerados isolados da sociedade em que vivem: distúrbio de sono, de nutrição e de alimentação; obesidade, anorexia e bulimia nervosa, uso e dependência de drogas, devem ser 9
  • 10. compreendidos como fenômenos psicossociais, embora se manifestem em indivíduos especialmente durante a adolescência. Nesse contexto a sexualidade inclui, mas não está limitada às dinâmicas de gênero, poder, identidade social, e autoimagem. Como tal, a sexualidade lida com as questões de identidade e ser e não está limitada à conformidade, às exigências morais e éticas da sociedade. Tais normas éticas e morais são de grande importância, mas a redução da sexualidade à aderência a estas normas e moralidades reduz a sexualidade a um de seus diversos aspectos. Segundo Osório (1992), a adolescência é uma etapa da vida na qual a personalidade está em fase final de estruturação e a sexualidade se insere nesse processo, sobretudo como um elemento estruturador da identidade do adolescente. Daí a necessidade de buscarmos conhecer melhor os mitos, tabus e a realidade da sexualidade para que possamos abordá-la de forma mais tranqüila com os adolescentes, de manter um diálogo franco e entender as manifestações dessa sexualidade aflorada e própria da idade. O universo complexo da sexualidade humana é raramente discutido. Especificamente, a moralidade sexual é freqüentemente reduzida às questões de quais práticas e atitudes sexuais são aceitas pela sociedade como um todo. 2 - A orientação e educação sexual na adolescência A orientação sexual na adolescência ganha cada vez mais importância. Mais do que transmitir que sexo por sexo é fuga e sexo com consciência é amor, discutir as formas de relacionamento entre adolescentes é também uma das grandes preocupações da sociedade. Causa estranheza observar o descaso e o desrespeito com que o assunto ainda é tratado. Nem é preciso ser um especialista para perceber a discrepância das atitudes. A adolescência, como qualquer estágio de crescimento da vida humana é marcado por mudanças, as crises e a transição para novos estados de vida. A sexualidade nessa fase está em participar de todos esses acontecimentos. Não há maneira única para se aproximar da adolescência, depende do julgamento com o qual é olhar para o aspecto que é realçado. Ao classificar os sujeitos, toda sociedade estabelece divisões e atribuem rótulos que pretendem fixar 10
  • 11. as identidades. Ela define, separa e, de formas sutis ou violentas, também distingue e discrimina. Tomaz Tadeu da Silva (1998) afirma: Os diferentes grupos sociais utilizam a representação para forjar a sua identidade e as identidades dos outros grupos sociais. Ela não é, entretanto, um campo equilibrado de jogo. Através da representação se travam batalhas decisivas de criação e imposição de significados particulares: esse é um campo atravessado por relações de poder. (...) o poder define a forma como se processa a representação; a representação, por sua vez, tem efeitos específicos, ligados, sobretudo, à produção de identidades culturais e sociais, reforçando, assim, as relações de poder. De um ponto de vista cronológico é definido, aproximadamente, entre 12 e 20 anos. Dizemos mais ou menos, porque como todos os processos de um ser vivo são impossíveis classificar as margens estáticas. Com a conquista da identidade pessoal (quem eu sou, de onde eu vim, pra onde eu quero ir ou o que eu quero ser) é marcado a partir do critério psicológico de abordagem, ao final deste período. A definição de papéis é a partir do ponto de vista sociológico que define a adolescência, estes, naturalmente, depende da cultura em que vivemos, não há papéis específicos de nascimento. Finalmente, há um critério que já perdeu, pelo menos na civilização ocidental, a importância de que gozava no passado, o antropológico. A partir deste ponto de vista da entrada para a adolescência é marcada por ritos determinadas por cada cultura. Normalmente falamos de adolescentes como se fosse um grupo homogêneo, nós realmente falamos de estágios, e cada um é marcado por situações especiais que irão se manifestar também na sexualidade. A sexualidade, afirma Foucault, é um "dispositivo histórico" (1999). Em outras palavras, ela é uma invenção social, uma vez que se constitui, historicamente, a partir de múltiplos discursos sobre o sexo: discursos que regulam, que normatizam, que instauram saberes, que produzem "verdades". Sua definição de dispositivo sugere a direção e a abrangência de nosso olhar. A primeira etapa, chamado de isolamento é entre 12 e 14 anos. Os meninos vivem um momento em que, sujeira e desordem fazem parte como uma reação às mudanças que seu corpo está sofrendo. Opõem-se às meninas como uma forma de superar a dependência materna. Masturbação é a única forma de atividade sexual. Ela, no entanto não rejeita os homens. Entre 14 e 15 é dada a segunda fase, denominada incerteza. Grande 11
  • 12. importância é dada para os meninos e meninas, muitas vezes, dependendo das escolhas pessoais das tendências do grupo. O erotismo é dado através de brincadeiras e conversas. Na terceira fase, entre 15 e 17 será a abertura para a heterossexualidade. É o tempo dos grandes amores "pela vida". Existe uma grande idealização de outra pessoa. Fantasias masturbatórias são dadas mais intensas. Esta etapa define a orientação sexual ("o que me atrai; um homem, uma mulher ou ambos?"). A última fase, chamado de consolidação ocorre entre 17 e 19. Ela fortalece a identidade ("você sabe quem ele é, o que ele quer e para onde vai"). Relações afetivas são mais estáveis, é conseguido sem a idealização do amado e de muitos duelos intoleráveis. Só aqui você pode falar sobre liberdade e responsabilidade. A humildade dos pais e o reconhecimento dessas deficiências são pontos importantes a promover o reencontro com seus filhos a partir de uma perspectiva adulta. Um dos principais problemas para superar a crise é que nem as crianças e nem os pais têm parâmetros fixos de se relacionar, o adolescente está constantemente mudando seu comportamento varia entre a criança e o comportamento adulto. Há uma série de realizações que é um sinal de conformidade com boa resolução da crise da adolescência:  Separação e independência dos pais;  Estabelecimento da identidade sexual;  Estabelecimento de orientação sexual;  Desenvolver um sistema pessoal de valores humanos;  Capacidade de estabelecer o amor duradouro e sexual e concurso de uma vez com a mesma pessoa;  Retorno emocional para os pais sobre a base de relativa igualdade. Não se pode esquecer jamais que, a adolescência é uma fase em desenvolvimento que deve construir a sua própria liberdade, e isso não nos limita ajudá-los a se estabelecer no mundo. Nem demasiado rígida nem a liberdade total, que se sente abandono e negligência por parte dos pais, ajudarem seus filhos adolescentes em busca de equilíbrio e maturidade. Não há receitas, não "jovem", mas este adolescente é o resultado de uma família, com uma história especial, que influencia 12
  • 13. fortemente a definição desta etapa. Finalmente, o custo é o que a maioria dos pais usou na relação adulta-criança com seu filho. É preciso estar preparado para aceitar as definições da vida em termos de valores, opções políticas, culturais e sexuais dos nossos filhos. O parâmetro ideal para o desenvolvimento de medição não é para ser o que sempre sonhou ser, mas são felizes do jeito que escolher. Isto posto evidencia-se que, a sexualidade implica a expressão de uma personalidade histórica e social. Ou seja, é um dos elementos essenciais na constituição da pessoa, na medida em que faz parte da expressão de sua personalidade, embora esta seja dinâmica e passe por modificações através dos tempos (Fagundes (1992). Gherpelli, 1995). No mesmo sentido, Cabral (1995) reitera que o mundo e as relações entre os seres humanos, se forem compreendidos numa dimensão histórica, processual e dinâmica, podem ser encarados como estando em constante transformação. A sociedade vem se preocupando em proporcionar segurança e liberdade sexual para os adolescentes, mas não consegue orientar adequadamente os representantes do futuro da nação sobre o assunto. Isso sem contar a forma com que o tema é tratado na mídia, principalmente em novelas, filmes nacionais e em programas de auditório. Sem contar que, associada à distribuição gratuita dos preservativos e da abortiva “pílula do dia seguinte”, a liberdade de atos sexuais entre adolescentes torna-se cada vez mais normal, como um incentivo à promiscuidade. O ser humano não deve ser considerado apenas como um corpo. Sua alma necessita de afago. A simples promoção de sexo acintoso, sem responsabilidade e sem compromisso, também incita conseqüências trágicas como milhões de meninas gerando filhos, sendo violentadas, prostituindo-se à beira das estradas, crianças abandonadas por pais e mães despreparados para formar uma família e postadas em faróis à procura do sustento de cada dia. É claro, quem planta vento colhe tempestades. Devemos incentivar a formação de famílias com conceitos, raízes e sentimentos puros e morais. Conservadora ou não, a família é o sustento do espírito e a fonte de conforto nos anseios individuais. A moral e a ética exigem que ensinemos aos jovens o autocontrole de suas paixões 13
  • 14. intensas. Que devem vencer a AIDS e outras doenças sexualmente transmissíveis com atos responsáveis e não pelo uso da camisinha. João Paulo II assim se expressou sobre a camisinha: Além de o uso de preservativos não ser 100% seguro, liberar o seu uso convida a um comportamento sexual incompatível com a dignidade humana […]. O uso da chamada camisinha acaba estimulando, queiramos ou não, uma prática desenfreada do sexo […]. O preservativo oferece uma falsa idéia de segurança e não preserva o fundamental. A sociedade, de maneira geral, deve ter mais cuidado com o que simplesmente “controla a transmissão de doenças e evita filhos indesejados”. Ela deve transmitir princípios e valores por intermédio da orientação, em busca do resgate das origens e do respeito à moral e à ética. A satisfação do sexo não está restrita ao corpo, ela deve estar atrelada ao coração, espírito e mente. 3 - Conceitos Fundamentais para o Programa de Educação e Orientação Sexual Percebe-se que o trabalho de Orientação Sexual é uma tarefa que necessita da coletividade, tanto a família como as instituições tem sua parcela de responsabilidades. Sendo importante reforçar também aqui neste trabalho que, todos os programas de orientação e educação Sexual contribuem para o enriquecimento de experiências e crescimento pessoal tanto para quem ministra como para quem aprende. Dentro de um eficaz programa de orientação Sexual, os envolvidos devem considerar alguns conceitos fundamentais, os quais se bem trabalhados e caracterizados oportuniza os aprendizes a tomarem decisões conscientes e serem capazes de expressarem adequadamente seus sentimentos e anseios. Para Xavier (2000), assim como os pais, os professores educam para a vida sexual, pela sua forma particular de ser, pelo fato de existirem como seres sexuados, que desempenham papéis correspondentes ao estereótipo masculino e feminino. A maneira como vivem e assumem a própria sexualidade e aceita a sexualidade dos outros, em particular a dos/as alunos/as transparece nas suas atitudes e seus comportamentos em sala de aula. 14
  • 15. Neste sentido, o guia de Orientação Sexual: diretrizes e metodologias, elaborado no Fórum Nacional de Educação e Sexualidade (1994), apresenta e classifica seis destes conceitos fundamentais, os quais orientam para um bom trabalho quanto à sexualidade, sendo eles: Desenvolvimento Humano, Relacionamentos, Comunicação, Comportamento Sexual, Saúde Sexual e Sociedade e Cultura. A seguir todos serão abordados e caracterizados para melhor compreensão dos leitores. 3.1 - Desenvolvimento humano Perceber que as mudanças cognitivas permitem ao adolescente ver como chegará a ser no futuro e a fazer planos para alcançar o que desejam nele. Propicia também a facilitação no aprendizado mais avançado na escola, isto porque os adolescentes sentem-se mais ansiosos por adquirir e aplicar conhecimentos novos e por considerar uma variedade de idéias e opções. Neste período a capacidade de raciocinar está em desenvolvimento, proporcionando um novo nível de consciência social e julgamento moral. No desenvolvimento humano o indivíduo tem que aprender a gostar de seu corpo, desenvolver a autoestima, ser informado sobre a reprodução, reconhecer a sexualidade como parte do ser humano, aprender a relacionar com respeito e responsabilidade, reconhecer e respeitar as formas de atração sexual alheia e exercer os direitos de cidadania nas diferentes manifestações de sexualidade. (GUIA DE ORIENTAÇÃO SEXUAL. 1994 p.09). À medida que as faculdades cognitivas amadurecem, muitos adolescentes começam a pensar sobre o que é possível em termos ideais, por isso passam a criticar a sociedade, os pais e até mesmo suas próprias dificuldades. A partir de suas reflexões e questionamentos o jovem filtra, seleciona e acaba por adotar uma considerável parcela dos valores de sua família. Coletivamente percebem-se em todos os ramos do conhecimento e da atividade humana uma busca de novos paradigmas e conceitos, novas formas de se ver, pensar e agir. A adolescência é o período da vida entre a infância e a idade adulta. Ela começa com a puberdade, um período de rápido crescimento e desenvolvimento sexual. Enquanto todos os seres 15
  • 16. humanos passam por mudanças físicas da puberdade, nem todas as sociedades reconhecem o período conhecido como a adolescência como uma fase distinta de desenvolvimento. Em algumas sociedades, como a indígena, por exemplo, as crianças passam por uma cerimônia para marcar a sua passagem à idade adulta. A vantagem deste processo é porque evita a confusão que muitas sociedades têm sobre, quando para um adolescente devem ser reconhecidos os privilégios e responsabilidades de adultos. Em sociedades ocidentais pré-industriais, crianças geralmente têm início de trabalho adulto muito jovem. Vestem-se como adultos e, muitas vezes se comportavam como eles também. Depois de um longo dia, eles tinham pouca energia de sobra para associar com os amigos. No mundo de desenvolvimento, a adolescência de hoje tem que esperar um longo tempo antes de serem considerados adultos, estão autorizados a trabalhar em empregos de adultos, e são concedidos direitos de adultos e privilégios. Na verdade, a adolescência agora dura muito mais tempo do que ele fez no passado. Isto é em parte porque os jovens passam mais anos na escola agora. Embora a adolescência possa ser física e mentalmente madura, eles ainda podem ser financeiramente dependentes de seus pais. Em casa e na escola podem ainda serem tratados como crianças mais jovens. Esta confusão pode levar muitos adolescentes a ressentir-se da maneira que às vezes são tratadas e podem reclamar sobre isso. Os adultos podem também sentir ressentimento contra os adolescentes. Os jovens podem tornar adultos desconfortavelmente cientes de que estão envelhecendo, os adultos podem, ocasionalmente, sentir ciúmes da força e energia dos jovens. Os adolescentes também pode às vezes parecer muito ameaçador para os adultos. Isto é em parte porque a adolescência é muitas vezes descrita como um período muito difícil, especialmente pela mídia. Problemas surgem em algumas famílias, porque é um período de mudança. Os pais têm que se acostumar com a idéia de que seus filhos estão crescendo, e que os adolescentes estão experimentando diferentes tipos de comportamento, aprendendo a lidar com seus corpos em mudança, e ajustando a seus novos papéis na sociedade. No entanto, a maioria dos adolescentes consegue passar por este período incólume. Na verdade, às vezes eles ficam mais próximos de seus pais, especialmente se eles 16
  • 17. acham que têm mais interesses em comum. O aumento da capacidade física e mental durante a adolescência, juntamente com mais liberdade, pode torná-lo um momento muito emocionante da vida. Os adolescentes estão sujeitos a muitas influências diferentes. Enquanto eles herdam muitas características de seus pais, eles também são muito afetados por outros fatores, tais como as condições de vida, escolaridade, educação e religião. Nesta fase devemos estar de olhos bem abertos para o desenvolvimento humano como seres durante a adolescência. Primeiro de tudo, vamos olhar para as mudanças físicas que ocorrem durante a puberdade e os sentimentos desses adolescentes e dos efeitos sobre si mesmos. Passando para o crescimento mental, discutir as mudanças típicas da adolescência. Embora os padrões e como estes desenvolvimentos sejam incentivados na escola. Vamos então olhar para o papel que as relações familiares e de amizade desempenham na vida do adolescente. Os adolescentes muitas vezes tornam-se muito envolvidos no trabalho exatamente como eles se vêem. Vamos ver como eles começam a ficar para trás e olhar para si próprios do ponto de vista dos outros na tentativa de descobrir sua verdadeira identidade e a sua auto "real". 3.2 - Relações sociais na adolescência Quando a criança entra na escola, a família é o grupo mais importante e quase única referência. A criança tenta e conhecer novos colegas e novos adultos e são um segundo grupo faziam parte do social para a família. Mas na adolescência, aumentar significativamente espaços a possíveis trocas ou interações sociais, e, além disso, a referência enfraquece a família. A emancipação a esse respeito, durante o processo de aquisição de autonomia pessoal e como um elemento constituinte do presente processo é, sem dúvida, os mais instintivos destaques da nova situação social do adolescente. Neste conceito pode propiciar ao aluno condições de, identificar e expressar seus sentimentos, usufruir de intimidades e prazer, saber defender-se de possíveis vínculos de explorações e manipulações, escolherem dentro de suas possibilidades seu modo de vida e de convivência, desenvolver relacionamentos significativos. (GUIA DE ORIENTAÇÃO SEXUAL, 1994.p.31). 17
  • 18. Em termos de desenvolvimento de relações sociais como deve ser é que, durante a adolescência, bem como a geração de uma alteração do tipo relação com os outros, também surge no adolescente uma nova compreensão de si mesmo. 3.2.1 - A independência Independência pode ser definida como tomar suas próprias decisões e capacidade de agir com base em processos de pensamento e critérios Também a própria parte do processo de desenvolvimento do adolescente é aprender a resolver seus problemas sem intervenção externa. Com o aumento das suas competências cognitivas e intuitivas, o indivíduo começa a enfrentar novas responsabilidades e para desfrutar da independência de pensamento e partes. Ele também começa a ter pensamentos e fantasias sobre o seu futuro e sua vida adulta (faculdade; trabalho de formação e trabalho de começar uma família). O impulso para a autonomia manifesta-se através de mais conflitos entre ambas as partes; a manutenção da conexão é entendida no forte apego que se mantém por parte da criança em relação aos pais. O aumento dos conflitos na grande maioria das famílias, ele parece consistir de um aumento nas brigas leves ou discussões sobre assuntos do cotidiano, tais como regras e regulamentos, códigos de vestimenta, encontros, notas escolares ou trabalhos domésticos. Os adolescentes e seus pais interrompem uns aos outros com mais freqüência, ficando mais impacientes reciprocamente. Outras características que podem ser reconhecidas durante esta fase são: aquisição de independência dos pais e família; desenvolvimento do sistema de valores e aquisição de identidade própria; estabelecimento de relações efetivas com outros indivíduos da mesma idade, tendência de egocentrismo nos interesses e metas, além da preparação para a carreira profissional. O adolescente enfrenta um mundo complexo para o qual ainda não dispõe de um repertório adequado, pois as mudanças que o ambiente exige desta fase são em número muito grande, sendo a adolescência um período de aprendizagem de regras novas (BAPTISTA et al., 2001). A criança quando amadurece fisicamente para se tornar adulto, experimenta um crescimento rápido, com importantes modificações anatômicas e psicológicas. A 18
  • 19. confiança anterior no corpo e o domínio de suas funções são, subitamente, abalados, na puberdade, e precisam ser reconquistados gradualmente pela própria reavaliação. O adolescente procura a segurança em seu grupo, que se acha, também, em fase de mudanças e de busca de aprovação (CAMPOS, 1990). Temos certas evidências de que uma elevação no conflito familiar está ligada não à idade, mas às mudanças hormonais da puberdade, o que poderia conferir apoio ao argumento de que se trata de processo normal e, até mesmo, necessário. O apego aos pais, nem o aumento temporário dos conflitos, e nem o “distanciamento” dos pais parecem significar que o apego emocional subjacente do jovem para com os pais tenha desaparecido, ou enfraquecido sobremaneira. A relação central com os pais e o apego a eles continuam a ser altamente significativos na adolescência, mesmo enquanto o adolescente se torna cada vez mais autônomo. 3.2.2 - A identidade A identidade que definem como a percepção de si mesmos ou conhecimento sobre suas características, ou personalidade. Uma das tarefas fundamentais da adolescência é atingir um senso de “a identidade pessoal e força”. E esse senso de identidade precoce na criança vem parcialmente, desapegado, no início da adolescência, devido à combinação de um crescimento rápido do corpo e de mudanças sexuais da puberdade. Ele se refere a tal período como aquele em que a mente do adolescente é uma espécie de moratória entre a infância e a vida adulta. A identidade antiga não é mais suficiente; uma nova identidade precisa ser forjada, uma que sirva para colocar o jovem entre os inúmeros papéis da vida adulto- profissionais, sexuais, religiosos. Segundo Martins, Trindade e Almeida (2003) a ciência naturalizou o fenômeno da adolescência como sendo um período de tormenta: [...] ao caracterizar a adolescência como um estágio do desenvolvimento, deixou-se pouco espaço para as influências do meio. Sendo assim, era natural o adolescente viver uma época conturbada e não havia muita coisa a fazer para mudar sua característica, perspectiva essa que se incorporou ao pensamento social orientando as concepções mais tradicionais de adolescência (p. 556). 19
  • 20. O desenvolvimento humano é, em geral, compreendido tanto na literatura científica quanto nas teorias de senso comum, como uma sucessão de fases que caminham rumo a um objetivo final. A Psicologia, durante muitos anos, limitou o estudo do desenvolvimento humano à infância e à adolescência. Parece subjacente a essa postura a concepção de que a vida adulta seria o “período ótimo”, no sentido do ápice do desenvolvimento. Todas as outras fases seriam avaliadas em função do modelo adulto. É inevitável a confusão acerca de todas essas escolhas de papéis. Como um adolescente é mais em gosto e aceita a maturidade de seu corpo começa a usar seu próprio julgamento, aprender a tomar decisões independentes e enfrenta seus próprios problemas, começa a desenvolver um conceito de si mesmo como um indivíduo. Conseqüentemente, eles desenvolvem uma identidade. No entanto, quando são difíceis os conflitos de definição sobre sua personalidade, sua independência e sexualidade, o adolescente não pode desenvolver um conceito claro de auto ou uma identidade. A partir das interações estabelecidas ao longo de sua vida, o sujeito não apenas reconstrói representações acerca de objetos sociais, mas também acerca de si próprio. Berger e Luckmann (1973) referem-se ao processo de construção da identidade como tendo duas faces - a identidade objetivamente atribuída e a identidade subjetivamente apropriada. Assim sendo, os outros vão mediatizando e atribuindo significados ao sujeito diferenciando-o dos demais e este, por sua vez, vai se apropriando e reconstruindo tais significados para formar as representações, sentimentos, idéias e opiniões acerca de si mesmo, constituindo, assim, sua identidade. 3.2.3 - A autoestima A autoestima é definida como os sentimentos que uma pessoa tem sobre si mesmo e é determinado pela resposta à pergunta "Como Eu gosto do que eu sou?". Na adolescência ocorre com freqüência reduzida autoestima aumentada devido à expressão do mudanças que ocorrem, os pensamentos que surgem e as diferentes maneiras pensar sobre as coisas. Durante este período, os adolescentes tornam-se mais pensativo sobre quem são e quem querem ser e observar as diferenças entre 20
  • 21. o modo como eles agem e como pensam que deveriam. Uma vez que você começa a refletir sobre suas ações e características, se confrontado com a percepção de si mesmos. Enfim, um conjunto de características que têm sido tomadas como uma síndrome normal da adolescência (Aberastury & Knobel, 1981). Uma das mudanças que ocorrem na autoestima, relacionada à faixa etária, é uma redução livre, no início da adolescência, vendo, posteriormente, a elevar-se de maneira constante e substancial. Lá pelo final da adolescência, o indivíduo de 19 ou 20 anos possui uma idéia bastante mais positiva de sua auto-valia global do que possuía aos 8 ou 11 anos. A breve queda na autoestima, no início da adolescência, pode estar associada não tanto à idade, mas à mudança de escola (ou dos “graus” numa mesma escola), ao mesmo tempo em que se dão as variações da puberdade. Pesquisadores observaram isso especialmente entre estudantes que passaram para o início de uma escola de segundo grau. Quando o processo de transição é mais gradativo, tal como o que se dá na escola intermediária, que inclui da quinta à oitava série, não ocorre uma queda semelhante na autoestima, no início da adolescência. Conceitos de papel sexual na adolescência: crianças com 7 e 8 anos parecem tratar das categorias de gêneros como se fossem regras fixas; os adolescentes, vêem que uma ampla gama de comportamento ocorre entre os membros de cada grupo sexual. Andróginos – descrevem-se como possuidores de traços masculinos e femininos não diferenciados – descrevem a si mesmos como carentes de ambos. Olhe para os adolescentes, muitas vezes dão mais importância ao sentimento atraente e, se tiverem sucesso, a autoestima diminui. 3.2.4 - Comportamento Sabemos que os adolescentes têm a mudanças bruscas e rápidas na sua estrutura física, este deve ser adicionado ao desenvolvimento das características de consciência própria, sensibilidade e preocupação com suas alterações próprias do corpo, a tempo e excruciante comparação entre si. São possíveis que as mudanças físicas não ocorram sob a forma síncrona, os adolescentes podem passar por fases 21
  • 22. de constrangimento, tanto em termos de aparência e mobilidade física e coordenação. No caso das adolescentes devem evitar o sofrimento desnecessário, se não for informado e preparado para a menarca (o início dos períodos menstrual), o mesmo acontece com os adolescentes como deveriam fornecer informações oportunas e precisas e se preparar para o início das relações em pares Assim, as relações humanas são determinadas pela cultura, mas, ao mesmo tempo, o ser humano também interfere e a modifica. Portanto, a sexualidade é um conceito cultural dinâmico que está em constante mutação. O adolescente normal vive momentos progressivos e regressivos em função das tensões internas e externas que enfrenta. As tensões internas são as modificações próprias da adolescência, o processo puberal e outros aspectos. As externas referem-se à relação do adolescente com as exigências da família e da sociedade. O adolescente tem dificuldade de expressar seus sentimentos em palavras, e o fazem através da ação. Só aos poucos vão se organizando mentalmente e podendo se expressar num discurso verbal coerente com sentimentos e ideias. Seguindo as ideias de Aberastury e Knobel (1992), a adolescência é uma etapa de crise que é essencial para a formação da identidade adulta, marcada por sofrimento, contradição e confusão. A adolescência é um período de desequilíbrio e instabilidade, que configura uma “entidade semipatológica”, que denominaram de “síndrome normal da adolescência”. Osório (1992) definiu essa etapa como uma crise vital, na qual “... culmina todo o processo maturativo biopsicossocial do indivíduo”. Complementando, Kalina (1979) defendeu que é “... um processo complexo, desenvolvendo-se por prolongado período, que se caracteriza por fenômenos progressivos e regressivos, produzida de forma simultânea ou alternada e abarcando todas as áreas da personalidade – corpo, mente e mundo externo”. Ainda segundo esse autor, adolescência deve ser compreendida como um fenômeno psicológico e social, no qual se observa uma dinâmica psíquica característica do adolescente, que assume formas de expressão diferenciada conforme o ambiente socioeconômico. Sua elaboração dependerá das aquisições da personalidade durante essa fase, das características histórico-genéticas e dos meios social e familiar. 22
  • 23. É preciso que a família e a sociedade não criem expectativas por que jovens têm de demonstrar a necessidade de separação e estabelecer sua própria identidade. Se não entendem este processo como normal, em algumas famílias podem surgir conflitos significativos sobre os adolescentes os atos ou gestos de desafio e sobre as necessidades dos pais para manter o controle e fazer a jovens continuam com comportamentos de obediência de sua infância passados. Como os adolescentes se afastam dos pais em busca de sua própria identidade, o grupo de amigos ou colegas tem um significado especial, pode tornar-se um paraíso "seguro", no qual o adolescente pode testar novas idéias e comparar o seu próprio crescimento físico e psicológico. 3.2.5 - A segurança O mundo da adolescência está ligado às atividades de risco e insegurança e à integridade física. Problemas de segurança em adolescentes decorrem de aumento da força e agilidade que podem desenvolver antes de adquirir as habilidades para tomar decisões ótimas. A forte necessidade de aprovação pelos pares, juntamente com os mitos "de adolescência", poderia causar ao jovem força para tentar atos arriscados e participar de uma série de comportamentos perigosos: de condução, esportes radicais, uso de substâncias. Se os adolescentes parecem ser isolados de seus pares, não têm interesse em escola ou nas atividades sociais ou mostrar uma diminuição repentina no trabalho escolar, ou esporte, seria motivo para exigir uma avaliação psicológica. Infelizmente, muitos adolescentes estão em alto risco de depressão e potencial suicídio devido às pressões e conflitos que possam surgir na família, escola, organizações sociais e as relações íntimas. Vamos olhar para a segunda abordagem alusão ao topo lidar com mudanças de desenvolvimento nas relações familiares. Ao passo evolutivo, são necessários para alcançar a emancipação do adolescente na família que eles se tornam jovens adultos independentes. Na adolescência, o indivíduo percebe que, para ele os adultos significativos não têm todas as respostas ou todas as soluções, para certo grau de rebelião contra os pais é comum e normal. 23
  • 24. No início do puberdade, as meninas são muitas vezes em desacordo com suas mães. Adolescentes do sexo masculino, especialmente aqueles que amadurecem cedo, também tendem a discordar mais com suas mães do que com seus pais. Estes conflitos diminuir ao longo do tempo, embora a relação de mães adolescentes tende a mudar mais do que eles têm com a sua Os pais. É provável que, à medida que se tornar independente dos seus pais, adolescentes a procurar o conselho do pai do mesmo sexo. Nesta fase da vida ocorre a emancipação psíquica do jovem de seus pais. Esta emancipação é mais ou menos traumática no modelo da autoridade parental (mais ou menos autoritária), o tempo estirpe, no entanto, sempre ocorre, há sempre uma separação. Os jovens tentam separar a independência, mas também se sente saudade de proteção paterna. Deste modo, produzem uma tensão entre estes dois sentimentos. O adolescente está em uma situação ambígua, o que Hoje também é estendido por razões socioeconômicas e culturais. Como intensificar relações com os pares do sexo oposto, algo caiu sobre a relação com o próprio sexo. Finalmente, em relação ao aspecto social do adolescente e seus amigos, Devo dizer que é verdade que os pais deixam de influenciar o adolescente, suas decisões ou seu modo de vida. Nem a influência de amigos é mais intensa do que o pai. Neste conceito pode propiciar ao adolescente condição de, identificar e expressar seus sentimentos, usufruir de intimidades e prazer, saber defender-se de possíveis vínculos de explorações e manipulações, escolherem dentro de suas possibilidades seu modo de vida e de convivência, desenvolver relacionamentos significativos. (GUIA DE ORIENTAÇÃO SEXUAL, 1994.p.31). 3.2.6 – Religiosidade Pode-se dizer que a característica mais marcante do espírito religioso da adolescência é, certamente, a dúvida. Na infância, a orientação religiosa não atinge o âmago do individuo, porque ele é altamente egocêntrico e o centro de sua vida, obviamente, não pode ser nada mais do que ele próprio. Além disso, a mente, não pode ser nada mais do que ele próprio. Além disso, a criança não tem, antes da idade juvenil, condições nem necessidades de refletir sobre suas origens, seu Eu, 24
  • 25. sua vida, sua morte, seu Deus. Na adolescência, porém, a necessidade e o impulso para explicar o universo levam o jovem, num curso inevitável, às reflexões sobre a existência de Deus e uma vida interior agitada, rica e confusa se exalta agora. Este interesse especificamente religioso predispõe o adolescente a convencer de que Deus existe e que dele promana toda a Vida. Esta predisposição mística, entretanto, não o põe a salvo das dúvidas, muitas vezes martirizantes. A participacao em grupos religiosos, portanto, pode ser analisada como um importante vetor para a construção de identidades juvenis, representando espaco importante de agregacao social nessa fase de vida. (NOVAES e MELLO, 2002). Como tudo o mais, o jovem tem que descobrir sozinho, o que o induz a romper com as idéias tradicionais sobre a divindade e os destinos transcendente do homem. Acredita-se que o adolescente cria um novo universo de palavras para expressar a imagem divina e adota, para com ela, atitudes e vivência inéditas. Cada qual vive Deus à sua maneira e, por reverência ao centro personalíssimo da emoção – cujo conteúdo aparece como totalmente original e próprio – o jovem rebela-se facilmente contra a religião objetiva como tal. Esta separação origina conflitos e desesperança, além de angustiantes dúvidas de natureza intelectual. Não raro, o adolescente, tal como grande número de adultos, acredita que a divindade exista não só para criar e manter o universo, mas também para atender às necessidades humanas. Portanto, a esperança mágica é a crença nos milagres de que, de orações, se consiga de Deus os favores desejados. Muitos adolescentes se apóiam nessa fé, mas grande parte deles contra ela se rebela violentamente. Portanto, a esperança mágica aos poucos cede lugar às reflexões mais profundas. A fé na magia sofre, então, grande comoção e, novamente, ocorre outra ruptura entre o espírito religioso e as tradições dogmáticas. Um vazio desesperador se expande e a decepção se consolida. O jovem abandona as orações e as práticas religiosas. No fundo do seu ser, movimenta-se uma vigorosa vida mística, agora radicalmente separada do comportamento religioso tradicional. Entretanto, ainda que desvinculado da prática religiosa, o adolescente vive dúvidas imensas e conflitos éticos intermináveis. Esta segunda fase da evolução do espírito religioso, marcada pela indagação, a dúvida e o desespero, é indispensável à formação das convicções 25
  • 26. religiosas da idade adulta. Não é pecado, nem heresia, nem blasfêmia, duvidar da existência e das qualidades de Deus. Neste período, as dúvidas são tormentosas e necessárias à evolução do espírito místico. 3.2.7 – Comunicação Incluso ao conceito comunicação, já que esta é um elemento que permite o ser passar informações quantos aos sentimentos, é necessário que o orientador encontre uma metodologia que possa prover ao aluno a oportunidade de expressar e refletir seus próprios valores e sentimentos afetivos presentes em seus relacionamentos. Por meio da comunicação o individuo é capaz de encontrar caminhos para a tomada de decisões, buscar ajuda, negociar os resultados e estabelecer assertividades em suas relações. Cabe ressaltar que atualmente as famílias vêm se deparando com inúmeras mensagens de apelo sexual nos meios de comunicação e como apontam LOPES & MAIA (1993) o corpo e a sexualidade têm sido usado exaustivamente para divulgar e vender “desde sabão em pó até toalhas de banho”, tornando-se produto consumível. Essa banalização da sexualidade tem dificultado a tarefa de educar, de associar sexo a afeto, responsabilidade e promoção da saúde. Diante dessa realidade, a sexualidade deve ser um tema de discussão e debate entre pais, educadores e profissionais de saúde, tendo como objetivo encontrar maneiras de informar e orientar os jovens para que protelem ao máximo sua iniciação sexual, tenham responsabilidade, autoestima e pratiquem sexo com segurança. Na comunicação o individuo pode pensar e avaliar alternativas e conseqüências, buscar informações, ser responsável em suas decisões, reconhecer na comunicação uma forma de expressar seus relacionamentos, saber se tornar receptível diante das mensagens de outros e com isso ampliando sua visão de mundo, identificar os valores socioculturais e posicionar-se em relação a eles. (GUIA DE ORIENTAÇÃO SEXUAL, 1994.p.47). De acordo com o guia de Orientação sexual, o ser humano pode ser influenciado pelos valores e se modificarem interagindo diferentemente. Comunicação não são 26
  • 27. apenas as palavras e gestos expressivos, como também os comportamentos e atitudes que levam a assertividade, isto é, a capacidade de dizer sim ou não aos fatos cotidianos. Como subdivisão deste conceito, está à negociação por meio do qual o individuo é capaz de enfrentar os problemas e de ser encorajado a buscar ajuda se preciso for, ajuda essa que pode vir de um membro familiar, de um responsável ou mesmo de um profissional especializado. 3.2.8 - Saúde sexual Saúde sexual se refere a todos os cuidados básicos com o corpo sejam de higiene, de preservação, de tratamentos ou de prevenções. A proporção de adolescentes envolvidos em atividade sexual diminuiu ao longo das últimas décadas. Apesar da atenção crescente para prevenção e educação em saúde, dados recentes indicam que as taxas de gravidez indesejada e doenças sexualmente transmissíveis permanecem mais altas em adultos jovens do que adultos mais velhos e maiores em países mais desenvolvidos. A sexualidade é elemento constitutivo do adolescente, já que é um atributo inerente ao ser humano, que se manifesta independentemente de qualquer ensinamento; ela representa a forma como o indivíduo se comporta, pensa ou agi. Faz parte da construção e expressão da personalidade do indivíduo. Resulta da integração dos componentes biológico, psicológico, social e cultural. (FAGUNDES, 1995). A sexualidade é o nome que se pode dar a um dispositivo histórico: não à realidade subterrânea que se apreende com dificuldade, mas à grande rede de superfície em que a estimulação dos corpos, a intensificação dos prazeres, a incitação ao discurso, à formação dos conhecimentos, o reforço dos controles e das resistências, encadeiam-se uns aos outros, segundo algumas grandes estratégias de saber e de poder (FOUCAULT, 1999, p.100). A sociedade tende a reduzir a sexualidade à sua função reprodutiva e genital. Sexualidade e reprodução são processos que se expressam graças a órgãos específicos do ser humano e por isso tem uma estreita relação, mas são coisas distintas. Reprodução é o processo pelo qual a vida é gerada, e sexualidade é muito mais do ser apto para procriar e apresentar desejos sexuais; intimidade, afeto, 27
  • 28. emoções, sentimentos e bem-estar pessoal, decorrentes da história de vida de cada um (FAGUNDES, 1992). Por isso requer uma informação adequada e a busca de ajuda em órgãos de saúde e profissionais especializados. De acordo com o Guia de Orientação Sexual, por meio das reflexões de mensagens propostas neste conceito o aluno tem condições para conhecer seu próprio corpo e aprender a cuidar dele, reconhecer que a saúde é condição necessária para usufruir de sexo com prazer, escolher um método anticoncepcional eficaz as suas características pessoais, evitar a contaminação de doenças transmissíveis, buscarem acompanhamento médico e outros procedimentos como o autoexame, no sentido de prevenir doenças, etc. (GUIA DE ORIENTAÇÃO SEXUAL, 1994.p.71). 4 - Sociedade e cultura Sexualidade em si, ao ser abordado no contexto geral, pode-se dizer que esta é influenciada pelos processos históricos, como também é moldada pelo meio social e conseqüentemente efetivada conforme os elementos culturais em que o ser está inserido. Quando se trata de sexualidade humana, é muito difícil chegar a uma definição única para toda a sociedade, principalmente porque se acredita estar relacionado apenas ao mundo privado. Mas a sexualidade, tanto como qualquer outro tipo de interação entre duas ou mais pessoas, é regida por leis e costumes culturais da sociedade, que garantem o convívio social. Segundo Cohen (1993), não se pode falar em sexualidade sem se falar em cultura, pois se trata de uma produção social e cultural. Compondo o Guia de Orientação Sexual as mensagens levam a reflexão de temas que dão oportunidades de expressões e condições para: Vencer tabus e preconceitos, respeitar valores e estilos sexuais diferentes, exercer a cidadania se posicionando quanto às questões sexuais, defender o direito de todos quanto ao acesso às informações precisas de sexualidade, evitar discriminações e comportamentos intolerantes, evitarem estereótipos a respeito da sexualidade, 28
  • 29. avaliar os impactos das informações advinhas do meio social com referencia a sexualidade. (GUIA DE ORIENTAÇÃO SEXUAL, 1994.p.89). Outro aspecto a considerar é a necessidade de conscientização de que a sexualidade tem relação com os processos artísticos e é um direito fundamental que se respeitado com certeza garantirá a aquisição da autonomia e da cidadania. Somente por meio da conscientização da sociedade pode se trabalhar as crenças e sentimentos, os tabus e preconceitos, pois é da sociedade que vem o papel determinante o qual influencia a cultura vigente. 5 - Adolescentes e Início da Vida Sexual Vale mencionar que, jovens que têm vida sexual mais ativa em geral são os menos informados. A ausência de informações corretas poderá levar o jovem a problemas de sexualidade ou a dificuldades emocionais. Diante disso, os rapazes, geralmente, acham-se sabedores de sexo, mas mostram intensa curiosidade velada quando se fala sobre o assunto. Paradoxalmente, dão uma grande importância á sua vida sexual ativa e, na mesma proporção da amostragem pesquisada, valorizam a virgindade da moça com a qual irão se casar. Sua primeira relação sexual normalmente ocorre em prostíbulos, casas de massagem, com empregadas domésticas ou, mais raramente, com as namoradas. (entre os treze e quinze anos). (VASCONCELLOS,1997). Cohen e Fígaro (1996) definiram relação sexual como “... um tipo particular de relação social, possuindo limites individuais e sociais. Os parâmetros sociais, dependendo da época e da cultura, sofrem variações, podendo ser aceitos ou não pelos indivíduos. Muitos conflitos sexuais surgem da não aceitação dos tabus que a sociedade criou sobre a sexualidade humana, gerando certa dificuldade para pensarmos sobre o que poderia ser considerado como normal ou como patológico, em uma relação sexual”. Assim, as relações humanas são determinadas pela cultura, mas, ao mesmo tempo, o ser humano também interfere e a modifica. Portanto, a sexualidade é um conceito cultural dinâmico que está em constante mutação. 29
  • 30. Desta forma, “os rapazinhos são pressionados pelo grupo e, muitas vezes, pela própria família, que lhes dizem que não será homem enquanto não tiver relações sexuais.” (VASCONCELLOS,1997,p.210). Outro aspecto é a necessidade dos jovens de provar a identidade sexual de macho e não correr o risco de ser chamado de “bicha, viado, bambi ou baitola”. A iniciação sexual e destacada como um rito de passagem, envolvendo distintos trânsitos entre a infância, a adolescência e a juventude (CASTRO, 2004). Em tal caminho se da à afirmação da masculinidade (NOLASCO, 1993), modelagens sobre feminilidade e a busca por autonomia, o que no senso comum se traduz como o tornar-se homem e o fazer-se mulher, perpassando portanto, sentidos diversos como o que se entende por masculino, feminino e as realizações das trocas afetivas. Cabe mencionar que, os jovens vão tendo experiências e adquirindo desenvoltura. Envolve-se com moças, que na maioria das vezes nada significam para eles como pessoas. Interessam-se apenas pelo corpo ou para dar vazão à sua carga erótica. Logo, o medo das primeiras vezes vai sendo substituído pela segurança e competência. Comentará com os amigos. Contará vantagens. Terá status de garanhão. Por outro lado, também há rapazes absolutamente normais, que não procuram se relacionarem genitalmente. Seja qual for o motivo, deverão ser respeitados na sua opção. No entanto, as moças geralmente são mais românticas, iniciando seu relacionamento sexual com mais idade que os rapazes. Quase sempre o fazem por amor ou (na periferia ou no interior) como prova de amor. A sexualidade tem sido abordada, por vezes, de uma forma insuficiente e simplista, disseminando uma concepção antiga que a articula com reprodução, referindo-se ao contato entre os dois órgãos genitais e à penetração do pênis na vagina, restringido- a assim ao coito. Além disso, pouca importância tem sido dada aos cuidados com a higiene corporal e métodos contraceptivos, especialmente no que se refere ao uso dos preservativos, como também a métodos profiláticos para com as doenças sexualmente transmissíveis, em geral, AIDS, em particular (RIBEIRO, 1993). Uma vez provado, o envolvimento do par termina, principalmente se houver gravidez. As jovens querem ser amadas, tem medo de perder o namorado e, na 30
  • 31. maioria das vezes, terão um ato sexual sem prazer. Outras moças envolvem-se por ingenuidade, promessas, falta de informação, para agredir aos pais que lhes negam informações, diálogo e carinho. Eles misturam a fantasia das novelas com a vida real. Com tudo isso, os padrões comportamentais mudaram. Atualmente, muitos namoros começam já pelas intimidades, toques e beijos. Tudo muito rápido, o mais rápido possível. Antes mesmo de saber o nome da pessoa com quem está. Entretanto, ainda há exceções. Outra causa de aceleramento da iniciação sexual é que a preparação para a vida profissional é muito longa. Nas classes mais privilegiadas, os estudos se prolongam e os jovens se casarão mais tarde, pois o inicio da vida profissional é bem mais tarde que nos meios humildes. Nas classes mais simples, pode-se dizer que nem a adolescência existe. Quantos jovens de dose, quatorze anos já sustentam famílias! Desta forma, os jovens ficam curiosos para saber como é “transar”. Afinal, é um assunto tão falado. Os rapazes recebem a permissão social e familiar para transar e buscam o prazer físico exclusivamente, as moças têm dificuldades quanto à família, à reputação, ao medo de serem abandonadas pelo rapaz, à questão da virgindade, da gravidez, do aborto. Pode-se dizer até, que é um ato abusivo. Como são meio crianças, não sabem lidar com as perdas emocionais e, no caso das moças, da perda física (o hímen). Não há maturidade. Não sabem que a intimidade verdadeira é uma conquista progressiva. Não tem papel sexual definido, e o local escolhido, em geral, é inadequado. Ocorre tudo muito depressa, o que poderá gerar condicionamentos impróprios para a sua vida futura. Antes de iniciar a vida sexual, os jovens, homens e mulheres, deverão ser orientados e esclarecidos pelos pais e mestres. Se eles perguntam, não quer dizer que estão querendo fazer, e se nós os informamos, não estamos dando permissão. A postura dos adultos deve ser a de esclarecer sem permitir ou reprimir. (ABERASTURY, 1992, p.213) Enquanto os jovens aguardam o momento certo e a pessoa certa, precisam receber esclarecimentos e informações por meio de conversas sobre os medos, as dúvidas, as pressões familiares e sociais. Dialogar com eles também sobre amizade, amor, 31
  • 32. namoro e envolvimento. Dentro deste aspecto, os jovens terão de compreender que seu corpo lhes pertence e que poderão escolher se querem ou não ter relações sexuais, contando que estejam conscientes das conseqüências desse seu ato. A relação sexual humana não pode reduzir-se ao prazer egoísta. Ela está a serviço do amor efetivo, verdadeiro, duradouro. Faz parte de um relacionamento maduro, compromissado, e que envolve a totalidade da vida das pessoas. A busca egoísta do prazer não realiza, nem satisfaz as aspirações mais profundas do ser humano. Não se sabe quando é o momento certo de iniciar a vida sexual. Cada um terá de descobrir o seu. Cada pessoa tem o seu momento certo; por isso, é preciso refletir para descobri-lo. É importante criar expectativas. Vou entregar-me à primeira pessoa com a qual me envolver emocionalmente. Não será mais gratificante esperar até encontrar a pessoa com a qual pretendo me casar para construir família. O que me leva a ter relações sexuais antes do casamento Minha opção baseia-se em convicção profunda ou deixo-me levar pelas pressões sociais (GOLBERG, 1988, p.214). Estas e muitas outras questões devem ser analisadas antes de se tomar qualquer decisão neste sentido. O momento certo, o melhor momento para será aquele no qual ambos tiverem certeza de estarem juntos construindo a própria felicidade. Não a felicidade que se reduz a mais um orgasmo, mas aquele que envolver e se realiza em todas as dimensões humanas. 6 - Adolescente e Anticoncepção Ensinar sobre anticoncepcionais significa permitir relações pré-conjugais, nem incentivar ou estimular seu uso. Visa informar e prevenir. Vale ressaltar que os jovens interessam-se muito em saber quais os métodos para evitar uma gravidez precoce e um provável aborto. Como atualmente vive-se numa época de grande liberação sexual, será preciso questionar os jovens se este é o melhor caminho que os torna mais felizes e realizados como pessoas. Não será, antes, a expressão de um vazio existencial e uma falta de sentido na vida. Assim, as informações que muitos jovens têm são errôneas ou deturpadas. Existem adolescentes que tomam uma pílula na hora coito ou colam-na vagina pensando que desse modo podem 32
  • 33. evitar uma gravidez. Diante disso, a moça, muitas vezes, envolve-se num relacionamento sexual para comprovar sua identidade feminina. Entretanto, não se protege usando anticoncepcional, porque supõe que se não quiser não vai se engravidar. Para evitar um sentimento de culpa, não usa anticoncepcional, acreditando que, se o fizer, estará premeditando o uso de seu corpo. Por sua vez, os rapazes acham que usando camisinha de Vênus a relação não tem graça, e que o ato fica como se estivesse comendo bala com o invólucro. É difícil conscientizar os jovens a respeito da anticoncepção. Pais e mestres não podem e não devem sonegar informações. É preciso deixar os preconceitos de lado e orientar os jovens, mostrando que o que acontece no relacionamento de um casal é da responsabilidade dos dois, e não somente da mulher. Deve-se conscientizar de que o aborto, principalmente o clandestino, é muito pior do que a anticoncepção. Pais e mestres precisam ser instrutores dos jovens. Se não o forem, será o balconista da farmácia, serão os amigos ou vizinhos. Aprenderão fatalmente de forma errada, utilizarão métodos errados e serão vitimas da desinformação. 7 - Reações da adolescente frente à gravidez Segundo Tiba (1994, p. 333) nessa fase da vida que se vivenciam as grandes mudanças, sendo estas tanto físicas mentais como espirituais. A adolescente passa por uma profunda desestruturação da personalidade que com o passar dos anos vai se estabelecendo. Ela ainda ressalta que quando a adolescente sente que está grávida, ela geralmente se desespera, se essa gravidez não tiver sido planejada surgem vários sentimentos. Onde mistura emoção, raiva, sendo a mulher mais emotiva e sabe que dentro de si vai formar um novo ser. Assim aparece um grande conflito que já faz parte de sua formação. Mesmo em situação normal a gravidez gera um impacto para qualquer mulher, por que junto com ela vêm as mudanças físicas inevitáveis. A mulher tem consciência que seu corpo mudará por alguns meses, que precisará ter mudança de rotina, de alimentação, atividades físicas e principalmente acompanhamento médico. Dentro deste contexto surgem muitas duvidas para as adolescentes grávidas. 33
  • 34. Gravidez na adolescência é um assunto bastante atual tanto no ambiente da psicologia quanto no da enfermagem e medicina, principalmente por implicações. A adolescência em si já é um processo de mudanças tanto física, como psicológica. Ter um bebê é uma decisão bastante difícil que envolve muitas renúncias, por isso o apoio tanto da família da menina, como do rapaz e de sua respectiva família é de grande importância, tanto pelo lado financeiro como emocional. Além disso, não se pode esquecer que a sexualidade precoce é um comportamento de risco, e a gravidez não planejada é apenas uma se suas conseqüências como a contaminação da Síndrome da Imunodeficiência Adquirida – AIDS ou SIDA e outras Doenças Sexualmente Transmissíveis – DSTs. O fenômeno da gravidez na adolescência não é novo. Novas são as formas de compreendê-lo, segundo o pensamento da sociedade ocidental moderna. A análise deste fenômeno nas camadas populares exige um entendimento que depende das determinações econômicas e socioculturais, bem como dos diferentes valores de cada segmento que interagem em nossa sociedade. (MENEZES, 1996, p. 63). As problematizarão acerca dessas temáticas são infindáveis. Perguntas que foram perguntas, perpassando temas tão complexos, paradoxais, enigmático, polêmico, e muitas vezes proibidos e prazerosos em que se experimenta o prazer de saber e produz-se o saber sobre o prazer nos espaços das instituições em que se promovem as significações. É essa a grande questão saber responder corretamente e na hora certa os questionamentos sobre sexo, não ultrapassando os limites impostos pela sociedade, mas não deixar de esclarecer que sexo é coisa natural, mais deve ser praticado com responsabilidade e isso requer aprender e pensar no futuro que cada um quer para sua vida. Isso tudo é um desafio para o jovem, ultrapassar limites impostos pelo mundo e aguçar o olhar para as relações entre poder-saber-verdade, significa assumir a sexualidade e a responsabilidade é indissociável e requer navegar entre tensões, contradições, aceitar ou não as idéias prontas, e jamais se restringir ao binarismo. Requer aprender com Foucault (1999) que o mínimo de liberdade de que dispomos para atuar cotidianamente nas dentro desta revolução que é nosso corpo requer sabedoria, responsabilidade, requer pensar que os conhecimentos considerados “verdadeiros” sobre a natureza humana produzida 34
  • 35. pelas ciências biológicas e médicas que possibilitam a implantação de rumos é só sabe a cada um tomar essa decisão. A medicina higieniza dava assistência permanente à família e à escola para que as atividades e relação aí presentes não se tornassem geradora de desajuste, cuidando educando para que meninos se tornassem homens e meninas e tornassem mulheres, com características muito demarcadas: docilidade e submissão para meninas; esperteza e agitação para os meninos (RIBEIRO, 1996, p. 299). Contudo, o grande desafio é este: atentar que o movimento que produz dominação dos corpos pode também produzir resistência. E essa luta deve reivindicar o direito à diferença e contrapõe-se aos mecanismos completos de aceitar tudo que lhe proposto, explora e dominação, presença na vida cotidiana sobre a forma de categorização individualização, identificação e imposição de uma verdade, assim deve-se ficar atento a tantas perguntas e inquietação dos jovens que na adolescência se sente perdido e deve ser apoiado pelos adultos que já passaram por isso. Quando acontece a gravidez indesejada as adolescentes se sentem traída por ela mesma, e às vezes tomam decisões que complicará mais sua vida, também colocam culpas nos que te rodeiam. 8 - Complexo de Édipo Ele constitui o outro pólo da evolução da criança. Entre quatro e cinco anos, ela, que tem conhecimento intuitivo das coisas, percebe que seu pai e sua mãe diferem no plano genital e mantêm um com o outro uma relação da qual é excluída. Uma parte do bolo não lhe pertence, por culpa de um terceiro que se interpõe entre sua mãe e ela. Ora, o embaraçoso é que esse rival é seu pai. Impossível entrar em conflito aberto com ele sem pôr em questão seu amor filial; por outro lado, a criança percebe muito bem que não poderá rivalizar em força com esse gigante. Perderia as penas se arriscasse. Vê-se claramente o que há de essencial nesse conflito: a forte atração da criança pelo progenitor do sexo oposto e a surda agressividade implicada por sua rivalidade amorosa. Portanto, não se pode entender a atração sexual na criança no sentido genital da maneira como ela ocorre na puberdade. Esse prazer da manipulação demonstrará o despertar das zonas erógenas, a criança gosta do 35
  • 36. carinho e pedirá carinho. Ocorre que a ligação afetiva mais forte e a pessoa em que ela mais confia é a mãe, e neste caso não é estranho que a criança espere e exija carinho da mãe. Essa ligação carinhosa e afetiva entre mãe e filho é que irá propiciar a caracterização do complexo de Édipo como nos fala Rosa apud Freud (1994:106): “Para o menino, objeto da pulsão é a mãe, ou melhor, mãe fantasiada. para a menina o objeto é inicialmente fantasiado e depois no 2º tempo o pai”. Pode-se afirmar que de forma inconsciente a menina procura agradar o pai, visto que, o tem como objeto de pulsão, por outro lado, o menino faz de seu pai um ideal em que ele próprio gostaria de se transformar. Neste momento, a criança dá um enorme salto a frente, tornando-se capaz de vivenciar emoções mais complexas, pois a sua energia de origem sexual que era exclusivamente no seu próprio corpo, passa a ter um novo objeto, quer dizer a menina sente atração pelo pai, o menino pela mãe. Para a criança é tudo o que ela pode querer de um “casamento”, é o complexo de monopólio da afeição pelos pais. Para Oliveira : A situação edipiana pode ser o grande ponto decisivo de sua vida. Pode determinar se lhe será possível, um dia estabelecer relações sexuais satisfatórias com outra mulher ou pode fazer dele um homossexual. Problemas da mesma espécie são enfrentados, quando uma menina chega a vida sexual adulta. Os pais são, portanto, os principais responsáveis pela modelação de seu caráter e lançamento dos alicerces de seus futuros padrões de comportamento. Só através desses padrões já existentes, é que sua sexualidade pode oportunamente encontrar expressão. (1992:11, 17) O conflito se desfaz quando a criança angustiada pela ambigüidade dos sentimentos que nutre pelos pais consegue identificar-se validamente com o progenitor do mesmo sexo; com o pai, se tratar de um menino; então voltará seu amor, não mais para a mãe, mas para outra mulher que não faz parte da constelação familiar. A partir desse momento, a criança adota uma adaptada a seu sexo: o menino dedica-se a jogos viris, agressivos, enquanto a menina afirma sua feminilidade, brincando com bonecas ou de enfermeira. Na resolução desse conflito, a atitude dos pais é determinante. Um pai demasiado violento pode aumentar o medo e, portanto, a agressividade do seu filho, o que compromete sua necessária identificação com ele. Pelo contrário, um pai ausente, fraco ou muito absorvido pela profissão não pode assumir o papel de rival válido; pode comprometer a evolução do complexo 36
  • 37. edipiano. Ora, a ausência de resolução do complexo de Édipo está na origem de quase todas as perversões sexuais e tendência à homossexualidade. 9 - Considerações Finais Após essas constatações algumas reflexões são necessárias: Por que temos que lutar para garantir os direitos e a igualdade com relação à nossa vida sexual? Por que o pensamento de que a sexualidade se refere apenas às práticas sexuais, como se elas não sofressem influência social e religiosa, nos restringe a viver sob regras e normas rígidas? Por que essa visão estreita da sexualidade nos coloca sob a dimensão do normal e do não normal? Talvez porque vivemos numa cultura, numa dada sociedade, que tem expectativas de papéis sociais determinados e que, portanto, preveem comportamentos, valores e sentimentos dentro de certos padrões definidores de normalidade, padrões que regem o que devemos ou podemos aprender, também sobre nossa sexualidade. Entender a sexualidade como um conceito amplo é um pressuposto essencial para ações educativas eficazes, uma vez que é necessário pretender abarcar no processo reflexivo as mediações sociais, históricas e individuais presentes na educação sexual, se queremos contribuir para a emancipação dos educandos também nesse campo. Assim, devemos entender que no desenvolvimento dos jovens e adolescentes a saúde sexual implica em assumir as responsabilidades pelas próprias atitudes em relação à própria vida sexual e à do outro; o desenvolvimento de atitudes reflexivas, conscientes, distantes daquelas que reproduzem os padrões ora vigentes e que espelham uma repressão que se torna um mecanismo de controle social, estabelecido e mantido pela própria sociedade ao longo da história humana, depende de ações educativas que sejam, essencialmente, reflexivas, e que visem ao desenvolvimento de uma consciência verdadeira sobre o vasto campo de problemas sociais, históricos e pessoais envolvidos no exercício da sexualidade. Ao pensar sobre a sexualidade na adolescência costumo ter a imagem metafórica do período de amadurecimento psíquico e adaptações drásticas. Além disso, as concepções sociais já estabelecidas, com novas responsabilidades e cobranças. O menino ou a menina na adolescência também vai lidar com um corpo novo e 37
  • 38. diferente, que muda a cada dia, além das cobranças sociais até então despercebidas e isso, em geral, pode causar ansiedade e angústia e exigir certa compreensão social do mundo dos adultos (MAIA, 2003). Diante das mudanças físicas do corpo, cognitivas do pensamento e sociais os púberes e adolescentes vivem um cotidiano atribulado de ambigüidade de sentimentos e emoções em relação à sua sexualidade. São conflitos e dúvidas que refletem um sentimento de temor; medo em não pertencer a um padrão de normalidade socialmente desejável. Este padrão refere-se a estética corporal, a identidade e ao gênero, a saúde, a beleza, a capacidade de exercer a atração e a sedução, a expressão da afetividade e do desempenho sexual. Além disso, vivem de maneira conflituosa as dúvidas em relação ao tamanho dos órgãos sexuais, ao desempenho em uma relação sexual, à virgindade e mesmo à realização de práticas sexuais, especialmente quando também se misturam os valores morais e religiosos da família. Muitas pesquisas ainda mostram que os adolescentes têm acesso a informações gerais sobre sexualidade, porém ainda revelam informações distorcidas e deturpadas e assumem pouca prevenção quando se referem aos métodos anticoncepcionais, às doenças sexualmente transmissíveis e a temas relacionados à prática da sexualidade. A melhor maneira de lidar com essa situação é, sem dúvida, a prevenção. O que, no entanto, extrapola o nível informativo e depende em grande parte, de uma educação sexual que favoreça a discussão, a troca de idéias, a reflexão, esclarecimentos e a apropriação do saber entre os jovens e os educadores. Neste sentido, não podemos desconsiderar o contexto da puberdade e da adolescência no desenvolvimento. É preciso perceber, compreender e refletir se e como os possíveis conflitos na adolescência interferem no cotidiano de jovens meninas e meninos, também na vida escolar, afetiva e social. Se há esta percepção, como podemos ajudar esses jovens a dialogar e a refletir sobre essas questões? Em que medida tem o conhecimento amplo em relação às teorias do desenvolvimento para compreender as mudanças físicas e psicossociais dos nossos jovens? Em que medida tornou as informações sobre sexualidade acessíveis e reflexíveis aos jovens 38
  • 39. de modo a fazer com que eles extrapolem o mero nível informativo e atuem na formação, na mudança de atitudes favoráveis à promoção da saúde sexual? Uma última reflexão final é necessária: Será possível pensarmos as questões da adolescência sem considerar diferentes contextos sociais e, em muitos casos, com precárias condições sociais, educacionais e econômicas? A que tipo de adolescência pode nos referir ao pensar nos meninos marginais, infratores e miseráveis? Ao pensar nas meninas pobres, de pouca idade (11, 12 anos), que ficam em casa cuidando de seus irmãos mais novos e da casa para que sua mãe e/ou pai possam trabalhar fora? Para muitas pessoas, esse período da adolescência praticamente não existe. Muitos meninos e meninas, embora sendo crianças, realizam tarefas que correspondem às atividades de um adulto, tendo que assumir responsabilidades sociais, viver e conviver de forma totalmente diversa, a passagem pela adolescência. Em que medida a adolescência que estudamos na literatura atual considera as desigualdades sociais e econômicas de muitas sociedades? Faltam estudos, inclusive, que acompanhem o período de adolescentes em famílias menos favorecidas economicamente, nos quais a criança é inserida no mundo adulto do trabalho mais cedo e tem menos acesso a bens materiais. Se conseguirmos pensar sobre essas questões, debater o tema da sexualidade como algo educativo, dialogar entre diferentes profissionais como trabalhar a sexualidade em diferentes situações, já seria um grande feito. Acredito que propostas educativas sobre sexualidade poderiam contribuir sobremaneira para uma educação sexual emancipatória na adolescência e, sobretudo na promoção de uma vida sexual saudável e responsável para toda a vida. 39
  • 40. 10 - Referências Bibliográficas ABERASTURY, A. e KNOBEL, M. Adolescência Normal. Porto Alegre, Ed. Artes Médicas, 1992. BAPTISTA, M.N.; BAPTISTA, A.S.D.; DIAS, R.R. Estrutura e suporte familiar como fatores de risco na depressão de adolescentes. Psicol. cienc. prof. v.21, n.2, p.52- 61, 2001. BECKER, D. O que é adolescência. 11. ed. São Paulo: Brasiliense, 1994. 98 p. (Coleção primeiros passos, n. 159). BERGER, P.; LUCKMANN, T. A construção social da realidade. Petrópolis: Vozes, 1973. CABRAL, J. T. A sexualidade no mundo ocidental. Campinas: Papirus, 1995. CALLIGARIS, C. A Adolescência. São Paulo: Pubifolha, 2000. (Coleção Folha Explica). CAMPOS, D. M. S. Psicologia da adolescência: normalidade e psicopatologia. 12. ed. Petrópolis: Vozes, 1990. CASTRO, M. et al. Juventudes e Sexualidade. Brasilia: Unesco, 2004. CAVALCANTI, R. C. Adolescência. In: VITIELLO, N. (Org.). Adolescência hoje. Mimeo, 1987. COHEN,C. O Incesto um Desejo. São Paulo, Casa do Psicólogo ed., 1993. COHEN , C. e FÍGARO, C. J. Crimes Relativos ao Abuso Sexual. In: Cohen, C.; Ferraz, F.C.; Segre, M. Saúde Mental, Crime e Justiça. São Paulo, Edusp, 1996, pp.149-170. FAGUNDES, T.C.P.C. Educação Sexual- prós e contras. Revista Brasileira de Sexualidade Humana, São Paulo, v. 3, n.2, p. 154-158, 1992. FAGUNDES, Tereza Cristina Pereira Carvalho. Educação sexual: construindo uma nova realidade. Salvador: T.C.P.C. Fagundes, 1995. FORUM NACIONAL DE EDUCAÇÃO E SEXUALIDADE. Guia de orientação sexual: diretrizes e metodologia. Tradução e adaptação Grupo de Trabalho e Pesquisa em Orientação Sexual, Associação Brasileira Interdisciplinar de AIDS, Centro de Estudos e Comunicação em Sexualidade e Reprodução Humana. – 7ª Ed. – São Paulo: Casa do Psicólogo, 1994. FOUCAULT, Michel. História da sexualidade I: a vontade de saber. Rio de Janeiro: Graal, 1999. p. 100 40
  • 41. GHERPELLI, M. H. B. V. Diferente, mas não desigual - a sexualidade do deficiente mental. São Paulo: Gente, 1995. GOLDBERG, M. A. A. Educação Sexual - uma proposta, um desafio. São Paulo: Cortez, 1988. GTPOS, ABIA, ECOS. Guia de orientação sexual: diretrizes e metodologia (da pré- escola ao 2º grau). São Paulo: Casa do Psicólogo; Fórum Nacional de Educação e Sexualidade, 1994, 112 págs. KALINA, E. Psicoterapia de Adolescentes: teoria, técnica e casos clínicos. Rio de Janeiro, Ed. Francisco Alves, 1979, 2a edição. LOPES, G.; MAIA, M. Desinformação sexual entre gestantes adolescentes de baixa renda. Rev. Sexol., v. 2, n. 1, p. 30-33, jan./julho 1993. MARTINS, P. de O.; TRINDADE, Z.A.; ALMEIDA, A. M. de O. O ter e o ser: representações sociais da adolescência entre adolescentes de inserção urbana e rural Psicologia Reflexão e Crítica 16 (3), p. 555-568, 2003. MAIA, A.C.B. Sexualidade e Deficiências no Contexto Escolar. Tese de doutorado. Universidade Estadual Paulista: Marília, 2003. MENEZES, Maria Costa Moreira. A gravidez e o projeto de vida. São Paulo. Ed. Artes médicas. 1996. NOLASCO, S. A. O Mito da Masculinidade. Rio de Janeiro: Rocco, 1993. NOVAES, R. ; MELLO, C. Jovens do Rio. Rio de Janeiro: Comunicações do ser, nº. 57, ano 21, 2002. OLIVEIRA, M.K. Vygotsky. Aprendizado e Desenvolvimento: Um processo sóciohistórico. São Paulo: Ed. Moderna, 1992. OSÓRIO, L.C. Adolescente hoje. 2. ed. Porto Alegre: Artes Médicas, 1992. PAPALIA, D.E.; OLDS, S.W.; FELDMAN, R.D. Desenvolvimento Humano. Tradução de Daniel Bueno. 8a edição. Porto Alegre: Artmed, 2006. PUIG, J. M. Ética e valores: métodos para um ensino transversal. São Paulo: Casa do Psicólogo, 1995. RIBEIRO, Antoni Silva, Sexualidade, São Paulo, Ed. Moderna, 1996. RIBEIRO, Marcos (org.). Educação sexual: novas idéias, novas conquistas. Rio de Janeiro: Rosas dos tempos, 1993. 413 p. ROSA, Luiz Alfredo Garcia. Freud e o inconsciente. Rio de Janeiro: Copyright, 1994. 41
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