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A Sociedade de Ordens

1. Antes de iniciares o estudo do Antigo Regime, reflecte sobre as seguintes questões:
   - O que se entende por Antigo Regime?
   - O que entendes por estratificação social?
   - Que estratificação social vigorou na Europa do Antigo Regime?
   - Como se explica a variedade de situações profissionais e/ou condição económica dentro de
   cada estrato?
   - De que importância se revestiu a burguesia durante este período?
   - Como se diferenciam as vivências das populações desta época, no campo e nas cidades?

2. Lê, analisa e interpreta as fontes que seguem.

Fonte 1
                                        Os europeus no Antigo Regime

“Nós, os europeus do séculos XVII e XVIII, nascemos e vivemos numa sociedade baseada na desigualdade de
condições e organizada de modo muito diferente da que nos irá suceder e que vos tornará muito diferentes de
nós. Nascemos em famílias cuja posição na sociedade marca a nossa condição social e determina
grandemente o curso das nossas vidas. E é em família que passamos a maior parte da nossa vida que, para
quase todos, é não só lugar dos afectos mas também o que rodeia os trabalhos quotidianos.
Somos ainda predominantemente camponeses e a maioria de nós morrerá provavelmente no sítio onde nasceu
e viveu, sem conhecer muito mais do que as aldeias e a vila ou cidade mais próximas. Nas cidades, o ritmo
mais rápido e a diversidade da vida económica permitem mais possibilidades de tentar mudar a condição de
vida. Em lugares e épocas de expansão mais oportunidades surgem; em terras mais isoladas perpetuam-se por
gerações os trabalhos e os dias.
Herdeiros de um modo de conceber a organização dos seres, instituído desde os tempos medievais e que
estabelece e distingue as diferentes condições sociais, acreditamos que o Mundo foi criado e ordenado por
Deus por forma a que, num todo hierarquizado em que cada um depende de outros, aí se desempenhem os
diferentes papéis e funções para que o todo funcione harmoniosamente.”

            Pedro Almiro, Ana Pinto, Maria Carvalho, História – Tempos, Espaços e Protagonistas, vol. 2, Porto Editora,
                                                                                                            2000, p. 9.
Fonte 2
                                Crises demográficas e crises de subsistência

“Na Idade moderna vigorou na Europa uma economia de tipo pré-industrial caracterizada por uma base
agrícola e pelo atraso tecnológico. A debilidade tecnológica não permitia aumentar a produtividade, logo, o
aumento da população era afectado pelas fomes.
As crises demográficas caracterizavam-se por um crescimento elevado das mortes para o dobro ou o triplo da
Taxa de Mortalidade corrente, acompanhada por uma quebra muito acentuada nos nascimentos e dos
casamentos, a que se seguia uma fase de recuperação da crise, restabelecendo-se os índices habituais de
mortalidade, natalidade e nupcialidade.
No século XVII, em virtude do arrefecimento climático, as colheitas apodreciam, pelo que o preço dos cereais
se elevava e, em consequência, os mais pobres eram atingidos pela fome.
Por seu turno, a fome tornava os corpos menos resistentes às epidemias: peste negra, peste bubónica, difteria,
cólera, febre tifóide, varíola, tosse convulsa, escarlatina, tuberculose, malária, sífilis e outros males saltam de
região para região, de cidade para cidade. A falta de condições de higiene e de assistência médica, em especial
nas cidades, agravavam o panorama das crises populacionais.
Somava-se a estes dois factores a guerra, responsável por um número elevado de perdas humanas, quer pelo
confronto entre tropas inimigas, quer pelos efeitos da passagem dos exércitos pelas aldeias. Com os exércitos
marcham também as epidemias que sempre proliferaram nas concentrações excessivas de homens, sobretudo
numa época em que se desrespeitam as mais elementares regras sanitárias.”
                                                                         Guia de Estudo de História, Porto Editora, p. 6
    2.1.      Com base nas fontes anteriores, que factores explicam a instabilidade demográfica
           registada na maior parte da Europa durante o século XVII?
Fonte 3
                 Uma família de camponeses franceses, de Louis la Main (1600-10)




                           Como devo analisar uma fonte iconográficas?

1.Situar a obra                   2. Descrever o documento       3. Interpretar
     - Título                          - Realização: suporte,          - Significado: real    ou
     - Autor                      materiais e técnicas.          simbólico
     - Data de execução:               - Personagens e acção           - Intenções do autor
contexto histórico                     - Cores e luzes
     - Natureza: pintura,              - Desenhos e contornos
escultura, arquitectura, etc.          - Observação de outros
     - Género: retrato,           pormenores: símbolos,
paisagem, caricatura,             sinais, vestuário, etc.
alegoria, etc.                         - Importância da obra e
     - Assunto: social,           do autor
religioso, mitológico, etc.



    2.2.      Analise a fonte 3, interpreta-a; integra-a na época histórica em que foi realizada;
           confira-lhe um novo título.
Fonte 4
                     A miséria nos lares dos camponeses na Europa do século XVII

“Verificámos que, quase por todo o lado, o número de famílias diminuiu. (…) Que lhes aconteceu? A miséria
dissipou-as. Debandaram-se para pedir esmolas nas cidades e acabaram por morrer nos hospitais ou pelo
caminho.
Já não se vêem, nas aldeias e pequenas vilas, jogos ou divertimentos; tudo aqui desfalece; tudo está triste
porque a alegria e o prazer só se encontram na abundância e eles mal conseguem sobreviver.
De facto, já não há camponeses que tenham algum bem como próprio, o que é um grande mal. Um outro mal,
muito pernicioso, é que quase não há trabalhadores equipados. Outrora, eles estavam fornecidos de tudo o que
era necessário para a exploração das quintas (…). Hoje, só encontramos jornaleiros sem nada (…).
Mas onde se pode conhecer, melhor que em qualquer outro lado, a miséria dos camponeses é nos seus lares,
onde se encontra uma pobreza extrema. Dormem sobre a palha; não possuem outro vestuário senão o que
trazem vestido e que se apresenta em péssimas condições; não possuem móveis nem qualquer outro
equipamento para a vida: enfim, tudo neles representa necessidade.”

          “Mémoire des comissaires du roi Louis XIV sur la misère du peuple”, in Mémoires des Intendents sur l’ état des
                                                                                                    Généralités, 1687



Como devo interpretar e analisar uma                         Que questões posso colocar às fontes?
fonte?
                                                             1. Quem produziu a fonte?
1. Identificação da fonte                                    2. Quando foi produzida?
    - Autor                                                  3. Por que razão foi produzida e que interesses
    - Título                                                 servia?
    - Data                                                   4. Existem outros factos ou acontecimentos que
    - Tipo de fonte                                          suportem/concordem com esta fonte?
2. Análise da fonte                                          5. Existem outros factos que contestem esta
     - Ideia principal                                       fonte?
     - Relação com outras fontes                             6. Consideras esta fonte credível? Justifique.
      - Hipóteses que podem explicar a visão
do autor
      - Público ao qual se dirige o autor
      - Questões que poderiam ser colocadas
ao autor
3. Contextualização histórica da fonte




   2.3.      A partir da análise da fonte 4, descreva as condições da vida dos camponeses na Europa
          do Antigo Regime.
Fonte 5
                                      A cidade do Antigo Regime

“A cidade-tipo da Europa do Noroeste viu-a Goubert fétida, barulhenta e difamadora, suja e doentia. O
capital edificado renovava-se lentamente. (…) Ainda no século XVIII, a maior parte era de madeira, de terra e
de barro.
O tijolo cozido na construção e a telha no telhado (…) terão sido em termos higiénicos um extraordinário
progresso. (…)
No campo do insalubre, o barro amassado com palha para construir muros venceu, no Norte, as paredes muito
grossas de pedra, mal ligadas pela terra argilosa das cidades mediterrânicas.
Sempre pequenas casas, de um só andar por cima do rés-do-chão. Nenhuma pavimentação, para além das
praças e algumas estradas (…); na iluminação, antes de 1765. Daí que, ainda no século XVII, e até cerca de
1690, a segurança seja tão medíocre que, chegada a noite, os seus habitantes se façam acompanhar de paus e
de lanternas. (…)
O problema da água era o central. (…) Mas não é tanto o do abastecimento como também o da evacuação:
Beauvais, como Amesterdão, abastecia-se nos seus poços e cisternas. Mas os poços eram perigosos e a febre
tifóide endémica. Eis o motivo da generalização, em França, entre as classes populares das cidades, do
consumo do vinho e da água-pé, no século XVII; e do chá, em Inglaterra; e os progressos do consumo da
cerveja, na Alemanha e noutras regiões.”

                                              Pierre Chaunu, A Civilização da Europa Clássica, vol. I, pp. 265-266

Fonte 6
                                             A trilogia negra

“Continuam as tormentas e as chuvas, como no ano passado, e no mar e na terra se sentem os seus estragos.
Não menos sentem as gentes a falta de pão, que já se vende a dez tostões, preço de que, em Lisboa, não há
ninguém que se lembre. (…)
Parece que El-Rei ignora o miserável estado de todo o seu reino, em que, além da guerra e da fome, bem pode
temer o terceiro castigo que já se anuncia nas repetidas doenças que em toda a parte se sentem, havendo
lugares que estão já meio despovoados.”

                                                        José Soares da Silva, Gazeta em Forma de Carta, 1701-06

Fonte 7
                                   A peste de 1680 em Lyon, França

“As poucas pessoas que andavam pelas ruas cobriam o rosto com o manto e traziam frasquinhos de perfume
nas mãos, que levavam ao nariz e à boca. Todos suspeitavam uns dos outros e se afastavam mesmo que
fossem parentes ou amigos. (…) A cada passo se encontravam corpos caídos (…). Dentro das casas
encontrávamos, na mesma cama, um doente a dar o último suspiro, outro desesperado e um terceiro a dormir
um sono profundo. Para chegar junto dos doentes, tínhamos quase sempre de passar pelo meio dos corpos,
como me aconteceu na primeira casa a que fui chamado para confessar uma mulher cujo marido jazia
estendido ao pé da porta.”

                                               Testemunho do Padre Jean Grillet, Lyon Apavorada com o Contágio

    2.4.      Com base nas fontes 5, 6 e 7, descreva as condições de vida dos espaços urbanos desta
           época.
Fonte 8
                                              Os efeitos da guerra

“Quando os cavaleiros entraram na casa do meu pai, a primeira coisa que fizeram foi instalar lá os
cavalos; depois cada um aplicou-se à sua tarefa particular que parecia ser a de tudo destruir e de tudo
saquear. Enquanto alguns se punham a degolar os animais, a cozer ou assar a carne (…) outros
faziam grandes embrulhos de roupa, de vestuário, de toda a espécie de utensílios (…). Aquilo que
não contavam levar era feito em pedaço. Alguns trespassavam com a espada os montes de feno e de
palha (…), outros esvaziavam os colchões (…). Escaqueiravam a loiça de cobre e estanho (…).
Queimavam as camas, as mesas, as cadeiras e os bancos (…). Os soldados tinham já metido no forno
um dos camponeses feitos prisioneiros e queimavam-no embora ele ainda não tivesse confessado
nada. (…). O meu pai confessou tudo o que eles queriam saber e revelou onde se encontrava
escondido o seu tesouro.”

  Grimmelhau, “Les aventures de Siplicius Simplicissimus”, in Troux, Lizerand, Moreau, Les Temps Moderns, Dessain,
                                                                                                 1959, pp. 176-177

Fonte 9
                                          A morte no centro da vida

“Em 1661 [a esperança média de vida] atingiria os 25? Estes números brutais significam que, nesse tempo, tal
como o cemitério estava no centro da vila, a morte estava no centro da vida. Em cada 100 crianças nascidas,
25 morriam antes da idade de um ano; 25 outras não atingiam os vinte; outras 25 desapareciam entre os vinte
e os quarenta anos. Uma dezena chegava a sexagenário. O octogenário triunfante, rodeado de uma lenda que o
transformava em centenário, via-se rodeado do respeito supersticioso que coroa os campeões; desde há muito
perdera todos os seus filhos, todos os seus sobrinhos, assim como uma boa parte dos seus netos e sobrinhos-
netos. Este sábio será olhado como um oráculo. A morte do herói tornava-se um acontecimento regional.”

P.Goubert, “Louis XIV et vingt millions de Français”, in P. Guillaume e J. Poussou, Demographie Historique, Paris, Liv.
                                                                                          Armand Colin, 1970, p. 160.

    2.5.      Com base nas fontes anteriores, redija um comentário sobre a incidência da trilogia
           negra, no século XVII.

Fonte 10
                        O Antigo Regime: estratificação social e poder absoluto

“No Antigo Regime, tal como na Idade Média, a sociedade encontra-se fortemente hierarquizada em ordens
ou estados. O poder, a ocupação, a consideração social de cada indivíduo são definidos pelo nascimento e
reforçados por um estatuto jurídico diferenciado.
A sociedade do Antigo Regime divide-se, então, em três ordens ou estados: o clero, a nobreza e o povo ou
Terceiro Estado, multiplicadas por várias subcategorias.
O clero, considerado o primeiro estado, é o único que não se adquire pelo nascimento, mas pela tonsura e
goza de imunidades e privilégios (isenção fiscal e militar) e beneficia do direito à cobrança do dízimo,
desempenhando altos cargos, que lhe conferem grande prestígio e consideração social.
A nobreza constitui o segundo estado, sendo uma peça fundamental para o regime monárquico. Como ordem
de maior prestígio, organiza-se como um grupo fechado, demarcado pelas condições de nascimento, pelo
poder fundiário, pela sua função militar e desempenho dos mais altos cargos administrativos que lhe conferem
poder, riqueza, ostentação e grande prestígio. A sua categoria e prestígio social era muito díspar, contudo o
seu estatuto legal conferia-lhe um conjunto de privilégios (isenção de pagamentos ao Estado, excepto em caso
de guerra, regime jurídico próprio, usufruto de alguns direitos de natureza senhorial).
 O Terceiro Estado é a ordem não privilegiada, inferior na consideração pública. É a ordem tributária por
excelência, de composição muito heterogénea, cujas diferenças residem essencialmente na actividade
profissional e modo de vida. Assim, podemos salientar o estrato dos camponeses, o da burguesia (constituído
tanto por mercadores como financeiros – banqueiros e cambistas, por letrados – advogados, notários e, por
fim, artesãos, trabalhadores assalariados não qualificados, geralmente associados ao trabalho braçal).
A sociedade de ordens é sobretudo uma sociedade de símbolos. A distinção faz-se através dos trajes
(reservando-se o uso de certos tecidos, de certos adornos como a prata para a nobreza), das formas de
saudação e tratamento que se adoptavam e a que tinham direito pela sua condição social (por exemplo, um
eclesiástico receberia o tratamento de Sua Eminência, Sua Excelência ou Sua Senhoria, Vossa Mercê ou
Dom). A este tratamento correspondia também um conjunto rígido de regras de protocolo, sendo todos os
comportamentos previstos. Mesmo a forma como se apresentavam em público, acompanhados de menor ou
maior número de criadagem, dependia da sua posição social.
A diversidade de estatuto estava plenamente patente no regime jurídico. Normalmente, os nobres estavam
isentos das penas consideradas mais vis, como o enforcamento, e eram poupados às humilhações e exposições
públicas.
Mas esta estrutura multissecular, aparentemente imóvel, não apresenta já a mesma solidez. Enquanto a
nobreza e o clero se esforçam por manter os privilégios antigos, no Terceiro Estado acentuam-se as clivagens
sociais: uma burguesia endinheirada e culta soube tornar-se imprescindível ao funcionamento do Estado
elevando-se, por mérito próprio, à condição superior da nobreza; enquanto isso, a miséria do campesinato
aumenta e, com ela, a frequência das revoltas.
No topo da hierarquia social, o rei afirma-se como poder único, absoluto e sacralizado. A sua autoridade
reforça-se, quer pela pena dos teóricos, quer pela determinação e arrojo político de alguns monarcas. Dentre
todos, emerge Luís XIV, paradigma do próprio absolutismo, tal como o seu palácio, Versalhes, se tornará no
símbolo da magnificência e do culto da pessoa régia.
Época de profundas desigualdades, no Antigo Regime coexistem, como que em mundos paralelos,
mentalidades e formas de vida quase antagónicas. São assim o campo e a cidade: aquele, praticamente imóvel,
avesso às novidades, normalmente resignado; esta, plena de vitalidade, ousadia e poder reivindicativo.”

                               Célia Couto, Maria Rosas, Tiago Alves, O tempo da História, Porto Editora, vol. II, p.30
Fonte 11
                          A sociedade de ordens, uma sociedade de privilégios

“A sociedade de ordens hierarquizada era uma sociedade de símbolos. Cada ordem dispunha de signos que a
distinguia das demais. Os escriturários envergavam trajos eclesiásticos especiais. Leis sumptuárias, muitas
vezes renovadas, reservavam à nobreza o uso de certos tecidos, de ouro e de prata, de que eram excluídos os
plebeus. (…) De facto, a sociedade de ordens são sociedades de privilégios. (…) No século XVII, quase todas
as camadas sociais gozavam de prerrogativas legais, quer fossem corporações, agremiações com (…)
interesses públicos ou privados (…), quer fossem indivíduos considerados isoladamente. Na época em causa,
era quase sempre por se pertencer a uma agrupamento que se desfrutava de privilégios.”

        Jean Bérenger, “A Europa de 1492 a 1661”, in História Geral da Europa, vol. II, dir. de Georges Livet e Roland
                                                               Mousnier, Lisboa, Publicações Europa-América, 1987
Fonte 12
                                         Uma sociedade estratificada

“A estratificação social em ordens (…) consiste numa hierarquia de graus distintos uns dos outros e
ordenados não segundo a fortuna dos seus membros (…) mas segundo a estima, a honra, a dignidade, ligadas
pela sociedade a funções sociais. (…) Cada grupo social vê ser-lhe imposto, pelo consenso da opinião, o seu
estatuto social, quer dizer a sua posição, a sua dignidade, as suas honras, os seus direitos, os seus deveres, os
seus privilégios, as suas sujeições, os seus símbolos sociais, o seu vestuário, a sua alimentação, os seus
brasões, o seu modo de vida, de educação, de gastos, de distracções, as suas funções sociais, as profissões que
devem exercer (…), o comportamento que os seus membros devem observar para com os membros de outros
grupos nas diversas circunstâncias da vida e o comportamento que têm direito a esperar da parte deles, as
pessoas com quem devem relacionar-se e tratar de igual para igual, o seu grupo de existência e os grupos com
que não devem manter senão as relações impostas pela respectiva função social.”

                              Roland Mousnier, As Hierarquias Sociais, Lisboa, Pub. Europa-América, 1974, pp. 17-20

    2.6.  Com base nas fontes 10, 11 e 12, refira a hierarquização social existente durante o Antigo
        Regime.
    2.7. Analise a razão de ser dos privilégios nas sociedades de ordens. (Fonte 11).
Fonte 13                                                     Fonte 14

  A desigualdade na hierarquização social                         “O nobre é a aranha, o camponês é a
                                                                                mosca”
“Não podemos viver todos na mesma condição. É
necessário que uns comandem e outros obedeçam.
Os que comandam têm várias categorias ou graus:
os soberanos mandam em todos os do seu reino,
transmitindo o seu comando aos grandes, os
grandes aos pequenos e estes ao povo. E o povo,
que obedece a todos eles, está, por sua vez,
dividido em várias categorias.
Na sociedade, uns dedicam-se ao serviço de Deus,
outros a defender o Estado pelas armas, outros a
alimentá-lo e a mantê-lo pelo exercício da paz.”

          Charles Loyseau, “Traité des ordres et simples
dignitez”, in Roland Mousnier, As Hierarquias Sociais,
                    Lisboa, Pub. Europa-América, 1974




    2.8.     Com base na fonte 13, indique os fundamentos teóricos dessa hierarquização.

    2.9.     Explique o sentido das fontes 13 e 14.


Fonte 15
                              Manifestações da hierarquia social no vestuário

“Somente os grandes fidalgos usem trajos dourados ou prateados, e se sirvam de jaezes de igual qualidade.
Escudeiros e gente limpa vistam Londres. Gente de ofícios mecânicos, e desta sorte, e outra de baixa mão,
parece bem a vossos povos que usem Bristol, e daí para baixo não calcem borzeguins, cervilhas, pantufos,
chapins, mas sapatos pretos, e não de cor; as mulheres usem véus de lã, e não de seda; para estes tais é mister
fixar o máximo preço do vestuário. Parece também a vossos povos que lavradores, criadores e gente desta
sorte, aos dias de trabalho devem vestir burel e fustão, trazer calções e botas; conquanto aos dias santos,
quando vierem à cidade ou vila, possam trajar Bristol, e calçar sapatos brancos ou pretos, mas não borzeguins;
as mulheres vistam alfardas de linho.”

      Costa Lobo, “História da Sociedade em Portugal no Século XV, in V. M. Godinho, Estrutura da Antiga Sociedade
                                                           Portuguesa, Vila da Feira, Ed. Arcádia, 1975, pp. 228-229
Fonte 16                                              Fonte 17

  Matrimónio da Moda, de Hogarth (1745)                   Manifestações da hierarquia social no
                                                                      tratamento

                                                      “Ao nobre [português] parece não existir nobreza
                                                      semelhante à sua, pelo que julga que todos os
                                                      outros lhe ficam muito atrás. Procura, em todas as
                                                      coisas, fazer como fazem os reis ou príncipes (…).
                                                      Em casa chama os criados pelo nome dos seus
                                                      cargos: mordomo, secretário, criado de quarto,
                                                      moço das cavalariças (…).
                                                      Só estuda questões de gravidade e etiqueta porque
                                                      é em coisas como estas e não na virtude que
                                                      consiste a nobreza. Ponderam a quem devem tratar
                                                      por tu, por Vós, por Mercê, por Senhoria, por
                                                      Excelência e por Alteza, porque o título de
                                                      majestade ainda lá não chegou. (…)
                                                      Dão tratos à cabeça para pensar a quem devem
                                                      tirar o chapéu, se meio, se por completo, se baixá-
                                                      lo até baixo, se conservá-lo alto; se fazer cobrir-se
                                                      aquele com quem fala ou se deixá-lo de cabeça
                                                      descoberta, ou se devem cobrir-se eles próprios
                                                      (…).
                                                      Estudam, por fim, que todos os seus actos sejam
                                                      medidos com termos de gravidade mais do que
                                                      cansativos.”

                                                       Anónimo italiano de inícios do século XVII, “Retrato e
                                                          reverso do Reino de Portugal”, in A.H. de Oliveira
                                                        Marques, Revista Nova História – Século XVI, n.º 1,
                                                                       1984, Editorial Estampa, pp. 129-130

Fonte 18

                   Manifestações da hierarquia social na aplicação da justiça

“Título XL – Das pessoas que sam escusas d’aver pena de açoutes, ou outras penas viis.
E dos casos em que o nom devem ser. (…)
Querendo dar certa regra, mandamos que nom sejam executadas as semelhantes penas em os Escudeiros dos
Prelados, ou fidalguos, ou d’outras pessoas, posto que Prelados, ou Fidalguos nom sejam, que constumam
trazer Escudeiros a cavalo (…), nem em moços da estribeira Nossos, ou de Raynha, ou Príncipe, ou dos
Infantes, Duques, Mestres, Marqueses, Prelados, Condes, ou de qualquer do Nosso Conselho, nem em Pages
de Fidalguos, que por Fidalguos esteverem assentados em Nossos Livros, nem em Juízes, e Vereadores, e
Procurador das Villas, ou Concelhos. (…)
E avemos por bem, que em lugar das ditas penas d’açoutes com baraço e pregam sejam condenados em dous
annos de degredo, com preguam na Audiência, pera cada hum dos Nossos Luguares d’Alem, e se aalem da
pena de açoutes for mais degradado pera a Ilha de Sam Thome, ou Principe, ou outra semelhante Ilha por
algum tempo.”
                                                                              Ordenações Manuelinas, Liv. II

   2.10. A partir das fontes 15, 16, 17 e 18, enuncie os privilégios do clero e da nobreza.
   2.11. Com base nas mesmas fontes, descreva a situação do Terceiro Estado.
Fonte 19
                                        Ascensão da burguesia

“Se um financeiro falhar o seu objectivo, os nobres da corte dizem: não passa de um burguês, um zé-ninguém,
um grosseirão; se tiver sucesso, pedem-lhe a filha em casamento.
Enquanto os nobres negligenciam todo o conhecimento, não somente o que diz respeito aos interessados dos
príncipes e aos negócios públicos, mas também o que respeita aos próprios interesses; enquanto ignoram a
economia e a sabedoria de um pai de família e se vangloriam dessa mesma ignorância; enquanto se deixam
empobrecer e enganar pelos intendentes (…) os cidadãos instruem-se sobre o reino e o estrangeiro, estudam o
governo, tornam-se sagazes e políticos, sabem o forte e o fraco de todos, sonham em subir de categoria,
sobem, educam-se, tornam-se poderosos, aliviam o príncipe de uma parte das suas preocupações. Os grandes
que os desdenham, reverenciam-nos. Ficam contentes se eles se tornarem seus genros.”
                                    Jean La Bruyère, “Des grands”, in Documents d’Histoire Vivante (século XVII)

   2.12. Indique as vias de ascensão social da burguesia referidas na fonte 19.

Fonte 20
                                Preocupação com a mobilidade social

“ Mas para quê falar de estados? Hoje eles estão todos misturados, de modo que já não se distinguem uns dos
outros e a todo o momento ouvimos dizer: Ele não é mais do que eu. Sou tão rico como ele. O filho de um
miserável artesão, cujo pai conseguiu, com sacrifício, algo de seu, muda rapidamente de hábitos, de
linguagem, de tom, quase de figura. E, nos actos públicos, dá-se o título de Senhor. (…)
O vosso pai lavrara ele mesmo o seu campo, e Vós já quereis ter rendeiros. A vossa mãe trajava de lã e vós
quereis seda para a vossa mulher e vossas filhas (…) A fúria de vos elevardes acima da vossa condição apaga
em vós o espírito do cristianismo. Só vos vejo orgulho, inveja e ciúme. (…)
Em nome de Deus, ficai no vosso lugar. Sede o que os vossos pais foram; vivei como eles viveram e não
procureis sair do estado em que a Providência Divina vos fez nascer.”
                                   Régis, cura do Gap, A Voz do Pastor, Discurso Para os seus Paroquianos (1773)

   2.13. A partir da fonte 20, mostre a preocupação do autor em preservar a ordem social
       estabelecida.
Fonte 21                                                  Fonte 22
                                                                        As revoltas populares
Camponeses, de Louis de Nain (1583-1648)
                                                          “Senhor (…), de há dois meses para cá os
                                                          camponeses e aldeãos das castelanias de Barbezieu
                                                          (…) levantaram-se em armas e, em certa medida,
                                                          foram dominados pelo cuidado e boa ordem do
                                                          Senhor Sobrau. (…) Mas (…) sexta-feira última,
                                                          os habitantes da castelania de Blauzac (…)
                                                          levantaram-se com cerca de quatro mil homens
                                                          armados de arcabuzes e lanças (…), apresentaram-
                                                          se em Blauzac (…) com um clamor de ameaças
                                                          confusas contra a vida de todos os fiscais,
                                                          entendendo por esta palavra todos os colectores de
                                                          Sua Majestade (…).
                                                          A raiva popular era tão grande que tudo o que
                                                          procedia do Conselho os irritava.

                                                            Documento n.º 10, “La Fosse”, 9 de Junho de 1636, in
                                                                                    Documents d’Histoire Vivan
2.14. A partir das fontes 21 e 22, identifique os motivos da revolta dos populares.

   2.15. Partindo da análise dos documentos, caracterize a sociedade do Antigo Regime, tendo em
       conta: composição e estatuto das ordens, a hierarquia social e suas expressões nos valores e
       comportamentos

3. “O fausto dos grandes tinha como reverso, no Antigo Regime, a miséria dos mais humildes”.
   Depois de leres o texto “Miséria dos Humildes” de Jean Jacquard, redige uma narrativa ou um
   texto dramático descrevendo a vida de um camponês europeu do século XVII seu quotidiano, o
   ambiente familiar, a função que desempenhava e sua tua posição na sociedade.

4. Desde o Período Neolítico que as hierarquias sociais regulam as relações entre os homens. No
   nosso tempo, a lei já não consagra as diferenças de estatuto, mas a posição social de cada um, o
   respeito que, por ela, se obtém, as fórmulas diferenciadas de tratamento são ainda bem marcadas.
   Que critérios ditam, hoje, o estatuto social do indivíduo?
   Como se manifestam as hierarquias na nossa vida quotidiana?
   Elabora uma análise comparativa entre a sociedade do Antigo Regime e a sociedade actual.

5. Conversa com alguns membros da tua família. Começa por registar os nomes dos de todos os
   familiares de que se lembram, se possível, recuando até à implantação da República, em 1910, de
   modo a fazer um século de história familiar. Levanta as seguintes questões:
   - Quantos filhos tiveram os seus parentes?
   - Todos sobreviveram até à idade adulta?
   - Com que idade casaram?
   - Quais morreram jovens?
   - Quem nasceu em casa? Quem nasceu em hospitais?
   - Houve algum caso assinalável de longevidade?
   - As mulheres da família educavam os filhos?
   - Guardavam-se recordações da infância e dos familiares falecidos (por exemplo, cabelos, dentes,
   etc.)?
   - Alguém morreu numa guerra?

6. Verifica se atingiste os objectivos de aprendizagem.

                                                                       Sim      Não      Aprofundei
- Identifiquei os factores que interferiram no comportamento
demográfico das populações europeias nos séculos XVII e XVIII?
- Caracterizei as crises demográficas do século XVII?
- Identifiquei as condições económicas, sociais e culturais em que
vivia a população rural nos séculos XVII e XVIII?
- Caracterizei a sociedade do Antigo Regime?
- Diferenciei as três ordens, a sua composição e o seu estatuto?
- Reconheci, nos comportamentos, os valores da sociedade de
ordens?
- Identifiquei as vias de mobilidade social?
- Analisei as razões e o carácter das amotinações populares?
 
	
  
	
  
	
  
	
  
	
  
	
  
	
  
	
  
 

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A sociedade estratificada do Antigo Regime

  • 1. A Sociedade de Ordens 1. Antes de iniciares o estudo do Antigo Regime, reflecte sobre as seguintes questões: - O que se entende por Antigo Regime? - O que entendes por estratificação social? - Que estratificação social vigorou na Europa do Antigo Regime? - Como se explica a variedade de situações profissionais e/ou condição económica dentro de cada estrato? - De que importância se revestiu a burguesia durante este período? - Como se diferenciam as vivências das populações desta época, no campo e nas cidades? 2. Lê, analisa e interpreta as fontes que seguem. Fonte 1 Os europeus no Antigo Regime “Nós, os europeus do séculos XVII e XVIII, nascemos e vivemos numa sociedade baseada na desigualdade de condições e organizada de modo muito diferente da que nos irá suceder e que vos tornará muito diferentes de nós. Nascemos em famílias cuja posição na sociedade marca a nossa condição social e determina grandemente o curso das nossas vidas. E é em família que passamos a maior parte da nossa vida que, para quase todos, é não só lugar dos afectos mas também o que rodeia os trabalhos quotidianos. Somos ainda predominantemente camponeses e a maioria de nós morrerá provavelmente no sítio onde nasceu e viveu, sem conhecer muito mais do que as aldeias e a vila ou cidade mais próximas. Nas cidades, o ritmo mais rápido e a diversidade da vida económica permitem mais possibilidades de tentar mudar a condição de vida. Em lugares e épocas de expansão mais oportunidades surgem; em terras mais isoladas perpetuam-se por gerações os trabalhos e os dias. Herdeiros de um modo de conceber a organização dos seres, instituído desde os tempos medievais e que estabelece e distingue as diferentes condições sociais, acreditamos que o Mundo foi criado e ordenado por Deus por forma a que, num todo hierarquizado em que cada um depende de outros, aí se desempenhem os diferentes papéis e funções para que o todo funcione harmoniosamente.” Pedro Almiro, Ana Pinto, Maria Carvalho, História – Tempos, Espaços e Protagonistas, vol. 2, Porto Editora, 2000, p. 9. Fonte 2 Crises demográficas e crises de subsistência “Na Idade moderna vigorou na Europa uma economia de tipo pré-industrial caracterizada por uma base agrícola e pelo atraso tecnológico. A debilidade tecnológica não permitia aumentar a produtividade, logo, o aumento da população era afectado pelas fomes. As crises demográficas caracterizavam-se por um crescimento elevado das mortes para o dobro ou o triplo da Taxa de Mortalidade corrente, acompanhada por uma quebra muito acentuada nos nascimentos e dos casamentos, a que se seguia uma fase de recuperação da crise, restabelecendo-se os índices habituais de mortalidade, natalidade e nupcialidade. No século XVII, em virtude do arrefecimento climático, as colheitas apodreciam, pelo que o preço dos cereais se elevava e, em consequência, os mais pobres eram atingidos pela fome. Por seu turno, a fome tornava os corpos menos resistentes às epidemias: peste negra, peste bubónica, difteria, cólera, febre tifóide, varíola, tosse convulsa, escarlatina, tuberculose, malária, sífilis e outros males saltam de região para região, de cidade para cidade. A falta de condições de higiene e de assistência médica, em especial nas cidades, agravavam o panorama das crises populacionais. Somava-se a estes dois factores a guerra, responsável por um número elevado de perdas humanas, quer pelo confronto entre tropas inimigas, quer pelos efeitos da passagem dos exércitos pelas aldeias. Com os exércitos marcham também as epidemias que sempre proliferaram nas concentrações excessivas de homens, sobretudo numa época em que se desrespeitam as mais elementares regras sanitárias.” Guia de Estudo de História, Porto Editora, p. 6 2.1. Com base nas fontes anteriores, que factores explicam a instabilidade demográfica registada na maior parte da Europa durante o século XVII?
  • 2. Fonte 3 Uma família de camponeses franceses, de Louis la Main (1600-10) Como devo analisar uma fonte iconográficas? 1.Situar a obra 2. Descrever o documento 3. Interpretar - Título - Realização: suporte, - Significado: real ou - Autor materiais e técnicas. simbólico - Data de execução: - Personagens e acção - Intenções do autor contexto histórico - Cores e luzes - Natureza: pintura, - Desenhos e contornos escultura, arquitectura, etc. - Observação de outros - Género: retrato, pormenores: símbolos, paisagem, caricatura, sinais, vestuário, etc. alegoria, etc. - Importância da obra e - Assunto: social, do autor religioso, mitológico, etc. 2.2. Analise a fonte 3, interpreta-a; integra-a na época histórica em que foi realizada; confira-lhe um novo título.
  • 3. Fonte 4 A miséria nos lares dos camponeses na Europa do século XVII “Verificámos que, quase por todo o lado, o número de famílias diminuiu. (…) Que lhes aconteceu? A miséria dissipou-as. Debandaram-se para pedir esmolas nas cidades e acabaram por morrer nos hospitais ou pelo caminho. Já não se vêem, nas aldeias e pequenas vilas, jogos ou divertimentos; tudo aqui desfalece; tudo está triste porque a alegria e o prazer só se encontram na abundância e eles mal conseguem sobreviver. De facto, já não há camponeses que tenham algum bem como próprio, o que é um grande mal. Um outro mal, muito pernicioso, é que quase não há trabalhadores equipados. Outrora, eles estavam fornecidos de tudo o que era necessário para a exploração das quintas (…). Hoje, só encontramos jornaleiros sem nada (…). Mas onde se pode conhecer, melhor que em qualquer outro lado, a miséria dos camponeses é nos seus lares, onde se encontra uma pobreza extrema. Dormem sobre a palha; não possuem outro vestuário senão o que trazem vestido e que se apresenta em péssimas condições; não possuem móveis nem qualquer outro equipamento para a vida: enfim, tudo neles representa necessidade.” “Mémoire des comissaires du roi Louis XIV sur la misère du peuple”, in Mémoires des Intendents sur l’ état des Généralités, 1687 Como devo interpretar e analisar uma Que questões posso colocar às fontes? fonte? 1. Quem produziu a fonte? 1. Identificação da fonte 2. Quando foi produzida? - Autor 3. Por que razão foi produzida e que interesses - Título servia? - Data 4. Existem outros factos ou acontecimentos que - Tipo de fonte suportem/concordem com esta fonte? 2. Análise da fonte 5. Existem outros factos que contestem esta - Ideia principal fonte? - Relação com outras fontes 6. Consideras esta fonte credível? Justifique. - Hipóteses que podem explicar a visão do autor - Público ao qual se dirige o autor - Questões que poderiam ser colocadas ao autor 3. Contextualização histórica da fonte 2.3. A partir da análise da fonte 4, descreva as condições da vida dos camponeses na Europa do Antigo Regime.
  • 4. Fonte 5 A cidade do Antigo Regime “A cidade-tipo da Europa do Noroeste viu-a Goubert fétida, barulhenta e difamadora, suja e doentia. O capital edificado renovava-se lentamente. (…) Ainda no século XVIII, a maior parte era de madeira, de terra e de barro. O tijolo cozido na construção e a telha no telhado (…) terão sido em termos higiénicos um extraordinário progresso. (…) No campo do insalubre, o barro amassado com palha para construir muros venceu, no Norte, as paredes muito grossas de pedra, mal ligadas pela terra argilosa das cidades mediterrânicas. Sempre pequenas casas, de um só andar por cima do rés-do-chão. Nenhuma pavimentação, para além das praças e algumas estradas (…); na iluminação, antes de 1765. Daí que, ainda no século XVII, e até cerca de 1690, a segurança seja tão medíocre que, chegada a noite, os seus habitantes se façam acompanhar de paus e de lanternas. (…) O problema da água era o central. (…) Mas não é tanto o do abastecimento como também o da evacuação: Beauvais, como Amesterdão, abastecia-se nos seus poços e cisternas. Mas os poços eram perigosos e a febre tifóide endémica. Eis o motivo da generalização, em França, entre as classes populares das cidades, do consumo do vinho e da água-pé, no século XVII; e do chá, em Inglaterra; e os progressos do consumo da cerveja, na Alemanha e noutras regiões.” Pierre Chaunu, A Civilização da Europa Clássica, vol. I, pp. 265-266 Fonte 6 A trilogia negra “Continuam as tormentas e as chuvas, como no ano passado, e no mar e na terra se sentem os seus estragos. Não menos sentem as gentes a falta de pão, que já se vende a dez tostões, preço de que, em Lisboa, não há ninguém que se lembre. (…) Parece que El-Rei ignora o miserável estado de todo o seu reino, em que, além da guerra e da fome, bem pode temer o terceiro castigo que já se anuncia nas repetidas doenças que em toda a parte se sentem, havendo lugares que estão já meio despovoados.” José Soares da Silva, Gazeta em Forma de Carta, 1701-06 Fonte 7 A peste de 1680 em Lyon, França “As poucas pessoas que andavam pelas ruas cobriam o rosto com o manto e traziam frasquinhos de perfume nas mãos, que levavam ao nariz e à boca. Todos suspeitavam uns dos outros e se afastavam mesmo que fossem parentes ou amigos. (…) A cada passo se encontravam corpos caídos (…). Dentro das casas encontrávamos, na mesma cama, um doente a dar o último suspiro, outro desesperado e um terceiro a dormir um sono profundo. Para chegar junto dos doentes, tínhamos quase sempre de passar pelo meio dos corpos, como me aconteceu na primeira casa a que fui chamado para confessar uma mulher cujo marido jazia estendido ao pé da porta.” Testemunho do Padre Jean Grillet, Lyon Apavorada com o Contágio 2.4. Com base nas fontes 5, 6 e 7, descreva as condições de vida dos espaços urbanos desta época.
  • 5. Fonte 8 Os efeitos da guerra “Quando os cavaleiros entraram na casa do meu pai, a primeira coisa que fizeram foi instalar lá os cavalos; depois cada um aplicou-se à sua tarefa particular que parecia ser a de tudo destruir e de tudo saquear. Enquanto alguns se punham a degolar os animais, a cozer ou assar a carne (…) outros faziam grandes embrulhos de roupa, de vestuário, de toda a espécie de utensílios (…). Aquilo que não contavam levar era feito em pedaço. Alguns trespassavam com a espada os montes de feno e de palha (…), outros esvaziavam os colchões (…). Escaqueiravam a loiça de cobre e estanho (…). Queimavam as camas, as mesas, as cadeiras e os bancos (…). Os soldados tinham já metido no forno um dos camponeses feitos prisioneiros e queimavam-no embora ele ainda não tivesse confessado nada. (…). O meu pai confessou tudo o que eles queriam saber e revelou onde se encontrava escondido o seu tesouro.” Grimmelhau, “Les aventures de Siplicius Simplicissimus”, in Troux, Lizerand, Moreau, Les Temps Moderns, Dessain, 1959, pp. 176-177 Fonte 9 A morte no centro da vida “Em 1661 [a esperança média de vida] atingiria os 25? Estes números brutais significam que, nesse tempo, tal como o cemitério estava no centro da vila, a morte estava no centro da vida. Em cada 100 crianças nascidas, 25 morriam antes da idade de um ano; 25 outras não atingiam os vinte; outras 25 desapareciam entre os vinte e os quarenta anos. Uma dezena chegava a sexagenário. O octogenário triunfante, rodeado de uma lenda que o transformava em centenário, via-se rodeado do respeito supersticioso que coroa os campeões; desde há muito perdera todos os seus filhos, todos os seus sobrinhos, assim como uma boa parte dos seus netos e sobrinhos- netos. Este sábio será olhado como um oráculo. A morte do herói tornava-se um acontecimento regional.” P.Goubert, “Louis XIV et vingt millions de Français”, in P. Guillaume e J. Poussou, Demographie Historique, Paris, Liv. Armand Colin, 1970, p. 160. 2.5. Com base nas fontes anteriores, redija um comentário sobre a incidência da trilogia negra, no século XVII. Fonte 10 O Antigo Regime: estratificação social e poder absoluto “No Antigo Regime, tal como na Idade Média, a sociedade encontra-se fortemente hierarquizada em ordens ou estados. O poder, a ocupação, a consideração social de cada indivíduo são definidos pelo nascimento e reforçados por um estatuto jurídico diferenciado. A sociedade do Antigo Regime divide-se, então, em três ordens ou estados: o clero, a nobreza e o povo ou Terceiro Estado, multiplicadas por várias subcategorias. O clero, considerado o primeiro estado, é o único que não se adquire pelo nascimento, mas pela tonsura e goza de imunidades e privilégios (isenção fiscal e militar) e beneficia do direito à cobrança do dízimo, desempenhando altos cargos, que lhe conferem grande prestígio e consideração social. A nobreza constitui o segundo estado, sendo uma peça fundamental para o regime monárquico. Como ordem de maior prestígio, organiza-se como um grupo fechado, demarcado pelas condições de nascimento, pelo poder fundiário, pela sua função militar e desempenho dos mais altos cargos administrativos que lhe conferem poder, riqueza, ostentação e grande prestígio. A sua categoria e prestígio social era muito díspar, contudo o seu estatuto legal conferia-lhe um conjunto de privilégios (isenção de pagamentos ao Estado, excepto em caso de guerra, regime jurídico próprio, usufruto de alguns direitos de natureza senhorial). O Terceiro Estado é a ordem não privilegiada, inferior na consideração pública. É a ordem tributária por excelência, de composição muito heterogénea, cujas diferenças residem essencialmente na actividade profissional e modo de vida. Assim, podemos salientar o estrato dos camponeses, o da burguesia (constituído tanto por mercadores como financeiros – banqueiros e cambistas, por letrados – advogados, notários e, por fim, artesãos, trabalhadores assalariados não qualificados, geralmente associados ao trabalho braçal).
  • 6. A sociedade de ordens é sobretudo uma sociedade de símbolos. A distinção faz-se através dos trajes (reservando-se o uso de certos tecidos, de certos adornos como a prata para a nobreza), das formas de saudação e tratamento que se adoptavam e a que tinham direito pela sua condição social (por exemplo, um eclesiástico receberia o tratamento de Sua Eminência, Sua Excelência ou Sua Senhoria, Vossa Mercê ou Dom). A este tratamento correspondia também um conjunto rígido de regras de protocolo, sendo todos os comportamentos previstos. Mesmo a forma como se apresentavam em público, acompanhados de menor ou maior número de criadagem, dependia da sua posição social. A diversidade de estatuto estava plenamente patente no regime jurídico. Normalmente, os nobres estavam isentos das penas consideradas mais vis, como o enforcamento, e eram poupados às humilhações e exposições públicas. Mas esta estrutura multissecular, aparentemente imóvel, não apresenta já a mesma solidez. Enquanto a nobreza e o clero se esforçam por manter os privilégios antigos, no Terceiro Estado acentuam-se as clivagens sociais: uma burguesia endinheirada e culta soube tornar-se imprescindível ao funcionamento do Estado elevando-se, por mérito próprio, à condição superior da nobreza; enquanto isso, a miséria do campesinato aumenta e, com ela, a frequência das revoltas. No topo da hierarquia social, o rei afirma-se como poder único, absoluto e sacralizado. A sua autoridade reforça-se, quer pela pena dos teóricos, quer pela determinação e arrojo político de alguns monarcas. Dentre todos, emerge Luís XIV, paradigma do próprio absolutismo, tal como o seu palácio, Versalhes, se tornará no símbolo da magnificência e do culto da pessoa régia. Época de profundas desigualdades, no Antigo Regime coexistem, como que em mundos paralelos, mentalidades e formas de vida quase antagónicas. São assim o campo e a cidade: aquele, praticamente imóvel, avesso às novidades, normalmente resignado; esta, plena de vitalidade, ousadia e poder reivindicativo.” Célia Couto, Maria Rosas, Tiago Alves, O tempo da História, Porto Editora, vol. II, p.30 Fonte 11 A sociedade de ordens, uma sociedade de privilégios “A sociedade de ordens hierarquizada era uma sociedade de símbolos. Cada ordem dispunha de signos que a distinguia das demais. Os escriturários envergavam trajos eclesiásticos especiais. Leis sumptuárias, muitas vezes renovadas, reservavam à nobreza o uso de certos tecidos, de ouro e de prata, de que eram excluídos os plebeus. (…) De facto, a sociedade de ordens são sociedades de privilégios. (…) No século XVII, quase todas as camadas sociais gozavam de prerrogativas legais, quer fossem corporações, agremiações com (…) interesses públicos ou privados (…), quer fossem indivíduos considerados isoladamente. Na época em causa, era quase sempre por se pertencer a uma agrupamento que se desfrutava de privilégios.” Jean Bérenger, “A Europa de 1492 a 1661”, in História Geral da Europa, vol. II, dir. de Georges Livet e Roland Mousnier, Lisboa, Publicações Europa-América, 1987 Fonte 12 Uma sociedade estratificada “A estratificação social em ordens (…) consiste numa hierarquia de graus distintos uns dos outros e ordenados não segundo a fortuna dos seus membros (…) mas segundo a estima, a honra, a dignidade, ligadas pela sociedade a funções sociais. (…) Cada grupo social vê ser-lhe imposto, pelo consenso da opinião, o seu estatuto social, quer dizer a sua posição, a sua dignidade, as suas honras, os seus direitos, os seus deveres, os seus privilégios, as suas sujeições, os seus símbolos sociais, o seu vestuário, a sua alimentação, os seus brasões, o seu modo de vida, de educação, de gastos, de distracções, as suas funções sociais, as profissões que devem exercer (…), o comportamento que os seus membros devem observar para com os membros de outros grupos nas diversas circunstâncias da vida e o comportamento que têm direito a esperar da parte deles, as pessoas com quem devem relacionar-se e tratar de igual para igual, o seu grupo de existência e os grupos com que não devem manter senão as relações impostas pela respectiva função social.” Roland Mousnier, As Hierarquias Sociais, Lisboa, Pub. Europa-América, 1974, pp. 17-20 2.6. Com base nas fontes 10, 11 e 12, refira a hierarquização social existente durante o Antigo Regime. 2.7. Analise a razão de ser dos privilégios nas sociedades de ordens. (Fonte 11).
  • 7. Fonte 13 Fonte 14 A desigualdade na hierarquização social “O nobre é a aranha, o camponês é a mosca” “Não podemos viver todos na mesma condição. É necessário que uns comandem e outros obedeçam. Os que comandam têm várias categorias ou graus: os soberanos mandam em todos os do seu reino, transmitindo o seu comando aos grandes, os grandes aos pequenos e estes ao povo. E o povo, que obedece a todos eles, está, por sua vez, dividido em várias categorias. Na sociedade, uns dedicam-se ao serviço de Deus, outros a defender o Estado pelas armas, outros a alimentá-lo e a mantê-lo pelo exercício da paz.” Charles Loyseau, “Traité des ordres et simples dignitez”, in Roland Mousnier, As Hierarquias Sociais, Lisboa, Pub. Europa-América, 1974 2.8. Com base na fonte 13, indique os fundamentos teóricos dessa hierarquização. 2.9. Explique o sentido das fontes 13 e 14. Fonte 15 Manifestações da hierarquia social no vestuário “Somente os grandes fidalgos usem trajos dourados ou prateados, e se sirvam de jaezes de igual qualidade. Escudeiros e gente limpa vistam Londres. Gente de ofícios mecânicos, e desta sorte, e outra de baixa mão, parece bem a vossos povos que usem Bristol, e daí para baixo não calcem borzeguins, cervilhas, pantufos, chapins, mas sapatos pretos, e não de cor; as mulheres usem véus de lã, e não de seda; para estes tais é mister fixar o máximo preço do vestuário. Parece também a vossos povos que lavradores, criadores e gente desta sorte, aos dias de trabalho devem vestir burel e fustão, trazer calções e botas; conquanto aos dias santos, quando vierem à cidade ou vila, possam trajar Bristol, e calçar sapatos brancos ou pretos, mas não borzeguins; as mulheres vistam alfardas de linho.” Costa Lobo, “História da Sociedade em Portugal no Século XV, in V. M. Godinho, Estrutura da Antiga Sociedade Portuguesa, Vila da Feira, Ed. Arcádia, 1975, pp. 228-229
  • 8. Fonte 16 Fonte 17 Matrimónio da Moda, de Hogarth (1745) Manifestações da hierarquia social no tratamento “Ao nobre [português] parece não existir nobreza semelhante à sua, pelo que julga que todos os outros lhe ficam muito atrás. Procura, em todas as coisas, fazer como fazem os reis ou príncipes (…). Em casa chama os criados pelo nome dos seus cargos: mordomo, secretário, criado de quarto, moço das cavalariças (…). Só estuda questões de gravidade e etiqueta porque é em coisas como estas e não na virtude que consiste a nobreza. Ponderam a quem devem tratar por tu, por Vós, por Mercê, por Senhoria, por Excelência e por Alteza, porque o título de majestade ainda lá não chegou. (…) Dão tratos à cabeça para pensar a quem devem tirar o chapéu, se meio, se por completo, se baixá- lo até baixo, se conservá-lo alto; se fazer cobrir-se aquele com quem fala ou se deixá-lo de cabeça descoberta, ou se devem cobrir-se eles próprios (…). Estudam, por fim, que todos os seus actos sejam medidos com termos de gravidade mais do que cansativos.” Anónimo italiano de inícios do século XVII, “Retrato e reverso do Reino de Portugal”, in A.H. de Oliveira Marques, Revista Nova História – Século XVI, n.º 1, 1984, Editorial Estampa, pp. 129-130 Fonte 18 Manifestações da hierarquia social na aplicação da justiça “Título XL – Das pessoas que sam escusas d’aver pena de açoutes, ou outras penas viis. E dos casos em que o nom devem ser. (…) Querendo dar certa regra, mandamos que nom sejam executadas as semelhantes penas em os Escudeiros dos Prelados, ou fidalguos, ou d’outras pessoas, posto que Prelados, ou Fidalguos nom sejam, que constumam trazer Escudeiros a cavalo (…), nem em moços da estribeira Nossos, ou de Raynha, ou Príncipe, ou dos Infantes, Duques, Mestres, Marqueses, Prelados, Condes, ou de qualquer do Nosso Conselho, nem em Pages de Fidalguos, que por Fidalguos esteverem assentados em Nossos Livros, nem em Juízes, e Vereadores, e Procurador das Villas, ou Concelhos. (…) E avemos por bem, que em lugar das ditas penas d’açoutes com baraço e pregam sejam condenados em dous annos de degredo, com preguam na Audiência, pera cada hum dos Nossos Luguares d’Alem, e se aalem da pena de açoutes for mais degradado pera a Ilha de Sam Thome, ou Principe, ou outra semelhante Ilha por algum tempo.” Ordenações Manuelinas, Liv. II 2.10. A partir das fontes 15, 16, 17 e 18, enuncie os privilégios do clero e da nobreza. 2.11. Com base nas mesmas fontes, descreva a situação do Terceiro Estado.
  • 9. Fonte 19 Ascensão da burguesia “Se um financeiro falhar o seu objectivo, os nobres da corte dizem: não passa de um burguês, um zé-ninguém, um grosseirão; se tiver sucesso, pedem-lhe a filha em casamento. Enquanto os nobres negligenciam todo o conhecimento, não somente o que diz respeito aos interessados dos príncipes e aos negócios públicos, mas também o que respeita aos próprios interesses; enquanto ignoram a economia e a sabedoria de um pai de família e se vangloriam dessa mesma ignorância; enquanto se deixam empobrecer e enganar pelos intendentes (…) os cidadãos instruem-se sobre o reino e o estrangeiro, estudam o governo, tornam-se sagazes e políticos, sabem o forte e o fraco de todos, sonham em subir de categoria, sobem, educam-se, tornam-se poderosos, aliviam o príncipe de uma parte das suas preocupações. Os grandes que os desdenham, reverenciam-nos. Ficam contentes se eles se tornarem seus genros.” Jean La Bruyère, “Des grands”, in Documents d’Histoire Vivante (século XVII) 2.12. Indique as vias de ascensão social da burguesia referidas na fonte 19. Fonte 20 Preocupação com a mobilidade social “ Mas para quê falar de estados? Hoje eles estão todos misturados, de modo que já não se distinguem uns dos outros e a todo o momento ouvimos dizer: Ele não é mais do que eu. Sou tão rico como ele. O filho de um miserável artesão, cujo pai conseguiu, com sacrifício, algo de seu, muda rapidamente de hábitos, de linguagem, de tom, quase de figura. E, nos actos públicos, dá-se o título de Senhor. (…) O vosso pai lavrara ele mesmo o seu campo, e Vós já quereis ter rendeiros. A vossa mãe trajava de lã e vós quereis seda para a vossa mulher e vossas filhas (…) A fúria de vos elevardes acima da vossa condição apaga em vós o espírito do cristianismo. Só vos vejo orgulho, inveja e ciúme. (…) Em nome de Deus, ficai no vosso lugar. Sede o que os vossos pais foram; vivei como eles viveram e não procureis sair do estado em que a Providência Divina vos fez nascer.” Régis, cura do Gap, A Voz do Pastor, Discurso Para os seus Paroquianos (1773) 2.13. A partir da fonte 20, mostre a preocupação do autor em preservar a ordem social estabelecida. Fonte 21 Fonte 22 As revoltas populares Camponeses, de Louis de Nain (1583-1648) “Senhor (…), de há dois meses para cá os camponeses e aldeãos das castelanias de Barbezieu (…) levantaram-se em armas e, em certa medida, foram dominados pelo cuidado e boa ordem do Senhor Sobrau. (…) Mas (…) sexta-feira última, os habitantes da castelania de Blauzac (…) levantaram-se com cerca de quatro mil homens armados de arcabuzes e lanças (…), apresentaram- se em Blauzac (…) com um clamor de ameaças confusas contra a vida de todos os fiscais, entendendo por esta palavra todos os colectores de Sua Majestade (…). A raiva popular era tão grande que tudo o que procedia do Conselho os irritava. Documento n.º 10, “La Fosse”, 9 de Junho de 1636, in Documents d’Histoire Vivan
  • 10. 2.14. A partir das fontes 21 e 22, identifique os motivos da revolta dos populares. 2.15. Partindo da análise dos documentos, caracterize a sociedade do Antigo Regime, tendo em conta: composição e estatuto das ordens, a hierarquia social e suas expressões nos valores e comportamentos 3. “O fausto dos grandes tinha como reverso, no Antigo Regime, a miséria dos mais humildes”. Depois de leres o texto “Miséria dos Humildes” de Jean Jacquard, redige uma narrativa ou um texto dramático descrevendo a vida de um camponês europeu do século XVII seu quotidiano, o ambiente familiar, a função que desempenhava e sua tua posição na sociedade. 4. Desde o Período Neolítico que as hierarquias sociais regulam as relações entre os homens. No nosso tempo, a lei já não consagra as diferenças de estatuto, mas a posição social de cada um, o respeito que, por ela, se obtém, as fórmulas diferenciadas de tratamento são ainda bem marcadas. Que critérios ditam, hoje, o estatuto social do indivíduo? Como se manifestam as hierarquias na nossa vida quotidiana? Elabora uma análise comparativa entre a sociedade do Antigo Regime e a sociedade actual. 5. Conversa com alguns membros da tua família. Começa por registar os nomes dos de todos os familiares de que se lembram, se possível, recuando até à implantação da República, em 1910, de modo a fazer um século de história familiar. Levanta as seguintes questões: - Quantos filhos tiveram os seus parentes? - Todos sobreviveram até à idade adulta? - Com que idade casaram? - Quais morreram jovens? - Quem nasceu em casa? Quem nasceu em hospitais? - Houve algum caso assinalável de longevidade? - As mulheres da família educavam os filhos? - Guardavam-se recordações da infância e dos familiares falecidos (por exemplo, cabelos, dentes, etc.)? - Alguém morreu numa guerra? 6. Verifica se atingiste os objectivos de aprendizagem. Sim Não Aprofundei - Identifiquei os factores que interferiram no comportamento demográfico das populações europeias nos séculos XVII e XVIII? - Caracterizei as crises demográficas do século XVII? - Identifiquei as condições económicas, sociais e culturais em que vivia a população rural nos séculos XVII e XVIII? - Caracterizei a sociedade do Antigo Regime? - Diferenciei as três ordens, a sua composição e o seu estatuto? - Reconheci, nos comportamentos, os valores da sociedade de ordens? - Identifiquei as vias de mobilidade social? - Analisei as razões e o carácter das amotinações populares?
  • 11.                  
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