1. Geologia 12ºano
Escola Secundária da Trofa
Geologia 12ºano
Resumos da matéria
Pedro Miguel de Sousa Pereira nº13 Tª1203
Pedro Pereira nº13 Tª1203 1
2. Geologia 12ºano
Índice
2º Volume
Cartografia ………………………………………………………………... 3
Magnetismo ……………………..………………………………………... 7
Estrutura e evolução das placas …………………..………………………. 8
Orogenia ……………………………………………..…………………… 9
Deformação e tectónica ……………………………....…………………. 10
Formação de jazidas minerais ……………..……………..……………... 13
Maciço Hespérico ………………………………………..…………….... 14
Orlas Meso-Cenozóicas …………………………………...…………….. 15
1º Volume
Agentes externos de morfogénese Terrestre ………………...……...…... 16
A Terra como fonte de recursos .………………………………......….… 16
Os solos ………………………………………………………………. 16
Hidrogeologia ………………………………………………………… 22
Energia Fóssil ………………………………………………………… 28
Carvão …….………………………………………………………... 28
Petróleo e Gás Natural …………………………………………...… 30
Energia Geotérmica ………………………………………………... 32
Energia Nuclear ……………………………………………………. 33
Jazidas minerais ………………………………………………………. 34
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3. Geologia 12ºano
Apontamentos do 2º Volume
Cartografia
A cartografia tem em vista a aquisição de dados relativos à distribuição espacial (numa
determinada área) de propriedades significativas da superfície terrestre, tais como: o relevo,
os afloramentos geológicos, as redes viárias, etc.
Cartas topográficas
São cartas que representam a topografia de uma dada região. São cartas que não
possuem um fim determinado. Apesar da sua aparente simplicidade, as cartas topográficas são
a base das cartas temáticas.
Nas cartas topográficas consta de:
• Construções humanas (estradas, linhas de alta tensão, gasodutos, casas, igrejas,
barragens, etc.)
• Aspectos naturais (rios, praias, montanhas, lagos, etc.)
• Geografia política (fronteiras e limites)
• Enquadramento geográfico do mapa em relação à longitude e à latitude
• Escala de distâncias horizontais
• Declinação magnética da região
• Data do levantamento topográfico
• Legenda
Cartas temáticas / cartas geológicas
As cartas temáticas são cartas elaboradas tendo em vista um fim específico, isto é,
contêm informação bastante pormenorizada sobre um tema numa dada área cartografada. Em
geociências, as cartas temáticas mais usuais são as cartas geológicas, mas também se utilizam
cartas pedológicas, cartas hidrológicas, cartas geomorfológicas ou ainda cartas mineiras.
Nas cartas geológicas consta de:
• Base topográfica, ainda que ligeiramente esbatida
• Tipo e localização das diferentes unidades geológicas
• Idade das diferentes unidades geológicas
• Tipo e localização do contacto entre as diferentes rochas
• Tipo e localização de dobras e falhas
• Direcção e inclinação das rochas estratificadas
Quer nas cartas topográficas, quer nas cartas geológicas, existem dois elementos de
importância fulcral:
• A legenda, que é a tradução, sob a forma escrita, da simbologia usada sobre a
carta. A legenda é essencial a uma correcta leitura da carta.
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4. Geologia 12ºano
• A escala, que traduz uma relação entre as distâncias na carta e as
correspondentes distâncias medidas sobre o terreno (distâncias reais
horizontais).
As escalas
Existem dois tipos de escalas:
• As escalas gráficas, que são a representação em forma gráfica da relação entre
as distâncias reais e as distâncias na carta.
Exemplo:
Cada centímetro na carta corresponde a 1Km no real.
• As escalas numéricas, em que as relações entre a distância real e a distância na
carta, é-nos dada sob a forma numérica.
Exemplo: 1:25000 1cm medido na carta, corresponde a 250m no real ou 1m no
na carta corresponde a 25Km no real. Nunca se coloca unidades na expressão.
Notas:
Quando se procede a uma ampliação ou redução de uma carta, com uma fotocopiadora
por exemplo, é necessário recalcular a escala se esta for numérica. Se a escala for gráfica, ela
acompanha sempre as reduções ou ampliações, sendo a escala sempre válida.
A distância que é medida nas cartas é a distância horizontal – x.
A distância real é muito difícil de medir / calcular, visto que são todos os pontos da
superfície.
Cartas topográficas 1:25000
Cartas geológicas 1:50000
Curvas de nível
Curvas de nível são linhas traçadas sobre a carta e que unem pontos que se encontram
a igual altitude ou cota. A cota de um ponto, e consequentemente as curvas de nível, são
referenciadas em relação ao nível das águas do mar – nível zero.
Nas cartas, topográficas e geológicas, as curvas de nível representam-se a traço fino e
contínuo.
As curvas de nível mestras são desenhadas com um traço ligeiramente mais grosso do
que o normal e são interrompidas frequentemente para aí se colocar a indicação do seu valor.
As curvas de nível delimitando depressões fechadas são curvas de nível que se
distinguem das anteriores, pois na sua face interna apresentam um ponteado ou traços curtos e
perpendiculares à curva, que apontam para o centro da depressão. Quando se trata de
montanhas, os traços localizam-se na parte exterior da curva, no sentido de indicar as cotas
mais baixas.
A distância vertical, y, é sempre igual entre curvas de nível sucessivas.
A equidistância entre curvas de nível sucessivas é função da escala da carta.
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5. Geologia 12ºano
A proximidade ou afastamento das curvas indicam-nos o declive do relevo. Quanto
mais próximas estão as curvas, maior é o declive do relevo. Ao intersectarem linhas de
água, as curvas de nível curvem sempre para montante, para nascente.
Perfis geológicos e perfis topográficos
Enquanto as cartas são uma representação bidimensional da superfície segundo um
plano horizontal, os perfis são uma representação bidimensional, mas segundo um plano
perpendicular à horizontal, segundo um plano vertical.
Um perfil topográfico representa a topografia ao longo dos vários pontos pertencentes
à direcção segundo a qual se define o perfil.
Construção de um perfil topográfico:
• Definir a direcção segundo a qual se pretende fazer o perfil.
• Assinalar os pontos de intersecção entre a direcção escolhida e as curvas de
nível.
• Construir um gráfico tendo em atenção o comprimento do perfil e a
concordância entre a escala da carta e a escala vertical do gráfico.
• Assinalar com as respectivas letras a direcção do perfil.
• Projectar os pontos de intersecção do gráfico
• Unir os pontos tendo em atenção o prolongamento da linha até aos eixos. Ver
entre que valores a linha termina.
Um perfil geológico é efectuado com base num perfil topográfico e consiste numa
representação bidimensional da geologia (ou diversas formações geológicas) segundo uma
determinada direcção.
Para a construção de um perfil geológico é necessário atender à relação existente entre
as curvas de nível e os diversos contactos das diferentes formações geológicas.
Construção de um perfil geológico:
• Construir o perfil topográfico segundo a direcção escolhida.
• Encontra a intersecção dos contactos com as curvas de nível.
• Traçar as horizontais – rectas que unem as intersecções das curvas de nível com
os contactos geológicos.
• Marcar as projecções das horizontais sobre a direcção do perfil.
• Traçar as projecções sobre o gráfico
• No perfil, as horizontais e os contactos são sempre paralelos
Visualização rápida:
• Contactos paralelos às curvas de nível camadas horizontais
• Traçar as horizontais e ver para que lado as suas cotas diminuem inclinação
da camada.
• Na carta: contactos coincidentes com as horizontais camadas verticais
Direcção dos contactos – ângulo formado pelas horizontais e o Norte (por exemplo).
Exemplo: N37ºE ou N0º ou S47ºW
Inclinação dos contactos – ângulo que o contacto faz com a horizontal (“chão”). É em
relação a um ponto coordenado, que é o oposto ao lado onde se mede o ângulo.
Exemplo: 10ºW
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6. Geologia 12ºano
Possança ou espessura é a distância compreendida entre dois contactos sucessivos. No
caso de camadas horizontais, coincide com a distância vertical entre os limites dos contactos.
Qualquer direcção é caracterizada por ter um ponto de partida e um de chegada. Por
exemplo o sentido de escorrência de um rio: SW NE
Arthur Holmes
Em 1948, A. Holmes expõe a ideia de que as dorsais oceânicas cartografadas por
Maurice Ewing (com a ajuda do SONAR) não eram mais do que registos ou marcas de
corrente ascendentes do manto, consequência de um amplo sistema de correntes de
convecção.
Arthur Holmes SONAR Dorsais como resultado de correntes de convecção
Na década de 50, a recolha de fósseis na base da elevação da dorsal confirmou a
juventude desta estrutura (≈ 130 M.a.).
Harry Hess
A recolha de rochas com serpentina (mineral verde, silicatado e hidratado, que resulta
da interacção da água com rochas de natureza peridotítica – rochas idênticas às presentes no
Manto superior), investigadas em 1962 por H. Hess vieram corroborar a hipótese de A.
Holmes e as suas ideias das correntes de convecção. Assim, as dorsais corresponderiam, na
superfície, às correntes ascendentes do Manto. Por outro lado, se existem correntes
ascendentes também devem existir correntes descendentes no manto, que correspondem à
superfície às zonas de fossa. É a hipótese dos “tapetes rolantes”, que estão em contínua
renovação.
Hess propôs ainda que a dorsal seria uma fenda na crusta terrestre (rifte), por onde
estaria a surgir continuamente lava, que arrefecendo formaria rocha. Assim era explicada:
• A jovialidade das rochas que constituíam a dorsal;
• A génese das rochas que constituem a dorsal, por esforços distensivos;
• A diminuição da espessura dos sedimentos com o aumento da distância à linha de
costa – os sedimentos mais antigos são destruídos, por mergulho no Manto superior,
nas zonas de fossa.
Harry Hess 1962 Recolha de rochas na zona de rifte “Tapetes rolantes”
Robert Dietz
Foi o primeiro a falar em crescimento da Crusta oceânica, na sua Teoria da expansão
dos fundos oceânicos.
Através da análise da reflexão sísmica verificada no fundo dos oceanos, R. Dietz pôde
concluir que a unidade mecânica desse crescimento da crusta oceânica, não era a Crusta
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Robert Dietz Reflexão sísmica Expansão dos fundos oceânicos
7. Geologia 12ºano
oceânica, mas sim a Litosfera (Crusta + Manto litosférico). Por outro lado, segundo ele, as
células de convecção não se verificavam no Manto em geral, mas apenas na Astenosfera.
Magnetismo
O campo magnético terrestre é tridimensional e é definido num determinado ponto da
superfície pela intensidade do campo e pela sua direcção.
Inclinação magnética – é o ângulo formado entre a direcção das linhas de força e a
horizontal, medido segundo um plano vertical.
Declinação magnética – é o ângulo formado entre a direcção das linhas de força e a
direcção de um meridiano, medido segundo um plano horizontal. O Norte magnético não
coincide com o Norte geográfico.
Paleomagnetismo é o magnetismo fóssil evidenciado por certas rochas que podem
registar e manter as características do campo magnético terrestre no momento da sua
formação.
Magnetização
A lava emitida pelos vulcões é uma mistura de óxidos silicatados, contendo também
ferro na sua composição química. Com o arrefecimento da lava, inicia-se a cristalização
seguida de solidificação, que só termina por volta dos 900ºC. No entanto a agitação dos
minerais ainda é elevada não permitindo o arranjo da magnetite. Só a partir dos 500ºC a
agitação é reduzida, o que permite um arranjo dos átomos. Os pequenos minerais adquirem
polaridade e dispõem-se em linhas paralelas às linhas de força magnética. Estas rochas
registam o magnetismo que presidiu à sua formação. Se estas não forem reaquecidas, a
magnetização é permanente e estável.
Anomalias magnéticas
O valor da intensidade magnética de um determinado lugar pode ser maior ou menor
relativamente ao valor médio regional, verificando-se anomalias, que podem ser anomalias
positivas ou anomalias negativas. Uma anomalia magnética num ponto é igual à intensidade
magnética do campo nesse ponto, relativamente à intensidade média regional.
Polaridade
Com o decorrer dos tempos geológicos, o campo magnético terrestre foi submetido a
inversões completas. Denomina-se polaridade normal a polaridade verificada actualmente
(Norte geográfico ≈ Norte magnético) e polaridade inversa a polaridade contrária à
verificada actualmente (Norte geográfico ≈ Sul magnético).
As anomalias magnéticas são geralmente provocadas pela sobreposição de estratos que
evidenciam polaridades antagónicas.
Os sedimentos marinhos constituem um registo mais completo das inversões de
polaridade do campo magnético terrestre, na medida em que a sedimentação é um processo
geológico ininterrupto, enquanto que os acontecimentos vulcânicos são intermitentes e a
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8. Geologia 12ºano
possibilidade de coincidência de ocorrência da inversão do campo magnético com o momento
de formação das rochas é pequena.
Nos finais dos anos 50, haviam sidos estudados alguns levantamentos, relativamente à
Dorsal Média Atlântica e no Oceano Pacífico, que revelaram um padrão característico de
anomalias magnéticas associadas às cristas das dorsais oceânicas.
F. J. Vine e D. H. Matthews
Em 1963, Vine e Matthews interpretaram as anomalias magnéticas como sendo uma
consequência da magnetização normal e inversa em banda de rocha. A existência de faixas
magnetizadas da crusta com anomalias positivas e negativas são uma consequência da
inversão de polaridade do campo magnético terrestre.
As anomalias são como assinaturas do campo magnético terrestre. Apresentam-se nos
mapas segundo linhas paralelas e simétricas em relação ao centro emissor de lavas (rifte). A
lava ao arrefecer “regista” a polaridade do campo magnético que presidiu à sua formação.
Assim as rochas magnetizadas evidenciam faixas/ bandas de anomalias, consequência da
inversão de polaridade do campo magnético terrestre.
Vine e Matthews Paleomagnetismo Anomalias magnéticas como resultado das
inversões de polaridade
O paleomagnetismo apoia Wegener
O paleomagnetismo veio comprovar que a formação de crosta oceânica ocorre
simultaneamente para ambos os lados do rifte, isto porque o paleomagnetismo se manifesta
segundo bandas paralelas e simétricas, com determinada polaridade, a partir do rifte. Assim
fica comprovado que cada banda simétrica foi outrora a zona de rifte, comprovando a
movimentação dos continentes, como postulava Wegener na sua Teoria da Deriva dos
Continentes.
Teoria da Deriva Continental Vs Teoria da tectónica de placas
A teoria da Tectónica de placas tem como base o conceito de litosfera, dividida em
placas que deslizam umas em relação às outras sobre a Astenosfera.
Por sua vez, a Teoria da Deriva dos Continentes defende que, a partir de um super
continente, a Pangea, ter-se-á verificado uma fracturação e o afastamento dos continentes
resultantes, até à posição que ocupam actualmente. Embora esta teoria não consiga explicar o
seu movimento.
Estrutura e evolução das Placas
O movimento dos fundos oceânicos, proposto pela teoria da expansão e do “tapete
rolante”, foi explicado por Morgan recorrendo ao modelo de uma laranja e a conceitos de
geometria esférica. Assim, uma placa rígida deslocar-se-ia relativamente a uma outra segundo
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9. Geologia 12ºano
um eixo de rotação euleriano. Pichon aplicando as ideias de Morgan, propôs para o globo
terrestre 13 placas.
As placas rígidas têm uma espessura entre 70 e 100Km, correspondendo à litosfera.
Limites construtivos: dorsais ou riftes
Limites destrutivos: zonas de subducção ou zonas de Beniof
Limites conservativos: falhas transformantes
A idade dos sedimentos, em contacto com o Basalto, aumenta à medida que aumenta
a distância à dorsal.
A espessura dos sedimentos aumenta com a distância à dorsal.
Os sismos ocorrem predominantemente sobre as dorsais oceânicas, sobre as falhas
transformantes e sobre as zonas de subducção. Nas dorsais e nas falhas transformantes os
sismos são considerados superficiais (até 100Km de profundidade), enquanto que nas zonas
de subducção os sismos são considerados profundos. Nas zonas de subducção, os sismos são
considerados profundos, visto resultarem do afundimento da superfície Terrestre fria num
Manto muito quente e que se verifica a grande profundidade (de 100Km a 700Km de
profundidade).
Com recurso ao conhecimento das velocidades das ondas sísmicas P, relativamente aos
materiais atravessados, conclui-se que existem na litosfera oceânica basaltos e peridotitos.
A investigação das dorsais permitiu descobrir estruturas litológicas constituídas (a partir
da superfície) por: radiolaritos, basaltos em almofada, basaltos filonianos verticais, gabros e
peridotitos alterados em serpentina. Esta litologia caracteriza os maciços ofiolíticos, que são
estruturas muito deformadas, fracturadas e alteradas. Os ofiolitos são a estrutura típica do
fundo dos oceanos, no entanto, também podem ser encontrados em ambientes continentais,
nos enormes mantos de carreamento.
Pontos Quentes ou Hot Spots
Um ponto quente é um local onde há ascensão de magma até à superfície e que não se
localiza associado a limites de placas. Os pontos quentes situam-se entre a Litosfera e a
Astenosfera, na vertical de uma pluma térmica e são imóveis. Como as placas litosféricas
possuem movimento, podem surgir cadeias de ilhas todas alinhadas.
A idade das rochas das ilhas (formadas a partir dos pontos quentes) é muito inferior à
idade das rochas dos fundos oceânicos que rodeiam a ilha.
Orogenia
Teoria do geossinclinal
Ver síntese da página 149 e ler as páginas 92-96.
Cratões – são os blocos da litosfera continental (SiAl). Caracterizam-se pela sua rigidez
e grande estabilidade demonstrada ao longo dos tempos geológicos. Os Cratões representam
os núcleos continentais da Sibéria, Indostão, Austrália, etc. que se mantiveram firmes depois
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10. Geologia 12ºano
da sua consolidação em tempos remotos. É entre os Cratões que se vêm a situar os
geossinclinais.
Flysch – são sedimentos que estão presentes no desenvolvimento da orogenia, ou seja,
são contemporâneos da formação das montanhas. Estes sedimentos, também designados por
sin-orogénicos, são constituídos por arenitos e argilas e são depositados em ambientes
marinhos.
Molasso – em momentos mais tardios ou finais da edificação de montanhas e, após ter
havido deformação da crusta, surgem sedimentos pós-orogénicos ou molassos. Ou seja, os
molassos são resultantes dos processos erosivos verificados nas montanhas recém formadas.
Os molassos são depositados em bacias sedimentares / depressões continentais. Estes
sedimentos são constituídos por margas e arenitos.
No entanto, ocorrem outros tipos de sedimentos litológicos:
Grauvaques – fragmentos detríticos com granulometria heterogénea, envolvidos numa
matriz argilosa.
Grés vermelhos antigos – depósitos característicos pela sua cor e são constituídos por
arenitos grosseiros, conglomerados de origem continental, por vezes, com andesitos
intercalados. São e natureza pós-orogénica.
Deformação e Tectónica
Desde a sua formação as rochas são mais ou menos submetidas a forças mecânicas
exteriores, que actuam na litosfera provocando-lhes alterações de volume / forma ou de
superfície - deformação. O fenómeno de divisão dos corpos sólidos por uma fissura chama-se
desagregação.
A deformação considera-se homogénea, se as variações de forma e de volume se
mantêm, independentemente da direcção observada. Isto é, a deformação é homogénea se
apenas for possível traçar 1 único vector que representa a deformação.
A deformação é condicionada por factores tais como:
• A pressão confinante ou litostática, que corresponde à pressão exercida pelo
peso de uma coluna de rocha de secção unitária. É uma pressão que se exerce
em todas as direcções, provocando nas rochas uma diminuição de volume e um
aumento de densidade. O tempo geológico influencia a velocidade de
deformação e a viscosidade.
• A presença de voláteis e soluções altera o comportamento das rochas se
submetidas a acção química ou a esforços físicos. A pressão a nível dos poros
diminui a resistência das rochas. Normalmente, a resistência das rochas aumenta
com a profundidade, pela presença da pressão confinante. No entanto, a pressão
nos poros contraria e diminui a pressão confinante.
• A anisotropia é um factor que interfere de um modo importante na deformação.
As rochas são heterogéneas e apresentam diferentes comportamentos, conforme
a direcção considerada.
Deformações contínuas e descontínuas
Uma deformação diz-se descontínua se nela ocorrem fissuras ou falhas. Exemplo:
deformação por cisalhamento.
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Caso a deformação ocorra sem fracturas ou fissuras, a deformação diz-se contínua.
Exemplo: deformações por achatamento, por fluência ou por flexão.
Comportamento das rochas
Uma rocha apresenta comportamento elástico se se deforma proporcionalmente ao
esforço que lhe é aplicado. Quando esse esforço cessa, a rocha regressa a sua forma inicial.
No entanto, se a força continuar a actuar sobre a rocha, a deformação ultrapassa o limite
elástico, passando para o domínio do plástico. A deformação plástica é irreversível.
Deformação por cisalhamento
O cisalhamento surge em regiões submetidas a intensa deformação, em presença de
pressão e temperatura baixas.
Características das falhas:
• Rejeito horizontal, segundo a direcção da falha – x.
• Rejeito horizontal, perpendicular à direcção da falha – y.
• Rejeito vertical – z.
• Plano de falha
• Muro – zona do bloco falhado, em contacto com o plano de falha, no qual
podemos “colocar os pés”.
• Tecto – zona do bloco falhado, em contacto com o plano de falha, no qual não
podemos “colocar os pés”
Tipos de falhas:
• Falhas normais ou distensivas – falha na qual não se manifesta o rejeito
horizontal, segundo a direcção da falha. O tecto desce em relação ao muro / o
muro sobe em relação ao tecto. A projecção da área dos blocos falhados
aumenta.
• Falhas inversas ou compressivas – falha na qual não se manifesta o rejeito
horizontal, segundo a direcção da falha. O tecto sobe em relação ao muro / o
muro desce em relação ao tecto. A projecção da área dos blocos falhados
diminui.
• Falhas verticais – apenas há rejeito vertical. A projecção da área dos blocos
falhados não se altera.
• Desligamentos – não se verifica rejeito vertical. Ocorre um desligamento, uma
fenda entre os blocos falhados. Este espaço compreendido entre os blocos
falhados pode ser posteriormente preenchido por rochas: brechas de falha.
Deformação por flexão
A flexão é um mecanismo de deformação que se expressa geometricamente por
dobramento das rochas que evidenciam um comportamento plástico. Na flexão, os estratos
são sujeitos a ondulações mais ou menos acentuadas e designadas por dobras.
Numa dobra, existe uma estrutura elementar com forma côncava, designada sinclinal, e
uma estrutura em forma convexa, designada anticlinal. Tanto os anticlinais como os
sinclinais podem apresentar-se isolados, ainda que, muitas vezes, se encontrem associados.
Constituição de um anticlinal / sinclinal:
• Charneira – local, à superfície, onde se verifica a inflexão das dobras.
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12. Geologia 12ºano
• Flancos da dobra – os dois lados do anticlinal / sinclinal que se encontram
adjacentes ao plano axial.
• Plano axial – plano de simetria do anticlinal / sinclinal.
• Eixo do anticlinal / sinclinal – rectas do plano axial, que são paralelas à
charneira.
Identificação de uma estrutura anticlinal: as rochas mais antigas encontram-se no
centro da região axial e as rochas mais modernas nos flancos com inclinações divergentes.
Identificação de uma estrutura sinclinal: as rochas mais modernas encontram-se no
eixo da dobra e as rochas mais antigas nos flancos com inclinações convergentes.
Caracterização das dobras, quanto à:
• Simetria: uma dobra é: ortorrômbica se existirem 2 planos de simetria;
monoclínica se apresentar 1 plano de simetria; triclínica se não apresentar
qualquer plano de simetria.
• Estilo é o aspecto da dobra vista de perfil. Se a dobra apresenta uma espessura
constante, é uma dobra isopaca. Se a espessura variar, a dobra designa-se
dobra anisopaca.
• Parecença com sólidos geométricos. As dobras podem ser cilíndricas (tipo
dobras ortorrômbicas ou monoclínicas) ou cónicas (tipo dobras triclínicas).
• Direcção – é apresentada sob a notação do ângulo formado entre a direcção dos
contactos (ou as horizontais, na cartografia) e um ponto cardeal, partindo de
outro ponto cardeal. Ex. N 60º W.
• Inclinação – é o ângulo que o contacto faz com um plano horizontal, em relação
a um ponto cardeal, que é o oposto ao lado em que é medido o ângulo, ou seja, o
ponto cardeal para onde escorre a vertente. Ex. 25ºE.
Deformação por achatamento
O achatamento é o mecanismo de deformação em que as rochas apresentam um
comportamento dúctil, ocorrendo sob temperaturas mais elevadas que o cisalhamento. As
dobras submetidas a este mecanismo de deformação apresentam achatamento mais ou menos
uniforme e charneiras espessadas relativamente aos flancos – dobras anisopacas. Surgem nas
rochas planos de clivagem e xistosidade, cuja orientação é perpendicular ao esforço principal
da deformação.
Deformação por fluência
A fluência é um mecanismo de deformação no qual as rochas apresentam um
comportamento viscoso. No domínio da fluência, as pressões variam entre baixas e altas, mas
a temperatura é sempre muito elevada, pelo que se encontram muito próximas do ponto de
fusão do granito, etc. A geometria observada nas estruturas rochosas é muito variada e de
natureza fluidal.
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13. Geologia 12ºano
Graben ou fossas tectónicas – depressões formadas por abatimento do bloco central. É
caracterizado por uma série de falhas paralelas, em que o tecto desce em relação ao muro
(falhas normais), resultantes de esforços distensivos.
Horst – elevações formadas por elevação do bloco central. É caracterizado por uma
série de falhas paralelas, em que o tecto sobe em relação ao muro (falhas inversas), resultantes
de esforços compressivos.
Obducção – fenómeno que pode ocorrer, quando existem zonas de colisão oceano-
oceano. A obducção ocorre quando a litosfera oceânica cavalga a litosfera continental, pondo
a descoberto a estrutura ofiolítica que constitui a litosfera oceânica.
Inicialmente existem duas placas litosféricas: pelo menos uma é constituída por litosfera
continental e por litosfera oceânica; e a outra é constituída por litosfera oceânica. As litosferas
oceânicas entram em colisão, fazendo com que a placa mais densa mergulhe por baixo da
outra placa. Se a placa que mergulha for a placa que possui litosfera continental, então muito
provavelmente ocorrerá obducção. Quando toda a litosfera oceânica mergulhar, a litosfera
oceânica da segunda placa colidirá com a litosfera continental, mergulhando esta ainda um
pouco visto ser puxada pela parte de litosfera oceânica que mergulha. Ocorrem esforços
tangenciais e dobras e posterior cavalgamento.
Prisma de acreção – porção de sedimentos acumulados na zona de fossa. A litosfera
mergulhante exerce esforços tangenciais no prisma de acreção, dobrando-o.
Formação de jazidas minerais
Formação de jazidas minerais, associado a zonas de subducção
Segundo a Teoria da Tectónica de Placas, os sedimentos de origem continental
acumulados nas zonas de fossa, sofrem esforços compressivos, pelo que mergulham,
juntamente com a crusta oceânica, no manto externo. Assim, as altas pressões são favoráveis a
metamorfismos, ocorrendo diferenciação dos materiais (visto que cada material tem o seu
ponto de fusão característico), principalmente os metais.
Formação de jazidas minerais, associado a fontes hidrotermais
Quer junto das zonas de rifte, quer junto de pontos quentes, ocorre magmatismo. No
fundo dos oceanos existem inúmeras fendas, por onde circula água. Através do magmatismo
as águas podem ser aquecidas a grandes profundidades e temperaturas, o que aumenta o seu
poder dissolvente, fazendo com que esta arraste com sigo, até à superfície, grandes
quantidades de minerais dissolvidos. A água ao arrefecer faz precipitar esses minerais,
acumulando-os.
Nódulos polimetálicos
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14. Geologia 12ºano
São estruturas semelhantes a pérolas / nódulos, que “pavimentam” o fundo dos oceanos.
São essencialmente ricos em manganésio e outros metais como o níquel, o cobre e o cobalto,
daqui o seu potencial económico.
O seu processo de formação é semelhante ao das pérolas: a partir de uma partícula
central (um grão de areia, p.e.), formam-se camadas concêntricas com crescimento muito
lento.
Os nódulos polimetálicos dos fundos marinhos formam-se em regiões afastadas das
dorsais ou de cristas vulcânicas. Estes nódulos mantêm-se à superfície e não enterrados.
Maciço Hespérico ou Soco Hercínico
Região emersa desde o Paleozóico, pelo que, até aos nossos tempos sofreu uma
contínua erosão. Consiste no troço ibérico da grande cadeia Hercínica da Europa. Este maciço
apresenta-se deformado por falhas – elevações do tipo “Horst” (Lousã – Estrela).
Unidades paleogeográficas, pertencentes ao Maciço Hespérico:
• Zona Cantábrica (Espanha);
• Zona Astúrico-Leonesa (Espanha);
• Zona Galaico-Transmontana;
• Zona Centro-Ibérica;
• Zona de Ossa-Morena;
• Zona Sul-Portuguesa.
Zona Galaico-Transmontana:
o Granitos e outras rochas plutónicas (-280 M.a.);
o As formações Pré-Câmbricas apresentam metamorfismo de grau elevado;
o A orogenia Hercínica conduziu a metamorfismo de grau médio / baixo.
Zona Centro-Ibérica:
o Cavalgada a Norte pela formação Galaico-Transmontana e a Sul pela zona de
Ossa-Morena;
o Complexo xisto-grauváquico de idade Pré-Câmbrica, do tipo “Flish”;
o Ordovícico transgressivo e discordante, ou seja, no Ordovícico ocorreu uma
transgressão, que levou à sedimentação (que provocou a discordância);
o Xistos muito fossilíferos;
o O Carbónico é continental (pela existência de depósitos de carvão) – bacia
Dúrico-Beirã.
Zona de Ossa-Morena:
o Materiais Pré-Câmbricos são constituídos por rochas gnaisso-magmáticas,
rochas metamórficas e série negra “flishóide”;
Pedro Pereira nº13 Tª1203
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15. Geologia 12ºano
o Os terrenos do Câmbrico e do Ordovícico apresentam materiais vulcânicos e
plutónicos;
Zona Sul-Portuguesa:
o Séries rítmicas areno-pelíticas “flishóides” (xistos e grauvaques);
o Séries vulcano-sedimentares (jazigos de pirite) – faixa piritosa;
o Metamorfismo de baixo grau;
o Devónico e Carbónico de fácies marinha.
Orlas Meso-cenozóicas
As Orlas são: a Orla Meso-cenozóica Ocidental ou Lusitana, a Orla Meso-cenozóica
Meridional ou Algarvia e a Bacia Cenozóica do Tejo e do Sado.
Estas orlas são contemporâneas da abertura e evolução do Atlântico Norte e do início do
ciclo orogénico Alpino.
Ocorre a deposição nos bordos W e S do Soco Hercínico.
Orla Meso-cenozóica Ocidental ou Lusitana
Triásico Superior: série continental detrítica; série lagunar; série calcária fossilífera
com Amonites - ambiente marinho. Transgressão
Jurássico Superior: regressão (depósitos de fácies marinho cada vez menos profundo);
fácies continental (conglomerados, arenitos e argilas).
Cretácico Superior: transgressão (complexo vulcânico Lisboa – Nazaré).
Miocénico: marinho; transgressões e regressões; depósitos fossilíferos.
Bacia Cenozóica do Tejo e Sado (também é dito que está incluída nos terrenos da Orla
Ocidental ou Lusitana)
Terciário: afundamento da região entre falhas; enchimento por materiais das zonas
periféricas; subsidência contínua.
Miocénico: continental (fossilífero – zonas lagunares); algumas acções transgressivas
do mar.
Pliocénico: fácies continental; sedimentação fluvial detrítica.
Quaternário: terraços fluviais (Tejo e Sado).
Orla Meso-cenozóica Meridional ou Algarvia
Ocorrem várias transgressões e regressões, comprovado pela alternância das origens dos
sedimentos: ora continentais, ora marinhos.
Pedro Pereira nº13 Tª1203
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16. Geologia 12ºano
Triásico Superior: grés de Silves (série continental).
Cretácico: Calcários do Cretácico.
Miocénico: marinho; faixa litoral.
Pliocénico: fácies continental.
Quaternário: fácies litoral (depósitos de praia levantada).
Vulcanismo contemporâneo do complexo vulcânico Lisboa-Nazaré.
Apontamentos do 1º Volume
Agentes externos de morfogénese Terrestre
Ver páginas 14 até 90.
A Terra como fonte de recursos
Todas as fontes de energia são renováveis, no entanto umas renovam-se mais
rapidamente que outras.
Assim, as fontes de energia renováveis são aquelas que se renovam no intervalo de
tempo que corresponde à esperança média de vida humana. As fontes de energia não
renováveis são aquelas que se renovam num intervalo de tempo que excede a esperança
média de vida humana.
Os Solos
Na perspectiva do geólogo, o solo é uma formação geológica móvel e superficial da
crusta terrestre, que se origina por alteração física (mecânica), química e biológica.
Na perspectiva do pedólogo, o solo é uma formação superficial da crusta terrestre, que
inclui os seres vivos que nele vivem. O solo tem dinâmica própria e é susceptível de evolução.
Apresenta uma organização estrutural e textual que identifica a sua génese.
Na perspectiva do engenheiro civil, o solo é toda e qualquer acumulação de material
não consolidado, localizado à superfície da Terra.
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17. Geologia 12ºano
Discussão da Declaração de Princípios sobre o Solo Português
1. O Solo é um dos bens mais preciosos do património nacional.
É do solo que, directa ou indirectamente, provêm os nossos alimentos. Os tubérculos ou
os cereais de que nos alimentamos são produzidos na terra. Os animais que comemos como as
vacas, os porcos, os coelhos, as galinhas, etc. também se alimentam de plantas provenientes
do solo. O solo é o suporte de toda a nossa alimentação.
O solo é um bem de todos os portugueses. Se os nossos solos se tornarem pobres isso
fará com que a nossa nação se torne dependente de outras nações (visto ser necessária a
importação de alimentos), aumentando as nossas despesas com o estrangeiro.
2. O solo é um recurso natural limitado, facilmente degradável e perecível.
O solo é um recurso limitado pois o seu período de formação é muito longo. O solo
também é facilmente degradável na medida em que os minerais que o constituem se podem
esgotar facilmente. Assim, o solo pode ser considerado uma fonte energética não renovável
visto que o seu período de renovação é muito longo. No entanto, pela acção do homem a sua
regeneração pode ser acelerada, se este lhe suprir os minerais que lhes estão em falta, pelo que
neste ponto de vista o solo é uma fonte de energia renovável.
3. A política de ocupação deve ser gizada em função das propriedades do solo, da
ecologia e das necessidades permanentes da nação.
As culturas devem ser efectuadas em função das características do solo, da sua boa
preservação (já que é um bem facilmente perecível) e das necessidades das populações.
4. A qualidade do solo deve ser preservada e, sempre que possível, restaurada ou
melhorada.
A qualidade do solo deve ser sempre preservada. É dele que depende a nossa
sobrevivência e a nossa autonomia para com os outros países estrangeiros. Devem ser
repostos, sempre que necessário, os minerais em falta no solo, de modo a restaurar ou
melhorar as qualidades do solo.
5. O solo deve ser protegido contra a erosão e contra as inundações. Cabe à
conservação do solo lugar de relevo no planeamento das actividades nacionais.
O solo é a base do nosso sustento, é dele que depende a nossa alimentação, por isso ele
ser protegido contra todos os efeitos erosivos, como os causados pelo excesso de água. Assim,
todas as linhas de água devem ser limpas periodicamente para se evitarem inundações
desnecessárias, que podem destruir grandes sementeiras e/ou provocar a degradação do solo,
causando avultados prejuízos.
No entanto, as cheias periódicas são benéficas para as terras situadas nas margens dos
rios. Elas repõem os minerais em falta no solo, aumentando o seu potencial.
6. O solo deve ser protegido contra a poluição.
O solo é a base do nosso sustento, os nossos alimentos dependem dele para se
multiplicarem. Por isso, devemos proteger o solo da poluição de modo que os alimentos que
de lá iremos colher estejam puros e próprios para os comermos.
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18. Geologia 12ºano
7. Os solos mais férteis e produtivos devem ser reservados para a agricultura,
mediante a promulgação de leis que impeçam a usurpação dos mesmos para
outras actividades.
O solo é um bem perecível, ou seja, quanto maiores forem os estragos nele provocado,
maior será o intervalo de tempo necessário para ele se regenerar. No entanto, este intervalo de
tempo é sempre muito longo, pelo que o solo se revela ser um recurso energético não
renovável.
Assim, os poucos solos férteis devem ser reservados estritamente para a agricultura. É
desta actividade que depende a nossa sobrevivência.
8. Nos projectos de engenharia civil, devem-se prever as repercussões
desfavoráveis das grandes obras no solo e as verbas necessárias para a
protecção e restauração daquele.
Antes de se proceder a quaisquer obras de engenharia é necessário proceder a um estudo
de impacte ambiental, de modo a estudar os efeitos adversos para os solos que poderão daí
advir, com vista a minimiza-los. É do solo que provêm os nossos alimentos e por isso cabe-
nos a tarefa de o preservar, pois só assim a nossa espécie sobreviverá.
9. Deve ser incrementada a inventariação do solo e assegurada a vigilância contínua
deste recurso.
É necessário proceder a uma inventariação pormenorizada dos solos, pois só assim se
poderá prever qual ou quais solos são mais propícios para uma dada cultura. A inventariação
dos solos permite também registar e delimitar as várias zonas/ tipos de solo, sendo assim
possível determinar se alguém está a infringir as zonas restritas para determinada actividade.
Assim a vigilância só se torna possível se existirem zonas catalogadas para determinada
actividade.
É essencial a vigilância do solo, na medida em que este é o suporte da nossa
alimentação. O solo deve ser protegido da poluição, das inundações esporádicas e da sua
utilização desenfreada.
10. A investigação científica, a colaboração interdisciplinar e a extensão agrária
devem ser estimuladas e fortalecidas, com o fim de racionalizar a utilização do
solo e, sem o degradar, aumentar o produto agrícola.
O solo é o suporte da nossa alimentação, pelo que sem ele não sobreviveríamos. Assim,
a investigação científica e as actividades agrícolas devem ser estimuladas, de modo a que as
actividades agrícolas desenvolvam e evoluam, podendo acompanhar as crescentes
necessidades de alimentos que se vive hoje em dia.
11. A conservação do património deve ser incluída nos programas se ensino
primário, secundário e superior e constituir preocupação constante dos cidadãos.
É fundamental que toda a população tome consciência da necessidade e da importância
que o solo tem para todos nós. É dele que depende a nossa sobrevivência (visto ser este o
suporte de toda a nossa alimentação) e até a nossa independência enquanto nação – cada país
deve ser auto-suficiente.
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19. Geologia 12ºano
Assim, é de importância fulcral que essa consciencialização seja incutida em cada um,
desde pequenos.
12. O Estado a as autarquias locais devem planear e gerir racionalmente os recursos
de solos a bem do povo português.
Os solos são o suporte de toda a nossa alimentação, pelo que devem ser protegidos,
conservados e até mesmo melhorados. Assim, qualquer cidadão que desrespeite este princípio
deve ser punido. Cabe essa tarefa ás autoridades locais e nacionais fazer valer a ordem e a
justiça, visto que foi para isso que foram eleitos – para zelar pelos interesse de todos os
portugueses.
Horizontes do solo
Um solo encontra-se organizado em camadas de contornos mais ou menos irregulares e
paralelos à superfície do terreno, camadas essas designadas por horizontes de solo.
Num solo podem ser identificados 2 tipos de horizontes: os horizontes orgânicos e os
horizontes minerais. A partir da superfície é possível distinguir os seguintes horizontes:
1- Horizontes Orgânicos:
1.1- Horizonte O: comum em regiões florestadas com solos ácidos, com resíduos
vegetais visíveis e pouco decompostos.
2- Horizontes Minerais:
2.1- Horizonte A: horizonte com grande actividade biológica, sujeito às variações de
clima, onde se acumula grande quantidade de matéria orgânica, por lixiviação.
2.2- Horizonte E: horizonte mineral
caracterizado pela remoção realizada pelas
águas de lixiviação de materiais, como
húmus, argilas, óxidos de ferro e alumínio.
É também designado por horizonte eluvial
ou de lixiviação.
2.3- Horizonte B: constituído por solo
mineral, onde se acumulam compostos
inorgânicos resultantes da mineralização,
arrastados a partir do horizonte E,
misturados com o material originário
meteorizado. Tem, geralmente, cor
vermelha. Os horizontes O, A, E e B
constituem o solo verdadeiro.
2.4- Horizonte C: horizonte onde a rocha-
mãe se encontra desagregada, mas não
atingida pelos processos de pedogénese
Fig.1 - Pedon e a indicação dos
que ocorrem nos horizontes superiores.
horizontes A, B e C.
2.5- Horizonte R: Rocha-mãe.
A evolução de um solo é caracterizada pelo aparecimento sequencial dos seguintes
horizontes:
R R e C R, C, A, (O) R, C, B, A, (O) R, C, B, (E), A, (O)
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20. Geologia 12ºano
Estrutura e Textura do solo
A estrutura de um solo é caracterizada pelo modo como se organizam as partículas
(agregadas ou simples), pelas suas dimensões, natureza do material, forma e distribuição de
vazios entre essas partículas, ou seja, a porosidade.
A estrutura pode modificar e influenciar a textura, determinar a aerificação e a
capacidade de retenção (a impermeabilidade varia na razão inversa da porosidade) e
consequentemente, condicionar a fertilidade e a produtividade do solo.
A textura de um solo é caracterizada pelas dimensões das partículas presentes e pelas
suas proporções relativas. Geralmente na textura apenas se estudam as proporções de argila
(menor que 0.002mm de diâmetro), limo ou silte (entre 0.002mm e 0.02mm de diâmetro) e
areia (entre 0.02mm e 0.2mm de diâmetro). Este parâmetro, usualmente, é determinado por
análise mecânica, para estabelecer as classes de textura que permitem a classificação dos solos
a partir de diagramas triangulares (Fig.2).
A textura fornece esclarecimentos sobre as principais propriedades dos solos,
nomeadamente, a relação ar/água, a plasticidade, a porosidade, a fertilidade e a produtividade
do solo.
Fig.2- Diagrama triangular, para análise da textura de um solo.
A análise mecânica da textura é realizada a partir de crivagens ou determinando a
velocidade de sedimentação, etc. A análise manual tem como base a medição empírica de
algumas características do solo, como o grau de tenacidade (resistência à ruptura quando
seco: branda dura), o grau de friabilidade (resistência à ruptura quando húmido: friável
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21. Geologia 12ºano
firme), o grau de adesividade (consistência do material quando molhado: não pegajoso
muito pegajoso) ou o grau de plasticidade (consistência e resistência à moldagem: não
plástico muito plástico), pelo que se trata de um método pouco rigoroso e susceptível de
erros, visto ser uma análise pessoal. No entanto, é possível caracterizar os principais materiais
pelo tacto:
• A areia é áspera ao tacto e, quando humedecida, não é plástica, nem pegajosa,
nem moldável;
• O limo é extremamente macio ao tacto, sedoso e quando humedecido é plástico,
moldável mas não é pegajoso;
• A argila, quando humedecida, é macia, muito plástica, muito moldável e mais ou
menos pegajosa; quando seca é muito dura.
Tipos de solos
Os tipos de solo são função do clima e da vegetação nele existente.
Pedalfer (Pedon + Alumínio + Ferro)
• Climas temperados e húmidos
• Vegetação abundante (coníferas)
• Humificação lenta (decompositores com actividade pouco intensa)
• Transporte de substâncias da superfície para o interior (principalmente para o
horizonte B)
• Compostos húmicos solúveis argilas complexos alumino-ferroginosos
• Os materiais solúveis são lixiviados e arrastados pelas águas subterrâneas
(ausência de CaCO3)
• Óxidos de Ferro e argilas menos solúveis acumulam-se no horizonte B, daí a sua
coloração castanha ou castanho-avermelhada)
Laterites
• Climas tropicais quentes e húmidos
• Meteorização interna
• Solos vermelhos compostos, quase inteiramente, por óxidos de Ferro e Alumínio
(últimas substâncias da rocha meteorizada a solubilizarem-se)
• Hematite (minério de Ferro)
• Bauxite (minério de Alumínio)
• Intensa actividade bacteriana húmus praticamente inexistente solos muito
pobres do ponto de vista agrícola
Pedocal (Pedon + Calcário)
• Climas temperados e secos (estepes que rodeiam os desertos)
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22. Geologia 12ºano
• Precipitação de substâncias devido à evaporação da água que ascende por
capilaridade
• Ricos em Cálcio (resultado dos minerais solúveis em CaCO3)
• “Crusta calcária” nos horizontes E e C
• Caliche – depósitos cimentados ou endurecidos
• Regiões secas meteorização química menos intensa pequena percentagem
de minerais de argila.
• Solos menos férteis que os Pedalfer (composição mineralógica desfavorável e
carência de água)
Hidrogeologia
A Hidrogeologia estuda o comportamento e distribuição das águas terrestres nas
diferentes formações geológicas.
Discussão da Carta Europeia da Água
1. Não há vida sem água. A água é um bem precioso, indispensável a todas as
actividades humanas.
Todos os organismos são constituídos, principalmente, por água (cerca de 70%). No
entanto, diariamente, todos os organismos perdem água, pelo que necessitam repor essa água.
A água é o principal solvente, é o chamado solvente universal. A água é essencial à
produção de quase tudo.
2. Os recursos hídricos são inesgotáveis. É necessário preservá-los, controlá-los e, se
possível, aumentá-los.
A água é um recurso inesgotável na medida em que é um recurso renovável, dado que o
seu ciclo de regeneração é inferior ao tempo de vida humano.
Pelo seu papel fundamental na existência de todos os seres vivos, torna-se essencial
preservar e/ou aumentar as reservas de água potável.
3. Alterar a qualidade da água é prejudicar a vida do Homem e dos outros seres
vivos que dela dependem.
A água que consumimos deve-se encontrar na sua melhor qualidade, dado que todos os
dias necessitamos de ingerir água. Todos os dias perdemos grandes quantidades de água, pelo
que precisamos de a repor.
4. A qualidade da água deve ser mantida em níveis adaptados às utilizações
previstas e, em especial, satisfazer as exigências da saúde pública.
É dever da sociedade melhorar a qualidade da água, visto que a água é um bem essencial
à existência humana.
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23. Geologia 12ºano
Assim, a água deve ser racionalizada de acordo com a sua qualidade (a de melhor
qualidade apenas para ingestão e para cozinhar e a de qualidade menos boa ser utilizada para
lavagens, etc.) nunca pondo em risco a saúde pública.
5. Quando a água, após ser utilizada, volta ao meio natural, não deve comprometer
as utilizações que dela serão feitas posteriormente.
As águas utilizadas devem ser tratadas, de modo que possam ser utilizadas futuramente.
6. A manutenção de uma cobertura vegetal apropriada, de preferência florestal, é
essencial para a conservação dos recursos hídricos.
A água potável deve ter, sempre que possível, um percurso subterrâneo. Quanto maior e
mais prolongado for esse percurso, melhor será a qualidade mineralógica da água.
Assim, a existência de uma boa cobertura vegetal à superfície facilitará a infiltração das
águas que correm à superfície. A água em contacto com os minerais do subsolo vai reagir e
precipitar as suas impurezas e enriquecendo-se mineralogicamente.
7. Os recursos hídricos devem ser objecto de um inventário.
A água tem um papel muito importante na vida de todos os animais. Todos os animais
são constituídos por água em cerca de 70%. Todos os dias perdemos água, pelo que
necessitamos de a repor, daí a sua extrema importância.
É fundamental ter conhecimento dos locais onde a água entra nos aquíferos, para que
seja possível protege-los de possíveis malefícios que possam contaminar a qualidade da água.
8. A eficiente gestão da água deve ser objecto de planos definidos pelas entidades
competentes.
9. A salvaguarda da água implica um esforço importante de investigação científica,
de formação técnica de especialistas e de informação pública.
10. A água é um património comum, cujo valor deve ser reconhecido por todos. Cada
um tem o dever de a economizar e de a utilizar com cuidado.
11. A gestão dos recursos hídricos deve inserir-se no âmbito da bacia hidrográfica
natural e não no das fronteiras administrativas e políticas.
A gestão dos recursos hídricos não se podem cingir a uma só entidade (país ou
localidade) dado que os interessados nesses recursos não são uma entidade só.
Pela sua importância crucial, todos somos interessados nos recursos hídricos e na sua
boa preservação, logo a sua exploração não pode ser feita de forma egoísta e autoritária. (Caso
dos transvazes que queriam fazer em Espanha)
12. A água não tem fronteiras. É um bem comum que impõe uma cooperação
internacional.
Ver ponto 11.
O ciclo hidrológico
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24. Geologia 12ºano
Os cinco grandes reservatórios de água são, por ordem decrescente de abundância:
• Oceanos
• Glaciares e calote polar
• Água subterrânea
• Lagos e rios
• Atmosfera
• Biosfera
O ciclo hidrológico ou ciclo da água, processa-se da seguinte forma:
1. Pela acção da energia solar, a água existente nos oceanos, lagos, rios, etc.
evapora-se, passando para a atmosfera sob a forma de vapor de água. Parte desta
água é resultante dos processos de evapotranspiração (evaporação da água
existente nos solos, juntamente com a água resultante do metabolismo das
plantas).
2. A água retorna à superfície terrestre, precipitando sob a forma de chuva, neve,
etc.
3. Parte desta água penetra nos solos, podendo ficar retida em reservatórios
subterrâneos, ou deslocar-se possibilitando o escoamento subterrâneo.
4. Outra parte escorre à superfície, alimentando os rios, lagos e os oceanos,
reiniciando-se o ciclo.
A parte aérea do ciclo é objecto de estudo da Meteorologia.
A parte em que a água permanece à superfície é objecto de estudo da Hidráulica.
A água dos oceanos é objecto de estudo da Oceanografia.
A parte subterrânea do ciclo é objecto de estudo da Hidrogeologia.
Localização da água num perfil geológico
A zona de aeração corresponde à espessura se solo compreendida entre a superfície
terrestre e o nível freático e os poros do solo estão preenchidos por ar e/ou água. Esta zona
pode ser dividida em:
• Zona de evapotranspiração, onde a água tem movimentos ascendentes (ao ser
evaporada directamente para a atmosfera ou ao ser captada pelas plantas para a
realização dos seus metabolismos) ou movimentos descendentes (por acção da
gravidade).
• Zona intermédia, onde a água apenas tem movimentos descendentes (só actua a
força gravítica). Chega até esta zona a água que não é utilizada na
evapotranspiração. Esta zona começa onde as raízes das plantas já não chegam.
• Franja capilar, onde a água tem movimentos descendentes (por acção da força
gravítica) e movimentos ascendentes (como esta zona contacta com a zona de
saturação, logo haverá uma maior quantidade de água nesta zona que na zona
intermédia, o que poderá levar a água a ascender por efeito de capilaridade).
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25. Geologia 12ºano
A zona de saturação corresponde à espessura de solo que se situa abaixo da zona de
aeração e é delimitada, na parte superior, pelo nível freático. Esta zona está saturada de água,
pelo que não existem espaços vazios.
A quantidade de água aumenta da superfície (zona de evapotranspiração) para a zona de
saturação.
Os reservatórios de água subterrânea
As formações geológicas (reservatórios) podem ser classificadas em função da
capacidade de armazenagem de água (porosidade) e da capacidade de cedência
(permeabilidade ou facilidade / rentabilidade de extracção), destacando-se:
• Aquíferos – armazenam e cedem água com facilidade (boa circulação e
extracção rentável).
• Aquitardos – boa capacidade de armazenagem de água, mas não permitem a sua
circulação, pelo que a sua extracção é muito difícil.
• Aquiclusos – boa capacidade de armazenagem de água, mas não permitem a sua
extracção.
• Aquífugos – não conseguem armazenar água, não sendo possível extrair água.
Quanto à porosidade existem dois grandes tipos de rochas:
• As rochas porosas, que podem ser constituídas por grãos homogéneos (tendo
uma porosidade elevada) ou por grãos heterogéneos (tendo uma porosidade
moderada).
• As rochas fissuradas, que podem ter vazios abertos por dissolução da matéria
sólida (como por exemplo o calcário, sendo a sua porosidade baixa) ou ter vazios
existentes ao longo de fracturas / diáclases (como por exemplo o granito, sendo a
sua porosidade muito baixa).
As rochas porosas conseguem armazenar muito mais água que as rochas fissuradas. Os
arenitos, as areias e as argilas são exemplos de rochas porosas.
A permeabilidade é a maior ou menor resistência que uma rocha oferece à passagem da
água. Assim, quanto à permeabilidade, as rochas podem ser divididas em: rochas muito
permeáveis ou rochas pouco permeáveis.
As areias são rochas muito permeáveis e que possuem elevada porosidade pelo que
constituem um bom aquífero.
Por sua vez, as argilas são rochas pouco permeáveis e que possuem elevada porosidade,
pelo que constituem um aquitardo.
Aquíferos
As rochas com boa porosidade e boa permeabilidade são aquelas que melhores
condições apresentam para funcionarem como aquíferos.
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26. Geologia 12ºano
Designa-se por produtividade a quantidade de água que se pode extrair continuamente,
em condições normais, sem afectar a reserva e a quantidade da água existente.
A superfície de saturação é o conjunto de locais, a partir dos quais, na vertical, para
baixo, o solo está saturado de água.
A superfície piezométrica é a superfície do aquífero que se encontra à pressão
atmosférica.
Um aquífero livre é um aquífero em que o nível freático contacta com a zona não
saturada. Assim, a superfície de saturação coincide com a superfície piezométrica.
Um aquífero cativo é caracterizado por ser delimitado superior e inferiormente por
camadas impermeáveis, sendo que a sua recarga é feita lateralmente. Assim, a sua superfície
de saturação não coincide na totalidade com a superfície piezométrica.
Para se extrair água de um aquífero livre é necessário recorrer exclusivamente a
processos mecânicos.
Quando é realizado um furo num aquífero cativo, furo artesiano, a água sobe até atingir
a superfície piezométrica, pelo que serão necessários processos mecânicos para trazer a água
até à superfície. No caso de a água subir naturalmente até à superfície, o furo designa-se
artesiano repuxante, sendo necessários processos mecânicos para reter a saída de água na sua
saída.
Qualidade das águas subterrâneas
Factores condicionantes da qualidade das águas subterrâneas:
• Tipo de rochas atravessadas
• Produtos de alteração das rochas atravessadas
• Tempo de residência no solo
• Tipo de coberto vegetal
• Tipo e quantidade de gases existentes na atmosfera
• Actividades humanas
As águas captadas em rochas ígneas e metamórficas são águas de muito boa qualidade
e que apresentam baixa concentração de sais dissolvidos.
As águas provenientes de formações sedimentares são, em geral, de boa qualidade, mas
com uma quantidade em sais dissolvidos relativamente elevada (a superfície de contacto entre
a rocha e a água é maior, o que permite uma maior facilidade de reacção).
Relação entre a composição química da água e as rochas atravessadas:
• Arenitos – grande concentração em sódio, Na+.
• Calcários – grande concentração em Cálcio, Ca2+, e em Magnésio, Mg2+.
• Argilitos – grande concentração em Ferro e Sulfatos, SO42-.
A presença mais abundante de determinado tipo de anião confere a cada água um
carácter próprio e permite classificá-la de acordo com essa abundância:
• Águas cloretadas – elevado teor em Cl-.
• Águas bicarbonatadas – elevado teor em hidrogenocarbonato, HCO3-.
• Águas sódicas – elevado teor em Na+.
• Águas cálcicas – elevado teor em Ca2+.
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27. Geologia 12ºano
Sempre que as águas tenham circulação mais profunda, consequentemente mais
demorada, elas serão mais ricas em sais dissolvidos do que as águas superficiais com menos
tempo de residência, que apresentarão teores mais baixos de sais dissolvidos.
As águas com teores elevados em sais dissolvidos dizem-se hipersalinas.
As águas com baixos teores em sais dissolvidos dizem-se hipossalinas.
A poluição das águas subterrâneas
Poluição física está relacionada com alterações da temperatura (geralmente aumento) ou
com o aumento da radioactividade. A água quente de origem artificial pode ser o resultado de
uma descarga de água que foi utilizada no arrefecimento de máquinas industriais, como por
exemplo o arrefecimento dos reactores das centrais nucleares, que podem contaminar as águas.
Poluição química está relacionada com a introdução de substâncias que podem
prejudicar a sua utilização, tornando-a desagradável à vista, ao olfacto e ao sabor. A poluição
química de um aquífero pode ser realizada por processos:
• Naturais, por lixiviação de metais e outras substâncias inorgânicas.
• Antropogénicos, que podem ter origem agrícola (pela utilização excessiva de
adubos e fertilizantes), urbana (através da lixiviação dos lixos domésticos em
aterros) e industrial.
Poluição bacteriológica ou contaminação está relacionada com a introdução de
organismos patogénicos nos aquíferos.
A sobreexploração de aquíferos tem como exemplo mais característico as captações de
água localizadas nas zonas costeiras. Assim, se os aquíferos forem explorados em excesso, a
diminuição da quantidade de água doce será compensada pela entrada de água salgada no
aquífero. Ocorrerá uma mistura das duas águas e o aquífero passará a conter água salobra
imprópria para consumo. Quando tal acontece, dificilmente se consegue recuperar o aquífero.
Portugal e os seus recursos hídricos
O território nacional é dividido em três grandes unidades geológicas são:
• O Maciço Hespérico – a água acumula-se em falhas, brechas, fendas e em
rochas alteradas.
• As Orlas Mesozóicas – essencialmente constituído por calcários e por arenitos,
que quase sempre são bons aquíferos. Os calcários quando carsificados e
fissurados permitem um boa circulação de água.
• Bacias Terciárias do Tejo e do Sado – constituídas por arenitos, siltitos, argilas
e calcários, revelando ser bons aquíferos
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Águas minerais
As águas de nascente são caracterizadas por possuírem um baixo teor em sais, ou seja,
serem pouco mineralizadas, o que indica que a sua circulação é superficial e o seu tempo de
residência no solo é pequeno.
As águas minerais apresentam como principal característica a concentração mais
elevada em um ou mais iões. Estas águas são, normalmente, captadas em profundidade, pelo
que geralmente são de melhor qualidade.
Se uma água exceder em 5ºC a temperatura média ambiente da região, pode ser
considerada como água termal. Na origem das águas termais está o calor proveniente do
interior da Terra. Este aumento de temperatura pode ser provocado pela passagem da água por
zonas localizadas próximo de câmaras magmáticas e que ascendem até à superfície
deslocando-se ao longo de falhas.
Águas medicinais são todas aquelas que são aplicadas para fins terapêuticos.
Energia Fóssil
Carvão
O carvão foi o primeiro combustível, de origem fóssil, a ser utilizado. Não porque a sua
prospecção é mais simples, mas também porque a sua extracção requer, geralmente, técnicas e
meios menos sofisticados do que os usados para outros recursos do planeta.
As principais reservas de carvão fóssil existentes actualmente, formaram-se no período
Carbónico ou Carbonífero.
Ambientes de formação do carvão
O carvão fóssil é uma rocha sedimentar, combustível, cuja génese resulta da
sedimentação e acumulação de restos vegetais, em bacias sedimentares pouco profundas, os
quais estiveram submetidos a um processo de afundimento e compactação. Um carvão, deverá
conter mais de 50% em massa e mais de 70% em volume de matéria carbonosa, incluindo a
sua humidade intrínseca.
As bacias sedimentares onde se forma carvão são, essencialmente, de dois tipos:
• Bacia límnica ou intracontinental – localizadas no interior dos continentes,
pouco profundas, e correspondem a ambientes sedimentares idênticos aos actuais
pântanos. Nestas bacias, a água é doce.
• Bacia parálica ou marinha – situam-se nos bordos dos continentes, nas suas
margens marinhas. Correspondem a ambientes sedimentares, idênticos aos que
hoje em dia podemos observar em estuários ou em deltas. Nestas bacias, a água é
salobra.
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29. Geologia 12ºano
O conhecimento do tipo de bacia que temos em presença pode-nos dar importantes
informações sobre a geografia da altura da sua formação – paleogeografia.
Quando os restos da vegetação se depositam no próprio local onde existiram, sem serem
transportados para outro local, diz-se que se trata de uma deposição autóctone. Se, pelo
contrário, os restos da vegetação não se depositam nos locais onde existiram e são
transportados para outro local, vindo aí a depositar-se, trata-se de uma deposição alóctone.
Sequência rítmica são sequências ou ciclos sedimentares, que se repetem, nos quais
pode haver uma alternância entre matéria de origem orgânica e matéria de origem mineral.
Os vários tipos de carvão
A principal matéria-prima, a partir da qual se forma o carvão, é designada por turfa,
pelo que ainda não é considerado carvão. À medida que o afundimento e compactação vão
decorrendo, a turfa vai sendo sujeita a modificações, dando origem a:
• Lignite (carvão de grau inferior)
• Carvão betuminoso (carvão de grau médio)
• Antracite (carvão de grau superior)
Carvão húmico – humificação de restos de folhas, esporos, pólenes, tecidos lenhosos e
celulose, em ambientes essencialmente anaeróbicos. Têm aspecto bandado, o que reflecte a
sua génese em pressão e temperatura quase normais.
Carvão sapropélico – putrefacção de matéria orgânica (algas unicelulares, grãos de
pólen e outros esporos), em ambiente essencialmente aeróbico. Apresentam uma superfície
baça, com aspecto gorduroso e fractura concoidal.
O processo natural, no qual a turfa se transforma em carvão e em que este último
também é susceptível de evoluir, designa-se por incarbonização.
A incarbonização compreende duas fases:
• Incarbonização bioquímica – predominam as alterações químicas,
principalmente de origem biológica. Corresponde à fase do processo de
afundimento ainda num processo de diagénese.
• Incarbonização geoquímica – predominam as alterações químicas,
principalmente de origem geológica. Predominam os factores pressão e
temperatura, bem como o tempo durante o qual actuam. Durante este processo,
observam-se alterações físicas, químicas e estruturais, sem interferência de
microrganismos. O aumento da temperatura (provocado pelo simples
afundimento ou pela instalação de corpos ígneos) promove o aumento
generalizado do teor em carbono e a diminuição do teor em matérias voláteis. O
aumento da pressão, embora retardando as reacções químicas, é responsável pelo
aumento da dureza e pela diminuição da porosidade do carvão. O tempo (tempo
geológico) durante o qual se exerce a acção da pressão e da temperatura é
fundamental para definir o grau de evolução atingido pelo carvão.
A caracterização de um carvão obedece aos seguintes atributos:
• Composição petrográfica – depende da natureza dos elementos vegetais e das
condições físico-químicas que influíram durante a sua deposição. A composição
petrográfica pode ser determinada, quer qualitativa, quer quantitativamente, ao
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microscópio. Dá-nos indicações sobre o meio sedimentar onde se formou o
carvão.
• Grau – característica que traduz o estado de evolução atingido no decurso da
incarbonização.
• Categoria – característica definida em função da componente inorgânica
(mineral) que se deposita ao mesmo que a componente orgânica, dado que os
vegetais também são constituídos por matéria mineral. Ambos ficam
incorporados no carvão. As inclusões minerais podem ser singenéticas (se
resultam da deposição de matéria mineral durante a génese de uma camada de
carvão ou da sua formação durante a diagénese) ou epigenéticas (se resultam ou
da deposição de material mineral posteriormente à génese do carvão, ocupando
fissuras ou cavidades abertas, ou de transformações das inclusões singenéticas).
A categoria dá-nos indicações sobre o meio sedimentar onde se formou o carvão.
Os carvões em Portugal
Em Portugal continental, os carvões de idade paleozóica correspondem a depósitos de
características límnicas ou intracontinentais, de idade carbonífera e repartem-se pelos
seguintes terrenos:
• Bacia Dúrico-Beirã – faixa muito alongada que vai desde Rates (Póvoa de
Varzim) até Sátão, passando em Casais (Alvarelhos) e em Valongo. É a bacia a
que pertencem as minas do Pejão e de S. Pedro da Cova.
• Bacia do Buçaco
• Bacia de Santa Susana – localizada entre Évora e Setúbal
Petróleo e Gás Natural
A génese do petróleo
O processo de formação do petróleo necessita da conjugação de alguns factores:
• Preservação da matéria orgânica (processo anormal na Natureza) - fitoplâcton,
zooplâcton, etc. - que se deposita no fundo de determinado ambiente
sedimentar.
• Deposição rápida de uma fina camada de sedimentos que isolem os restos
orgânicos do contacto com as bactérias. E/ou deposição dos restos orgânicos em
ambientes anaeróbios.
• Formação de sucessivas camadas, que ficam sujeitas a compactação e
afundimento – diagénese - que conduzem à alteração química e física das suas
propriedades. Eliminação do oxigénio, do Azoto e outros e preservação do
Carbono e do Hidrogénio.
• Aquecimento da matéria orgânica a cerca de 120ºC, durante um determinado
período de tempo.
• Transformação da matéria orgânica num produto bastante denso, rico em C e H,
designado Cerogénio.
• As rochas ricas em Cerogénio chamam-se rocha-mãe ou rocha-geradora.
• O Cerogénio transforma-se em Petróleo ou crude, ocorrendo um aumento de
volume, que conduz à saturação dos poros da rocha.
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• Se o aquecimento se prolongar, origina-se o gás natural.
• Se o processo continuar, quer o petróleo, quer o gás natural são destruídos.
Ambientes de deposição
Ambiente húmico ou lignítico:
• Alta taxa de sedimentação e consequente rápida subsidência.
• Correspondem a margens continentais, a plataformas e taludes, a lagos e mares
interiores.
• Águas salobras.
• Abundância em matéria orgânica do tipo húmico ou lignítico.
Ambiente planctónico ou sapropélico:
• Ambientes marinhos de pequenas dimensões ou lacustre.
• Intensa actividade biológica à superfície baixo teor em O2 em profundidade –
ambiente anaeróbico.
• Taxa de sedimentação moderada. A preservação dos organismos ocorre devido
ao ambiente anaeróbico, que provoca a ausência de decompositores.
Janelas do petróleo e do gás
O gradiente geotérmico normal é de 1ºC / 33m.
Ao intervalo definido pela temperatura entre 60ºC e 150ºC, ao qual correspondem
profundidades entre 1500 e 4500m, chama-se janela do petróleo, pois é para estas
temperaturas e nestas profundidades que se forma o petróleo.
Assim que a temperatura de 150ºC é ultrapassada, deixa de se formar petróleo e passa a
formar-se gás natural – janela do gás.
A janela do gás não é infinita em profundidade, visto que a partir de certa profundidade,
a temperatura é de tal ordem elevada que ocorre a destruição do petróleo e do gás natural.
Os armazéns de petróleo na Natureza
Quando o petróleo é expulso da rocha que o originou (rocha-mãe), este migra até atingir
a superfície terrestre ou a superfície das águas (dependendo do ambiente em que se localiza a
bacia), a menos que, pelo caminho, encontre algum obstáculo que o obrigue a parar. Se o
petróleo migrar livremente, o mais provável é que se venha a perder sem poder ser
aproveitado.
Esta migração ascendente deve-se ao facto do petróleo ser menos denso que os restantes
fluidos existentes nas rochas.
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Assim para que o petróleo possa ser aproveitado é necessário que se reúnam as seguintes
condições:
• Existência de rochas-mãe que tenham produzido petróleo.
• Existência de rocha de cobertura (rocha muito pouco permeável) que impeça a
migração ascendente do petróleo. São exemplos as rochas argilosas ou margosas.
• Existência de rocha-armazém ou rocha-reservatório (rocha porosa e
permeável) que consiga receber o petróleo em migração e que seja capaz de o
ceder para possibilitar a sua extracção. São exemplos os arenitos e os calcários
recifais.
• Existência de armadilhas (estrutura geológica que possibilite a acumulação do
petróleo). As armadilhas estruturais podem surgir sob a forma de retenção
anticlinal (antiforma ou dobra em U invertido que permite que o petróleo se
acumule visto que este tende a movimentar-se para cotas mais elevadas) ou sob a
forma de falhas (se os materiais do plano de falha forem impermeáveis). Um
exemplo de armadilha estratigráfica é a que ocorre em regiões em que existem
calcários recifais (estes quando recobertos por sedimentos deixam espaços
vazios que podem ser ocupados por petróleo).
• Condições que permitam a migração do petróleo, desde a rocha-mãe até à rocha-
armazém.
Estes armazéns de petróleo podem também conter gás natural ou ainda água, pelo que,
devido às suas diferentes densidades, se apresentarão estratificados, ficando a água por baixo,
o petróleo no meio e o gás natural por cima.
A prospecção de petróleo é dividida em três etapas:
• Prospecção geológica em que se procuram reconhecer os factores anteriormente
mencionados, numa determinada bacia. Realizam-se perfis geológicos e
procuram-se falhas.
• Prospecção geofísica em que se utiliza essencialmente a reflexão sísmica.
• Furos de pesquisa em que realizam sondagens ao solo, em busca de jazidas de
petróleo. Esta é a fase mais dispendiosa, por isso é sempre a última a realizar.
Energia geotérmica
A energia geotérmica é proveniente quer do processo de acreção ocorrido no nosso
planeta, no momento da sua formação, há cerca de 4600Ma, quer da desintegração de
elementos radioactivos (que libertam grandes quantidades de energia) existentes no interior do
nosso planeta.
A geotermia
À superfície da Terra verificam-se duas situações:
• Zonas estáveis em que o fluxo de energia corresponde a um gradiente
geotérmico normal, o que corresponde a uma energia de baixa entalpia. Estas
zonas localizam-se geralmente no interior das placas tectónica.
• Zonas instáveis em que o fluxo de energia corresponde a um gradiente
geotérmico elevado, o que corresponde a uma energia de alta entalpia. Estas
zonas localizam-se geralmente nos limites das placas tectónicas.
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Um jazigo geotérmico é uma região onde a energia geotérmica é explorada de forma
rentável.
Geotermia de alta entalpia
A geotermia de alta entalpia é caracterizada por:
• A temperatura obtida é superior a 150ºC.
• Foco de calor activo capaz de assegurar as temperaturas elevadas
• Rocha com boa permeabilidade e porosidade, que consegue armazenar o fluido
geotérmico (água ou vapor) até uma profundidade de 2500m.
• Rocha de cobertura impermeável capaz de reter pressão e temperaturas elevadas
em profundidade.
• Aparecimento frequente de géisers, fumarolas, sulfataras e nascentes termais.
• Produção de energia eléctrica
Geotermia de baixa entalpia
A geotermia de baixa entalpia é caracterizada por:
• A temperatura obtida está compreendida entre 50ºC e 150ºC.
• Consumo no local de captação.
• Formações geológicas de boa permeabilidade entre os 1500 e 2500m de
profundidade.
• Aquecimento de águas sanitárias.
• Necessidade de reintrodução do fluído, pelo que são necessários 2 furos.
Hot dry rock
As características das rochas quentes e secas são:
• Geotermia de alta entalpia
• Calor das rochas localizadas entre 3 e 6Km de profundidade.
• Rocha compacta, baixa permeabilidade e baixa fracturação
• Necessidade de realização de 2 furos e de fracturação artificial.
• Introdução do fluido geotérmico (água fria)
• Recurso praticamente inesgotável à escala humana, dado que pode ser obtida em
qualquer parte do planeta.
• Técnica ainda pouco desenvolvida.
Portugal e os recursos geotérmicos
No que diz respeito à geotermia de alta entalpia, os Açores apresentam localização
privilegiada, visto localizar-se num ponto triplo, num ponto de junção de 3 placas litosféricas.
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Quanto a Portugal continental, os recursos geotérmicos são do domínio das baixas
entalpias. No Maciço Hespérico localizam-se algumas nascentes termais.
Energia nuclear
Radioactividade consiste na desintegração de elementos radioactivos (Urânio, Tório e
Potássio). É a fonte interna geradora de calor.
O Urânio enriquecido tem 3 milhões de vezes mais energia que o carvão.
Factores negativos da utilização da energia nuclear:
• Elevados custos de construção e funcionamento das centrais nucleares.
• Resíduos radioactivos difíceis de eliminar – por exemplo: Urânio empobrecido
• Riscos de acidentes – geralmente associados à possibilidade dos sistemas de
refrigeração avariarem.
Fissão nuclear consiste na libertação de partículas do núcleo do Urânio.
Fusão nuclear consiste na introdução de novas partículas no núcleo do Urânio.
Minerais que possuem Urânio:
• Grupo da Uraninite
• Grupo da Torbernite e Autunite
Jazigos intragraníticos -
Jazigos perigraníticos – relacionados com as auréolas de metamorfismo
Jazigos minerais
Alguns conceitos
Jazigos minerais são agregados de substâncias minerais que se encontram na crosta
terrestre e que é, ou pode vir a ser susceptível de exploração económica, de forma rentável.
Um jazigo mineral é uma formação geológica em que a concentração de algum ou alguns dos
seus elementos é superior ao clarke correspondente.
Clarke é a concentração média de um elemento na crosta terrestre, em partes por milhão
(ppm).
Minério é o mineral de onde o elemento metálico pode ser extraído de forma rentável.
Ganga são os minerais que acompanham o minério e que podem não ter interesse
industrial.
Metalogénese é a génese de jazigos minerais metálicos, que constituem acidentes
geoquímicos. São processos anormais.
Paragénese é o conjunto de condições de formação de uma dada quantidade ou
diversidade de minerais.
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Época metalogénica é o período de tempo geológico em que ocorrem acidentes
geoquímicos.
Província metalogénica é o conjunto de todos os jazigos minerais (podem ser jazigos
do mesmo ou de diferentes minerais) que se formaram durante uma dada época metalogénica.
Província metálica é o conjunto de todos os jazigos de um determinado metal
existente numa região (independentemente da época em que foram formados).
Escombreira é local onde se depositam os materiais resultantes da extracção mineira.
São constituídas pela ganga, pelo estéril e por produtos químicos diversos.
Estéril são as substâncias, associadas aos elementos químicos (que se exploram, por
terem interesse económico), que não têm interesse económico.
Génese de jazigos minerais
Processos hidrotermais:
• Transporte e deposição de elementos dissolvidos pela água, a temperaturas mais
ou menos elevadas.
• Principais elementos transportados: Cobre, Ouro, Chumbo, Zinco e Prata.
• Soluções migram através de fracturas ou poros das rochas (dissolução de
metais).
• Alterações químicas, de temperatura ou de pressão conduzem à precipitação de
elementos metálicos (jazigos metalíferos).
• A água presente pode ser água dos oceanos ou água residual resultante da
solidificação do magma.
Processos magmáticos:
• Cristalização fraccionada.
• Relacionado com os diferentes pontos de fusão que cada elemento químico tem.
• À medida que, lentamente, o material indiferenciado arrefece, cada elemento
químico solidifica e deposita-se de forma fraccionada e por camadas.
• Quanto maior o tempo de arrefecimento, maior é a diferenciação dos elementos
químicos.
Processos metamórficos:
• Metamorfismo de contacto: ocorre uma diferenciação dos elementos químicos
devido à distância em relação à intrusão (variação de temperatura e pressão).
• Metassomatismo: ocorre variação de temperatura, de pressão e introdução de
fluidos (água jovem, proveniente do arrefecimento do magma, penetra pelas
auréolas de contacto, dissolvendo elementos químicos) – processo semelhante
aos hidrotermalismos.
• Alteração da rocha encaixante.
Processos sedimentares:
Erosão, transporte e sedimentação:
• Separação e concentração de materiais em função da granulometria e da
densidade.
• Formação de placers – concentrações de determinado elemento, através de
processos de diferenciação por densidades.
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• Principais elementos retidos: Ouro, diamante e óxidos de estanho.
Fenómenos químicos oxidativos:
• Processo ocorrido há 1800 – 2000 Ma
• Condições de oxidação diferentes dos actuais.
• Minerais retirados da solução na água do mar. Inicialmente o Ferro estava
dissolvido na água do mar. Ocorreu a sua oxidação e consequente deposição.
• Formação de camadas de Ferro alternadas em camadas siliciosas.
• Caso de Torre de Moncorvo.
Evaporação das águas salinas:
• Formação de evaporitos.
• Processo de separação semelhante à formação de sal.
Meteorização:
• Concentração de material insolúvel.
• Concentração de substâncias minerais dispersas nas rochas (lixiviação), como
por exemplo, a formação dos solos lateríticos.
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