O documento discute a mudança na forma como as professoras eram tratadas, passando a ser chamadas de "tias" em vez de "professoras". Paulo Freire argumenta que ser professora implica uma profissão enquanto ser tia é apenas uma relação familiar. Ele também alerta que aceitar a identificação da figura da professora com a de tia retira a responsabilidade profissional e exigência de formação séria.
2. Não sei como, quando nem por que tudo
começou. O fato é que a coisa se difundiu e
generalizou rapidamente nesta década. A
professora que antigamente era tratada como
tal [...] abdicou do seu título e passou a
fazer parte da família de todos os seus
alunos. Foi intitulada “tia” e assim passou a
ser chamada (Machado apus Novaes,
pág.122, 1984).
4. Ser PROFESSORA
implica assumir uma
profissão enquanto ser TIA
é viver uma relação de
parentesco.
5. É preciso que se tenha
consciência de que
muitas vezes se aprende
com quem sequer é
alfabetizado.
6. Podemos ser TIAS sem gostar
de nossos sobrinhos. Mas não
podemos ser PROFESSORAS
sem gostar de nossos alunos e
sem gostar de ensinar.
7. Você não pode sendo
professora, desconhecer as
implicações escondidas na
manha ideológica que envolve
a redução da condição de
PROFESSORA à de TIA.
8. Aceitar a identificação da
figura da professora com a
de tia significa retirar algo
fundamental à professora:
sua responsabilidade
profissional de que faz parte
a exigência política de sua
formação séria e
permanente.
9. Não é preciso aguardar que a escola
mude para a professora assumir um
novo papel (Novaes, pág. 133, 1984).