A entrevista resume 15 anos de pesquisa do Dr. Melvin Morse sobre experiências fora do corpo em crianças quase mortas. Inicialmente, o Dr. Morse e sua equipe buscavam explicações neurológicas, mas ao longo do tempo perceberam que as experiências não podiam ser explicadas apenas pelo cérebro e passaram a considerar a consciência multidimensional.
1. ENTREVISTA COM O DR. MELVIN MORSE REALIZADA NO 4º CIPRO – CONGRESSO
INTERNACIONAL DE CONSCIENCIOLOGIA – BELO HORIZONTE, EM 17.08.2008:
O Dr. Melvin Morse é médico pediatra e Professor de Pediatria na Universidade de
Washington. Ele estuda a experiência de quase morte em crianças – EQM - há
aproximadamente 15 anos e é autor de vários livros sobre o assunto. Foi conferencista
no 4º CIPRO realizado em Belo Horizonte em agosto de 2008. Na oportunidade, a
EVOLUCIN realizou breve entrevista com o pesquisador.
EVOLUCIN: O senhor poderia relatar quando e porque começou a pesquisar o fenômeno
da EQM em crianças?
DR. MELVIN MORSE: Começou em 1982, quando ressuscitei uma menina de 07 anos
que teve um afogamento na piscina. Por 19 minutos ela permaneceu sem os batimentos
cardíacos. Depois de ter ressuscitado, ela relatou tudo o que havia se passado durante o
procedimento, inclusive, me reconhecendo como o médico que havia colocado um tubo
em seu nariz. Na época, estes tubos geralmente eram colocados pela boca, portanto, não
poderia ter visto em algum filme ou algo assim. Sua narrativa coincidia com o que havia
sido realizado e, durante todo o tempo, ela permaneceu com os olhos fechados. Lembro
desse fato como se tivesse ocorrido ontem. E me chamou muito a atenção, porque o
relato era verdadeiro.
EVOLUCIN: Diante desse acontecimento, que atitude o senhor tomou?
DR. MELVIN MORSE: Tal como relatado pelo Professor Waldo Vieira, em sua
conferência, a partir do fenômeno, começaram as pesquisas para ver o que o causava.
Os médicos do Hospital de Seatle decidiram estudar a razão de tal ocorrência. Se seria
por falta de oxigênio no cérebro; causado por drogas utilizadas no momento; pelo stress
do acidente ou se simplesmente aconteceria antes da morte. Esses foram os
questionamentos. Para o grupo, não importavam questões espirituais, mas sim, práticas,
ou seja, quando ocorriam os fenômenos? Em que momento exato?
EVOLUCIN: Quais foram as hipóteses de trabalho?
DR. MELVIN MORSE: Se as experiências fossem inventadas pela mente, seriam apenas
o resultado de uma disfunção cerebral, mas se ocorressem no último minuto antes da
morte, implicariam em duas hipóteses revolucionárias. Primeira, a memória não é
processada pelo cérebro e, segunda, a consciência não depende do funcionamento do
cérebro. As perguntas mais recorrentes eram quando e por que? Que causas
provocavam o fenômeno da EQM? Todos os principais responsáveis pelo Departamento
de Pediatria do Hospital participaram desta investigação. Entretanto, não entendiam o
fenômeno como uma experiência fora do corpo, mas como fatos que ocorreriam no último
momento da vida. Eram cegos quanto à questão extrafísica. Buscavam entender o
2. funcionamento do cérebro. Pensavam que poderiam provar que o fenômeno seria uma
disfunção cerebral. Uma das hipóteses era de que seria provocado pelos medicamentos
HALOTANE ou VALIUM MORPHINE, usados em processos de ressuscitação. Em 1983,
iniciaram a pesquisa, mas seguiram uma linha rígida, tentando adequar o fenômeno à
hipótese de trabalho. Achavam que os pacientes estivessem sob o efeito dos
medicamentos. Os familiares buscavam uma resposta espiritual, mas a equipe procurava
uma causa concreta.
EVOLUCIN: Quais foram os métodos utilizado nas pesquisas?
DR. MELVIN MORSE: Na época, foram descartadas investigações prévias porque se
entendeu que o fenômeno seria de ordem química. Porém, passamos a perguntar a todos
os pacientes que passavam por processos de ressuscitação, o que havia acontecido
durante esse período, e tivemos sucesso. A maioria não contava suas experiências por
falta de questionamento. Os pacientes eram entrevistados logo depois de ressuscitados,
no máximo, duas ou três semanas, mas sempre antes de terem contato com familiares
para que não fossem contaminados com outros dados. Fizemos isso durante quinze
anos. Mas não são muitos os pacientes que passam por EQMs.
EVOLUCIN: Quais foram as principais constatações da equipe com base no relato dos
pacientes?
DR. MELVIN MORSE: O que pudemos constatar foi que quase todos os pacientes que
estiveram quase mortos relatavam um tipo de experiência e outros que não estiveram nas
mesmas condições, embora tratados com as mesmas drogas ou com falta de oxigênio no
cérebro, ou ainda, aqueles que pensávamos iriam morrer, mas melhoravam, não
relatavam o mesmo tipo de experiência. Assim, se fosse tão somente causada pelo
cérebro, como julgavam, as experiências seriam as mesmas. No final de quinze anos,
conseguimos perceber que todos temos um nível mais avançado de consciência.
Levamos muito tempo para pensar na hipótese da multidimensionalidade.
EVOLUCIN: A participação neste Congresso Internacional de Projeciologia trouxe alguma
colaboração para sua pesquisa?
DR. MELVIN MORSE: Pude constatar que quando voltamos o foco para a consciência,
nós os médicos da UTI de Seatle chegamos à mesma conclusão de que o Professor
Waldo Vieira chegou no Brasil. Não tinha ouvido falar no Professor Waldo até três dias
atrás e me surpreendeu que chegamos à mesma conclusão e usamos a mesma
metodologia, ou seja, partimos da prática para a teoria.
EVOLUCIN: O senhor gostaria de ressaltar algum evento que lhe chamou a atenção
durante sua pesquisa?
DR. MELVIN MORSE: Sim, gostaria de ressaltar que fizemos muitos estudos e eles
mostraram que os pacientes que passaram pela EQM fizeram verdadeiras reciclagens.
“They changed forever.”
3. CRÉDITOS:
Essa entrevista foi realizada pela voluntária Vanderlei Teresinha Kubiak e teve a
colaboração de Fabiana Cerato que auxiliou na tradução.
Alguns desenhos de crianças que passaram pela EQM (retirados do site
http://www.melvinmorse.com/light.htm)