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XXVIII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO
               A integração de cadeias produtivas com a abordagem da manufatura sustentável.
                                   Rio de Janeiro, RJ, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2008




  REFLEXÕES ACERCA DA EVOLUÇÃO
  DAS REDES DE TELECOMUNICAÇÕES
     MÓVEIS E SEUS IMPACTOS E NOS
                    CONSUMIDORES
                                           Fábio Lúcio Prado (PUC-SP)
                                                  fabio.prado@gmail.com
                                       Matheus Iwao Oshikiri (PUC-SP)
                                                   m.oshikiri@gmail.com
                                           Edison Audi Kalaf (PUC-SP)
                                             kalaf@opus-software.com.br
                                  Belmiro do Nascimento João (PUC-SP)
                                                          bjoao@pucsp.br



Foi feito uma análise dipolar do mercado de Telecomunicações Móvel;
do lado esquerdo do dipólo, está a indústria formada pelas operadoras
de serviços móveis de comunicação; sua evolução tecnológica e
complexidade; do lado direito do dipólo,, está a percepção do
consumidor dessa tecnologia móvel; ávido por consumo tecnológico,
crítico e formador de opinião. O cerne dessa análise foi estruturada e
assegurada pelos pressupostos da inovação de Christensen (1995,
1997, 2003, 2004) e Kim & Mauborgne (2005). Salvaguardado pelo
Framework de Inovação, a análise foi possível via: na perspectiva do
setor ou indústria de telecomunicações móvel através de um estudo
exploratório acerca dos seus saltos evolutivos e na perspectiva do
consumidor final dessa tecnologia móvel, em termos de imagem,
opinião, usabilidade e visão de futuro, capturados essas nuances em e-
survey secundário. Ficou nítido o grande poder dessa ferramenta
teórica para ultrapassar a miopia do senso comum, em termos de
análise. Esta indústria, em se tratando de tecnologia, foi configurada
por saltos tecnológicos disruptivos e sustentadores ou, ondas
inovativas, como forma de, inicialmente, comover e alterar os hábitos
de consumo e dependência da tecnologia móvel por parte dos
compradores. No entanto, essa onda passa e o que fica e que garante
longevidade no acumulo de divisas é a postura que esse player se
coloca no seu mercado e o compromisso que este tem com seus
clientes.


Palavras-chaves: Telecomunicações Móvel, Inovação Disruptiva,
Inovação Sustentadora, Inovação em Valor
XXVIII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO
                                     A integração de cadeias produtivas com a abordagem da manufatura sustentável.
                                                                 Rio de Janeiro, RJ, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2008




Introdução
Segundo Baumol (2003), a inovação ou macro processo inovativo tem um comportamento de
uma espiral crescente especialmente em setores e economia onde se assiste abruptos avanços
tecnológicos. Na seara tecnológica, o dueto tecnologia x inovação são elementos
determinantes para as pessoas, organizações e instituições.
Essa locomotiva evolucionista que acontece nas tecnologias, seja em ação ou reação aos
paradigmas de competitividade, promoveu, e ainda o faz, vantagens e oportunidades aos
agentes econômicos e sociais.
Em conseqüência de toda essa entropia circular que envolve conhecimento – tecnologia –
competição, “exponenciou-se” as exigências em termos de nível de utilização, proteção,
criação e gestão do tratamento da informação.
Assim, em termos de longevidade, os indivíduos, de uma forma generalista, precisam inovar.
É através desta unidade menor, o indivíduo, que a inovação nas diversas áreas do
conhecimento tornar-se-á dínamo das tecnologias a favor de um papel decisivo na
competitividade e sobrevivência das empresas e na coesão econômica de qualquer mercado
local e ou global.
De uma forma próxima ou distante, mas perceptível, qual a relação do trecho acima,
delineado, com?:
− O último levantamento da quantidade de celulares no Brasil está na ordem de 120 milhões
  (cento e vinte) (TELECO, 2008);
− Existe uma previsão para o fechamento de 2008 em torno de 130 milhões (cento e trinta)
  de equipamentos celulares (TELECO, 2008);
− Os celulares surgiram na década de 1980. Naquele momento, a funcionalidade básica da
  transmissão de voz em redes móveis tinha uma qualidade intrínseca inferior à telefonia sob
  rede cabeada;
− O tempo médio de vida das baterias desses telefones era insatisfatório. Mesmo sob essas
  perspectivas, os compradores iniciais desse produto viam nele grande valor em função da
  conveniência de se fazer e receber chamadas telefônicas em “qualquer lugar” a qualquer
  momento;
− Na década de 90, começou-se a evidenciar a redução das compras da velha tecnologia; o
  telefone sob rede fixa. Esta queda não foi tão mais acentuada em função de um movimento
  promovido pelas operadoras de rede fixa. Foi sim a introdução de uma nova tecnologia
  sobre essa capilaridade de telecomunicações já configurada. Aos olhos do mercado, uma
  oferta de acesso a Internet a altas velocidades;

Por fim, como clímax:
− De 1995 para cá, em função do aumento da competição no setor de Telecomunicações e da
  volatilidade do comportamento do consumidor, muitas empresas conceberam, e ainda o
  faz, serviços capazes de satisfazer a exigência do consumo. No caso, a tecnologia móvel
  vem sendo creditada como um “pote de outro” alvo de um nicho de mercado disposto a
  pagar por um equipamento e um poderoso serviço telefônico triple play (comunicação via
  aplicações de voz, dados e vídeo) que pudesse ir junto com ele;
− Acostumado com nível de serviço do convencional paradigma proveniente do conjugado



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XXVIII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO
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  banda larga de Internet e aplicações, o mercado assiste apreensivo a nova plataforma de
  rede móvel capaz de prover desempenho tal de modo que as atuais aplicações
  (homebanking, transmissão de vídeo, voz, download de arquivos) sejam salvaguardadas
  enquanto desempenho;

Consoante fatos, nesse texto promover-se-á análises da Indústria de Telecomunicações
Móvel, nas perspectivas da organização, via estudo exploratório, e do comprador final, via
survey, tendo como substrato teórico alguns pressupostos de inovação
Reflexões sobre a fonte do avanço tecnológico
Através de trabalhos com chimpanzés, mais precisamente em pesquisas relacionadas à sua
capacidade de comunicação (via símbolos e suas combinações, metáforas e criações de novas
simbologias abstratas), Roger Fouts promoveu estudos acerca da teoria das origens da
linguagem humana, proposta pelo antropólogo Gordon Hewes em meados de 1970.
O mencionado antropólogo imaginou esquemas de comunicação dos hominídeos via gestos
com as mãos bem como, auxiliado por este, sua evolução para uma capacidade de promover
movimentos mais precisos a ponto de fabricar utensílios.
"... A fala teria evoluído mais tarde a partir da capacidade sintática - a capacidade de
acompanhar seqüências organizadas complexas de movimento na fabricação de utensílios, na
gesticulação e na formação de palavras ...", (CAPRA, 2005, p.72).
Segundo Capra (2005), essas idéias têm implicações muito intensas na compreensão da
tecnologia. Se a linguagem originou-se dos gestos, e se a gesticulação e a elaboração de
utensílios (a forma mais simples de tecnologia) evoluíram juntas, isso significaria que a
tecnologia é um aspecto essencial da natureza humana, inseparável da evolução da linguagem
e da consciência. Ou seja, desde o início da nossa espécie, a natureza humana e a tecnologia
foram inseparavelmente ligadas.
Essa idéia habilitou Fouts a formular sua teoria básica acerca da origem evolutiva da
linguagem falada. Sob a perspectiva de Fouts, nossos ancestrais hominídeos comunicavam-se
com as mãos, à semelhança de seus primos macacos. Quando começaram a caminhar sobre
duas pernas, suas mãos ficaram livres para inventar gestos mais sutis e elaborados. No
decorrer do tempo, sua gramática gestual tornou-se cada vez mais complexa, à medida que os
próprios gestos deixaram de ser movimentos grosseiros e passaram a ser movimentos mais
precisos.
Por fim, o movimento preciso das mãos deu origem a um movimento preciso da língua, e
assim a evolução dos gestos gerou dois importantes dividendos: a capacidade de produzir sons
vocais sofisticados e a capacidade de fabricar ferramentas e usá-las em perspectivas bem
complexas.
Reflexões sobre o valor da inovação
"Vá além da demanda existente". Para Kim & Mauborgne (2005) eis um dínamo para a
realização de inovações de valor. Ao agregar a maior demanda possível para uma nova oferta,
essa abordagem atenua o risco de escala associado à criação de novos mercados.
Eles mencionam que quanto mais intensa for a competição, mais forte será, em média, a
tendência à personalização das ofertas daí resultante. Quando as empresas competem para
satisfazer a todas as preferências dos clientes, por meio de segmentação mais refinada,




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XXVIII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO
                                       A integração de cadeias produtivas com a abordagem da manufatura sustentável.
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geralmente correm o risco de criar mercados-alvo muito pequenos.
Assim, evocam dois questionamentos em termos de estratégias convencionais:
− a despeito do foco nos clientes existentes;
− a despeito do impulso por segmentação mais refinada, a fim de acomodar diferenças entre
  os compradores.

Ou seja, em geral, as empresas para aumentar sua participação no mercado, elas se esforçam
para reter e ampliar os clientes existentes. Esse entorno quase sempre leva à divisão do
mercado em segmentos mais estreitos e à adaptação de ofertas sob medida.
Esses pensadores incitam um movimento oposto; ao invés de concentrar nos clientes, devem
focar nos não-clientes. Em vez de atentar para as diferenças entre os clientes, é necessário que
se construam importantes pontos em comum no que é valorizado pelos compradores.
Eis uma abordagem que permite com que as empresas venham a ultrapassar os limites da
demanda existente para criar um novo grupo de clientes até então não existentes.
Em se tratando de não clientes, para Kim & Mauborgne (2005) é de sumária importância o
desenvolvimento de insights criativos sobre quem são e como liberar seu potencial de
demanda. Enfim, para tal conversão em demanda real, sob forma de novos clientes
promissores, os “empreendedores” necessitam aprofundar seus conhecimentos sobre o
universo dos não-clientes.
Kim & Mauborgne (2005) mencionam, também, um aspecto chave na realização de inovações
de valor que se trata de uma visão por além da demanda existente; visão esta que deveria ser
articulada ou exercitada por parte dos criadores e manipuladores de estratégia da organização.
" ... para maximizar o tamanho de seus oceanos azuis, as empresas precisam avançar em
direção oposta. Em vez de se concentrar nos clientes, devem focar nos não-clientes. E em vez
de atentar para as diferenças entre os clientes, precisam construir importantes pontos em
comum no que é valorizado pelos compradores. Essa abordagem permite que as empresas
ultrapassem os limites da demanda existente para criar um novo grupo de clientes até então
não existentes ..." (Kim & Mauborgne, 2005, p.102).
Inovação– Reflexões sob a visão de Christensen
A perspectiva de Christensen (1995, 1997, 2003, 2004) abarca os reflexos da decisão
estratégica sobre a capacidade de crescimento a partir da idéia de que há inovações
sustentadoras e disruptivas. Esse constructo da inovação provém da obra “Dilema do
Inovador”. Eis a explicação do constructo da “disrupção” de Christensen encima de três
elementos principais, auxiliado pelo framework abaixo:




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XXVIII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO
                                       A integração de cadeias produtivas com a abordagem da manufatura sustentável.
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                   Figura 1: Modelo da Inovação Disruptiva (CHRISTENSEN, 1997)

No mercado existe uma natureza evolutiva que os clientes ou prospects podem absorver,
representado pelo espaço entre as duas linhas cheias, (do framework acima), que delineiam os
compradores mais ou menos exigentes.
Outro caminho distinto é desenhado por empresas inovadoras através da introdução de novos
e evoluídos produtos. Esse caminho está além da capacidade de absorção dos clientes.
Por fim, por lógica, fecha-se o cerco na distinção entre inovação disruptiva e sustentadora. A
inovação sustentadora se orienta em clientes exigentes incorrendo em mais performance do
que a previamente disponível. Neste caso, quase sempre as empresas já estabelecidas são as
vencedoras. Já a inovação disruptiva, como contraste, visa-se a antítese. Ela rompe e redefine
a trajetória pela introdução de produtos que não são tão bons quanto os atualmente
disponíveis, mas que apresentam outros benefícios, como simplicidade, conveniência e menos
custo, circunstâncias essas excelentes para satisfação inicial dos clientes novos e menos
exigentes.
Ressalta-se que o mais importante nesse processo da disrupção é a dinâmica que pode ser
causada no mercado. O empreendimento que introduziu a inovação disruptiva pode
amadurecer e desenvolver seu produto ou serviço de tal forma que o desempenho passe a ser
comparada com o produto ou serviço das empresas já configuradas no setor. Em função do
menor preço, urge naturalmente um movimento dos clientes em busca de produtos que fazem
sinergia com esses preços baixos. Esse movimento faz com que as empresas líderes sejam
surpreendidas e eliminadas do mercado. Christensen trás outra nuance: a evolução da
lucratividade da cadeia
Na incursão de um novo produto no mercado, quando sua funcionalidade e confiabilidade
ainda não são suficientes para satisfazer as necessidades dos clientes, as empresas que
possuem uma arquitetura proprietária do produto e estão amplamente integradas nas interfaces
que limitam o desempenho do produto levando à vantagens consideráveis.
À medida que uma determinada atividade não é mais a que restringe o alcance da satisfação
do cliente, o poder de se apropriar dos lucros também migra para a atividade seguinte da
cadeia de valor. Entender este processo é uma importante ferramenta para auxiliar os




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                                     A integração de cadeias produtivas com a abordagem da manufatura sustentável.
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estrategistas a prever os elos que serão mais lucrativos e a se posicionar de forma a se
apropriar dos lucros auferidos pela cadeia.
Reflexões sobre a dinâmica da inovação sob orientação da convergência tecnológica
Borés, Saurina e Torres (2003) conceituam convergência tecnológica como “o processo pelo
qual as telecomunicações, emissões, tecnologias de informação e setores de entretenimento
(conhecidos como Tecnologias de Informação e Comunicações) podem convergir em direção
a um mercado unificado”.
Este movimento de foco é observado nos setores de comunicação e tecnologia de informação
incorrendo em complexidade na dissociação das fronteiras entre estas indústrias (Bohlin,
Brodin & Thorngren, 2000; Athreye & Keeble, 2000; Hacklin, Raurich & Marxt; 2004 e
Wey, Baake & Heitzler, 2006).
Esta convergência não está relacionada apenas à tecnologia; e sim é agregada por serviços e
novos meios de fazer negócios e interação com a sociedade. Essas são influenciadas tanto por
fatores econômico-sociais como a liberalização da indústria e a crescente demanda por
mobilidade dos consumidores, como por fatores tecnológicos como o aumento da capacidade
de transmissão por banda larga e a miniaturização (Nystrom & Hacklin 2005).
A convergência na indústria de telecomunicações vem acelerando fortemente a dinâmica
deste setor, potencializando o que Schumpeter (1942) denominou como as ondas de
destruição criativa, nas quais as estruturas dos setores são constantemente renovadas em
função das diversas inovações introduzidas pelas empresas.
Por fim, “em muitos casos, a convergência tecnológica pode ser vista sob a forma da colisão
de modelos de negócios já existentes, o que gera um ambiente de competição acelerada. Com
isso, devido ao acelerado processo de mudanças no setor, soluções tecnológicas atuais e até
mesmo modelos de negócios completos podem se tornar obsoletos em pouco tempo. Esse
fenômeno pode ser fortemente observado na evolução da estrutura de mercado da indústria de
comunicações wireless” (Hacklin, Raurich, Marxt, 2004).
Ainda, Hacklin, Raurich, Marxt (2004) apresentam três aspectos da dinâmica da inovação em
termos de convergência:
− Convergência potencial: por onde existe a combinação de duas ou mais tecnologias novas
  em um novo conceito que pode permitir soluções inovadoras e desenvolvimento acelerado
  das tecnologias;
− Convergência lateral: tecnologias já existentes que combinadas com novas tecnologias
  permitem melhorias radicais nas funcionalidades existentes;
− Convergência de aplicações: trata-se de duas ou mais tecnologias conhecidas que ao
  convergir e, combinadas com soluções já existentes, venham a adquirir superior valor
  agregado.

Metodologia
A pesquisa, no presente estudo, caracteriza-se na perspectiva da Indústria de
Telecomunicações Móvel como descritivo-exploratória, procurando observar, descrever,
registrar, analisar e correlacionar teoria e prática. Está no dipólo práxis as evoluções
tecnológicas pelas quais esta Indústria vivenciou desde a introdução do primeiro método de
acesso à rede celular analógica.




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                                       A integração de cadeias produtivas com a abordagem da manufatura sustentável.
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Por que pesquisa exploratória? Ela visa proporcionar maior familiaridade com o problema,
tornando-o mais explícito (Gil, 1991). Nesta instância, são feitos levantamentos
bibliográficos, documentais e estatísticos que fundamentam o tema delimitado para obter
maior conhecimento sobre o problema da pesquisa em perspectiva (Mattar, 2000).
Fundamenta-se a pesquisa exploratória, da maneira proposta neste trabalho, aos seguintes
princípios:
1) a aprendizagem melhor se realiza quando parte do conhecido;
2) deve-se buscar sempre ampliar o conhecimento e
3) esperar respostas racionais pressupõe formulação de perguntas também racionais.
Define-se pesquisa exploratória como recurso metodológico, na qualidade de parte integrante
da pesquisa principal, como o estudo preliminar realizado com a finalidade de melhor adequar
o instrumento de medida à realidade que se pretende conhecer.
Enfim, através deste, tem-se por finalidade evitar que as predisposições não fundadas no
repertório que se pretende conhecer influam nas percepções do pesquisador e,
conseqüentemente, no instrumento de medida. Instam, na perspectiva do comprador, um
complexo de 09 (nove) e-surveys que fomentaram esta pesquisa via dados secundários como
forma de aprendizado mediante visão do consumidor.
São questões fechadas de múltipla-escolha. Eis:
Survey 1: tecnologia de rede móvel;
Survey 2: utilização do serviço de Vídeo – Fone em rede 3G no Brasil;
Survey 3: novas compras de equipamentos e serviços celulares 3G;
Survey 4: causas de insatisfação na qualidade do serviço móvel;
Survey 5: aspectos promotores de troca de operadoras de telecomunicações móvel;
Survey 6: tipo de celular utilizado;
Survey 7: desempenho / velocidade de Internet da sua residência;
Survey 8: conexão de dados do seu celular (GPRS, EDGE, EVDO);
Survey 9: fidelidade à operadora de seu celular pessoal;
Por fim, e importantíssimo como modulador de conhecimento em termos de paradigma atual
(Kuhn, 1996), foi estruturado um simples Framework Teórico, ou seja, procedimentos
técnicos adotados foram: a pesquisa bibliográfica no que confere a nuances principalmente
teóricas, constituído de livros e artigos científicos e páginas da Web, como forma de se ter um
ferramental científico mais adequado à análise dos aspectos inovativos na evolução das
Telecomunicações Móveis.
Resultados e análise




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Abaixo está a configuração hipotética da evolução tecnológica e os respectivos movimentos
dos players de Telecomunicações Móvel.




        Figura 2: Fonte: http://www.teleco.com.br/tecnocel.asp e Acesso em 21 de fevereiro de 2008

O framework da Evolução das Redes de Telecomunicações Móveis acima mostra os
movimentos que os players promoveram desde então. Instam:
− em (a): Amazonia Celular, Claro (antiga BCP Telecom), CTBC, TIM e Sercomtel que
  introduziram sua primeira rede como TDMA a qual migraram, evolutivamente, para o
  GSM.
− em (b): a Vivo que recebeu heranças de uma rede móvel analógica (AMPS) do Sistema
  Telesp Celular. Esta foi substituída via compra de um novo parque de rede móvel CDMA,
  objetivando infra-estrutura apta em termos de escalabilidade. (c) Em fevereiro de 2007 a
  Vivo optou por um movimento rumo à introdução de uma rede mista com o GSM. Alguns
  aspectos favoreceram ou impulsionaram esse movimento. São eles: - com a rede CDMA,
  seus clientes ficavam tecnicamente impedidos de fazer roaming digital quando do seu
  deslocamento para áreas de cobertura, principalmente GSM. A VIVO mantém uma rede
  AMPS (analógica) para recebimento dos clientes em roaming. Nessa circunstância, os tais
  perdiam o desempenho original intrínseco da tecnologia, além dos altos índices de
  clonagem de aparelhos celulares. Enquanto que na tecnologia GSM existe a função de
  controle de acesso à rede caracterizada exclusivamente por um chip único no universo
  GSM, nas redes AMPS e CDMA, a configuração de numeração de telefone está vinculada
  ao endereço (identidade) do aparelho. Assim, nada que uma reprogramação de aparelhos
  para o evento de clone. - a rede CDMA tem um custo de manutenção por unidade de
  usuários / clientes superior à rede GSM.

Abaixo, na Tabela 1, está a exposição das gerações (G's) e no Gráfico 1, os saltos
tecnológicos (em função do tempo) que a indústria de Telecomunicações Móvel no Brasil
promoveu desde então e ainda estará por:




                                                                                                                           8
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                                          A integração de cadeias produtivas com a abordagem da manufatura sustentável.
                                                                      Rio de Janeiro, RJ, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2008




       Tabela 1: Descrição das Gerações Tecnológicas. Gráfico 1: Evolução histórica das tecnologias
            Fonte: http://www.teleco.com.br/tecnocel.asp; Acesso em 21 de fevereiro de 2008.

Em específico, é possível notar no Gráfico 1, um item interessante sob o mote da contribuição
da evolução tecnológica como um promotor de saltos da massificação tecnológica no tempo
(Schumpeter, 1942): se ignorarmos as cores que mostram as tipologias tecnológicas e
focarmos exclusivamente nos picos das curvas, perceberemos que cada pico “empurra” a
ordenada do Gráfico 1 para números extratosféricos.
Considerando os pressupostos de Christensen (1995, 1997, 2003, 2004), a 1G é considerada
uma inovação disruptiva promovida pelo Sistema Brasileiro de Telecomunicações ao
apresentar ao mercado uma maneira mais cômoda de comunicação distinta do paradigma
original; ou seja, a comunicação por rede fixa. Mesmo sob um serviço de comunicação de
péssima qualidade com a presença de poucas estações rádio base para telefonia móvel
configuradas nos grandes centros urbanos muitos clientes deixaram a sua “exigência” de lado,
inicialmente, para embarcar nesse novo modo de comunicação.
Como ocorre com todas as disrupções, a busca de crescimento e lucro forçou a 1G analógica a
melhorar rapidamente. Eis a introdução da 2G, com melhorias técnicas em relação a qualidade
da comunicação de voz propriamente dita em redes móveis de telecomunicações.
Salvaguardadas pela rede digital, houve a introdução de aspectos como reconhecimento do
número originador de chamada, caixa postal de voz e mensagem escrita.
Ávido por acumulação de capital, pressionado pelos acionistas em relação à retornos de
investimentos rápidos e consistentes e a concentração máxima da concorrência nesta
indústria, urge mais uma inovação disruptiva com o advento do 2,5G. É nessa geração que a
rede de telecomunicações móvel está apta para o transporte de aplicações tradicionais de voz
bem como de internet, e-mail, transferência de arquivos como fotos e documentos. É nessa
geração que houve o “boom” na comercialização de celulares e PDA (personal digital
assistant) com serviços de voz e dados.
A 3G vem caracterizada como uma evolução (inovação sustentadora) da 2,5G na perspectiva
de um maior desempenho de comunicação de telecomunicações. Em linhas gerais, enquanto a
2,5G, independente do tipo tecnológico de rede, provém uma comunicação nominal de
internet em até 144 Kbps, a 3G provém até 2 Mbps.
É nítida essa evolução para salvaguardar os clientes descontentes por mais performance de



                                                                                                                          9
XXVIII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO
                                            A integração de cadeias produtivas com a abordagem da manufatura sustentável.
                                                                        Rio de Janeiro, RJ, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2008




infra-estrutura para comunicação.
Por fim, com relação a 4G, foi anunciado por órgãos regulamentadores de padrão
tecnológicos mundial (ITU e 3GPP), na seara de telecomunicações, o advento da QUARTA
GERAÇÃO de comunicação móvel, sob um dilema de escolha entre WIMAX ou a evolução
do WCDMA. Até o presente momento é desconhecido o caminho da 4G a ser trilhado em
termos de inovação disruptiva ou sustentadora conforme até então padrão assistido, ou seja,
da “disrupção à sustentação”.
Suspeita-se que essas inovações promovidas por vendors (ALCATEL-LUCENT, CISCO
SYSTEMS, MOTOROLA, NOKIA, etc.) na CADEIA DE VALOR DE
TELECOMUNICAÇÕES venham a concentrar e gerar grande parte da lucratividade no lado
esquerdo da cadeia de valor de Telecomunicações.
No entanto, existe um fator de contraponto que é a perspectiva da globalização Esse dipólo
convida-nos à uma pesquisa exaustiva para análise de suas particularidades; ou seja, quem
realmente detém poder e riqueza; um vendor que nasceu local, globalizou-se e que cria novos
paradigmas tecnológicos ou um comprador tecnológico (a operadora de telecomunicações)
que ainda atua localmente mas planeja movimentos globais?
Abaixo está um quadro cujo objetivo é realçar esse dipólo para futuras pesquisas, ao
apresentar os resultados parciais das operações dos vendors em contraponto com empresas
brasileiras da indústria de telecomunicações móvel:




 Tabela 2: Apresentação dos resultados financeiros dos vendors globais e dos compradores tecnológicos locais,
                                 ou seja, as operadoras de telecomunicações.

Em suma, sob o âmbito qualitativo, os vendors atuam globalmente construindo novos
paradigmas tecnológicos para as operadoras de telecomunicações bem como para os
compradores finais da cadeia; ex: Ericsson vende infra-estrutura de telecomunicações para as
operadoras bem como aparelhos para os usuários finais; em contraponto, as operadoras




                                                                                                                           10
XXVIII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO
                                       A integração de cadeias produtivas com a abordagem da manufatura sustentável.
                                                                   Rio de Janeiro, RJ, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2008




comercializam conectividade tanto com os vendors quanto aos consumidores finais. As
operadoras se utilizam, exclusivamente, destes para sua evolução técnica como alavanca para
criação de novas nuances de negócios para seus clientes de mercados locais.
Enfim, em se tratando de inovações, essas vêm como uma avalanche e toma conta de toda a
Indústria de Telecomunicação Móvel. No curto prazo os players que abarcam a compra ou
adoção dessas novas tecnologias colhem frutos mais tenros em função das disrupções
promovidas por novos paradigmas tecnológicos descobertos por estes vendors.
No entanto, esse movimento tende à uma normalização dado que todos acabam, em tese,
aderindo ao novo paradigma. A diferenciação entre esses players (operadoras de
telecomunicações) pode ser então entendida segundo indicações que o e-survey (secundário)
traz a tona.
Não se pode generalizar os comportamentos colhidos nestas pesquisas de campo, de forma
acabada, pois, dentre outras, trata-se de amostras de tamanho não significantes.
Sabe-se que o tamanho da amostra afeta todos os resultados, em função da sua significância.
Assim, para amostras menores, a sofisticação e complexidade da técnica de análises
multivariadas podem incorrer em baixíssimo poder estatístico para testes realísticos ou em
possibilidade de fáceis ajustes dos dados de modo a se gerar resultados artificiais, no entanto,
sem poder de generalizações (Hair, Anderson, Tathan, Black, 2005, p.39).
Contudo, essas amostragens contribuem para reflexões mais apuradas sobre os temas. Instam
abaixo:



                                                                 ANÁLISE E OU INDICAÇÕES PARA
       RESULTADO                       FONTE
                                                                      PESQUISAS FUTURAS

                                                                 Realçado pelo GRÁFICO 1, fica claro o
                                                                  movimento ascendente da tecnologia
                                                                  GSM frente às outras também citadas
                                                                        nesta fonte. No entanto,

 Dos 1046 respondentes, a          Fonte:            * os compradores finais de celulares
 maioria (86%) indicou a http://www.teleco.com.br     conseguem perceber, em termos de
  tecnologia GSM como     /enquetes/resultados.asp?  usabilidade, o GSM como tecnologia
 tecnologia predominante codigo=265; acessado em superior sem a influência dos vendors
  em termos de compra;    17 de Fevereiro de 2008; promotores das evoluções tecnológicas?

                                                                   * qual a relação dessa percepção com o
                                                                  fato de que a plataforma CDMA possuir
                                                                 performance superior ao GSM (conforme
                                                                             citado neste artigo).




                                                                                                                      11
XXVIII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO
                                     A integração de cadeias produtivas com a abordagem da manufatura sustentável.
                                                                 Rio de Janeiro, RJ, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2008




Dos 564 respondentes, 57%             Fonte:
indicaram que consumiriam    http://www.teleco.com.br
 o serviço de Vídeo - Fone   /enquetes/resultados.asp?
   em redes 3G no Brasil     codigo=275; acessado em
 dependendo da prática de    17 de Fevereiro de 2008;
                                                    * No mercado brasileiro, considerando os
Dos 639 respondenes, 55%          Fonte:
                                                           compradores tecnológicos e
  disseram que "sim" à   http://www.teleco.com.br
                                                     respectivamente seu comportamento de
  possibilidade de nova  /enquetes/resultados.asp?
                                                      consumo, como seria o escalonamento
 compra de equipamento codigo=276; acessado em
                                                        multidimensional (Hair, Anderson,
                                                    Tathan, Black, 2005, p.29) dos fatores de
Dos 649 respondentes, 55%          Fonte:
                                                       compra em termos de preço, nível de
      apontaram que o     http://www.teleco.com.br
                                                         serviço e inovação tecnológica?
 atendimento da operadora /enquetes/resultados.asp?
    como um deflator de   codigo=264; acessado em

Dos 581 respondentes, 28%            Fonte:
    mencionam que o         http://www.teleco.com.br
Atendimento é o fator, para /enquetes/resultados.asp?

                                    Fonte:            São nesses serviços, pelos quais se
Dos 775 respondentes, 49%
                           http://www.teleco.com.br consegue capturar maior rentabilidade ,
 utilizam serviço pós pago
                           /enquetes/resultados.asp? que existem configuradas as melhores
 ofertado pelas operadoras
                           codigo=244; acessado em soluções inteligentes e performaticas em
          móveis;
                           17 de Fevereiro de 2008;     relação aos sistemas pré-pago.

                                                                 Atualmente o acesso a internet via
                                                               método convencional salvaguarda esse
                                                              desempenho que “metade dos usuários” já
                                                                             possui.
                                     Fonte:
Dos 742 respondentes, 56%
                            http://www.teleco.com.br * Será que existirá grande tolerância por
 possui internet de até 500
                            /enquetes/resultados.asp?   parte destes com relação à um novo
 Kbps nas suas respectivas
                            codigo=240; acessado em método mais cômodo / flexível porém de
        residências;
                            17 de Fevereiro de 2008;   inferior qualidade, num curto prazo?

                                                               * Até quando essa tolerância resistiria se
                                                               não houvesse evolução tecnológica deste
                                                                           novo método?

                                    Fonte:           Essa nuance reforça o fato de que a 3G de
Dos 539 respondentes, 54%
                           http://www.teleco.com.br     celulares pode ser considerada uma
têm e usa conexão de dados
                           /enquetes/resultados.asp?          inovação sustentadora.
 em celulares 2,5G (GPRS,
                           codigo=239; acessado em
      EDGE, EVDO);
                           17 de Fevereiro de 2008;    * Num survey de elementos amostrais




                                                                                                                    12
XXVIII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO
                                         A integração de cadeias produtivas com a abordagem da manufatura sustentável.
                                                                     Rio de Janeiro, RJ, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2008




                                                                      superiores a este, essa informação se
                                                                                     repete?

                                                                     Este e-survay em específico abre uma
                                                                       possibilidade de pesquisa no que
                                                                                  concerne à:

Dos 783 respondentes, 37%                                            * o que de fato leva a longevidade do
                                        Fonte:
      são considerados                                              "casamento" desses consumidores para
                               http://www.teleco.com.br
  consumidores fieis num                                              com a Operadora Móvel no Brasil?
                               /enquetes/resultados.asp?
tempo de "casamento" entre
                               codigo=226; acessado em              ** qual(is) a(s) componente(s) que mais
  2 e 3 anos. Outros 23%,
                               17 de Fevereiro de 2008;                 favorece(m) esse casamento?
    com mais de 5 anos.

                                                                         *** no nível macro, trata-se da
                                                                      inovação tecnológica ou o nível de
                                                                  serviço em termos de qualidade e ofertas?
                     Tabela 3: E-Survey , Análise e indicação de pesquisas futuras.

CONSIDERAÇÕES FINAIS
Neste artigo, salvaguardado por análises iniciais frente à um suporte teórico, foi feito uma
pesquisa quanto a evolução tecnológica na Indústria de Telecomunicações Móvel brasileira e
da percepção do consumidor final dessa tecnologia.
O resultado desse processo analítico é o despertar ou “munição” para inúmeras outras
pesquisas, entre elas as de campo na geração e amostras mais significativas para
generalizações provisórias e sua posterior reflexão encima de algumas das citações aqui
presentes; ou seja, o convite para a comunidade acadêmica na busca de alguns
esclarecimentos.
Instam alguns importantes, para salto de conhecimento:
a) Quem realmente detém poder e riqueza; um vendor tecnológico que nasceu local,
   globalizou-se e que, dia a dia, cria novos paradigmas tecnológicos ou um comprador
   tecnológico (a operadora de telecomunicações) que ainda atua localmente mas planeja
   movimentos globais?
b) Os compradores finais de celulares conseguem perceber, em termos de usabilidade, as
   tecnologias sem a influência dos vendors que criam paradigmas tecnológicos?
c) No mercado brasileiro, qual seria o critério de decisão dos consumidores finais na compra
   de uma tecnologia móvel (celulares)?
d) Quais são os aspectos principais que levam à longevidade do “casamento” desses
   consumidores para com a Operadora Móvel no Brasil?

As construções teóricas de Christensen (1995, 1997, 2003, 2004) e Kim & Mauborgne (2005),
principalmente, e de Capra (2005) contribuem no esclarecimento do quão importante a
tecnologia se faz em termos de causa e efeito em inúmeras perspectivas; apesar de que refletir
na inovação tecnológica e sua orientação enquanto impactos na sociedade e no desempenho
da firma não tem nada de determinista.




                                                                                                                        13
XXVIII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO
                                             A integração de cadeias produtivas com a abordagem da manufatura sustentável.
                                                                         Rio de Janeiro, RJ, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2008




Fica nesse início a impressão de que na Indústria de Telecomunicações Móvel a inovação
tecnológica inaugurada pelos vendors tem absoluto poder de alterar todo um contexto de
consumo e posicionamento estratégico por parte dos intermediários, ou seja, as operadoras de
telecomunicações. Enfim, quase todos os players (operadoras), aderem ao paradigma dos
vendors, cedo ou tarde.
No longo prazo, outras perspectivas de inovação salvaguardam desempenho superior de uma
operadora de serviços móvel; a principal, a inovação em valor para o comprador. Ela provém
de fontes infinitas, desde a contribuição na versatilidade de finalizações de tarefa do usuário,
flexibilidade, usabilidade, segurança, etc., aspectos esses que podem vir a transcender a
tecnologia em si.
O que é necessário e eis o rumo da complexidade é conhecer qual a hierarquia de valores que
o comprador privilegia não só em termos de processo de compra, mas, no seu estímulo de
utilização e na fidelidade no longo prazo.
Referências
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Computer Industry; Technovation, 20, p. 227-245, 2000;
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BOHLIN, BRODIN & THORNGREN: Convergence in Communications and Beyond. Amsterdam; North
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CAPRA, F.: As conexões ocultas; Ciência para uma vida sustentável. São Paulo: Ed. Cultrix; 2005;
CHRISTENSEN, C. M., ANTHONY, S.D. & ROTH, E.A.: Seeing what's next: using the theories of
innovation to predict industry change. Boston, Massachusetts: Harvard Busisness School Publishing; 2004;
CHRISTENSEN, C. M.: The innovator’s dilemma. Boston, Massachusetts: Harvard Busisness School
Publishing; 1997;
CHRISTENSEN, C.M. & RAYNOR, M.E.: The Innovator's Solution: Creating and sustaining successful
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CHRISTENSEN, C.M. & ROSENBLOOM, R.S.: Explaining the attacker's advantage: Technological
paradigms, organizational dynamics, and the value network; Research Policy; vol. 24, no. 2, p. 233-257; 1995;
GIL, A C.: Como elaborar projetos de pesquisa. São Paulo: Ed. Atlas, 1991;
HACKLIN, F., RAURICH, V. & MARXT, C.: How Incremental Innovations becomes Disruptive: The Case
of Technology Convergence; New York: John Wiley & Sons, 2004;
HAIR, J. F. Jr; ANDERSON, R. E.; TATHAM, R. L.; BLACK, W. C.: Análise multivariada de dados – 5a
ed. São Paulo: Ed. Bookman; 2005;
KIM, C. W.; MAUBORGNE, R.: A estratégia do oceano azul; 8a ed. Rio de Janeiro: Ed. Campus; 2005;
KUHN, T: The structure of scientific revolutions. São Paulo:Perspectiva, 1996;
NYSTROM & HACKLIN: Operator value-creation through technological convergence: the case of VoIP;
2005;
SCHUMPETER, J.A.: Capitalism, Socialism and Democracy; New York; Harper & Brothers; 1942.
TELECOM/2008 - http://www.teleco.com.br/




                                                                                                                            14
XXVIII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO
                                     A integração de cadeias produtivas com a abordagem da manufatura sustentável.
                                                                 Rio de Janeiro, RJ, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2008




WEY, BAAKE & HEITZLER: Ruling the new and emerging markets in the telecommunication sector;
Genebra: ITU Workshop ON, Março, 2006;




                                                                                                                    15

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  • 1. XXVIII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO A integração de cadeias produtivas com a abordagem da manufatura sustentável. Rio de Janeiro, RJ, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2008 REFLEXÕES ACERCA DA EVOLUÇÃO DAS REDES DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS E SEUS IMPACTOS E NOS CONSUMIDORES Fábio Lúcio Prado (PUC-SP) fabio.prado@gmail.com Matheus Iwao Oshikiri (PUC-SP) m.oshikiri@gmail.com Edison Audi Kalaf (PUC-SP) kalaf@opus-software.com.br Belmiro do Nascimento João (PUC-SP) bjoao@pucsp.br Foi feito uma análise dipolar do mercado de Telecomunicações Móvel; do lado esquerdo do dipólo, está a indústria formada pelas operadoras de serviços móveis de comunicação; sua evolução tecnológica e complexidade; do lado direito do dipólo,, está a percepção do consumidor dessa tecnologia móvel; ávido por consumo tecnológico, crítico e formador de opinião. O cerne dessa análise foi estruturada e assegurada pelos pressupostos da inovação de Christensen (1995, 1997, 2003, 2004) e Kim & Mauborgne (2005). Salvaguardado pelo Framework de Inovação, a análise foi possível via: na perspectiva do setor ou indústria de telecomunicações móvel através de um estudo exploratório acerca dos seus saltos evolutivos e na perspectiva do consumidor final dessa tecnologia móvel, em termos de imagem, opinião, usabilidade e visão de futuro, capturados essas nuances em e- survey secundário. Ficou nítido o grande poder dessa ferramenta teórica para ultrapassar a miopia do senso comum, em termos de análise. Esta indústria, em se tratando de tecnologia, foi configurada por saltos tecnológicos disruptivos e sustentadores ou, ondas inovativas, como forma de, inicialmente, comover e alterar os hábitos de consumo e dependência da tecnologia móvel por parte dos compradores. No entanto, essa onda passa e o que fica e que garante longevidade no acumulo de divisas é a postura que esse player se coloca no seu mercado e o compromisso que este tem com seus clientes. Palavras-chaves: Telecomunicações Móvel, Inovação Disruptiva, Inovação Sustentadora, Inovação em Valor
  • 2. XXVIII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO A integração de cadeias produtivas com a abordagem da manufatura sustentável. Rio de Janeiro, RJ, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2008 Introdução Segundo Baumol (2003), a inovação ou macro processo inovativo tem um comportamento de uma espiral crescente especialmente em setores e economia onde se assiste abruptos avanços tecnológicos. Na seara tecnológica, o dueto tecnologia x inovação são elementos determinantes para as pessoas, organizações e instituições. Essa locomotiva evolucionista que acontece nas tecnologias, seja em ação ou reação aos paradigmas de competitividade, promoveu, e ainda o faz, vantagens e oportunidades aos agentes econômicos e sociais. Em conseqüência de toda essa entropia circular que envolve conhecimento – tecnologia – competição, “exponenciou-se” as exigências em termos de nível de utilização, proteção, criação e gestão do tratamento da informação. Assim, em termos de longevidade, os indivíduos, de uma forma generalista, precisam inovar. É através desta unidade menor, o indivíduo, que a inovação nas diversas áreas do conhecimento tornar-se-á dínamo das tecnologias a favor de um papel decisivo na competitividade e sobrevivência das empresas e na coesão econômica de qualquer mercado local e ou global. De uma forma próxima ou distante, mas perceptível, qual a relação do trecho acima, delineado, com?: − O último levantamento da quantidade de celulares no Brasil está na ordem de 120 milhões (cento e vinte) (TELECO, 2008); − Existe uma previsão para o fechamento de 2008 em torno de 130 milhões (cento e trinta) de equipamentos celulares (TELECO, 2008); − Os celulares surgiram na década de 1980. Naquele momento, a funcionalidade básica da transmissão de voz em redes móveis tinha uma qualidade intrínseca inferior à telefonia sob rede cabeada; − O tempo médio de vida das baterias desses telefones era insatisfatório. Mesmo sob essas perspectivas, os compradores iniciais desse produto viam nele grande valor em função da conveniência de se fazer e receber chamadas telefônicas em “qualquer lugar” a qualquer momento; − Na década de 90, começou-se a evidenciar a redução das compras da velha tecnologia; o telefone sob rede fixa. Esta queda não foi tão mais acentuada em função de um movimento promovido pelas operadoras de rede fixa. Foi sim a introdução de uma nova tecnologia sobre essa capilaridade de telecomunicações já configurada. Aos olhos do mercado, uma oferta de acesso a Internet a altas velocidades; Por fim, como clímax: − De 1995 para cá, em função do aumento da competição no setor de Telecomunicações e da volatilidade do comportamento do consumidor, muitas empresas conceberam, e ainda o faz, serviços capazes de satisfazer a exigência do consumo. No caso, a tecnologia móvel vem sendo creditada como um “pote de outro” alvo de um nicho de mercado disposto a pagar por um equipamento e um poderoso serviço telefônico triple play (comunicação via aplicações de voz, dados e vídeo) que pudesse ir junto com ele; − Acostumado com nível de serviço do convencional paradigma proveniente do conjugado 2
  • 3. XXVIII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO A integração de cadeias produtivas com a abordagem da manufatura sustentável. Rio de Janeiro, RJ, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2008 banda larga de Internet e aplicações, o mercado assiste apreensivo a nova plataforma de rede móvel capaz de prover desempenho tal de modo que as atuais aplicações (homebanking, transmissão de vídeo, voz, download de arquivos) sejam salvaguardadas enquanto desempenho; Consoante fatos, nesse texto promover-se-á análises da Indústria de Telecomunicações Móvel, nas perspectivas da organização, via estudo exploratório, e do comprador final, via survey, tendo como substrato teórico alguns pressupostos de inovação Reflexões sobre a fonte do avanço tecnológico Através de trabalhos com chimpanzés, mais precisamente em pesquisas relacionadas à sua capacidade de comunicação (via símbolos e suas combinações, metáforas e criações de novas simbologias abstratas), Roger Fouts promoveu estudos acerca da teoria das origens da linguagem humana, proposta pelo antropólogo Gordon Hewes em meados de 1970. O mencionado antropólogo imaginou esquemas de comunicação dos hominídeos via gestos com as mãos bem como, auxiliado por este, sua evolução para uma capacidade de promover movimentos mais precisos a ponto de fabricar utensílios. "... A fala teria evoluído mais tarde a partir da capacidade sintática - a capacidade de acompanhar seqüências organizadas complexas de movimento na fabricação de utensílios, na gesticulação e na formação de palavras ...", (CAPRA, 2005, p.72). Segundo Capra (2005), essas idéias têm implicações muito intensas na compreensão da tecnologia. Se a linguagem originou-se dos gestos, e se a gesticulação e a elaboração de utensílios (a forma mais simples de tecnologia) evoluíram juntas, isso significaria que a tecnologia é um aspecto essencial da natureza humana, inseparável da evolução da linguagem e da consciência. Ou seja, desde o início da nossa espécie, a natureza humana e a tecnologia foram inseparavelmente ligadas. Essa idéia habilitou Fouts a formular sua teoria básica acerca da origem evolutiva da linguagem falada. Sob a perspectiva de Fouts, nossos ancestrais hominídeos comunicavam-se com as mãos, à semelhança de seus primos macacos. Quando começaram a caminhar sobre duas pernas, suas mãos ficaram livres para inventar gestos mais sutis e elaborados. No decorrer do tempo, sua gramática gestual tornou-se cada vez mais complexa, à medida que os próprios gestos deixaram de ser movimentos grosseiros e passaram a ser movimentos mais precisos. Por fim, o movimento preciso das mãos deu origem a um movimento preciso da língua, e assim a evolução dos gestos gerou dois importantes dividendos: a capacidade de produzir sons vocais sofisticados e a capacidade de fabricar ferramentas e usá-las em perspectivas bem complexas. Reflexões sobre o valor da inovação "Vá além da demanda existente". Para Kim & Mauborgne (2005) eis um dínamo para a realização de inovações de valor. Ao agregar a maior demanda possível para uma nova oferta, essa abordagem atenua o risco de escala associado à criação de novos mercados. Eles mencionam que quanto mais intensa for a competição, mais forte será, em média, a tendência à personalização das ofertas daí resultante. Quando as empresas competem para satisfazer a todas as preferências dos clientes, por meio de segmentação mais refinada, 3
  • 4. XXVIII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO A integração de cadeias produtivas com a abordagem da manufatura sustentável. Rio de Janeiro, RJ, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2008 geralmente correm o risco de criar mercados-alvo muito pequenos. Assim, evocam dois questionamentos em termos de estratégias convencionais: − a despeito do foco nos clientes existentes; − a despeito do impulso por segmentação mais refinada, a fim de acomodar diferenças entre os compradores. Ou seja, em geral, as empresas para aumentar sua participação no mercado, elas se esforçam para reter e ampliar os clientes existentes. Esse entorno quase sempre leva à divisão do mercado em segmentos mais estreitos e à adaptação de ofertas sob medida. Esses pensadores incitam um movimento oposto; ao invés de concentrar nos clientes, devem focar nos não-clientes. Em vez de atentar para as diferenças entre os clientes, é necessário que se construam importantes pontos em comum no que é valorizado pelos compradores. Eis uma abordagem que permite com que as empresas venham a ultrapassar os limites da demanda existente para criar um novo grupo de clientes até então não existentes. Em se tratando de não clientes, para Kim & Mauborgne (2005) é de sumária importância o desenvolvimento de insights criativos sobre quem são e como liberar seu potencial de demanda. Enfim, para tal conversão em demanda real, sob forma de novos clientes promissores, os “empreendedores” necessitam aprofundar seus conhecimentos sobre o universo dos não-clientes. Kim & Mauborgne (2005) mencionam, também, um aspecto chave na realização de inovações de valor que se trata de uma visão por além da demanda existente; visão esta que deveria ser articulada ou exercitada por parte dos criadores e manipuladores de estratégia da organização. " ... para maximizar o tamanho de seus oceanos azuis, as empresas precisam avançar em direção oposta. Em vez de se concentrar nos clientes, devem focar nos não-clientes. E em vez de atentar para as diferenças entre os clientes, precisam construir importantes pontos em comum no que é valorizado pelos compradores. Essa abordagem permite que as empresas ultrapassem os limites da demanda existente para criar um novo grupo de clientes até então não existentes ..." (Kim & Mauborgne, 2005, p.102). Inovação– Reflexões sob a visão de Christensen A perspectiva de Christensen (1995, 1997, 2003, 2004) abarca os reflexos da decisão estratégica sobre a capacidade de crescimento a partir da idéia de que há inovações sustentadoras e disruptivas. Esse constructo da inovação provém da obra “Dilema do Inovador”. Eis a explicação do constructo da “disrupção” de Christensen encima de três elementos principais, auxiliado pelo framework abaixo: 4
  • 5. XXVIII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO A integração de cadeias produtivas com a abordagem da manufatura sustentável. Rio de Janeiro, RJ, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2008 Figura 1: Modelo da Inovação Disruptiva (CHRISTENSEN, 1997) No mercado existe uma natureza evolutiva que os clientes ou prospects podem absorver, representado pelo espaço entre as duas linhas cheias, (do framework acima), que delineiam os compradores mais ou menos exigentes. Outro caminho distinto é desenhado por empresas inovadoras através da introdução de novos e evoluídos produtos. Esse caminho está além da capacidade de absorção dos clientes. Por fim, por lógica, fecha-se o cerco na distinção entre inovação disruptiva e sustentadora. A inovação sustentadora se orienta em clientes exigentes incorrendo em mais performance do que a previamente disponível. Neste caso, quase sempre as empresas já estabelecidas são as vencedoras. Já a inovação disruptiva, como contraste, visa-se a antítese. Ela rompe e redefine a trajetória pela introdução de produtos que não são tão bons quanto os atualmente disponíveis, mas que apresentam outros benefícios, como simplicidade, conveniência e menos custo, circunstâncias essas excelentes para satisfação inicial dos clientes novos e menos exigentes. Ressalta-se que o mais importante nesse processo da disrupção é a dinâmica que pode ser causada no mercado. O empreendimento que introduziu a inovação disruptiva pode amadurecer e desenvolver seu produto ou serviço de tal forma que o desempenho passe a ser comparada com o produto ou serviço das empresas já configuradas no setor. Em função do menor preço, urge naturalmente um movimento dos clientes em busca de produtos que fazem sinergia com esses preços baixos. Esse movimento faz com que as empresas líderes sejam surpreendidas e eliminadas do mercado. Christensen trás outra nuance: a evolução da lucratividade da cadeia Na incursão de um novo produto no mercado, quando sua funcionalidade e confiabilidade ainda não são suficientes para satisfazer as necessidades dos clientes, as empresas que possuem uma arquitetura proprietária do produto e estão amplamente integradas nas interfaces que limitam o desempenho do produto levando à vantagens consideráveis. À medida que uma determinada atividade não é mais a que restringe o alcance da satisfação do cliente, o poder de se apropriar dos lucros também migra para a atividade seguinte da cadeia de valor. Entender este processo é uma importante ferramenta para auxiliar os 5
  • 6. XXVIII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO A integração de cadeias produtivas com a abordagem da manufatura sustentável. Rio de Janeiro, RJ, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2008 estrategistas a prever os elos que serão mais lucrativos e a se posicionar de forma a se apropriar dos lucros auferidos pela cadeia. Reflexões sobre a dinâmica da inovação sob orientação da convergência tecnológica Borés, Saurina e Torres (2003) conceituam convergência tecnológica como “o processo pelo qual as telecomunicações, emissões, tecnologias de informação e setores de entretenimento (conhecidos como Tecnologias de Informação e Comunicações) podem convergir em direção a um mercado unificado”. Este movimento de foco é observado nos setores de comunicação e tecnologia de informação incorrendo em complexidade na dissociação das fronteiras entre estas indústrias (Bohlin, Brodin & Thorngren, 2000; Athreye & Keeble, 2000; Hacklin, Raurich & Marxt; 2004 e Wey, Baake & Heitzler, 2006). Esta convergência não está relacionada apenas à tecnologia; e sim é agregada por serviços e novos meios de fazer negócios e interação com a sociedade. Essas são influenciadas tanto por fatores econômico-sociais como a liberalização da indústria e a crescente demanda por mobilidade dos consumidores, como por fatores tecnológicos como o aumento da capacidade de transmissão por banda larga e a miniaturização (Nystrom & Hacklin 2005). A convergência na indústria de telecomunicações vem acelerando fortemente a dinâmica deste setor, potencializando o que Schumpeter (1942) denominou como as ondas de destruição criativa, nas quais as estruturas dos setores são constantemente renovadas em função das diversas inovações introduzidas pelas empresas. Por fim, “em muitos casos, a convergência tecnológica pode ser vista sob a forma da colisão de modelos de negócios já existentes, o que gera um ambiente de competição acelerada. Com isso, devido ao acelerado processo de mudanças no setor, soluções tecnológicas atuais e até mesmo modelos de negócios completos podem se tornar obsoletos em pouco tempo. Esse fenômeno pode ser fortemente observado na evolução da estrutura de mercado da indústria de comunicações wireless” (Hacklin, Raurich, Marxt, 2004). Ainda, Hacklin, Raurich, Marxt (2004) apresentam três aspectos da dinâmica da inovação em termos de convergência: − Convergência potencial: por onde existe a combinação de duas ou mais tecnologias novas em um novo conceito que pode permitir soluções inovadoras e desenvolvimento acelerado das tecnologias; − Convergência lateral: tecnologias já existentes que combinadas com novas tecnologias permitem melhorias radicais nas funcionalidades existentes; − Convergência de aplicações: trata-se de duas ou mais tecnologias conhecidas que ao convergir e, combinadas com soluções já existentes, venham a adquirir superior valor agregado. Metodologia A pesquisa, no presente estudo, caracteriza-se na perspectiva da Indústria de Telecomunicações Móvel como descritivo-exploratória, procurando observar, descrever, registrar, analisar e correlacionar teoria e prática. Está no dipólo práxis as evoluções tecnológicas pelas quais esta Indústria vivenciou desde a introdução do primeiro método de acesso à rede celular analógica. 6
  • 7. XXVIII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO A integração de cadeias produtivas com a abordagem da manufatura sustentável. Rio de Janeiro, RJ, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2008 Por que pesquisa exploratória? Ela visa proporcionar maior familiaridade com o problema, tornando-o mais explícito (Gil, 1991). Nesta instância, são feitos levantamentos bibliográficos, documentais e estatísticos que fundamentam o tema delimitado para obter maior conhecimento sobre o problema da pesquisa em perspectiva (Mattar, 2000). Fundamenta-se a pesquisa exploratória, da maneira proposta neste trabalho, aos seguintes princípios: 1) a aprendizagem melhor se realiza quando parte do conhecido; 2) deve-se buscar sempre ampliar o conhecimento e 3) esperar respostas racionais pressupõe formulação de perguntas também racionais. Define-se pesquisa exploratória como recurso metodológico, na qualidade de parte integrante da pesquisa principal, como o estudo preliminar realizado com a finalidade de melhor adequar o instrumento de medida à realidade que se pretende conhecer. Enfim, através deste, tem-se por finalidade evitar que as predisposições não fundadas no repertório que se pretende conhecer influam nas percepções do pesquisador e, conseqüentemente, no instrumento de medida. Instam, na perspectiva do comprador, um complexo de 09 (nove) e-surveys que fomentaram esta pesquisa via dados secundários como forma de aprendizado mediante visão do consumidor. São questões fechadas de múltipla-escolha. Eis: Survey 1: tecnologia de rede móvel; Survey 2: utilização do serviço de Vídeo – Fone em rede 3G no Brasil; Survey 3: novas compras de equipamentos e serviços celulares 3G; Survey 4: causas de insatisfação na qualidade do serviço móvel; Survey 5: aspectos promotores de troca de operadoras de telecomunicações móvel; Survey 6: tipo de celular utilizado; Survey 7: desempenho / velocidade de Internet da sua residência; Survey 8: conexão de dados do seu celular (GPRS, EDGE, EVDO); Survey 9: fidelidade à operadora de seu celular pessoal; Por fim, e importantíssimo como modulador de conhecimento em termos de paradigma atual (Kuhn, 1996), foi estruturado um simples Framework Teórico, ou seja, procedimentos técnicos adotados foram: a pesquisa bibliográfica no que confere a nuances principalmente teóricas, constituído de livros e artigos científicos e páginas da Web, como forma de se ter um ferramental científico mais adequado à análise dos aspectos inovativos na evolução das Telecomunicações Móveis. Resultados e análise 7
  • 8. XXVIII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO A integração de cadeias produtivas com a abordagem da manufatura sustentável. Rio de Janeiro, RJ, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2008 Abaixo está a configuração hipotética da evolução tecnológica e os respectivos movimentos dos players de Telecomunicações Móvel. Figura 2: Fonte: http://www.teleco.com.br/tecnocel.asp e Acesso em 21 de fevereiro de 2008 O framework da Evolução das Redes de Telecomunicações Móveis acima mostra os movimentos que os players promoveram desde então. Instam: − em (a): Amazonia Celular, Claro (antiga BCP Telecom), CTBC, TIM e Sercomtel que introduziram sua primeira rede como TDMA a qual migraram, evolutivamente, para o GSM. − em (b): a Vivo que recebeu heranças de uma rede móvel analógica (AMPS) do Sistema Telesp Celular. Esta foi substituída via compra de um novo parque de rede móvel CDMA, objetivando infra-estrutura apta em termos de escalabilidade. (c) Em fevereiro de 2007 a Vivo optou por um movimento rumo à introdução de uma rede mista com o GSM. Alguns aspectos favoreceram ou impulsionaram esse movimento. São eles: - com a rede CDMA, seus clientes ficavam tecnicamente impedidos de fazer roaming digital quando do seu deslocamento para áreas de cobertura, principalmente GSM. A VIVO mantém uma rede AMPS (analógica) para recebimento dos clientes em roaming. Nessa circunstância, os tais perdiam o desempenho original intrínseco da tecnologia, além dos altos índices de clonagem de aparelhos celulares. Enquanto que na tecnologia GSM existe a função de controle de acesso à rede caracterizada exclusivamente por um chip único no universo GSM, nas redes AMPS e CDMA, a configuração de numeração de telefone está vinculada ao endereço (identidade) do aparelho. Assim, nada que uma reprogramação de aparelhos para o evento de clone. - a rede CDMA tem um custo de manutenção por unidade de usuários / clientes superior à rede GSM. Abaixo, na Tabela 1, está a exposição das gerações (G's) e no Gráfico 1, os saltos tecnológicos (em função do tempo) que a indústria de Telecomunicações Móvel no Brasil promoveu desde então e ainda estará por: 8
  • 9. XXVIII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO A integração de cadeias produtivas com a abordagem da manufatura sustentável. Rio de Janeiro, RJ, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2008 Tabela 1: Descrição das Gerações Tecnológicas. Gráfico 1: Evolução histórica das tecnologias Fonte: http://www.teleco.com.br/tecnocel.asp; Acesso em 21 de fevereiro de 2008. Em específico, é possível notar no Gráfico 1, um item interessante sob o mote da contribuição da evolução tecnológica como um promotor de saltos da massificação tecnológica no tempo (Schumpeter, 1942): se ignorarmos as cores que mostram as tipologias tecnológicas e focarmos exclusivamente nos picos das curvas, perceberemos que cada pico “empurra” a ordenada do Gráfico 1 para números extratosféricos. Considerando os pressupostos de Christensen (1995, 1997, 2003, 2004), a 1G é considerada uma inovação disruptiva promovida pelo Sistema Brasileiro de Telecomunicações ao apresentar ao mercado uma maneira mais cômoda de comunicação distinta do paradigma original; ou seja, a comunicação por rede fixa. Mesmo sob um serviço de comunicação de péssima qualidade com a presença de poucas estações rádio base para telefonia móvel configuradas nos grandes centros urbanos muitos clientes deixaram a sua “exigência” de lado, inicialmente, para embarcar nesse novo modo de comunicação. Como ocorre com todas as disrupções, a busca de crescimento e lucro forçou a 1G analógica a melhorar rapidamente. Eis a introdução da 2G, com melhorias técnicas em relação a qualidade da comunicação de voz propriamente dita em redes móveis de telecomunicações. Salvaguardadas pela rede digital, houve a introdução de aspectos como reconhecimento do número originador de chamada, caixa postal de voz e mensagem escrita. Ávido por acumulação de capital, pressionado pelos acionistas em relação à retornos de investimentos rápidos e consistentes e a concentração máxima da concorrência nesta indústria, urge mais uma inovação disruptiva com o advento do 2,5G. É nessa geração que a rede de telecomunicações móvel está apta para o transporte de aplicações tradicionais de voz bem como de internet, e-mail, transferência de arquivos como fotos e documentos. É nessa geração que houve o “boom” na comercialização de celulares e PDA (personal digital assistant) com serviços de voz e dados. A 3G vem caracterizada como uma evolução (inovação sustentadora) da 2,5G na perspectiva de um maior desempenho de comunicação de telecomunicações. Em linhas gerais, enquanto a 2,5G, independente do tipo tecnológico de rede, provém uma comunicação nominal de internet em até 144 Kbps, a 3G provém até 2 Mbps. É nítida essa evolução para salvaguardar os clientes descontentes por mais performance de 9
  • 10. XXVIII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO A integração de cadeias produtivas com a abordagem da manufatura sustentável. Rio de Janeiro, RJ, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2008 infra-estrutura para comunicação. Por fim, com relação a 4G, foi anunciado por órgãos regulamentadores de padrão tecnológicos mundial (ITU e 3GPP), na seara de telecomunicações, o advento da QUARTA GERAÇÃO de comunicação móvel, sob um dilema de escolha entre WIMAX ou a evolução do WCDMA. Até o presente momento é desconhecido o caminho da 4G a ser trilhado em termos de inovação disruptiva ou sustentadora conforme até então padrão assistido, ou seja, da “disrupção à sustentação”. Suspeita-se que essas inovações promovidas por vendors (ALCATEL-LUCENT, CISCO SYSTEMS, MOTOROLA, NOKIA, etc.) na CADEIA DE VALOR DE TELECOMUNICAÇÕES venham a concentrar e gerar grande parte da lucratividade no lado esquerdo da cadeia de valor de Telecomunicações. No entanto, existe um fator de contraponto que é a perspectiva da globalização Esse dipólo convida-nos à uma pesquisa exaustiva para análise de suas particularidades; ou seja, quem realmente detém poder e riqueza; um vendor que nasceu local, globalizou-se e que cria novos paradigmas tecnológicos ou um comprador tecnológico (a operadora de telecomunicações) que ainda atua localmente mas planeja movimentos globais? Abaixo está um quadro cujo objetivo é realçar esse dipólo para futuras pesquisas, ao apresentar os resultados parciais das operações dos vendors em contraponto com empresas brasileiras da indústria de telecomunicações móvel: Tabela 2: Apresentação dos resultados financeiros dos vendors globais e dos compradores tecnológicos locais, ou seja, as operadoras de telecomunicações. Em suma, sob o âmbito qualitativo, os vendors atuam globalmente construindo novos paradigmas tecnológicos para as operadoras de telecomunicações bem como para os compradores finais da cadeia; ex: Ericsson vende infra-estrutura de telecomunicações para as operadoras bem como aparelhos para os usuários finais; em contraponto, as operadoras 10
  • 11. XXVIII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO A integração de cadeias produtivas com a abordagem da manufatura sustentável. Rio de Janeiro, RJ, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2008 comercializam conectividade tanto com os vendors quanto aos consumidores finais. As operadoras se utilizam, exclusivamente, destes para sua evolução técnica como alavanca para criação de novas nuances de negócios para seus clientes de mercados locais. Enfim, em se tratando de inovações, essas vêm como uma avalanche e toma conta de toda a Indústria de Telecomunicação Móvel. No curto prazo os players que abarcam a compra ou adoção dessas novas tecnologias colhem frutos mais tenros em função das disrupções promovidas por novos paradigmas tecnológicos descobertos por estes vendors. No entanto, esse movimento tende à uma normalização dado que todos acabam, em tese, aderindo ao novo paradigma. A diferenciação entre esses players (operadoras de telecomunicações) pode ser então entendida segundo indicações que o e-survey (secundário) traz a tona. Não se pode generalizar os comportamentos colhidos nestas pesquisas de campo, de forma acabada, pois, dentre outras, trata-se de amostras de tamanho não significantes. Sabe-se que o tamanho da amostra afeta todos os resultados, em função da sua significância. Assim, para amostras menores, a sofisticação e complexidade da técnica de análises multivariadas podem incorrer em baixíssimo poder estatístico para testes realísticos ou em possibilidade de fáceis ajustes dos dados de modo a se gerar resultados artificiais, no entanto, sem poder de generalizações (Hair, Anderson, Tathan, Black, 2005, p.39). Contudo, essas amostragens contribuem para reflexões mais apuradas sobre os temas. Instam abaixo: ANÁLISE E OU INDICAÇÕES PARA RESULTADO FONTE PESQUISAS FUTURAS Realçado pelo GRÁFICO 1, fica claro o movimento ascendente da tecnologia GSM frente às outras também citadas nesta fonte. No entanto, Dos 1046 respondentes, a Fonte: * os compradores finais de celulares maioria (86%) indicou a http://www.teleco.com.br conseguem perceber, em termos de tecnologia GSM como /enquetes/resultados.asp? usabilidade, o GSM como tecnologia tecnologia predominante codigo=265; acessado em superior sem a influência dos vendors em termos de compra; 17 de Fevereiro de 2008; promotores das evoluções tecnológicas? * qual a relação dessa percepção com o fato de que a plataforma CDMA possuir performance superior ao GSM (conforme citado neste artigo). 11
  • 12. XXVIII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO A integração de cadeias produtivas com a abordagem da manufatura sustentável. Rio de Janeiro, RJ, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2008 Dos 564 respondentes, 57% Fonte: indicaram que consumiriam http://www.teleco.com.br o serviço de Vídeo - Fone /enquetes/resultados.asp? em redes 3G no Brasil codigo=275; acessado em dependendo da prática de 17 de Fevereiro de 2008; * No mercado brasileiro, considerando os Dos 639 respondenes, 55% Fonte: compradores tecnológicos e disseram que "sim" à http://www.teleco.com.br respectivamente seu comportamento de possibilidade de nova /enquetes/resultados.asp? consumo, como seria o escalonamento compra de equipamento codigo=276; acessado em multidimensional (Hair, Anderson, Tathan, Black, 2005, p.29) dos fatores de Dos 649 respondentes, 55% Fonte: compra em termos de preço, nível de apontaram que o http://www.teleco.com.br serviço e inovação tecnológica? atendimento da operadora /enquetes/resultados.asp? como um deflator de codigo=264; acessado em Dos 581 respondentes, 28% Fonte: mencionam que o http://www.teleco.com.br Atendimento é o fator, para /enquetes/resultados.asp? Fonte: São nesses serviços, pelos quais se Dos 775 respondentes, 49% http://www.teleco.com.br consegue capturar maior rentabilidade , utilizam serviço pós pago /enquetes/resultados.asp? que existem configuradas as melhores ofertado pelas operadoras codigo=244; acessado em soluções inteligentes e performaticas em móveis; 17 de Fevereiro de 2008; relação aos sistemas pré-pago. Atualmente o acesso a internet via método convencional salvaguarda esse desempenho que “metade dos usuários” já possui. Fonte: Dos 742 respondentes, 56% http://www.teleco.com.br * Será que existirá grande tolerância por possui internet de até 500 /enquetes/resultados.asp? parte destes com relação à um novo Kbps nas suas respectivas codigo=240; acessado em método mais cômodo / flexível porém de residências; 17 de Fevereiro de 2008; inferior qualidade, num curto prazo? * Até quando essa tolerância resistiria se não houvesse evolução tecnológica deste novo método? Fonte: Essa nuance reforça o fato de que a 3G de Dos 539 respondentes, 54% http://www.teleco.com.br celulares pode ser considerada uma têm e usa conexão de dados /enquetes/resultados.asp? inovação sustentadora. em celulares 2,5G (GPRS, codigo=239; acessado em EDGE, EVDO); 17 de Fevereiro de 2008; * Num survey de elementos amostrais 12
  • 13. XXVIII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO A integração de cadeias produtivas com a abordagem da manufatura sustentável. Rio de Janeiro, RJ, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2008 superiores a este, essa informação se repete? Este e-survay em específico abre uma possibilidade de pesquisa no que concerne à: Dos 783 respondentes, 37% * o que de fato leva a longevidade do Fonte: são considerados "casamento" desses consumidores para http://www.teleco.com.br consumidores fieis num com a Operadora Móvel no Brasil? /enquetes/resultados.asp? tempo de "casamento" entre codigo=226; acessado em ** qual(is) a(s) componente(s) que mais 2 e 3 anos. Outros 23%, 17 de Fevereiro de 2008; favorece(m) esse casamento? com mais de 5 anos. *** no nível macro, trata-se da inovação tecnológica ou o nível de serviço em termos de qualidade e ofertas? Tabela 3: E-Survey , Análise e indicação de pesquisas futuras. CONSIDERAÇÕES FINAIS Neste artigo, salvaguardado por análises iniciais frente à um suporte teórico, foi feito uma pesquisa quanto a evolução tecnológica na Indústria de Telecomunicações Móvel brasileira e da percepção do consumidor final dessa tecnologia. O resultado desse processo analítico é o despertar ou “munição” para inúmeras outras pesquisas, entre elas as de campo na geração e amostras mais significativas para generalizações provisórias e sua posterior reflexão encima de algumas das citações aqui presentes; ou seja, o convite para a comunidade acadêmica na busca de alguns esclarecimentos. Instam alguns importantes, para salto de conhecimento: a) Quem realmente detém poder e riqueza; um vendor tecnológico que nasceu local, globalizou-se e que, dia a dia, cria novos paradigmas tecnológicos ou um comprador tecnológico (a operadora de telecomunicações) que ainda atua localmente mas planeja movimentos globais? b) Os compradores finais de celulares conseguem perceber, em termos de usabilidade, as tecnologias sem a influência dos vendors que criam paradigmas tecnológicos? c) No mercado brasileiro, qual seria o critério de decisão dos consumidores finais na compra de uma tecnologia móvel (celulares)? d) Quais são os aspectos principais que levam à longevidade do “casamento” desses consumidores para com a Operadora Móvel no Brasil? As construções teóricas de Christensen (1995, 1997, 2003, 2004) e Kim & Mauborgne (2005), principalmente, e de Capra (2005) contribuem no esclarecimento do quão importante a tecnologia se faz em termos de causa e efeito em inúmeras perspectivas; apesar de que refletir na inovação tecnológica e sua orientação enquanto impactos na sociedade e no desempenho da firma não tem nada de determinista. 13
  • 14. XXVIII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO A integração de cadeias produtivas com a abordagem da manufatura sustentável. Rio de Janeiro, RJ, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2008 Fica nesse início a impressão de que na Indústria de Telecomunicações Móvel a inovação tecnológica inaugurada pelos vendors tem absoluto poder de alterar todo um contexto de consumo e posicionamento estratégico por parte dos intermediários, ou seja, as operadoras de telecomunicações. Enfim, quase todos os players (operadoras), aderem ao paradigma dos vendors, cedo ou tarde. No longo prazo, outras perspectivas de inovação salvaguardam desempenho superior de uma operadora de serviços móvel; a principal, a inovação em valor para o comprador. Ela provém de fontes infinitas, desde a contribuição na versatilidade de finalizações de tarefa do usuário, flexibilidade, usabilidade, segurança, etc., aspectos esses que podem vir a transcender a tecnologia em si. O que é necessário e eis o rumo da complexidade é conhecer qual a hierarquia de valores que o comprador privilegia não só em termos de processo de compra, mas, no seu estímulo de utilização e na fidelidade no longo prazo. Referências ATHREYE, S. & KEEBLE D.: Technological Convergence, Globalisation and Ownership in the UK Computer Industry; Technovation, 20, p. 227-245, 2000; BAUMOL, W: Entrepreneurship, innovation and growth: the avid-goliath symbiosis; http://www.econ.nyu.edu/user/baumolw/sfg.pdf; Acessado em 23 de Fevereiro de 2008; New York University; 2003; BOHLIN, BRODIN & THORNGREN: Convergence in Communications and Beyond. Amsterdam; North Holland: 2000. BORÉS, SAURINA E TORRES: Technological convergence: a strategic perspective; Technovation, vol. 23, p. 1-13, 2003. CAPRA, F.: As conexões ocultas; Ciência para uma vida sustentável. São Paulo: Ed. Cultrix; 2005; CHRISTENSEN, C. M., ANTHONY, S.D. & ROTH, E.A.: Seeing what's next: using the theories of innovation to predict industry change. Boston, Massachusetts: Harvard Busisness School Publishing; 2004; CHRISTENSEN, C. M.: The innovator’s dilemma. Boston, Massachusetts: Harvard Busisness School Publishing; 1997; CHRISTENSEN, C.M. & RAYNOR, M.E.: The Innovator's Solution: Creating and sustaining successful growth. Boston, Massachusetts: Harvard Busisness School Publishing; 2003; CHRISTENSEN, C.M. & ROSENBLOOM, R.S.: Explaining the attacker's advantage: Technological paradigms, organizational dynamics, and the value network; Research Policy; vol. 24, no. 2, p. 233-257; 1995; GIL, A C.: Como elaborar projetos de pesquisa. São Paulo: Ed. Atlas, 1991; HACKLIN, F., RAURICH, V. & MARXT, C.: How Incremental Innovations becomes Disruptive: The Case of Technology Convergence; New York: John Wiley & Sons, 2004; HAIR, J. F. Jr; ANDERSON, R. E.; TATHAM, R. L.; BLACK, W. C.: Análise multivariada de dados – 5a ed. São Paulo: Ed. Bookman; 2005; KIM, C. W.; MAUBORGNE, R.: A estratégia do oceano azul; 8a ed. Rio de Janeiro: Ed. Campus; 2005; KUHN, T: The structure of scientific revolutions. São Paulo:Perspectiva, 1996; NYSTROM & HACKLIN: Operator value-creation through technological convergence: the case of VoIP; 2005; SCHUMPETER, J.A.: Capitalism, Socialism and Democracy; New York; Harper & Brothers; 1942. TELECOM/2008 - http://www.teleco.com.br/ 14
  • 15. XXVIII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO A integração de cadeias produtivas com a abordagem da manufatura sustentável. Rio de Janeiro, RJ, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2008 WEY, BAAKE & HEITZLER: Ruling the new and emerging markets in the telecommunication sector; Genebra: ITU Workshop ON, Março, 2006; 15