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O PROJETO DA PONTE SALVADOR- ITAPARICA: EXEMPLO DE
INCAPACIDADE GERENCIAL E DE OPORTUNISMO POLÍTICO DO
GOVERNO DA BAHIA
Fernando Alcoforado*
A proposta do governo do estado de construção da ponte Salvador- Itaparica demonstra
a incapacidade gerencial e o oportunismo político que tem caracterizado sua atuação ao
longo dos 8 últimos anos. A incapacidade gerencial do governo do estado resulta do fato
de promover a construção da ponte Salvador- Itaparica sem ter realizado um estudo
aprofundado ou elaborado um plano de desenvolvimento da Região Metropolitana de
Salvador, particularmente sobre o setor de transportes que justifique sua implantação. O
oportunismo político se materializa na prática na tentativa de ocupar espaços na mídia
debatendo um projeto sem base de sustentação para encobrir a incompetência do
governo na gestão do estado como é o caso, por exemplo, da falta de planejamento e da
inação para o enfrentamento da seca que devasta grande parte da Bahia.
Lamentavelmente, o projeto da ponte Salvador- Itaparica se insere na prática de todos os
governantes contemporâneos do Brasil que atuam sem visão sistêmica e estratégica
priorizando a adoção de medidas de curto prazo ou ações pontuais para auferir
benefícios, sobretudo eleitorais. Além do projeto da ponte Salvador- Itaparica não se
inserir no contexto de um Plano de Desenvolvimento da Região Metropolitana, o
governo do estado não faz o cotejo com nenhuma outra alternativa que venha atender
aos mesmos objetivos. Tudo está sendo feito como se a construção da ponte já tivesse
sido decidida. Trata-se de um exemplo concreto de malversação de recursos públicos o
governo do estado contratar por um valor de R$ 40 milhões a realização de estudos que
fundamentam a proposta da ponte bem como os projetos de engenharia.
Os defensores do projeto da ponte Salvador- Itaparica ligados ao governo do estado
apresentam argumentos falaciosos afirmando que o fluxo diário de automóveis,
caminhões e motocicletas na ponte Salvador-Itaparica deverá alcançar os 140 mil
veículos até 2043 acrescentando que é um projeto estruturante porque criará um novo
dinamismo, sobretudo, no Recôncavo, Baixo Sul e Litoral Sul, permitindo o surgimento
de um novo polo industrial e logístico na Região Metropolitana de Salvador, ancorado
por investimentos já em curso, a exemplo dos estaleiros em São Roque do Paraguaçu e
Maragogipe, ou projetados, como a nova retroárea do porto de Salvador. Outro
argumento não comprovado é o de que um dos benefícios com a construção de uma
ponte ligando Salvador à Ilha de Itaparica é a redução do tempo entre a capital e 24
municípios em mais de 40%, além de possibilitar uma expansão urbana, com pessoas
morando em Itaparica e Vera Cruz, ao tempo que trabalham em Salvador, ou mesmo ao
contrário, morando na capital e trabalhando na ilha.
Os defensores do projeto da ponte Salvador- Itaparica ligados ao governo do estado
consideram que este projeto integra o Sistema Viário Oeste (SVO) destacando que o
mesmo é muito mais que um sistema viário e não se resume a ponte e estradas devendo
ser entendido como um projeto de desenvolvimento regional. Argumentam que essa
visão se justifica pela articulação do sistema com a Via Expressa, BR 324, duplicação
da BA 001 e da ponte do Funil (ilha) e qualificação do trecho rodoviário Nazaré-Santo
Antônio de Jesus-Castro Alves. O incrível é haver o reconhecimento pelo governo do
estado de a ponte Salvador- Itaparica de ser um projeto de desenvolvimento regional
2
sem ser respaldado em um plano de desenvolvimento da Região Metropolitana de
Salvador. Todos os argumentos partidos dos defensores ligados ao governo do estado
são falaciosos porque não são resultantes de estudos aprofundados sobre a questão.
Além da incompetência gerencial que caracteriza a ação do governo do estado, é
evidente seu oportunismo político na tentativa de ocupar espaços na mídia debatendo
um projeto sem base de sustentação para encobrir sua falta de planejamento e sua inação
no enfrentamento da seca que devasta grande parte da Bahia. O governo do estado da
Bahia deveria estar se mobilizando para buscar solução para os problemas da seca, que
é prioritária, do que para a construção da ponte Salvador- Itaparica. De acordo com os
números divulgados pela imprensa, mais de 500 mil cabeças de gado já morreram no
semiárido baiano por causa da seca, e, nos laticínios, a quebra foi em torno de 70%. Há
regiões onde não chove há três anos. Os mananciais superficiais e subterrâneos
chegaram ao limite.
Uma das maiores autoridades em recursos hídricos da Bahia, o Engenheiro Manoel
Bomfim, já falecido, escreveu o artigo A seca no Estado da Bahia. Neste artigo, Manoel
Bomfim afirmou que a seca que se instalou nos sertões do estado da Bahia não é uma
seca inusitada, mas prevista de longas datas pelos estudos do Instituto de Atividades
Espaciais-(IAE) de São José dos Campos. Esta previsão foi chamada de “Prognóstico
do Tempo a Longo Prazo” Baseia-se em interpolações e pesquisas cuidadosas
fundamentadas no histórico pluviométrico da região nordeste. Segundo Manoel
Bomfim, a cada 26 anos ocorre uma grande seca, como aconteceu a de 1979/84 quando
o DNOCS e outros órgãos dos estados nordestinos receberam antecipadamente
relatórios sigilosos analisando e alertando para o que iria ocorrer.
Analisando o Semiárido dos quatro estados Ceará, Paraíba, R. G. do Norte e
Pernambuco, Manoel Bomfim afirmou que somam uma área total de 327.000 km² e o
da Bahia sozinho tem área de 320.000 km², praticamente igual. Desde o final do século
XIX aqueles estados começaram a luta pela geração de água construindo açudes de
maneira obstinada. Juntar água foi, então, o grande objetivo de todos os nordestinos
uma vez que estes reservatórios se tornaram essenciais para melhorar os terríveis efeitos
da seca. O açude é um núcleo de vida, de atividade social e econômica, sobretudo nos
períodos calamitosos de secas. O Semiárido baiano, entretanto, ao longo do século XX,
ficou totalmente esquecido pelos governantes apesar da sua mais baixa pluviosidade.
Não participou da epopeia nordestina gerando e acumulando água para os períodos
inditosos. Não tivemos um programa específico e determinado de construir uma
estrutura hídrica.
Para Bomfim, toda água armazenada no Semiárido da Bahia cabe num único açude do
Ceará, o Araras que acumula 1 bilhão de m³. Em 1882, há 130 anos passados, o Rio
Grande do Norte já tinha açude acumulando 600.000 m³ de água. Em 1934 o Ceará já
armazenava 1 bilhão de m³ o que hoje acumula a Bahia. O nosso Semiárido possui uma
excelente rede filamentar de rios e riachos intermitentes podendo construir um
portentoso programa de açudagem, mas nada foi feito. O Semiárido baiano se constitui,
portanto, na maior solidão hidro geográfica do Brasil. Não estamos preparados para
enfrentar a grande seca de 2012/13. Os nossos administradores foram sempre
absenteístas em relação a esta grande hinterlândia baiana. São 269 municípios, 57% da
área do Estado carentes de estrutura hídrica. Ao invés de debatermos um projeto
3
megalomaníaco como o projeto da ponte Salvador- Itaparica, deveríamos, isto sim, estar
debatendo soluções para os problemas da seca no Estado da Bahia
*Fernando Alcoforado, 73, engenheiro e doutor em Planejamento Territorial e Desenvolvimento Regional
pela Universidade de Barcelona, professor universitário e consultor nas áreas de planejamento estratégico,
planejamento empresarial, planejamento regional e planejamento de sistemas energéticos, é autor dos
livros Globalização (Editora Nobel, São Paulo, 1997), De Collor a FHC- O Brasil e a Nova (Des)ordem
Mundial (Editora Nobel, São Paulo, 1998), Um Projeto para o Brasil (Editora Nobel, São Paulo, 2000),
Os condicionantes do desenvolvimento do Estado da Bahia (Tese de doutorado. Universidade de
Barcelona, http://www.tesisenred.net/handle/10803/1944, 2003), Globalização e Desenvolvimento
(Editora Nobel, São Paulo, 2006), Bahia- Desenvolvimento do Século XVI ao Século XX e Objetivos
Estratégicos na Era Contemporânea (EGBA, Salvador, 2008), The Necessary Conditions of the
Economic and Social Development- The Case of the State of Bahia (VDM Verlag Dr. Müller
Aktiengesellschaft & Co. KG, Saarbrücken, Germany, 2010), Aquecimento Global e Catástrofe
Planetária (P&A Gráfica e Editora, Salvador, 2010), Amazônia Sustentável- Para o progresso do Brasil e
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SOCIAL REVOLUTIONS, THEIR TRIGGERS FACTORS AND CURRENT BRAZIL
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A ponte salvador itaparica exemplo de incapacidade gerencial e de oportunismo político do governo da bahia

  • 1. 1 O PROJETO DA PONTE SALVADOR- ITAPARICA: EXEMPLO DE INCAPACIDADE GERENCIAL E DE OPORTUNISMO POLÍTICO DO GOVERNO DA BAHIA Fernando Alcoforado* A proposta do governo do estado de construção da ponte Salvador- Itaparica demonstra a incapacidade gerencial e o oportunismo político que tem caracterizado sua atuação ao longo dos 8 últimos anos. A incapacidade gerencial do governo do estado resulta do fato de promover a construção da ponte Salvador- Itaparica sem ter realizado um estudo aprofundado ou elaborado um plano de desenvolvimento da Região Metropolitana de Salvador, particularmente sobre o setor de transportes que justifique sua implantação. O oportunismo político se materializa na prática na tentativa de ocupar espaços na mídia debatendo um projeto sem base de sustentação para encobrir a incompetência do governo na gestão do estado como é o caso, por exemplo, da falta de planejamento e da inação para o enfrentamento da seca que devasta grande parte da Bahia. Lamentavelmente, o projeto da ponte Salvador- Itaparica se insere na prática de todos os governantes contemporâneos do Brasil que atuam sem visão sistêmica e estratégica priorizando a adoção de medidas de curto prazo ou ações pontuais para auferir benefícios, sobretudo eleitorais. Além do projeto da ponte Salvador- Itaparica não se inserir no contexto de um Plano de Desenvolvimento da Região Metropolitana, o governo do estado não faz o cotejo com nenhuma outra alternativa que venha atender aos mesmos objetivos. Tudo está sendo feito como se a construção da ponte já tivesse sido decidida. Trata-se de um exemplo concreto de malversação de recursos públicos o governo do estado contratar por um valor de R$ 40 milhões a realização de estudos que fundamentam a proposta da ponte bem como os projetos de engenharia. Os defensores do projeto da ponte Salvador- Itaparica ligados ao governo do estado apresentam argumentos falaciosos afirmando que o fluxo diário de automóveis, caminhões e motocicletas na ponte Salvador-Itaparica deverá alcançar os 140 mil veículos até 2043 acrescentando que é um projeto estruturante porque criará um novo dinamismo, sobretudo, no Recôncavo, Baixo Sul e Litoral Sul, permitindo o surgimento de um novo polo industrial e logístico na Região Metropolitana de Salvador, ancorado por investimentos já em curso, a exemplo dos estaleiros em São Roque do Paraguaçu e Maragogipe, ou projetados, como a nova retroárea do porto de Salvador. Outro argumento não comprovado é o de que um dos benefícios com a construção de uma ponte ligando Salvador à Ilha de Itaparica é a redução do tempo entre a capital e 24 municípios em mais de 40%, além de possibilitar uma expansão urbana, com pessoas morando em Itaparica e Vera Cruz, ao tempo que trabalham em Salvador, ou mesmo ao contrário, morando na capital e trabalhando na ilha. Os defensores do projeto da ponte Salvador- Itaparica ligados ao governo do estado consideram que este projeto integra o Sistema Viário Oeste (SVO) destacando que o mesmo é muito mais que um sistema viário e não se resume a ponte e estradas devendo ser entendido como um projeto de desenvolvimento regional. Argumentam que essa visão se justifica pela articulação do sistema com a Via Expressa, BR 324, duplicação da BA 001 e da ponte do Funil (ilha) e qualificação do trecho rodoviário Nazaré-Santo Antônio de Jesus-Castro Alves. O incrível é haver o reconhecimento pelo governo do estado de a ponte Salvador- Itaparica de ser um projeto de desenvolvimento regional
  • 2. 2 sem ser respaldado em um plano de desenvolvimento da Região Metropolitana de Salvador. Todos os argumentos partidos dos defensores ligados ao governo do estado são falaciosos porque não são resultantes de estudos aprofundados sobre a questão. Além da incompetência gerencial que caracteriza a ação do governo do estado, é evidente seu oportunismo político na tentativa de ocupar espaços na mídia debatendo um projeto sem base de sustentação para encobrir sua falta de planejamento e sua inação no enfrentamento da seca que devasta grande parte da Bahia. O governo do estado da Bahia deveria estar se mobilizando para buscar solução para os problemas da seca, que é prioritária, do que para a construção da ponte Salvador- Itaparica. De acordo com os números divulgados pela imprensa, mais de 500 mil cabeças de gado já morreram no semiárido baiano por causa da seca, e, nos laticínios, a quebra foi em torno de 70%. Há regiões onde não chove há três anos. Os mananciais superficiais e subterrâneos chegaram ao limite. Uma das maiores autoridades em recursos hídricos da Bahia, o Engenheiro Manoel Bomfim, já falecido, escreveu o artigo A seca no Estado da Bahia. Neste artigo, Manoel Bomfim afirmou que a seca que se instalou nos sertões do estado da Bahia não é uma seca inusitada, mas prevista de longas datas pelos estudos do Instituto de Atividades Espaciais-(IAE) de São José dos Campos. Esta previsão foi chamada de “Prognóstico do Tempo a Longo Prazo” Baseia-se em interpolações e pesquisas cuidadosas fundamentadas no histórico pluviométrico da região nordeste. Segundo Manoel Bomfim, a cada 26 anos ocorre uma grande seca, como aconteceu a de 1979/84 quando o DNOCS e outros órgãos dos estados nordestinos receberam antecipadamente relatórios sigilosos analisando e alertando para o que iria ocorrer. Analisando o Semiárido dos quatro estados Ceará, Paraíba, R. G. do Norte e Pernambuco, Manoel Bomfim afirmou que somam uma área total de 327.000 km² e o da Bahia sozinho tem área de 320.000 km², praticamente igual. Desde o final do século XIX aqueles estados começaram a luta pela geração de água construindo açudes de maneira obstinada. Juntar água foi, então, o grande objetivo de todos os nordestinos uma vez que estes reservatórios se tornaram essenciais para melhorar os terríveis efeitos da seca. O açude é um núcleo de vida, de atividade social e econômica, sobretudo nos períodos calamitosos de secas. O Semiárido baiano, entretanto, ao longo do século XX, ficou totalmente esquecido pelos governantes apesar da sua mais baixa pluviosidade. Não participou da epopeia nordestina gerando e acumulando água para os períodos inditosos. Não tivemos um programa específico e determinado de construir uma estrutura hídrica. Para Bomfim, toda água armazenada no Semiárido da Bahia cabe num único açude do Ceará, o Araras que acumula 1 bilhão de m³. Em 1882, há 130 anos passados, o Rio Grande do Norte já tinha açude acumulando 600.000 m³ de água. Em 1934 o Ceará já armazenava 1 bilhão de m³ o que hoje acumula a Bahia. O nosso Semiárido possui uma excelente rede filamentar de rios e riachos intermitentes podendo construir um portentoso programa de açudagem, mas nada foi feito. O Semiárido baiano se constitui, portanto, na maior solidão hidro geográfica do Brasil. Não estamos preparados para enfrentar a grande seca de 2012/13. Os nossos administradores foram sempre absenteístas em relação a esta grande hinterlândia baiana. São 269 municípios, 57% da área do Estado carentes de estrutura hídrica. Ao invés de debatermos um projeto
  • 3. 3 megalomaníaco como o projeto da ponte Salvador- Itaparica, deveríamos, isto sim, estar debatendo soluções para os problemas da seca no Estado da Bahia *Fernando Alcoforado, 73, engenheiro e doutor em Planejamento Territorial e Desenvolvimento Regional pela Universidade de Barcelona, professor universitário e consultor nas áreas de planejamento estratégico, planejamento empresarial, planejamento regional e planejamento de sistemas energéticos, é autor dos livros Globalização (Editora Nobel, São Paulo, 1997), De Collor a FHC- O Brasil e a Nova (Des)ordem Mundial (Editora Nobel, São Paulo, 1998), Um Projeto para o Brasil (Editora Nobel, São Paulo, 2000), Os condicionantes do desenvolvimento do Estado da Bahia (Tese de doutorado. Universidade de Barcelona, http://www.tesisenred.net/handle/10803/1944, 2003), Globalização e Desenvolvimento (Editora Nobel, São Paulo, 2006), Bahia- Desenvolvimento do Século XVI ao Século XX e Objetivos Estratégicos na Era Contemporânea (EGBA, Salvador, 2008), The Necessary Conditions of the Economic and Social Development- The Case of the State of Bahia (VDM Verlag Dr. Müller Aktiengesellschaft & Co. KG, Saarbrücken, Germany, 2010), Aquecimento Global e Catástrofe Planetária (P&A Gráfica e Editora, Salvador, 2010), Amazônia Sustentável- Para o progresso do Brasil e combate ao aquecimento global (Viena- Editora e Gráfica, Santa Cruz do Rio Pardo, São Paulo, 2011) e Os Fatores Condicionantes do Desenvolvimento Econômico e Social (Editora CRV, Curitiba, 2012), entre outros.S