O balanço da Petrobras apresentado nos últimos dias mostra que a ruína da empresa resultou não apenas da roubalheira, mas principalmente da incompetência gerencial da empresa. Os dados do balanço de 2014 demonstram que a incompetência gerencial abriu mais rombos nas contas da Petrobras do que a corrupção direta. Este foi o resultado das políticas irresponsáveis dos governos Lula e Dilma Rousseff adotadas no setor petrolífero. A incompetência gerencial e a corrupção desenfreada na Petrobras se traduziram no prejuízo de R$ 31 bilhões em 2014. Corrupção e má gestão levam a Petrobras ao prejuízo pela primeira vez desde 1991.
SOCIAL REVOLUTIONS, THEIR TRIGGERS FACTORS AND CURRENT BRAZIL
Balanço da incompetência e corrupção na Petrobras
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BALANÇO DA ROUBALHEIRA E DA INCOMPETÊNCIA GERENCIAL DA
PETROBRAS
Fernando Alcoforado*
Nos últimos tempos, a Petrobras tem sido objeto de escândalos sucessivos através da
imprensa envolvendo a compra de duas refinarias (Pasadena e Okinawa) e a
implantação da refinaria Abreu e Lima em Pernambuco. Em todos os casos ficou
evidenciada a incompetência do governo federal e dos dirigentes da Petrobras que
fizeram compras lesivas aos interesses da empresa e do próprio País e a existência de
corrupção comprovada pela Operação Lava Jato da Polícia Federal.
A má gestão da Petrobras pelos atuais detentores do poder é comprovada também ao se
constatar que, apesar dos recordes de produção de petróleo e do crescimento das vendas
de seus derivados de 2003 a 2013, os ganhos ou os lucros da empresa estancaram neste
período. Além de apresentar um desempenho econômico-financeiro medíocre, a
Petrobras foi vítima, entre outras coisas, da ação articulada de uma quadrilha de
empreiteiros, burocratas, lobistas e dezenas de políticos que assaltaram os cofres da
empresa.
Enquanto o total de investidores na Bolsa de Valores brasileira aumentou 15% de 2008
a 2013, o número de acionistas da Petrobras diminuiu 16% nesse mesmo período. A
contenção dos preços de combustíveis imposta pelo governo federal para combater a
escalada da inflação obrigou a Petrobras a vender óleo diesel e gasolina no mercado
interno por menos do que paga na importação. Implementada com o questionável
propósito de combater a inflação por meio do congelamento artificial de tarifas, a
contenção dos preços de gasolina e diesel resultaram em perdas de R$ 7 bilhões em
2013 para a Petrobras.
Os resultados alcançados pela Petrobras recentemente decorrem da gestão temerária da
empresa imposta pelo governo Dilma Rousseff. A empresa não conseguiu cumprir as
metas de produção, diversas vezes revisadas para baixo nos últimos anos. A Petrobras
hoje vale cerca de 40% do que valia em 2011. A dívida da Petrobras cresceu
exponencialmente atingindo R$ 221,6 bilhões - alta de 50% só em 2013 -, e suas ações
sofreram queda vertiginosa da ordem de 60% de seu valor patrimonial. Tudo isto
configura má gestão, além de ficar também demonstrado o descompromisso do governo
federal e dos responsáveis pela condução da Petrobras com os interesses da empresa e
seus acionistas e, também, com os interesses nacionais.
Os acontecimentos protagonizados pelo governo Dilma Roussef comprometeram a
saúde financeira da Petrobrás não apenas por impedir a capitalização da empresa com a
restrição por vários anos do aumento nos preços dos combustíveis, em especial da
gasolina, para manter a inflação sob seu controle, mas também pela descapitalização da
Petrobrás resultante da malfadada compra da refinaria de Pasadena nos Estados Unidos
e Okinawa no Japão e a construção da refinaria Abreu e Lima em Pernambuco. Tanto a
contenção dos preços dos derivados de petróleo para manter a inflação sob controle
quanto a compra e construção das refinarias contribuíram para a continuada queda do
valor das ações da Petrobrás na Bolsa de Valores.
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O balanço da Petrobras apresentado nos últimos dias mostra que a ruína da empresa
resultou não apenas da roubalheira, mas principalmente da incompetência gerencial da
empresa. Os dados do balanço de 2014 demonstram que a incompetência gerencial
abriu mais rombos nas contas da Petrobras do que a corrupção direta. Este foi o
resultado das políticas irresponsáveis dos governos Lula e Dilma Rousseff adotadas no
setor petrolífero. A incompetência gerencial e a corrupção desenfreada na Petrobras se
traduziram no prejuízo de R$ 31 bilhões em 2014. Corrupção e má gestão levam a
Petrobras ao prejuízo pela primeira vez desde 1991.
O rombo na estatal em 2014 foi de R$ 21,6 bilhões, o pagamento de propinas foi
estimado em R$ 6,2 bilhões e decisões erradas de investimento e de gerenciamento
desvalorizaram ativos em R$ 44,6 bilhões segundo dados do balanço da Petrobras
referente a 2014. Em 2013, registrou R$ 23,6 bilhões de lucro. Os resultados de 2014
foram comprometidos por pagamento de propinas, desvalorização de ativos e grandes
projetos que não saíram do papel. Os dois principais focos de corrupção também foram
os responsáveis pelas maiores baixas: o Comperj (R$ 21,8 bilhões) e a refinaria de
Abreu e Lima (R$ 9,1 bilhões). Outros R$ 2,8 bilhões foram perdidos em projetos de
refinarias no Maranhão e no Ceará.
Segundo Vinicius Torres Freire, articulista da Folha de S. Paulo, “o investimento da
Petrobras caiu 17% de 2013 para 2014. O ritmo vertiginoso de expansão da empresa
durante os governos Lula e Dilma Rousseff era mesmo insustentável, tocado à base de
endividamento irresponsável, em marcha forçada, à moda dos anos 1970. O
endividamento relativo da empresa subiu quase cinco vezes de 2010 para 2014, de 1
para 4,77” (Ver o artigo sob o título Mais incompetência que corrupção publicado no
website <http://www1.folha.uol.com.br/fsp/mercado/216946-mais-incompetencia-que-
corrupcao.shtml>).
O balanço informa que o investimento da Petrobras vai ficar em 2015 30% abaixo do
planejado. Em 2016, cai outra vez, para 14%. Esta situação se deve ao excesso de
dívida, falta de crédito da empresa no mercado e, como se diz explicitamente no
relatório do balanço, a queda do preço do petróleo, a alta do dólar e o nível de
endividamento da empresa. A Petrobras vai ficar menor por obra e graça dos governos
irresponsáveis de Lula e Dilma Rousseff. A direção da Petrobras admitiu a necessidade
de preservar o caixa e reduzir o investimento, fato este que poderá levá-la a buscar
sócios para áreas do pré-sal vendendo-lhes parte dos blocos de exploração.
O enfraquecimento da Petrobras provocado por governos irresponsáveis já está
resultando na venda de ativos da empresa, entre eles o pré-sal, além de comprometer o
desenvolvimento do Brasil haja vista ela ter uma participação de 13% na formação do
PIB do País. Devido ao peso da Petrobras e das empreiteiras na formação de capital fixo no
Brasil, esta situação pode levar a uma paralisia maior na economia brasileira. A crise da
Petrobras já esta gerando um problema sistêmico que vai prejudicar as empresas supridoras
da Petrobras (indústrias, engenharia consultiva e empreiteiras) que já estão estranguladas.
Como consequência do enfraquecimento da Petrobras, empresa fundamental para o
fortalecimento científico, tecnológico e industrial do Brasil, muitas empresas instaladas
no País responsáveis por mais de 500 mil empregos qualificados já estão sendo
dizimadas. Este é o resultado do povo brasileiro colocar no comando da nação
governantes incompetentes que nomeiam dirigentes de empresas corruptos.
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* Fernando Alcoforado, 75, membro da Academia Baiana de Educação, engenheiro e doutor em
Planejamento Territorial e Desenvolvimento Regional pela Universidade de Barcelona, professor
universitário e consultor nas áreas de planejamento estratégico, planejamento empresarial, planejamento
regional e planejamento de sistemas energéticos, é autor dos livros Globalização (Editora Nobel, São
Paulo, 1997), De Collor a FHC- O Brasil e a Nova (Des)ordem Mundial (Editora Nobel, São Paulo,
1998), Um Projeto para o Brasil (Editora Nobel, São Paulo, 2000), Os condicionantes do
desenvolvimento do Estado da Bahia (Tese de doutorado. Universidade de Barcelona,
http://www.tesisenred.net/handle/10803/1944, 2003), Globalização e Desenvolvimento (Editora Nobel,
São Paulo, 2006), Bahia- Desenvolvimento do Século XVI ao Século XX e Objetivos Estratégicos na Era
Contemporânea (EGBA, Salvador, 2008), The Necessary Conditions of the Economic and Social
Development- The Case of the State of Bahia (VDM Verlag Dr. Müller Aktiengesellschaft & Co. KG,
Saarbrücken, Germany, 2010), Aquecimento Global e Catástrofe Planetária (P&A Gráfica e Editora,
Salvador, 2010), Amazônia Sustentável- Para o progresso do Brasil e combate ao aquecimento global
(Viena- Editora e Gráfica, Santa Cruz do Rio Pardo, São Paulo, 2011) e Os Fatores Condicionantes do
Desenvolvimento Econômico e Social (Editora CRV, Curitiba, 2012), entre outros.