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Bóson de higgs partícula de deus
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BÓSON DE HIGGS: PARTÍCULA DE DEUS?
Fernando Alcoforado*
O físico Petter Higgs propôs uma teoria a fim de entender como surgiu o Universo. Para
Higgs, quando aconteceu o Big Bang, a explosão que originou o Universo há 14 bilhões de
anos, todas as partículas eram iguais. Após a explosão, o cosmos esfriou e se formou um
campo de força invisível, o “campo de Higgs”, com seus respectivos bósons (um tipo de
partícula subatômica). Então, essa partícula, o Bóson de Higgs, interagiu com todas as outras
e passou sua massa para as demais. Esse campo permanece no cosmos e qualquer partícula
que interaja com ele recebe uma massa através dos bósons. Quanto mais interagem, mais
pesadas se tornam. As partículas que não interagem permanecem sem massa. Portanto, as
partículas só conseguiram ganhar massa devido ao Bóson de Higgs.
Os físicos do LHC (The Large Hadron Collider) implantado na Suíça em 2009, maior
acelerador de partículas do mundo, anunciaram a descoberta de uma nova partícula que
acreditam seja o Bóson de Higgs, mais conhecido como a "partícula de Deus",
responsável por dar massa à matéria e, portanto, pela própria existência de estrelas,
planetas e seres vivos. Se o Bóson de Higgs for confirmado, haverá o coroamento da
teoria científica que explica como se comportam todos os componentes e todas as forças
existentes na natureza, à exceção da força de gravidade. Cabe observar que os
pesquisadores do LHC não admitem com todas as letras que se trata da almejada
"partícula de Deus".
O termo "partícula de Deus" foi dada pelo físico Leon Lederman, vencedor do Prêmio
Nobel de Física, pelo fato de o Bóson de Higgs ser a partícula que permite que todas as
outras tenham diferentes massas. O termo "partícula de Deus" tem sido usado
principalmente pela imprensa sensacionalista. No entanto, a maior parte da comunidade
científica prefere chamar mesmo de Bóson de Higgs, para que não haja distorção do real
significado do trabalho de pesquisa ou atribua a ele alguma conotação religiosa
imprópria. O termo "partícula de Deus" representa, sobretudo, a tentativa dos defensores
da existência de um Criador do Universo de demonstrar sua existência se apoiando nos
resultados de um experimento científico.
Caberia à ciência provar a existência de Deus? Ressalte-se que, durante muitos séculos,
Deus foi apresentado como o principal responsável pelo sucesso da aventura humana
sobre o planeta, até que a ciência começou a mostrar que isso não era necessariamente
verdade. Na década de 1860, a teoria da seleção natural e da evolução das espécies, de
Charles Darwin, lançou as primeiras dúvidas consistentes acerca da influência divina
sobre a ordem da vida na Terra. Com o passar dos anos, mais e mais pesquisadores
passaram a defender que o destino da humanidade era abandonar gradativamente a fé e
a religião em nome da crença em explicações objetivas para os fenômenos naturais.
(Ver o artigo de Rodrigo Cavalcante sob o título Procura-se Deus postado no website
<http://super.abril.com.br/religiao/procura-se-deus-446112.shtml>).
No artigo acima citado, Procura-se Deus, há a afirmação de que, no século 20,
Nietzsche, Marx, Freud, Sartre e outros chegaram a apostar na “morte” de Deus e no
início de uma “era da razão”. Não é preciso ser um especialista para saber que esse
triunfo não se concretizou. Ao contrário, o que se observa hoje é uma revalorização da
fé, inclusive entre os cientistas. Ao longo da história, a relação do homem com o
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sagrado tem se mostrado um traço extremamente persistente. O paleontólogo americano
Stephen Jay Gould acredita que a ciência e a religião trabalham de forma complementar,
e não oposta: a ciência para explicar os fenômenos naturais e a religião como pilar dos
valores éticos e da busca por um sentido espiritual para a vida. É por pensar assim que
ele sempre se colocou do lado dos pesquisadores que são contra misturar a ciência com
a religião.
Cabe observar que a ciência não pode fornecer provas definitivas das leis da natureza
porque, apesar de podermos testar uma ideia repetidas vezes, nunca poderemos estar
seguros de não existirem exceções. Mas, apesar de a ciência não ser capaz de nos
fornecer verdades absolutas, isso não significa que devemos colocá-la em pé de
igualdade com crenças religiosas e coisas semelhantes. A filosofia da ciência examina a
essência do método científico, procurando responder o que ele realmente nos permite
conhecer. A ciência lida com o conhecimento empírico, isto é, aquele que adquirimos
por meio de nossos sentidos - ampliados, se necessário, por instrumentos como
microscópios, telescópios ou aceleradores de partículas - e não apenas por reflexão.
O empirismo, como procedimento para conhecer o mundo natural, é relativamente
recente. Ele se estabeleceu com sucesso na revolução científica dos séculos XVI e
XVII, quando Galileu Galilei, Robert Boyle, Isaac Newton e outros mostraram que fatos
obtidos pela observação empírica podiam revolucionar a nossa visão de mundo. É nisso
que a ciência se distingue da religião. Existe uma diferença fundamental entre ciência e
religião. A ciência é baseada em observações reproduzíveis e na publicação aberta. A
religião se baseia na fé.
Quando um homem interroga sobre a existência de um ser como Deus, ele não está
consciente de estar a formular um problema científico nem espera dar-lhe uma solução
científica. Os problemas científicos estão todos relacionados com o conhecimento da
realidade que nos cerca. Uma explicação científica do mundo seria uma explicação
racional exaustiva daquilo que o mundo realmente é. A determinação das causas
primordiais da existência da natureza não é um problema científico, porque sua resposta
não é susceptível de verificação empírica.
Ao contrário da ciência, a noção de Deus aparece sempre na história como resposta a
algum problema existencial. Nos primórdios da humanidade, os deuses eram
constantemente invocados para explicar diversos acontecimentos da história dos
homens e das coisas. Qualquer que seja o seu valor essencial, trata-se de respostas
existenciais a perguntas existenciais. Como tal, nunca podem ser traduzidas em termos
de ciência, mas apenas em termos de uma metafísica existencial. Existe um conflito
irreconciliável entre a fé e a ciência? Esta interrogação surge cotidianamente. Basta
seguir as informações acadêmicas ou de periódicos.
Apesar de os detratores da religião insistirem que a atitude politicamente correta do
cientista é descartar a “hipótese de Deus”, o debate entre a ciência e a religião em geral
sempre volta à tona quando ocorrem novas descobertas científicas. Há cientistas que
afirmam que a ciência e a fé são incompatíveis, pela mesma razão que a irracionalidade
e a racionalidade o são. A quase totalidade dos cientistas defende que somente a ciência
está equipada para descobrir a verdade. É possível haver diálogo entre ciência e religião,
mas não será um diálogo construtivo. Segundo muitos cientistas, a religião nada tem a
acrescentar à ciência.
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*Fernando Alcoforado, 72, engenheiro e doutor em Planejamento Territorial e Desenvolvimento Regional
pela Universidade de Barcelona, professor universitário e consultor nas áreas de planejamento estratégico,
planejamento empresarial, planejamento regional e planejamento de sistemas energéticos, é autor dos
livros Globalização (Editora Nobel, São Paulo, 1997), De Collor a FHC- O Brasil e a Nova (Des)ordem
Mundial (Editora Nobel, São Paulo, 1998), Um Projeto para o Brasil (Editora Nobel, São Paulo, 2000),
Os condicionantes do desenvolvimento do Estado da Bahia (Tese de doutorado. Universidade de
Barcelona, http://www.tesisenred.net/handle/10803/1944, 2003), Globalização e Desenvolvimento
(Editora Nobel, São Paulo, 2006), Bahia- Desenvolvimento do Século XVI ao Século XX e Objetivos
Estratégicos na Era Contemporânea (EGBA, Salvador, 2008), The Necessary Conditions of the
Economic and Social Development- The Case of the State of Bahia (VDM Verlag Dr. Müller
Aktiengesellschaft & Co. KG, Saarbrücken, Germany, 2010), Aquecimento Global e Catástrofe
Planetária (P&A Gráfica e Editora, Salvador, 2010) e Amazônia Sustentável- Para o progresso do Brasil
e combate ao aquecimento global (Viena- Editora e Gráfica, Santa Cruz do Rio Pardo, São Paulo, 2011) ,
entre outros.