O documento discute a possibilidade de uma nova guerra mundial devido aos conflitos entre Israel, Palestina e Irã. A paz na região dependerá das ações de Israel para resolver questões com os palestinos e ceder territórios. Conflitos crescentes entre sunitas e xiitas, aliados de diferentes países, também aumentam o risco de uma guerra mais ampla.
SOCIAL REVOLUTIONS, THEIR TRIGGERS FACTORS AND CURRENT BRAZIL
Ameaça de nova guerra mundial no Oriente Médio em 2013
1. O MUNDO EM 2013 E A AMEAÇA DE UMA NOVA GUERRA MUNDIAL
Fernando Alcoforado*
Em seu livro 7 Deadly Scenarios- A Military Futurist Explores War in the Twenty-First
Century (7 Cenários Mortais- Um Futurista Militar Explora a Guerra no Século XXI),
publicado pela Bantam Books Trade Paperback Edition, New York, 2009, Andrew
Krepinevich, presidente do Center for Strategic end Budgetary Assessments aborda no
Capítulo 4 um dos 7 cenários mortais, o Armageddon: The Assault on Israel
(Armagedom: o Assalto sobre Israel). A palavra Armagedom significa batalha final. No
último livro da Bíblia sobre o Apocalipse, o nome Armagedom é citado como local de
uma guerra que preparará o caminho para um tempo de paz e justiça que destruirá
apenas a iniquidade (grave injustiça, crime, pecado), mas ultimamente o nome
Armagedom tem sido mais associado a uma catástrofe mundial ou a uma guerra
mundial.
A depender da atitude de Israel e de seus opositores no Oriente Médio na busca da paz
na região, pode-se admitir a primeira definição de Armagedom em que o local da guerra
(Israel, Palestina e Irã) preparará o caminho para um tempo de paz e justiça. A iniciativa
para construção da paz deveria partir do governo de Israel que só poderá acontecer se o
povo judeu constituir um governo que busque a conciliação com os povos palestino,
iraniano e os árabes em geral. Se a atitude de Israel e de seus oponentes na região for a
de confrontação, será muito grande a chance de que o Armagedom seja associada à 4ª
Guerra Mundial. Se a paz não for celebrada, os conflitos Israel- Palestina e Israel- Irã
tendem a produzir, portanto, uma guerra regional envolvendo todos os países da região
e, também, um conflito mundial com o envolvimento das grandes potências militares do
planeta (Estados Unidos, aliado de Israel e de alguns países árabes, e Rússia e China,
aliados dos palestinos, iranianos e outros países árabes) na defesa de seus interesses e de
seus aliados na região.
Para construir a paz com os palestinos, Israel deveria: 1) resolver a questão dos
refugiados palestinos (3 milhões e 600 mil) aplicando a Resolução 194, aprovada pela
Assembleia Geral da ONU em 11 de Dezembro de 1948 que reconhece o direito aos
refugiados de regressarem aos seus lares ou de serem indenizados, se assim preferirem;
2) devolver Jerusalém Oriental ocupada pelos israelenses em 1967 que a Resolução 242
do Conselho de Segurança da ONU ordena sua devolução aos palestinos; 3) abandonar
mais de duas centenas dos assentamentos de mais de 200 mil colonos israelenses na
Cisjordânia que Israel criou apoderando-se de todos os recursos hídricos e da maioria
das terras da Cisjordânia; 4) devolver aos palestinos cerca de 22% da Palestina que
Israel ocupou em 1967 para neles criarem o estado da Palestina, ao lado do Estado de
Israel com base nos acordos de Oslo, assinados em setembro de 1993 entre Israel e a
Organização para a Libertação da Palestina (OLP); e, 5) colaborar econômica e
financeiramente com os palestinos na construção do futuro Estado da Palestina.
Depende, portanto, da iniciativa de Israel a construção da paz entre israelenses e
palestinos. Não há dúvidas de que há setores políticos de ambos os lados contrários à
celebração da paz partidários que são de uma solução militar para o conflito entre
israelenses e palestinos cujo objetivo seria ganhar a guerra aniquilando o inimigo. No
entanto, nem Israel pode aniquilar os palestinos, nem vice-versa. Nem a extrema direita
israelense nem os grupos extremistas palestinos terão condições de impor sua vontade
pela força das armas na Palestina. Diante da inviabilidade de uma solução militar, os
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2. setores extremistas de ambos os lados deveriam fazer concessões para que delas resulte
a paz entre palestinos e judeus evitando, em consequência, o pior para ambos os povos,
bem como para a humanidade haja vista a possibilidade deste conflito se constituir em
epicentro da 4ª Guerra Mundial. As forças políticas reativas à paz na Palestina são os
setores belicistas de extrema direita que comandam Israel, o Hamas entre os palestinos,
o Hezbollah que atua no Líbano e o Irã.
Ressalte-se que o Hamas é uma organização palestina fundamentalista islâmica sunita
que controla desde junho de 2007 a Faixa de Gaza após a expulsão do Fatah, partido
palestino moderado que representa a Autoridade Nacional Palestina na Cisjordânia.
Recentemente, o líder político e fundador do Hamas, Khaled Meshaal, fez um discurso
que refletiu princípios do Hamas prometendo construir um Estado palestino islâmico em
toda a terra de Israel, da Cisjordânia e da Faixa de Gaza afirmando ainda que o Estado
judeu seria apagado através de "resistência", ou da ação militar. (Ver o artigo de Steven
Erlanger sob o título Leader Celebrates Founding of Hamas With Defiant Speech,
publicado em 8/12/2012 no website
<http://www.nytimes.com/2012/12/09/world/middleeast/khaled-meshal-hamas-leader-
delivers-defiant-speech-on-anniversary-celebration.html?_r=0>). O Hezbollah, por sua
vez, é uma organização com atuação política e paramilitar fundamentalista islâmica
xiita sediada no Líbano que surgiu inicialmente como uma milícia em resposta à
invasão do Líbano por Israel em 1982. Seus líderes se inspiraram nas ideias do aiatolá
Khomeini e suas forças foram treinadas e organizadas pela Guarda Revolucionária
iraniana.
Devido às acusações mútuas entre Irã e Israel no que concerne ao programa nuclear
iraniano, aos territórios palestinos ocupados por Israel e o apoio iraniano ao Hamas e ao
Hezbollah, as tensões aumentaram entre os dois países. O Irã promove o
desenvolvimento de armamentos nucleares com o propósito de se posicionar como uma
potência regional e exterminar o estado de Israel que, por sua vez, traça planos para
bombardear as instalações nucleares iranianas. Em seu livro 7 Deadly Scenarios,
Andrew Krepinevich afirma que com o final da Guerra Fria (3ª Guerra Mundial) grupos
árabes islâmicos extremistas como o Hamas na Palestina e o Hezbollah no Líbano
passaram a desafiar Israel através de uma campanha sustentada de terrorismo e guerrilha
com o uso de armas sofisticadas e foguetes com o crescente suporte de dirigentes
islâmicos iranianos.
Adicione-se a tudo isto a guerra civil na Síria que aponta para a inevitável intervenção
militar norte-americana conforme reportagem do jornal El País publicada no website
<http://noticias.uol.com.br/midiaglobal/elpais/2012/12/06/conflito-na-siria-aponta-para-
inevitavel-intervencao-norte-americana.htm>. Ressalte-se que a Síria faz fronteira com
Israel e é um país aliado do Irã, junto com quem patrocina o Hezbollah e o Hamas em
oposição ao Estado de Israel. Além de conflitos entre Palestina e Israel, Irã e Israel, há
hoje um conflito entre os países sunitas, liderados pela Arábia Saudita contra o Irã e
seus aliados e entre a Síria, que se alinhou com o Iraque que é de maioria xiita e com o
Irã que é totalmente xiita, contra os sunitas sauditas e todas as monarquias do Golfo
Pérsico. A tentativa de intervenção militar norte-americana na Síria significaria também
o envolvimento direto da Rússia que tem uma aliança militar com a Síria. A guerra civil
na Síria seria também mais um fator alavancador de conflito no Oriente Médio e de uma
nova guerra mundial.
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3. *Fernando Alcoforado, 73, engenheiro e doutor em Planejamento Territorial e Desenvolvimento Regional
pela Universidade de Barcelona, professor universitário e consultor nas áreas de planejamento estratégico,
planejamento empresarial, planejamento regional e planejamento de sistemas energéticos, é autor dos
livros Globalização (Editora Nobel, São Paulo, 1997), De Collor a FHC- O Brasil e a Nova (Des)ordem
Mundial (Editora Nobel, São Paulo, 1998), Um Projeto para o Brasil (Editora Nobel, São Paulo, 2000),
Os condicionantes do desenvolvimento do Estado da Bahia (Tese de doutorado. Universidade de
Barcelona, http://www.tesisenred.net/handle/10803/1944, 2003), Globalização e Desenvolvimento
(Editora Nobel, São Paulo, 2006), Bahia- Desenvolvimento do Século XVI ao Século XX e Objetivos
Estratégicos na Era Contemporânea (EGBA, Salvador, 2008), The Necessary Conditions of the
Economic and Social Development- The Case of the State of Bahia (VDM Verlag Dr. Müller
Aktiengesellschaft & Co. KG, Saarbrücken, Germany, 2010), Aquecimento Global e Catástrofe
Planetária (P&A Gráfica e Editora, Salvador, 2010), Amazônia Sustentável- Para o progresso do Brasil e
combate ao aquecimento global (Viena- Editora e Gráfica, Santa Cruz do Rio Pardo, São Paulo, 2011) e
Os Fatores Condicionantes do Desenvolvimento Econômico e Social (Editora CRV, Curitiba, 2012), entre
outros.
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