O documento descreve o sistema de educação da China, que possui três níveis: primário, secundário e superior. O ensino primário é obrigatório e dura seis anos. O ensino secundário é dividido em dois ciclos, sendo o primeiro obrigatório e de três anos. O sistema chinês alcançou o primeiro lugar no PISA devido a grandes investimentos em estruturas, professores e currículo. Apesar de muito competitivo, possui altas taxas de alfabetização.
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O sistema de educação da china
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O SISTEMA DE EDUCAÇÃO DA CHINA
Fernando Alcoforado*
O sistema de educação da China foi analisado tomando por base o conteúdo dos artigos
seguintes: 1) Estrutura do sistema de ensino na China disponível no website
<http://cursos-internacionais.universia.net/china/sistema-educativo/estrutura.html>; 2)
Sistema Educacional na China disponível no website
<http://veja.abril.com.br/noticia/educacao/o-sistema-educacional-que-fez-da-china-
uma-potencia/>; 3) Xangai: qualidades e falhas do melhor sistema educacional do
mundo disponível no website <http://noticias.terra.com.br/educacao/xangai-qualidades-
e-falhas-do-melhor-sistema-educacional-do-
mundo,91c573c590ac2410VgnCLD2000000ec6eb0aRCRD.html>; e, 4) Líder em
educação, China faz aluno estudar três vezes mais que o resto disponível no website
<http://g1.globo.com/educacao/noticia/2013/12/lider-em-educacao-china-faz-aluno-
estudar-tres-vezes-mais-que-o-resto.html>.
O sistema de educação da China tem uma estrutura em três níveis: 1) primário; 2)
secundário; e, 3) superior. O ensino primário tem início aos seis anos de idade, é
obrigatório e tem uma duração de seis anos. O ensino secundário é dividido, por sua
vez, em ensino secundário do primeiro ciclo e ensino secundário do segundo ciclo. O
primeiro ciclo do ensino secundário costuma ter uma duração de 3 anos e é obrigatório.
Para entrarem no segundo ciclo do ensino secundário, que tem uma duração de três
anos, os alunos precisam ser aprovados através de exames pertinentes. O ensino
superior, ministrado em universidades, institutos e centros de formação profissional
possui três níveis: 1) formação profissional; 2) ensino universitário; e, 3) cursos de pós-
graduação (mestrado e doutorado).
O primeiro nível do ensino universitário chinês que os estudantes têm acesso após
concluir o ensino secundário é o undergraduate (licenciatura), que tem uma duração de
quatro anos. Imediatamente a seguir encontra-se o grau de mestrado que tem a duração
de três anos. Por fim, o doutorado, que é o nível universitário mais elevado e a sua
duração consiste em três anos. O ensino nos níveis de licenciatura (undergraduate) é
realizado em chinês, embora as instituições façam um esforço cada vez maior para se
internacionalizarem. Por outro lado, nas universidades com maior participação de
estudantes estrangeiros, os professores estrangeiros ministram suas disciplinas em
inglês, sobretudo as relacionadas com o âmbito empresarial e financeiro. No caso de
fazerem os estudos em mandarim, os estudantes estrangeiros têm de cursar um ou dois
anos letivos desta língua.
O ano letivo tem dois semestres de cerca de 20 semanas cada um. O primeiro tem início
em setembro e o segundo em fevereiro do ano seguinte. É obrigatório assistir às aulas. .
Na China, só os níveis compulsórios de ensino - do primeiro ao nono ano - são
gratuitos. Os três anos de ensino médio são pagos, mesmo nas escolas públicas. E
mesmo nos níveis gratuitos os pais devem pagar uniforme, transporte e alimentação. No
que se refere ao financiamento do ensino, a China possui uma política de custos
partilhados, pela qual os estudantes contribuem com uma percentagem variável e
dependente do seu nível de rendimentos. Há, portanto, alunos que financiam eles
próprios os seus estudos e os que estudam graças a uma bolsa do governo. Pretende-se o
acesso generalizado ao ensino superior. Neste sentido, nos últimos anos, foram
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implementados planos específicos, orientados para pessoas com dificuldades
econômicas. Estes planos incluem bolsas, isenções ou reduções de
matrículas ou empréstimos estatais.
O sistema de educação da China ocupa hoje o primeiro lugar no PISA (Programa
Internacional de Avaliação de Estudantes) que avalia o desempenho de alunos até 15
anos de idade em matemática, ciências e leitura. A ascensão da China ao primeiro lugar
no PISA significou a queda da Finlândia que liderava este ranking. Para alcançar a
liderança no PISA, houve grande investimento por parte do governo chinês na melhoria
das estruturas físicas e humanas como parte da reforma necessária em busca do aumento
da qualidade na educação. O investimento nos professores foi o principal impulso para
alcançar este objetivo. A cada 5 anos, o professor passa por um processo de avaliação
para verificar seu nível de atualização. Se reprovado, ainda existe a possibilidade do
professor se preparar para uma segunda prova, que, se novamente reprovado, é
remanejado para qualquer outro setor da escola até passar por nova avaliação, quando
então, se reprovado, fica impedido de lecionar em qualquer parte da China.
Um fato muito significativo chama a atenção: a diferença entre a média mais baixa e a
mais alta dos estudantes das escolas é mínima, ou seja, todos os alunos são muito bons.
Há muita organização, disciplina, estudos individuais, investimento em estrutura,
conteúdos acadêmicos, esportes e artes, além de muito apoio da família. Não há
problemas de indisciplina nas escolas. Os pais chineses são muito rigorosos com a
educação dos filhos, acreditam na escola, são parceiros e respeitam muito o professor.
Pode-se afirmar que a educação da China galgou o primeiro lugar no PISA porque
possui um Currículo muito bem estruturado de forma científica, privilegiando o
desenvolvimento saudável tanto físico como mental dos estudantes, a capacitação
integral dos professores, a união de forças e vontades entre governo, profissionais da
educação, alunos e pais. Para os chineses, o conhecimento não tem pátria e fala uma
única linguagem e por isso, com humildade enviaram seus profissionais para várias
partes do mundo em busca das melhores práticas pedagógicas.
Na China, existe um apreço quase obsessivo pelo ensino que é um valor compartilhado
por toda sociedade chinesa. Apesar da renda limitada dos pais, eles é que pagam as
escolas de reforço dos filhos e também seus estudos. O governo dá apenas os livros. O
sistema de ensino chinês é muito competitivo havendo numerosos testes ao longo das
diversas etapas do sistema. Apesar disso, os níveis de fracasso escolar são muito baixos
e a taxa de alfabetização ultrapassa os 94%, segundo dados do Banco Mundial. Assim
como outros sistemas de ensino asiáticos, o chinês tende a privilegiar o cálculo e a
memorização sobre a criatividade, a análise e a capacidade de expressão. Na Ásia, se
costuma promover mais o cálculo e a memorização de conteúdos ao invés de
habilidades analíticas, a imaginação e a iniciativa pessoal. Ao lado deste sistema de
ensino se acrescenta na China uma grande pressão dos pais, professores e da sociedade
em geral, para que os jovens, quase sempre filhos únicos, alcancem o sucesso
acadêmico que lhes permita competir por um bom trabalho no país mais povoado do
mundo. Essa pressão, combinada com um grande número de horas de estudo tão intenso
que não deixa tempo livre para qualquer outra coisa, pode prejudicar o desenvolvimento
saudável da personalidade e das habilidades sociais dos estudantes.
* Fernando Alcoforado, 75, membro da Academia Baiana de Educação, engenheiro e doutor em
Planejamento Territorial e Desenvolvimento Regional pela Universidade de Barcelona, professor
universitário e consultor nas áreas de planejamento estratégico, planejamento empresarial, planejamento
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regional e planejamento de sistemas energéticos, é autor dos livros Globalização (Editora Nobel, São
Paulo, 1997), De Collor a FHC- O Brasil e a Nova (Des)ordem Mundial (Editora Nobel, São Paulo,
1998), Um Projeto para o Brasil (Editora Nobel, São Paulo, 2000), Os condicionantes do
desenvolvimento do Estado da Bahia (Tese de doutorado. Universidade de Barcelona,
http://www.tesisenred.net/handle/10803/1944, 2003), Globalização e Desenvolvimento (Editora Nobel,
São Paulo, 2006), Bahia- Desenvolvimento do Século XVI ao Século XX e Objetivos Estratégicos na Era
Contemporânea (EGBA, Salvador, 2008), The Necessary Conditions of the Economic and Social
Development- The Case of the State of Bahia (VDM Verlag Dr. Müller Aktiengesellschaft & Co. KG,
Saarbrücken, Germany, 2010), Aquecimento Global e Catástrofe Planetária (P&A Gráfica e Editora,
Salvador, 2010), Amazônia Sustentável- Para o progresso do Brasil e combate ao aquecimento global
(Viena- Editora e Gráfica, Santa Cruz do Rio Pardo, São Paulo, 2011), Os Fatores Condicionantes do
Desenvolvimento Econômico e Social (Editora CRV, Curitiba, 2012) e Energia no Mundo e no Brasil-
Energia e Mudança Climática Catastrófica no Século XXI (Editora CRV, Curitiba, 2015).