1) O documento discute estratégias de gestão energética sustentável no Brasil, com foco em energias renováveis.
2) Ele apresenta a matriz energética brasileira atual e possíveis cenários futuros, destacando o potencial de fontes como hidrelétrica, eólica e solar.
3) O documento também analisa os pontos fracos do planejamento energético brasileiro e defende políticas de eficiência energética e fontes renováveis em substituição a hidrelétricas de grande porte e nucleares.
SOCIAL REVOLUTIONS, THEIR TRIGGERS FACTORS AND CURRENT BRAZIL
Seminário os dilemas da energia e do desenvolvimento
1. SEMINÁRIO OS DILEMAS DA ENERGIA E
DO DESENVOLVIMENTO:
transições regionais de energia
ENERGIAS RENOVÁVEIS, A EXPERIÊNCIA DO
BRASIL: ESTRATÉGIAS DE GESTÕES
ENERGÉTICAS SUSTENTÁVEIS
Engo. FERNANDO ALCOFORADO
2. O PROPÓSITO DA
ENERGIA SUSTENTÁVEL
• A energia sustentável vai
além da mera adequação de
suprimentos energéticos
porque contempla também
as dimensões
social, econômica e
ambiental.
3. A POLÍTICA DE ENERGIA
SUSTENTÁVEL
• A política de energia sustentável deve
contribuir para produzir e usar energia
de forma que:
1) limite a degradação ambiental;
2) preserve a integridade dos sistemas
naturais;
3) elimine os riscos causados pelas
mudanças climáticas globais; e,
4) promova o progresso econômico e
social em direção a um mundo mais
estável, pacífico, justo e humano.
4. AS ENERGIAS RENOVÁVEIS
• As energias renováveis são aquelas
provenientes de ciclos naturais de conversão
da radiação solar, fonte primária de quase toda
energia disponível na Terra e, por isso, são
praticamente inesgotáveis.
• São exemplos de fontes de energia renovável
a energia hidroelétrica, solar, eólica, da
biomassa, do mar e geotérmica. Como
exemplos de energia não renovável temos o
petróleo, o carvão e o gás cujos recursos são
esgotáveis.
• As energias renováveis podem suprir as
necessidades mundiais de energia com
emissões nulas ou quase nulas de gases do
efeito estufa contribuindo para enfrentar os
riscos de mudança climática sem nenhuma
redução de consumo de energia.
5. OFERTA INTERNA DE ENERGIA
NO BRASIL
OFERTA INTERNA DE ENERGIA OFERTA INTERNA DE ENERGIA
NO BRASIL EM 2009- % NO BRASIL EM 2030- %
4%
outras
renováveis
9%
18% petróleo e
derivados
38% produtos da 28%
cana
19%
10%
lenha e
carvão gás natural
vegetal hidráulica e 15%
6% eletricidade
15% carvão
13%
9% mineral
5% 7%
1% urânio
3%
6. FONTES RENOVÁVEIS E NÃO
RENOVÁVEIS NA MATRIZ
ENERGÉTICA BRASILEIRA- %
60
50
40
30 Fontes renováveis
Fontes não renováveis
20
10
0
2005 2010 2020 2030
8. CONSUMO DE DERIVADOS DE
PETRÓLEO POR SETOR EM 2009- %
consumo na transformação
4%
setor
energético
consumo final não comercial
5%
energético 0%
residencial público
14% 6% 1%
agropecuário
industrial 6%
13%
transportes
51%
9. ESTRUTURA DA DEMANDA DE
COMBUSTÍVEIS LÍQUIDOS POR SETOR
COMBUSTÍVEL LÍQUIDO DESTINO DO COMBUSTÍVEL LÍQUIDO %
Querosene Transporte (aeronaves) 98
Álcool Transporte (automóveis) 95
Gasolina Transporte (automóveis/ caminhões) 100
Diesel Transporte (automóveis/ caminhões) 78
Setor Agropecuário 14
Geração de energia elétrica 6
Óleo combustível Transporte (navios) 11
Indústria 61
Geração de energia elétrica 10
GLP Residências 80
Serviços 11
Nafta Uso não energético 100
12. OFERTA INTERNA DE ENERGIA
ELÉTRICA POR FONTE
OFERTA INTERNA DE ENERGIA OFERTA INTERNA DE ENERGIA
ELÉTRICA POR FONTE EM 2009- % ELÉTRICA POR FONTE EM 2030- %
gás natural biomassa cogeração eólicas resíduos outras
eólica
3% 5% biomassa da 1% urbanos 1%
0%
carvão cana 1%
derivados de 3% 3%
importação
petróleo 8%
3% nucleares
5%
nuclear
3%
gás natural
carvão e 9%
derivados
1%
hidráulica hidráulica
77% 77%
13. POTENCIAL HIDRELÉTRICO DO BRASIL
1. NORTE
• Potencial: 111.396 MW
• Explorado: 8,9%
2. NORDESTE
• Potencial : 26.268 MW
• Explorado: 40,4%
3. SUDESTE / CENTRO - OESTE
• Potencial: 78.716 MW
• Explorado: 41,0%
4. SUL
• Potencial: 42.030 MW
• Explorado: 47,8%
5. BRASIL
• Total: 258.410 MW
• Explorado: 28,2%
Fonte: Balanço Energético Nacional 2005
14. POTENCIAL DE ENERGIA EÓLICA NO BRASIL
Atlas de Energia Eólica – Cepel / Eletrobras
16. CUSTO DA GERAÇÃO DE ENERGIA
ELÉTRICA
• Biomassa: R$ 102/MWh
• PCH: R$ 116/ MWh
• Energia hidroelétrica: R$ 118/ MWh
• Carvão importado: R$ 128/ MWh
• Carvão nacional: R$ 135/ MWh
• GNL: R$ 126/ MWh
• Nuclear: R$ 139/ MWh
• Gás natural: R$ 140,00/ MWh
• Energia eólica: R$ 197/MWh
• Biogás: R$ 191/ MWh
• Óleo combustível: R$ 330/ MWh
• Óleo diesel: R$ 491/ MWh
Fonte: ESTUDO DE UTILIZAÇÃO DA ENERGIA EÓLICA COMO FONTE GERADORA DE ENERGIA NO
BRASIL de MURILO VILL MAGALHÃES, UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA, 2009.
17. CENÁRIO PARA O CONSUMO DE
ENERGIA ELÉTRICA 2005
CENÁRIO 2005
Geração total: 367 TWh/ano
Hidrelétricas 84%
Biomassa 4%
Gás natural 4%
Diesel e Óleo combustivel 4%
Carvão 1%
Nuclear 3%
18. CENÁRIO PARA O CONSUMO DE
ENERGIA ELÉTRICA 2005
CENÁRIO 2005
Nuclear
Carvão
Fonte de energia
Diesel e Óleo combustivel
Gás natural
Biomassa
Hidrelétricas
0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6 0.7 0.8 0.9
Participação na matriz elétrica
20. CENÁRIO DE REFERÊNCIA 2050
(MME)
CENÁRIO DE REFERÊNCIA 2050
Painéis fotovoltaicos
Carvão
Diesel e Óleo combustivel
Fonte de energia
Nuclear
Eólica
Biomassa e resíduos
Gás natural
Hidrelétricas
0 0.05 0.1 0.15 0.2 0.25 0.3 0.35 0.4
Participação na matriz elétrica
21. CENÁRIOS 2050
CENÁRIO INTERMEDIÁRIO CENÁRIO REVOLUÇÃO
2050 ENERGÉTICA 2050
Painéis fotovoltaicos Painéis fotovoltaicos
Carvão Carvão
Diesel e Óleo combustivel Diesel e Óleo combustivel
Fonte de energia
Fonte de energia
Nuclear Nuclear
Eólica Eólica
Biomassa e resíduos Biomassa e resíduos
Gás natural Gás natural
Hidrelétricas Hidrelétricas
0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0 0.1 0.2 0.3 0.4
Participação na matriz elétrica Participação na matriz elétrica
22. DIRETRIZES DE PROGRAMAS PARA
REDUÇÃO DO CONSUMO DE PETRÓLEO COM
A SUBSTITUIÇÃO DE ENERGÉTICOS
• Substituição da gasolina pelo etanol e do
diesel pelo biodiesel a curto prazo no setor de
transporte.
• Substituição da gasolina e do diesel pelo
hidrogênio a médio e longo prazo no setor de
transporte.
• Substituição do óleo combustível pelo gás
natural e biomassa na indústria.
• Substituição do carvão mineral pelo gás
natural na indústria.
• Substituição do diesel pela biomassa e gás
natural no setor energético.
• Substituição do GLP pelo gás natural no setor
residencial.
23. DIRETRIZES DE PROGRAMAS PARA
REDUÇÃO DO CONSUMO DE PETRÓLEO
E AÇÕES DE ECONOMIA DE ENERGIA
• Produção de vapor e eletricidade na indústria com o
uso de sistemas de cogeração.
• Incentivo às montadoras de automóveis e caminhões
no sentido de elevar a eficiência dos veículos
automotores para economizar energia.
• Expansão dos sistemas ferroviários e hidroviários para
o transporte de carga em substituição aos caminhões.
• Expansão do transporte coletivo, sobretudo o
transporte de massa de alta capacidade como o metrô
ou VLT para reduzir o uso de automóveis nas cidades.
• Restrição ao uso de automóveis nos centros e em
outras áreas das cidades.
• Incentivo à fabricação de máquinas e equipamentos de
maior eficiência para economizar energia.
24. PONTOS FRACOS DO PLANEJAMENTO
DO SISTEMA ELÉTRICO NO BRASIL
1. Implantação de centrais hidrelétricas na
Amazônia de grande porte com sérios
impactos ambientais sobre a floresta
amazônica e os povos indígenas
2. Implantação de centrais nucleares sujeitas
a riscos de acidentes e com problemas de
disposição final do lixo atômico
3. Implantação de termelétricas convencionais
baseadas em combustíveis fósseis (carvão
mineral e gás natural) geradoras da
emissão de CO2 para a atmosfera
4. Operação do sistema elétrico interligado de
baixa confiabilidade sujeito a “apagões”
25. A POLÍTICA DE SUPRIMENTO DE ENERGIA
ELÉTRICA REQUERIDA PARA O BRASIL
• Implantar PCH s (pequenas centrais hidrelétricas) ou
hidroelétricas de médio porte em várias regiões do
Brasil ao invés de hidroelétricas de grande porte.
• As centrais nucleares, por sua vez, deveriam ser
abandonadas como alternativa energética por
problemas de segurança e disposição final do lixo
atômico.
• Adotar a política de economia de energia em todos os
setores da atividade do país.
• Incrementar a cogeração na indústria visando a
produção de calor e eletricidade com a utilização de
resíduos da produção industrial e do gás natural.
• Usar o biogás proveniente dos aterros sanitários na
produção de eletricidade.
• Utilizar o hidrogênio como fonte geradora de energia a
médio e longo prazo.
• Elevar a confiabilidade na operação do sistema elétrico
para minimizar os efeitos dos “apagões”.
26. COMO EVITAR A IMPLANTAÇÃO DE
HIDRELÉTRICAS DE GRANDE PORTE NA
AMAZÔNIA
• Implantar PCH s (pequenas centrais
hidrelétricas) ou hidrelétricas de médio porte
em várias regiões do Brasil.
• Implantar usinas eólicas e sistemas híbridos
nas localidades mais apropriadas.
• Realizar complementação através de usinas
termelétricas convencionais utilizando o gás
natural que é a fonte fóssil mais limpa, de
turbinas eólicas e sistemas de energia solar
fotovoltaica ou termossolar onde justificar
sua implantação, se as hidroelétricas de
pequena ou média escala não forem
suficientes para suprir a demanda.
27. BARREIRAS À PENETRAÇÃO DAS
ENERGIAS RENOVÁVEIS NO BRASIL
• O setor elétrico e o setor petróleo são dominados por
autênticos feudos que impedem a realização de um
planejamento energético em bases racionais.
• Falta de financiamentos de longo prazo apropriados.
• Falta de uma apropriada estrutura legal para apoiar o
desenvolvimento das fontes renováveis de energia.
• As tecnologias renováveis sofrem competição desigual
das tecnologias convencionais também em termos de
preços dos usos finais.
• Distorção da não apropriação de custos externos ou
das externalidades negativas com o uso de tecnologias
convencionais.
28. BARREIRAS À PENETRAÇÃO DAS
ENERGIAS RENOVÁVEIS NO BRASIL
• Os obstáculos nas etapas de
pesquisa, desenvolvimento e demonstração
são numerosos no Brasil.
• Falta de conhecimento e confiança dos
governantes e da população no potencial e
nas possibilidades de desenvolvimento das
energias renováveis.
• As fontes renováveis de energia não podem
se desenvolver sem incentivo governamental.
• O financiamento a baixo custo não é suficiente
para promover fontes renováveis de energia.
• Não haver a desoneração fiscal ou a
depreciação acelerada dos investimentos em
energias renováveis.
29. ESTRATÉGIAS SUSTENTÁVEIS DE
ENERGIA PARA O BRASIL
• Colocar em prática as ações que contribuam para a viabilização do
Cenário Revolução Energética proposto pelo Greenpeace para o
setor elétrico, a máxima substituição de derivados de petróleo por
energia renovável e a adoção de medidas de economia de energia
em geral.
• Superar as barreiras para a penetração das renováveis de natureza
política, de cunho legal, financeiro, fiscal, de capacitação
tecnológica, de informação, educação e treinamento.
• Adotar um planejamento energético no Brasil em bases racionais e
sistêmicas.
• Assegurar a participação dos estados e municípios no
planejamento energético do Brasil a fim de que as demandas de
desenvolvimento local do setor de energia sejam consideradas.
• Oferecer financiamento aos investidores de energia renovável para
eliminar sua aversão ao risco representada pelo alto custo de
produção, o mercado ainda não estar bem consolidado, a
tecnologia não estar bem difundida e a escala de produção ser
reduzida.
30. ESTRATÉGIAS SUSTENTÁVEIS
DE ENERGIA PARA O BRASIL
• Promover a desoneração fiscal total ou parcial sobre os
biocombustíveis.
• Criar uma apropriada estrutura legal para apoiar o
desenvolvimento das fontes renováveis no Brasil.
• Garantir o acesso à rede de transmissão e distribuição
de energia elétrica para pequenos produtores
independentes.
• Utilizar mecanismos legais de apoio às fontes
renováveis de energia tais como: i) Fixação de Preços
(Feed-in Arrangements); ii) Leilões de Energia
(Tendering Arrangements); iii) Participação Voluntária
(Green Pricing Scheme); e, iv) Certificados Verdes
(Tradable Renewable Energy Certificate – TREC).
• Apropriar os custos externos ou as externalidades
negativas na comparação entre as tecnologias
convencionais e as tecnologias renováveis.
31. ESTRATÉGIAS SUSTENTÁVEIS DE
ENERGIA PARA O BRASIL
• Impor taxas sobre emissões de carbono e outros
poluentes na operação de empreendimentos
energéticos.
• Superar os obstáculos existentes em
pesquisa, desenvolvimento e demonstração no Brasil
reforçando os centros de P&D existentes e criando
novos.
• Preparar o aparato industrial para dar suporte aos
objetivos traçados para fontes renováveis.
• Conscientizar os governantes e a população dos
benefícios não energéticos das energias renováveis, tais
como o incremento da renda ou a geração de empregos.
• Incrementar o apoio do governo federal aos programas
de energias renováveis.
• Aumentar a contribuição do BNDES aos programas de
32. ESTRATÉGIAS SUSTENTÁVEIS
DE ENERGIA PARA O BRASIL
• Desenvolver um arcabouço legal, regulatório e
institucional sólido, de forma a reduzir os riscos para
os investidores e financiadores de energias
renováveis.
• Articular os bancos de varejo, os bancos de
desenvolvimento regionais e as agências de fomento
no sentido de promover as energias renováveis.
• Incrementar o aproveitamento do grande potencial de
energia eólica da Bahia.
• Superar os problemas de produção agrícola, de
infraestrutura, de assistência técnica, de capacitação
agrícola, dentre outros que dificultam a implementação
do Programa de Biodiesel no estado da Bahia.
• Superar os obstáculos existentes em
pesquisa, desenvolvimento e demonstração no Brasil.
33. ESTRATÉGIAS SUSTENTÁVEIS
DE ENERGIA PARA O BRASIL
• Conscientizar os governantes e a população dos benefícios não
energéticos, tais como o incremento da renda ou a geração de
empregos locais propiciadas pelas energias renováveis.
• O governo federal deveria apoiar firmemente os programas de
energias renováveis existentes e criar novos.
• Aumentar a contribuição do BNDES aos programas de energias
renováveis.
• Desenvolver um arcabouço legal, regulatório e institucional
sólido, de forma a reduzir os riscos para os financiadores.
• Articular os bancos de varejo, os bancos de desenvolvimento
regionais e as agências de fomento no sentido de promover as
energias renováveis.
• Incrementar o aproveitamento do grande potencial de energia
eólica da Bahia.
• Superar os problemas de produção agrícola, de infraestrutura, de
assistência técnica, de capacitação agrícola, dentre outros que
dificultam a implementação do Programa de Biodiesel no estado da
Bahia.
34. ALGUNS DESAFIOS A ENFRENTAR
• O que fazer com a utilização do potencial
hidrelétrico na Amazônia em razão dos seus
impactos socioambientais?
• O que fazer com a exploração do pré-sal por
conta do aumento das emissões brasileiras dos
gases de efeito estufa, bem como dos seus
altos custos financeiros?
• Cabe perguntar se estamos preparados para
enfrentar esses desafios e evitar que mais uma
vez escolhamos os caminhos tortuosos que
nos fazem chegar sempre atrasados ao futuro
que outros países já alcançaram.
• Enquanto o mundo assiste a uma corrida
tecnológica pela busca dos substitutos do
petróleo, celebramos a descoberta do pré-sal
como a redenção do Brasil.