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Universidade do Estado da Bahia –UNEB
             Campus II –Alagoinhas
 Departamento de Ciências Exatas e da Terra –DCET




Portfólio apresentado como um dos requisitos de
avaliação e reflexão da prática pedagógica no
componente curricular Estágio Supervisionado II, sob a
orientação da Professora Cláudia Regina Teixeira de
Souza.
Sumário
1- Prefácio: O Portifólio           Pág. 6
2- Capítulo 1 : Começo de tudo        Pág. 7
3- Capítulo 2 : A escola                Pág. 9
4- Capítulo 3 : A professora               Pág. 14
5- Capítulo 4 : Os alunos                    Pág. 17
6- Capítulo 5 : Caminhando melhor                Pág. 22
7- Capítulo 6 : O Estágio                          Pág. 25
8 - Capítulo 7 : Recursos didáticos                  Pág. 33
9 - Capítulo 8: Voltando no tempo                        Pág. 44
10 - Mensagem ao leitor                                   Pág. 57
11 - Mensagem ao professor                              Pág. 58
12 - Recordações                                    Pág. 59
13 – Agradecimentos                               Pág. 60
14- Referências                                Pág. 61
Prefácio
  O Portfólio
             O Portfólio compreende um instrumento de coleção de todos os
trabalhos realizados pelos estudantes durante um curso ou disciplina. Deste
modo, o portfólio, pode incluir resumos de textos, relatórios ou projetos de
pesquisa, reflexões, anotações, ou qualquer tarefa que permita ao aluno discorrer
de como uma experiência significou pra sua vida, seus hábitos de estudo e seus
comportamentos. Assim o objetivo do portfólio é ajudar o aluno a desenvolver a
habilidade de avaliar seu próprio trabalho, orientando-o enquanto ser construtivo
que é.
             Segundo Villas Boas (2004) o portfólio é um procedimento de avaliação
que permite aos alunos participar da formulação dos objetivos de sua
aprendizagem e avaliar seu progresso.
             Nesse sentido, a obra escrita por Edilândia Rios de Oliveira, aluna do
Curso de Ciências Biológicas pela Universidade do Estado da Bahia, surge como
uma história real, imbuída de sensações experimentadas, na busca de trazer ao
leitor o olhar de um ângulo divergente, não considerando apenas os problemas
que permeiam um lado da história, mas um olhar que perceba o quanto ser
Professor pode ser bonito.
                                                                          Pág. 06
Capítulo I
     Começo de tudo
             Os raios de luz de outubro que penetravam o quarto diziam...
era um dia de sol... Ainda cochilando vi que o relógio do celular marcava
07:00h da manhã de uma quinta-feira, era preciso levantar, o corpo pedia
que eu permanecesse ali. Meio de súbito, lembrei, “É hoje!! O primeiro dia
de Estágio”, aquela lembrança veio à tona e despertou-me muito mais que
o barulho de que qualquer despertador. Em ligeiro instante, ainda deitada,
imaginei um mundo de coisas que poderiam acontecer ao entrar na sala de
aula, ao assumir uma turma; coisas boas, coisas ruins... Como reagir a cada
uma delas?
           Rodeada por uma atmosfera de sentimentos mistos; um coquetel
completo de sensações desconhecidas; senti uma vontade enorme de que
esse momento já tivesse passado, vontade de me livrar, me livrar sim! Aquilo
tudo parecia um fardo e no momento pesava, mais do que eu queria, mais
do que eu podia imaginar.
                                                                    Pág. 07
Ao levantar, relutei, “hoje definitivamente, não era o
melhor dia pra começar”. Não estava bem comigo mesmo, não sabia
o porquê, apenas sentia que não estava.
          A manhã passou depressa, mal tinha acordado, nem tinha
me livrado daquela sensação de medo que me acompanhou durante
as poucas horas do dia, já era a hora de ir, eu tinha que ir... Embora
aquela experiência não fosse a primeira vez, pra mim, era como se
fosse. Então saí de casa, disposta a encarar o traiçoeiro medo,
descobrir ou incentivar o meu “eu professor’’.




                                                              Pág. 08
Capítulo 2
A escola
          Pra viver essa experiência, escolhi o Colégio Polivalente de
Alagoinhas, situado no Bairro Silva Jardim desta cidade.
Estruturalmente uma escola como todas as outras, com salas de aula,
secretaria, biblioteca, cantina, campo para futebol. Composta de
professores e de alunos, a alma daquele lugar! Sem eles todos os
cômodos não passariam de um espaço vazio, sem história, sem
recordações, sem aprendizado, nem ensino... E sem sua alma aquilo
tudo, nada seria...
          Não demorou muito, aos poucos, pude me sentir membro da
instituição. Como estagiária; fui tratada como efetiva, como
professora; um membro da casa... Lá aprendi a não me sentir menor,
tão pouco maior, apenas igual.
                                                              Pág. 09
Nos dias que chegava cedo na escola, enquanto descansava
numa poltrona de napa amarela que repousava ao lado da
secretaria, observava tudo. Numa viagem rápida de pensamento,
formulava previamente conceitos; imaginava coisas, achava graça de
outras e me perdia no tempo. Não era uma espera cansada pela aula
que logo começaria, era um momento meu. Nessa hora, lembrava de
quando estudava, do espaço, do lanche, sobretudo da paz que era
estar com os amigos! Ah! Os amigos da escola, quanta falta me faz...
          O olhar distante focava aquele grupo de meninas sorrindo,
os rapazes flertando ao lado... Tudo isso não me era estranho; era
possível voltar no tempo... Eu, com cara de boba, inconsciente sorria.
          O toque do sinal alertava... Levantava como se nada tivesse
passado pela cabeça e seguia aquele percurso tantas vezes feito...
Aquele caminho que no início foi tão difícil trilhar... Rumo à minha
sala.

                                                              Pág. 10
A escola surgiu nas civilizações do Egito e da Mesopotâmia e
desde a sua gênesis, ela foi um estabelecimento restrito as elites. Não
obstante, esse quadro sofreu alterações no século XVIII, devido
correntes de pensamento que defendia escolaridade para todos. De lá
para cá, muita coisa mudou... A escola hoje, assume diversos papéis na
sociedade. Tem, ou pelo menos deveria ter, o objetivo de buscar um
ponto comum entre comunidade, família, alunos, gestores, professores
e funcionários, de modo que cada indivíduo sinta-se parte responsável
transformador da educação; deve sobretudo, estabelecer relações
democráticas, inserindo o aluno ao contexto escolar e social.
          Nesse contexto, a escola deve construir um currículo capaz de
favorecer um aprendizado social, baseado no diálogo e na interação em
constante processo de recriação e reinterpretação de conceitos,
transformando a escola num espaço em que o aluno terá condições de
analisar a natureza em um contexto entrelaçado de práticas sociais
(JACCOBI, 2003).
                                                             Pág. 11
Veiga (2001), afirma que a qualidade da educação não
 depende apenas de uma gestão democrática, mas de um planejamento
 participativo e de um projeto pedagógico eficiente e contextualizado
 com a realidade da escola.
           Segundo Libâneo (2004):

         “A educação escolar tem a tarefa de promover a apropriação de saberes,
         procedimentos, atitudes e valores por parte dos alunos, pela ação
         mediadora dos professores e pela organização e gestão da escola. A
         principal função social e pedagógica da escolas é a de assegurar o
         desenvolvimento das capacidades cognitivas, operativas, sociais e morais
         pelo seu empenho na dinamização do currículo, no desenvolvimento dos
         processos de pensar, na formação da cidadania participativa a na formação
         ética. ”

          A escola, deve portanto, preparar e instigar o aluno, a ser
crítico e participativo, no contexto o qual esta inserido, contribuindo
para a formação integral do indivíduo.
                                                                     Pág. 12
Colégio Polivalente de Alagoinhas


                             Pág. 13
Capítulo 3
A professora
          Era mês de setembro, ainda insegura quanto a que escola
escolher, que série trabalhar, saí de casa acreditando encontrar alguém
que pudesse me acolher. Poderia ter sido uma decisão precipitada,
mas no mesmo instante, sem procurar outra instituição, pensei, “Vai
ser aqui”. O motivo que me fez escolher a escola, foi também o que me
fez ter vontade de permanecer. Meu primeiro contato com a professora
regente da turma, embora tímido, foi certeiro, gostei e pronto!
          Nesse dia ao chegar na escola, os alunos já haviam sido
liberados, então, seguindo orientação da diretora, resolvi aguardar a
professora que estava no laboratório. Após alguns minutos de espera e
com receio que ela saísse sem que eu a encontrasse, fui à sua procura.
          Enquanto eu do lado de fora observava; ela envolta de alguns
alunos que permaneceram na sala, ela gesticulava, tirava dúvidas... Tão
pequena, tão simpática, tão querida pelos que ali estavam.
                                                            Pág. 14
Dona de um sorriso lindo e de uma educação grandiosa,
naquela hora me ganhou e foi ali que eu quis ficar.
           Confesso que a princípio, não foi pela escola, não foi pelos
alunos, pois não houve contato anterior, foi por ela, pela professora,
por sua gentileza, pela dedicação que teve a mim. Todas as outras
coisas, vieram depois ...
           Ah! O nome dela ... verdade , quase esqueço de mencionar.
Professora Celúcia Acácia, uma flor, com nome de flor...
           Graduada em Cências Biológicas pela Universidade do
Estado da Bahia, leciona na casa há muitos anos, tanto a disciplina de
Biologia, como também Ciências... querida pelos funcionários e pelos
alunos, em qualquer turma que se responsabilizar a assumir. Como
regente, esteve presente todo tempo no colégio, disposta a tirar
qualquer dúvida que pudesse surgir da minha parte. É envolvida nos
projetos da escola, participa de grupos de dança, organiza Feiras
culturais, é o típico profissional que ama o que faz... Pra mim, foi o
que deixou transparecer.                                      Pág. 15
Nos difíceis primeiros dias, quando a procurei pra me orientar
quanto ao comportamento da turma, aconselhou-me como amiga. Disse
“É só no começo Edi, eles acostumam, você vai ver...” Acreditei.
           De acordo com Queiroz (2001) “o papel do professor é fazer que
os alunos adquiriram certos saberes, presentes, em geral, nas matérias
escolares, participando, além disso, da educação no sentido mais amplo,
preparando-o para a vida em sociedade.”
           Pimenta e Lima (2004) afirmam que “o professor é um
profissional que ajuda o desenvolvimento pessoal e intersubjetivo do
aluno, sendo um facilitador de seu acesso ao conhecimento.” Deste modo,
o papel do professor é ser mediador do processo ensino-aprendizagem,
entendendo os instrumentos de avaliação, os alunos, a escola, como parte
de um processo contínuo.
           Sou grata, a professora Celúcia, por ter me incentivado
(também sou aluna!), pela chance que me deu. Ser professor, ao meu ver,
também é isso. É se colocar no lugar do outro e ajudá-lo a seguir.
                                                              Pág. 16
Capítulo 4
Os alunos
           A chamada 90V6, um 1º ano, turma grande e difícil...
Naqueles dias era engraçado observá-los, enquanto realizavam as
atividades, grupais ou não, sempre havia tempo de acompanhar um
pouquinho de cada um deles. Eu poderia tentar definir “um por um”,
talvez de forma errada, equivocada, mas era o que ainda cedo dava
pra perceber. Poderia detalhar o comportamento de cada um,
também do conjunto de todos eles.
           Havia os que indubitavelmente atraía maior atenção, mas
disso, falarei nas próximas páginas...
           Costumavam sentar em grupo. A sala era diversificada,
grupos de meninos, meninas, mistos, grupo dos irmãos, grupo dos
sem grupo... Eles acreditavam que aquela arrumação era uma fila!
Meu Deus que fila mais tosca!!
                                                         Pág. 17
Eu não ia mudar, não poderia chegar impondo nada, se
aquilo não foi modificado pela professora regente, foi por que sempre
deu certo... achar que ela não conseguiu mudar, que foi obrigada a
aceitar, não posso, tenho certeza que não foi esse o motivo.
          Então coube a mim, achar a saída, para atrair maior
atenção deles a mim, que com tom de voz baixo, encontrou nisso
uma das maiores dificuldades do estágio.
          Decidi depois de algumas aulas frustradas, me libertar de
tudo, da metódica escrita no quadro, e a pedido deles, libertei-me da
prisão dos slides... Usava apenas pra mostrar imagens, ou caso fosse
extremamente necessário. E observando, aceitando as opiniões dos
próprios alunos, pra minha surpresa, deu certo, era isso!! Assim
segui minhas aulas... Escrito, o plano era meu único guia, o mais,
era estudar, jogar a timidez, o medo pro lado e me deixar levar, um
pouco por mim, outro tanto por eles.
                                                             Pág. 18
Como falei anteriormente, alguns alunos chamavam maior
atenção, não querendo ser injusta com os demais, queria citar alunos
como Geovane, acredito que tenha idade aproximada de 17 anos,
conversava o tempo todo, amigo de todos na turma, dono de uma
personalidade comediante, não conseguiu arrancar de mim, sequer
um dia de chateação, e olha que eu o reclamava; Nossa! perdi a conta
de quantas vezes repeti a frase “ Geovane, não tem graça, ou você cala
a boca, ou sai da sala, preciso continuar a aula ”, sem hesitar ele
respondia “Desculpa minha pró linda, desculpa, juro que vou ficar
quieto, é que tô com dor no coração, ajuda eu pró?” Seu silêncio era
no máximo de um minuto. O que eu podia fazer? Inexperiente! Por
fora, um sorriso de canto pra disfarçar, por dentro um sorriso
enorme por achar mesmo, graça em tudo que dizia, foi assim
durante todo estágio, não consegui colocá-lo fora da sala, em
nenhum momento.

                                                             Pág. 19
Em frente a mesa do professor, sentava Marília, Milena,
Leandro e Ediná, os três primeiros, irmãos, a última, aluna da escola
transferida de outra escola na terceira unidade. Eram esforçados,
educados, tiravam dúvidas, pegavam no meu pé, reclamavam da
quantidade do assunto, mas não saiam dali...
           Outros, como Diego, Gabriel e Abner, chamava - me
atenção. Sempre entendiam, sempre me surpreendiam com
perguntas inteligentes e inesperadas...
           A diversificada sala, contava com Mozir, aluno também
recém transferido de outra escola, não tirava o fone do ouvido, nem
na hora de prova, só abria a boca pra dizer “presente” na hora da
chamada; olhava fixo, calado. E a sua presença distante também me
acostumei.
           Nesta série, matriculado, estava Hebert, só matriculado...
ele não assistiu uma aula, nem minha, nem de qualquer outro
professor.

                                                             Pág. 20
Sentava do lado de fora da sala, não respondeu a uma
chamada, apenas me recebia com um boa tarde dizia que o assunto
de Biologia era ruim, “decoreba”. Não apenas ele, muitos também
pensavam assim.
          Havia tantos outros alunos, cada um com sua graça, com
seu brilho, cada um era o que podiam ser. Procurei não julgar nem
comparar bons ou maus comportamentos, entendia, que fora dali,
existia outra história, o contexto de um mundo pessoal que eu não
conhecia.
Assim era...




                                                        Pág. 21
Capítulo 5
Caminhando melhor
          O início foi mesmo difícil, cheguei a pensar em desistir. Os
alunos estavam arredios, pareciam completamente insatisfeitos.
Com o passar dos dias, já acostumada àquela rotina, o medo era
sempre menor a cada nova aula... Procurei me adaptar a eles, pedia
opiniões quanto às aulas, dava broncas caso houvesse necessidade.
          Houve um dia, acho que nosso segundo encontro, na ânsia
de fazer diferente, de ganhar a confiança deles, preparei aula
prática. Íamos observar ao microscópio lâminas com células da
epiderme da cebola e com raspas da mucosa bucal, preparadas por
eles, naquela mesma aula. Foi um dia duro, talvez o pior dia de aula
pra mim.


                                                              Pág. 22
Já frustrada com os olhares da aula anterior, estava
arrasada cheguei a pensar que seria rejeitada pela turma, nesse dia me
aborreci. Do pequeno tom de voz, a um sermão, fui ao extremo... Não
era justo, fiz tudo com carinho, preparei uma aula interessante, slides
ilustrativos, ninguém queria ouvir, não prestavam atenção, olhavam
com ar ameaçador de indiferença. Soltei o verbo ... literalmente, li o bê
a bá...
           Desde então, tudo mudou, percebi que faltava autonomia, eu
era a professora e era assim que tinha que me portar!!! Assim foi,
melhor, assim tentei ser, diversas vezes escapei disso! E não era difícil
fugir à essa regra, aluno tem cada uma!
           Com o tempo, me adaptei a eles, eles a mim. Nas primeiras
aulas, usava slides. Não demorou a entender; não era aquilo que eles
queriam, pra minha surpresa... Então mudei. Levava o assunto apenas
em mente, falava andando pela sala, perguntando, procurando
instigá-los a responder.
                                                               Pág. 23
Alguns se incomodavam diziam “Pró, porque você não
senta, nenhum professor dá aula assim, vai ficar tonta.” Eu, apenas
achava graça...
          Assim como os dias chatos, houve dias engraçados, dias com
músicas, paródias, jogos, exercícios, provas, dia com sol, dias de
chuva... Dia de Feira de cultura, com aula sobre Moda, contando com
a ilustre presença do melhor atual estilista “Victor Valentin”,
interpretado por quem? Geovane, tinha que ser ele. Era o
Personagem... Ele arrasou!!
          Os passos seguintes foram sempre melhores, embora não
tenha sido o melhor de mim, sei que também não o deles, o curto
período letivo de uma Quarta Unidade, nos limitou a apenas isso, a
correr, correr contra o tempo, a mostrar muitos pouco do que sou, ver
menos ainda do que eles eram...


                                                            Pág. 24
Capítulo 6
O Estágio
       O período de Estágio propriamente dito, teve início no dia 14
 de Outubro de 2010, com término no dia 06 de Dezembro do
 mesmo ano. As atividades desenvolvidas durante o processo serão
 detalhadas num capítulo à parte. Aqui, a finalidade é esclarecer
 para o leitor, a importância do Estágio Supervisionado, no processo
 de desenvolvimento profissional do futuro professor.
       De acordo com a Lei 9.394/96 de Diretrizes e Bases da
 Educação Nacional o Estágio de Licenciatura, é necessário à
 formação profissional a fim de adequar essa formação às
 expectativas do mercado de trabalho onde o licenciado irá atuar.
       No exercício da profissão temos a oportunidade de
 consolidar o aprendizado; a prática nos possibilita construir e
 configurar o processo de aprender a ensinar.

                                                           Pág. 25
A construção ocorre gradualmente, à medida que o professor
articula e efetiva sua prática docente no contexto escolar a partir dos
conhecimentos teóricos/acadêmicos.
          Para Francisco e Pereira (2004) “o estágio surge como um
processo fundamental na formação do aluno estagiário, pois é a forma
de fazer a transição de aluno para professor ‘aluno de tantos anos
descobre-se no lugar de professor’.” Este é um momento da formação
em que o graduando pode vivenciar experiências, conhecendo melhor
sua área de atuação. Corroborando com isso, Kenski (1994), citado
posteriormente por Lombardi em 2005, dizem que este possibilita ao
graduando desenvolver a postura de pesquisador, despertar a
observação, ter uma boa reflexão crítica, facilidade de reorganizar as
ações para poder reorientar a prática quando necessário.
          Segundo Guerra (1995), o Estágio Supervisionado consiste
em teoria e prática tendo em vista uma busca constante da realidade
para uma elaboração conjunta do programa de trabalho na formação
do educador.                                                  Pág. 26
O parecer 292/62 é quem define pela primeira vez a
Prática de Ensino com um componente curricular obrigatório dos
cursos de Licenciatura e Pedagogia, na forma de Estágio
Supervisionado. Este parecer orienta que o estágio deva ocorrer nas
escolas da comunidade. Define ainda, que o estágio deve ter um
período de duração de um semestre letivo.
           Esse período de realização pré-profissional é fundamental
na carreira de qualquer professor. A prática de estagiar, permite ao
aluno, experimentar situações diversas, quebrar medos, mudar
opiniões...
           Não é difícil ouvir pessoas dizerem, “faço Licenciatura,
mas sala de aula não está nos planos!!” Imaginam o Estágio como
um “bicho de sete cabeças” e ao passar por ele, percebe-se dizendo
contrariamente ao pensamento inicial: “ É, não é, não foi tão ruim”.
            Me senti assim.
                                                            Pág. 27
Mas há alunos que pensam fazer da escola, espaço para seu
futuro profissional, e no entanto, frustram-se ao sentir de perto a
realidade da educação brasileira.
           E ainda há, aquele aluno que entra na faculdade sabendo o
     que quer, a sala de aula é o seu prazer. Para este, “ensinar” o
     torna feliz!
           Para ser professor, é como qualquer outra profissão, não
basta querer ser, é preciso ter o dom, gostar do que faz e fazer bem. O
bom professor sabe lapidar o seu prazer, sabe o que faz, sabe lutar
pelo que quer e o faz com gosto, mesmo que a realidade dos dias
atuais, não seja favorável como deveria ser.
           É desse professor, que a educação precisa... Contrariando a
necessidade, é o tipo que falta. O bom profissional consegue instigar
e influenciar positivamente o aluno estagiário que esta começando a
trilhar este caminho.
                                                             Pág. 28
Oliveira (s.d), diz que:
              “É necessário que o estagiário aprenda a observar e identificar os
              problemas, estar sempre aprendendo e buscando informações,
              questionar o que encontrou além de buscar trocar informações
              com professores mais experientes.”


          Assim chegamos na importância do professor experiente na
formação do professor estagiário.
          Se o professor regente for ruim, ou o estagiário se espelha e
quer fazer tudo diferente, ou passa a acreditar que ser professor é
realmente o que se está vendo. Aí, a educação não muda mesmo!
          No meu caso, ainda bem, a imagem foi favorável.
          Algumas dúvidas de principiante foram esclarecidas, muitos
medos deixaram de existir. Tive a certeza de que o saldo do que foi
bom, foi muito maior do que o que foi ruim...
                                                                      Pág. 29
Não sei se meu “eu professor” foi descoberto ali, mas sei, que
qualquer que seja a experiência, no final de tudo vale a pena. E valeu!
Foi dessa forma que encarei os dias que vieram depois.
          Então, já estranhando cada dia menos aquele espaço, que
tinha se tornado um pouquinho meu, chegou o dia a ser observada,
aquele dia que todo mundo teme, sabe?! Somos colocados à prova,
meu Deus!! Que sensação... Estava aparentemente “segura”, confesso
que me assustei comigo mesma. Eu, um poço de medos, de receios, eu,
que nunca consigo disfarçar, agi “calmamente”. Fiquei sem graça,
claro! Mas disfarcei direitinho, acho... Até o nome dos alunos, que
sempre trocava, não aconteceu... Acredito que a obrigação de ir bem,
falou mais alto que a insegurança que o medo tentava impor sobre
mim. Que bom!
          Lembro-me bem da aula. Naquele dia, não iria falar nada, os
alunos apresentariam um trabalho... Mas é preferível sempre um
segundo plano não é isso?
                                                              Pág. 30
Aprendemos também no estágio... Nunca prepare uma
aula, sem ter uma carta na manga, pode ser que o dia não seja
favorável e dê tudo errado. Ouvi isso do meu querido colega de
curso, Paulo, sabia que ele estava certo, não hesitei.
          A professora Cláudia já me esperava na secretaria, meia
hora antes da aula começar. Seguimos para à sala, eu, ela, Camila
(Colega de curso e monitora de Estágio) e a professora Celúcia,
regente da turma.
          Preciso dizer que a aula que preparei não aconteceu como
seria? Claro que não, eu nem ia dar aula expositiva, isso fazia parte
do plano; iria prestigiar os alunos, ouvi-los.
          Mas adivinhem! Sem misericórdia, Cláudia diz: “Mas antes
dos alunos começarem, quero ouvir você falar um pouquinho, quero
ver você se expressar”. Pois é. Tive que “rebolar”! Aquela cartinha
escondida... (improviso de uma revisão) e foi... Não foi o melhor que
eu podia dar de mim no momento, mas o que consegui, não senti o
medo, embora ele estivesse ali.                               Pág. 31
A orientação da professora Cláudia, durante todo o
semestre, sem dúvida me permitiu maior confiança e dedicação.
Professora da disciplina Estágio supervisionado II, era exigente,
acompanhava tudo, plano por plano, via detalhes... Carismática,
com jeitinho, queria de todos as alunos, sempre mais um pouco. A
gente reclamava, retrucava: “Mais trabalho professora?”, mas
fazíamos, querendo sempre fazer bem. Hoje percebemos a
importância de tudo.
      Agora que já passou... Como muitas coisas na vida, a gente
pensa: “bons tempos!” Achamos a graça que o cansaço desses dias
não permitia perceber.




                                                         Pág. 32
Capítulo 7
Recursos didáticos
           Em meio a um semestre louco, com tarefas externas a
 faculdade, procurei preparar as aulas tomando como base o livro
 didático da turma. Era um Volume único, da Editora Saraiva, de autoria
 Sônia Lopes e Sergio Rosso. Os assuntos trabalhados correspondente a
 Quarta Unidade eram Introdução à Citologia, seguido por capítulos
 voltados detalhadamente para cada parte da Célula. Bem ilustrado, o
 livro contava com vocabulário de fácil compreensão, era usado durante
 as atividades em sala juntamente a outros livros, como Amabis, Volume
 2, Edit. Moderna; César e Sezar, Volume 2, Edit. Saraiva encontrados na
 biblioteca da escola.
           Os mesmo livros, usei, durante o preparo de aulas. Ainda como
 suporte, retirava questões de alguns livros de Biologia de 2º grau, como:
 Biologia Hoje de Sérgio Linhares e Fernando Gewandsznajder, Volume 1 ,
 Edit. Ática e o livro Bio de Sônia Lopes, Volume 3, Edit. Saraiva.
                                                              Pág. 33
Para Stray (1993), “o livro didático pode ser definido como
um produto cultural, composto, híbrido, que se encontra no
‘cruzamento da cultura, da pedagogia, da produção editorial e
da sociedade’.” Desta forma, pode permitir ao aluno, maior suporte
teórico no processo de aprendizagem.
           Sua origem está na cultura escolar, mesmo antes da
invenção da imprensa no final do século XV. Na época em que os
livros eram raros, os próprios estudantes universitários europeus
produziam seus cadernos de textos. Com a imprensa, os livros
tornaram-se os primeiros produtos feitos em série e, ao longo do
tempo a concepção do livro como “fiel depositário das verdades
científicas universais” foi se solidificando (GATTI JÚNIOR, 2004).
            Ainda bem que os tempos mudaram! Ou seriamos
arcaicos até hoje!

                                                              Pág. 34
Ainda falando do livro didático, Coutinho e Freire
(2006), advogam que:

         “por muito tempo, o texto escrito, o conteúdo, foi o mais importante e
         valorizado na hora de se produzir um livro, e as imagens desempenhavam
         um papel secundário ou simplesmente decorativo. Contudo hoje, a
         imagem passou a ser valorizada e seu papel é visto como menos decorativo
         e mais ilustrativo, no sentido de apoiar e complementar o conteúdo
         textual.


               Pude ver isso de perto, quando pedia aos alunos, que
   lessem em casa o assunto trabalhado no dia da aula, para fixar o
   conteúdo; eles respondiam insatisfeitos “Ah não pró!! Ninguém
   merece”; já me perguntaram se ao invés disso, não podia desenhar
   uma célula, ou fazer outra coisa, mas ler, definitivamente, não
   fariam com tanto gosto.

                                                                      Pág. 35
Pensando nisso, e sabendo que os alunos não eram amantes
de recursos como data show, procurava alternativas pra que as
aulas não fossem sempre iguais, tentei diversificar o máximo, e
para isso, usei métodos que estavam a minha disposição. Para
cada aula, o preparo de um novo plano, a escolha de um novo jeito
de ir ao encontro deles, não podia apenas falar, falar e falar, ao fim
do estágio, provavelmente os alunos estariam cansados da minha
voz.
       Desta forma, houve aulas com jogos, aulas com paródias,
com música, caixas de som. Eram sempre mais proveitosas. Ao
fugir de regras como ler livros, alunos sentiam-se imersos num
outro mundo, com chances de aprender sem obrigação. Porque de
fato, pra muitos deles, é triste dizer, mas a escola não passa de
uma obrigação, distração, meio de fuga.

                                                             Pág. 36
Dessa forma, os instrumentos usados durante o processo
de ensino-aprendizagem são de extrema importância na construção
crítica do indivíduo, para que haja formação cidadã efetivamente
participativa e estimulada no contexto escolar e fora dele.
Para D´AMBRÓSIO (2001),

           “é preciso substituir os processos de ensino que priorizam a
          exposição, que levam a um receber passivo do conteúdo, através de
          processos que não estimulem os alunos à participação. É preciso que
          eles deixem de ver a ‘ciência’ como um produto acabado, cuja
          transmissão de conteúdos é vista como um conjunto estático de
          conhecimentos e técnicas.”

          Concordando com o autor, vale dizer, que se o aluno
vivencia ativamente o material trabalhado na sala, é mais fácil, no
próximo passo, este mesmo aluno, saber sozinho caminhar. Vi isso,
diversas vezes...
                                                                    Pág. 37
Lembro bem da aula, era nosso quinto encontro, havia
preparado um jogo para os alunos. Ao chegar, fiz um breve resumo
do assunto. Tinha confeccionado um baralho referente às
organelas, composto de imagens e perguntas. Comprei um saco de
pirulitos, organizei a sala, separando-a em grupos: Meninos X
Meninas e deixei a aula acontecer. Foi uma tarde sensacional!
           Trabalhar desta forma pode ser instigante e produtivo; os
alunos acompanham na prática os resultados da própria
investigação.
           Analisando a contribuição de novas tecnologias no
processo ensino-aprendizagem, o PCN (1988, pág. 44), diz que as
mesmas possibilitam “o desenvolvimento nos alunos, de um
crescente interesse pela realização de projetos e atividades de
investigação e exploração como parte fundamental de sua
aprendizagem.”
                                                              Pág. 38
Considerando questões como essas, Pedrozo (2009), falando
sobre Jogos didáticos no ensino de biologia, afirma que:

                        “os jogos e brincadeiras são elementos valiosos no
           processo de apropriação do conhecimento, pois permitem o
           desenvolvimento de competências no âmbito da comunicação,
           das relações interpessoais, da liderança e do trabalho em
           equipe, utilizando a relação entre cooperação e competição em
           um contexto formativo. O jogo oferece o estímulo e o ambiente
           propícios que favorecem o desenvolvimento espontâneo e
           criativo dos alunos e permite ao professor ampliar seu
           conhecimento de técnicas ativas de ensino, assim como
           desenvolverem capacidades pessoais e profissionais para
           estimular a comunicação e expressão dos alunos, mostrando-
           lhes uma nova maneira prazerosa e participativa de
           relacionar-se com o conteúdo escolar, levando a uma maior
           apropriação dos conhecimentos envolvidos.”
                                                                 Pág. 39
Na tentativa de sempre fazer diferente, trazia para sala,
imagens relacionadas ao tema a ser tratado naquele dia. Passava em
data show ou Tv pen drive, desejando facilitar a visualização e
instigar a curiosidade dos alunos.
          Técnicas inovadoras, como o uso de sons e imagens podem
dar suporte necessário para diversos conteúdos.
          Os recursos audiovisuais, podem ser considerados,
materiais que buscam “prender a atenção”. A riqueza de detalhes, a
facilidade de visualização, torna a aula mais avançada e interativa,
aproximando o aluno e inserindo - o sobretudo no mundo atual.




                                                            Pág. 40
Para Buoro (2002),

         “As imagens impõem presenças que não podem persistir ignoradas ou
        subestimadas em sua potencialidade comunicativa por editores e
        educadores, mas que, ao contrário, devem ser devidamente exploradas e
        lidas, o que implicaria ganho evidente para o processo educacional. A
        presença da imagem nos livros escolares e o contato diário da criança e de
        nossos alunos em geral com imagens de qualquer ordem devem ser levados
        em conta, tanto quanto a observar essa presença como algo que atua sobre
        a sensibilidade e os afetos dos leitores.”

          Isso reforça o que diz Moran no ano de 1995 em um artigo
sobre o vídeo na sala de aula:
         “O vídeo ajuda a um bom professor, atrai os alunos, mas não
        modifica substancialmente a relação pedagógica. Aproxima a sala
        de aula do cotidiano, das linguagens de aprendizagem e
        comunicação da sociedade urbana, mas também introduz novas
        questões no processo educacional.”

                                                                       Pág. 41
Sobre isso, parafraseando Lima (1998), o uso desses recursos,
convida para uma linguagem inovadora, atrai a atenção tanto do
aluno como do professor, colocando-os igualmente a um papel de
telespectadores. A atividade audiovisual além de complemento
didático, sobretudo nas aulas de Ciências e Biologia, em determinados
momentos serve como recurso de capacitação, tão logo, podem
instigar, desvendar ou esclarecer no aluno, dúvidas que muitas vezes
não constam na estrutura ou no momento da leitura de um texto
escrito.
           A escolha dos recursos usados para uma aula, é portanto, de
extrema relevância no circuito educativo da escola.
           Gil (2007), fala que “o processo de ensino-aprendizagem é
bastante complexo e pode ser influenciado por diversos fatores, tais
como: diferenças individuais, motivação, concentração, recursos de
ensino e reações estimuladas a partir de situações de ensino
preparadas pelo professor.”
                                                              Pág. 42
Tratando-se do ensino de Biologia, o professor deve contudo
relacionar os conteúdos científicos ao cotidiano, sem que para isso, a
disciplina seja vista como “decoreba”, ou rotulada como “matéria de
nomes difíceis”; deve ajudar o aluno a conceituar as concepções da
própria vida.
          Esses conhecimentos devem contribuir para que os seres
humanos em geral sejam capazes de usar o que aprenderam ao tomar
decisões de interesse individual e coletivo, diante de um quadro ético de
responsabilidade e respeito considerando seus papéis na biosfera
(KRASILCHIK, 2008).




                                                               Pág. 43
Capítulo 8
Voltando no tempo
          Finalizando o trabalho, quero apenas registrar nesse
Capítulo, as observações feitas durante o Estágio. Muitos dias já foram
citados, outros, não menos importantes, também merecem páginas
nessa história.
          A primeira aula foi no dia 14 de Outubro do ano de 2010.
Não me sentia bem, ainda sem almoçar, recebi uma ligação da
professora Celúcia, pedindo pra ir mais cedo, havia faltado um
professor, teria que adiantar a aula. Saí de casa o mais rápido que
pude, quase não chego a tempo de encontrá-los. Na verdade, eles
esperavam que eu não aparecesse. Cinco minutos de atraso, teria
perdido minha primeira aula. Tinha preparado slides, usaria o data
show. O assunto era “meio complicado”, com imagens seria mais fácil
trabalhar. Ilusão.
                                                             Pág. 44
A turma estava dispersa, alguns alunos (as meninas
principalmente) olhavam como se quisessem me expulsar dali.
Enquanto tentava explicar o assunto, a maioria conversava, poucos
faziam questão de me ouvir.
          Fiquei arrasada. Os slides dinâmicos nada significavam,
pelo menos pra maioria...
          O pedido de silêncio, durava no máximo dois minutos. Me
apavorei, diversas vezes.
          Como não bastasse o barulho dentro da sala, melhor, do
laboratório (preferi o local, por ser maior, mais ventilado e adequado
para o uso de mais recursos didáticos) o barulho externamente era
quase insuportável, nunca tinha visto tanta falta de educação, tão
pouco respeito. Isso também me assustou.


                                                              Pág. 45
Tentei trabalhar um exercício sobre Organização Celular
(Capítulo do livro didático) na aula, mas como a metade do tempo,
perdi pedindo silêncio, não deu tempo. Levaram para casa, trariam
na próxima aula.
           Saí de lá quase chorando, mas acreditava que a próxima
aula fosse melhor...
           Chegou dia 21, minha segunda aula, “hoje vai ser diferente”
pensei. Queria inovar! Vamos fazer uma aula prática, corrigir o
exercício da aula anterior... Talvez eu mude a impressão que passei e
a que tive da turma.
           Sobre aulas práticas, Lunetta 1991, diz que,
           “Além de ajudar no desenvolvimento de conhecimentos
científicos, as aulas práticas permitem que os estudantes aprendam
como abordar objetivamente o seu mundo e como desenvolver
soluções para problemas complexos.”
                                                             Pág. 46
Acredito nisso, mas o alunos, acreditam também?
          Segundo Lakatos (2001), “as atividades práticas
proporcionam grandes espaços para que o aluno seja atuante,
tornando-se agente do seu próprio aprendizado, descobrindo assim,
que aprender é mais do que mero conhecimento de fatos,
interagindo comas suas próprias dúvidas, chegando a conclusões e à
aplicação dos conhecimentos por eles obtidos.”
          Respondo com conhecimento de causa. Lamentavelmente
não. Pelo menos para essa turma, isso pouco importava naquele
momento, futuramente, já não sei...
          Turminha difícil a minha!
          Mais uma vez a aula havia começado um horário antes,
pelo mesmo motivo anterior. A maioria dos alunos estavam
agoniados pra sair, não teriam mais aula e isso comprometeu
sobretudo a aula prática, que acabou não sendo proveitosa como
poderia ser.                                              Pág. 47
Conversavam o tempo todo, reclamavam de tudo, pedi por
silêncio, uma, duas, três vezes, nada feito! Se fui grosseira, se tive
autonomia, nem sei, tinha que mudar aquela situação. Então falei,
falei e falei, o que esperavam e o que não esperavam ouvir de mim.
Só havia essa alternativa? Também não sei.
            Ao sair da sala, procurei a professora regente, achei que
seria rejeitada pela turma. Conversar com ela me acalmou. Levantei
a cabeça e encarei de frente. “Próxima aula, não serei a mesma”,
pensei comigo.
            Terceira aula, 28 de Outubro, abordando detalhadamente
O Citoplasma, levei imagens para passar na Tv pen drive, já que os
slides não teria feito nenhum efeito positivo, na verdade, nem
gostaram da idéia. Tinha que pensar em outra coisa.


                                                             Pág. 48
Pelo mesmo motivo de antes, a aula começaria mais cedo. A
professora regente da turma havia dito aos alunos que esperassem,
mas em virtude da Feira da Pechincha (para arrecadação de
dinheiro em prol da Feira da Cultura) que estava acontecendo na
Escola, os alunos instigados a ver o movimento, não permaneceram
em sala. Quando cheguei, encontrei apenas três alunos me
aguardando.
          Mais uma vez procurei a professora regente pra saber que
posição tomar. Muitos alunos já não estavam na escola, por isso,
orientada por ela, a aula desse dia, teve que ser adiada para a
próxima semana.
          Preocupada devido o curto tempo da Unidade e a
quantidade de assunto ainda a trabalhar com eles, voltei para casa,
guardei o plano, o material e o que tinha em mente, para a próxima
semana.
                                                           Pág. 49
Quarta aula, 04 de Novembro. Antes de começar aula,
comentei sobre a atitude deles na aula anterior, de não terem
esperado, ainda sabendo que teriam professor em sala. Em seguida,
perguntei se sabiam o que era um Estudo Dirigido, pedi que
sentassem em grupo, expliquei o objetivo do trabalho e solicitei que
respondessem.
            Dentre os dias de aula, esse, acredito que foi um dos mais
proveitosos. Os alunos mostraram bastante disposição, tiraram
dúvidas relacionadas ao assunto, procuraram interagir e mesmo
sentados em grupo não houve muito barulho na sala; as duas aulas
não foram suficientes para o término da atividade, os grupos ficaram
responsáveis em entregar a atividade pronta na próxima aula. Sai de
lá, revitalizada. Deu certo!



                                                             Pág. 50
Já quase metade do mês de Novembro, dia 11, quinta aula.
Preparei aula expositiva dialógica no quadro, usando como suporte,
a Tv pen drive para a visualização de imagens (organelas) também
para explicar mais claramente, como cada uma delas trabalhavam em
conjunto com as demais.
           Os alunos participaram mais que nas aulas anteriores. Após
a aula dialógica expositiva, a turma foi convidada a dividir-se em dois
grupos, meninos e meninas, para responder perguntas relacionadas à
fisiologia e morfologia das organelas. Para cada acerto, o grupo
recebia um pirulito, a intenção era fazê-los pensar na resposta ao
passo que garantia um número de pirulitos suficiente para o grupo.
           A aula foi divertida, contamos com a presença da professora
Celúcia. Os alunos participaram entusiasmados do jogo. O tempo
passou que nem percebemos.

                                                              Pág. 51
Mais uma semana, estávamos na metade do mês de
Novembro, dia 18. Já!! As aulas não demorariam a acabar. Mas
antes que isso acontecesse, teria que ser observada. A essa altura, já
não preciso dizer que foi aquele dia não é mesmo?
          Esperava a visita da professora Cláudia a qualquer
momento. Torcia pra que fosse naquele dia. “A professora vai
chegar e quem vai estar dando aula, serão os alunos” Pensei comigo
mesma.
          Seguindo meu cronograma, os alunos apresentariam um
seminário. Eu, não estaria na condição que outrora estive diversas
vezes, ia avaliar, não seria avaliada. Seria assim... Caso, Cláudia
não tivesse a brilhante idéia de querer-me ouvir!
           Depois de observar minha revisão com os alunos, a
professora Cláudia assistiu a apresentação de um único grupo e
saiu para observar outros colegas.
                                                              Pág. 52
Digo único, porque somente este teve a responsabilidade de
fazer o trabalho. Os demais inventaram inúmeras desculpas.
           Conhecendo a turma, imaginei que isso pudesse acontecer.
Deixá-los ir embora porque não havia mais nada pra fazer na aula?
Não mesmo! Tinha sim um segundo plano. Ainda bem!
           Havia preparado alguns vídeos sobre célula. Alguns alunos
ensaiavam música, a pedido da professora Celúcia, cederam a caixa
de som e participaram da aula; o final da tarde foi muito agradável.
Após o vídeo, aproveitamos o recurso, para soltar a voz, cantamos
absurdamente desafinados, uma paródia sobre as Organelas.
           Minha aula do dia 25 de Novembro não ocorreu. A escola
havia marcado a Feira da Cultura para a mesma data. Esse fato
aliado ao dia que os alunos foram embora antes que eu chegasse,
justamente aproveitando um evento (Feira da Pechincha), que ocorria
na escola pra arrecadar dinheiro em prol da Feira da Cultura, acabou
prejudicando as aulas.
                                                           Pág. 53
Foram 4 aulas a menos. Uma unidade pequena, com dois
dias de aula comprometidos. A turma ficou sem ver dois capítulos
necessários à completa compreensão do tão importante tema que é
Célula.
          A Feira da Cultura foi um sucesso! Foi impressionante a
dedicação dos alunos. Claro que a nota que tudo aquilo valia tinha
um peso significativo. Muitos precisavam daquela ajuda para passar
de ano. E pra isso deixavam até as atividades propostas em sala de
aula sem fazer, mas as da Feira, nunca. Alguns tinham a
responsabilidade para ambas as coisas, outros nem tanto. Não faziam
nada!! Absolutamente.
          De maneira geral. A Feira foi um show . Um show de
cultura, de bom gosto e de dons colocados em prática. O Colégio
estava mesmo uma feira cultural.

                                                          Pág. 54
De música, teatro, moda, meios de comunicação, dança,
brinquedos, cinema, carnaval...
          Tudo isso e mais um pouco! Um pouco de cada um que
fizeram daquele momento, hora também de aprendizado. Porque,
aluno, escola, aprendizado é isso... Não só de livro retiramos o saber.
O livro pode até apontar caminhos, mas para saber andar... Ah! para
tanto, não bastam palavras... A prática é o que ensina! Acho que é
isso...
          Minhas duas últimas semanas de aula, foram no dia 02 e
06 de Dezembro, com aplicação de provas. No dia 02, fiquei
responsável por uma turma que não era minha, mas precisava
cumprir a carga de hora/estágio.
          No dia 06 apliquei a prova de Biologia com a minha turma.
Minha última aula. Tiramos algumas fotos de recordação e então, me
despedi dos alunos...
                                                             Pág. 55
Depois disso, sala vazia, hora de pegar o material e ir pra
casa não é mesmo? Agora nos resta aguardar o próximo passo desse
longo caminho, que para alguns o começo, para outros, apenas atalho
para um caminho diferente seguir.
          Desse tempo, fica ainda, a sensação de mais uma tarefa
cumprida. Cheia de erros, sem dúvida! Mas para isso, nos foi dada a
oportunidade, para isso, nos serviu o Estágio; para dar-nos chances de
acertar, também de errar. Os erros e os acertos, nos permite mudar,
sempre em busca do melhor. Sendo assim ...
          Mudamos sempre! E é por isso que estudamos Biologia!
Porque só ela explica a Vida em sua criação, sua beleza, sua mutação!!
Afinal somos “mutantes” ou será que não?
          Ao terminar de escrever esse “pequeno livro”, biologicamente
falando eu já mudei. Você não?
É isso.
                                                             Pág. 56
Ao leitor

" A imortalidade de que se reveste a natureza
humana, faz o homem sempre presente. Presente
pelas amizades que conquistou; presente pelo
exemplos que legou; sempre presente porque educou"


                                     (Michel Wolle)

                                               Pág. 57
Ao mestre ...
“ Ensinar e, enquanto ensino, testemunhar aos alunos o quanto me é
fundamental respeitá-los e respeitar-me são tarefas que jamais
dicotomizei. Nunca me foi possível separar em dois momentos o ensino
dos conteúdos da formação ética dos educandos. A prática docente que
não há sem a discente é uma prática inteira. O ensino dos conteúdos
implica o testemunho ético do professor. A boniteza da prática docente se
compõe do anseio vivo de competência do docente e dos discentes e de seu
sonho ético. Não há nesta boniteza lugar para a negação da decência,
nem de forma grosseira nem farisaica. Não há lugar para puritanismo. Só
há lugar para pureza. ”
(Freire, 1996, p. 37).

                                                           Com carinho.


                                                              Pág. 58
Recordações ...




                  Pág. 59
Agradecimentos
A Deus, por estar sempre ao meu lado. E eu sei que está.
Ao Colégio Polivalente, direção, professores , alunos e funcionários, por ter me
recebido;
A professora Celúcia Acácia pela oportunidade e pela atenção dedicada a mim;
A professora Cláudia Regina, pela exigência de querer que tentemos ser cada
dia melhor;
As minhas amigas e companheiras de casa, Cris e Reja, por compartilhar os
momentos de estresse, risadas e loucuras do dia - a - dia sem deixar apagar o
brilho;
As minhas amigas Nívea e Nadja, pela presença constante em minha vida;
Ao meu amigo Hipólito, por alegrar meus dias.
A querida professora Valdeci dos Santos, pelo incentivo.


                                                                    Pág. 60
Referências
BUORO, Anamelia Bueno. Olhos que pintam: a leitura da imagem e o ensino da arte. São Paulo:
Cortez, 2002.
D’AMBRÓSIO, U. Educação Matemática: da Teoria à Pratica. Campinas: Papirus, 2001.
FRANCISCO, C. M. e PEREIRA, A. S. Supervisão e Sucesso do desempenho do aluno no estágio,
2004. [Disponível em:] <http://www.efdeportes.com/efd69/aluno.htm>. Acesso 10/Fev.2011..
FREIRE, Paulo. (1996). Pedagogia da Autonomia. Saberes necessários à prática educativa. São
Paulo, Paz e Terra.
GATTI JÚNIOR, Décio. A escrita escolar da história: livro didático e ensino no Brasil. Bauru, SP:
Edusc; Uberlândia, MG: Edufu, 2004.
GIL. A. C. Metodologia do ensino superior. 4 ed. São Paulo: Atlas, 2007. P. 57-66.
GUERRA, Miriam Darlete Seade. Reflexões sobre um processo vivido em estágio supervisionado:
Dos limites às possibilidades, 1995. [Disponível em:] <
http://www.anped.org.br/23/textos/0839t.PDF>. Acesso em 18 Fev. 2011.
KRASILCHIK, M. Prática de Ensino de Biologia. São Paulo, EDUSP, 4° edição. 2008.


                                                                                     Pág. 61
JACCOBI, P. Educação ambiental, cidadania e sustentabilidade. Cadernos de Pesquisa, (São
Paulo) n.118, mar. 2003, n. p.198. [Online]. Acesso em 18/Fev. 2011).
LAKATOS, E. M. Metodologia do trabalho científico. São Paulo: Atlas, 2001.
LIBÄNEO, José Carlos. Didática. 21ª. São Paulo: Cortez, 1994.
LIMA, Rafaela; O vídeo na sala de aula: breve reflexão a partir das contribuições de Mario
Kaplún          e      Paulo        Freire,      (1998).       [Disponível        em:]     <
http://www.aic.org.br/metodologia/o_video_na_sala_de_aula.pdf >. Acesso em 18/Fev, 2011.
LOMBARDI, Roseli Ferreira. Formação Inicial: Uma observação da prática docente por
discurso de alunos estagiários do curso de Letra, 2005. [Disponível em:] <
http://www.congresso/ed2005.puc.c/pdf/ferreira%20lombardi.pdf >. Acesso em 17/Fev. 2011.
LUNETTA, V. N. Atividades práticas no ensino da ciência. Revista Portuguesa de Educação, v.2,
n.1, p.81-90, 1991.
MEC – Ministério da Educação; Parâmetros Curriculares Nacionais – Ensino Médio; Brasília:
MEC/Secretaria de Educação Básica, 2000; 71 p.
OLIVEIRA, Raquel Gomes de. Formar-se professor de matemática: Uma experiência de
aprendizagem          cooperativa,          s.d.      .       [Disponível        em:]      <
http://www.anped.org.br/23/textos/0839t.PDF>. Acesso em 18 Fev. 2011.



                                                                                 Pág. 62
PEDROZO, C.V. Jogos didáticos no ensino de biologia: uma proposta metodológica baseada em
modulo didático. Anais do IX Congresso Nacional de Educação. EDUCERE. II Encontro Sul
Brasileiro de Psicopedagogia. 26 - 29 de Outubro de 2009. PUCPR. p. 3183. [Online]. Acesso em
16/Fev. 2011.
PIMENTA, Selma Garrido e LIMA, Maria Socorro Lucena. Estágio e Docência. 2. ed. São Paulo:
Cortez, 2004.
PIMENTA, Selma Garrido e LIMA, Maria Socorro Lucena. Estágio e Docência. 2. ed. São Paulo:
Cortez, 2004. [Disponível em:] <
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S010173302001000100007&l
ng=es&nrm=isso . Acesso em 20/Fev.2011..
QUEIROZ, Glória Regina Pessoa Campello. Processo de Formação de Professores Artistas
Reflexivos de Física. Revista Cedes. Campinas, v. 22, n.74, p. 97-119, Abril, 2001. [Disponível
em:] <
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S010173302001000100007&lng=es&nr
m=isso . Acesso em 20/Fev.2011.
STRAY, Chris. Quia Nominor Leo: Manual da sociologia histórica. In: CHOPPIN, Alain (org.)
Histoire de l'éducation. n° 58 (numéro spécial). Manuels scolaires, États et sociétés. XIXe-XXe
siècles, Ed. INRP, 1993.
VEIGA, I. P.(org). Projeto político-pedagógico da escola:Uma construção possível.13.ed.
Campinas: Papirus,2001
                                                                                        Pág. 63
•




•   Fim ...

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  • 1.
  • 2. Universidade do Estado da Bahia –UNEB Campus II –Alagoinhas Departamento de Ciências Exatas e da Terra –DCET Portfólio apresentado como um dos requisitos de avaliação e reflexão da prática pedagógica no componente curricular Estágio Supervisionado II, sob a orientação da Professora Cláudia Regina Teixeira de Souza.
  • 3.
  • 4.
  • 5. Sumário 1- Prefácio: O Portifólio Pág. 6 2- Capítulo 1 : Começo de tudo Pág. 7 3- Capítulo 2 : A escola Pág. 9 4- Capítulo 3 : A professora Pág. 14 5- Capítulo 4 : Os alunos Pág. 17 6- Capítulo 5 : Caminhando melhor Pág. 22 7- Capítulo 6 : O Estágio Pág. 25 8 - Capítulo 7 : Recursos didáticos Pág. 33 9 - Capítulo 8: Voltando no tempo Pág. 44 10 - Mensagem ao leitor Pág. 57 11 - Mensagem ao professor Pág. 58 12 - Recordações Pág. 59 13 – Agradecimentos Pág. 60 14- Referências Pág. 61
  • 6. Prefácio O Portfólio O Portfólio compreende um instrumento de coleção de todos os trabalhos realizados pelos estudantes durante um curso ou disciplina. Deste modo, o portfólio, pode incluir resumos de textos, relatórios ou projetos de pesquisa, reflexões, anotações, ou qualquer tarefa que permita ao aluno discorrer de como uma experiência significou pra sua vida, seus hábitos de estudo e seus comportamentos. Assim o objetivo do portfólio é ajudar o aluno a desenvolver a habilidade de avaliar seu próprio trabalho, orientando-o enquanto ser construtivo que é. Segundo Villas Boas (2004) o portfólio é um procedimento de avaliação que permite aos alunos participar da formulação dos objetivos de sua aprendizagem e avaliar seu progresso. Nesse sentido, a obra escrita por Edilândia Rios de Oliveira, aluna do Curso de Ciências Biológicas pela Universidade do Estado da Bahia, surge como uma história real, imbuída de sensações experimentadas, na busca de trazer ao leitor o olhar de um ângulo divergente, não considerando apenas os problemas que permeiam um lado da história, mas um olhar que perceba o quanto ser Professor pode ser bonito. Pág. 06
  • 7. Capítulo I Começo de tudo Os raios de luz de outubro que penetravam o quarto diziam... era um dia de sol... Ainda cochilando vi que o relógio do celular marcava 07:00h da manhã de uma quinta-feira, era preciso levantar, o corpo pedia que eu permanecesse ali. Meio de súbito, lembrei, “É hoje!! O primeiro dia de Estágio”, aquela lembrança veio à tona e despertou-me muito mais que o barulho de que qualquer despertador. Em ligeiro instante, ainda deitada, imaginei um mundo de coisas que poderiam acontecer ao entrar na sala de aula, ao assumir uma turma; coisas boas, coisas ruins... Como reagir a cada uma delas? Rodeada por uma atmosfera de sentimentos mistos; um coquetel completo de sensações desconhecidas; senti uma vontade enorme de que esse momento já tivesse passado, vontade de me livrar, me livrar sim! Aquilo tudo parecia um fardo e no momento pesava, mais do que eu queria, mais do que eu podia imaginar. Pág. 07
  • 8. Ao levantar, relutei, “hoje definitivamente, não era o melhor dia pra começar”. Não estava bem comigo mesmo, não sabia o porquê, apenas sentia que não estava. A manhã passou depressa, mal tinha acordado, nem tinha me livrado daquela sensação de medo que me acompanhou durante as poucas horas do dia, já era a hora de ir, eu tinha que ir... Embora aquela experiência não fosse a primeira vez, pra mim, era como se fosse. Então saí de casa, disposta a encarar o traiçoeiro medo, descobrir ou incentivar o meu “eu professor’’. Pág. 08
  • 9. Capítulo 2 A escola Pra viver essa experiência, escolhi o Colégio Polivalente de Alagoinhas, situado no Bairro Silva Jardim desta cidade. Estruturalmente uma escola como todas as outras, com salas de aula, secretaria, biblioteca, cantina, campo para futebol. Composta de professores e de alunos, a alma daquele lugar! Sem eles todos os cômodos não passariam de um espaço vazio, sem história, sem recordações, sem aprendizado, nem ensino... E sem sua alma aquilo tudo, nada seria... Não demorou muito, aos poucos, pude me sentir membro da instituição. Como estagiária; fui tratada como efetiva, como professora; um membro da casa... Lá aprendi a não me sentir menor, tão pouco maior, apenas igual. Pág. 09
  • 10. Nos dias que chegava cedo na escola, enquanto descansava numa poltrona de napa amarela que repousava ao lado da secretaria, observava tudo. Numa viagem rápida de pensamento, formulava previamente conceitos; imaginava coisas, achava graça de outras e me perdia no tempo. Não era uma espera cansada pela aula que logo começaria, era um momento meu. Nessa hora, lembrava de quando estudava, do espaço, do lanche, sobretudo da paz que era estar com os amigos! Ah! Os amigos da escola, quanta falta me faz... O olhar distante focava aquele grupo de meninas sorrindo, os rapazes flertando ao lado... Tudo isso não me era estranho; era possível voltar no tempo... Eu, com cara de boba, inconsciente sorria. O toque do sinal alertava... Levantava como se nada tivesse passado pela cabeça e seguia aquele percurso tantas vezes feito... Aquele caminho que no início foi tão difícil trilhar... Rumo à minha sala. Pág. 10
  • 11. A escola surgiu nas civilizações do Egito e da Mesopotâmia e desde a sua gênesis, ela foi um estabelecimento restrito as elites. Não obstante, esse quadro sofreu alterações no século XVIII, devido correntes de pensamento que defendia escolaridade para todos. De lá para cá, muita coisa mudou... A escola hoje, assume diversos papéis na sociedade. Tem, ou pelo menos deveria ter, o objetivo de buscar um ponto comum entre comunidade, família, alunos, gestores, professores e funcionários, de modo que cada indivíduo sinta-se parte responsável transformador da educação; deve sobretudo, estabelecer relações democráticas, inserindo o aluno ao contexto escolar e social. Nesse contexto, a escola deve construir um currículo capaz de favorecer um aprendizado social, baseado no diálogo e na interação em constante processo de recriação e reinterpretação de conceitos, transformando a escola num espaço em que o aluno terá condições de analisar a natureza em um contexto entrelaçado de práticas sociais (JACCOBI, 2003). Pág. 11
  • 12. Veiga (2001), afirma que a qualidade da educação não depende apenas de uma gestão democrática, mas de um planejamento participativo e de um projeto pedagógico eficiente e contextualizado com a realidade da escola. Segundo Libâneo (2004): “A educação escolar tem a tarefa de promover a apropriação de saberes, procedimentos, atitudes e valores por parte dos alunos, pela ação mediadora dos professores e pela organização e gestão da escola. A principal função social e pedagógica da escolas é a de assegurar o desenvolvimento das capacidades cognitivas, operativas, sociais e morais pelo seu empenho na dinamização do currículo, no desenvolvimento dos processos de pensar, na formação da cidadania participativa a na formação ética. ” A escola, deve portanto, preparar e instigar o aluno, a ser crítico e participativo, no contexto o qual esta inserido, contribuindo para a formação integral do indivíduo. Pág. 12
  • 13. Colégio Polivalente de Alagoinhas Pág. 13
  • 14. Capítulo 3 A professora Era mês de setembro, ainda insegura quanto a que escola escolher, que série trabalhar, saí de casa acreditando encontrar alguém que pudesse me acolher. Poderia ter sido uma decisão precipitada, mas no mesmo instante, sem procurar outra instituição, pensei, “Vai ser aqui”. O motivo que me fez escolher a escola, foi também o que me fez ter vontade de permanecer. Meu primeiro contato com a professora regente da turma, embora tímido, foi certeiro, gostei e pronto! Nesse dia ao chegar na escola, os alunos já haviam sido liberados, então, seguindo orientação da diretora, resolvi aguardar a professora que estava no laboratório. Após alguns minutos de espera e com receio que ela saísse sem que eu a encontrasse, fui à sua procura. Enquanto eu do lado de fora observava; ela envolta de alguns alunos que permaneceram na sala, ela gesticulava, tirava dúvidas... Tão pequena, tão simpática, tão querida pelos que ali estavam. Pág. 14
  • 15. Dona de um sorriso lindo e de uma educação grandiosa, naquela hora me ganhou e foi ali que eu quis ficar. Confesso que a princípio, não foi pela escola, não foi pelos alunos, pois não houve contato anterior, foi por ela, pela professora, por sua gentileza, pela dedicação que teve a mim. Todas as outras coisas, vieram depois ... Ah! O nome dela ... verdade , quase esqueço de mencionar. Professora Celúcia Acácia, uma flor, com nome de flor... Graduada em Cências Biológicas pela Universidade do Estado da Bahia, leciona na casa há muitos anos, tanto a disciplina de Biologia, como também Ciências... querida pelos funcionários e pelos alunos, em qualquer turma que se responsabilizar a assumir. Como regente, esteve presente todo tempo no colégio, disposta a tirar qualquer dúvida que pudesse surgir da minha parte. É envolvida nos projetos da escola, participa de grupos de dança, organiza Feiras culturais, é o típico profissional que ama o que faz... Pra mim, foi o que deixou transparecer. Pág. 15
  • 16. Nos difíceis primeiros dias, quando a procurei pra me orientar quanto ao comportamento da turma, aconselhou-me como amiga. Disse “É só no começo Edi, eles acostumam, você vai ver...” Acreditei. De acordo com Queiroz (2001) “o papel do professor é fazer que os alunos adquiriram certos saberes, presentes, em geral, nas matérias escolares, participando, além disso, da educação no sentido mais amplo, preparando-o para a vida em sociedade.” Pimenta e Lima (2004) afirmam que “o professor é um profissional que ajuda o desenvolvimento pessoal e intersubjetivo do aluno, sendo um facilitador de seu acesso ao conhecimento.” Deste modo, o papel do professor é ser mediador do processo ensino-aprendizagem, entendendo os instrumentos de avaliação, os alunos, a escola, como parte de um processo contínuo. Sou grata, a professora Celúcia, por ter me incentivado (também sou aluna!), pela chance que me deu. Ser professor, ao meu ver, também é isso. É se colocar no lugar do outro e ajudá-lo a seguir. Pág. 16
  • 17. Capítulo 4 Os alunos A chamada 90V6, um 1º ano, turma grande e difícil... Naqueles dias era engraçado observá-los, enquanto realizavam as atividades, grupais ou não, sempre havia tempo de acompanhar um pouquinho de cada um deles. Eu poderia tentar definir “um por um”, talvez de forma errada, equivocada, mas era o que ainda cedo dava pra perceber. Poderia detalhar o comportamento de cada um, também do conjunto de todos eles. Havia os que indubitavelmente atraía maior atenção, mas disso, falarei nas próximas páginas... Costumavam sentar em grupo. A sala era diversificada, grupos de meninos, meninas, mistos, grupo dos irmãos, grupo dos sem grupo... Eles acreditavam que aquela arrumação era uma fila! Meu Deus que fila mais tosca!! Pág. 17
  • 18. Eu não ia mudar, não poderia chegar impondo nada, se aquilo não foi modificado pela professora regente, foi por que sempre deu certo... achar que ela não conseguiu mudar, que foi obrigada a aceitar, não posso, tenho certeza que não foi esse o motivo. Então coube a mim, achar a saída, para atrair maior atenção deles a mim, que com tom de voz baixo, encontrou nisso uma das maiores dificuldades do estágio. Decidi depois de algumas aulas frustradas, me libertar de tudo, da metódica escrita no quadro, e a pedido deles, libertei-me da prisão dos slides... Usava apenas pra mostrar imagens, ou caso fosse extremamente necessário. E observando, aceitando as opiniões dos próprios alunos, pra minha surpresa, deu certo, era isso!! Assim segui minhas aulas... Escrito, o plano era meu único guia, o mais, era estudar, jogar a timidez, o medo pro lado e me deixar levar, um pouco por mim, outro tanto por eles. Pág. 18
  • 19. Como falei anteriormente, alguns alunos chamavam maior atenção, não querendo ser injusta com os demais, queria citar alunos como Geovane, acredito que tenha idade aproximada de 17 anos, conversava o tempo todo, amigo de todos na turma, dono de uma personalidade comediante, não conseguiu arrancar de mim, sequer um dia de chateação, e olha que eu o reclamava; Nossa! perdi a conta de quantas vezes repeti a frase “ Geovane, não tem graça, ou você cala a boca, ou sai da sala, preciso continuar a aula ”, sem hesitar ele respondia “Desculpa minha pró linda, desculpa, juro que vou ficar quieto, é que tô com dor no coração, ajuda eu pró?” Seu silêncio era no máximo de um minuto. O que eu podia fazer? Inexperiente! Por fora, um sorriso de canto pra disfarçar, por dentro um sorriso enorme por achar mesmo, graça em tudo que dizia, foi assim durante todo estágio, não consegui colocá-lo fora da sala, em nenhum momento. Pág. 19
  • 20. Em frente a mesa do professor, sentava Marília, Milena, Leandro e Ediná, os três primeiros, irmãos, a última, aluna da escola transferida de outra escola na terceira unidade. Eram esforçados, educados, tiravam dúvidas, pegavam no meu pé, reclamavam da quantidade do assunto, mas não saiam dali... Outros, como Diego, Gabriel e Abner, chamava - me atenção. Sempre entendiam, sempre me surpreendiam com perguntas inteligentes e inesperadas... A diversificada sala, contava com Mozir, aluno também recém transferido de outra escola, não tirava o fone do ouvido, nem na hora de prova, só abria a boca pra dizer “presente” na hora da chamada; olhava fixo, calado. E a sua presença distante também me acostumei. Nesta série, matriculado, estava Hebert, só matriculado... ele não assistiu uma aula, nem minha, nem de qualquer outro professor. Pág. 20
  • 21. Sentava do lado de fora da sala, não respondeu a uma chamada, apenas me recebia com um boa tarde dizia que o assunto de Biologia era ruim, “decoreba”. Não apenas ele, muitos também pensavam assim. Havia tantos outros alunos, cada um com sua graça, com seu brilho, cada um era o que podiam ser. Procurei não julgar nem comparar bons ou maus comportamentos, entendia, que fora dali, existia outra história, o contexto de um mundo pessoal que eu não conhecia. Assim era... Pág. 21
  • 22. Capítulo 5 Caminhando melhor O início foi mesmo difícil, cheguei a pensar em desistir. Os alunos estavam arredios, pareciam completamente insatisfeitos. Com o passar dos dias, já acostumada àquela rotina, o medo era sempre menor a cada nova aula... Procurei me adaptar a eles, pedia opiniões quanto às aulas, dava broncas caso houvesse necessidade. Houve um dia, acho que nosso segundo encontro, na ânsia de fazer diferente, de ganhar a confiança deles, preparei aula prática. Íamos observar ao microscópio lâminas com células da epiderme da cebola e com raspas da mucosa bucal, preparadas por eles, naquela mesma aula. Foi um dia duro, talvez o pior dia de aula pra mim. Pág. 22
  • 23. Já frustrada com os olhares da aula anterior, estava arrasada cheguei a pensar que seria rejeitada pela turma, nesse dia me aborreci. Do pequeno tom de voz, a um sermão, fui ao extremo... Não era justo, fiz tudo com carinho, preparei uma aula interessante, slides ilustrativos, ninguém queria ouvir, não prestavam atenção, olhavam com ar ameaçador de indiferença. Soltei o verbo ... literalmente, li o bê a bá... Desde então, tudo mudou, percebi que faltava autonomia, eu era a professora e era assim que tinha que me portar!!! Assim foi, melhor, assim tentei ser, diversas vezes escapei disso! E não era difícil fugir à essa regra, aluno tem cada uma! Com o tempo, me adaptei a eles, eles a mim. Nas primeiras aulas, usava slides. Não demorou a entender; não era aquilo que eles queriam, pra minha surpresa... Então mudei. Levava o assunto apenas em mente, falava andando pela sala, perguntando, procurando instigá-los a responder. Pág. 23
  • 24. Alguns se incomodavam diziam “Pró, porque você não senta, nenhum professor dá aula assim, vai ficar tonta.” Eu, apenas achava graça... Assim como os dias chatos, houve dias engraçados, dias com músicas, paródias, jogos, exercícios, provas, dia com sol, dias de chuva... Dia de Feira de cultura, com aula sobre Moda, contando com a ilustre presença do melhor atual estilista “Victor Valentin”, interpretado por quem? Geovane, tinha que ser ele. Era o Personagem... Ele arrasou!! Os passos seguintes foram sempre melhores, embora não tenha sido o melhor de mim, sei que também não o deles, o curto período letivo de uma Quarta Unidade, nos limitou a apenas isso, a correr, correr contra o tempo, a mostrar muitos pouco do que sou, ver menos ainda do que eles eram... Pág. 24
  • 25. Capítulo 6 O Estágio O período de Estágio propriamente dito, teve início no dia 14 de Outubro de 2010, com término no dia 06 de Dezembro do mesmo ano. As atividades desenvolvidas durante o processo serão detalhadas num capítulo à parte. Aqui, a finalidade é esclarecer para o leitor, a importância do Estágio Supervisionado, no processo de desenvolvimento profissional do futuro professor. De acordo com a Lei 9.394/96 de Diretrizes e Bases da Educação Nacional o Estágio de Licenciatura, é necessário à formação profissional a fim de adequar essa formação às expectativas do mercado de trabalho onde o licenciado irá atuar. No exercício da profissão temos a oportunidade de consolidar o aprendizado; a prática nos possibilita construir e configurar o processo de aprender a ensinar. Pág. 25
  • 26. A construção ocorre gradualmente, à medida que o professor articula e efetiva sua prática docente no contexto escolar a partir dos conhecimentos teóricos/acadêmicos. Para Francisco e Pereira (2004) “o estágio surge como um processo fundamental na formação do aluno estagiário, pois é a forma de fazer a transição de aluno para professor ‘aluno de tantos anos descobre-se no lugar de professor’.” Este é um momento da formação em que o graduando pode vivenciar experiências, conhecendo melhor sua área de atuação. Corroborando com isso, Kenski (1994), citado posteriormente por Lombardi em 2005, dizem que este possibilita ao graduando desenvolver a postura de pesquisador, despertar a observação, ter uma boa reflexão crítica, facilidade de reorganizar as ações para poder reorientar a prática quando necessário. Segundo Guerra (1995), o Estágio Supervisionado consiste em teoria e prática tendo em vista uma busca constante da realidade para uma elaboração conjunta do programa de trabalho na formação do educador. Pág. 26
  • 27. O parecer 292/62 é quem define pela primeira vez a Prática de Ensino com um componente curricular obrigatório dos cursos de Licenciatura e Pedagogia, na forma de Estágio Supervisionado. Este parecer orienta que o estágio deva ocorrer nas escolas da comunidade. Define ainda, que o estágio deve ter um período de duração de um semestre letivo. Esse período de realização pré-profissional é fundamental na carreira de qualquer professor. A prática de estagiar, permite ao aluno, experimentar situações diversas, quebrar medos, mudar opiniões... Não é difícil ouvir pessoas dizerem, “faço Licenciatura, mas sala de aula não está nos planos!!” Imaginam o Estágio como um “bicho de sete cabeças” e ao passar por ele, percebe-se dizendo contrariamente ao pensamento inicial: “ É, não é, não foi tão ruim”. Me senti assim. Pág. 27
  • 28. Mas há alunos que pensam fazer da escola, espaço para seu futuro profissional, e no entanto, frustram-se ao sentir de perto a realidade da educação brasileira. E ainda há, aquele aluno que entra na faculdade sabendo o que quer, a sala de aula é o seu prazer. Para este, “ensinar” o torna feliz! Para ser professor, é como qualquer outra profissão, não basta querer ser, é preciso ter o dom, gostar do que faz e fazer bem. O bom professor sabe lapidar o seu prazer, sabe o que faz, sabe lutar pelo que quer e o faz com gosto, mesmo que a realidade dos dias atuais, não seja favorável como deveria ser. É desse professor, que a educação precisa... Contrariando a necessidade, é o tipo que falta. O bom profissional consegue instigar e influenciar positivamente o aluno estagiário que esta começando a trilhar este caminho. Pág. 28
  • 29. Oliveira (s.d), diz que: “É necessário que o estagiário aprenda a observar e identificar os problemas, estar sempre aprendendo e buscando informações, questionar o que encontrou além de buscar trocar informações com professores mais experientes.” Assim chegamos na importância do professor experiente na formação do professor estagiário. Se o professor regente for ruim, ou o estagiário se espelha e quer fazer tudo diferente, ou passa a acreditar que ser professor é realmente o que se está vendo. Aí, a educação não muda mesmo! No meu caso, ainda bem, a imagem foi favorável. Algumas dúvidas de principiante foram esclarecidas, muitos medos deixaram de existir. Tive a certeza de que o saldo do que foi bom, foi muito maior do que o que foi ruim... Pág. 29
  • 30. Não sei se meu “eu professor” foi descoberto ali, mas sei, que qualquer que seja a experiência, no final de tudo vale a pena. E valeu! Foi dessa forma que encarei os dias que vieram depois. Então, já estranhando cada dia menos aquele espaço, que tinha se tornado um pouquinho meu, chegou o dia a ser observada, aquele dia que todo mundo teme, sabe?! Somos colocados à prova, meu Deus!! Que sensação... Estava aparentemente “segura”, confesso que me assustei comigo mesma. Eu, um poço de medos, de receios, eu, que nunca consigo disfarçar, agi “calmamente”. Fiquei sem graça, claro! Mas disfarcei direitinho, acho... Até o nome dos alunos, que sempre trocava, não aconteceu... Acredito que a obrigação de ir bem, falou mais alto que a insegurança que o medo tentava impor sobre mim. Que bom! Lembro-me bem da aula. Naquele dia, não iria falar nada, os alunos apresentariam um trabalho... Mas é preferível sempre um segundo plano não é isso? Pág. 30
  • 31. Aprendemos também no estágio... Nunca prepare uma aula, sem ter uma carta na manga, pode ser que o dia não seja favorável e dê tudo errado. Ouvi isso do meu querido colega de curso, Paulo, sabia que ele estava certo, não hesitei. A professora Cláudia já me esperava na secretaria, meia hora antes da aula começar. Seguimos para à sala, eu, ela, Camila (Colega de curso e monitora de Estágio) e a professora Celúcia, regente da turma. Preciso dizer que a aula que preparei não aconteceu como seria? Claro que não, eu nem ia dar aula expositiva, isso fazia parte do plano; iria prestigiar os alunos, ouvi-los. Mas adivinhem! Sem misericórdia, Cláudia diz: “Mas antes dos alunos começarem, quero ouvir você falar um pouquinho, quero ver você se expressar”. Pois é. Tive que “rebolar”! Aquela cartinha escondida... (improviso de uma revisão) e foi... Não foi o melhor que eu podia dar de mim no momento, mas o que consegui, não senti o medo, embora ele estivesse ali. Pág. 31
  • 32. A orientação da professora Cláudia, durante todo o semestre, sem dúvida me permitiu maior confiança e dedicação. Professora da disciplina Estágio supervisionado II, era exigente, acompanhava tudo, plano por plano, via detalhes... Carismática, com jeitinho, queria de todos as alunos, sempre mais um pouco. A gente reclamava, retrucava: “Mais trabalho professora?”, mas fazíamos, querendo sempre fazer bem. Hoje percebemos a importância de tudo. Agora que já passou... Como muitas coisas na vida, a gente pensa: “bons tempos!” Achamos a graça que o cansaço desses dias não permitia perceber. Pág. 32
  • 33. Capítulo 7 Recursos didáticos Em meio a um semestre louco, com tarefas externas a faculdade, procurei preparar as aulas tomando como base o livro didático da turma. Era um Volume único, da Editora Saraiva, de autoria Sônia Lopes e Sergio Rosso. Os assuntos trabalhados correspondente a Quarta Unidade eram Introdução à Citologia, seguido por capítulos voltados detalhadamente para cada parte da Célula. Bem ilustrado, o livro contava com vocabulário de fácil compreensão, era usado durante as atividades em sala juntamente a outros livros, como Amabis, Volume 2, Edit. Moderna; César e Sezar, Volume 2, Edit. Saraiva encontrados na biblioteca da escola. Os mesmo livros, usei, durante o preparo de aulas. Ainda como suporte, retirava questões de alguns livros de Biologia de 2º grau, como: Biologia Hoje de Sérgio Linhares e Fernando Gewandsznajder, Volume 1 , Edit. Ática e o livro Bio de Sônia Lopes, Volume 3, Edit. Saraiva. Pág. 33
  • 34. Para Stray (1993), “o livro didático pode ser definido como um produto cultural, composto, híbrido, que se encontra no ‘cruzamento da cultura, da pedagogia, da produção editorial e da sociedade’.” Desta forma, pode permitir ao aluno, maior suporte teórico no processo de aprendizagem. Sua origem está na cultura escolar, mesmo antes da invenção da imprensa no final do século XV. Na época em que os livros eram raros, os próprios estudantes universitários europeus produziam seus cadernos de textos. Com a imprensa, os livros tornaram-se os primeiros produtos feitos em série e, ao longo do tempo a concepção do livro como “fiel depositário das verdades científicas universais” foi se solidificando (GATTI JÚNIOR, 2004). Ainda bem que os tempos mudaram! Ou seriamos arcaicos até hoje! Pág. 34
  • 35. Ainda falando do livro didático, Coutinho e Freire (2006), advogam que: “por muito tempo, o texto escrito, o conteúdo, foi o mais importante e valorizado na hora de se produzir um livro, e as imagens desempenhavam um papel secundário ou simplesmente decorativo. Contudo hoje, a imagem passou a ser valorizada e seu papel é visto como menos decorativo e mais ilustrativo, no sentido de apoiar e complementar o conteúdo textual. Pude ver isso de perto, quando pedia aos alunos, que lessem em casa o assunto trabalhado no dia da aula, para fixar o conteúdo; eles respondiam insatisfeitos “Ah não pró!! Ninguém merece”; já me perguntaram se ao invés disso, não podia desenhar uma célula, ou fazer outra coisa, mas ler, definitivamente, não fariam com tanto gosto. Pág. 35
  • 36. Pensando nisso, e sabendo que os alunos não eram amantes de recursos como data show, procurava alternativas pra que as aulas não fossem sempre iguais, tentei diversificar o máximo, e para isso, usei métodos que estavam a minha disposição. Para cada aula, o preparo de um novo plano, a escolha de um novo jeito de ir ao encontro deles, não podia apenas falar, falar e falar, ao fim do estágio, provavelmente os alunos estariam cansados da minha voz. Desta forma, houve aulas com jogos, aulas com paródias, com música, caixas de som. Eram sempre mais proveitosas. Ao fugir de regras como ler livros, alunos sentiam-se imersos num outro mundo, com chances de aprender sem obrigação. Porque de fato, pra muitos deles, é triste dizer, mas a escola não passa de uma obrigação, distração, meio de fuga. Pág. 36
  • 37. Dessa forma, os instrumentos usados durante o processo de ensino-aprendizagem são de extrema importância na construção crítica do indivíduo, para que haja formação cidadã efetivamente participativa e estimulada no contexto escolar e fora dele. Para D´AMBRÓSIO (2001), “é preciso substituir os processos de ensino que priorizam a exposição, que levam a um receber passivo do conteúdo, através de processos que não estimulem os alunos à participação. É preciso que eles deixem de ver a ‘ciência’ como um produto acabado, cuja transmissão de conteúdos é vista como um conjunto estático de conhecimentos e técnicas.” Concordando com o autor, vale dizer, que se o aluno vivencia ativamente o material trabalhado na sala, é mais fácil, no próximo passo, este mesmo aluno, saber sozinho caminhar. Vi isso, diversas vezes... Pág. 37
  • 38. Lembro bem da aula, era nosso quinto encontro, havia preparado um jogo para os alunos. Ao chegar, fiz um breve resumo do assunto. Tinha confeccionado um baralho referente às organelas, composto de imagens e perguntas. Comprei um saco de pirulitos, organizei a sala, separando-a em grupos: Meninos X Meninas e deixei a aula acontecer. Foi uma tarde sensacional! Trabalhar desta forma pode ser instigante e produtivo; os alunos acompanham na prática os resultados da própria investigação. Analisando a contribuição de novas tecnologias no processo ensino-aprendizagem, o PCN (1988, pág. 44), diz que as mesmas possibilitam “o desenvolvimento nos alunos, de um crescente interesse pela realização de projetos e atividades de investigação e exploração como parte fundamental de sua aprendizagem.” Pág. 38
  • 39. Considerando questões como essas, Pedrozo (2009), falando sobre Jogos didáticos no ensino de biologia, afirma que: “os jogos e brincadeiras são elementos valiosos no processo de apropriação do conhecimento, pois permitem o desenvolvimento de competências no âmbito da comunicação, das relações interpessoais, da liderança e do trabalho em equipe, utilizando a relação entre cooperação e competição em um contexto formativo. O jogo oferece o estímulo e o ambiente propícios que favorecem o desenvolvimento espontâneo e criativo dos alunos e permite ao professor ampliar seu conhecimento de técnicas ativas de ensino, assim como desenvolverem capacidades pessoais e profissionais para estimular a comunicação e expressão dos alunos, mostrando- lhes uma nova maneira prazerosa e participativa de relacionar-se com o conteúdo escolar, levando a uma maior apropriação dos conhecimentos envolvidos.” Pág. 39
  • 40. Na tentativa de sempre fazer diferente, trazia para sala, imagens relacionadas ao tema a ser tratado naquele dia. Passava em data show ou Tv pen drive, desejando facilitar a visualização e instigar a curiosidade dos alunos. Técnicas inovadoras, como o uso de sons e imagens podem dar suporte necessário para diversos conteúdos. Os recursos audiovisuais, podem ser considerados, materiais que buscam “prender a atenção”. A riqueza de detalhes, a facilidade de visualização, torna a aula mais avançada e interativa, aproximando o aluno e inserindo - o sobretudo no mundo atual. Pág. 40
  • 41. Para Buoro (2002), “As imagens impõem presenças que não podem persistir ignoradas ou subestimadas em sua potencialidade comunicativa por editores e educadores, mas que, ao contrário, devem ser devidamente exploradas e lidas, o que implicaria ganho evidente para o processo educacional. A presença da imagem nos livros escolares e o contato diário da criança e de nossos alunos em geral com imagens de qualquer ordem devem ser levados em conta, tanto quanto a observar essa presença como algo que atua sobre a sensibilidade e os afetos dos leitores.” Isso reforça o que diz Moran no ano de 1995 em um artigo sobre o vídeo na sala de aula: “O vídeo ajuda a um bom professor, atrai os alunos, mas não modifica substancialmente a relação pedagógica. Aproxima a sala de aula do cotidiano, das linguagens de aprendizagem e comunicação da sociedade urbana, mas também introduz novas questões no processo educacional.” Pág. 41
  • 42. Sobre isso, parafraseando Lima (1998), o uso desses recursos, convida para uma linguagem inovadora, atrai a atenção tanto do aluno como do professor, colocando-os igualmente a um papel de telespectadores. A atividade audiovisual além de complemento didático, sobretudo nas aulas de Ciências e Biologia, em determinados momentos serve como recurso de capacitação, tão logo, podem instigar, desvendar ou esclarecer no aluno, dúvidas que muitas vezes não constam na estrutura ou no momento da leitura de um texto escrito. A escolha dos recursos usados para uma aula, é portanto, de extrema relevância no circuito educativo da escola. Gil (2007), fala que “o processo de ensino-aprendizagem é bastante complexo e pode ser influenciado por diversos fatores, tais como: diferenças individuais, motivação, concentração, recursos de ensino e reações estimuladas a partir de situações de ensino preparadas pelo professor.” Pág. 42
  • 43. Tratando-se do ensino de Biologia, o professor deve contudo relacionar os conteúdos científicos ao cotidiano, sem que para isso, a disciplina seja vista como “decoreba”, ou rotulada como “matéria de nomes difíceis”; deve ajudar o aluno a conceituar as concepções da própria vida. Esses conhecimentos devem contribuir para que os seres humanos em geral sejam capazes de usar o que aprenderam ao tomar decisões de interesse individual e coletivo, diante de um quadro ético de responsabilidade e respeito considerando seus papéis na biosfera (KRASILCHIK, 2008). Pág. 43
  • 44. Capítulo 8 Voltando no tempo Finalizando o trabalho, quero apenas registrar nesse Capítulo, as observações feitas durante o Estágio. Muitos dias já foram citados, outros, não menos importantes, também merecem páginas nessa história. A primeira aula foi no dia 14 de Outubro do ano de 2010. Não me sentia bem, ainda sem almoçar, recebi uma ligação da professora Celúcia, pedindo pra ir mais cedo, havia faltado um professor, teria que adiantar a aula. Saí de casa o mais rápido que pude, quase não chego a tempo de encontrá-los. Na verdade, eles esperavam que eu não aparecesse. Cinco minutos de atraso, teria perdido minha primeira aula. Tinha preparado slides, usaria o data show. O assunto era “meio complicado”, com imagens seria mais fácil trabalhar. Ilusão. Pág. 44
  • 45. A turma estava dispersa, alguns alunos (as meninas principalmente) olhavam como se quisessem me expulsar dali. Enquanto tentava explicar o assunto, a maioria conversava, poucos faziam questão de me ouvir. Fiquei arrasada. Os slides dinâmicos nada significavam, pelo menos pra maioria... O pedido de silêncio, durava no máximo dois minutos. Me apavorei, diversas vezes. Como não bastasse o barulho dentro da sala, melhor, do laboratório (preferi o local, por ser maior, mais ventilado e adequado para o uso de mais recursos didáticos) o barulho externamente era quase insuportável, nunca tinha visto tanta falta de educação, tão pouco respeito. Isso também me assustou. Pág. 45
  • 46. Tentei trabalhar um exercício sobre Organização Celular (Capítulo do livro didático) na aula, mas como a metade do tempo, perdi pedindo silêncio, não deu tempo. Levaram para casa, trariam na próxima aula. Saí de lá quase chorando, mas acreditava que a próxima aula fosse melhor... Chegou dia 21, minha segunda aula, “hoje vai ser diferente” pensei. Queria inovar! Vamos fazer uma aula prática, corrigir o exercício da aula anterior... Talvez eu mude a impressão que passei e a que tive da turma. Sobre aulas práticas, Lunetta 1991, diz que, “Além de ajudar no desenvolvimento de conhecimentos científicos, as aulas práticas permitem que os estudantes aprendam como abordar objetivamente o seu mundo e como desenvolver soluções para problemas complexos.” Pág. 46
  • 47. Acredito nisso, mas o alunos, acreditam também? Segundo Lakatos (2001), “as atividades práticas proporcionam grandes espaços para que o aluno seja atuante, tornando-se agente do seu próprio aprendizado, descobrindo assim, que aprender é mais do que mero conhecimento de fatos, interagindo comas suas próprias dúvidas, chegando a conclusões e à aplicação dos conhecimentos por eles obtidos.” Respondo com conhecimento de causa. Lamentavelmente não. Pelo menos para essa turma, isso pouco importava naquele momento, futuramente, já não sei... Turminha difícil a minha! Mais uma vez a aula havia começado um horário antes, pelo mesmo motivo anterior. A maioria dos alunos estavam agoniados pra sair, não teriam mais aula e isso comprometeu sobretudo a aula prática, que acabou não sendo proveitosa como poderia ser. Pág. 47
  • 48. Conversavam o tempo todo, reclamavam de tudo, pedi por silêncio, uma, duas, três vezes, nada feito! Se fui grosseira, se tive autonomia, nem sei, tinha que mudar aquela situação. Então falei, falei e falei, o que esperavam e o que não esperavam ouvir de mim. Só havia essa alternativa? Também não sei. Ao sair da sala, procurei a professora regente, achei que seria rejeitada pela turma. Conversar com ela me acalmou. Levantei a cabeça e encarei de frente. “Próxima aula, não serei a mesma”, pensei comigo. Terceira aula, 28 de Outubro, abordando detalhadamente O Citoplasma, levei imagens para passar na Tv pen drive, já que os slides não teria feito nenhum efeito positivo, na verdade, nem gostaram da idéia. Tinha que pensar em outra coisa. Pág. 48
  • 49. Pelo mesmo motivo de antes, a aula começaria mais cedo. A professora regente da turma havia dito aos alunos que esperassem, mas em virtude da Feira da Pechincha (para arrecadação de dinheiro em prol da Feira da Cultura) que estava acontecendo na Escola, os alunos instigados a ver o movimento, não permaneceram em sala. Quando cheguei, encontrei apenas três alunos me aguardando. Mais uma vez procurei a professora regente pra saber que posição tomar. Muitos alunos já não estavam na escola, por isso, orientada por ela, a aula desse dia, teve que ser adiada para a próxima semana. Preocupada devido o curto tempo da Unidade e a quantidade de assunto ainda a trabalhar com eles, voltei para casa, guardei o plano, o material e o que tinha em mente, para a próxima semana. Pág. 49
  • 50. Quarta aula, 04 de Novembro. Antes de começar aula, comentei sobre a atitude deles na aula anterior, de não terem esperado, ainda sabendo que teriam professor em sala. Em seguida, perguntei se sabiam o que era um Estudo Dirigido, pedi que sentassem em grupo, expliquei o objetivo do trabalho e solicitei que respondessem. Dentre os dias de aula, esse, acredito que foi um dos mais proveitosos. Os alunos mostraram bastante disposição, tiraram dúvidas relacionadas ao assunto, procuraram interagir e mesmo sentados em grupo não houve muito barulho na sala; as duas aulas não foram suficientes para o término da atividade, os grupos ficaram responsáveis em entregar a atividade pronta na próxima aula. Sai de lá, revitalizada. Deu certo! Pág. 50
  • 51. Já quase metade do mês de Novembro, dia 11, quinta aula. Preparei aula expositiva dialógica no quadro, usando como suporte, a Tv pen drive para a visualização de imagens (organelas) também para explicar mais claramente, como cada uma delas trabalhavam em conjunto com as demais. Os alunos participaram mais que nas aulas anteriores. Após a aula dialógica expositiva, a turma foi convidada a dividir-se em dois grupos, meninos e meninas, para responder perguntas relacionadas à fisiologia e morfologia das organelas. Para cada acerto, o grupo recebia um pirulito, a intenção era fazê-los pensar na resposta ao passo que garantia um número de pirulitos suficiente para o grupo. A aula foi divertida, contamos com a presença da professora Celúcia. Os alunos participaram entusiasmados do jogo. O tempo passou que nem percebemos. Pág. 51
  • 52. Mais uma semana, estávamos na metade do mês de Novembro, dia 18. Já!! As aulas não demorariam a acabar. Mas antes que isso acontecesse, teria que ser observada. A essa altura, já não preciso dizer que foi aquele dia não é mesmo? Esperava a visita da professora Cláudia a qualquer momento. Torcia pra que fosse naquele dia. “A professora vai chegar e quem vai estar dando aula, serão os alunos” Pensei comigo mesma. Seguindo meu cronograma, os alunos apresentariam um seminário. Eu, não estaria na condição que outrora estive diversas vezes, ia avaliar, não seria avaliada. Seria assim... Caso, Cláudia não tivesse a brilhante idéia de querer-me ouvir! Depois de observar minha revisão com os alunos, a professora Cláudia assistiu a apresentação de um único grupo e saiu para observar outros colegas. Pág. 52
  • 53. Digo único, porque somente este teve a responsabilidade de fazer o trabalho. Os demais inventaram inúmeras desculpas. Conhecendo a turma, imaginei que isso pudesse acontecer. Deixá-los ir embora porque não havia mais nada pra fazer na aula? Não mesmo! Tinha sim um segundo plano. Ainda bem! Havia preparado alguns vídeos sobre célula. Alguns alunos ensaiavam música, a pedido da professora Celúcia, cederam a caixa de som e participaram da aula; o final da tarde foi muito agradável. Após o vídeo, aproveitamos o recurso, para soltar a voz, cantamos absurdamente desafinados, uma paródia sobre as Organelas. Minha aula do dia 25 de Novembro não ocorreu. A escola havia marcado a Feira da Cultura para a mesma data. Esse fato aliado ao dia que os alunos foram embora antes que eu chegasse, justamente aproveitando um evento (Feira da Pechincha), que ocorria na escola pra arrecadar dinheiro em prol da Feira da Cultura, acabou prejudicando as aulas. Pág. 53
  • 54. Foram 4 aulas a menos. Uma unidade pequena, com dois dias de aula comprometidos. A turma ficou sem ver dois capítulos necessários à completa compreensão do tão importante tema que é Célula. A Feira da Cultura foi um sucesso! Foi impressionante a dedicação dos alunos. Claro que a nota que tudo aquilo valia tinha um peso significativo. Muitos precisavam daquela ajuda para passar de ano. E pra isso deixavam até as atividades propostas em sala de aula sem fazer, mas as da Feira, nunca. Alguns tinham a responsabilidade para ambas as coisas, outros nem tanto. Não faziam nada!! Absolutamente. De maneira geral. A Feira foi um show . Um show de cultura, de bom gosto e de dons colocados em prática. O Colégio estava mesmo uma feira cultural. Pág. 54
  • 55. De música, teatro, moda, meios de comunicação, dança, brinquedos, cinema, carnaval... Tudo isso e mais um pouco! Um pouco de cada um que fizeram daquele momento, hora também de aprendizado. Porque, aluno, escola, aprendizado é isso... Não só de livro retiramos o saber. O livro pode até apontar caminhos, mas para saber andar... Ah! para tanto, não bastam palavras... A prática é o que ensina! Acho que é isso... Minhas duas últimas semanas de aula, foram no dia 02 e 06 de Dezembro, com aplicação de provas. No dia 02, fiquei responsável por uma turma que não era minha, mas precisava cumprir a carga de hora/estágio. No dia 06 apliquei a prova de Biologia com a minha turma. Minha última aula. Tiramos algumas fotos de recordação e então, me despedi dos alunos... Pág. 55
  • 56. Depois disso, sala vazia, hora de pegar o material e ir pra casa não é mesmo? Agora nos resta aguardar o próximo passo desse longo caminho, que para alguns o começo, para outros, apenas atalho para um caminho diferente seguir. Desse tempo, fica ainda, a sensação de mais uma tarefa cumprida. Cheia de erros, sem dúvida! Mas para isso, nos foi dada a oportunidade, para isso, nos serviu o Estágio; para dar-nos chances de acertar, também de errar. Os erros e os acertos, nos permite mudar, sempre em busca do melhor. Sendo assim ... Mudamos sempre! E é por isso que estudamos Biologia! Porque só ela explica a Vida em sua criação, sua beleza, sua mutação!! Afinal somos “mutantes” ou será que não? Ao terminar de escrever esse “pequeno livro”, biologicamente falando eu já mudei. Você não? É isso. Pág. 56
  • 57. Ao leitor " A imortalidade de que se reveste a natureza humana, faz o homem sempre presente. Presente pelas amizades que conquistou; presente pelo exemplos que legou; sempre presente porque educou" (Michel Wolle) Pág. 57
  • 58. Ao mestre ... “ Ensinar e, enquanto ensino, testemunhar aos alunos o quanto me é fundamental respeitá-los e respeitar-me são tarefas que jamais dicotomizei. Nunca me foi possível separar em dois momentos o ensino dos conteúdos da formação ética dos educandos. A prática docente que não há sem a discente é uma prática inteira. O ensino dos conteúdos implica o testemunho ético do professor. A boniteza da prática docente se compõe do anseio vivo de competência do docente e dos discentes e de seu sonho ético. Não há nesta boniteza lugar para a negação da decência, nem de forma grosseira nem farisaica. Não há lugar para puritanismo. Só há lugar para pureza. ” (Freire, 1996, p. 37). Com carinho. Pág. 58
  • 59. Recordações ... Pág. 59
  • 60. Agradecimentos A Deus, por estar sempre ao meu lado. E eu sei que está. Ao Colégio Polivalente, direção, professores , alunos e funcionários, por ter me recebido; A professora Celúcia Acácia pela oportunidade e pela atenção dedicada a mim; A professora Cláudia Regina, pela exigência de querer que tentemos ser cada dia melhor; As minhas amigas e companheiras de casa, Cris e Reja, por compartilhar os momentos de estresse, risadas e loucuras do dia - a - dia sem deixar apagar o brilho; As minhas amigas Nívea e Nadja, pela presença constante em minha vida; Ao meu amigo Hipólito, por alegrar meus dias. A querida professora Valdeci dos Santos, pelo incentivo. Pág. 60
  • 61. Referências BUORO, Anamelia Bueno. Olhos que pintam: a leitura da imagem e o ensino da arte. São Paulo: Cortez, 2002. D’AMBRÓSIO, U. Educação Matemática: da Teoria à Pratica. Campinas: Papirus, 2001. FRANCISCO, C. M. e PEREIRA, A. S. Supervisão e Sucesso do desempenho do aluno no estágio, 2004. [Disponível em:] <http://www.efdeportes.com/efd69/aluno.htm>. Acesso 10/Fev.2011.. FREIRE, Paulo. (1996). Pedagogia da Autonomia. Saberes necessários à prática educativa. São Paulo, Paz e Terra. GATTI JÚNIOR, Décio. A escrita escolar da história: livro didático e ensino no Brasil. Bauru, SP: Edusc; Uberlândia, MG: Edufu, 2004. GIL. A. C. Metodologia do ensino superior. 4 ed. São Paulo: Atlas, 2007. P. 57-66. GUERRA, Miriam Darlete Seade. Reflexões sobre um processo vivido em estágio supervisionado: Dos limites às possibilidades, 1995. [Disponível em:] < http://www.anped.org.br/23/textos/0839t.PDF>. Acesso em 18 Fev. 2011. KRASILCHIK, M. Prática de Ensino de Biologia. São Paulo, EDUSP, 4° edição. 2008. Pág. 61
  • 62. JACCOBI, P. Educação ambiental, cidadania e sustentabilidade. Cadernos de Pesquisa, (São Paulo) n.118, mar. 2003, n. p.198. [Online]. Acesso em 18/Fev. 2011). LAKATOS, E. M. Metodologia do trabalho científico. São Paulo: Atlas, 2001. LIBÄNEO, José Carlos. Didática. 21ª. São Paulo: Cortez, 1994. LIMA, Rafaela; O vídeo na sala de aula: breve reflexão a partir das contribuições de Mario Kaplún e Paulo Freire, (1998). [Disponível em:] < http://www.aic.org.br/metodologia/o_video_na_sala_de_aula.pdf >. Acesso em 18/Fev, 2011. LOMBARDI, Roseli Ferreira. Formação Inicial: Uma observação da prática docente por discurso de alunos estagiários do curso de Letra, 2005. [Disponível em:] < http://www.congresso/ed2005.puc.c/pdf/ferreira%20lombardi.pdf >. Acesso em 17/Fev. 2011. LUNETTA, V. N. Atividades práticas no ensino da ciência. Revista Portuguesa de Educação, v.2, n.1, p.81-90, 1991. MEC – Ministério da Educação; Parâmetros Curriculares Nacionais – Ensino Médio; Brasília: MEC/Secretaria de Educação Básica, 2000; 71 p. OLIVEIRA, Raquel Gomes de. Formar-se professor de matemática: Uma experiência de aprendizagem cooperativa, s.d. . [Disponível em:] < http://www.anped.org.br/23/textos/0839t.PDF>. Acesso em 18 Fev. 2011. Pág. 62
  • 63. PEDROZO, C.V. Jogos didáticos no ensino de biologia: uma proposta metodológica baseada em modulo didático. Anais do IX Congresso Nacional de Educação. EDUCERE. II Encontro Sul Brasileiro de Psicopedagogia. 26 - 29 de Outubro de 2009. PUCPR. p. 3183. [Online]. Acesso em 16/Fev. 2011. PIMENTA, Selma Garrido e LIMA, Maria Socorro Lucena. Estágio e Docência. 2. ed. São Paulo: Cortez, 2004. PIMENTA, Selma Garrido e LIMA, Maria Socorro Lucena. Estágio e Docência. 2. ed. São Paulo: Cortez, 2004. [Disponível em:] < http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S010173302001000100007&l ng=es&nrm=isso . Acesso em 20/Fev.2011.. QUEIROZ, Glória Regina Pessoa Campello. Processo de Formação de Professores Artistas Reflexivos de Física. Revista Cedes. Campinas, v. 22, n.74, p. 97-119, Abril, 2001. [Disponível em:] < http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S010173302001000100007&lng=es&nr m=isso . Acesso em 20/Fev.2011. STRAY, Chris. Quia Nominor Leo: Manual da sociologia histórica. In: CHOPPIN, Alain (org.) Histoire de l'éducation. n° 58 (numéro spécial). Manuels scolaires, États et sociétés. XIXe-XXe siècles, Ed. INRP, 1993. VEIGA, I. P.(org). Projeto político-pedagógico da escola:Uma construção possível.13.ed. Campinas: Papirus,2001 Pág. 63
  • 64. • • Fim ...