O modelo atual de TI das empresas não funciona na realidade atual de mercado. O artigo mostra um caso real onde a área de negócio conseguiu o que precisava pagando menos e com prazo mais realista que utilizando a área de TI da empresa
Conferência SC 24 | Omnichannel: uma cultura ou apenas um recurso comercial?
A Morte do CIO - artigo Information Management - Maio 2013
1. Mercado Mario Faria
Mario Faria
Atua como Big Data Technical
Advisor na Bill & Melinda
Gates Foundation e é membro
do MIT Data Science Initiative
A morte do CIO
Divulgação
“Não é o mais forte que sobrevive, nem o mais
inteligente, mas o que melhor se adapta às mudanças”
Charles Darwin
(naturalista inglês, 1809 – 1882)
R
icardo é o líder do departamento de in-
teligência competitiva de uma grande
empresa de bens de consumo. E como
toda área de inteligência que se preza, Ricardo
e sua equipe passam grande parte do dia ma-
nipulando dados recebidos de diversas fontes
e empresas de pesquisa, para que as áreas de
Marketing e Vendas possam tomar decisões
mais consistentes.
No intuito de diminuir a velocidade e o tra-
balho manual exigido na geração dos relatórios,
Ricardo procurou Antônio, CIO, para a imple-
mentação de mais tecnologia a este processo.
Antônio entendeu a demanda, foi extrema-
mente solícito e disse que seria possível que isto
fosse feito em um período de 6 meses ao custo
de algumas centenas de milhares de reais. Só
que como a equipe doAntônio esteve trabalhan-
do no limite, a demanda iria entrar para o ba-
cklog. Para quem não conhece, backlog é aquela
lista de necessidades que a área de TI tem que
atender, que nunca para de crescer e onde seus
pedidos parecem nunca sair do lugar.
Ricardo, como um profissional inconfor-
mado como o status-quo, começou a buscar
alternativas, resolveu contratar os serviços de
armazenamento e processamento de uma em-
presa que oferece o que ele precisava no mode-
lo Software as a Service. Pagou com seu cartão
de crédito pessoal, e direcionou os dados que
manipula para estes servidores. Em menos de
duas semanas estava tudo funcionando, e sua
equipe começou a experimentar a nova forma
de trabalhar. Tudo isto feito sem envolvimento
algum da área de TI nem do próprio Antônio.
E custando algumas centenas de reais por mês.
Cloud Computing, consumerização de TI
através do uso de aplicativos disponíveis nas
lojas online e dispositivos móveis são algu-
mas das principais causas que estão fazendo os
CIOs perderem o sono, e ao mesmo tempo per-
mitindo que as áreas de negócios das empresas
consigam melhorar seu dia a dia a um baixo
custo de utilização.
O cargo do CIO está vivendo um momen-
to crítico desde sua existência. A partir do
começo dos anos 1980, o gerente do centro
de processamento de dados saiu daquela sala
envidraçada, que só algumas pessoas tinham
acesso, e ocupou um espaço relevante dentro
das corporações. Agora, com as decisões dos
orçamentos cada vez mais presentes nas áreas
de negócio e uma decisão mais descentralizada
em relação a projetos, seu papel tem sido bas-
tante discutido, questionado e avaliado.
Observa-se vários CIOs envolvidos com o
dia a dia, porém sem terem um posicionamen-
to firme de como serão os agentes de mudança
que as organizações precisam.
Assim, ou o CIO assume de vez a função de
trazer inovação para a empresa, ou será deixa-
do para trás rapidamente.
E o Ricardo, do departamento de inteligên-
cia competitiva? Acabou conseguindo fazer o
que precisava para atender a demanda, foi re-
conhecido pelos resultados do projeto e o valor
gasto em seu cartão de crédito pessoal foi res-
sarcido alguns meses depois.
Quanto ao Antônio? Ele aprendeu que, se
não buscar algo rápido e com custos baixos
para atender a demanda dos seus clientes in-
ternos, os próprios clientes irão atender a si
mesmos, sem precisar dele e de sua equipe.
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