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Cinco pontos de atenção para 2011
26/01/2011

http://computerworld.uol.com.br/blog/opiniao/2011/01/26/cinco-pontos-de-atencao-para-2011/

Mario Faria *

“Para quem não sabe para onde vai, qualquer caminho serve.” – trecho do livro Alice no
País das Maravilhas, de Lewis Carroll.

O ano começa com várias mudanças e acima de tudo, desejos e anseios. Nova presidente eleita
assumindo o poder, Estados Unidos e Europa ainda sofrendo reflexos da crise econômica que
abalou o mundo, a perseguição em cima do Wikileaks pela exposição de fatos constrangedores,
dentre vários outros tópicos.

No mundo da tecnologia aplicada a negócios, nem vou me arriscar a fazer previsão sobre o que
irá acontecer, pois não quero correr risco de errar mais do que acertar. Existem 5 pontos, porém,
que, acredito, devem ser analisados e estudados com atenção ao longo deste ano que se inicia:

1 – Adoção de Cloud Computing: já está ocorrendo, seja em algum de seus diversos sabores
existentes (nuvens privadas e públicas), e começará a ser vista ainda com maior frequência. O
que vejo de mais impactante no uso deste modelo é a mudança que irá proporcionar na forma
como investimentos são feitos, onde os desembolsos financeiros deixam de ser realizados a partir
de um modelo baseado em cobranças mensais pelos serviços prestados. Naturalmente, a equação
do ROI irá se alterar e irá permitir que uma gama de novas ideias e iniciativas consigam ser mais
facilmente aprovadas nas empresas.

2 – Escassez de talentos: já há algum tempo ouvimos falar em apagão de profissionais com
conhecimentos das tecnologias mais utilizadas no mercado e fluentes em mais de um idioma. Já
começamos a viver por aqui a falta de profissionais especializados, e se a economia continuar
assim, ou importamos mão de obra ou vamos ter que nós mesmos começar a procurar opções de
offshore para suprir a demanda das empresas. Profissionais com conhecimentos de
implementação de ERPs, desenvolvimento em web, integração de sistemas, arquitetura de
aplicações, orquestração de processos, criação de aplicativos para dispositivos móveis estão com
alta demanda, e como a lei da oferta e procura existe, os salários estão crescendo.

3 -Invasão do iPad (e similares) no ambiente corporativo: vários amigos já adotaram o iPad
como substituto ao notebook quando estão fora de suas mesas de trabalho. Por serem mais leves,
muito mais cômodos para o transporte, mais rápidos ao ligar e terem bateria de duração razoável.
Alguns restaurantes estão substituindo o cardápio impresso pelos tablets e sua presença em
alguns hospitais nas mãos de médicos e enfermeiros já é uma realidade. Em breve, começaremos
a ver com mais frequência equipes de vendas e equipes de serviços de campo fazendo uso dos
tablets, em vez de PDAs, smartphones e netbooks. O único empecilho para nós continuará a ser o
preço abusivo que pagamos por estes produtos por aqui.
4 – Redes sociais como instrumento de colaboração corporativa: as plataformas de redes
sociais já estão em uso nas empresas como parte do processo de colaboração, tanto entre
funcionários como entre os elos que fazem parte da cadeia produtiva (fornecedores, parceiros,
canais e clientes). Muito se falou e se fala sobre o uso das redes sociais como canal de marketing
digital e como uma forma de entender melhor o cliente e seus hábitos de consumo, o
engajamento com as marcas. No entanto, um grande potencial está na integração maior entre as
pessoas que participam de processos estabelecidos e necessitam interagir entre si. Algumas
empresas de software já perceberam o grande mercado que existe aqui e estão criando novos
produtos ou reposicionando tecnologias para atender a esta necessidade. Com isto, uma
consequência é a redução do volume de mensagens de email. Ao mesmo tempo, ocorrerá uma
maior troca de informação em uma velocidade ainda mais rápida.

5 – Aumento da demanda por projetos analíticos: o antigo Business Inteligence (BI) voltou a
entrar na lista de prioridades. O BI trouxe, e com bastante sucesso, a possibilidade de se olhar
para o passado e ter uma visão clara do que funcionou e do que poderia ter sido feito melhor. A
grande expectativa dos profissionais de negócio está em utilizar a montanha de dados existentes
em um conceito de preditividade, que ajude a definir tendências e direcionar na tomada de
decisões. Fazendo analogia, é como previsão de tempo, onde a probabilidade de chover é
baseada em análise de dados históricos em tempo real, atrelada ao conhecimento adquirido pela
experiência.

* Mario Faria é professor de Marketing e Estratégia da Business School São Paulo (BSP) e
consultor.

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  • 2. 4 – Redes sociais como instrumento de colaboração corporativa: as plataformas de redes sociais já estão em uso nas empresas como parte do processo de colaboração, tanto entre funcionários como entre os elos que fazem parte da cadeia produtiva (fornecedores, parceiros, canais e clientes). Muito se falou e se fala sobre o uso das redes sociais como canal de marketing digital e como uma forma de entender melhor o cliente e seus hábitos de consumo, o engajamento com as marcas. No entanto, um grande potencial está na integração maior entre as pessoas que participam de processos estabelecidos e necessitam interagir entre si. Algumas empresas de software já perceberam o grande mercado que existe aqui e estão criando novos produtos ou reposicionando tecnologias para atender a esta necessidade. Com isto, uma consequência é a redução do volume de mensagens de email. Ao mesmo tempo, ocorrerá uma maior troca de informação em uma velocidade ainda mais rápida. 5 – Aumento da demanda por projetos analíticos: o antigo Business Inteligence (BI) voltou a entrar na lista de prioridades. O BI trouxe, e com bastante sucesso, a possibilidade de se olhar para o passado e ter uma visão clara do que funcionou e do que poderia ter sido feito melhor. A grande expectativa dos profissionais de negócio está em utilizar a montanha de dados existentes em um conceito de preditividade, que ajude a definir tendências e direcionar na tomada de decisões. Fazendo analogia, é como previsão de tempo, onde a probabilidade de chover é baseada em análise de dados históricos em tempo real, atrelada ao conhecimento adquirido pela experiência. * Mario Faria é professor de Marketing e Estratégia da Business School São Paulo (BSP) e consultor.