1) A autora começou a ler cedo, aos 4 anos, para ter independência já que os pais não tinham tempo para ler para ela.
2) Na adolescência, ela gostava de ler livros sobre descobertas e relacionamentos, destacando dois livros que sempre relia.
3) Na faculdade, ela teve professores que a instigavam a ler bons livros, diferentemente do ensino fundamental e médio.
1. Tarefa difícil retratar em palavras aquilo que há tempos está trancafiado na memória, mas tentarei ser fiel as lembranças. Comecei a ler por necessidade, pode lhe parecer estranho, mas foi à pura verdade. Sou filha de uma professora dos anos iniciais do Ensino Fundamental e um mecânico ferroviário, desde pequena eu já apresentava admiração ou curiosidade pelos livros, talvez por esses viverem tão perto de mim por causa da profissão de minha mãe. Adorava ouvir as histórias de contos de fadas, como quase toda menina daquela idade na época, principalmente aquelas em que havia príncipes, Cinderela (minha favorita), Branca de Neve, Rapunzel. Minha mãe não dispunha de muito tempo para contá-las e meu pai não tinha paciência para lê-las. Diante de minha insistência em sempre pedir para que ela contasse, decidiu resolver o problema, me ensinou a ler, pouco depois comecei escrever. Assim aos 4 anos, comecei a minha independência como leitora, não recordo de ter sido questionada sobre a leitura de nenhum outro livro pelos meus pais após esta data. MEMORIAL
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3. Na adolescência lia livros característicos desta fase, todos relacionados a descobertas, relacionamento, namoro, busca de identidade. Me recordo de dois que adorei, li e reli muitas vezes, Quem manda em mim sou eu , de Fanny Abramovich, e Ana e Pedro , de Vivina de Assis Viana e Ronald Claver, os tenho até hoje. Lembro das fichas literárias, detestava, os livros eram recomendados pelas professoras, o mesmo para todos os alunos da classe, nunca gostei de ler por obrigação, às vezes, chegava até a reler o livro para ver se da segunda vez sua história soava melhor e quase sempre acabava gostando. Tornei-me uma leitora fiel de Agatha Christie, li todas as obras que havia nas bibliotecas da escola e da cidade na qual morava, simplesmente adorava suas histórias de mistérios a serem resolvidos somente nos últimos capítulos, esquecia de comer ou mesmo do horário, ficava fascinada.
5. Tive ótimos professores, mas não me recordo seja no Ensino Fundamental ou Médio de algum professor que me instigasse a ler um bom livro, a não ser um professor de História, André Luiz, ele vivia de macacão jeans e um boton com a estrela do PT, sempre começava suas aulas escrevendo um pensamento, às vezes de sua autoria, outras de escritores famosos, aquele gesto despertava minha curiosidade sobre outros pensamentos desses escritores. Procurava, lia, alguns escrevia para não esquecer e comentava com o professor ou com alguma amiga, isto me marcou. Geralmente a leitura de livros de literatura era cobrada somente pelas professoras de Português. Contudo na Faculdade, a experiência foi bem diferente, era instigada o tempo todo, pelos maravilhosos professores que tive, principalmente os de Português, Inglês e Literaturas: Portuguesa, Brasileira e Norte-Americana. Marcos, um professor de Literatura Norte-Americana, me fez uma recomendação que gostei muito, Morro dos ventos uivantes de Emily Bronte. Havia sugestões de livros feitas pelos próprios colegas de curso, trocas de experiência, recebi ótimas indicações de leitura.
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7. Hoje, continuo apreciando a boa leitura, gostaria de ler muito mais do que consigo, leio para meu trabalho sempre, porém não me sobra muito tempo para degustar um bom livro, ler simplesmente pelo prazer, sem nenhuma obrigação. Começo agora a entender a atitude de minha mãe, também sou professora, sei o que é ficar completamente sem tempo para cuidar de mim, da minha casa, da minha família, mas quando meu filho me pede para ler, dou um jeitinho e consigo um tempinho, escolho uma história menorzinha, não quero que sua história de leitor seja o espelho da minha, pergunto sobre as histórias que ouviu na escola e se ele gostou... tento participar o máximo que posso e da melhor maneira possível. Elen Camilo Caldas Mota. Jul/09