1. Projeto
Janeiro/2002 1
Pedagógico
Ano V IMPRESSO ESPECIAL
Nº 01 CONTRATO 6057/01
Janeiro / 2.002 ECT/DR/SPM
UDEMO
IMPRESSO FECHADO PODE
SER ABERTO PELA ECT
Sindicato de Especialistas de Educação do
Paulo
Magistério Oficial do Estado de São Paulo
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JORNAL DO PROJETO PEDAGÓGICO
PEDA
ANO 2.002
2. Projeto
2 Janeiro/2002
Pedagógico
Editorial
Pelo quinto ano consecutivo, estamos entregando aos colegas, o Jornal do que, aliada à criatividade do(a) colega, realizará seus fins.
Projeto Pedagógico. É a contribuição da UDEMO para o planejamento nas esco- Na elaboração do Projeto Pedagógico, enfatizamos, sempre, a importância do
las, que esperamos seja de utilidade para todos que labutam por um ensino de quali- trabalho coletivo, base sobre a qual se apoiará um processo pedagógico de sucesso.
dade. “A indisciplina escolar e o ato infracional”, que introduzimos, neste jornal, é
Como poderá observar o colega, as matérias são as mais diversificadas para matéria mais que pertinente ante os problemas de violência que, muitas vezes, os
atender aos sócios diretores como, também, aos professores e professores-coordena- diretores têm dificuldade em equacionar. O texto mostra que, também, o ministério
dores. público poderá vir a ser um excelente auxiliar no combate à violência nas escolas.
Entendemos que as matérias que abrem este jornal: Planejamento, Projeto No Bloco “Trabalhando com os alunos - Subsídios e Sugestões”, além das
Pedagógico e Plano Escolar, reformuladas em alguns pontos, constituem valiosa ori- matérias, que conservamos, estamos introduzindo subsídios para os professores de
entação no momento em que a comunidade se reúne para construir o Projeto de sua História, Geografia e Matemática que, de alguma forma, poderão auxiliá-los em
escola. Esses textos são resultado de longos anos de experiência daqueles que os seus planejamentos. No texto sobre Língua Portuguesa, introduzimos: ”O que fazer
redigiram, como também, decorrem da contribuição de muitas escolas. com o computador na aula de português?”
A leitura do “Projeto Pedagógico e Plano Escolar”, propiciará ao colega Quanto ao Bloco “Projetos”, incluímos, neste número, a questão da pesquisa
uma melhor elaboração, acompanhamento e avaliação do planejamento participativo na escola.
nas escolas por trazer uma metodologia eficaz para a concretização de sua proposta, Tradicional em nosso jornal são as orientações aos dirigentes escolares, às
quais incluímos reflexões sobre o papel do Diri-
gente de Ensino no processo pedagógico.
Ao final do trabalho, sugerimos o envio de
uma Carta aos Pais, cujo conteúdo poderá ser
modificado pelos colegas adaptando-o à reali-
dade de sua comunidade. Conservamos nosso
Decálogo por entendermos que a mudança da
estrutura da rede é condição básica para o su-
cesso da Progressão Continuada.
Desejamos um excelente planejamento e o
compromisso de todos na consecução dos
objetivos a que se propuseram: direção, pro-
fessores, funcionários, alunos e pais, que,
congregados, num trabalho coletivo, farão
de sua escola um novo centro de excelên-
cia educacional, mesmo em época em que
a crise da escola é reflexo de conflitos
globais.
Elaborando o Projeto
Pedagógico da Escola
1- Planejamento
2- Projeto Pedagógico e Plano Escolar
3- A importância do trabalho coletivo
4- Sobre a coordenação entre
componentes curriculares:
a interdisciplinariedade
5- Temas transversais
6- A indisciplina escolar e o ato
infracional
3. Projeto
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Pedagógico
1- Planejamento
O QUE É PLANEJAMENTO? planejar o melhor possível.
Para planejar melhor é preciso definir clara e objetivamente o que desejamos
Segundo o “Aurélio”, planejamento é o ato ou efeito de planejar. É o proces- alcançar. Porém, muitas vezes, na realização das ações para se atingir os objetivos,
so que leva ao estabelecimento de um conjunto coordenado de ações, visando à aparecem obstáculos dos mais diferentes tipos, principalmente, porque os objetivos
consecução de determinados objetivos. Planejar é elaborar um roteiro de ações para não ficaram claros ou são inexeqüíveis.
se atingir um determinado fim. É preciso, portanto, parar, pensar e debater. Por exemplo: os alunos mostram-
Realmente, ninguém planeja alguma coisa para o nada, ou a partir do nada. se indisciplinados, não prestam atenção às aulas, não fazem as lições de casa, faltam
Ninguém planeja alguma coisa se não tiver objetivos simples e claros para serem constantemente, não estão estudando, mostram-se desinteressados. Frente a esses
atingidos. problemas o coletivo decide: precisamos melhorar!
Podemos, inicialmente, dizer que planejamento apresenta alguns tipos de pro- Melhorar o quê? Como melhorar?
cedimentos, entre os quais: O caminho seria retornar aos objetivos estabelecidos e não alcançados e rever
as ações executadas que não deram certo, alterando, assim o rumo de um trabalho
equivocado. Diante do fracasso pode-se, até mesmo, chegar-se à conclusão de que os
1- o estabelecimento de objetivos, simples, claros e definidos que
objetivos propostos não eram exequíveis.
o coletivo da escola quer alcançar;
Para que o coletivo atinja os objetivos a que se propôs faz-se necessário pois
2- a definição dos caminhos que levará aos objetivos pretendidos;
3- a definição dos procedimentos pedagógicos cabíveis para que que eles sejam passíveis de serem alcançados.
possa, através das ações, viabilizar a consecução dos objetivos Para cada objetivo podem ser traçados vários caminhos Para sua
traçados e pretendidos e operacionalização, planeja-se, ordenando-se, passo a passo, racionalmente, as ações,
4- o estabelecimento de um roteiro norteando o caminho a seguir aulas, eventos e tarefas.
para se atingir as metas propostas. No momento em que o coletivo vai planejar, ressaltamos algumas peculiarida-
des que devem ser levadas em conta:
A partir dessas conclusões e procedimentos, podemos entender planejamento
como antecipação de ações a serem desencadeadas ao longo do ano letivo, utilizan- 1- observação do universo escolar, suas particularidades, sua cul-
do-se de todos os meios disponíveis para se atingir os fins a que se destina o ato de tura, seu patrimônio, sua vida cotidiana.
educar. 2- planejamento para agir - sem ações definidas o plano, estará
fadado ao fracasso. Assim antes de inicia-lo faz-se necessário
Na escola, enquanto educadores, planejamos para ver concretizadas nossas
perguntar-se: Que é um plano?, Por que um Plano? Para que
idéias educacionais, vinculadas à formação e informação de alunos capazes de se um Plano? Como se fazer um Plano? Quando se fazer um
inserir, com sucesso, no mercado de trabalho (ou seja de construir seu futuro) e de Plano? Para quem se fazer um Plano? etc..
criar um mundo melhor e mais justo. 3- indicar os responsáveis pela produção das ações, que se que-
Atingir ou não os objetivos propostos já é outra questão. Depende de uma rem com êxito;
série de fatores dentre os quais a qualidade das ações. Muitas vezes não percebemos 4- questionar sobre que caminhos serão mais rápidos e eficazes
ou não despertamos para essas ações. Nossos erros e acertos ficam condicionados à para se atingir os objetivos?
nossa própria razão de existir. Daí a necessária organização de pensamentos e idéias.
O PAPEL SOCIAL DA ESCOLA
OS PROBLEMAS DO DIA-A-DIA
Sem organização torna-se difícil chegar-se a algum lugar,
Assim, no cotidiano das escolas: não há ação ou ações sem um fim previsto e, pois é o meio de realização do Planejamento. Organização e Pla-
dependendo da qualidade das mesmas, os resultados serão diferentes. nejamento são elementos interdependentes. O segundo não sub-
Para que o trabalho da ação educativa tenha sucesso é preciso que as ações siste sem a primeiro.
sejam eficazes para a obtenção de melhores resultados. Disso decorre que se deve Ao planejarmos, precisamos discutir nossa tarefa social e a função política da
escola. Embora, muitas vezes, a escola esteja, inconscientemente, comprometida com
os interesses das classes dominantes, reproduzindo suas estruturas e visão de mundo
e, às vezes, até legitimando-as, não podemos jamais esquecer de atender aos interes-
ses dos setores mais carentes da sociedade verificando o que, e como, devemos fazer
para que a escola possa tornar-se um instrumento eficiente de promoção de mudan-
ças sociais.
Precisamos, enfim, pensar que as crianças das classes desfavorecidas que mais
têm dificuldades de aprendizagem, são aquelas que reconhecem (também seus pais),
o grande valor do docente que lhes deu o instrumental de luta mais eficaz, para a sua
ascensão social e transformação da sociedade.
Planejamento e Organização
Em nossas observações, durante o Planejamento de diversas escolas, pu-
demos constatar a confusão que muitos educadores fazem entre planejamento e
organização. Houve casos onde se acreditava que a organização deveria estar
submetida ao planejamento. O que dá para afirmar é que a organização é “o
meio próprio” para a execução de um plano.
Com certeza, dizer que na escola x “tudo é organizado”, poderá ser moti-
vo de orgulho do Diretor e do Corpo Docente, mas não será garantia de que os
métodos usados sejam eficientes na formação do cidadão critico e criativo, que
todos desejam. Não se pode confundir planejamento com arrumação, burocracia
ou aplicação rigorosa de métodos.
Planejar e organizar não são sinônimos, mas um complementa o outro.
Poder-se-ia até dizer que organização é, em síntese, um planejamento eficaz.
Planejamento e Organização complementam-se; um não pode existir sem
o outro, pois não há como se planejar sem organização e organizar, sem planeja-
mento, é inócuo.
O Planejamento serve-se da Organização para se realizar, ou melhor, para
possibilitar o desenvolvimento das ações do Plano.
4. Projeto
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Pedagógico
2- Projeto Pedagógico e Plano Escolar
“Uma boa escola é, ao mesmo tempo,
O Projeto Pedagógico é o documento que define as intenções da escola, em realizar um trabalho de qualidade. O
prisão e liberdade; há que se ir por ela
Plano de Escola diz respeito à execução dessas intenções.
para aumentar a rapidez e a segurança,
Tanto o Projeto Pedagógico, como o Plano de Escola, dele decorrente, devem resultar de um desejo coletivo, ou
mas é preciso estar atento à eficácia
seja, obra de todos os que militam nessa escola, mormente, os educadores. É algo que se vai construindo aos poucos. Para
dos atalhos e à alegria e plenitude da
a consecução desse desejo coletivo, será preciso que a comunidade docente assuma realmente o seu papel interagindo para
paisagem”
alcançar as metas que estabeleceu e pretende alcançar. Abandonar a perseguição das metas estabelecidas pelo coletivo, ao
D. Gandim
meio do caminho, é o primeiro passo para o malogro do Projeto. O Plano de Escola é um documento para muitos anos,
que se vai remodelando após sistemáticas avaliações.
Assim, na elaboração do Projeto Pedagógico, é preciso reflexão pro-
funda sobre o que se vai fazer e como será feito o trabalho, reflexão essa fundada no
diagnóstico da escola no qual levar-se-á em consideração: Roteiro para a elaboração do Projeto
Pedagógico da E.E. X em 2.001
1. QUE FUNCIONOU E QUE NÃO FUNCIONOU
NO ANO ANTERIOR, QUANTO AO PLANEJADO? Sob a coordenação do professor-coordenador e da direção reuniram-se:
docentes, funcionários, pais, membros do Conselho de Escola e pessoal de apoio
para realizar, nos dias ___ e ___ de fevereiro de 2.002, o Projeto Pedagógico da
Escola.
Direção e coordenação procuraram esclarecer, ainda uma vez, o significa-
do do Projeto Pedagógico, ou seja, a intenção da escola em realizar um trabalho
de qualidade, mediante um diagnóstico da situação da unidade, tanto do ponto de
vista da aprendizagem dos alunos, como das relações entre todos os envolvidos,
que, de uma forma ou de outra, participarão do processo educacional desenvol-
vido pela unidade. Contudo, ficou esclarecido que o Projeto não pode ficar ape-
nas nas intenções.
Para a sua concretização será necessário, a partir do diagnóstico, eleger as
metas a serem atingidas, estabelecer ações concretas, etapas, e recursos necessá-
rios para a implementação das ações e a avaliação daquilo que todos se propuse-
ram a realizar.
Essa questão deverá estar muito bem explicitada entre os professores, durante
Diagnóstico da Escola
o planejamento, posto que se constituirá em pedra de toque para a organização do
Projeto Pedagógico, origem das grandes linhas para o Plano Escolar e o verdadeiro A partir de informações sobre o desempenho da escola em 2.001, com base nos
trabalho coletivo. Faz-se necessária a realização de uma discussão franca e honesta dados apresentados e resultados obtidos nos vários setores de atuação da unidade,
do coletivo, sobre os acertos e as falhas, sem subterfúgios, uma vez pretenderem constatou-se:
todos uma melhoria do trabalho em sala de aula.
1 . a existência de um número ‘x’ de alunos com sérias defasagens de aprendi-
zagem, ao longo do ano letivo de 2.001 e, por isso, encaminhados à recu-
peração nas férias de janeiro; um considerável número de alunos nas quin-
tas séries egressos de 4ªs séries de outros estabelecimentos, cujo nível de
aprendizagem será necessário apurar nos primeiros dias de aula;
2 . dificuldades em realizar um trabalho no qual todos estejam engajados: tra-
balho coletivo;
3 . formas de avaliação nas quais enfatizam-se, segundo numerosas verbalizações
de professores, a avaliação classificatória em detrimento da diagnóstica;
4 . a continuidade da integração escola-comunidade, já com resultados apreci-
áveis, mas passível de aperfeiçoamento;
- Perguntas pertinentes: 5 . comportamentos inadequados de alunos (e em alguns casos, de professo-
res) em algumas classes, prejudicando a aprendizagem.
a) Com que clientela a escola trabalha?
De acordo com os dados coletados saber-se-á a origem sócio- econômica das 6 . outras constatações não previstas neste roteiro...
famílias e sua expectativa em relação à escola e às carências intelectuais entre grupos de
alunos, que precisarão ser levadas em conta para recuperar, minimamente, as defasa- Uma vez realizado o diagnóstico da escola, o grupo elegerá as metas a
gens de aprendizado desses discentes ao se elaborar o planejamento dos conteúdos. serem alcançadas.
- Que alunos apresentam deficiências crônicas?
- Que alunos foram promovidos com profundas defasagens no ano 2001.
- Que a escola fez, no ano, por esses alunos?
- Que fará com eles em 2.002? b) Análise dos dados de aproveitamento de cada série (avaliação interna), confron-
- Conhecemos realmente o “novo” aluno da escola pública? tados com os resultado do SARESP (avaliações externas) e do ENEM. Essa
confrontação é relevante no sentido de discutir com o corpo docente as diferen-
ças entre essas avaliações. Refletir o coletivo sobre tão profundas diferenças de
aproveitamento poderá levar a respostas, apontando pistas para mudanças quali-
tativas no processo pedagógico da unidade.
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Pedagógico
2- Projeto Pedagógico e Plano Escolar
Eis as primeiras questões a serem respondidas pelo coletivo ao iniciar a elabo-
ração do Projeto Pedagógico. Fica claro que, os alunos promovidos com defasagens
profundas devem ter um tratamento especial para que recuperem ainda que, minima-
mente, os conteúdos significativos não apreendidos. Em função dessas defasagens,
seria interessante o Projeto Pedagógico prever a recuperação paralela desses alunos
desde o início do ano.
2. CONSTRUIR O TRABALHO COLETIVO
META FUNDAMENTAL
CONCEITUAÇÃO DO TRABALHO COLETIVO c) da aproximação das vivências dos alunos com esses conteúdos, tanto quanto pos-
sível, aproveitando as informações, que eles absorvem dos meios de comunicação
Perguntas pertinentes: escritos e televisivos, de seu ambiente e do ambiente escolar, etc;
a) O que se entende por trabalho coletivo? d) de aulas bem preparadas com começo, meio e fim (vide a matéria “A Aula”), na
b) Seria possível um trabalho otimizado sem a cooperação de todos? qual o aluno tenha claro o que vai apreender (objetivos – que não devem ser
O que se nota de maneira geral nas escolas é um trabalho individualizado, de muitos) e o sentido desse conteúdo. Aulas que tenham um mínimo de motivação
tal maneira que cada professor o realiza isoladamente, não sabendo cada um o que os para não entediar os alunos. Aulas improvisadas ou não preparadas, com utiliza-
demais estão fazendo, mesmo os da mesma disciplina. ção intensiva do livro didático é o primeiro passo para a desmotivaão do aluno e
Trabalho coletivo significa pois a integração de todos os docentes, ajudando- os conflitos com o professor. Uma das alternativas para levar os professores a
se mutuamente em direção a objetivos bem definidos em busca de um trabalho de preparar suas aulas seria reservar um espaço nas HTPCs para fazê-los relacionar
qualidade em todas as disciplinas. Efetivamente, o trabalho coletivo não é algo que se conteúdos, objetivos e estratégias, que serão utilizadas durante a semana. Seria
desenvolve espontaneamente. Serão necessários mecanismos de controle das ações uma forma de o corpo docente e a coordenação exercerem ações de controle
para se chegar à qualidade de ensino estabelecida pelo grupo. Controle esse que será sobre o que projetaram, durante o planejamento, tanto do ponto de vista do
exercido nas HTPCs, balizando as etapas a serem vencidas. Projeto Pedagógico como do Plano Escolar;
e) do diálogo constante com os alunos, mesmo com os mais rebeldes, valorizando
suas realizações mais irrelevantes no sentido de elevar-lhes a auto- estima; buscar
compreender-lhes os problemas. Criar formas de valorizar o aluno rebelde é dar-
lhe funções específicas durante a aula, como por exemplo secretariá-la, anotando
no quadro algumas passagens sobre o conteúdo que o professor está expondo;
fazê-los coordenar o trabalho de grupo se se tratar de atividade em equipe entre
outras ações que o professor poderá criar para fazer com que esse aluno se sinta
útil (Excluídas fiscalizações sobre colegas que não estão realizando tarefas, ano-
tações sobre os mais falantes da classe etc. Ações essas altamente deseducativas,
mas muito usadas por alguns professores, mormente no Ciclo 1);
3. COMO TRABALHARÁ O COLETIVO?
Buscará elevar o nível de aprendizagem de acordo com as possibilidades e
ritmo de cada grupo de alunos em todas as disciplinas (meta importantíssima e
inegociável).
4. COMO ELEVAR O NÍVEL DE APRENDIZAGEM?
a) Por meio, fundamentalmente, do desenvolvimento de “habilidades” entre os
alunos que explicitaremos, mais detalhadamente, ao analisarmos as metas a serem
alcançadas;
b) por meio de conteúdos mínimos significativos, nos quais fiquem expressos os f) do trabalho em equipe, no qual os grupos tenham sempre que resolver algum
conceitos básicos de cada unidade de estudo das disciplinas. Esse trabalho implicará problema proposto pelo professor. Formar grupos para realizar trabalhos que não
na reflexão do docente sobre o planejamento dos conteúdos com base no diagnóstico exijam reflexão e descoberta não tem nenhum sentido e não leva a nada;
das etapas dos ciclos I e II e nas séries do Ensino Médio. g) de pesquisa baseada em bibliografia específica, que não seria uma simples repro-
dução de informações contidas em jornais, revistas, enciclopédias, dicionários e
Perguntas pertinentes: manuais. A pesquisa só tem sentido se resultar em descoberta para o aluno. Por
- O que vou desenvolver sobre esses conteúdos? outro lado, não tem sentido o professor determinar pesquisas, se ele próprio
- Para quem vou desenvolvê-los? ignora a fundamentação delas;
- Por que vou desenvolvê-los? h) de aulas (mormente, nas áreas de ciências humanas), nas quais se desenvolvam
- De que maneira vou desenvolver esses conteúdos? discussões políticas, sociais, econômicas e culturais através de simpósios, painéis
- Como vou verificar a aprendizagem desses conteúdos, desconsiderando o aspecto de discussão, seminários (aproveitando noticiários de televisão, de jornais e de
punitivo da aprendizagem (avaliação)?; revistas) sobre temas que incutam no aluno o conceito de cidadania e valores
(direitos e deveres, preservação do meio ambiente, respeito pelo patrimônio pú-
6. Projeto
6 Janeiro/2002
Pedagógico
2- Projeto Pedagógico e Plano Escolar
blico, solidariedade, sexualidade, isto é, temas transversais; tropeços deste ou daquele discente. Os alunos precisam de incentivo e estímulo.
i) da integração das disciplinas pela coordenação de áreas, demonstrando as relações O elogio do professor gera entusiasmo e segurança entre eles. Toda e qualquer
entre os conteúdos, ou seja, a integração das disciplinas a partir de um tema realização do aluno deve ser elogiada. A recriminação às realizações do discente
específico (interdisciplinaridade-vide matéria específica neste jornal), o que seria deve ser banida da sala de aula, pois gera insegurança e desânimo entre os menos
um passo a mais para o trabalho coletivo na medida em que todos os professores dotados.
estariam envolvidos; estabelecimento de mecanismos de acompanhamento dessa
integração; 2. Respeito pelo patrimônio público
j) da demonstração de que o professor tem empatia por seus alunos, expressa pelo
diálogo e pela afetividade para com eles. O bom relacionamento professor- aluno Pichações em carteiras e paredes do estabelecimento, vandalismo em banhei-
é o primeiro passo para o aprendizado. Nem sempre é fácil lidar com determina- ros com destruição de torneiras portas e fechaduras, tão comuns nas escolas de hoje,
dos discentes, todavia mesmo o aluno rebelde respeita o professor competente e etc, merecem o estabelecimento de metas para solucionar ou, pelo menos, minimizar
afetivo; o problema.
k) Do entrosamento família- escola, ajudando-se mutuamente, principalmente naqui-
lo que os pais podem fazer quanto ao estudo do aluno em casa e no cumprimento
das tarefas escolares (preocupação em enviar o aluno à escola com o material
necessário às aulas, estabelecimento de horas específicas de estudo em casa).
Sabe-se que os alunos, costumeiramente, não trazem material para as aulas de
inglês e educação artística etc. Nesse aspecto, algumas assembléias de pais,
convocadas pela direção, ao longo do ano, com o comparecimento dos professo-
res contribuiria para esse entrosamento. O aprofundamento dessas discussões no
Conselho de Escola seria relevante. Dificilmente, haverá integração escola-comu-
nidade, se o coletivo docente não se habituar a trocar idéias com os pais.
Somente haverá entrosamento entre pais e professores quando esses se dispuse-
rem a debater democraticamente os fatos escolares com aqueles. Nota-se que
muitos docentes receiam esses debates. É preciso acabar com essa separação
pais-professores. Nenhum Projeto Pedagógico terá sucesso sem a integração es-
cola-comunidade; METAS A SEREM ALCANÇADAS
l) de atividades extra-classe : confecção do jornal da escola (elaborado nos computado- DO PONTO DE VISTA INFORMATIVO
res); visitas a museus; concursos literários; assistência a peças de teatro na escola
ou fora dela, que poderá ensejar a criação de grupos de teatro na unidade; campeo- Do ponto de vista informativo:
natos inter-classes aos sábados, se os professores de educação física se dispuserem a ♦ cada professor, em sua disciplina, estabelecerá metas a serem alcançadas com os
comparecer, entre outras que poderão ser sugeridas durante o planejamento. conteúdos “significativos” que vai ministrar. Considere-se que, fundamentalmen-
Como pode-se observar, uma série de metas estão delineadas na exposição aci- te, o aluno deve ser levado a “aprender a apreender” ou seja deve ser levado a
ma. Cada escola terá suas peculiaridades e as metas a serem estabelecidas a partir incorporar “habilidades”. A meta ligada à incorporação de habilidades pelos
da Projeto Pedagógico, deverão estar em consonância com suas características. alunos deve ser inegociável, posto que, constitui o principal fundamento da apren-
Devem-se estabelecer metas factíveis de serem alcançadas pela escola e pelos profes- dizagem:
sores, individualmente, em suas disciplinas e que não deverão ser muitas. ♦ desenvolver habilidades em Língua Portuguesa significará dotar o aluno da capa-
cidade de se exprimir por escrito e oralmente com correção, interpretar textos,
etc; o que o habilitará ao bom desempenho em outras disciplinas. Mas, para a
consecução dessa meta, será necessária uma série de ações às quais o professor de
Língua Portuguesa deverá por em prática: programas de leitura, redações com
auto-avaliação do aluno a partir de um texto escolhido aleatoriamente entre os
alunos, que o professor irá discutindo com a classe eventuais falhas apresentadas
naquela redação, estímulo à escrita com sistemáticos concursos literários, a elabo-
ração do jornal da classe ou da escola entre outras ações criadas pelo professor
para fazer com que o aluno exercite a Língua Pátria. Essas ações deverão ser
avaliadas, sistematicamente, para que o professor perceba os progressos alcança-
dos pelos alunos;
♦ desenvolver habilidades em Geografia e História significará dotar o aluno do
espírito crítico e compreensão da realidade que o cerca e isso se conseguirá a
partir de debates de temas sociais, econômicos políticos e culturais, vinculados
aos conteúdos, extrapolando-os para os grandes problemas nacionais e internaci-
onais do momento dos quais o discente tem algum conhecimento pelas informa-
ções obtidas nos meios de comunicação;
♦ desenvolver habilidades em Educação Artística significará levar o aluno a com-
METAS A SEREM ALCANÇADAS preender e sensibilizar-se com manifestações vinculadas à música (popular e eru-
DO PONTO DE VISTA FORMATIVO dita) e que será incutida por constantes audições, apreciação das artes plásticas
(pintura, escultura e arquitetura) nas quais o professor deverá revelar ao aluno as
1. Introjeção dos conceitos de cidadania, características dessas obras (nesse aspecto, a TV Cultura oferece vídeos sobre
solidariedade, companheirismo e afins História da Arte, a preços módicos, que podem ser adquiridos com verbas da
APM e do Estado. São programas bastante acessíveis aos alunos do Ciclo II e
O conceito de cidadania a ser incorporado pelos alunos será trabalhado, ini- Ensino Médio).
cialmente, mediante a valorização da imagem do professor - ser humano pleno de O mesmo procedimento será levado a efeito, em nível de habilidades, nas
defeitos e virtudes. Mas isso não vem ao caso quando se trata de educar. O professor demais disciplinas.
deve ter a imagem de educador. Evidentemente, não terá a imagem de educador Dentre as metas essenciais a serem estabelecidas pelo coletivo, será relevante
aquele que: a que se refere à aula com começo, meio e fim,
a) não respeita seus alunos como seres em formação, sujeitos, pois, a uma série de para se obter uma aprendizagem concreta dos
atitudes contraditórias, quase sempre interpretadas à luz de velhos preconceitos; conceitos básicos dos conteúdos, por meio de
b) falta, excessivamente, às aulas, levando os alunos a uma falsa imagem do coletivo estratégias motivadoras, que levem o aluno a se
docente. Inassiduidade, que provoca a ociosidade dos alunos ao longo do ano interessar pelo que está sendo ministrado. Ex-
letivo. A freqüência irregular do professor gera problemas de toda ordem na plicar ao aluno o sentido e a importância desses
escola, desde a descontinuidade do processo pedagógico a distorções do conceito conteúdos (inserido tanto quanto possível na re-
de cidadania, ou seja, a negação do direito de o aluno receber um ensino de alidade e vivências do discente), será fundamen-
qualidade. Gera o desprestígio da escola junto à comunidade e à idéia de que as tal. A não-interiorização dos conceitos básicos,
aulas não têm qualquer importância. Muitos professores poderão alegar que não por todos os alunos, implicará na recuperação
faltam por vontade própria, mas por motivos plenamente justificados. Nesse caso, contínua envolvendo o reforço na própria aula,
o coletivo deverá formular propostas, que possam minimizar, ou mesmo superar, o que garantirá a aprendizagem e a eliminação
o problema da inassiduidade, de tal maneira que não haja prejuízo aos alunos; de lacunas, assim como a recuperação paralela,
c) não valoriza o trabalho do aluno, preferindo o silêncio ou a recriminação face aos realizada em período diverso das aulas.
7. Projeto
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Pedagógico
2- Projeto Pedagógico e Plano Escolar
A AVALIAÇÃO DO PROJETO seguinte aspectos:
♦ processo ensino aprendizagem;
O Projeto Pedagógico deve ser avaliado permanentemente e, dentro da reali- ♦ processo de organização do atendimento escolar;
dade de nossas escolas, esses momentos deverão se concretizar nas HTPCs. Assim ♦ gestão administrativa: pessoal, instalações físicas da escola; patrimônio; apoio
as HTPCs deverão estar, em grande parte, voltadas para o acompanhamento daquilo ao aluno;
que o coletivo se propôs a realizar, acompanhamento esse, que suscitará, em muitos ♦ gestão financeira.
momentos, a necessidade de capacitação, à medida em que determinados docentes
apresentem dificuldades em realizar as ações que planejaram, até mesmo, por não
dominar com segurança certos conteúdos, metodologias motivadoras, formas de rela- ETAPAS DO PLANO DE GESTÃO DE ESCOLA
cionamento adequadas às classes. Nesses momentos é que se colocará à prova o
trabalho coletivo consubstanciado na troca de experiências, no interesse em discutir,
♦ Diagnóstico.
com franqueza e honestidade, as dificuldades a serem superadas por este ou aquele
♦ Definição das metas e estabelecimento de prioridades.
docente com o auxílio de todos, etc. Assim, verificar, passo a passo, se os objetivos
a que todos se propuseram, estão sendo alcançados, garantirá o sucesso do Projeto ♦ Implementação de ações destinadas ao alcance das metas.
Pedagógico. ♦ Avaliação do Plano.
PROJETO PEDAGÓGICO E PLANO DA ESCOLA
MELHORIA DA QUALIDADE DE ENSINO
Das linhas gerais estabelecidas pelo Projeto Pedagógico e das Metas a serem SOLUÇÃO DOS PROBLEMAS DE DEFASAGENS NA
APRENDIZAGEM APRESENTADAS PELOS ALUNOS
alcançadas surgirá o Plano de Escola, no qual estarão inseridos o Plano de Curso
(conjunto de ações que a escola irá realizar) e o Plano de Ensino, no qual os Ações:
professores das diversas áreas relacionarão os conteúdos e metas estabelecidas para
cada disciplina. Tudo isso deverá ser registrado. Esse registro esclarecerá o ponto de 1 . diagnóstico em todas as classes e disciplinas, nos primeiros dias de aula, mor-
partida e o de chegada sobre o que escola quer alcançar (em seu todo e em cada mente as de 5ª séries cujos alunos ingressaram na escola;
disciplina), as ações a serem desenvolvidas, a duração prevista para cada uma delas, 2 . recuperação paralela;
o acompanhamento e avaliação dessas ações e seu replanejamento, se os objetivos 3 . recuperação intensiva, após as avaliações bimestrais com alunos, que ainda
não forem alcançados. apresentem problemas de aprendizagem ao final do bimestre;
4 . introdução da avaliação diagnóstica, na qual as provas, quando aplicadas, se
transformem em material de análise com a classe, com vistas à valorização do
RESUMINDO erro, enquanto momento de correção e aprendizagem, conforme estudo do
texto Avaliação e Aprendizagem retirado da publicação Raízes e Asas durante o
O Plano da Escola deve assegurar educação de qualidade para os planejamento;
membros da comunidade. 5 . valorização das realizações do alunado com o objetivo de elevar-lhes a auto-
estima e a eliminação da recriminação quando o aluno malogra nas avaliações;
1- O Plano da Escola é: 6 . aulas dialogadas, que permitam a efetiva e organizada participação nas ativida-
¨ produto final do processo dinâmico que é o Planejamento. des de sala de aula;
¨ o instrumento essencial da gestão da escola, cujo objetivo é me- 7 . trabalho em grupo, no qual os alunos possam desenvolver um trabalho de
lhorar a qualidade de ensino e da aprendizagem por meio do descoberta e enfatize-se o espirito de companheirismo e solidariedade, com a
gerenciamento eficaz da inovação e mudança: participação de todos;
¨ Como está a escola no momento? 8 . introdução de alunos monitores, que possam auxiliar o professor na orientação
¨ Que mudanças precisamos fazer? dos que apresentam dificuldades na aprendizagem de determinados conteúdos;
¨ Como devemos gerenciar essas mudanças ao longo do tempo? 9 . desenvolvimento de habilidades, ou seja, capacidade de os alunos transferirem
conhecimentos para situações novas.
2- O Plano da Escola compreende a política nacional de educação,
as diretrizes da política estadual, as aspirações da comunidade, os obje- Etapas:
tivos e valores da escola e seus resultados atuais.
1 . Estabelecimento da Recuperação Paralela o mais rápido possível, a fim de que
3- O Plano da Escola é elaborado a partir da definição de priorida- se possa trabalhar as defasagens apresentadas nos diagnósticos dos professores,
des, que serão selecionadas e planejadas em detalhe, para o período de o mais tardar em março.
um ou mais anos, e consolidadas através de planos de ação. 2 . Recuperação intensiva ao fim de cada bimestre em aulas normais.
3 . Preparo de aulas nas quais o professor crie estratégias motivadoras tanto quan-
to for possível para evitar o tédio dos alunos.
4- O Plano da Escola reflete pois uma visão do futuro da escola.
4 . Utilização sistemática do laboratório nas escolas que o possui.
5 . Utilização do Laboratório de Informática nas escolas que o possui.
QUE É PLANO DE ESCOLA? Recursos:
O planejamento é um processo anterior ao plano. Plano é o registro do plane- ¨ Laboratório com os compostos físico-químicos necessários à elaboração de ex-
jamento, fruto de discussão e trabalho coletivo e objetiva promover o desenvolvimen- periências.
to do aluno na conquista da cidadania, traçando as diretrizes que assegurem a articu- ¨ Laboratório de Informática, softweres existentes na sala de informática para os
lação da Escola com as necessidades sociais. professores, que saibam operar os computadores; Coleção de Vídeos existente
O Plano da Escola é um recurso para colocar em prática os objetivos da na Biblioteca da escola; Biblioteca da Escola; Livros adquiridos com verba do
MEC em outubro de 2.001, segundo a solicitação dos professores; demais
educação nacional, adequando-os às situações regionais e locais e às necessidades
materiais didáticos e de laboratório a serem adquiridos com verbas do Estado e
específicas de cada escola; um conjunto de objetivos concretos e realistas; um plano da APM.
preciso de ações coerentes, articuladas entre si, definidas a partir de objetivos cujos
resultados podem ser avaliados; um programa plurianual, contendo um cronograma Avaliação:
Avaliação
com períodos estabelecidos para cada fase; um conjunto de atividades propostas pela
comunidade escolar, com vistas a garantir maior eficiência escolar. Segundo o estabelecido pela escola e contido em seu Regimento. A avalia-
O Plano da Escola permite uma abordagem abrangente e integrada de to- ção dos alunos é tarefa das unidades, cabendo ao SARESP avaliar externamente,
dos os aspectos da atividade escolar, compreendendo currículo e avaliação, capacita- oferecendo novos elementos para a melhoria da qualidade de ensino.
ção de professores, administração e organização da escola, verbas e recursos. Legalmente, o SARESP não tem como finalidade promover ou reter alunos.
O Plano da Escola capta a visão da escola a longo prazo A partir dela, será
possível estabelecer metas viáveis de curto prazo.
OBJETIVOS DO PLANO DE ESCOLA
LEGISLAÇÃO PARA CONSULTA
O objetivo principal do Plano da Escola é explicitar os ideais de uma comu-
nidade em relação a sua escola. O Plano delineia uma visão, isto é, pretende trans- Lei n° 9.394/96 Parecer CEE n° 67/98
formar um sonho em realidade por meio de um conjunto de ações. Essa visão deve Deliberação CEE n° 10/97 GOE/UDEMO 2001
Indicacões CEE 9/97 e 13/97 Regimento Escolar
ser definida em termos de metas. Essas metas traduzem objetivos de melhoria nos
8. Projeto
8 Janeiro/2002
Pedagógico
3- A importância do trabalho coletivo
“O Trabalho Coletivo é
TRABALHO NA ESCOLA PODE SER COLETIVO? parte da direção, da coordenação e dos pro-
considerado condição “sine qua
fessores, não abandonando o barco ao pri-
non” para o desenvolvimento
O trabalho coletivo, nas escolas, deverá envolver a comunidade escolar a fim meiro sinal de tempestade.
da educação e da sociedade
de que reflita e se posicione frente aos caminhos e descaminhos da escola. Isso é
democrática”
possível? Não é fácil, mas pode e deve ser coletivo. 3- Oferta de Subsídios
A base desse trabalho deverá estar na participação consciente e na liberdade
responsável. Só se garante a eficácia coletiva, se a participação for centrada na res- A oferta de subsídios àqueles que demonstram dificuldade em melhorar seu
ponsabilidade. Não se trata, contudo, de delegar poderes, mas de exercê-los em desempenho pedagógico e em suas relações com os alunos em sala de aula é outra
todos os níveis da ação escolar. Assim, para que haja participação há que se ter forma de trabalho. Afinal, ninguém pode dar o que não tem e sabemos muito bem da
consciência e responsabilidade e esse trabalho exigirá de todos: presença, reflexão e heterogeneidade de nosso corpo docente nos dias que correm. E não por culpa dele,
crítica constantes. evidentemente, mas de toda uma estrutura inadequada que caracteriza, hoje, a escola
O trabalho coletivo é o responsável pela participação geral no processo decisório pública, cabendo pois à direção e à coordenação iniciar esse processo de capacitação
de alunos, professores, funcionários e pais na escola. Ele é, também, responsável com os recursos de que dispõe a escola que, embora reduzidos, poderão contribuir
pela revolução nas relações professor-aluno, pois envolve um processo no qual os para uma melhoria geral do desempenho dos professores, mesmo porque as capacita-
indivíduos participam porque a eles são entregues não apenas as decisões específi- ções oficiais, muitas vezes, passam longe das reais necessidades da unidade. Há,
cas, mas também os próprios rumos da escola. Os demais saberes, no trabalho cole- atualmente, publicada, numerosa literatura pedagógica ao alcance da escola para ca-
tivo, são valorizados e posto em ação e reflexão. pacitar os docentes. Sobre essa matéria, “O Diretor” tem publicado extensa biblio-
grafia e numerosos subsídios aos HTPCs, que, segundo informações de colegas,
AGIR COLETIVAMENTE vêm sendo utilizados pelas escolas.
O Trabalho Coletivo na escola não poderá surgir a partir do momento que se 4- A interdisciplinariedade
julgar conveniente que ele exista. Ele deverá ser iniciado na ocasião do Planejamento
e ficará atestado no Plano Escolar. Esse trabalho conjunto deverá ter garantia de não O trabalho interdisciplinar é o primeiro passo para o desenvolvimento do
ser apenas um trabalho de colaboração, mas de participação. Caso contrário, tere- trabalho coletivo na medida em que, naturalmente, vai agregando um maior número
mos apenas a “prestação de serviços” de professores nessa ação pedagógica que é da maior relevância, uma vez que dá, aos
Se todos estiverem envolvidos, desde o conhecimento das dificuldades da professores e aos alunos, a idéia de que o conhecimento é um todo composto por
escola e metas a atingir, mas fácil será a participação nas propostas e a responsabili- partes que se relacionam, intimamente o que conferirá maior qualidade ao processo
dade das decisões. pedagógico. Um trabalho fundamentado na interdisciplinaridade é um verdadeiro
O trabalho, então, repercutirá no dia-a-dia da escola, modificando as relações treino de trabalho coletivo que, em pouco tempo, demonstrará sua eficiência na
interpessoais. Assim, todos os interessados deverão participar aprendizagem de conteúdos significativos.
É preciso estar consciente de que conflitos e desafios não faltarão. Entretan-
to, o resultado passará a ser responsabilidade de muitos e, assim, será mais fácil
muitos procurarem as melhores saídas, que deixar apenas para um, que poderá termi-
nar seu tempo sem encontrá-las. TRABALHO COLETIVO
No Trabalho Coletivo, cada um trará as experiências diárias na resolução dos
problemas e, havendo responsabilidade geral, os resultados serão mais eficazes.
Ações necessárias à consecução dessa meta, do ponto de vista da
MELHORAR A ESCOLA É MELHORAR A SOCIEDADE formação do alunado:
A Escola, como parte da sociedade, local de formação e exercício da cidada- 1 . Ação comum dos professores em relação ao trabalho em sala de aula com base
nia, deverá estar comprometida com a melhoria da sociedade em geral. É preciso num documento consensual, ouvidos pais e alunos, no qual se levará em consi-
possibilitar aos membros dessa comunidade, a atuação no planejamento e na avalia- deração:
¨ postura de professores e alunos em sala de aula;
ção de suas ações e não apenas na execução. Caberá à escola, liderada pela Direção,
¨ apoio da direção como suporte da ação conjunta.
possibilitar reflexões conjuntas sobre o conhecimento critico da realidade e buscar 2 . Ações necessárias à consecução da meta do ponto de vista pedagógico - estabe-
alternativas de solução. lecimento da interdisciplinaridade (interdisciplinaridade entendida como uma
O Diretor de Ecola, como líder que é, será peça fundamental no processo de forma de integrar os professores no trabalho coletivo) desenvolvidas a partir:
trabalho coletivo, desenvolvendo o processo das seguintes formas: ¨ da coordenação entre as disciplinas;
¨ da permanente troca de informações sobre os conteúdos desenvolvidos du-
rante os bimestres nas HTPCs, afim de que todos saibam o que está ocor-
FORMAS DE TRABALHO COLETIVO rendo nas aulas de outras disciplinas;
¨ do Estudo do Meio;
1- Integração grupal e socialização do poder ¨ da introdução dos temas transversais nos planos de curso.
Etapas:
O clima relacional de uma escola tem seu eixo nos professores que nela atuam.
São eles que determinam as relações internas. Portanto, caberá ao líder - o Diretor - 1 . Sobre a ação comum dos professores:
conduzi-los aos relacionamentos desejados. Se a Direção promover o clima de ¨ elaboração de um documento a ser assumido por todos os professores quanto
fraternidade, de respeito, de diálogo e de responsabilidade entre os professores, esse a sua atuação em sala de aula, realizado na primeira HTPC do ano.
mesmo clima será extensivo aos alunos. 2 . Sobre o planejamento de conteúdos integrados:
A direção tem a obrigação de garantir a integração e a coesão da comunidade ¨ esboço do Plano Anual de conteúdos a ser desenvolvido nas horas de ativi-
escolar. dades livres dos professores, conteúdos esses os mais próximos possíveis da
realidade e cotidiano do aluno
2- O permanente diálogo ¨ elaboração do plano bimestral de trabalho no qual todos farão a exposição
sintética dos conteúdos de sua disciplina a ser desenvolvido no primeiro
bimestre, objetivando encontrar os pontos de contato entre as disciplinas a
Será fundamental oestabelecimento do permanente diálogo entre a direção e fim de levar o aluno a compreender a unidade do conhecimento. – Em casa
todos os segmentos da escola, mormente com os professores sobre os quais repousa e nas HTPCs;
a possibilidade de viabilizar um ensino de qualidade. Esse diálogo poderá levar o ¨ temas transversais- integração dos temas transversais aos planos de curso:
corpo docente, durante o planejamento e nas HTPCs, a decidir sobre o que deseja orientação sexual, combate às drogas e à violência, preservação do meio
para sua unidade e assumir uma série de responsabilidades inerentes a esse desejo. ambiente, ética, em todas as disciplinas.
Para isso será necessário a direção munir-se de muita tolerância e paciência (saber
ouvir a todos, estimulando-os a sugerir propostas que desejam, realmente, executar) Recursos:
a fim de aparar as arestas que, fatalmente, surgirão quando se tratar da adesão dos
vários segmentos ao Projeto da Escola. Haverá aqueles que se lançarão com entusi- Provenientes da APM se necessário; Guias Curriculares do Estado de São
Paulo; Parâmetros curriculares e Temas Transversais, cujas publicações encon-
asmo ao trabalho coletivo; os céticos, descrendo das mudança propostas face aos
tram-se disponíveis na escola.
problemas, que enfrentam em sala de aula, aqueles, ainda, que se omitirão,
deliberadamente, para não assumir compromissos com alterações em sua deficiente Avaliação:
conduta pedagógica. Dessa forma, a constante discussão dos problemas enfrentados
por todos os docentes em suas ações junto aos alunos, propondo soluções conjuntas Discussões mensais nas HTPCs sobre a meta, reunindo: direção, professor-
nas HTPCs acabará, com o tempo, por convencer a todos de que o trabalho coletivo coordenador, corpo docente e pessoal de apoio e administrativo.
vem trazendo benefícios ao processo pedagógico. Mas é preciso perseverança por
9. Projeto
Janeiro/2002 9
Pedagógico
3- A importância do trabalho coletivo
5- Ação comum dos professores Nele, todos deverão estar abertos ao diálogo sobre todas as questões relacionadas ao
ensino-aprendizagem em cada bimestre, entre outras, que emergem do cotidiano das
É preciso estimular a “ação comum dos professores” no relacionamento com salas de aula. A participação dos alunos no Conselho de Série conferirá, com certe-
os alunos. A “ação comum” exercida pelo grupo quanto às atitudes a serem tomadas za, a perspectiva de um trabalho coletivo ampliado nas unidades, no qual os discen-
junto às classes, com certeza, conferirá coerência ao trabalho cotidiano dos docen- tes, pela primeira vez, terão a oportunidade de expor os seus pontos de vista sobre o
tes, mais que necessária para uma resposta adequada do aluno, levando-os à compre- ensino que lhes está sendo ministrado (e até mesmo como tratam ou são tratados
ensão de que todos os meios estão sendo utilizados para elevar o nível de sua apren- pelos professores e direção). Por outro, lado essa participação será capaz de revelar
dizagem. Aproveitar a experiência e o sucesso de determinados professores no trato problemas insuspeitados de sala de aula, dificilmente detectados pela direção e coor-
com os alunos será relevante para estimular aqueles que não encontram um caminho denação, o que indicará como a escola irá operacionalizar seu plano global, assim
novo para relacionar-se com suas classes. Nesse aspecto, caberá à direção e à coor- como ter consciência do trabalho potencial e dificuldade dos docentes e especialistas
denação convencer a todos de que a valorização de um trabalho bem sucedido deste da U.E. para que o aluno se torne “cidadão”.
ou daquele professor não é um exercício de vaidade pessoal ou de superioridade de
uns sobre outros, mas de uma contribuição que o coletivo pode conceder aos que 7- Concluindo
apresentam dificuldades em suas ações e desejam modificá-las em benefício de uma
melhoria de ensino na unidade. A ausência da ação comum dos docentes, em sala de O trabalho coletivo é considerado condição “sine qua non” para o desenvol-
aula, cria, na consciência dos discentes, a idéia que não existem limites a seu com- vimento da educação e da sociedade democrática. Sua consolidação na escola resulta
portamento posto que eles observam com clareza as contradições de cada professor, de um processo intencional e árduo na busca do rompimento das relações de poder
sabendo de antemão o que podem fazer com uns e com outros, evidentemente, apro- autoritárias, rígidas e burocratizantes. Esse processo é democrático e sua importân-
veitando-se dos mais frágeis. Daí a balbúrdia em numerosas salas de aula nas quais cia é fundamental na construção - reconstrução do dia-a-dia escolar.
determinados professores não conseguem mantê-las atentas para desenvolvimento Assim, as grandes linhas do Projeto Pedagógico, devem refletir o desejo de
dos conteúdos, nas quais não há participação dos alunos, nas quais discentes e pro- um trabalho coletivo, cabendo à direção e à coordenação tirar dele (do coletivo)
fessores se detestam, resultando ao final precário aprendizado. aquilo que julga essencial para os discentes, o que significará, numa primeira etapa,
o comprometimento de todos com aquilo que elencou como relevante para orientar
6- Participação do aluno nos Conselhos de Classe, Série e Termo suas ações em busca de um ensino de qualidade. Evidentemente que tudo isso deve
estar embasado numa fundamentação teórica compreensível ao coletivo. De nada
É preciso valorizar a participação dos alunos no Conselho de Classe/ Série. adiantam grandes tiradas filósofo-pedagógicas, textos herméticos e modernosos, se o
grupo se mostra incapaz de assimilá-los e pô-los em prática.
Daí a importância da seleção de documentos para análise dos
professores durante o planejamento e HTPCs.
Dissemos que as metas devem originar-se do diagnóstico
da escola (não do diagnóstico fundado no “achômetro”, como
acontece em muitos planejamentos, mas numa pesquisa séria,
que leve os professores a conhecer, realmente, o alunado com
que cada unidade irá trabalhar) e estabelecidas pelo coletivo.
Devem refletir o que o coletivo, realmente, pode realizar. E,
nesse aspecto, a escola trabalhará com os “pés no chão”. Afi-
nal, repetimos, ninguém pode dar o que não tem, enquanto
não passar por necessárias capacitações. Capacitações, essas
que, em muitos casos, podem ser desenvolvidas nas HTPCs,
como já afirmamos anteriormente.
O trabalho coletivo, pois, não é meta fácil de atingir.
Todavia é o caminho para uma escola que se quer democráti-
ca, para um processo pedagógico eficiente e para uma qualida-
de de ensino desejada por todos.
4- Sobre a coordenação entre componentes curriculares:
a interdisciplinariedade
DA RELEVÂNCIA DA COORDENAÇÃO OUTROS COMPONENTES
Aspecto importante no planejamento e, conseqüentemente, no processo peda- “O professor de Matemática deve estar tão interessado na criatividade
gógico e para o qual o Professor- Coordenador deverá estar atento é o da relevância do aluno quanto o professor de Geografia, de História ou de Linguegem”
da coordenação entre as disciplinas. Assim procedendo, ou seja, estimulando os Paulo Freire
professores a realizá-la, o Professor-Coordenador impedirá que os componentes cur-
riculares se desenvolvam estanques ao longo do processo pedagógico.
Além de dar ao aluno a noção de que o conhecimento é um todo em seu Por que muitos alunos apresentam dificuldades em História, Geografia, Ci-
conjunto, a coordenação entre as diversas áreas de estudo ensejará maior motivação ências? Em muitos casos, a resposta é óbvia: os alunos não sabem ler o texto e,
e enriquecimento do docente e do alunado, quando percebem que tais aproximações portanto, não o compreendem; às vezes, sequer entendem a linguagem do professor
lhes facilitam, respectivamente, o ensino, o estudo e a aprendizagem. quando esse expõe o conteúdo de sua matéria. Diante dessa constatação, por que
não explorar muitos dos textos daquelas disciplinas em Língua Portuguesa, ocasião
LÍNGUA PORTUGUESA em que o Professor de Português poderia vir em auxílio dos colegas, desenvolvendo
habilidades na análise de textos dos outros componentes curriculares?
Sob esse ponto de vista, Língua Portuguesa liga-se a todas as disciplinas e Muitas das deficiências observadas no estudo de matemática, nas 5ªs e 6ªs
deveria permeá-las, embasando o trabalho de professores e alunos. séries, procedem muito mais do não- entendimento do texto que propriamente da
Uma das graves falhas do processo pedagógico é não levar em consideração a compreensão dos conceitos matemáticos - extremamente simples nessas séries -, que
suma importância da Língua na aprendizagem das demais disciplinas. Se o fosse, seriam facilmente assimilados, se o aluno soubesse decodificar a exposição do profes-
implicaria que cada docente exigisse um certo rigor na expressão escrita e oral dos sor ou a do manual (ausência de habilidades).
discentes no trato de sua matéria. Mas, na maioria das vezes, não é o que sucede Uma eficiente coordenação entre Língua Portuguesa e as demais matérias do
quando muitos alegam “não serem professores de português para estarem preocupa- currículo, com certeza, sanaria numerosas falhas de aprendizagem que, de certo
dos com possíveis falhas dos alunos quanto à norma culta na redação de provas e na modo, resultam de um trabalho estanque das disciplinas, o qual não faz mais que as
de trabalhos exigidos!” aprofundar (as falhas) sem que o professor se dê conta do fenômeno, que tanto o
Estamos seguros de que a coordenação de todas as disciplinas com Língua angustia, quando constata tantas retenções em determinadas classes.
Portuguesa ensejará a solução de inúmeros problemas de compreensão dos vários Seria, pois, muito produtivo, o Professor-Coordenador chamar a atenção dos
conteúdos dos componentes curriculares. professores para a questão em pauta, mormente nas HTPs.
10. Projeto
10 Janeiro/2002
Pedagógico
4- Sobre a coordenação entre componentes curriculares:
a interdisciplinariedade
HISTÓRIA E GEOGRAFIA OPERACIONALIZANDO A COORDENAÇÃO
ENTRE AS DISCIPLINAS
História e Geografia, por exemplo, são disciplinas que, por fundarem- se no
domínio do Espaço/Tempo, mantêm profunda afinidade. Em quantos casos, o meio A coordenação entre as disciplinas não deve ser realizada aleatoriamente e de
geográfico explica determinados fatos históricos? (O solo e o clima do nordeste improviso. Ela demanda reflexão e discussão com os professores. Fundamentalmen-
canavieiro e o surgimento da Sociedade Açucareira no período colonial; o solo e o te, deve partir do conhecimento que todos os docentes deverão ter dos conteúdos
clima em regiões de São Paulo e Vale do Paraíba na eclosão do Ciclo do Café; o solo básicos das outras disciplinas para saberem o que poderia ser coordenado. Mesmo
aurífero de Minas, Mato Grosso e Goiás, condicionando o Ciclo do Ouro, entre porque a coordenação entre disciplinas é algo que deve ocorrer naturalmente.
outros exemplos). Penso que a coordenação deva acontecer durante o planejamento, ou seja,
Em quantos casos, os fatos históricos explicam as modificações do meio geo- depois de os professores de cada componente curricular terem, pelo menos, planeja-
gráfico? (O garimpo em regiões do norte brasileiro destruindo a flora e a fauna de do em conjunto e delineados os conteúdos que vão ministrar, ao longo do ano, para
florestas, assim como tribos indígenas; poluição de rios; vazamentos de hidrelétricas a consecução de seus objetivos. Uma vez definidos esses conteúdos, os professores
termonucleares afetando profundamente o meio-ambiente de numerosos países...) se reuniriam para expor, sucintamente, o que planejaram, ocasião em que, todos
Essas duas disciplinas podem, em inúmeras ocasiões, aproximarem-se de ma- poderiam, uma vez percebidos os pontos de contato entre os conteúdos das discipli-
temática, quando utilizam escalas na confecção de mapas, quando utilizam dados nas, sugerir as pertinentes coordenações, propondo-as ao grupo.
estatísticos, gráficos e tabelas em atividades de Geografia. Torna-se relevante, nesta primeira etapa do trabalho de coordenação, o
Importantes serão também as coordenações entre História, Geografia e Ciên- embasamento de Língua Portuguesa em todos os componentes curriculares, nos moldes
cias Físicas e Biológicas com Educação Artística, atividades essas extremamente do exposto no início desta matéria.
úteis na concretização de conceitos históricos, geográficos e os da área de Ciências. Estabelecidos os pontos de contato entre as disciplinas, definir-se-iam, preli-
Assim, em determinados momentos, poder-se-ia deixar a cargo de Educação Artís- minarmente, os conteúdos a serem objeto de coordenação, os quais seriam integra-
tica o preparo de linhas do tempo histórico, a confecção de mapas, ilustrações de dos ao planejamento dos professores de todas as séries. O aprofundamento dessas
conteúdos históricos, geográficos e científicos por meio de histórias em quadrinhos coordenações, por sua vez, dar-se-ia nas HTPs ao longo do ano letivo.
com tais conteúdos, apelando-se à criatividade dos alunos. Acreditamos que, em assim procedendo, docentes e professor-coordenador, o
Observe, com esses poucos exemplos, quantas possibilidades se abrem num processo pedagógico ganharia maior dinamismo e criatividade, de muitos modos,
trabalho coordenado entre as diversas áreas de estudo. Os exemplos poderiam multi- contribuindo para um ensino que reputamos de qualidade.
plicar-se na medida em que o Professor-Coordenador viesse a lançar propostas nesse
sentido, nas quais os conteúdos se desenvolvessem coordenados entre si.
5- Temas Transversais
Conforme define a L.D.B., a missão da escola é desenvolver, integralmente, a moral de seus alunos. Se não promove um ensino de boa qualidade, a escola condena
personalidade do educando e, para isso, ela tem como desafio não deixar inexplorado seus alunos a sérias dificuldades futuras na vida e, decorrrentemente, a que vejam seus
nenhum dos talentos do ser humano: a memória, o raciocínio, a imaginação, a capa- projetos de vida frustrados”. (PCN 2 - Ética).
cidade física, o sentido de estética, a facilidade de comunicação com os outros e com Os temas transversais vieram para enfrentar a compartimentabilidade do sa-
o mundo. Tudo isso confirma a necessidade de a escola dar ao aluno a possibilidade ber. Com efeito, desde 93, Marimon e outros estudiosos desses temas, apontam
da visão de um mundo globalizado e em constante mudança. como solução a integração dos saberes, onde as disciplinas científicas devem se im-
A existência e a prática dos Temas Transversais (expressos na L.D.B.) de- pregnar da vida cotidiana, sem renunciar às elaborações teóricas, imprescindíveis ao
monstram que as teorias da Educação são respostas às necessidade e às realidades avanço da ciência. Esses temas permitem a incorporação de novas propostas e pes-
sociais, em constante mudança, onde o vertiginoso aumento do conhecimento, em quisas de novos currículos, que hão de se tornar complexos ou globalizados, impreg-
quase todos os campos e o inusitado avanço tecnológico criaram um novo panorama nando-se da problemática do mundo.
para a vida no planeta. Embora a transversalidade seja uma marca do mundo atual, esse conceito não
Os temas transversais são estabelecidos pelos Parâmetros Curriculares Naci- foi, ainda, generalizado e tem encontrado muitas barreiras. Como a nosso tempo, a
onais (PCN’s) e compreendem seis áreas: Ética, Orientação Sexual, Meio Ambi- construção desse conceito tem se modificado e vem adquirindo contribuições diver-
ente, Saúde, Pluralidade Cultural e Trabalho e Consumo. Eles são a marca da escola sas. Seu significado tem-se alterado, mas é, inegavelmente, símbolo de inovação e de
da ultramodernidade e constituem uma série de valores humanos a ser desenvolvidos abertura da escola à sociedade.
nas escolas (higiene, habitação, lazer, valores, atitudes, comportamentos, etc...). Com efeito, todas as matérias possibilitam o trabalho com o conceito de trans-
Urgência social, abrangência nacional, possibilidade de ensino e aprendizagem, fa- versal, que deve ser uma constante no processo de desenvolvimento das disciplinas.
vorecendo a compreensão da realidade e parti-
cipação social foram os critérios adotados para
a eleição dos Temas Tranversais.
Fruto da L.D.B., os temas transversais
são “saídas” para medidas “a posterior” de uma
série de conteúdos que, não querendo deban-
dar aqueles primeiramente fixados pelas disci-
plinas clássicas, se apresentam como temas trans-
versais no currículo e, portanto, comuns a to-
das as áreas e disciplinas, não como adendo,
mas sim como novas dimensões do currículo,
que englobam valores universais.
A transversalidade conduz à complexi-
dade e à globalização do currículo. Se, de um
lado, temos uma concepção de educação clássi-
ca, na qual nos interessa um cidadão que assi-
mile uma cultura, que se revelou imprescindível
para o desenvolvimento, por outro, também nos
interessam pessoas sensíveis aos problemas, que
esse desenvolvimento provoca nas sociedades.
A escola existe não apenas para prepa-
rar adolescentes para o mercado de trabalho,
mas também para formar alunos cidadãos. “A
escola deve ser um lugar onde cada aluno encon-
tre a possibilidade de se instrumentalizar para a
realização de seus projetos; por isso, a qualidade
do ensino é a condição necessária à formação