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DO HERÓI BARROCO À MORTE DO
SUPER-HERÓI CONTEMPORÂNEO
HISTÓRIA DA ARTE, DA MORAL E DA
ÉTICA DOS HOMENS ORDINÁRIOS.
Professor Felipe Ronner Pinheiro
Imlau Motta
• DO HERÓI BARROCO À MORTE DO SUPER-HERÓI CONTEMPORÂNEO.
• Professor Felipe Ronner
•
•
• EMENTA
• O curso tratará da mitologia dos heróis. Serão abordadas questões tais como a potência divina ou semi-divina do herói, seu
caráter soberano e altruísta, virtudes e fragilidades. Para tanto, exemplos de personagens da mitologia grega e barroca
servirão de modelo à criação de uma síntese do comportamento heróico. Na última parte do curso serão abordadas
questões como a criatividade artística na criação de personagens super-heróicos e como eles nos servem de
arrimo, inspiração e modelo de conduta ética para nossas ações cotidianas. Ações essas que são exercidas por homens e
mulheres comuns/ ordinários e não por heróis com super-poderes. Assim, professores, mães e
pais, policiais, médicos, estudantes e “até advogados” podem ser heróis sem super-poderes...
•
• CONTEÚDO PROGRAMÁTICO
•
• Acerca do Herói na Grécia Antiga e seu Legado
• Transgenia entre Deuses e Humanos
• O Barroco e o Herói Barroco
• História da Arte
• Moral, Ética e o Humano
• Batman, Wolverine, Homem- Aranha e Super-man: mitologias
• Lois Lane, a louca que serve de alvo E QUE SE APAIXONA POR UM SUPER-HOMEM
• A Morte do Super-herói na Contemporaneidade
•
• BIBLIOGRAFIA
• Roberto GUEDES. Quando Surgem Os Super-Heróis. São Paulo: Opera Graphica,2004.
• Joseph CAMPBELL. O herói de mil faces. Tradução Adail Ubirajara Sobral. CULTRIX/ PENSAMENTO. SAO PAULO, 1989.
• Arnold HAUSER. História Social da Literatura e da Arte. São Paulo: Mestre Jou, 1972-82. Vol. I. pp. 483-489.
• Philippe ARIÉS. O Homem Diante da Morte. Volumes I e II. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1990.
• Tom MORRIS. Super-Heróis e a Filosofia. Verdade, Justiça e o Caminho Socrático. São Paulo: Madras, 1998.
•
WHO IS THE HEROE?
• THE HEROE BORN IN THE GREECE
• Herói e uma figura arquetípica que reúne em si os
atributos  A forma perfeita ou imaterial, Mente de Deus
ou Síntese da dialética entre Bem e Mal  detentor de
qualidades divinas tais como
onisciência, onipresença, onipotência, materialidade e
vivacidade (neoplatônicos)
• necessários para superar de forma excepcional um
determinado PROBLEMA  Mas como definí-lo?
• problema de dimensão épica  Gênero artístico centrado
num herói, que atravessa longos períodos de tempo e
envolve batalhas, esforço, superação, dor e morte, muitas
vezes tiradas da vida real
Transgenia entre Deuses e Humanos
• Pai-Deus  Mãe-Humana
Hércules: Hércules (em latim: Hercules) é o nome em latim
dado pelos antigos romanos ao herói da mitologia grega
Héracles, filho de Zeus e da mortal Alcmena. As antigas
fontes romanas indicam que o herói grego "importado"
veio substituir um antigo pastor mitológico chamado pelos
povos da Itália de Recaranus ou Garanus, e que é famoso
por sua força. Enquanto o mito de Hércules incorporou
muito da iconografia e da própria mitologia do personagem
grego, ele também tinha um número de características e
lendas que eram marcadamente romanas.
Hércules lutando com os novos
Heróis
...Continua...
• Pai Deus <-> Mãe Humana
• Perseu: Perseu (em grego: Περσεύς), na mitologia grega, foi
o herói mítico grego que decapitou a Medusa, monstro que
transformava em pedra qualquer um que olhasse em seus
olhos.Nota 1 Perseu era filho de Zeus, que sob a forma de uma
chuva de ouro, introduziu-se na torre de bronze e engravidou
DânaeNota 2 a filha mortal do rei de Argos.
Perseu com a cabeça da Medusa em
sua mão esquerda e no outro
quadro, à direita enfrentando
Kratos, o deus da guerra. Abaixo
fazendo não sei o quê sem camisa...
AQUILES
• Mãe-Deusa  Pai-Humano
Aquiles: Na mitologia grega, Aquiles (em grego antigo: Ἀχιλλεύς; transl. Akhilleus) foi um herói da Grécia, um dos participantes da
Guerra de Troia e o personagem principal e maior guerreiro da Ilíada, de Homero.
Aquiles tem ainda a característica de ser o mais belo dos heróis reunidos contra Troia,1 assim como o melhor entre eles.
Lendas posteriores (que se iniciaram com um poema de Estácio, no século I d.C.) [carece de fontes?] afirmavam que Aquiles era
invulnerável em todo o seu corpo, exceto em seu calcanhar; ainda segundo estas versões de seu mito, sua morte teria sido
causada por uma flecha envenenada que o teria atingido exatamente nesta parte de seu corpo. A expressão "calcanhar de
Aquiles", que indica a principal fraqueza de alguém, teria aí a sua origem.
As obras literárias (e artísticas em geral) em que Aquiles aparece como herói são abundantes. Para além da Ilíada e da Odisseia -
onde é mostrada o destino de Aquiles após a sua morte - pode-se destacar, ainda, a tragédia Ifigénia em Áulide, de
Eurípides, "imitada" mais tarde pelo dramaturgo francês Jean Racine (1674) e transformada em ópera pelo compositor
alemão Christoph Willibald Gluck (1774), além das artes plásticas, onde podem ser encontradas, além das diversas pinturas
de vasos e esculturas do próprio período da Antiguidade Clássica, telas de Rubens, Teniers, Ingres, Delacroix e muitos
outros, que retratam as suas múltiplas façanhas.
• O calcanhar de Aquiles [editar]
• De acordo com um fragmento de um Achilleis — a Aquilíada, escrita por Estácio no século I - quando Aquiles nasceu Tétis
teria tentado fazê-lo imortal, mergulhando-o no rio Estige6 13 ; deixou-o, no entanto, vulnerável na parte do corpo pelo qual
ela o segurava, seu calcanhar (ver calcanhar de Aquiles, tendão de Aquiles).6 Não está claro, no entanto, se esta versão do
mito era conhecida anteriormente. Em outra versão, Tétis ungiu o filho com ambrósia e o colocou sobre o fogo, para que
suas partes mortais fossem queimadas; foi interrompida por Peleu, no entanto, e acabou abandonando pai e filho, furiosa.14
• Nenhuma das fontes anteriores a Estácio, no entanto, faz qualquer referência a esta invulnerabilidade física do personagem;
ao contrário, na própria Ilíada Homero descreve Aquiles sendo ferido: no livro 21 Asteropeu, o herói peônio, filho de
Pélagon, desafia Aquiles nas margens do rio Escamandro; arremessa duas lanças ao mesmo tempo, uma das quais atinge o
cotovelo de Aquiles, "tirando um jorro de sangue".
• Também nos fragmentos de poemas do Ciclo Épico, onde podem ser encontradas as descrições da morte do herói, Cypria
(de autoria desconhecida), Aithiopis (de Arctino de Mileto), a Pequena Ilíada (de Lesco de Mitilene), entre outras, não existe
qualquer indicação ou referência à sua invulnerabilidade ou ao seu célebre ponto fraco no calcanhar; nas pinturas em vasos
feitas mais tarde, que representam a morte de Aquiles, a flecha (ou, em muitas casos, as flechas) o atingem no corpo.
A MORTE DE AQUILES
The Icredibles Papais Hehehe
Não aguentamos mais
esses moleques...
Vamos mandá-los para o
LimbooooOOO...
Para infernizar a vida de Um
Professor....
O Professor, Herói sem Super-Poderes
• Ilíada: A Ilíada (em grego antigo: Ἰλιάς, AFI: [iːliás]; emgrego moderno: Ιλιάδα) é um poema épico grego que narra os acontecimentos
ocorridos no período de pouco mais de 50 dias durante o décimo e último ano da Guerra de Troia e cuja génese radica na cólera
(μῆνις, mênis), de Aquiles 1 . O título da obra deriva de um outro nome grego para Troia, Ílion.
• A Ilíada e a Odisseia são atribuídas a Homero, que julga ter vivido por volta do século VIII a.C1 , na Jônia (lugar que hoje é uma região da
Turquia), e constituem os mais antigos documentos literários gregos (e ocidentais) que chegaram nos nossos dias. Ainda
hoje, contudo, se discute a sua autoria, a existência real de Homero, e se estas duas obras teriam sido compostas pela mesma pessoa.
• Os gregos antigos acreditavam que a Guerra de Troia era um fato histórico, ocorrido por volta de 1200 a.C. no período micênico, mas
alguns estudiosos atuais têm dúvidas sobre se ela de fato ocorreu. Até à descoberta do sítio arqueológico na Turquia, na
Anatólia, acreditava-se que Troia era uma cidade mitológica.
• A Guerra de Troia deu-se quando os aqueus atacaram a cidade de Troia, buscando vingar o rapto de Helena, esposa do rei de
Esparta, Menelau, irmão de Agamemnon1 . Os aqueus eram os povos que hoje conhecemos como gregos, que compartilhavam uma
cultura e língua comuns, mas na época se definiam como vários reinos, e não como um povo uno.
• A lenda conta que a deusa (ninfa) do mar Tétis era desejada como esposa por Zeus e seu irmão Posidão. Porém Prometeu profetizou
que o filho da deusa seria maior que seu pai. Então os deuses resolveram dá-la como esposa a Peleu, um mortal já idoso, intencionando
enfraquecer o filho, que seria apenas um humano. O filho de ambos é o guerreiro Aquiles. Sua mãe, visando fortalecer sua natureza
mortal, mergulhou-o, ainda bebê, nas águas do mitológico rio Estige. As águas tornaram o herói invulnerável, exceto no calcanhar, por
onde a mãe o segurou para o mergulhar no rio (daí a famosa expressão calcanhar de Aquiles, significando ponto vulnerável). Aquiles
tornou-se o mais poderoso dos guerreiros, porém, ainda era mortal. Mais tarde, sua mãe profetiza que ele poderá escolher entre dois
destinos: lutar em Troia e alcançar a glória eterna, mas morrer jovem, ou permanecer em sua terra natal e ter uma longa vida, mas
sendo logo esquecido.
• Para o casamento de Peleu e Tétis todos os deuses foram convidados, menos Éris, ou Discórdia. Ofendida, a deusa compareceu invisível
e deixou à mesa um pomo de ouro com a inscrição “à mais bela”. As deusas Hera, Atena e Afrodite disputaram o pomo e o título de
mais bela. Zeus então ordenou que o príncipe troiano Páris, à época sendo criado como um pastor ali perto, resolvesse a disputa. Para
ganhar o título de “mais bela”, Atena ofereceu a Páris poder na batalha, Hera o poder e Afrodite o amor da mulher mais bela do
mundo. Páris deu o pomo a Afrodite, ganhando assim sua proteção, porém atraindo o ódio das outras duas deusas contra si e contra
Troia.
• A mulher mais bela do mundo era Helena, filha de Zeus e Leda. Leda era casada com Tíndaro, rei de Esparta. Helena possuía diversos
pretendentes, que incluíam muitos dos maiores heróis da Grécia, e o seu pai adotivo, Tíndaro, hesitava tomar uma decisão em favor de
um deles temendo enfurecer os outros. Finalmente um dos pretendentes, Odisseu (cujo nome latino era Ulisses), rei de Ítaca, resolveu
o impasse propondo que todos os pretendentes jurassem proteger Helena e sua escolha, qualquer que fosse. Helena então se casou
com Menelau, que se tornou o rei de Esparta.
• Quando Páris foi a Esparta em missão diplomática, se enamorou de Helena e ambos fugiram para Troia, enfurecendo Menelau. Este
apelou aos antigos pretendentes de Helena, lembrando o juramento que haviam feito. Agamémnom então assumiu o comando de um
exército de mil barcos e atravessou o mar Egeu para atacar Troia. As naus gregas desembarcaram na praia próxima a Troia e iniciaram
um cerco que duraria 10 anos, custando a vida de muitos heróis, de ambos os lados. Finalmente, seguindo um estratagema proposto
por Odisseu, o famoso Cavalo de Troia, os gregos conseguiram invadir a cidade governada por Príamo e terminar a guerra.
O Barroco
• Barroco é o nome dado ao estilo artístico que floresceu entre o final do século XVI e meados
do século XVIII, inicialmente na Itália, difundindo-se em seguida pelos países católicos da
Europa e da América, antes de atingir, em uma forma modificada, as áreas protestantes e
alguns pontos do Oriente.
• Considerado como o estilo correspondente ao absolutismo e à Contra-Reforma, distingue-se
pelo esplendor exuberante. De certo modo o Barroco foi uma continuação natural do
Renascimento, porque ambos os movimentos compartilharam de um profundo interesse
pela arte da Antiguidade clássica, embora interpretando-a diferentemente, o que teria
resultado em diferenças na expressão artística de cada período. Enquanto no Renascimento
as qualidades de moderação, economia formal, austeridade, equilíbrio e harmonia eram as
mais buscadas, o tratamento barroco de temas idênticos mostrava maior
dinamismo, contrastes mais fortes, maior dramaticidade, exuberância e realismo e uma
tendência ao decorativo, além de manifestar uma tensão entre o gosto pela materialidade
opulenta e as demandas de uma vida espiritual. Mas nem sempre essas características são
bem evidentes ou se apresentam todas ao mesmo tempo. Houve uma grande variedade de
abordagens estilísticas, que foram englobadas sob a denominação genérica de "arte
barroca", com certas escolas mais próximas do classicismo renascentista e outras mais
afastadas dele, o que tem gerado muita polêmica e pouco consenso na conceituação e
caracterização do estilo.1
• Para diversos pesquisadores o Barroco constitui não apenas um estilo artístico, mas todo um
período histórico, todo um novo modo de entender o mundo, o homem e Deus. As
mudanças introduzidas pelo espírito barroco se originaram, pois, de um grande respeito pela
autoridade da tradição clássica, e de um desejo de superá-la com a criação de obras
originais, dentro de um contexto social e cultural que já se havia modificado profundamente
em relação ao período anterior.1
• Antecedentes [editar]
• Giambologna: O rapto da Sabina, 1582. Florença, uma das mais conhecidas obras do Maneirismo
• Desde o Renascimento a Itália se tornara o maior pólo de atração de artistas em toda a Europa, e no início do
século XVI Roma, sede do Papado católico e capital dos Estados Pontifícios, se tornara o maior centro irradiador de
influência artística, tendo a Igreja como o mais pródigo mecenas. Mas desde lá, tendo passado por invasões
dramáticas, como a que culminou no Saque de Roma de 1527, e sofrendo com agitação interna, a Itália havia
perdido muito prestígio e força, ainda que continuasse a ser a maior referência na cultura européia. A atmosfera
otimista do Renascimento havia se desvanecido. Os progressos na filosofia, nas ciências e nas artes, o florescer do
humanismo, não evitaram os ódios e guerras, e a fé no homem como imagem da Divindade e no mundo como um
novo Éden em potencial - um moto recorrente no Renascimento - se deparava com o cinismo e a brutalidade da
política, a vaidade do clero, a eterna opressão do povo, surgindo uma nova corrente cultural a que se deu o nome
de Maneirismo - erudita, sofisticada, experimental, mas carregada de dúvidas e agitação, e dada a excentricidades
e ao cultivo do bizarro.2 3 4 5
• Na religião, o poder papal teve de enfrentar a Reforma Protestante, um evento com amplas repercussões políticas
e sociais, que pôs um fim à unidade do Cristianismo e solapou a influência católica sobre os assuntos seculares de
toda a Europa, que antes era imensa. Além das diferenças de doutrina, onde se incluía a condenação do culto às
imagens, os protestantes denunciaram o luxo excessivo dos templos e a corrupção do clero católico. Suas igrejas
rapidamente se esvaziaram de estátuas e pinturas devocionais e de decoração. A reação católica foi orquestrada a
partir da convocação do Concílio de Trento (1545-1563), o marco inicial da Contra-Reforma, numa tentativa de
refrear a evasão de fiéis para o lado protestante e a perda de influência política da Igreja. Ao mesmo tempo que
fazia uma revisão na doutrina, estabelecendo uma nova abordagem do conceito de Deus, a Contra-Reforma
tentou moralizar o clero e disciplinou a produção de arte sacra, buscando utilizá-la como instrumento de
proselitismo. Longas guerras de religião seguiriam o cisma protestante nas décadas seguintes, devastando muitas
regiões.2 3 4 5 Na economia, a abertura de novas rotas comerciais em vista das grandes navegações deixou a Itália
fora do centro do comércio internacional, deslocando o eixo econômico para as nações do oeste europeu.
Portugal, Espanha, França, Inglaterra e Países Baixos eram as novas potências navais, cuja ascensão política era
financiada pelas riquezas coloniais e o comércio em expansão. A arte desses países se beneficiou enormemente
desse novo afluxo de riquezas.6 Murray Edelman, fazendo um balanço da arte deste período, disse que...
• "Os pintores e escritores maneiristas do século XVI eram menos "realistas" do que seus predecessores da Alta
Renascença, mas eles reconheceram e ensinaram muito sobre como a vida pode se tornar motivo de perplexidade:
através da sensualidade, do horror, do reconhecimento da vulnerabilidade, da melancolia, do lúdico, da ironia, da
ambiguidade e da atenção a diversas situações sociais e naturais. Suas concepções tanto reforçaram como
refletiram a preocupação com a qualidade da vida cotidiana, com o desejo de experimentar e inovar, e com outros
impulsos de índole política.... É possível que toda arte apresente esta postura, mas o Maneirismo a tornou
especialmente visível".3
• Um novo contexto [editar]
• Andrea Pozzo: Apoteose de Santo Inácio, teto da Igreja de Santo Inácio de Loyola, Roma
• Jacob Jordaens: A família do artista, Museu do Prado
• Antoine Coysevox: A Fama do Rei cavalgando Pégaso, originalmente no Parque de Marly, hoje no Louvre
• A convocação do Concilio de Trento teve profundas consequências para a arte produzida na área de influência da Igreja Católica: a teologia assumiu o
controle e impôs restrições às excentricidades maneiristas buscando reiterar a continuidade da tradição católica, recuperar o decoro na
representação, criar uma arte mais compreensível pelo povo e homogeneizar o estilo. Desde então tudo devia ser submetido de antemão ao crivo
dos censores, desde o tema, a forma de tratamento e até mesmo a escolha das cores e dos gestos dos personagens.7 8 9 Nesse processo a Ordem dos
Jesuítas foi de especial importância. Afamados pelo seu refinado preparo intelectual, teológico e artístico, os jesuítas exerceram enorme influência
na determinação dos rumos estéticos e ideológicos seguidos pela arte católica, estendendo sua presença para a América e o Oriente através de suas
numerosas missões de evangelização. Também foram grandes responsáveis pela preservação da tradição do Humanismo renascentista, e, longe de
serem conservadores como às vezes foram considerados, atuaram na vanguarda de arte da época e promoveram o maior movimento de revivalismo
da filosofia do classicismo pagão desde aquele patrocinado por Lorenzo de' Medici no século XV.10 11
• Nesse novo cenário, a arte palaciana e sofisticada do Maneirismo já não encontrava lugar, e se tornara especialmente imprópria para a
representação sacra. A orientação da Igreja agora era na direção de se produzir uma arte que pudesse cooptar a massa do povo, apelando para o
sensacionalismo e uma emocionalidade intensa. O estilo produzido por este programa se provou desde logo ambíguo: pregava a fé mas usava de
todos os meios para a sensibilização sensorial do público. As imagens eram criadas com formas naturalistas como meio de serem imediatamente
compreendidas pelo povo inculto, mas faziam uso de complexos recursos ilusionísticos e dramáticos, de efeito grandioso e teatral, para acentuar o
apelo visual e emotivo e estimular a piedade e a devoção. São especialmente ilustrativos os grandes painéis pintados nos tetos nas igrejas católicas
nesse período, que aparentemente dissolvem a arquitetura e se abrem para visões sublimes do Paraíso, povoado de santos, anjos e do Cristo. Ainda
que alimentado pelo movimento contra-reformista, o Barroco não se limitou ao mundo católico, afetando também áreas protestantes como a
Alemanha, Países Baixos e Inglaterra, mas por outros motivos, descritos adiante.12 9
• Outro elemento de importância para a formação da estética barroca foi a consolidação das monarquias absolutistas, que através da arte procuraram
consagrar os valores que defendiam. Os palácios reais passaram a ser construídos em escala monumental, a fim de exibir visivelmente o poder e a
grandeza dos Estados centralizados, e o maior exemplo dessa tendência é o Palácio de Versalhes, erguido a mando de Luís XIV da França. Por outro
lado, nesta mesma época a burguesia começou a se afirmar como uma classe economicamente influente, e com isso passou a se educar e abrir um
novo mercado consumidor de arte. Tendo preferências estéticas distintas da realeza, foi importante para a formação de certas escolas barrocas mais
ligadas ao realismo. Por fim, outra força ativa foi um renovado interesse no mundo natural e uma gradativa ampliação dos horizontes culturais
através da exploração do globo e do desenvolvimento da ciência, que trouxeram uma consciência da insignificância do homem em meio à vastidão
do universo e da insuspeitada complexidade da natureza. O desenvolvimento da pintura de paisagem durante o Barroco foi um reflexo desses novos
descobrimentos.12
• Na economia a principal mudança foi a formação de um sistema de mercado internacional através do desenvolvimento do sistema colonial nas
Américas e Oriente, com a escravidão como uma das bases de seu funcionamento. O sistema bancário também foi aprimorado, as práticas de
comércio se tornaram mais complexas e a importação de produtos coloniais, como o café, tabaco, arroz e açúcar, transformou hábitos culturais e a
dieta. Junto com a afluência para a Europa de outros bens da colônia, incluindo grandes quantidades de ouro, prata e diamantes, o sucesso do
sistema mercantil europeu enriqueceu o continente e afetou as relações sociais e políticas, originando novas regras de diplomacia e etiqueta, além
de financiar um grande florescimento artístico.13
• Os séculos XVII-XVIII, período principal de vigência do Barroco, continuaram a ser marcados por numerosas mudanças na situação política européia e
pelo conflito constante. Foi assinalado que entre 1562 e 1721 a Europa como um todo não conheceu a paz senão em quatro anos. A maior guerra
deste período foi a Guerra dos Trinta Anos (1618-1648), que envolveu a Espanha, França, Suécia, Dinamarca, Países Baixos, Áustria, Polônia, Império
Otomano e Sacro Império. De início desencadeada pela disputa entre católicos e protestantes, logo repercutiu para o campo secular em questões
dinásticas e nacionalistas. Na conclusão do confronto, a Paz de Vestfália determinou uma reorganização ampla na geografia política
continental, favoreceu o fortalecimento de Estados absolutistas, enfraqueceu outros, mas reconheceu a impossibilidade da reunificação do
Cristianismo, que foi deslocado como força política pelas realidades práticas da política secul
• O conhecimento [editar]
• Nesse processo de amplas e continuadas mudanças se juntaram a religião, a filosofia moral e as ciências, na tentativa de
melhor estudar a adaptabilidade por parte dos indivíduos em meio a um contexto agitado e incerto, bem como pesquisar a
natureza e motivações do ser humano, a fim de que o conhecimento resultante fosse usado para fins práticos
definidos, como por exemplo, a melhor doutrinação religiosa e o melhor manejo das massas pelas elites. Segundo José
Antonio Maravall, na cultura da época, o autoconhecimento, desejado desde o tempo de Sócrates, agora se revestia de um
caráter tático, racional e utilitarista. E a partir do autoconhecimento e autodomínio, se acreditava que se conheceria o
íntimo de todos os homens, e se poderia dominar a natureza e o ambiente social com mais facilidade, um processo que
ficou explícito por exemplo na obra dos poetas Corneille e Gracián, dizendo que o homem era um microcosmo, e ao
dominar-se se tornava mestre do mundo. Esse autoconhecimento possibilitava ainda que se fizessem previsões sobre
tendências e comportamentos futuros, individuais e coletivos, aproveitando oportunidades e evitando desgraças. Nesse
sentido, a cultura barroca foi essencialmente pragmática e regulada pela prudência, considerada no período a maior das
virtudes a serem adquiridas. Diversos políticos e moralistas barrocos a enalteceram como meio de se manter alguma ordem
e controle num mundo em eterna mudança.14
• Philippe de Champaigne: Vaidade, c. 1671. Museu de Tessé, Le Mans
• Nessa pesquisa do ser humano um papel importante foi desempenhado pela medicina, considerando-se que se acreditava
que as funções e aspecto do corpo refletiam condições da alma, e assim o estudo do corpo humano influenciou conceitos
religiosos e morais, fazendo com que muitos doutores se sentissem habilitados a discorrer sobre economia, política e
moralidade. Ao mesmo tempo, o estudo intensificado da anatomia humana e sua ampla divulgação em livros científicos e
gravuras atraiu a atenção dos artistas, se multiplicaram representações do corpo morto em detalhe, e a descrição artística
da morte e dos cadáveres e esqueletos foi usada para se meditar sobre os fins últimos da existência e da condição humana.
O mesmo impulso científico alimentou o interesse pela psicologia e pela análise das emoções e motivações através da
fisionomia física do indivíduo, considerada o espelho do seu estado de espírito, o que possibilitou a formulação de
categorizações para os tipos caracterológicos.15
• Ainda que a religião tenha preservado uma grande ascendência sobre as pessoas, ela começou a declinar diante do
crescente racionalismo e pragmatismo promovidos pela ciência e pela nova realidade política, desafiando antigas crenças
fundamente enraizadas; foi a época da chamada revolução científica. Às vezes o conflito entre ciência e religião ainda se
revelou momentoso, como por exemplo na condenação de Galileu pela Inquisição, mas os avanços foram rápidos e
variados.16 O Renascimento havia preparado um ambiente receptivo para a disseminação de novas idéias sobre ciência e
filosofia, e a principal questão da época era a proposta por Michel de Montaigne: "O que eu conheço?", ou seja, estava
aberta a dúvida sobre a natureza do conhecimento e suas relações com a fé, a razão, a autoridade, a
metafísica, ética, política, economia e ciência natural. A atitude de questionamento foi a marca da obra de grandes cientistas
e filósofos da época, como Descartes, Pascal e Hobbes, cujas obras lançaram as bases de um novo método de pesquisa e de
um novo modo de pensar, centrado no racionalismo e expandido para todos os domínios do entendimento e da
percepção, repercutindo profundamente na maneira como o homem via o mundo e a si mesmo.17
• Academismo [editar]
• Ver artigo principal: Academismo
• Charles Le Brun: A apoteose de Luís XIV, 1677. A arte acadêmica a serviço do Estado
• O espírito analítico da época influiu até mesmo na teoria da arte. Fortalecendo uma tendência que se havia
iniciado timidamente no século XVI, o Barroco foi o período em que se estruturaram as academias de arte e se
fundou o método de ensino rigorosamente normatizado e categorizado conhecido como academismo, que teria
imensa influência sobre toda a arte européia pelos séculos vindouros. Depois de ensaios irregulares na Itália, o
sistema acadêmico desabrochou na França no reinado de Luís XIV, onde foram criadas as primeiras academias de
abrangência nacional para as várias modalidades da arte e ciências, das quais uma das mais notáveis e influentes
foi a Academia Real de Pintura e Escultura. Sob a direção de Charles Le Brun e o patrocínio real a Academia se
tornou o principal braço executivo de um programa de glorificação da monarquia absolutista de Luís
XIV, estabelecendo definitivamente a associação da escola com o Estado e com isso revestindo-a de enorme poder
diretivo sobre todo o sistema de arte francês, o que veio a contribuir para tornar a França o novo centro cultural
europeu, deslocando a supremacia até então italiana. Neste período a doutrina acadêmica atingiu o auge de seu
rigor, abrangência, uniformidade, formalismo e explicitude, e segundo Barasch em nenhum outro momento da
história da teoria da arte a idéia de Perfeição foi mais intensamente cultivada como o mais alto objetivo do
artista, tendo como modelo máximo a produção da Alta Renascença italiana, daí que no caso francês o Barroco
sempre permaneceu mais ou menos afiliado à tradição clássica. Enquanto que para os renascentistas italianos a
arte era também uma pesquisa do mundo natural, para Le Brun era acima de tudo o produto de uma cultura
adquirida, de formas herdadas e de uma tradição estabelecida. Assim a Itália ainda era uma referência
inestimável.18 19
• Pierre Bourdieu afirmou que a criação do sistema acadêmico significou a formulação de uma teoria em que a arte
era uma encarnação os princípios da Beleza, da Verdade e do Bem. A ênfase no virtuosismo técnico e na
referência aos modelos da Antiguidade clássica, que ligavam a Arte à Ética, expressavam uma visão, primeiro, de
uma ordem social concebida em fundamentos morais e, segundo, do artista como um pedagogo, um erudito e um
humanista.20 21 As academias, que a partir do fim do século XVII se multiplicaram pela Europa e Américas, foram
importantes para a elevação do status profissional dos artistas, afastando-os dos artesãos e aproximando-os dos
intelectuais. Também tiveram um papel fundamental na organização de todo o sistema de arte enquanto
funcionaram, pois além do ensino monopolizaram a ideologia cultural, o gosto, a crítica, o mercado e as vias de
exibição e difusão da produção artística, e estimularam a formação de coleções didáticas que acabaram por ser a
origem de muitos museus de arte. Essa vasta influência se deveu principalmente à sua estreita associação com o
poder constituído dos Estados, sendo via de regra veículos para a divulgação e consagração de ideários não
apenas artísticos, mas também políticos e sociais.22 23
• Etimologia, conceituação, caracterização [editar]
• Rubens: As consequências da guerra, 1637-38. Palazzo Pitti, Florença
• Bernini: Êxtase de Santa Teresa, 1625
• Usualmente, considera-se que termo "barroco" originalmente significaria "pérola irregular ou imperfeita", um termo cuja
origem é obscura, pode derivar do português antigo, do espanhol, do árabe ou do francês. Segundo outras
opiniões, porém, o termo tem origem na fórmula mnemotécnica BAROCO, usada pelos escolásticos para designar um dos
modos do silogismo, o que daria ao termo um sentido pejorativo de raciocínio estranho, tortuoso, que confunde o falso com
o verdadeiro. A palavra rapidamente ganhou circulação nas línguas francesa e italiana, mas nas artes plásticas, só foi usada
no fim do período em questão, quando novos classicistas começaram a criticar excessos e irregularidades de um estilo já
então visto como decadente e uma simples degeneração dos princípios clássicos. Na própria Itália em que nasceu durante
muito tempo foi considerado como o período em que a arte chegou ao seu nível mais baixo, considerada
pesada, artificial, de mau gosto e dada a extravagâncias e contorções injustificáveis e incompreensíveis.24 25 26 27
• A carga pejorativa que se ligou ao conceito de Barroco só começou a ser dissolvida em meados do século XIX, a partir dos
estudos de Jacob Burckhardt e Heinrich Wölfflin. Wölfflin o descreveu contrapondo-o ao Renascimento, definindo cinco
traços genéricos principais que se tornariam canônicos: o privilégio da cor e da mancha sobre a linha; da profundidade sobre
o plano; das formas abertas sobre as fechadas; da imprecisão sobre a clareza, e da unidade sobre a multiplicidade.24 22 28 29
Arnold Hauser explicou a categorização de Wölfflin dizendo que a busca de um efeito não-linear, essencialmente pictórico e
não gráfico, procurava criar uma impressão de ilimitado, imensurável, infinito, dinâmico, subjetivo e inapreensível; o objeto
se tornava um devir, um processo, e não uma afirmação final. A preferência pela espacialidade profunda sobre a rasa
acompanhava o mesmo gosto por estruturas dinâmicas, a mesma oposição a tudo o que parecia por demais estável, a todas
as fronteiras rígidas, refletindo uma visão de mundo em perpétuo movimento e mudança. O recurso favorito dos artistas
barrocos para a criação de um espaço dinâmico e profundo foi o emprego de primeiros planos magnificados com objetos
aparentemente bem ao alcance do observador, justapostos a outros em dimensões reduzidas num plano de fundo muito
recuado. Também foi comum o uso do escorço pronunciado e de perspectiva multifocal. Segundo Hauser, a tendência
barroca de substituir o absoluto pelo relativo, a limitação pela liberdade, é expressa mais nitidamente no uso de formas
abertas. Numa composição clássica, a cena representada é um todo auto-suficiente e autocontido, todos os seus elementos
são inter-relacionados e interdependentes, nada é supérfluo ou casual e tudo veicula um significado preciso, enquanto que
uma obra barroca parece mais frouxamente organizada, com vários elementos parecendo arbitrários, circunstanciais ou
incompletos, produtos de uma fantasia que adquire valor por si mesma e não pretende ser essencial ao discurso
visual, tendo antes um caráter decorativo e improvisatório.
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Do herói barroco à morte do super herói contemporâneo

  • 1.
  • 2. DO HERÓI BARROCO À MORTE DO SUPER-HERÓI CONTEMPORÂNEO HISTÓRIA DA ARTE, DA MORAL E DA ÉTICA DOS HOMENS ORDINÁRIOS. Professor Felipe Ronner Pinheiro Imlau Motta
  • 3. • DO HERÓI BARROCO À MORTE DO SUPER-HERÓI CONTEMPORÂNEO. • Professor Felipe Ronner • • • EMENTA • O curso tratará da mitologia dos heróis. Serão abordadas questões tais como a potência divina ou semi-divina do herói, seu caráter soberano e altruísta, virtudes e fragilidades. Para tanto, exemplos de personagens da mitologia grega e barroca servirão de modelo à criação de uma síntese do comportamento heróico. Na última parte do curso serão abordadas questões como a criatividade artística na criação de personagens super-heróicos e como eles nos servem de arrimo, inspiração e modelo de conduta ética para nossas ações cotidianas. Ações essas que são exercidas por homens e mulheres comuns/ ordinários e não por heróis com super-poderes. Assim, professores, mães e pais, policiais, médicos, estudantes e “até advogados” podem ser heróis sem super-poderes... • • CONTEÚDO PROGRAMÁTICO • • Acerca do Herói na Grécia Antiga e seu Legado • Transgenia entre Deuses e Humanos • O Barroco e o Herói Barroco • História da Arte • Moral, Ética e o Humano • Batman, Wolverine, Homem- Aranha e Super-man: mitologias • Lois Lane, a louca que serve de alvo E QUE SE APAIXONA POR UM SUPER-HOMEM • A Morte do Super-herói na Contemporaneidade • • BIBLIOGRAFIA • Roberto GUEDES. Quando Surgem Os Super-Heróis. São Paulo: Opera Graphica,2004. • Joseph CAMPBELL. O herói de mil faces. Tradução Adail Ubirajara Sobral. CULTRIX/ PENSAMENTO. SAO PAULO, 1989. • Arnold HAUSER. História Social da Literatura e da Arte. São Paulo: Mestre Jou, 1972-82. Vol. I. pp. 483-489. • Philippe ARIÉS. O Homem Diante da Morte. Volumes I e II. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1990. • Tom MORRIS. Super-Heróis e a Filosofia. Verdade, Justiça e o Caminho Socrático. São Paulo: Madras, 1998. •
  • 4. WHO IS THE HEROE? • THE HEROE BORN IN THE GREECE • Herói e uma figura arquetípica que reúne em si os atributos  A forma perfeita ou imaterial, Mente de Deus ou Síntese da dialética entre Bem e Mal  detentor de qualidades divinas tais como onisciência, onipresença, onipotência, materialidade e vivacidade (neoplatônicos) • necessários para superar de forma excepcional um determinado PROBLEMA  Mas como definí-lo? • problema de dimensão épica  Gênero artístico centrado num herói, que atravessa longos períodos de tempo e envolve batalhas, esforço, superação, dor e morte, muitas vezes tiradas da vida real
  • 5. Transgenia entre Deuses e Humanos • Pai-Deus  Mãe-Humana Hércules: Hércules (em latim: Hercules) é o nome em latim dado pelos antigos romanos ao herói da mitologia grega Héracles, filho de Zeus e da mortal Alcmena. As antigas fontes romanas indicam que o herói grego "importado" veio substituir um antigo pastor mitológico chamado pelos povos da Itália de Recaranus ou Garanus, e que é famoso por sua força. Enquanto o mito de Hércules incorporou muito da iconografia e da própria mitologia do personagem grego, ele também tinha um número de características e lendas que eram marcadamente romanas.
  • 6. Hércules lutando com os novos Heróis
  • 7. ...Continua... • Pai Deus <-> Mãe Humana • Perseu: Perseu (em grego: Περσεύς), na mitologia grega, foi o herói mítico grego que decapitou a Medusa, monstro que transformava em pedra qualquer um que olhasse em seus olhos.Nota 1 Perseu era filho de Zeus, que sob a forma de uma chuva de ouro, introduziu-se na torre de bronze e engravidou DânaeNota 2 a filha mortal do rei de Argos.
  • 8. Perseu com a cabeça da Medusa em sua mão esquerda e no outro quadro, à direita enfrentando Kratos, o deus da guerra. Abaixo fazendo não sei o quê sem camisa...
  • 9. AQUILES • Mãe-Deusa  Pai-Humano Aquiles: Na mitologia grega, Aquiles (em grego antigo: Ἀχιλλεύς; transl. Akhilleus) foi um herói da Grécia, um dos participantes da Guerra de Troia e o personagem principal e maior guerreiro da Ilíada, de Homero. Aquiles tem ainda a característica de ser o mais belo dos heróis reunidos contra Troia,1 assim como o melhor entre eles. Lendas posteriores (que se iniciaram com um poema de Estácio, no século I d.C.) [carece de fontes?] afirmavam que Aquiles era invulnerável em todo o seu corpo, exceto em seu calcanhar; ainda segundo estas versões de seu mito, sua morte teria sido causada por uma flecha envenenada que o teria atingido exatamente nesta parte de seu corpo. A expressão "calcanhar de Aquiles", que indica a principal fraqueza de alguém, teria aí a sua origem. As obras literárias (e artísticas em geral) em que Aquiles aparece como herói são abundantes. Para além da Ilíada e da Odisseia - onde é mostrada o destino de Aquiles após a sua morte - pode-se destacar, ainda, a tragédia Ifigénia em Áulide, de Eurípides, "imitada" mais tarde pelo dramaturgo francês Jean Racine (1674) e transformada em ópera pelo compositor alemão Christoph Willibald Gluck (1774), além das artes plásticas, onde podem ser encontradas, além das diversas pinturas de vasos e esculturas do próprio período da Antiguidade Clássica, telas de Rubens, Teniers, Ingres, Delacroix e muitos outros, que retratam as suas múltiplas façanhas. • O calcanhar de Aquiles [editar] • De acordo com um fragmento de um Achilleis — a Aquilíada, escrita por Estácio no século I - quando Aquiles nasceu Tétis teria tentado fazê-lo imortal, mergulhando-o no rio Estige6 13 ; deixou-o, no entanto, vulnerável na parte do corpo pelo qual ela o segurava, seu calcanhar (ver calcanhar de Aquiles, tendão de Aquiles).6 Não está claro, no entanto, se esta versão do mito era conhecida anteriormente. Em outra versão, Tétis ungiu o filho com ambrósia e o colocou sobre o fogo, para que suas partes mortais fossem queimadas; foi interrompida por Peleu, no entanto, e acabou abandonando pai e filho, furiosa.14 • Nenhuma das fontes anteriores a Estácio, no entanto, faz qualquer referência a esta invulnerabilidade física do personagem; ao contrário, na própria Ilíada Homero descreve Aquiles sendo ferido: no livro 21 Asteropeu, o herói peônio, filho de Pélagon, desafia Aquiles nas margens do rio Escamandro; arremessa duas lanças ao mesmo tempo, uma das quais atinge o cotovelo de Aquiles, "tirando um jorro de sangue". • Também nos fragmentos de poemas do Ciclo Épico, onde podem ser encontradas as descrições da morte do herói, Cypria (de autoria desconhecida), Aithiopis (de Arctino de Mileto), a Pequena Ilíada (de Lesco de Mitilene), entre outras, não existe qualquer indicação ou referência à sua invulnerabilidade ou ao seu célebre ponto fraco no calcanhar; nas pinturas em vasos feitas mais tarde, que representam a morte de Aquiles, a flecha (ou, em muitas casos, as flechas) o atingem no corpo.
  • 10. A MORTE DE AQUILES
  • 11.
  • 12. The Icredibles Papais Hehehe Não aguentamos mais esses moleques... Vamos mandá-los para o LimbooooOOO... Para infernizar a vida de Um Professor....
  • 13. O Professor, Herói sem Super-Poderes
  • 14.
  • 15. • Ilíada: A Ilíada (em grego antigo: Ἰλιάς, AFI: [iːliás]; emgrego moderno: Ιλιάδα) é um poema épico grego que narra os acontecimentos ocorridos no período de pouco mais de 50 dias durante o décimo e último ano da Guerra de Troia e cuja génese radica na cólera (μῆνις, mênis), de Aquiles 1 . O título da obra deriva de um outro nome grego para Troia, Ílion. • A Ilíada e a Odisseia são atribuídas a Homero, que julga ter vivido por volta do século VIII a.C1 , na Jônia (lugar que hoje é uma região da Turquia), e constituem os mais antigos documentos literários gregos (e ocidentais) que chegaram nos nossos dias. Ainda hoje, contudo, se discute a sua autoria, a existência real de Homero, e se estas duas obras teriam sido compostas pela mesma pessoa. • Os gregos antigos acreditavam que a Guerra de Troia era um fato histórico, ocorrido por volta de 1200 a.C. no período micênico, mas alguns estudiosos atuais têm dúvidas sobre se ela de fato ocorreu. Até à descoberta do sítio arqueológico na Turquia, na Anatólia, acreditava-se que Troia era uma cidade mitológica. • A Guerra de Troia deu-se quando os aqueus atacaram a cidade de Troia, buscando vingar o rapto de Helena, esposa do rei de Esparta, Menelau, irmão de Agamemnon1 . Os aqueus eram os povos que hoje conhecemos como gregos, que compartilhavam uma cultura e língua comuns, mas na época se definiam como vários reinos, e não como um povo uno. • A lenda conta que a deusa (ninfa) do mar Tétis era desejada como esposa por Zeus e seu irmão Posidão. Porém Prometeu profetizou que o filho da deusa seria maior que seu pai. Então os deuses resolveram dá-la como esposa a Peleu, um mortal já idoso, intencionando enfraquecer o filho, que seria apenas um humano. O filho de ambos é o guerreiro Aquiles. Sua mãe, visando fortalecer sua natureza mortal, mergulhou-o, ainda bebê, nas águas do mitológico rio Estige. As águas tornaram o herói invulnerável, exceto no calcanhar, por onde a mãe o segurou para o mergulhar no rio (daí a famosa expressão calcanhar de Aquiles, significando ponto vulnerável). Aquiles tornou-se o mais poderoso dos guerreiros, porém, ainda era mortal. Mais tarde, sua mãe profetiza que ele poderá escolher entre dois destinos: lutar em Troia e alcançar a glória eterna, mas morrer jovem, ou permanecer em sua terra natal e ter uma longa vida, mas sendo logo esquecido. • Para o casamento de Peleu e Tétis todos os deuses foram convidados, menos Éris, ou Discórdia. Ofendida, a deusa compareceu invisível e deixou à mesa um pomo de ouro com a inscrição “à mais bela”. As deusas Hera, Atena e Afrodite disputaram o pomo e o título de mais bela. Zeus então ordenou que o príncipe troiano Páris, à época sendo criado como um pastor ali perto, resolvesse a disputa. Para ganhar o título de “mais bela”, Atena ofereceu a Páris poder na batalha, Hera o poder e Afrodite o amor da mulher mais bela do mundo. Páris deu o pomo a Afrodite, ganhando assim sua proteção, porém atraindo o ódio das outras duas deusas contra si e contra Troia. • A mulher mais bela do mundo era Helena, filha de Zeus e Leda. Leda era casada com Tíndaro, rei de Esparta. Helena possuía diversos pretendentes, que incluíam muitos dos maiores heróis da Grécia, e o seu pai adotivo, Tíndaro, hesitava tomar uma decisão em favor de um deles temendo enfurecer os outros. Finalmente um dos pretendentes, Odisseu (cujo nome latino era Ulisses), rei de Ítaca, resolveu o impasse propondo que todos os pretendentes jurassem proteger Helena e sua escolha, qualquer que fosse. Helena então se casou com Menelau, que se tornou o rei de Esparta. • Quando Páris foi a Esparta em missão diplomática, se enamorou de Helena e ambos fugiram para Troia, enfurecendo Menelau. Este apelou aos antigos pretendentes de Helena, lembrando o juramento que haviam feito. Agamémnom então assumiu o comando de um exército de mil barcos e atravessou o mar Egeu para atacar Troia. As naus gregas desembarcaram na praia próxima a Troia e iniciaram um cerco que duraria 10 anos, custando a vida de muitos heróis, de ambos os lados. Finalmente, seguindo um estratagema proposto por Odisseu, o famoso Cavalo de Troia, os gregos conseguiram invadir a cidade governada por Príamo e terminar a guerra.
  • 16. O Barroco • Barroco é o nome dado ao estilo artístico que floresceu entre o final do século XVI e meados do século XVIII, inicialmente na Itália, difundindo-se em seguida pelos países católicos da Europa e da América, antes de atingir, em uma forma modificada, as áreas protestantes e alguns pontos do Oriente. • Considerado como o estilo correspondente ao absolutismo e à Contra-Reforma, distingue-se pelo esplendor exuberante. De certo modo o Barroco foi uma continuação natural do Renascimento, porque ambos os movimentos compartilharam de um profundo interesse pela arte da Antiguidade clássica, embora interpretando-a diferentemente, o que teria resultado em diferenças na expressão artística de cada período. Enquanto no Renascimento as qualidades de moderação, economia formal, austeridade, equilíbrio e harmonia eram as mais buscadas, o tratamento barroco de temas idênticos mostrava maior dinamismo, contrastes mais fortes, maior dramaticidade, exuberância e realismo e uma tendência ao decorativo, além de manifestar uma tensão entre o gosto pela materialidade opulenta e as demandas de uma vida espiritual. Mas nem sempre essas características são bem evidentes ou se apresentam todas ao mesmo tempo. Houve uma grande variedade de abordagens estilísticas, que foram englobadas sob a denominação genérica de "arte barroca", com certas escolas mais próximas do classicismo renascentista e outras mais afastadas dele, o que tem gerado muita polêmica e pouco consenso na conceituação e caracterização do estilo.1 • Para diversos pesquisadores o Barroco constitui não apenas um estilo artístico, mas todo um período histórico, todo um novo modo de entender o mundo, o homem e Deus. As mudanças introduzidas pelo espírito barroco se originaram, pois, de um grande respeito pela autoridade da tradição clássica, e de um desejo de superá-la com a criação de obras originais, dentro de um contexto social e cultural que já se havia modificado profundamente em relação ao período anterior.1
  • 17. • Antecedentes [editar] • Giambologna: O rapto da Sabina, 1582. Florença, uma das mais conhecidas obras do Maneirismo • Desde o Renascimento a Itália se tornara o maior pólo de atração de artistas em toda a Europa, e no início do século XVI Roma, sede do Papado católico e capital dos Estados Pontifícios, se tornara o maior centro irradiador de influência artística, tendo a Igreja como o mais pródigo mecenas. Mas desde lá, tendo passado por invasões dramáticas, como a que culminou no Saque de Roma de 1527, e sofrendo com agitação interna, a Itália havia perdido muito prestígio e força, ainda que continuasse a ser a maior referência na cultura européia. A atmosfera otimista do Renascimento havia se desvanecido. Os progressos na filosofia, nas ciências e nas artes, o florescer do humanismo, não evitaram os ódios e guerras, e a fé no homem como imagem da Divindade e no mundo como um novo Éden em potencial - um moto recorrente no Renascimento - se deparava com o cinismo e a brutalidade da política, a vaidade do clero, a eterna opressão do povo, surgindo uma nova corrente cultural a que se deu o nome de Maneirismo - erudita, sofisticada, experimental, mas carregada de dúvidas e agitação, e dada a excentricidades e ao cultivo do bizarro.2 3 4 5 • Na religião, o poder papal teve de enfrentar a Reforma Protestante, um evento com amplas repercussões políticas e sociais, que pôs um fim à unidade do Cristianismo e solapou a influência católica sobre os assuntos seculares de toda a Europa, que antes era imensa. Além das diferenças de doutrina, onde se incluía a condenação do culto às imagens, os protestantes denunciaram o luxo excessivo dos templos e a corrupção do clero católico. Suas igrejas rapidamente se esvaziaram de estátuas e pinturas devocionais e de decoração. A reação católica foi orquestrada a partir da convocação do Concílio de Trento (1545-1563), o marco inicial da Contra-Reforma, numa tentativa de refrear a evasão de fiéis para o lado protestante e a perda de influência política da Igreja. Ao mesmo tempo que fazia uma revisão na doutrina, estabelecendo uma nova abordagem do conceito de Deus, a Contra-Reforma tentou moralizar o clero e disciplinou a produção de arte sacra, buscando utilizá-la como instrumento de proselitismo. Longas guerras de religião seguiriam o cisma protestante nas décadas seguintes, devastando muitas regiões.2 3 4 5 Na economia, a abertura de novas rotas comerciais em vista das grandes navegações deixou a Itália fora do centro do comércio internacional, deslocando o eixo econômico para as nações do oeste europeu. Portugal, Espanha, França, Inglaterra e Países Baixos eram as novas potências navais, cuja ascensão política era financiada pelas riquezas coloniais e o comércio em expansão. A arte desses países se beneficiou enormemente desse novo afluxo de riquezas.6 Murray Edelman, fazendo um balanço da arte deste período, disse que... • "Os pintores e escritores maneiristas do século XVI eram menos "realistas" do que seus predecessores da Alta Renascença, mas eles reconheceram e ensinaram muito sobre como a vida pode se tornar motivo de perplexidade: através da sensualidade, do horror, do reconhecimento da vulnerabilidade, da melancolia, do lúdico, da ironia, da ambiguidade e da atenção a diversas situações sociais e naturais. Suas concepções tanto reforçaram como refletiram a preocupação com a qualidade da vida cotidiana, com o desejo de experimentar e inovar, e com outros impulsos de índole política.... É possível que toda arte apresente esta postura, mas o Maneirismo a tornou especialmente visível".3
  • 18. • Um novo contexto [editar] • Andrea Pozzo: Apoteose de Santo Inácio, teto da Igreja de Santo Inácio de Loyola, Roma • Jacob Jordaens: A família do artista, Museu do Prado • Antoine Coysevox: A Fama do Rei cavalgando Pégaso, originalmente no Parque de Marly, hoje no Louvre • A convocação do Concilio de Trento teve profundas consequências para a arte produzida na área de influência da Igreja Católica: a teologia assumiu o controle e impôs restrições às excentricidades maneiristas buscando reiterar a continuidade da tradição católica, recuperar o decoro na representação, criar uma arte mais compreensível pelo povo e homogeneizar o estilo. Desde então tudo devia ser submetido de antemão ao crivo dos censores, desde o tema, a forma de tratamento e até mesmo a escolha das cores e dos gestos dos personagens.7 8 9 Nesse processo a Ordem dos Jesuítas foi de especial importância. Afamados pelo seu refinado preparo intelectual, teológico e artístico, os jesuítas exerceram enorme influência na determinação dos rumos estéticos e ideológicos seguidos pela arte católica, estendendo sua presença para a América e o Oriente através de suas numerosas missões de evangelização. Também foram grandes responsáveis pela preservação da tradição do Humanismo renascentista, e, longe de serem conservadores como às vezes foram considerados, atuaram na vanguarda de arte da época e promoveram o maior movimento de revivalismo da filosofia do classicismo pagão desde aquele patrocinado por Lorenzo de' Medici no século XV.10 11 • Nesse novo cenário, a arte palaciana e sofisticada do Maneirismo já não encontrava lugar, e se tornara especialmente imprópria para a representação sacra. A orientação da Igreja agora era na direção de se produzir uma arte que pudesse cooptar a massa do povo, apelando para o sensacionalismo e uma emocionalidade intensa. O estilo produzido por este programa se provou desde logo ambíguo: pregava a fé mas usava de todos os meios para a sensibilização sensorial do público. As imagens eram criadas com formas naturalistas como meio de serem imediatamente compreendidas pelo povo inculto, mas faziam uso de complexos recursos ilusionísticos e dramáticos, de efeito grandioso e teatral, para acentuar o apelo visual e emotivo e estimular a piedade e a devoção. São especialmente ilustrativos os grandes painéis pintados nos tetos nas igrejas católicas nesse período, que aparentemente dissolvem a arquitetura e se abrem para visões sublimes do Paraíso, povoado de santos, anjos e do Cristo. Ainda que alimentado pelo movimento contra-reformista, o Barroco não se limitou ao mundo católico, afetando também áreas protestantes como a Alemanha, Países Baixos e Inglaterra, mas por outros motivos, descritos adiante.12 9 • Outro elemento de importância para a formação da estética barroca foi a consolidação das monarquias absolutistas, que através da arte procuraram consagrar os valores que defendiam. Os palácios reais passaram a ser construídos em escala monumental, a fim de exibir visivelmente o poder e a grandeza dos Estados centralizados, e o maior exemplo dessa tendência é o Palácio de Versalhes, erguido a mando de Luís XIV da França. Por outro lado, nesta mesma época a burguesia começou a se afirmar como uma classe economicamente influente, e com isso passou a se educar e abrir um novo mercado consumidor de arte. Tendo preferências estéticas distintas da realeza, foi importante para a formação de certas escolas barrocas mais ligadas ao realismo. Por fim, outra força ativa foi um renovado interesse no mundo natural e uma gradativa ampliação dos horizontes culturais através da exploração do globo e do desenvolvimento da ciência, que trouxeram uma consciência da insignificância do homem em meio à vastidão do universo e da insuspeitada complexidade da natureza. O desenvolvimento da pintura de paisagem durante o Barroco foi um reflexo desses novos descobrimentos.12 • Na economia a principal mudança foi a formação de um sistema de mercado internacional através do desenvolvimento do sistema colonial nas Américas e Oriente, com a escravidão como uma das bases de seu funcionamento. O sistema bancário também foi aprimorado, as práticas de comércio se tornaram mais complexas e a importação de produtos coloniais, como o café, tabaco, arroz e açúcar, transformou hábitos culturais e a dieta. Junto com a afluência para a Europa de outros bens da colônia, incluindo grandes quantidades de ouro, prata e diamantes, o sucesso do sistema mercantil europeu enriqueceu o continente e afetou as relações sociais e políticas, originando novas regras de diplomacia e etiqueta, além de financiar um grande florescimento artístico.13 • Os séculos XVII-XVIII, período principal de vigência do Barroco, continuaram a ser marcados por numerosas mudanças na situação política européia e pelo conflito constante. Foi assinalado que entre 1562 e 1721 a Europa como um todo não conheceu a paz senão em quatro anos. A maior guerra deste período foi a Guerra dos Trinta Anos (1618-1648), que envolveu a Espanha, França, Suécia, Dinamarca, Países Baixos, Áustria, Polônia, Império Otomano e Sacro Império. De início desencadeada pela disputa entre católicos e protestantes, logo repercutiu para o campo secular em questões dinásticas e nacionalistas. Na conclusão do confronto, a Paz de Vestfália determinou uma reorganização ampla na geografia política continental, favoreceu o fortalecimento de Estados absolutistas, enfraqueceu outros, mas reconheceu a impossibilidade da reunificação do Cristianismo, que foi deslocado como força política pelas realidades práticas da política secul
  • 19. • O conhecimento [editar] • Nesse processo de amplas e continuadas mudanças se juntaram a religião, a filosofia moral e as ciências, na tentativa de melhor estudar a adaptabilidade por parte dos indivíduos em meio a um contexto agitado e incerto, bem como pesquisar a natureza e motivações do ser humano, a fim de que o conhecimento resultante fosse usado para fins práticos definidos, como por exemplo, a melhor doutrinação religiosa e o melhor manejo das massas pelas elites. Segundo José Antonio Maravall, na cultura da época, o autoconhecimento, desejado desde o tempo de Sócrates, agora se revestia de um caráter tático, racional e utilitarista. E a partir do autoconhecimento e autodomínio, se acreditava que se conheceria o íntimo de todos os homens, e se poderia dominar a natureza e o ambiente social com mais facilidade, um processo que ficou explícito por exemplo na obra dos poetas Corneille e Gracián, dizendo que o homem era um microcosmo, e ao dominar-se se tornava mestre do mundo. Esse autoconhecimento possibilitava ainda que se fizessem previsões sobre tendências e comportamentos futuros, individuais e coletivos, aproveitando oportunidades e evitando desgraças. Nesse sentido, a cultura barroca foi essencialmente pragmática e regulada pela prudência, considerada no período a maior das virtudes a serem adquiridas. Diversos políticos e moralistas barrocos a enalteceram como meio de se manter alguma ordem e controle num mundo em eterna mudança.14 • Philippe de Champaigne: Vaidade, c. 1671. Museu de Tessé, Le Mans • Nessa pesquisa do ser humano um papel importante foi desempenhado pela medicina, considerando-se que se acreditava que as funções e aspecto do corpo refletiam condições da alma, e assim o estudo do corpo humano influenciou conceitos religiosos e morais, fazendo com que muitos doutores se sentissem habilitados a discorrer sobre economia, política e moralidade. Ao mesmo tempo, o estudo intensificado da anatomia humana e sua ampla divulgação em livros científicos e gravuras atraiu a atenção dos artistas, se multiplicaram representações do corpo morto em detalhe, e a descrição artística da morte e dos cadáveres e esqueletos foi usada para se meditar sobre os fins últimos da existência e da condição humana. O mesmo impulso científico alimentou o interesse pela psicologia e pela análise das emoções e motivações através da fisionomia física do indivíduo, considerada o espelho do seu estado de espírito, o que possibilitou a formulação de categorizações para os tipos caracterológicos.15 • Ainda que a religião tenha preservado uma grande ascendência sobre as pessoas, ela começou a declinar diante do crescente racionalismo e pragmatismo promovidos pela ciência e pela nova realidade política, desafiando antigas crenças fundamente enraizadas; foi a época da chamada revolução científica. Às vezes o conflito entre ciência e religião ainda se revelou momentoso, como por exemplo na condenação de Galileu pela Inquisição, mas os avanços foram rápidos e variados.16 O Renascimento havia preparado um ambiente receptivo para a disseminação de novas idéias sobre ciência e filosofia, e a principal questão da época era a proposta por Michel de Montaigne: "O que eu conheço?", ou seja, estava aberta a dúvida sobre a natureza do conhecimento e suas relações com a fé, a razão, a autoridade, a metafísica, ética, política, economia e ciência natural. A atitude de questionamento foi a marca da obra de grandes cientistas e filósofos da época, como Descartes, Pascal e Hobbes, cujas obras lançaram as bases de um novo método de pesquisa e de um novo modo de pensar, centrado no racionalismo e expandido para todos os domínios do entendimento e da percepção, repercutindo profundamente na maneira como o homem via o mundo e a si mesmo.17
  • 20. • Academismo [editar] • Ver artigo principal: Academismo • Charles Le Brun: A apoteose de Luís XIV, 1677. A arte acadêmica a serviço do Estado • O espírito analítico da época influiu até mesmo na teoria da arte. Fortalecendo uma tendência que se havia iniciado timidamente no século XVI, o Barroco foi o período em que se estruturaram as academias de arte e se fundou o método de ensino rigorosamente normatizado e categorizado conhecido como academismo, que teria imensa influência sobre toda a arte européia pelos séculos vindouros. Depois de ensaios irregulares na Itália, o sistema acadêmico desabrochou na França no reinado de Luís XIV, onde foram criadas as primeiras academias de abrangência nacional para as várias modalidades da arte e ciências, das quais uma das mais notáveis e influentes foi a Academia Real de Pintura e Escultura. Sob a direção de Charles Le Brun e o patrocínio real a Academia se tornou o principal braço executivo de um programa de glorificação da monarquia absolutista de Luís XIV, estabelecendo definitivamente a associação da escola com o Estado e com isso revestindo-a de enorme poder diretivo sobre todo o sistema de arte francês, o que veio a contribuir para tornar a França o novo centro cultural europeu, deslocando a supremacia até então italiana. Neste período a doutrina acadêmica atingiu o auge de seu rigor, abrangência, uniformidade, formalismo e explicitude, e segundo Barasch em nenhum outro momento da história da teoria da arte a idéia de Perfeição foi mais intensamente cultivada como o mais alto objetivo do artista, tendo como modelo máximo a produção da Alta Renascença italiana, daí que no caso francês o Barroco sempre permaneceu mais ou menos afiliado à tradição clássica. Enquanto que para os renascentistas italianos a arte era também uma pesquisa do mundo natural, para Le Brun era acima de tudo o produto de uma cultura adquirida, de formas herdadas e de uma tradição estabelecida. Assim a Itália ainda era uma referência inestimável.18 19 • Pierre Bourdieu afirmou que a criação do sistema acadêmico significou a formulação de uma teoria em que a arte era uma encarnação os princípios da Beleza, da Verdade e do Bem. A ênfase no virtuosismo técnico e na referência aos modelos da Antiguidade clássica, que ligavam a Arte à Ética, expressavam uma visão, primeiro, de uma ordem social concebida em fundamentos morais e, segundo, do artista como um pedagogo, um erudito e um humanista.20 21 As academias, que a partir do fim do século XVII se multiplicaram pela Europa e Américas, foram importantes para a elevação do status profissional dos artistas, afastando-os dos artesãos e aproximando-os dos intelectuais. Também tiveram um papel fundamental na organização de todo o sistema de arte enquanto funcionaram, pois além do ensino monopolizaram a ideologia cultural, o gosto, a crítica, o mercado e as vias de exibição e difusão da produção artística, e estimularam a formação de coleções didáticas que acabaram por ser a origem de muitos museus de arte. Essa vasta influência se deveu principalmente à sua estreita associação com o poder constituído dos Estados, sendo via de regra veículos para a divulgação e consagração de ideários não apenas artísticos, mas também políticos e sociais.22 23
  • 21. • Etimologia, conceituação, caracterização [editar] • Rubens: As consequências da guerra, 1637-38. Palazzo Pitti, Florença • Bernini: Êxtase de Santa Teresa, 1625 • Usualmente, considera-se que termo "barroco" originalmente significaria "pérola irregular ou imperfeita", um termo cuja origem é obscura, pode derivar do português antigo, do espanhol, do árabe ou do francês. Segundo outras opiniões, porém, o termo tem origem na fórmula mnemotécnica BAROCO, usada pelos escolásticos para designar um dos modos do silogismo, o que daria ao termo um sentido pejorativo de raciocínio estranho, tortuoso, que confunde o falso com o verdadeiro. A palavra rapidamente ganhou circulação nas línguas francesa e italiana, mas nas artes plásticas, só foi usada no fim do período em questão, quando novos classicistas começaram a criticar excessos e irregularidades de um estilo já então visto como decadente e uma simples degeneração dos princípios clássicos. Na própria Itália em que nasceu durante muito tempo foi considerado como o período em que a arte chegou ao seu nível mais baixo, considerada pesada, artificial, de mau gosto e dada a extravagâncias e contorções injustificáveis e incompreensíveis.24 25 26 27 • A carga pejorativa que se ligou ao conceito de Barroco só começou a ser dissolvida em meados do século XIX, a partir dos estudos de Jacob Burckhardt e Heinrich Wölfflin. Wölfflin o descreveu contrapondo-o ao Renascimento, definindo cinco traços genéricos principais que se tornariam canônicos: o privilégio da cor e da mancha sobre a linha; da profundidade sobre o plano; das formas abertas sobre as fechadas; da imprecisão sobre a clareza, e da unidade sobre a multiplicidade.24 22 28 29 Arnold Hauser explicou a categorização de Wölfflin dizendo que a busca de um efeito não-linear, essencialmente pictórico e não gráfico, procurava criar uma impressão de ilimitado, imensurável, infinito, dinâmico, subjetivo e inapreensível; o objeto se tornava um devir, um processo, e não uma afirmação final. A preferência pela espacialidade profunda sobre a rasa acompanhava o mesmo gosto por estruturas dinâmicas, a mesma oposição a tudo o que parecia por demais estável, a todas as fronteiras rígidas, refletindo uma visão de mundo em perpétuo movimento e mudança. O recurso favorito dos artistas barrocos para a criação de um espaço dinâmico e profundo foi o emprego de primeiros planos magnificados com objetos aparentemente bem ao alcance do observador, justapostos a outros em dimensões reduzidas num plano de fundo muito recuado. Também foi comum o uso do escorço pronunciado e de perspectiva multifocal. Segundo Hauser, a tendência barroca de substituir o absoluto pelo relativo, a limitação pela liberdade, é expressa mais nitidamente no uso de formas abertas. Numa composição clássica, a cena representada é um todo auto-suficiente e autocontido, todos os seus elementos são inter-relacionados e interdependentes, nada é supérfluo ou casual e tudo veicula um significado preciso, enquanto que uma obra barroca parece mais frouxamente organizada, com vários elementos parecendo arbitrários, circunstanciais ou incompletos, produtos de uma fantasia que adquire valor por si mesma e não pretende ser essencial ao discurso visual, tendo antes um caráter decorativo e improvisatório.