O documento apresenta os principais conceitos da epistemologia, discutindo as visões racionalista e empirista do conhecimento. Resume as teorias de Descartes, Locke e Hume sobre a origem do conhecimento e como podemos conhecer a realidade. Também aborda a síntese de Kant entre racionalismo e empirismo ao defender que o conhecimento requer tanto a experiência quanto as estruturas mentais inatas.
2. A Epistemologia:
Teoria do Conhecimento
• Ramo da filosofia que estuda a natureza do conhecimento.
• Como podemos conhecer os objetos? A realidade? A
natureza? Deus?
• Qual é a origem do conhecimento?
• Conhecemos efetivamente os objetos ou apenas imagens e
representações mentais deles?
• O conhecimento dos objetos é determinado pelas
experiências sensíveis ou é mais determinado por nossas
estruturas mentais?
• Racionalistas x Empiristas.
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3. Racionalismo
• Doutrina filosófico que defende que a razão é
o fundamento de todo o conhecimento
possível;
• O racionalismo de Descartes utiliza o método
dedutivo, ou seja, um método que utiliza o
raciocínio lógico que nos permite alcançar
novas conclusões ou proposições a partir de
teses consideradas verdadeiras. Exemplo:
Se A = B e B = C então logicamente (por dedução) A = C.
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4. René Descartes
• Influenciou o pensamento de
sua época ao defender que os
sujeitos eram seres racionais,
capazes de alcançar o
conhecimento verdadeiro e
que, por isso, não eram simples
prezas do destino divino.
• É considerado o fundador do
racionalismo moderno.
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(1596 - 1650)
5. Ideias de Descartes
• Utilizando a Dúvida Metódica (duvidar de tudo que não seja
uma certeza inquestionável) Descartes buscou alcançar,
através do exercício racional, verdades indubitáveis.
• Defendia que a razão era a única capaz de chegar ao
conhecimento da realidade, a partir de pensamentos lógicos
e dedutivos e independente da experiência .
• Defendeu que as ideias claras e distintas, descobertas em
nossa mente através da dúvida metódica, são verdadeiras,
pois Deus não daria ao homem uma razão que o enganasse
sistematicamente.
• Para Descartes, jamais devemos admitir uma coisa como
verdadeira a não ser que ela seja evidentemente verdadeira.
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6. O pensamento racional com fonte
da certeza e da verdade
• Para Descartes quando buscamos as ideias
claras e distintas devemos abandonar todo
conteúdo ou conhecimento derivados da
percepção provenientes dos nossos sentidos,
como cheiros, sons, etc.
• Ele defende que a razão contém ideias inatas
que são prévias à toda experiência e que são
essas ideias que devem guiar o nosso
conhecimento.
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8. Ceticismo
Doutrina segundo a qual o espírito humano
não pode atingir com certeza nenhuma
verdade de ordem geral e especulativa.
(Lalande, 1993, p. 149).
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9. Método Cartesiano
1º Verificar se existem evidências reais e indubitáveis
acerca do fenômeno ou coisa estudada;
2º Analisar, ou seja, dividir ao máximo o problema, em
suas unidades mais simples e estudar essas unidades
mais simples;
3º Sintetizar, ou seja, ordenar novamente as unidades
estudadas desde a mais simples à mais complicada;
4º Enumerar e revisar todas as conclusões e princípios
utilizados, a fim de manter a ordem do pensamento e
ter a certeza de que nada foi esquecido.
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10. O Empirismo
• Defende que a fonte de todos os conceitos e
conhecimentos humanos é a experiência
sensível (cinco sentidos);
• Ocorre então o deslocamento do foco do
conhecimento do sujeito do conhecimento
(racionalismo) para o objeto do conhecimento
(empirismo).
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11. O Empirismo de Locke
• Para John Locke (1632 – 1704) não existem
ideias inatas, nem pensamento a priori
(anterior à experiência) e todo o
conhecimento estaria fundado na experiência;
O homem nasce como se
fosse uma "folha em branco"
John Locke
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13. John Locke e o Liberalismo
• Locke também influenciou a filosofia política
ao defender a tese dos direitos humanos
naturais - direito à vida, à liberdade e
à propriedade.
• Para evitar o estado de guerra de todos contra
todos (estado sem a razão) firmar-se-ia entre
os homens um contrato social para garantir os
direitos naturais e instituir o estado civil.
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14. George Berkeley (1685 – 1753)
• Ser é ser Percebido;
• Para George Berkeley, uma substância
material não pode ser conhecida em si
mesma. O que se conhece, na verdade,
resume-se às qualidades reveladas durante o
processo perceptivo;
• O conhecimento dos objetos se daria pela
percepção dos mesmos, ou seja, é impossível
separar objeto e percepção.
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15. O Empirismo Radical de David Hume
(1711 – 1776)
• Para Hume as percepções provocam impressões
vivazes e estas são mais intensas e claras (sensações
e emoções) que as ideias que seriam meras cópias
das impressões;
• Hume divide os objetos da razão em:
Ideias - proposições intuitivas que são demonstradas pelo
próprio pensamento, como por na álgebra, geometria e
aritmética;
Questões de fato – raciocínio sobre as relações de causa e
efeito que existiriam na percepção da ligação entre
objetos e eventos, e que se daria a partir da experiência.
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16. A origem do conhecimento
• Hume critica o ceticismo radical de Descartes
e propõe um ceticismo moderado:
os sentidos podem nos enganar, por isso, a sua
informação deve ser apoiada com a razão.
• Para David Hume a sensação é a origem do
conhecimento, ou seja, as nossas
representações mentais têm origem nas
sensações.
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17. “Nada está no intelecto que não tenha estado
antes nos sentidos” (David Hume).
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Para Hume a confiança nos sentidos é uma espécie
de instinto natural, que nos leva a admitir a existência
de um mundo exterior à nossa mente.
18. Existem ideias inatas na mente humana
(que foram colocadas por Deus ou
semelhante?)
• Hume: NÃO!
• Descartes: SIM!
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19. Impressões e Ideias
• Impressões
atos originários do nosso conhecimento
imagens ou sentimentos que derivam imediatamente da
realidade, vivas e fortes
correspondem a dados da experiência presente/atual
sensações, paixões e emoções
• Ideias
representações ou imagens debilitadas, enfraquecidas,
das impressões no pensamento
marcas deixadas pelas impressões na memória
impressão menos viva, cópia enfraquecida da impressão
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20. Hume e o problema do conhecimento
•Não há impressões acerca de leis universais
ou de relações necessárias entre dois
fenômenos (causalidade);
•Por isso não podemos considerar o
conhecimento como absolutamente
verdadeiro.
•Para Hume, a relação causal não existe
realmente nos objetos (nas coisas) mas sim no
espírito (mente humana).
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21. Hume e o problema da causalidade
• Para Hume o hábito seria o grande guia da vida
humana;
• Não existiriam ideais, princípios ou regras inatas na
razão; toda a associação de causalidade entre
fenômenos seria derivada do hábito.
• É o hábito que me faz concluir que existe uma
causalidade A B, e esperar a sua ocorrência.
• O conhecimento científico seria contingente, ou seja,
valeria apenas para as atuais condições da natureza;
• Não chegaríamos por dedução, nem mesmo por
reflexão, à ideia de causalidade, mas apenas pelo
hábito.
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22. Hume e as crenças causais
“Em que consiste a nossa ideia
de necessidade quando dizemos que dois
objetos estão necessariamente ligados entre
si? A este respeito repetirei o que muitas
vezes disse: como não temos ideia alguma
que não derive de uma impressão, se
afirmarmos ter a ideia de ligação necessária
(ou causal) deveremos encontrar alguma
impressão que esteja na origem desta ideia.”
(Hume, D., Investigação sobre o Entendimento Humano, Lisboa, Edições 70, 1989, pp. 46-47)
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23. Immanuel Kant
• Um dos mais importantes
filósofos da modernidade;
• Influenciou profundamente
o Iluminismo e buscou uma
síntese entre racionalismo e
empirismo;
• Sua reflexão filosófica
buscou responder a 3
perguntas:
1. Que posso saber?
2. Que devo fazer?
3. Que me é dado esperar?
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(1724 – 1804)
24. Immanuel Kant
• Para Kant é essencial que o sujeito saia do seu estado
de menoridade (mediocridade, ignorância,
comodismo) através da coragem de fazer uso de teu
próprio entendimento (esclarecimento).
• Para ele os indivíduos são capazes de pensamento
próprio e precisam cultivar a liberdade de pensar.
• Kant procurou distinguir o conhecimento puro (a
priori) do conhecimento empírico (proveniente da
experiência);
• O conhecimento, para Kant, tem início na experiência.
Kant dizia que Hume o havia despertado do seu sono
dogmático. No entanto Kant buscou superar o
ceticismo de Hume. Prof. Felipe Pinho
25. Racionalismo e Empirismo
• Para Kant o racionalismo e o empirismo são
concepções insuficientes para explicar o
conhecimento humano (o que podemos saber);
• “Kant afirmou que apesar da origem do
conhecimento ser a experiência se alinhando aí
com o empirismo, existem certas condições a
priori para que as impressões sensíveis se
convertam em conhecimento fazendo assim uma
concessão ao racionalismo”. (Fernando Lang da
Silveira, 2002).
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26. O Conhecimento Transcendental
• Transcendental = o que é comum a todos os homens,
transcende os casos particulares e individuais;
• São as condições a priori do entendimento de
qualquer experiência, ou seja, o entendimento, a
razão impõe aos objetos conceitos a priori.
• O conhecimento para Kant só é possível porque
existem as faculdades humanas de cognição, ou seja,
“estruturas” mentais que nos possibilita organizar as
percepções e o conhecimento. Essas estruturas são
transcendentais e a priori, comuns a todos os
indivíduos.
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27. O Conhecimento Transcendental
“Denomino transcendental todo o
conhecimento que em geral se ocupa não
tanto com os objetos, mas com nosso modo de
conhecimento de objetos na medida em que
este deve ser possível a priori. Um sistema de
tais conceitos denominar-se-ia filosofia
transcendental” (Kant. Crítica da Razão Pura).
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28. O Idealismo Transcendental
• A nossa percepção “organiza” o nosso
conhecimento das coisas, por isso, os objetos
que vemos não são os objetos em si (“as
coisas em si mesmas”, mas sim a forma como
esses objetos se apresentam para nós, como
fenômeno;
• Para Kant o que vemos é a representação das
coisas na nossa percepção.
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29. O conhecimento humano
• Para Kant, há duas fontes principais de
conhecimento no sujeito:
A sensibilidade, modo receptivo-passivo por meio
do qual os objetos nos afetam, sendo a intuição a
maneira como nos referimos a esses objetos.
O entendimento, por meio do qual os objetos são
pensados nos conceitos (categorias).
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30. As formas a priori da intuição
(sensibilidade)
• O espaço e o tempo são condições a priori
necessárias e universais de nossa intuição
para que possamos conhecer os objetos.
• Para Kant espaço e tempo não fazem parte
das coisas em si, não são propriedades dos
objetos, são “formas” de nossa sensibilidade,
ou seja, faculdades do sujeito.
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31. As formas a priori do entendimento
• Após o sujeito ser afetado pelo objeto na
intuição (sensibilidade), esse objeto precisa
ser organizado na razão para poder ser
entendido;
• As percepções nos apresentam objetos
múltiplos e desordenados; a organização da
percepção a partir dos conceitos puros do
entendimento (categorias), possibilita impor
uma ordem que torne inteligível a
compreensão dos objetos.
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32. As categorias a priori do entendimento
1.Quantidade: Unidade, Pluralidade e Totalidade.
2.Qualidade: Realidade, Negação e Limitação.
3.Relação: Substância, Causalidade e Comunidade.
4.Modalidade: Possibilidade, Existência e
Necessidade.
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34. "Sem sensibilidade nenhum
objeto nos seria dado, e sem
entendimento nenhum seria
pensado. Pensamentos sem
conteúdo são vazios,
intuições sem conceitos são
cegas.“ (kant, Crítica da
Razão Pura, p. 75).
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Dito de outra forma: “a sensação sem a razão é vazia e a
razão sem a sensação é cega” (Fernando Lang da
Silveira, 2002)
Racionalismo ou Empirismo? Os dois!
35. • Resumindo:
Os pensamentos, sem o conteúdo da
experiência (dados através da sensibilidade na
intuição), seriam vazios de realidade
(racionalismo); por outro a experiência dos
objetos, sem os conceitos a priori, não teria
nenhum sentido para nós (empirismo).
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Racionalismo ou Empirismo? Os dois!
38. A Mudança de Paradigma nas Ciências
contemporâneas
• Vivemos, na contemporaneidade, uma crise de paradigmas nas ciências.
Os modelos científicos mecanicista-lógico-matemáticos foram
considerados mecanicistas e reducionistas e não dão conta de explicar a
realidade em sua complexidade;
• A Ciência hoje, busca desenvolver uma leitura mais sistêmica dos
fenômenos, considerados complexos e holísticos;
• Na Administração temos um intenso debate sobre a eficácia dos
métodos estritamente racionais, além de um resgate da complexidade
humana e da subjetividade;
• Estudos sobre valores, cultura e clima, liderança, mostram o quanto a
dimensão informal e não-racional determina o desempenho nas
empresas.
39. A Mudança no Paradigma Científico
• Paradigma Newtoniano-cartesiano (modernidade)
- A especialização;
- A objetivação e a objetividade;
- O método racional;
- Causalidade linear.
• O Modelo Holístico – Sistêmico (pós-modernidade)
- O todo e as partes – a complexidade;
- A humanização e a intersubjetividade ;
- O resgate da criatividade e da espontaneidade;
- Causalidade circular e multicausalidade.
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40. A mudança de Paradigma científico
PARADIGMA MODERNO PARADIGMA CONTEMPORÂNEO
• Objetividade;
• Causalidade linear;
• Neutralidade científica;
• Racionalidade;
• Método científico: matemática e
física;
• O conhecimento pelo
conhecimento;
• O sujeito como parte da
engrenagem organizacional, como
uma peça da máquina
• Foco na tarefa.
• Objetividade e Subjetividade;
• Multicausalidade;
• O envolvimento ético;
• A compreensão de que outros fenômenos
psicológicos e sociais interferem no
comportamento humano;
• Desenvolvimento de um método científico
próprio ao estudo do “humano”;
• A responsabilidade do conhecimento: ética e
bioética;
• O sujeito como parte da estrutura informal,
da cultura, da construção social da organização
• Foco no ser humano.