Fernando Vieira Filho
Psicoterapeuta/Escritor
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Diferença entre a psicose e a psicopatia
1. DIFERENÇA ENTRE A PSICOSE E A PSICOPATIA
Por Fernando Ferreira Filho (1)
Muitas pessoas acreditam que o psicopata é um psicótico (pessoa que apresenta um
sofrimento mental). Talvez esta, seja uma dúvida que muitos tem, vou tentar
esclarecer.
A psicose é uma distonia mental, ou seja, um estado anormal de funcionamento
psíquico. O aspecto central da psicose é a perda do contato com a realidade,
dependendo da intensidade da psicose. Num dado momento a perda será de maior ou
menor intensidade. Os psicóticos quando não estão em crise, zelam pelo seu bem
estar, alimentam-se, evitam machucar-se, têm interesse sexual, estabelecem contato
com pessoas reais. Isto tudo é indício da existência de um relacionamento com o
mundo real. A psicose propriamente dita começa a partir do ponto em que o paciente
relaciona-se com objetos e coisas que não existem no nosso mundo. Por exemplo, a
tristeza e a alegria assemelham-se à depressão e a mania, a dificuldade de recordar
ou de aprender estão relacionada à demência e ao retardo mental, o medo e a
ansiedade perante situações corriqueiras têm relações com os transtornos fóbicos e
de ansiedade. Da mesma forma, outros transtornos mentais podem ser imaginados a
partir de experiências pessoais. No caso da psicose não há comparações.
Já a psicopatia ou mais tecnicamente, Personalidade Psicopática ou Sociopatia
(segundo o CID.10. - Classificação Internacional de Doenças, da OMS), não é uma
doença mental pois não demonstram qualquer sintoma para tal.
Nos anos 60, o movimento norteamericano chamado anti-psiquiatria recomendou que
os psicopatas fossem excluídos das classificações psiquiátricas. Dizia-se, na época,
que a alteração do psicopata era de natureza moral e ética e, para problemas éticos,
as soluções tinham que ser éticas (reclusão, encarceramento etc.), e não médicas. Há
um amplo consenso entre profissionais de saúde mental que a sociopatia é intratável.
Ao contrário da psicose, que é tratada com medicamentos adequados e psicoterapia
própria para cada caso.
Como perceber a psicopatia em uma pessoa, observando que ela pode se
manifestar desde a infância:
- Atitude aberta de desrespeito por normas, regras e obrigações sociais de forma
persistente.
- Estabelece relacionamentos com facilidade, é envolvente, fala daquilo que seu
interlocutor “quer ouvir”, principalmente quando é do seu interesse.
- Baixa tolerância à frustração e facilmente explode em atitudes agressivas e violentas,
principalmente quando é surpreendido ou descoberto em pequenos ou grandes
delitos.
2. - Incapacidade de assumir culpa ou se responsabilizar pelo que fez de errado, ou de
aprender com as punições.
- Tendência a culpar os outros ou defender-se com raciocínios lógicos - geralmente,
tem uma inteligência acima da média -, porém, improváveis.
- Possui um egocentrismo exacerbado.
- Emoções superficiais, teatrais e falsas.
- Falta de empatia com outros seres humanos, ausência de sentimentos de remorso e
de culpa em relação ao seu comportamento.
- Sente prazer em maltratar animais.
- Uma pessoa geralmente cínica, incapaz de manter uma relação leal e duradoura,
manipuladora e incapaz de amar.
- É exageradamente mentirosa, sem constrangimento ou vergonha, subestima a
insensatez das mentiras, rouba, abusa, trapaceia, manipula dolosamente seus
familiares e parentes, coloca em risco a vida de outras pessoas e, decididamente,
nunca é capaz de se corrigir.
Assim, muitos que estão interagindo no campo da política, da polícia, forças armadas,
das finanças e do mundo corporativo portam o caráter sociopático. Felizmente, apenas
uma pequena parte dos sociopatas se transforma em criminosos violentos,
estupradores e assassinos seriais.
Portanto, o psicótico e o psicopata, são entidades bem distintas.
Existem estudos muito sérios, que mostram que existe uma “alteração” no sistema
límbico do psicopata. Segundo a psiquiatra carioca, Dra. Ana Beatriz Barbosa, autora
do livro – Mentes Perigosas - os psicopatas nascem com um cérebro diferente. Os
seres humanos têm no chamado sistema límbico, uma estrutura cerebral que é
responsável por nossas emoções. É uma espécie de central emocional, o coração da
mente.
Em 2000, dois brasileiros, o neurologista Ricardo Oliveira e o neurorradiologista Jorge
Moll, descobriram uma prova consistente dessa diferença no cérebro do psicopata, por
meio da chamada ressonância magnética funcional, que mostra como o cérebro
funciona de acordo com diferentes atividades. Nesse exame, mostraram imagens boas
(belezas naturais, cenas de alegria) e outras chocantes (morte, sangue, violência,
crianças maltratadas). Nas pessoas normais, o sistema límbico reagia de forma
diversa, com alterações significativas, de acordo com as imagens vistas. Nos
psicopatas, não havia diferença, mantinha-se inalterado, sem reações.
Assim, ficou provado que o sistema límbico dos psicopatas, simplesmente não
funciona. O pôr do sol ou uma criança sendo espancada, não geram reações. Da
mesma forma, não há repercussão no corpo. Eles não têm taquicardia, não suam de
nervosos. Enfim, não apresentam reações físicas diante de visões chocantes ou belas.
(1)Fernando Vieira Filho
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